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CONTROLE DA QUALIDADE E METROLOGIA Professora Me. Crislaine Rodrigues Galan GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; GALAN, Crislaine Rodrigues. Controle da Qualidade e Metrologia. Crislaine Rodrigues Galan. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 169 p. “Graduação - EaD”. 1. Qualidade. 2. Metrologia. 3. Controle. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 389.1 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdo Juliano de Souza Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Coordenador de Conteúdo Aliciane Kolm Lideranças de área Angelita Brandão, Daniel F. Hey, Hellyery Agda Design Educacional Isabela Agulhon Iconografia Amanda Peçanha dos Santos Ana Carolina Martins Prado Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa André Morais de Freitas Editoração Ellen Jeane da Silva Revisão Textual Kaio Vinicius Cardoso Gomes Ilustração Bruno Pardinho Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Diretoria Operacional de Ensino Diretoria de Planejamento de Ensino Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis- so, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza- gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO R Professora Me. Crislaine Rodrigues Galan Engenheira de Produção formada na Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão, especialista em MBA-Gestão Empresarial pela instituição Unicesumar e Mestre em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá. Professora de disciplinas de Planejamento e Controle da Produção, Planejamento Estratégico de Produção e Logística de Produção e Serviços, com mais de 10 anos de experiência nas áreas de Controle e Gestão da Qualidade, atuando como auditora e consultora em empresas nacionais. SEJA BEM-VINDO(A)! Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! É com imenso prazer que elaborei este material para você, o qual tem por objetivo ser uma ferramenta no processo de transferência de conhecimento e no processo de apren- dizagem. Em um mercado altamente competitivo, a qualidade se tornou uma variável estratégica adotada pelas empresas, sendo o Controle da Qualidade uma maneira de assegurar produtos e serviços padronizados, que busquem atender as especificações e necessidades dos clientes. A metrologia, considerada um dos pilares de sustentação da qualidade, também é vista com uma estratégia para que as empresas possam crescer, proporcionando o aumento da produtividade e a qualidade dos produtos, redução de custos e eliminação de des- perdícios. Assim, ter conhecimentos sobre esses dois assuntos é de extrema importân- cia para você, futuro profissional de Gestão da Qualidade. Na Unidade I, será apresentado os conceitos de qualidade, as etapas de produção asso- ciadas à qualidade, bem como compreender o desenvolvimento do controle da quali- dade e definir a inspeção de qualidade. Na Unidade II, será abordado o conceito de ferramentas e técnicas associadas ao contro- le da qualidade, destacar-se-á o conjunto de sete ferramentas proposto por Ishikawa e também técnicas como Controle Estatístico do Processo (CEP), Quality Function Deploy- ment (QFD), Failure Mode and Effects Analysis (FMEA) e Poka-Yoke. Na Unidade III, o estudo enfocará a metrologia, destacando os conceitos básicos, histó- ricos, Sistema Internacional de Unidades (SI), áreas da metrologia e estrutura do sistema metrológico. A Unidade IV, irá tratar a respeito dos Sistemas de Medição; será apresentadaa defini- ção, análise e variação dos Sistemas de Medição, bem como serão conceituados os erros de medição e incerteza de medição. Por fim, na Unidade V, o foco será a metrologia como requisito dos Sistemas de Gestão da Qualidade, tratando de assuntos como calibração, rastreabilidade, padrão de medi- ção e certificado de calibração. Caro(a) aluno(a), espero que este livro contribua para seu conhecimento e que você possa evoluir tanto no ambiente acadêmico quanto profissional, aplicando na prática o que aprendeu na teoria. Ótimos estudos! APRESENTAÇÃO CONTROLE DA QUALIDADE E METROLOGIA SUMÁRIO 09 UNIDADE I INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE 15 Introdução 16 Conceitos Básicos de Qualidade 22 Qualidade nas Etapas do Ciclo de Produção 26 Controle da Qualidade 34 Conformidade a Especificação 38 Inspeção de Qualidade 42 Considerações Finais 45 Referências 47 Gabarito UNIDADE II FERRAMENTAS E TÉCNICAS ASSOCIADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE 51 Introdução 52 Ferramentas De Controle De Qualidade 59 Controle Estatístico do Processo (CEP) 61 QFD (Quality Function Deployment) 66 FMEA (Failure Mode And Effects Analysis) 71 Poka-Yoke 76 Considerações Finais SUMÁRIO 10 81 Referências 83 Gabarito UNIDADE III FUNDAMENTOS DA METROLOGIA 87 Introdução 88 Introdução a Metrologia 91 Evolução Histórica da Metrologia 93 Sistema Internacional de Unidades (SI) 97 Áreas da Metrologia 100 Estrutura do Sistema Metrológico 106 Considerações Finais 110 Referências 112 Gabarito UNIDADE IV SISTEMAS DE MEDIÇÃO 115 Introdução 116 Definição dos Sistemas de Medição 121 Análise dos Sistemas de Medição 124 Variação dos Sistemas de Medição SUMÁRIO 11 129 Erros de Medição 132 Incerteza de Medição 135 Considerações Finais 140 Referências 142 Gabarito UNIDADE V A METROLOGIA COMO REQUISITO DOS SISTEMAS DE GESTÃO DE QUALIDADE 145 Introdução 146 Metrologia e os Sistemas de Gestão de Qualidade 150 Calibração 153 Rastreabilidade 155 Padrão de Medição 159 Certificado de Calibração 161 Considerações Finais 166 Referências 168 Gabarito 169 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professora Me. Crislaine Rodrigues Galan INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE Objetivos de Aprendizagem ■ Estudar os conceitos de qualidade. ■ Apresentar as etapas de produção e associar para cada uma delas um tipo qualidade. ■ Compreender o desenvolvimento histórico do controle da qualidade. ■ Entender os termos relacionados à conformidade à especificação. ■ Definir o processo de inspeção da qualidade.. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Conceitos básicos de qualidade ■ Qualidade nas etapas do ciclo de produção ■ Controle da Qualidade ■ Conformidade à Especificação ■ Inspeção da qualidade INTRODUÇÃO Olá caro(a) aluno(a)! Nesta primeira unidade serão apresentadas questões relacio- nadas ao controle da qualidade, na qual serão abordados os conceitos básicos de qualidade, sua presença nas etapas do processo produtivo, seu desenvolvimento histórico, além de assuntos importantes que remetem ao controle da qualidade, como a conformidade à especificação e a inspeção da qualidade. A concorrência nos mercados aliada à consumidores mais exigentes, faz com que a maioria das empresas, de diferentes processos de produção, busquem oferecer produtos e serviços padronizados de alta qualidade, visando atender especificações e necessidades de seus clientes. Uma das formas para assegurar e melhorar a qualidade é o Controle da Qualidade, que procura medir o desempenho real obtido na produção, com- pará-lo com os padrões preestabelecidos e tomar ações corretivas, a fim de restabelecer o processo produtivo. A inspeção é uma das etapas mais relevantes da avaliação do controle da qualidade pois, a partir de seus resultados, a empresa pode realizar ações para solucionar e eliminar as não conformidades dos produtos ou processos. Deste modo, vamos iniciar nossos estudos, conhecendo sobre esse tema tão importante e abrangente, o Controle da Qualidade. Preparado(a)? Então vamos lá! Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 CONCEITOS BÁSICOS DE QUALIDADE Caro(a) aluno(a), saiba que a qualidade, sem dúvida alguma, se transformou na mais importante arma competitiva em muitas organizações, caracterizando-se como uma variável estratégica fundamental na luta pelo mercado. Atualmente, as indústrias que oferecem produtos padronizados com qualidade, conquistam a confiança dos consumidores e superam seus concorrentes. Segundo Ferreira apud Toledo in: Batalha (1997, p. 438) “qualidade, em seu sentido genérico, é definida como propriedade, atributo ou condição das coisas ou das pessoas capaz de distingui-las das outras e de lhes determinar a natureza”. Já Monks (1987) a conceitua como a medida do grau de proximidade em que um bem ou serviço se adapta aos padrões especificados, nos quais estes, por sua vez, devem se relacionar com o tempo, material, desempenho, resistência, ou qual- quer característica quantificada, objetiva ou mensurável. Para Campos (2004), qualidade nada mais é do que o produto ou serviço que atende perfeitamente, de forma confiável, acessível, segura e no tempo certo às necessidades do cliente. ©shutterstock Conceitos Básicos de Qualidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 Dentre as várias definições sobre qualidade, é importante destacar as que foram desenvolvidas pelos principais autores da área, tais como Crosby, Deming, Feigenbaum e Juran. A tabela 1 apresenta os conceitos da qualidade de acordo com estes autores e seu respectivo enfoque. Tabela 1- Definições da qualidade Shiba (1997) comenta sobre o conceito da qualidade enfatizando quatro ade- quações, ou níveis de qualidade, as quais são: adequação ao padrão; adequação ao uso; adequação ao custo e adequação à necessidade latente. ENFOQUE AUTOR CONCEITO DA QUALIDADE Cliente Juran A qualidade consiste nas características do produto que vão ao encontro das necessidades dos clientes e, dessa forma, proporcionam a satisfação em relação ao produto. Deming A qualidade é a perseguição às necessi- dades dos clientes e homogeneidade dos resultados do processo. A qualidade deve visar às necessidades do usuário, presen- tes e futuras. Feigenbaum Qualidade é a combinação das caracte- rísticas de produtos e serviços referentes ao marketing, engenharia, fabricação e manutenção, através das quais o produto ou serviço em uso, corresponderão às expectativas do cliente. Conformidade Crosby Qualidade quer dizer conformidade com as exigências, ou seja, cumprimento dos requisitos. Fonte: Miguel (2001, p.19). INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 Adequação ao Padrão A adequação ao padrão analisa se um produto produzido está de acordo com o padrão estabelecido, definindo a qualidade como aquele produto que atenda todos os requisitos estabelecidos pelos projetistas ou responsáveis. Para atingir essa adequação é necessáriodeterminar cada tarefa industrial, registrando-as como práticas padrão em manuais e, em seguida, definir procedimentos de ins- peção para garantir essas práticas. Para Slack (1996) a ênfase desta abordagem está em fazer produtos livres de erros que correspondem precisamente à suas especificações de projeto. As melhorias da qualidade preconizadas por essa adequação desempenham um fator relevante no processo de produção, pois levam a custos de produção menores, uma vez que os custos para prevenir a ocorrência de não-conformida- des são menores do que os custos com retrabalhos e refugos (BATALHA,1997). Adequação ao Uso Esta adequação é a maneira de assegurar a satisfação das necessidades de mer- cado, podendo ser atingida através da inspeção. Segundo Shiba (1997, p. 09) “a adequação ao uso satisfaz as reais necessidades ou desejos do cliente e não ape- nas aos padrões estabelecidos pelo produtor”. De maneira semelhante, Slack A qualidade é a nossa melhor garantia da fidelidade do cliente, a nossa mais forte defesa contra a competição estrangeira e o único caminho para o cres- cimento e para os lucros. (Jack Welch) Conceitos Básicos de Qualidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 (1996) afirma que essa definição de qualidade não só demonstra preocupação com a conformidade à suas especificações, mas também com a adequação das especificações ao consumidor. Adequação ao Custo A adequação ao custo pode ser definida como custo baixo e alta qualidade e assim, para assegurar a redução de custo e ao mesmo tempo manter a alta qualidade, é necessário minimizar a variabilidade do processo de produção, de maneira que todas as unidades produzidas estejam dentro dos limites de inspeção e nenhuma tenha de ser descartada. Para atingir esse nível ou conceito de qualidade, deve-se realizar um feedback e correção em cada etapa e não somente no final do processo de produção, ou seja, deve-se buscar realizar o controle do processo, e desviar-se do controle do resultado por meio da inspeção. Para Shiba (1997) existem métodos para con- seguir essas mudanças no sistema de produção, tais como: ■ Utilizar o controle estatístico do processo. ■ Monitorar o processo, além do monitoramento do resultado. ■ Proporcionar feedback em cada etapa, por meio do qual cada trabalhador da linha observa o trabalho de seu predecessor, podendo garantir que os erros sejam corrigidos imediatamente. ■ Instituir a participação do trabalhador da linha de produção no projeto e melhoria do processo de produção, para torná-lo cada vez mais confiável. Adequação a Necessidade Latente De maneira sucinta, a adequação à necessidade latente significa a satisfação das necessidades dos clientes antes que estes estejam conscientes delas; para INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 CONTADOR (1998), esse conceito de qualidade possibilita uma integração com os clientes por meio de sistemática revisão e análise crítica de suas necessidades. Como visto, existem muitos pontos de vista do que vem a ser qualidade. Miguel (2001) afirma que a definição de qualidade não deve partir de uma ideia ou conceito absoluto, mas sim relativo a alguma coisa e, frequentemente, técni- cas e metodologias se misturam a sua definição. Assim, a fim de se chegar a um melhor entendimento, qualidade pode ser representada por oito dimensões pro- postas pelo estudioso David A. Garvin (1988): 1. Desempenho: trata das características básicas de um produto ou serviço, que os tornam capazes de ser eficazes e eficientes. 2. Características: especificação do produto ou serviço definida por quem o fornece. 3. Confiabilidade: reflete a probabilidade de ocorrência de falhas, quanto maior for o índice de confiabilidade de um produto ou serviço, menor a possibilidade de frustrar a expectativa do cliente 4. Conformidade: refere-se ao grau de concordância com as especificações de um produto ou serviço. 5. Durabilidade: expressa a vida útil do produto, isto é, é o tempo pelo qual o produto mantém suas características e perfeito funcionamento em con- dições normais de uso. 6. Atendimento: é o apoio ao cliente, a continuidade dos serviços ofereci- dos pelo produto após efetuada a venda. 7. Estética: é a aparência de um produto, o sentimento ou sensação que ele provoca, ou seja, a imagem, a qual está diretamente relacionada ao ponto de vista do cliente. 8. Qualidade percebida: indica a percepção do cliente sobre o produto ou serviço, sendo a dimensão mais ligada à “reputação” de um fornecedor. Em suma, podemos afirmar que todas as dimensões que refletem a qualidade de um produto ou serviço são importantes, podendo estes serem avaliados usando, Conceitos Básicos de Qualidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 no mínimo, duas dessas dimensões. Para Garvin (1988), as dimensões da quali- dade tornaram-se mais do que simples sutilezas teóricas, passaram a constituir a base do uso da qualidade como arma de concorrência, devendo ser usadas de forma adequada e ordenada, decidindo quais e quando considerar sua aplica- ção, pois nem tudo precisa atender às oito dimensões. Caro(a) aluno(a), agora que conhecemos os conceitos básicos de qualidade, podemos dizer que todos, de certa forma, são complementares e estão associa- dos à pontos de vista de áreas específicas da empresa e à segmentos do ciclo de produção. A seguir serão apresentadas as etapas do ciclo de produção e a con- tribuição de cada uma para a qualidade do produto, acompanhe. Ao longo dos anos, a qualidade tem desempenhado um papel relevante no que se refere ao aumento da vantagem competitiva para as organizações, uma vez que atrelado ao acréscimo da qualidade, encontra-se o aumento dos níveis de satisfação dos clientes, o aumento da produtividade – gerado pela redução de refugo ou retrabalho – o que, por sua vez, resulta em maior lucratividade à organização proporcionando maior Share de mercado. Fonte: Ramos (on-line)¹. INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 QUALIDADE NAS ETAPAS DO CICLO DE PRODUÇÃO A qualidade final de um produto deriva do conjunto de atividades que são desen- volvidas no decorrer de todo seu ciclo de produção. Portanto, é necessário que existam atividades ao longo do ciclo produtivo que busquem garantir que os produtos serão isentos de defeitos. A ausência ou inadequação dessas ativida- des pode comprometer a satisfação dos clientes. Segundo Batalha (1997) o ciclo de produção desempenhado pelas empre- sas ocorre em quatro etapas: ■ desenvolvimento do produto. ■ desenvolvimento do processo. ■ produção propriamente dita ou fabricação. ■ comercialização e atividades pós-venda. O desenvolvimento do produto compreende todas as atividades que demonstram o conhecimento das necessidades de mercado e as oportunidades tecnológicas em informações para a produção. Para Almeida e Toledo (1991) é nesta etapa que são definidos os conceitos, o desempenho e as especificações esperadas do ©shutterstock Qualidade nas Etapas do Ciclo de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 produto, onde as três atividades principais desenvolvidassão: a identificação das necessidades do mercado, resultante das pesquisas de mercado, as quais identifi- cam o que o consumidor deseja; a geração e escolha do conceito do produto, que descreve as necessidades do consumidor em um conjunto de conceitos do pro- duto e; a engenharia do produto, onde as metas do produto são detalhadas em especificações, com as medidas e características executáveis de forma universal. Para cada uma dessas atividades podemos associar um tipo particular de qualidade: a qualidade de pesquisa de mercado, a qualidade de concepção ou conceito e a qualidade de especificações. Essas três qualidades juntas se combi- nam formando a chamada qualidade de projeto do produto, que é definida pela estratégia de mercado, sendo determinada pela capacitação mercadológica e tec- nológica da empresa, ou seja, pela sua capacidade de definição das necessidades do mercado e de realização de projeto (BATALHA, 1997). Na etapa de desenvolvimento de processo, as especificações do projeto do produto são demonstradas em fluxogramas, layout etc , sendo a qualidade defi- nida como a qualidade de projeto de processo, a qual está associada à capacitação tecnológica e de engenharia da empresa. A produção propriamente dita engloba o suprimento de matérias-primas, a fabricação e o gerenciamento da produção, as quais resultarão nas unidades reais do produto que serão enviadas para o mercado. Segundo Almeida e Toledo (1991), nessa etapa busca-se atingir as especificações do projeto do produto e de produtividade do processo, na qual o grau com que o produto real concorda com o projeto é chamado de qualidade de conformação, que, por sua vez, tem como principais determinantes a qualidade do processo (definida no desenvol- vimento do processo) e a capacidade gerencial e de utilização dos recursos de produção (qualidade de gestão da produção). A última etapa do ciclo de produção refere-se à comercialização e ativida- des pós-venda, isto é, vendas, marketing e, dependendo do tipo de produto, atividades como instalação do produto, orientação quanto ao uso e assistência técnica. A partir desta etapa, o produto está à disposição do mercado e passa ser consumido. O tipo de qualidade experimentada pelo mercado é uma sín- tese de atributos do produto que foram incorporados ao longo de todo o ciclo INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 de produção, incluindo o apoio durante o uso do produto (orientação, assistên- cia técnica etc.) (BATALHA, 1997). Dessa forma, podemos dizer que a qualidade do produto compreende o desempenho em todas as etapas do ciclo de produção, sendo resultante das quatro categorias da qualidade, conforme ilustra a Figura 1. Assim, o controle e gestão da qualidade dentro das empresas deve se voltar para as atividades que envolvam o projeto do produto, o projeto do processo, a produção e os serviços associados ao produto. Figura 1 - A qualidade nas etapas do ciclo de produção Fonte: Toledo e Carpinetti (2006, p. 5). Controle da Qualidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 CONTROLE DA QUALIDADE Técnicas relacionadas à qualidade existem há muito tempo. Os egípcios mediam as pedras que eram usadas na construção das pirâmides para se certificarem que estavam adequadas. Os gregos e romanos utilizavam sistemas de medição para verificarem se as construções estavam conforme a especificação. Já na Europa, artesãos especificavam, mediam, controlavam e asseguravam a qualidade de tra- balhos de pintura, tapeçaria, escultura e arquitetura (MIGUEL, 2001). No entanto, o desenvolvimento histórico da qualidade mais adotado na literatura é proposto por David A. Garvin, o qual classifica a evolução da qualidade em quatro eras: Inspeção, Controle estatístico da qualidade, Garantia da qualidade e Gestão da Qualidade Total. As quatros eras estão descritas a seguir, conforme Garvin (1988): Era da Inspeção – Qualidade com foco no produto No final do século XVIII e princípio do século XIX, a Qualidade era alcan- çada de uma forma muito diferente de atualmente. A atividade produtiva era ©shutterstock INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 basicamente artesanal e em pequena escala. Os artesãos eram os responsáveis pelo produto e pela qualidade final. Com o desenvolvimento da industrialização e o aparecimento da produ- ção em massa, foi necessário um sistema baseado em inspeções, no qual um ou mais atributos do produto eram examinados, medidos ou testados, com a fina- lidade de garantir sua qualidade. No início do século XX, Frederick W. Taylor, um engenheiro industrial criou os princípios da Administração Cientifica e G.S. Radford, com a publicação do livro The Control of Quality of Quality in Manufaturing, legitimaram a função do inspetor de qualidade, delegando à ele a responsabilidade e autoridade pela qualidade dos produtos. O objetivo nesta fase era obter qualidade igual e uniforme em todos os produ- tos e, a ênfase centrou na conformidade. A era da inspeção prevaleceu por muitos anos, não havendo uma análise crítica das causas do problema ou dos defeitos. Era do Controle Estatístico da Qualidade – Qualidade com foco no processo Na década de 1930, já saindo da Administração científica de Taylor, alguns desenvolvimentos significativos começaram a acontecer, entre eles o trabalho de pesquisadores para resolver problemas referentes à qualidade dos produtos da Bell Telephone, nos Estados Unidos. Este grupo de pesquisadores era composto por Walter A. Shewhart, criador da Carta de Controle, Harold Dodge, Harry Romig, G.D. Edwards e, posteriormente, Joseph Juran que realizou pesquisas que levaram ao surgimento do Controle Estatístico de Processos. Shewhart foi o mestre de Willian Edwards Deming, que por sua vez, foi o primeiro a reconhecer a variabilidade como inerente aos processos industriais e a utilizar técnicas estatísticas para obter o controle de processos. A Segunda Guerra mundial também exigiu que outras técnicas também fos- sem criadas para combater a ineficiência e impraticabilidade da inspeção 100% na produção em escala de armamentos e munições. Assim, neste período, surge Controle da Qualidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 a técnica de amostragem criada por Dodge e H. Roming, a qual obteve muita aceitação em âmbito industrial. A influência da Segunda Guerra Mundial elevou a exigência de qua- lidade e confiabilidade nos armamentos e a necessidade de volume maior de produtos. Este fato teve como consequência direta a diminui- ção do tempo disponível para a inspeção final. Dessa forma, o uso do controle estatístico do processo por amostragem passou a predominar, permitindo ganho de produtividade e qualidade na indústria. Nos anos 40, o controle de qualidade estava consolidado como uma disciplina acadêmica nos cursos de engenharia, o que estabeleceu uma nova etapa do processo (GURGEL JUNIOR; VIEIRA, 2002, p. 328). Segundo Miguel (2001), nesta Era, os grupos de inspeção transformaram-se em Departamentos de Controle de Qualidade, nos quais a qualidade deixou de ser avaliada apenas no produto final, passando a ser controlada em todos os está- gios da produção, isto é, desde o início até o final do processo. Era da Garantia da Qualidade – Qualidade com foco no sistema Entre 1950 e 1960 o Controle de Qualidadeevolui então para o que foi chamado de Garantia da Qualidade, as técnicas criadas foram além das ferramentas esta- tísticas, incluindo conceitos, habilidades e técnicas gerenciais. Os quatro principais movimentos nesta fase foram: a quantificação dos cus- tos da qualidade; controle total da qualidade; as técnicas de confiabilidade e o programa Zero Defeitos de P. Crosby. Em síntese, a Era da Garantia da Qualidade evidenciou-se, além das técnicas estatísticas, pela valorização do planejamento para obter a qualidade, da coorde- nação das atividades entre os departamentos e do estabelecimento de padrões da qualidade. A qualidade não deveria ser vista apenas como um trabalho isolado do Departamento de Controle de Qualidade, mais sim, o objetivo de todos os membros da organização. Tanto Feigenbaum quanto Juran perceberam a neces- sidade de as empresas desenvolverem um novo tipo de especialista, o qual não devia estar limitado apenas ao conhecimento de estatística, mas principalmente de capacidades gerenciais (CAMPOS, 2004). INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 Era da Gestão da Qualidade Total – Qualidade com foco no negócio Era definida como a soma e consequência das três que a precederam. Teve iní- cio a partir da invasão no mercado americano dos produtos japoneses de alta qualidade no final da década de 1970 e, está em curso até hoje; sofreu uma alte- ração para Gestão Estratégica da Qualidade, isto é, a qualidade também é vista como uma estratégia administrativa que deve estar alinhada à estratégia de negó- cio da empresa. A qualidade passou a ser um objetivo perseguido pela cúpula estra- tégica das organizações, tornando-se objeto de interesse das grandes corporações nos dias atuais, tanto no setor fabril como no setor de serviços. Na atualidade, a qualidade encarada como um conjunto de atributos essenciais à sobrevivência das organizações num mercado al- tamente competitivo, objeto da gerência estratégica, líder do processo, que envolve planejamento estratégico, estabelecimento de objetivos e mobilização de toda organização (GURGEL JUNIOR; VIEIRA, 2002, p. 329). Miguel (2001) enfatiza que após os desenvolvimentos das atividades da Era da Garantia da Qualidade, a qualidade difundiu-se por toda a empresa, sendo todos os colaboradores responsáveis pelo seu alcance. Assim, nesta última fase, o termo utilizado para passou a ser TQC (Total Quality Control, ou seja, Controle da Qualidade Total), evoluindo posteriormente, para TQM (Total Quality Managent, isto é, Gestão da Qualidade Total). Para facilitar o entendimento do desenvolvimento histórico da qualidade, a Tabela 2, traz a evolução da qualidade proposta por GARVIN (1988), desde a Inspeção até a Gestão da Qualidade Total. Controle da Qualidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 ETAPAS DO MOVIMENTO DA QUALIDADE Identificação das Características Inspeção Controle da Qualidade Garantia da Qualidade Gestão da Qualidade Total Preocupação básica-visão da qualidade Verificação de um pro- blema a ser resolvido Controle de um problema a ser resolvido Coordenação de um pro- blema a ser resolvido, mas enfrentando proativamente Impacto estra- tégico como uma opor- tunidade de concorrência Ênfase Uniformi- dade do produto Uniformidade do produto com menos inspeção Toda a cadeia de produção, desde o proje- to até vendas As neces- sidades do mercado e do consumidor Métodos Instru- mentos de medição Instrumentos e técnicas estatísticas Programas e sistemas Planejamento estratégico, estabeleci- mento de objetivos Papel dos profissionais da qualidade Inspeção, classifi- cação e avaliação Solução de problemas e aplicação de métodos estatísticos Mensuração e planejamento da qualidade Estabeleci- mento de objetivos, educação e treinamento Tabela 2 - Principais etapas do desenvolvimento histórico da qualidade INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 No Brasil, o movimento pela Qualidade é antigo, tendo registro de instituições liga- das à qualidade desde 1876 com criação do Instituto Nacional de Pesos e Medidas. No entanto, até meados da década de 90 este movimento não era coordenado e global, acontecendo somente ações isoladas de alguns segmentos empresarias, como empresas multinacionais que recebiam orientação de suas matrizes no exterior. A partir do ano de 1990 o movimento em prol da Qualidade teve um crescimento avassalador, tornando o Brasil um dos países que mais evoluiu em favor da Qualidade a nível mundial. (AZAMBUJA apud BARÇANTE, 1998). Definição de Controle da Qualidade Controle, segundo Moreira (2004), pode ser conceituado como um processo usado para manter um fenômeno dentro dos padrões preestabelecidos. Dessa maneira, pode-se definir controle da qualidade como a verificação e o ajuste das características de qualidade de um fenômeno aos seus padrões predeterminados. O controle da qualidade trata-se de um processo de regulação atra- vés do qual se procura medir o desempenho real obtido na produção, compará-lo com os padrões preestabelecidos e tomar ações corretivas, Responsável pela qualidade Departa- mento de inspeção Departamen- to do Controle da Qualidade Todos os de- partamentos, embora a alta gerência só se envolva perife- ricamente Todos na empresa, com a alta gerência exercendo forte liderança Orientação e abordagem “Inspe- ciona” a qualidade “Controla” a qualidade “Constrói” a qualidade “Gerencia” a qualidade Fonte: Miguel (2001, p. 40). Controle da Qualidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 visando restabelecer o processo produtivo. Com este processo de regu- lação, procura-se obter o produto no nível de qualidade definido nas especificações de projeto e ao mínimo custo (TOLEDO, 1987, p. 27). Analisando essas definições, podemos dizer que o controle da qualidade consiste basicamente em quatro etapas, as quais são: fixação do padrão, que geralmente é uma atividade de planejamento; comparação do resultado obtido com o padrão fixado, a qual pressupõe uma atividade de mensuração; ação de correção, quando o resultado obtido difere do padrão resultado e; revisão do padrão. Cavichioli (2015) afirma que o controle de qualidade está baseado em critérios de medição e monitoramento e, que um sistema eficaz de controle de qualidade precisa, em primeiro lugar, comparar os resultados atuais com os padrões previamente defi- nidos, planejando melhorias no caso em que os padrões não forem atingidos. O controle da qualidade, segundo Campos (2004) é abordado com três objetivos: - Planejar a qualidade desejada pelos clientes, isto é, conhecer as necessida- des, traduzindo-as em características mensuráveis para que seja possível gerenciar o processo de alcançá-las. - Manter a qualidade desejada pelos clientes por meio do ciclo PDCA, con- forme mostra a Tabela 3, devendo cumprir os padrões e agir na causa dos desvios destes. - Melhorar a qualidade desejada pelo cliente, localizando os problemas e uti- lizando métodos para solucioná-los. INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereirode 1998. IU N I D A D E32 CICLO PDCA ETAPAS ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO NO CONTROLE DA QUALIDADE OBSERVAÇÕES P “Plan” 1 ESTABELECIMENTO DO PADRÃO DE QUALIDADE Estude e determine as necessidades de seu cliente (interno ou externo). Verifi- que a possibilidade de seu processo atender ou não essas necessidades. 2 ESTABELECIMENTO DOS PROCEDIMENTOS - PADRÃO Estabeleça o seu processo de acordo com as necessidades do cliente e defina os fatores importantes do seu processo que devem ser padronizados. D “Do” 3 TRABALHO DE ACORDO COM OS PADRÕES As pessoas devem estar treinadas em manter os valores-padrão dos fatores importantes. C “Check” 4 MEDIDAS Defina as medidas a serem feitas: temperatura, composi- ção, tempo etc. 5 PADRÕES DE VERIFICAÇÃO Defina os padrões de verifi-cação (inspeção). 6 VERIFICAÇÃO Verifique se existem não- -conformidades em relação aos padrões de verificação. A “Action” 7 ELIMINAÇÃO DAS NÃO--CONFORMIDADES As causas das não-conformi- dades devem ser eliminadas de imediato. Se a não-con- formidade for crônica, os procedimentos operacionais- -padrão devem ser alterados; se for ocasional deve ser conduzida uma análise de falhas para localizar a causa, devendo o evento ser regis- trado para análise futura. Tabela 3 - Fatores básicos para o ciclo de manutenção do controle de qualidade Fonte: Adaptado de CAMPOS (2004, p. 46). Conformidade a Especificação Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 Dessa forma, para controlar a qualidade é necessário definir o que deve ser controlado, através de algum método de medida, com padrões de desempenho estabelecidos, para então, interpretar as variações e tomar as ações corretivas em face das diferenças, isto é, se o resultado não estiver em conformidade com as especificações (BATALHA,1997). CONFORMIDADE A ESPECIFICAÇÃO Conformidade à especificação reflete a visão mais tradicional da qualidade, isto é, o nível em que um produto ou um serviço está de acordo com as especifica- ções de projeto, incluindo suas características operacionais. Para Batalha (1997), qualquer desvio que implique na redução da qualidade do produto é ocasionado pelo não atendimento das conformidades de especificação. A garantia de que os produtos e serviços estão conformes a sua especifica- ção pode ser alcançada por meio da atividade de planejamento e controle da qualidade, na qual este, de acordo com Slack (1996) é dividido em seis passos sequenciais, são eles: A grande importância do controle de qualidade é implantar regras e ins- truções para que se diminua e reconheça os erros que acontecem nas em- presas. O controle de qualidade, como o próprio nome já diz, serve para controlar a qualidade e manter o padrão de excelência. Fonte: Importância… (2014, on-line)². INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 Passo 1: Definir as características de qualidade Definem-se como características de qualidade as propriedades de um produto ou serviço que podem ser avaliadas em função do grau de satisfação de clien- tes e/ou dos requisitos determinados em uma especificação, que, por sua vez, determinam a magnitude das características do produto necessárias para que sua qualidade seja adequada. É importante destacar que essas características não envolvem apenas ele- mentos tangíveis do produto, mas compreendem também avaliações subjetivas de propriedades menos mensuráveis. Os fatores que geralmente estão presentes na avaliação da qualidade pelo consumidor são: aparência ou imagem que tem do produto, desempenho funcional e serviços associados à ele. Pode-se dizer que a qualidade é constituída por dois tipos de características: atributos intrínsecos ao produto, os quais são agregados ao mesmo, por meio de seu projeto, insu- mos de produção, métodos de trabalho, inspeção etc. e atributos extrínsecos, que não se originam no projeto ou processo de produção, constituindo o valor que o consumidor atribui ao produto, influenciado por forças externas, como a propaganda e fatores socioculturais (CORDELLA, 2016). A Tabela 4 mostra uma lista de características que são úteis para planejar e controlar a qualidade tanto de produtos, quanto de serviços. CARACTERÍSTICA DE QUALIDADE DESCRIÇÃO Funcionalidade Significa quão bem o produto ou serviço faz o trabalho para o qual foi destinado, incluindo o desempenho e as caracterís- ticas ou recursos inerentes ao produto ou serviço. Aparência Refere-se às características sensoriais do produto ou serviço; seu apelo estético, visual, sensorial, sonoro e olfativo. Confiabilidade É a consistência do desempenho do produto ou serviço ao longo do tempo. Tabela 4 - Características de Qualidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 Durabilidade Define-se como a vida útil total do produto ou serviço, su-pondo ocasionais reparos e modificações. Recuperação Significa a facilidade com que os problemas como o produto ou serviço podem ser retificados ou resolvidos. Contato Refere-se à natureza do contato pessoa a pessoa que pode acontecer. Por exemplo, a cortesia, a empatia, a sensibilidade e, o conhecimento do pessoal de contato. Passo 2: Decidir como medir cada característica As características de qualidade de um produto ou serviço precisam ser medi- das e controladas. As medidas usadas para descrever essas características são de dois tipos: Variáveis, que são aquelas que podem ser medidas numa escala con- tinuamente variável (por exemplo, comprimento, diâmetro, peso, ou tempo) e; Atributos, que são medidas avaliadas pelo julgamento e são dicotômicas, ou seja, têm dois estágios (por exemplo, certo ou errado, parecer OK, ou, não OK). Passo 3: Estabelecer padrões de qualidade Padrão de qualidade pode ser definido como o nível de qualidade que determina se a característica medida é aceitável ou não. Os padrões de qualidade devem ser estabelecidos considerando fatores operacionais, como, por exemplo, os limites de custos de fazer o produto, o estado de tecnologia da fábrica etc. e, também, precisam ser adequados às expectativas dos consumidores, isto é, o que o cliente espera do produto ou serviço. Em suma, o padrão de qualidade facilita o controle, permitindo identificar se as características de qualidade do produto ou serviço estão sendo alcançadas. Fonte: adaptado de SLACK (1996, p. 557). Conformidade a Especificação INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 Passo 4: Controlar a qualidade contra os padrões Este passo refere-se à verificar se os produtos ou serviços estão em conformidade com os padrões estabelecidos. Em qualquer setor produtivo, haverá momentos que ocorrerão produtos ou serviços não conformes. Por exemplo, ao fazer bens manufaturados, podem ocorrer falhas nos equipamentos, haver variação nas matérias-primas ou ocorrer erros operacionais, que poderão resultar em itens com não conformidade. A não conformidade é a deficiência em uma característica, especificação de produto, parâmetro de processo, registro ou procedimento, que torna a qualidade de um produto inaceitável, indeterminada ou fora de requerimentos estabele- cidos. É um componente, material de fabricação ou produto acabado fora de especificações, antes ou após a sua distribuição (MATOS, 2011). O controle de qualidade contra ospadrões pode ser realizado por meio de inspeção, a qual será discutida no último tópico desta unidade. Passo 5: Encontrar e corrigir causas de má qualidade Detectado não conformidades nos produtos ou serviços, é necessário identifi- car as causas que as originaram, isto é, a razão que resultou o problema, para que assim, possam ser tomadas ações para corrigir as falhas, bem como as cau- sas de má qualidade. Existem ações de correção e ações corretivas. A primeira vista, eliminar uma não conformidade identificada, podendo ser uma reclassificação, um retrabalho ou um reparo. Já a ação corretiva busca eliminar a causa de uma não confor- midade ou outra situação indesejada, atuando de forma a evitar sua repetição (NBR ISO 9000:2005). Inspeção de Qualidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 Passo 6: Continuar a fazer melhoramentos Este passo consiste em dar continuidade aos demais, no sentido de empregar o melhoramento contínuo, uma vez que sempre é possível aprimorar uma tarefa ou rotina, bastando se avaliar, com novos olhos, as velhas tarefas desempenhadas. A melhoria da qualidade é uma atividade que deve estar presente na rotina de toda a empresa. Isso significa que todos os processos empresariais, sejam produtivos ou administrativos, podem e devem ser continuamente avaliados e melhorados. Todas as operações, não importam quão bem gerenciadas, são pas- siveis de intervenções para melhoria do desempenho (TOLEDO, 2007). INSPEÇÃO DE QUALIDADE Considerada como uma maneira de avaliar a qualidade dos produtos, a inspe- ção é uma forma de controle da qualidade. Para Paladini (2002, p.115) “inspeção da qualidade é definida como o processo que visa identificar se uma peça, uma amostra ou um lote atende à certas especificações de qualidade”. Além de aferir se o produto está conforme aos requisitos estabelecidos, a inspeção também desenvolve o papel de distinguir bons lotes de ruins, distin- guir indivíduos bons e ruins da produção, acompanhar as alterações do processo, avaliar instrumentos de medição entre outros (DORO, 2004). A inspeção sempre é centrada em uma característica da qualidade e, de acordo com a importância desta característica para o funcionamento da peça avaliada, o resultado da inspeção pode levá-la à rejeição. É importante desta- car que a inspeção não resolve o problema, mas a partir de seu resultado, ações corretivas podem ser tomadas a fim de corrigir e eliminar as não conformida- des dos produtos ou processos. INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E38 Não há restrição para a utilização da inspeção da qualidade, podendo esta ser aplicada a qualquer produto de qualquer empresa, desde que haja relação entre as amostras de peças e o lote de onde foram retiradas. Para a sua realiza- ção é imprescindível um padrão, no qual a característica da qualidade deve ser comparada. Tipos de Inspeção Paladini (2002) apresenta vários tipos de inspeção, os quais são determinados quanto à sua finalidade, alcance e forma de execução. Quanto à finalidade, a inspeção pode ser de dois tipos: inspeção por aceita- ção, que visa detectar se um lote de peças deve ser aceito (liberado para uso) ou rejeitado (devolvido a sua origem), determinando apenas o nível de qualidade do lote e; inspeção retificadora, que além de avaliar o lote, altera-o para melhor, substitui as peças defeituosas encontradas por peças perfeitas. Com relação ao alcance, a inspeção pode envolver todo o lote, chamada de inspeção completa (100% das peças do lote) ou; apenas parte dele, definida como inspeção por amostragem. A inspeção completa analisa todo o lote; isso parece conferir maior se- gurança à avaliação. Ela requer, entretanto, muitos recursos, como tem- po, energia e equipamentos, e acarreta custos elevados. Já a inspeção por amostragem tende a reduzir custos; a segurança de seus resultados, entretanto, requer cuidados e atenção que a tornam de realização mais difícil. (PALADINI, 2002 p. 119). Quanto à execução, a inspeção pode ser: por atributos, que é uma avaliação qua- litativa, a qual verifica apenas se a peça apresenta defeito e; por variáveis, que considera a intensidade de defeito, fazendo uma avaliação quantitativa da carac- terística da qualidade. É importante destacar, que dentre estes diversos tipos de inspeção, não existe um que seja melhor que o outro, cabendo à empresa identificar e aplicar aqueles que se adequem a seu processo e que gerem melhores resultados. Inspeção de Qualidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 Execução da Inspeção Para ser correta, a inspeção da qualidade, precisa ser sempre executada por meio de regras bem determinadas, evitando assim, que a mesma seja feita conforme preferências, gostos ou outras características subjetivas. Paladini (2002) afirma que um aspecto fundamental na execução da inspeção é a confiabilidade, a qual está relacionada à quatro fatores básicos: 1. Área de alcance da inspeção: a inspeção deve alcançar todo o processo produtivo, não se concentrando apenas no produto acabado, pois ao ser desenvolvido em todas as etapas do processo, gera condições para ações corretiva rápidas. 2. Processo de desenvolvimento das inspeções: o desenvolvimento de inspe- ção deve estar inserido em um planejamento no qual são contemplados elementos como periodicidade das atividades e determinação dos níveis de custo. Também é preciso definir o tipo de inspeção a adotar (atributos ou variáveis, 100% ou amostragem, para fim de aceitação ou retificadora), sendo indicada para essa definição a utilização de experiências das pes- soas que conhecem bem o processo. 3. Estruturação de registros de resultados da inspeção: devem ser estrutura- dos de forma que facilitem sua rápida compreensão, evitem interpretações equívocas e tenham condições de mostrar o que efetivamente a inspe- ção detectou. 4. Garantia de acesso aos resultados da inspeção: é fundamental o acesso aos resultados da inspeção, pois estes auxiliam na tomada de decisões, na análise de defeitos, no estudo do nível de qualidade atual e de sua ten- dência, além do permanente monitoramento do processo. Para viabilizar a execução da inspeção existem dois conjuntos básicos de ferra- mentas, os quais são modelos com forte suporte estatístico, empregados para determinar planos de amostragem. INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E40 O primeiro conjunto de ferramentas refere-se aos mecanismos, desen- volvimento e avaliação de planos de amostragem com base em parâ- metros bem definidos; o segundo utiliza normas, que portam tabelas prontas, onde, em função do tamanho do lote a ser analisado e do nível de qualidade desejado, pode-se obter, por leitura direta, um plano de amostragem (PALADINI, 2002 p.126). Uma das normas mais utilizadas e conhecidas para obtenção de um plano de amostragem é a NBR 5426 – Planos de Amostragem e Procedimentos na Inspeção por Atributos, que como o próprio nome evidencia, tem como objetivo estabe- lecer dados relativos aos planos de amostragem e procedimentos para inspeção por atributos, podendo ser aplicada tanto à séries de lotes como à lotes isolados. CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), nesta unidade foi possível compreender os vários conceitos da qualidade definidos pelos conhecidos “gurus” da qualidade: Juran, Deming,Feigenbaum e Crosby. Analisando todas as definições, podemos dizer que qua- lidade são características de um produto ou serviço que atenda as especificações e satisfaça as necessidades dos clientes. Identificamos que a qualidade é essencial dentro de uma organização, estando presente em todas as etapas do processo produtivo, desde o desenvolvimento do produto até as atividades pós-venda, buscando sempre garantir que os produtos estejam dentro dos padrões estabelecidos e isentos de defeitos. Conhecemos a evolução da qualidade classificada por A. Garvin em qua- tro eras: Inspeção, com a qualidade focada no produto; Controle estatístico da qualidade, com enfoque da qualidade no processo; Garantia da qualidade, com o foco da qualidade no sistema e; Gestão da Qualidade Total, sendo a qualidade enfocada no negócio. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 Também estudamos a importância do Controle da Qualidade, enfatizando que este é responsável por planejar, manter e melhorar a qualidade do cliente. Para controlar a qualidade é imprescindível definir o que deve ser controlado, por meio de algum método de medida, com padrões de desempenho estabelecidos, para então, interpretar as variações e tomar as ações corretivas em face das dife- renças, isto é, se o resultado não estiver em conformidade com as especificações. E por fim, vimos que a inspeção é uma forma de controle da qualidade, podendo esta, ser aplicada a qualquer produto de qualquer empresa, desde que seja executada por meio de regras bem determinadas, tendo como aspecto fun- damental em sua execução a confiabilidade. 42 1. David A. Garvin classifica a evolução da qualidade em quatro eras. Cite e expli- que, sucintamente, o foco da qualidade em cada uma dessas eras. 2. O Controle da Qualidade pode ser definido como a verificação e o ajuste das características de qualidade de um produto/serviço aos seus padrões determi- nados, consistindo, basicamente, em quatro etapas. Quais são essas etapas? 3. Planejar a qualidade desejada pelos clientes é um dos objetivos com que o con- trole da qualidade é abordado. No que consiste esse objetivo? 4. Dentre as várias definições sobre qualidade, é importante destacar as que foram desenvolvidas pelos principais autores da área, conhecidos como “gurus” da qua- lidade. Sobre essas definições, leia as afirmativas abaixo e assinale a correta: a. Juran define qualidade como a combinação das características de produtos e serviços referentes à marketing, engenharia, fabricação e manutenção, atra- vés das quais o produto ou serviço em uso, corresponderão às expectativas do cliente. b. Para Deming, a qualidade é a perseguição às necessidades dos clientes e ho- mogeneidade dos resultados do processo. A qualidade deve visar às necessi- dades do usuário, presentes e futuras. c. Com enfoque na conformidade, Juran afirma que qualidade quer dizer con- formidade com as exigências, ou seja, cumprimento dos requisitos. d. Segundo Crosby, a qualidade consiste nas características do produto que vão ao encontro das necessidades dos clientes e, dessa forma, proporcionam a satisfação em relação ao produto. e. Todas as alternativas estão corretas. 5. A inspeção é uma forma de controle da qualidade, sendo considerada como uma maneira de avaliar a qualidade dos produtos. Sobre a inspeção, assinale a al- ternativa correta: a. A inspeção da qualidade é definida como o processo que visa identificar se um processo produtivo atende à certas especificações de qualidade. b. A inspeção não é centrada em uma característica da qualidade, não influen- ciando, desta forma, seu resultado. c. A inspeção não resolve o problema, mas a partir de seu resultado ações cor- retivas podem ser tomadas a fim de corrigir e eliminar as não conformidades dos produtos ou processos. d. A inspeção só pode ser utilizada em empresas que fabricam produtos manu- faturados. e. Todas as alternativas estão corretas. 43 INVESTIR EM QUALIDADE, POR QUÊ? Uma organização está no mercado não apenas para sobreviver, ela deve criar e satisfazer as necessidades das pessoas. Para alcançar este resultado ela deve primar pela qualida- de em seus produtos e serviços. Segundo Paladini (1995) “produz-se qualidade porque as pessoas acreditam nela.”. Pelos escritos de Deming (1990), “a qualidade só pode ser definida em termos de quem a avalia. Quem é o juiz da qualidade?” Com essa afirma- ção e esse questionamento, podemos entender que as organizações devem ter em seus produtos as características que perante os consumidores são sinônimos de qualidade, conquistando, assim, sua confiança no ato da decisão final, a compra. Ter a qualidade como uma estratégia competitiva é um processo gradual e existem diversos fatores que influenciam no resultado final. Devem-se analisar os custos e os benefícios de cada insumo ou equipamento inserido na produção, verificando sua viabi- lidade. Busca-se sempre reduzir custos desde que não interfira na qualidade e seguran- ça dos produtos, a fim de maximizar os lucros obtendo o retorno dos investimentos. A organização deve investir continuamente em inovação, buscando atender e criar novas necessidades para os consumidores, uma atitude que visa proporcionar uma reputação ou imagem satisfatória, levando à conquista de parcelas cada vez maiores do mercado. Esses parâmetros são básicos para obter uma estratégia competitiva que, segundo Mou- ra (2003), pode ser compreendida como “[...] definir o caminho a seguir, o que fazer para ofertar produtos e serviços que sejam aceitos pelo mercado, eis a questão da estratégia a ser adotada pelas empresas”. Na busca pela “qualidade total” devemos entendê-la de forma sistêmica, desde os forne- cedores com a certificação da matéria-prima fornecida; dos processos e procedimentos produtivos, com atenção especial as pessoas envolvidas; a fim de gerar produtos padro- nizados que sigam os mesmos preceitos de qualidade; sendo distribuídos corretamente e oferecidos serviços pós-venda satisfatórios. As necessidades da sociedade se alteram, modificando as exigências dos consumidores, que devem ser colocadas de forma priori- tária nas atitudes das organizações. Dentre essas exigências, hoje temos um consumidor muito mais informado, que conhece características técnicas dos produtos e a variação preços do mercado, o que lhes dá poder na negociação. Um aperto de mão e um sorriso agradável por se só não mais satisfaz os consumidores. Para atender suas necessidades, atualmente são diversos os fatores levados em consideração, desde oferta dos melhores produtos à preços justos, as formas de pagamento, o atendimento cordial e verdadeiro dentre outros fatores específicos para cada segmento de mercado. Dessa forma, a motivação, o porquê da busca pela qualidade, é um processo contínuo de satisfação do consumidor. Através de uma imagem sólida, focando nas necessidades dos clientes e do mercado, são adquiridos os subsídios para competir em um ambiente de constantes mutações, tendo na melhoria da qualidade uma estratégia competitiva, que proporcionará vantagens para um crescimento duradouro. Fonte: Souza (2009, on-line)3. MATERIAL COMPLEMENTAR Fundamentos de Controle de Qualidade Alvaro Rogério Cantieri e Elisa Perez Ano: 2013 Editora: LT Sinopse: este livro é destinado à todos os cursos que possuem, entre suas disciplinas, o assunto de gestão pela qualidade empresarial e princípios de controle de qualidade. Sua linguagem foi adaptada para tornar seu entendimento mais simples, pensando principalmente no público dos cursos técnicos das mais diversas áreas. A importância da qualidade em qualquer ramo de atividadenão pode ser apenas vista como um diferencial, mas sim como uma das únicas formas de manter-se competitivo. Para saber mais a respeito, acesse o conteúdo disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/ U61NiRBgjtfysfw_2013-4-29-15-39-2.pdf>. REFERÊNCIAS 45 ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 9000:2005 - Sistema de Gestão da Qualidade: Fundamentos e Vocabulário. Rio de Janeiro, ABNT, 2005. ALMEIDA, H. S., TOLEDO, J. C. Qualidade total do produto. 1991. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prod/v2n1/v2n1a02.pdf>. Acesso em: 5 set. 2016. BATALHA, M. O. Gestão Agroindustrial. 1. ed. vol.1. São Paulo: Atlas, 1997. BARÇANTE, L. C. Qualidade total, uma visão brasileira: o impacto estratégico na universidade e na empresa. 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REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS 47 GABARITO 1. ■ Era da Inspeção – Qualidade com foco no produto: o objetivo nesta fase era ob- ter qualidade igual em todos os produtos e, a ênfase centrou na conformidade. ■ Era do Controle Estatístico da Qualidade – Qualidade com foco no processo: a qualidade deixou de ser avaliada apenas no produto final, passando a ser con- trolada em todos os estágios da produção, isto é, desde o início até o final do processo. ■ Era da Garantia da Qualidade – Qualidade com foco no sistema: a qualidade não deveria ser vista apenas como um trabalho isolado do Departamento de Con- trole de Qualidade, mais sim, o objetivo de todos os membros da organização. ■ Era da Gestão da Qualidade Total – Qualidade com foco no negócio: a qualida- de difundiu-se por toda a empresa, sendo todos os colaboradores responsáveis pelo seu alcance. 2. Fixação do padrão, que geralmente é uma atividade de planejamento; compa- ração do resultado obtido com o padrão fixado, no qual pressupõe uma atividade de mensuração; ação de correção, quando o resultado obtido difere do padrão re- sultado e; revisão do padrão. 3. Consiste em conhecer as necessidades, traduzindo-as em características mensu- ráveis para que seja possível gerenciar o processo de alcançá-las. 4. Alternativa B. 5. Alternativa C. U N ID A D E II Professora Me. Crislaine Rodrigues Galan FERRAMENTAS E TÉCNICAS ASSOCIADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar de maneira sintetizada as ferramentas tradicionais da qualidade. ■ Compreender o Controle Estatístico do Processo (CEP) e as vantagens de sua utilização. ■ Definir QFD - Desdobramento da Função da Qualidade, sua aplicação e benefícios. ■ Entender a metodologia FMEA- Análise do efeito e do modo de falhas, seus objetivos e sua sequência para elaboração. ■ Estudar o conceito e as características do dispositivo Poka-Yoke.. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Ferramentas de Controle de Qualidade ■ Controle Estatístico do Processo (CEP) ■ QFD (Quality Function Deployment) ■ FMEA (Failure Mode and Effects Analysis) ■ Poka-Yoke Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 INTRODUÇÃO Olá caro(a) aluno(a)! Nesta unidade, você irá aprender sobre as ferramentas e técnicas associadas ao controle da qualidade. Você irá acompanhar os concei- tos, objetivos e importância da aplicação dessas ferramentas. As ferramentas da qualidade são utilizadas para melhorar a qualidade de projetos, produtos, sistemas e processos. Algumas delas ajudam a identificar problemas que venham a ocorrer em um determinado projeto/produto, pos- sibilitando a tomada de uma ação preventiva para um futuro desvio, ou ainda fornecem uma maneira de analisar a ineficácia de um processo em questão. Outras ferramentas da qualidade são usadas para priorizar ações e outras ape- nas servem para listar causas e efeitos dos elementos em um projeto ou processo que possam ter seus resultados afetados. Para auxiliar os estudos da qualidade as ferramentas de natureza gráfica e estatística foram agrupadas em um conjunto denominado “As Sete Ferramentas do Controle de Qualidade”, são elas: Fluxograma, Diagrama de Causa-Efeito, Histograma, Diagrama de Pareto, Diagrama de Dispersão, Gráficos de Controle e Folha de Verificação. Além das sete ferramentas tradicionais, também serão apresentadas outras ferramentas e técnicas importantes associadas ao Controle da Qualidade, como o Controle Estatístico do Processo (CEP), QFD (Quality Function Deployment), FMEA (Failure Mode and Effects Analysis) e Poka-Yoke. Então, a partir de agora você irá estudar esse assunto que é imprescindível para os profissionais que atuam na área da qualidade. Bons Estudos! FERRAMENTAS E TÉCNICAS ASSOCIADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E52 FERRAMENTAS DE CONTROLE DE QUALIDADE Criadas na década de 50, as Ferramentas de Controle de Qualidade ou simples- mente Ferramentas da Qualidade, podem ser definidas como técnicas utilizadas para mensurar, definir, analisar e propor soluções para os problemas que interfe- rem no bom desempenho dos processos de trabalho, permitindo maior controle dos processos e melhorias na tomada de decisões. Paladini (2004) as define como dispositivos, procedimentos gráficos, formulações práticas, esquemas de funcio- namento, mecanismos de operação, enfim, métodos estruturados para viabilizar a implantação da Qualidade Total. Na década de 60, com o objetivo de auxiliaros estudos dos profissionais da qualidade e aperfeiçoar o Controle de Qualidade Industrial, Kaoro Ishikawa organizou um conjunto de ferramentas de natureza gráfica e estatística, denomi- nando-o de “As Sete Ferramentas do Controle de Qualidade”. Ishikawa observou que embora nem todos os problemas pudessem ser resolvidos por essas ferra- mentas, ao menos 95% poderiam ser e, que qualquer trabalhador fabril poderia efetivamente utilizá-las (MARTINS JR., 2002). Podemos dizer que as 7 ferramentas da qualidade são empregadas para facili- tar o trabalho daqueles que são responsáveis pela análise e solução de problemas visando à qualidade, sendo os principais benefícios decorrentes de sua aplicação: ■ Melhorar a visualização e identificação dos problemas nos processos, pro- dutos e fornecedores. ■ Facilitar o planejamento e a tomada de decisões e ações. ■ Desenvolver e estimular a criatividade. ■ Melhorar a cooperação em todos os níveis da organização. ■ Fornecer elementos para o conhecimento e monitoramento do processo, permitindo a melhoria dos mesmos. ■ Elevar os níveis de qualidade. Ferramentas de Controle de Qualidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 53 Entretanto, quais são essas ferramentas desenvolvidas por Ishikawa tão importan- tes para o Controle de Qualidade? Vamos conhecer cada uma delas, de maneira sucinta, a seguir. Fluxograma O fluxograma é uma representação de um processo que utiliza símbolos gráficos para descrever passo a passo a natureza e o fluxo deste processo, apresentando uma excelente visão de todas as etapas que o compõe. O objetivo é mostrar de forma descomplicada o fluxo das informações e elementos, além da sequência opera- cional que caracteriza o trabalho que está sendo executado (BRASSARD, 2004). Visualizando todo o processo por meio de um fluxograma, a empresa poderá evitar atividades desnecessárias, identificar gargalos e duplicidade de procedimen- tos. Essa ferramenta da qualidade simplifica e racionaliza o trabalho, facilitando a compreensão, otimização e melhorias na empresa. Com relação aos símbolos gráficos utilizados para compor um fluxograma, cada um deles apresenta um significado específico. Os principais símbolos e seus respectivos significados estão ilustrado no Quadro 1. FERRAMENTAS E TÉCNICAS ASSOCIADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E54 Quadro 1- Simbologia Fluxograma Diagrama de Causa-Efeito Também conhecido como Diagrama de Ishikawa, devido ao seu criador, e Diagrama “Espinha de Peixe”, devido a sua estrutura, o Diagrama de Causa- Efeito consiste em uma forma gráfica usada como metodologia de análise para representar fatores de influência (causas) sobre um determinado problema (efeito) (MIGUEL, 2001). Sua composição leva em consideração que as causas dos pro- blemas podem ser classificadas em 6 tipos diferentes de causas principais que afetam os processos: Métodos, Máquinas, Medida, Meio Ambiente, Mão de Obra e Materiais (conhecidas como os 6 M’s) (CONTADOR, 1998). Para empregar essa ferramenta é preciso em primeiro lugar determinar o problema a ser estudado (identificação do efeito). Em seguida, deve-se levantar informações sobre as possíveis causas e registrá-las no diagrama, agrupando- -as dentro dos “6 M’s”. Com o diagrama pronto, é necessário analisá-lo, a fim de identificar as reais causas, para que assim, o problema possa ser corrigido. Fonte: adaptado Harrington (1993). Ferramentas de Controle de Qualidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 55 Para melhor compreensão, a Figura 1 mostra um exemplo de um Diagrama de Causa-Efeito para um problema de umidade incorreta em determinado produto. Figura 1 - Diagrama de Causa-Efeito Histograma Considerado uma ferramenta estatística, o Histograma é em um diagrama de barras, de fácil construção e interpretação, que permite verificar facilmente a forma de distribuição, a média e a dispersão dos dados. O histograma consiste num gráfico de barras, ou seja, é uma represen- tação gráfica de uma distribuição de frequências por meio de barras no eixo horizontal, onde a largura da barra representa um dado intervalo de classe da variável e a altura no eixo vertical representa a frequência da ocorrência. As principais razões para sua utilização são: obter uma análise descritiva dos dados e/ou determinar a natureza da distribui- ção. Miguel (2001, p.141). Fonte: Contador (1998, p.197). FERRAMENTAS E TÉCNICAS ASSOCIADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E56 Diagrama de Pareto É um gráfico de barras que ordena as frequências das ocorrências, da maior para a menor, permitindo a priorização dos problemas. Mostra ainda a curva de per- centagens acumuladas. Sua maior utilidade é permitir uma fácil visualização e identificação das causas ou problemas mais importantes, possibilitando a con- centração de esforços sobre os mesmos (MARTINS JR, 2002). A sequência para análise de um Diagrama de Pareto, segundo Miguel (2001), pode ser sistematizada através dos seguintes passos: ■ Listar os elementos que influenciam no problema (podem ser utilizadas as causas levantadas através de um Diagrama de Causa-Efeito). ■ Medir a influência de cada elemento, como por exemplo, a frequência de ocorrência de determinados defeitos. ■ Ordenar, em ordem decrescente, segundo a frequência de ocorrência de cada elemento. ■ Construir a distribuição acumulada. ■ Interpretar o gráfico, priorizando a ação sobre os problemas. A Figura 2 apresenta um Diagrama de Pareto para ocorrências geradoras de reclamação de um produto fabricado por uma indústria de equipamentos médicos. Figura 2 - Diagrama de Pareto Fonte: elaborado pela autora. Ferramentas de Controle de Qualidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 57 Diagrama de Dispersão Também chamado de diagrama de Correlação, esta ferramenta consiste em um gráfico utilizado para investigar a possível correlação entre duas variáveis, uma de entrada e outra de saída. A existência de correlação entre variáveis indica uma possível relação de causa e efeito que, portanto, merece uma maior investigação. Por meio deste gráfico é possível a visualização da relação entre as variáveis, na qual, se os pontos estiverem próximos entre si, pode-se concluir a existência de correlação (CONTADOR, 1998). Gráficos de Controle Os gráficos de controle ou cartas de controle são ferramentas para o monito- ramento da variabilidade e para a avaliação da estabilidade de um processo (WERKEMA, 1995). Embora não possa ser possível eliminar completamente a variabilidade, esta ferramenta ajuda a reduzí-la tanto quanto possível. Miguel (2001) afirma que um gráfico de controle representa e registra ten- dências de desempenho de um processo, ou seja, monitora o comportamento do processo ao longo do tempo, detectando as causas de variação do mesmo. Um gráfico de controle consiste em uma linha central, um par de li- mites de controle, um dos quais localiza-se abaixo e outro acima da linha central, e valores característicos marcados no gráfico represen- tando o estado de um processo. Se todos esses valores estiverem dentro dos limites de controle,sem qualquer tendência particular o processo é considerado sob controle. Entretanto, se os pontos incidirem fora dos limites de controle ou apresentarem uma disposição atípica, o processo é julgado fora de controle (KUME, 1993, p. 98). Em suma, o Gráfico de Controle (Figura 3) é visto como um registro da quali- dade de uma característica particular de um produto, que indica se o processo está ou não sob controle. Para Gaither (2002) o objetivo principal dessa fer- ramenta é mostrar quando os processos de produção podem ter mudado o suficiente para afetar a qualidade do produto, para isso, é necessário fazer uma FERRAMENTAS E TÉCNICAS ASSOCIADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E58 investigação das causas da mudança. Se a indicação for de que a qualidade do produto se deteriorou ou pode se deteriorar no futuro, o problema é corrigido tomando-se medidas corretivas. Porém, se a indicação for de que a qualidade é melhor do que a esperada, é importante descobrir o porquê, para que a alta qua- lidade possa ser mantida. Folha de Verificação Definida como uma planilha na qual um conjunto de dados pode ser coletado e registrado de maneira ordenada e uniforme, a Folha de Verificação, permite a rápida interpretação dos resultados, facilitando a análise e o tratamento pos- terior. A coleta de dados não segue nenhum padrão preestabelecido e pode ser adequada de acordo com as particularidades do processo fabril da empresa. O importante é que cada empresa desenvolva o seu formulário de registro de dados que permita que, além dos dados, também sejam registrados os respon- sáveis pelas medições e registros, quando e como estas medições ocorreram (MARTINS JR., 2002). De uma forma geral, como o próprio nome evidencia, esta ferramenta per- mite a verificação do comportamento de uma variável a ser controlada, como, por exemplo, o registro de frequência e controle de itens defeituosos. x (a) x (a) Limite superior do círculo (LSC) Limite inferior do círculo (LIC) Linha média (LM) LSC LM LIC Fonte: Werkema (1995). Figura 3 - (a) Estrutura de um gráfico sob controle. (b) Estrutura de um gráfico fora de controle. Controle Estatístico do Processo (CEP) Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 59 Agora que conhecemos as ferramentas tradicionais da qualidade, podemos dizer, que na prática, estas são utilizadas para analisar o processo de produção, identificar os principais problemas, as flutuações de controle de qualidade do produto e fornecer soluções para evitar defeitos no futuro. CONTROLE ESTATÍSTICO DO PROCESSO (CEP) Caro(a) aluno(a), em termos gerais, o Controle Estatístico do Processo (CEP) visa o controle da qualidade conduzido respectivamente com a manufatura (con- trole do processo), ao invés da inspeção após a produção, em que se separam os produtos bons daqueles que são defeituosos (controle do produto). De acordo com Contador (1998) seu enfoque está em prever os defeitos ou erros, pois é muito mais fácil e barato fazer certo na primeira vez, do que selecionar e refa- zer os itens que não estejam perfeitos. Nessa mesma vertente, Mirshawra (1988) afirma que o CEP é uma forma bastante lógica de imaginar todos os elos do processo e, depois de aplicá-lo, é possível chegar ao fator de entendimento das oportunidades e formas de prever defeitos antes que aconteçam, pois, é muito melhor prever o problema do que repará-lo no final do processo com custos altíssimos. O Controle Estatístico do Processo consiste em fazer uso de diversas técnicas estatísticas com o objetivo de analisar todo o processo até seu resultado, podendo, dessa maneira, detectar possíveis falhas e atuar na correção das mesmas. Para Silva (2002) , o CEP envolve basicamente o desenvolvimento e interpretação dos resultados de gráficos de controle de processo e a utilização de técnicas estatís- ticas para identificar as causas dos problemas e oportunidades de melhoria da qualidade, na qual o monitoramento contínuo permitido por esse método pos- sibilita uma ação imediata logo que o problema tenha sido detectado. FERRAMENTAS E TÉCNICAS ASSOCIADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E60 Em outras palavras esta ferramenta pode ser definida como: Um método quantitativo para monitorar um processo repetitivo, a fim de determinar se um dado processo está operando adequadamente. O CEP utiliza coletas de dados de processo em tempo real e compara as medições atuais com os medidores básicos de desempenho do pro- cesso. Ele, então, aplica técnicas estatísticas simples, similares àquelas utilizadas em aceitação por amostragem para determinar se o processo modificou-se ou não. O CEP permite ao gerenciamento e a operação distinguir entre as flutuações aleatórias inerentes ao processo e às va- riações que podem indicar que o processo modificou-se (DAVIS, 2001, p.191). Dessa maneira, pode-se dizer que, o Controle Estatístico do Processo preocu- pa-se com checar um produto ou serviço durante sua criação, mediante o uso de técnicas estatísticas, com o objetivo principal de aprimorar e controlar o pro- cesso produtivo por meio da identificação das diferentes fontes de variabilidade do mesmo. Vantagens na utilização do Controle Estatístico do Processo Muitas são as utilizações do CEP e, sem dúvida alguma, se pode afirmar que grandes são os benefícios para quem o emprega corretamente. Para Contador (1998) as vantagens mais importantes são: ■ Definir qual ação a ser tomada (local ou sistema) e, consequente- mente, determinar a responsabilidade pela sua adoção (operação ou administração). ■ Minimizar as variações das características cruciais dos produtos, de maneira a se alcançar uma maior igualdade e segurança dos itens produzidos. ■ Determinar se há viabilidade em atender às especificações do produto ou necessidades dos clientes, em condições normais de operação. ■ Inserir soluções técnicas e administrativas que possam assegurar a melho- ria da qualidade e uma maior produtividade. ■ Permitir o combate às causas dos problemas ao invés de seus efeitos, obje- tivando eliminá-los do sistema de trabalho. QFD (Quality Function Deployment) Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 61 Além dessas vantagens descritas acima, o CEP faz com que todos envolvidos no processo trabalhem de maneira mais eficaz, assim, os ganhos com as economias obtidas são constantes, e os benefícios advindos geram um melhor ambiente de trabalho. QFD (QUALITY FUNCTION DEPLOYMENT) A ferramenta QFD, do inglês Quality Function Deployment, ou em português, Desdobramento da Função Qualidade é uma ferramenta importante no planeja- mento da qualidade na fase de concepção e desenvolvimento, na qual as exigências do consumidor são traduzidas em especificações técnicas dos produtos. A tradução dos desejos do consumidor, como expressos em suas pala- vras, para o projeto do produto e para instruções técnicas ao longo dos vários processos da empresa, envolvidos na consecução do produto, é denominada desdobramento da função qualidade (BATALHA, 1997, p. 468). Para Carpinetti (2010), o QFD é uma filosofia de trabalho que está voltada ao cliente, podendo ser usado para desenvolver novos produtos, melhorar os já exis- tentes ou para corrigir problemas encontrados através de reclamações. Portanto, o problema abordadopelo QFD é o da melhoria da satisfação do cliente, o que implica em conhecer suas reais necessidades, desenvolver o produto adequado a tempo e a um custo compatível. No Controle Estatístico do Processo (CEP) o conceito utilizado é a qualidade voltada para controlar todo o processo. Somente o controle do processo é suficiente para garantirmos a qualidade do produto ou serviço? (a autora) FERRAMENTAS E TÉCNICAS ASSOCIADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E62 Por meio do preen- chimento de informações em uma estrutura matri- cial, chamada de Casa da Qualidade, é possível sis- tematizar os requisitos dos clientes e suas relações com as características do pro- duto. Em seguida, através de um conjunto sequencial de diagramas (matrizes), des- dobram-se as características do produto em características dos componentes e estas, por sua vez, em carac- terísticas do processo e em pontos de controle da qualidade (BATALHA, 1997). APLICAÇÃO DO QFD De uma forma geral, o QFD tem duas atividades principais: o desdobramento da qualidade do produto, que envolve as atividades necessárias para transformar as necessidades dos clientes em características de qualidade do produto e; o des- dobramento das atividades da qualidade, a qual implica na determinação das atividades necessárias para assegurar que a qualidade desejada pelo consumi- dor seja garantida nas etapas de produção. Essas atividades são detalhadas em etapas, que consistem na metodologia de aplicação do QFD. Para Miguel (2001) a aplicação do QFD envolve cinco etapas principais: 1ª Etapa: Determinação do Objetivo do QFD Como vimos o QFD pode ser usado para o desenvolvimento de novos produ- tos, melhoria de produtos existentes ou para corrigir problemas identificados por meio de reclamações de clientes. Dessa forma, essa primeira etapa busca ©shutterstock QFD (Quality Function Deployment) Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 63 determinar o que se pretende obter com o QFD, definindo quais são os clien- tes-alvo da empresa e o para qual segmento deve ser dirigida (poder aquisitivo, nível de instrução, tipo de mercado etc). 2ª Etapa: Escolha da Equipe Multifuncional de Trabalho A equipe formada para trabalhar com o QFD precisa ser multifuncional, isto é, com membros de diversos setores da empresa (marketing, vendas, produção, compras, engenharia de produto e qualidade), pois isso facilita que cada partici- pante, dentro da sua especialidade, possa contribuir com conhecimentos técnicos e experiência, além do processo não ficar centralizado em um único setor da empresa. Além disso, a equipe multifuncional permite que as decisões tomadas sejam resultado de um consenso entre os membros do grupo. 3ª Etapa: Obtenção das Informações do Cliente Essa etapa consiste em conhecer quais são as necessidades, desejos, expectativas e requisitos do cliente, isto é, ter o entendimento da definição de qualidade do consumidor. Essas informações obtidas por pesquisas de mercado ou levanta- mento de marketing refletem a “voz do cliente” para a execução do QFD. 4ª Etapa: Construção Da “Casa da Qualidade” A partir das informações obtidas na etapa anterior, se constrói a Casa da Qualidade, que como definimos anteriormente, é uma matriz que corresponde à relação entre os requisitos do cliente (“o que”) e as características ou especificações de projeto que sejam mensuráveis (“como”), necessárias para satisfazer esses requisitos. A Figura 4 ilustra a estrutura da Casa da Qualidade. FERRAMENTAS E TÉCNICAS ASSOCIADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E64 Segundo Cohen (1991), para a construção da casa da qualidade devem-se seguir os seguintes passos: descrever as necessidades dos clientes; montar e analisar a matriz de planejamento; obter as características de qualidade; obter e analisar os relacionamentos; obter e analisar as correlações; descrever e analisar a con- corrência; definir os objetivos e; planejar o desenvolvimento. 5ª Etapa: Desdobramento da Função da Qualidade Consiste em desdobrar as características de produto que estão atendendo às necessidades do cliente, em características de planejamento de processo e, em seguida, em fatores de controle para planejamento da produção, chegando até nas estações de trabalho individuais. Para Toledo (apud BATALHA, 1997, p. 474) “[...] com a etapa 5, chega-se as instruções para operação e controle das atividades críticas do processo, bem como as instruções para o controle da qualidade de seus resultados”. Assim, podemos dizer que esse desdobramento é a essência do QFD como uma ferra- menta da qualidade. Figura 4 - Casa da Qualidade Fonte: adaptado de Eureka e Kyan (1992, p. 67). QFD (Quality Function Deployment) Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 65 Benefícios do QFD A utilização do QFD traz benefícios importantes tanto para os clientes como para a própria empresa. Miguel (2001) e Batalha (1997) destacam os seguin- tes benefícios: Redução e prevenção de problemas no lançamento de novos produtos e quando o produto já está no mercado, resultando em menores alterações de pro- jeto, uma vez que se concentra nas características relevantes do produto. ■ Diminuição do tempo de desenvolvimento e de implementação de novos produtos, uma vez que as atividades do ciclo de desenvolvimento (con- cepção, projeto do produto, projeto do processo, fabricação e serviços pós-venda) ocorrem de forma conjunta, levando em conta característi- cas desejáveis e concentrando-se naquilo que é importante. ■ Menores custos de manufatura, uma vez que assegura a produção desde a concepção do produto. ■ Melhora as qualidades de projeto e de conformação do produto. ■ Quantificação dos requisitos dos clientes e maior satisfação deles, devido ao fato de que suas necessidades, requisitos e expectativas são atendi- dos através da incorporação de características da qualidade no produto. ■ Facilita a comunicação entre os departamentos, incentivando o trabalho em equipe e a prática de decisões baseadas no consenso. ■ Promove uma visão global da empresa e dos negócios, permitindo uma construção de base de conhecimento devido ao processo de registro e documentação. FERRAMENTAS E TÉCNICAS ASSOCIADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E66 FMEA (FAILURE MODE AND EFFECTS ANALYSIS) Considerada como uma ferramenta que auxilia a qualidade, o FMEA, sigla em inglês que significa Failure Mode Effects Analysis traduzido para o português como “Análise dos Modos de Falhas e seus Efeitos”, busca identificar e eliminar falhas potenciais, de sistemas, projetos e processos, antes que estas falhas pos- sam afetar o cliente. Desenvolvida nos anos 60 pela NASA, essa técnica foi incorporada por outros setores industriais. No final dos anos 60, visando detectar e prevenir problemas em potencial, a Ford americana implantou o FMEA para projetos, desenvolvendo, anos mais tarde, um programa de confiabilidade no qual incluía um módulo de treinamento da aplicação de FMEA para processos. Nos anos 80, passou a ser muito usada na indústria automobilística em geral, estendendo-se para seus fornecedores na indústria de autopeças (MIGUEL, 2001). Atualmente, essa metodologia é difundida por todo o mundo,sendo aplicada em empresas de diferentes ramos, não apenas na indústria. ©shutterstock FMEA (Failure Mode And Effects Analysis) Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 67 O FMEA é conhecido por ser um procedimento para a análise de um deter- minado sistema, usado para identificar os modos de falha potenciais, suas causas e efeitos no desempenho do processo, sendo sua análise executada preferivel- mente com antecedência, dentro do ciclo de desenvolvimento, de forma que a remoção ou a redução do modo de falha seja válida e efetiva de modo preven- tivo (CASSANELLI et al. apud AGUIAR e MELLO, 2008). Para PALADY (1997), o FMEA é uma das técnicas de baixo risco mais eficientes para prevenção de problemas e identificação das soluções mais eficazes em termos de custos, ofe- recendo uma abordagem estruturada para avaliação, condução e atualização do desenvolvimento de projetos e processos em todas as disciplinas da organização. Para BATALHA (1997, p. 465) FMEA é definido como: Método para análise de falhas em produtos e processos em uso ou ain- da em fase de projeto. Objetiva prever problemas associados a um pro- duto ou processo e permitir a adoção de medidas preventivas, antes que tais problemas aconteçam. Miguel (2001) destaca a existência de três tipos básicos de FMEA: de Sistemas, de Projeto e de Processo. O primeiro é usado para analisar sistemas e subsistemas na fase de concepção, concentrando-se nos modos de falhas potenciais associados às funções do sistema, causados por deficiências de projeto, incluindo intera- ções entre os elementos do próprio sistema e de outros sistemas. Já o FMEA de Projeto é geralmente utilizado quando o detalhamento do projeto está disponí- vel, o qual, baseado no FMEA de Sistema, envolve a análise de causas específicas de falhas em componentes individuais. E por fim, o FMEA de Processo é con- duzido quando o processo de fabricação já foi definido, tendo como um dos objetivos identificar as deficiências nos processos para permitir implantação de controle para redução de ocorrência de produtos defeituosos. Como vimos, quando falamos em FMEA acabamos nos remetendo à concei- tos referentes à falha e causas. Falha significa que um componente ou o sistema como um todo, não atende as especificações ou não cumpre os requisitos funcio- nais definidos no projeto. Quando uma falha ocorre no componente ou sistema (por exemplo, corrosão, desgaste, vazamento, trinca, vibração etc) esta é definida FERRAMENTAS E TÉCNICAS ASSOCIADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E68 como modo de falha. Já as causas (MIGUEL, 2001) são os motivos pelos quais as falhas ocorrem, associadas à cada modo de falhas, como por exemplo: mate- rial incorreto usado, sobrecarga, manutenção inadequada etc. Agora que compreendemos os conceitos referentes ao FMEA, vamos apren- der, a seguir, como elaborar esta ferramenta. Etapas de Elaboração FMEA Santos et al. (apud PARIS, 2002) sugerem uma sequência de 4 etapas para a ela- boração do processo de FMEA, as quais são: 1ª Planejamento: esta fase é realizada pelo responsável pela aplicação da metodologia, compreendendo: a descrição dos objetivos e abrangência da aná- lise, na qual se identificam quais produtos/processos serão analisados; a formação dos grupos de trabalho, em que se definem os integrantes do grupo, que deve ser preferencialmente pequeno (entre 4 a 6 pessoas) e multidisciplinar (contando com pessoas de diversas áreas); cronograma de atividades prevendo prazos de conclusão dos trabalhos e; a preparação da documentação, na qual a equipe deve coletar os dados, reunindo todas as informações possíveis sobre o produto/pro- cesso em estudo. 2ª Análise das falhas em potencial: o grupo de trabalho discute e analisa os dados, preenchendo o formulário FMEA de acordo com os passos que seguem: 1) funções e características do produto/processo; 2) tipos de falhas potenciais para cada função; 3) efeitos do tipo de falha; 4) causas possíveis da falha; 5) con- troles atuais. 3ª Avaliação dos riscos: nesta fase, o grupo determina, para cada causa de falha, os índices críticos, que MIGUEL (2001) descreve como: Ocorrência (“O”), Gravidade (“G”), Detecção (“D”) e Risco (“R”). Em seguida, são calcu- lados os coeficientes de prioridade de risco (R), por meio da multiplicação dos outros três índices. A Tabela 1 ilustra um exemplo de um FMEA de produto contendo as infor- mações mencionadas nessas três primeiras etapas de elaboração. FMEA (Failure Mode And Effects Analysis) Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 69 Tabela 1- Exemplo de FMEA de um Braço de Suspensão 4ª Melhoria: utilizando os conhecimentos, criatividade e até um brainstor- ming, o grupo de trabalho lista todas as ações que podem ser realizadas para diminuir os riscos. Estas medidas podem ser: (a) medidas de prevenção total ao tipo de falha; (b) medidas de prevenção total de uma causa de falha; (c) medi- das que dificultam a ocorrência de falhas; (d) medidas que limitem o efeito do tipo de falha; (e) medidas que aumentam a probabilidade de detecção do tipo ou da causa de falha. Para Miguel (2001), as ações de prevenção a serem tomadas para diminuir os riscos podem ser de dois tipos: ações recomendadas e ações adotadas. Fonte: Miguel (2001, p. 217). FERRAMENTAS E TÉCNICAS ASSOCIADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E70 As ações recomendadas são aquelas que devem ser registradas para eliminação da falha ou redução da sua gravidade ou ocorrência, por exemplo, redimensionamento, revisão de cálculos de resistência à fa- diga, modificação das tolerâncias, etc. No caso das ações preventivas adotadas, essas são as condições resultantes, isto é, as medidas efetiva- mente adotadas, lembrando que nem todas as ações recomendadas são adotadas. Após as ações preventivas adotadas terem sido implementa- das, as falhas (modos, efeitos, causas) devem ser reavaliadas através de seus respectivos índices. Espera-se, portanto, que os índices de critici- dade das falhas – ocorrência, gravidade e detecção - e o índice de risco tenham seus valores reduzidos (MIGUEL, 2001, p. 218). É importante salientar que uma vez realizado um FMEA para um produto/pro- cesso, esse deve ser revisado sempre que ocorrerem alterações nesse produto/ processo específico. Segundo Santos et al. (apud PARIS, 2002), mesmo que não haja alterações, é preciso regularmente revisar a análise confrontando as falhas potenciais imaginadas pelo grupo com as que realmente vêm ocorrendo no dia a dia do processo e uso do produto, de forma a permitir a incorporação de falhas não previstas, bem como a reavaliação, com base em dados objetivos, das falhas já previstas pelo grupo. Vantagens da Aplicação da FMEA Com a aplicação da FMEA é possível obter várias vantagens e benefícios. Para Miguel (2001), as principais vantagens são: ■ Melhoria da qualidade, confiabilidade, segurança e imagem da organização. ■ Aumento de competitividade e satisfação dos clientes. ■ Redução do tempo de desenvolvimento e custos. ■ Documentação e rastreamento das ações tomadas para reduzir riscos de qualidade. ■ Identificação e seleção de alternativas como oportunidades de melhoria (melhoria contínua). Poka-Yoke Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en ale L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 71 ■ Padronização de procedimentos e registros. ■ Maior interação entre as áreas ou departamentos da empresa, com melho- ria acentuada na comunicação e relacionamento entre elas. POKA-YOKE Os dispositivos ou mecanismos Poka Yoke, também denominados mecanismos de prevenção de erros, ou à prova de falhas, têm sua origem da língua japonesa (yokeru: evitar; poka: erros de desatenção), sendo utilizados há muito tempo pela indústria manufatureira do Japão. Essa ideia foi sistematizada e aperfeiçoada por Shigeo Shingo como um meio de se atingir o zero defeito e, eventualmente, eli- minar as inspeções para o controle de características da qualidade (SHIMBUN, 1988). O estopim para criação do Poka-Yoke surgiu enquanto Shingo visitava um cliente que reclamou que alguns interruptores fabricados pela Toyota vi- nham sem molas, impossibilitando seu funcionamento. Por mais que Shin- go conversasse com sua equipe, o defeito persistia. Assim, ele desenhou um processo em que todas as peças do interruptor deveriam ser colocadas em um prato e só depois montadas. Se alguma peça sobrasse no prato, seria sinal de que algo estava errado. Para saber mais acesse o conteúdo dispo- nível em: Disponível em: <http://cms-empreenda.s3.amazonaws.com/empreenda/ files_static/arquivos/2014/04/16/ME_Poka_Yoke.pdf>. Fonte: a autora. FERRAMENTAS E TÉCNICAS ASSOCIADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E72 Podemos dizer caro(a) aluno(a), que os dispositivos Poka Yoke constituem meios para se garantir a não ocorrência de defeitos, nas quais suas funções básicas den- tro da manufatura são: a paralisação de um sistema produtivo (máquina, linha, equipamento etc.); o controle de características preestabelecidas do produto e/ ou processo e a sinalização quando da detecção de anormalidades. Tais funções são utilizadas para prevenir um defeito, impedindo a sua ocorrência ou detec- tando-o após o seu evento (MOURA e BANZATO, 1996). Para melhor entendimento, a Figura 5 demonstra as funções dos dispositi- vos Poka Yoke, enquanto a Figura 6 ilustra os métodos que podem ser utilizados por essas funções. Figura 5 - Esquematização das funções dos dispositivos Poka Yoke Fonte: Moura e Banzato (1996). Poka-Yoke Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 73 Figura 6 - Métodos de atuação dos dispositivos Poka Yoke Fonte: Moura e Banzato (1996). Segundo Calarge e Davanso (2004) os métodos de atuação dos dispositivos Poka Yoke têm como principais objetivos dentro de um sistema de manufatura: a. Método de controle: métodos que, na ocorrência de anormalidades, para- lisam o equipamento ou interrompem a operação, evitando, assim, a ocorrência ou reincidência de defeitos. b. Método de alerta: métodos que, na ocorrência de anormalidades, ativam sinais luminosos ou sonoros de alerta, indicando a necessidade de provi- dências sem, contudo, paralisar o equipamento ou interromper a operação. c. Método de posicionamento: elaboração de dispositivos que permitem a condução da operação somente quando do posicionamento correto do conjunto de elementos nela envolvidos, impedindo fisicamente que o con- junto seja montado de forma inadequada. d. Método de contato: baseia-se na liberação da condução de uma operação a partir do contato de sistemas de sensores que indicam condição ade- quada para operação. e. Método de contagem: por meio da contagem de elementos, são verificadas as características de conformidade do conjunto, as quais alertam, no caso de detecção de anormalidades, impedindo a continuidade da operação. FERRAMENTAS E TÉCNICAS ASSOCIADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E74 f. Métodos de comparação: utilizando dispositivos que possibilitem compa- ração de grandezas físicas (temperatura, pressão, torque etc.), impedem a continuidade da operação quando da detecção de anormalidades. Resumindo, podemos definir Poka Yoke como uma técnica que possibilita pre- venir potenciais falhas humanas durante o processo. Para Rodrigues (2004), estes sistemas são fáceis de serem operacionalizados e de baixo custo, sendo incorporados em um processo para prevenir erros humanos que eventualmente venham ocorrer. Juran e Frang (1992) classificam os erros humanos como: ■ Erros por inadvertência: são aqueles que, no momento em que são come- tidos, não são percebidos, podendo ser divididos em: não intencionais, inconscientes e imprevisíveis. As soluções para esses tipos de erros por inadvertências envolvem, basicamente, concentração na execução das tarefas e redução de extensão da dependência humana. ■ Erros técnicos: podem envolver várias categorias de erros relacionados, fundamentalmente, à falta de aptidão, habilidade e conhecimento para a execução de determinada tarefa, podendo ser divididos em: não intencio- nais específicos, conscientes e inevitáveis. As soluções para eles envolvem, basicamente, treinamento, mudança tecnológica e melhorias no processo. ■ Erros premeditados: podem assumir diversas formas, estando relacio- nados, basicamente, à questões de responsabilidade e comunicação confusas, podendo ser divididos em: conscientes, intencionais e persis- tentes. Algumas possíveis soluções para esse tipo de erro premeditado estariam relacionadas à delegação de responsabilidades e à melhoria de comunicação interpessoal. Feitas todas as definições sobre o dispositivo Poka-Yoke, vamos nos dedicar no próximo tópico a assuntos referentes a como implantar e validar esse dispositivo. Poka-Yoke Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 75 Implantação, Validação e Benefícios dos Dispositivos Poka-Yoke Vários autores propõem diferentes métodos e etapas para implantação de um dispositivo Poka-Yoke, no entanto, todos buscam o mesmo objetivo, a prevenção dos erros humanos no processo. Para Mcgee (2005), o processo de implanta- ção do Poka-Yoke consiste em cinco etapas: (a) identificar o defeito e o impacto desse defeito sobre o cliente; (b) identificar em que etapa do processo o defeito foi descoberto, para posteriormente descobrir em qual etapa ele foi criado; (c) identificar a causa raiz que originou o defeito; (d) realizar um brainstorming com a equipe de trabalho para detectar formas de eliminar os desvios de processo; (e) criar, testar, validar e implantar o dispositivo. Para validação do dispositivo, a equipe de trabalho responsável pela implanta- ção de um dispositivo deve, inicialmente, construir um protótipo do dispositivo. A validação de um dispositivo é feita através de cem verificações de peças, sendo que devem ser consideradas, de forma aleatória, 10% de verificações em conformidade e 90% de verificações em não-confor- midade com as características estabelecidas. Assim, considera-se um dispositivo Poka-Yoke válido se ele conseguir detectar a totalidade de peças em não-conformidade, impedindo que o erro se manifeste em defeito, em vez de atuar sobre as peças que estão em conformidade com as características controladas. Caso o dispositivo falhe nesse contro- le, o processo de validação é interrompido, faz-se uma análise para a detecção da causa da falha e a solução do problema e, se realiza outra validação do dispositivo (CALARGE e DAVANSO, 2004, p. 8). É relevante destacar que para ter sucesso no processo de implantaçãodesses dispositivos, é de suma importância que os colaboradores envolvidos estejam treinados, comprometidos e motivados. Quanto aos benefícios, este sistema é caracterizado por prevenir uma série de erros e falhas causadas por falta de atenção, de conhecimento, de acuidade visual e até mesmo proposital. Além disso, o custo da implantação do Poka- Yoke geralmente é baixo e sua aplicação gera economia, qualidade, segurança e até mesmo produtividade. FERRAMENTAS E TÉCNICAS ASSOCIADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E76 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), após a leitura da unidade II, você pôde entender os con- ceitos referentes às ferramentas associadas ao Controle da Qualidade, além de conhecer os benefícios e vantagens que estas podem trazer para as organiza- ções que as utiliza. As sete ferramentas do controle da qualidade: Fluxograma, Diagrama de Causa-Efeito, Histograma, Diagrama de Pareto, Diagrama de Dispersão, Gráficos de Controle e Folha de Verificação, utilizam técnicas estatísticas e conhecimento para acumular dados e analisá-los, ajudando a organizar as informações coleta- das, de maneira que seja fácil o seu entendimento. Além disso, o emprego dessas ferramentas permite que os problemas específicos de um processo possam ser identificados e estudados. Vimos que o Controle Estatístico do Processo (CEP) tem como objetivo pre- ver os defeitos ou erros, controlando a qualidade durante o processo ao invés de realizar a inspeção após a produção. Já o QFD é uma ferramenta importante no planejamento da qualidade, utilizada na fase de concepção e desenvolvimento, onde as exigências do consumidor são traduzidas em especificações técnicas dos produtos. O FMEA, por sua vez, é considerado uma ferramenta que auxilia a quali- dade, buscando identificar e eliminar falhas potenciais, de sistemas, projetos e processos, antes que estas falhas possam afetar o cliente. Enquanto os disposi- tivos Poka-Yoke configuram-se em uma técnica que busca prevenir potenciais falhas humanas durante o processo. Sendo assim, foi possível ter uma visão geral das ferramentas da qualidade, e, assim, podemos observar que, mesmo cada uma delas possuindo sua própria forma de serem aplicadas, todas apresentam benefícios como: elevar os níveis de qualidade; diminuir os custos; executar projetos melhores; melhorar a coo- peração em todos os níveis da organização; prevenir falhas e erros; identificar as causas dos problemas no processo, fornecedores e produtos. 77 1. As Ferramentas da Qualidade são técnicas que se podem utilizar com a finalida- de de definir, mensurar, analisar e propor soluções para problemas que eventu- almente são encontrados e interferem no bom desempenho dos processos de trabalho. Sobre as ferramentas da qualidade, descreva os principais benefí- cios resultantes de sua aplicação. 2. Uma das primeiras lições que os profissionais da qualidade são convidados a aprender é a de priorizar tarefas. É importante compreender desde cedo a dis- tinguir os “poucos pontos vitais” dos “muitos pontos triviais”. Para priorizar o que realmente é importante, existe uma ferramenta da qualidade chamada Diagra- ma de Pareto. Nesse sentido, explique qual a principal utilidade dessa ferra- menta. 3. Desdobramento da Função Qualidade (QFD) é uma filosofia de trabalho que está voltada ao cliente, podendo ser usado para desenvolver novos produtos, melho- rar os já existentes ou para corrigir problemas encontrados por meio de reclama- ções. Diante disso, defina qual o problema abordado pelo QFD? 4. O FMEA, ferramenta que auxilia a qualidade, busca identificar e eliminar falhas potenciais, de sistemas, projetos e processos, antes que estas falhas possam afe- tar o cliente. Sobre essa ferramenta assinale a alternativa correta: a. Considerada uma das técnicas de alto risco mais eficientes, o FMEA é utiliza- do para prevenção de problemas e identificação das soluções mais eficazes em termos de custos. b. Existem três tipos básicos de FMEA: Método, Máquina e Processo. c. As ações de prevenção a serem tomadas para diminuir os riscos podem ser de dois tipos: ações recomendadas e ações adotadas. d. O FMEA possibilita a melhoria da qualidade, confiabilidade e segurança, no entanto, diminui a competitividade das empresas. e. Todas as alternativas estão corretas. 5. Considerado um dispositivo a prova de erros, o Poka-Yoke, é destinado a evitar a ocorrência de defeitos em processos de fabricação e/ou na utilização de produ- tos. Sobre este dispositivo, leia as afirmativas abaixo e assinale a alternativa incorreta. a. Uma das funções básicas do Poka-Yoke dentro da manufatura é a paralisação de um sistema produtivo (máquina, linha, equipamento etc.). b. Método de alerta são métodos que, na ocorrência de anormalidades, ativam sinais luminosos ou sonoros de alerta e paralisam o equipamento ou inter- rompem a operação. 78 c. Os erros humanos podem ser classificados em: erros por inadvertência, erros técnicos e erros premeditados. d. Os dispositivos Poka-Yoke são caracterizados pelo fato de prevenirem uma série de erros e falhas causadas por falta de atenção, falta de conhecimento, falta de acuidade visual e até mesmo proposital. 79 O CONTROLE DA QUALIDADE NA TEXAS TELECOM A Texas Telecom produz uma série de caixas de conversor de TV para as indústrias de TV a cabo ou por satélite. Fundada no final dos anos 1980, a Texas Telecom no início se concentrava em produtos de baixo custo. Mas, nos últimos anos, a empresa redirecio- nou suas operações para poder oferecer produtos confiáveis de alto desempenho. No esforço de concentrar em produtos finais de qualidade mais elevada, a Texas Telecom implantou um programa de gestão da qualidade total (TQM) e ficou satisfeita com os resultados. Um aspecto da TQM particularmente útil no sentido de melhorar a qualidade do produto e fechar novos negócios foi o uso de gráficos de controle. Antes de esses gráficos serem utilizados, muitos dos produtos da empresa não estavam de acordo com as especificações do cliente. Embora os produtos tenham sido elabo- rados para serem superiores, havia muita variação no desempenho do produto. Para solucionar esse problema, a gerente de produção, Mary Boone, introduziu gráficos de controle em todo o processo de produção. Os elementos-chave dessa iniciativa eram o autocontrole pelos trabalhadores, reuniões de pequenos grupos para analisar o contro- le da qualidade e o reconhecimento dos desempenhos de alta qualidade pela gerência. As equipes de trabalho se reúnem no início de cada turno para revisar os gráficos mais recentes do período de oito horas, detectar qualquer tendência indesejável e discutir qualquer correção necessária nos processos de produção. Depois, durante seu turno, cada trabalhador plota a medida da qualidade dos produtos de sua operação a cada 30 minutos. Qualquer tendência que o trabalhador ache que esteja ficando fora de contro- le, é imediatamente comunicada ao líder da equipe. Se for suficiente grave, a produção é interrompida até o problema ser corrigido. O treinamento do funcionário era parte fundamental do programa de gráfico de con- trole da Texas Telecom. Antes de utilizar o gráfico de controle, cada trabalhador passava por duas semanas de treinamento sobre os elementos básicos da gerência da qualidade e dos gráficos de controle. Com a ajuda dos gráficos de controle, o desempenho do produto atualmente está em níveis extremamente elevados. Os índices de defeito (pro- dutos fora de especificação) são de apenas 0,01% ou cerca de 1 defeito em cada 10.000 unidades – um décimo da média da indústria. Fonte: Gaither e Frazier (2002). MATERIAL COMPLEMENTAR Qualidade: Enfoques e Ferramentas Paulo Augusto CauchikMiguel Editora: Artliber Ano: 2001 Sinopse: este livro aborda uma grande variedade de assuntos relacionados com a qualidade, oferecendo uma visão ampla sobre este tema relevante e atual. Em seus dez capítulos, são apresentados as defi nições e os desenvolvimentos da qualidade, a qualidade em serviços, a série ISO 9000, QS 9000; as ferramentas tradicionais da qualidade; os princípios da gestão da qualidade total e as técnicas associadas ao planejamento e gestão da qualidade, como QFD, FMEA, FTA e custos da qualidade. Traz ainda uma discussão sobre os mecanismos de satisfação e fi delidade dos clientes. Como vimos nesta unidade uma das etapas do Desdobramento da Função Qualidade (QFD) é a construção da “Casa da Qualidade”. Para conhecer um exemplo prático dessa etapa, acesse o conteúdo disponível em: <http://www.blogdaqualidade.com.br/o-qfd-na-pratica/>. REFERÊNCIAS 81 AGUIAR, D. C.; MELLO, C. H. P. FMEA de Processo: Uma Proposta de Aplicação Ba- seada nos Conceitos da ISO 9001:2000. Disponível em: < http://www.abepro.org. br/biblioteca/enegep2008_TN_STO_070_501_10838.pdf>. Acesso em: 1 jan. 2016. BATALHA, M. O. Gestão Agroindustrial. 1. ed. v.1. São Paulo: Atlas, 1997. 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Os principais benefícios da aplicação das ferramentas da qualidade são: - Melhorar a visualização e identificação dos problemas nos processos, produ- tos e fornecedores. - Facilitar o planejamento e a tomada de decisões e ações. - Desenvolver e estimular a criatividade. - Melhorar a cooperação em todos os níveis da organização. - Fornecer elementos para o conhecimento e monitoramento do processo, permitindo a melhoria dos mesmos. - Elevar os níveis de qualidade. 2. A maior utilidade do Diagrama de Pareto é a de permitir uma fácil visualização e identificação das causas ou problemas mais importantes, possibilitando a con- centração de esforços sobre os mesmos. 3. O problema abordado pelo QFD é o da melhoria da satisfação do cliente, o que implica em conhecer suas reais necessidades, desenvolver o produto adequado a tempo e a um custo compatível. 4. Alternativa C 5. Alternativa B U N ID A D E III Professora Me. Crislaine Rodrigues Galan FUNDAMENTOS DA METROLOGIA Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar a definição, objetivo e importância da Metrologia. ■ Estudar o desenvolvimento histórico da Metrologia. ■ Entender o Sistema Internacional de Unidades e seu objetivo. ■ Definir as três grandes áreas da metrologia: metrologia legal, metrologia industrial e metrologia científica. ■ Compreender a estrutura do sistema metrológico internacional e brasileiro. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Introdução a Metrologia ■ Evolução Histórica da Metrologia ■ Sistema Internacional de Unidades (SI) ■ Áreas da Metrologia ■ Estrutura do Sistema Metrológico INTRODUÇÃO Olá caro(a) aluno(a)! Nesta terceira unidade, abordaremos assuntos relaciona- dos à Metrologia; iremos apresentar sua definição, objetivos, evolução histórica e áreas de aplicação, além de estudarmos sobre o Sistema Internacional de Unidades (SI) e a estrutura do sistema metrológico mundial e brasileiro. A metrologia é considerada um dos pilares de sustentação da Qualidade, que objetiva fornecer confiabilidade, universalidade e qualidade às medidas, sendo estas unidades de medida padronizadas mundialmente pelo Sistema Internacional de Unidades (SI). Medições acompanham o nosso dia a dia. A hora em que acordamos, medi- mos o tempo. Se estivermos em um carro, medimos distância, velocidade, pressão dos pneus entre outras. Na indústria, as medições relacionadas aos produtos e seus respectivos processos são essenciais aos sistemas de controle da qualidade, da produção, da logística, da segurança ou aos diversos sistemas de gerencia- mento da organização. Visto que as medições estão presentes em praticamente todos os processos de tomada de decisão e que o mercado está cada vez mais exigente e globalizado, fazem que o setor industrial e de serviços demandem um sistema metrológico integrado e preparado para sobreviverem e fazer frente à competitividade acir- rada a que estão submetidos. Dessa forma, é necessário queo profissional da qualidade tenha um bom entendimento da função metrológica que está inserida nos processos de controle e qualidade, para que assim, possam buscar melhores resultados e contribuírem para as empresas em que atuam. Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 87 FUNDAMENTOS DA METROLOGIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E88 INTRODUÇÃO A METROLOGIA A palavra metrologia derivada do grego (metron: medida; logos: ciência) é defi- nida como a ciência da medição que abrange todos os aspectos teóricos e práticos relativos às medições, qualquer que seja a incerteza, em quaisquer campos da ciência ou tecnologia. (INMETRO, 2012). É, portanto, uma ciência multidisci- plinar e de vital importância para o desenvolvimento das atividades econômicas, científicas e tecnológicas. Se você medir aquilo sobre o que você fala e expressar por um número, você sabe algo sobre o assunto; mas se não puder medí-lo, seu conhecimento é pouco ou insatisfatório (Lord Kelvin) ©shutterstock Introdução a Metrologia Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 89 Considerada como um dos pilares de sustentação da Qualidade, a metrologia tem por objetivo fornecer confiabilidade, credibilidade, universalidade e qualidade às medidas. Para Pinto ([2016], on-line) a finalidade da metrologia é antecipar com êxito a obtenção de um bom resultado, a correção dos erros, o ajuste dos parâmetros e a garantia de confiabilidade na produção. Como as medições estão presentes, direta ou indiretamente, em pratica- mente todos os processos de tomada de decisão, a abrangência da metrologia é imensa, envolvendo a indústria, o comércio, a saúde, a segurança, a defesa e o meio ambiente. Para citar apenas algumas áreas, estima-se que cerca de 4 a 6% do PIB nacional dos países industrializados sejam dedicados aos processos de medição (BIPM, 1998). Atualmente, o contexto de economia e de relações globalizadas reforça a importância da metrologia, constituindo-a como um elemento estratégico para as empresas à procura de maior competitividade em mercados sem fronteiras. Para Silva e Campos (2001) as empresas que buscam participar desse mercado globalizado, e, cada vez mais competitivo, precisam investir em qualidade, norma- lização e estabelecer uma base metrológica que transforme amostras, calibrações e ensaios, em informações confiáveis para o processo de tomada de decisão. Já Sturm (apud Inmetro, 2015) afirma que a cultura metrológica é considerada uma estratégia para que as empresas possam crescer, aumentando produtividade e a qualidade dos produtos, redução de custos e eliminação de desperdícios. Inmetro (2008) destaca que nos últimos anos, a importância da metrologia no Brasil e no mundo cresceu significativamente em razão de diversos fatores, destacando: ■ A elevada complexidade e sofisticação dos modernos processos indus- triais, intensivos em tecnologia e comprometidos com a qualidade e a competitividade, requerendo medições de alto refinamento e confiabili- dade para um grande número de grandezas. ■ A busca constante por inovação, como exigência permanente e crescente do setor produtivo do País, para competitividade, propiciando o desen- volvimento de novos e melhores processos e produtos. Ressalta-se que medições confiáveis podem levar à melhorias incrementais da qualidade, bem como à novas tecnologias, ambas importantes fatores de inovação. FUNDAMENTOS DA METROLOGIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E90 ■ A crescente consciência da cidadania e o reconhecimento dos direitos do consumidor e do cidadão, amparados por leis, regulamentos e usos e cos- tumes consagrados – que asseguram o acesso à informações fidedignas e transparentes – com intenso foco voltado para a saúde, segurança e meio ambiente, requerendo medidas confiáveis em novas e complexas áreas, especialmente no campo da química, materiais, biologia e nanometrologia. ■ A irreversível globalização nas relações comerciais e nos sistemas pro- dutivos de todo o mundo, potencializam a demanda por metrologia, em virtude da grande necessidade de harmonização nas relações de troca, atu- almente muito mais intensas, complexas, e envolvendo um grande número de grandezas a serem medidas com incertezas cada vez menores e com maior credibilidade, a fim de superar as barreiras técnicas ao comércio. ■ O aumento da preocupação com a sustentabilidade, o aquecimento glo- bal, a produção de alimentos, a qualidade de bioprodutos, biofármacos e terapia celular, fontes e vetores de produção de energia. ■ Desenvolvimento das atividades especiais. Assim, para resumirmos o que aprendemos sobre metrologia até aqui, podemos utilizar na íntegra o que Silva e Campos (2001, p. 3-4) descreve: A Metrologia permite a precisão do processo produtivo, a diminuição do índice de incerteza, contribuindo para a redução do número de re- fugo nas empresas e, principalmente, para a qualidade do produto. Sua contribuição é fundamental, em função do crescente jogo de compe- titividade no mercado e a internacionalização das relações de trocas. A metrologia facilita o comércio, a produção e os serviços, possibili- tando que a competição entre empresas e países, opere em bases mais transparentes e justas, promovendo uma competição mais ética e sadia. Com relação ao cidadão, a metrologia procura diminuir a vulnerabili- dade de abusos e explorações, que porventura possam ocorrer. Caro(a) aluno(a), agora que conhecemos o conceito e a importância da metro- logia, vamos estudar um pouco mais sobre a sua história e seu desenvolvimento. Evolução Histórica da Metrologia Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 91 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA METROLOGIA A origem da metrologia remete às próprias origens da humanidade, pois a neces- sidade de medir e comparar é uma tarefa de sobrevivência. O homem sempre buscou estabelecer unidades de medida que viabilizassem as relações comerciais. Neste contexto, a metrologia é provavelmente uma das ciências mais antigas do mundo. Na antiguidade a metrologia baseava-se naturalmente nas dimensões do homem diferenciadas pelas características de individualidade. Em civiliza- ções extintas, como a egípcia, observam-se indícios da prática da metrologia na padronização da unidade de comprimento, a partir da medida do compri- mento do antebraço do Faraó reinante, denominada “Cúbito Real Egípcio”. Este padrão de medição era entalhado em uma pedra de granito preta e transferido aos trabalhadores por meio de padrões de trabalho feitos de granito ou madeira. A tarefa de calibrar os padrões de unidade de comprimento a cada lua cheia era rigorosamente fiscalizada e o seu não cumprimento implicava pena de morte dos infratores do preceito metrológico. O esforço dessa civilização na busca por medidas exatas resultou em pirâmides que apresentam extraordinários níveis ©shutterstock FUNDAMENTOS DA METROLOGIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E92 de exatidão em suas formas geométricas, considerando-se que nenhum lado da base quadrada destas pirâmides desviou-se do comprimento do lado médio mais que 0,05% (THEISEN, 1997). A necessidadede medidas-padrão invariáveis e aceitas por todos, induziu um processo natural de evolução das unidades de medidas e tomou força quando os homens iniciaram negócios em grande escala, na construção de casas, navios e utensílios em geral. Após diversas tentativas de padronizar unidades de medida, em 1790, na França, teve origem o Sistema Métrico Decimal, que tinha como princípios a universalidade e a simplicidade. Inicialmente, esse sistema se baseava em uma única unidade, o metro, sendo todas as outras unidades de medidas reportadas por relações simples. Posteriormente o Sistema Métrico Decimal incorporou o quilograma como unidade de massa (PUC-RIO, [2016], on-line ). Foi a partir daí que a metrologia foi reconhecida como atividade, sendo seu status de ciência da medição adquirido gradativamente, com o interesse dos governos, e a parti- cipação de cientistas na busca da padronização das unidades (PINTO, on-line). Em 1875, na França, 17 países assinaram a Convenção do Metro com o obje- tivo de estabelecer padrões comuns, adotando o metro e o quilograma como unidades de comprimento e de massa. Nessa convenção, determinou a criação de uma estrutura organizacional e laboratorial para atuar nas questões da metro- logia mundial, o Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), buscando, essencialmente, o estabelecimento de um sistema global de medição com credi- bilidade internacional. Em 1960, os países signatários da Convenção do Metro adotaram o Sistema Internacional de Unidades (SI), que tem como finalidade instituir regras e definições, estabelecendo uma regulamentação de conjunto para as unidades de medida, amplamente utilizado nas relações internacionais, no ensino e no trabalho científico (PUC-RIO, [2016], on-line). Quanto à história da metrologia no Brasil, Coelho (2008) descreve que se ini- cia, de fato, no tempo do Império, em função da necessidade de uniformizar um sistema de unidades de medida. Contudo, a formalização de mecanismos de pro- teção de produtores e consumidores se dá com a criação do Instituto Nacional de Sistema Internacional de Unidades (SI) Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 93 Pesos e Medidas em 1961, que implantou a rede Nacional de Metrologia Legal e instituiu, no País, o Sistema Internacional de Unidades (S.I.). Em 1973, por meio da Lei 5.966, foi instituído o Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, SINMETRO, com a finalidade de formular e executar a política nacional de metrologia, normalização industrial e certificação de qua- lidade de produtos industriais. Como órgão normativo do Sistema, foi criado, no âmbito do Ministério da Indústria e do Comércio, o Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO; e o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial –INMETRO, órgão executivo central do Sistema. SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES (SI) O Sistema Internacional de Unidades (SI) é o sistema oficialmente adotado no Brasil para expressar as unidades das grandezas e atender aos propósitos das medições. Esse sistema é composto por duas classes de unidades: as unida- des de base e as unidades derivadas. Com base no documento elaborado pelo INMETRO (2003) – Sistema Internacional de Unidades, vamos descrever cada uma dessas classes que, juntas, formam um sistema coerente de unidades, isto é, cada grandeza tem apenas uma única unidade, obtida por multiplicação e/ou divisão das unidades de base e unidades derivadas, sem outro fator que não seja o número 1. ©shutterstock FUNDAMENTOS DA METROLOGIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E94 O SI estabelece as definições das unidades de medida, não exigindo, porém, que essas definições sejam utilizadas na realização das unidades. O SI está fun- damentado em sete unidades de base, que são consideradas independentes do ponto de vista dimensional e utilizadas para medir as grandezas indicadas no Quadro 1. Quadro 1 - Unidades SI de Base Fonte: INMETRO (2003, p. 26). Para Coelho (2009), as sete unidades de base do SI fornecem as referências que permitem definir todas as unidades de medida do Sistema Internacional. Com o progresso da ciência e com o aprimoramento dos meios de medição, torna-se necessário revisar e aprimorar periodicamente as suas definições. Quanto mais exatas forem as medições, maior deve ser o cuidado para a realização das uni- dades de medida. As unidades derivadas são obtidas a partir das unidades de base, utilizando símbolos matemáticos de multiplicação e de divisão. Por exemplo, a unidade da grandeza de velocidade é o metro por segundo. O Quadro 2 fornece alguns exem- plos de unidades derivadas expressas diretamente a partir de unidades de base. Sistema Internacional de Unidades (SI) Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 95 Quadro 2 - Exemplos de unidades derivadas Fonte: INMETRO (2003, p. 27). Como podemos observar no Quadro 2, o índice de refração é expresso pelo número um. Isto acontece porque certas grandezas são definidas em relação à duas grandezas de mesma natureza, isto é, resultantes da relação de duas unidades do SI idênticas. Dessa forma, a unidade SI de todas as grandezas, cuja dimensão é um produto de dimensão igual a um, é igual a 1. Em certos casos, essa unidade recebe um nome especial, principalmente para evitar confusão com algumas uni- dades derivadas compostas, como por exemplo, o radiano. É importante destacar que existem unidades, conforme o Quadro 3, que não fazem parte do Sistema Internacional (SI), porém, são amplamente difundidas, sendo necessário conservá-las para uso geral com o SI. No entanto, a combina- ção de unidades desse quadro com unidades SI, para formar unidades compostas, não deve ser praticada senão em casos limitados, a fim de não perder as vanta- gens de coerência das unidades SI. FUNDAMENTOS DA METROLOGIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E96 Quadro 3 - Unidades fora do SI, em uso com o SI Fonte: INMETRO (2003, p. 34). Elementos da evolução do SI A primeira definição da unidade de comprimento, o metro, era representada pelo padrão denominado “Mètre des Archives” (metro dos arquivos). Este protó- tipo consistia em uma barra de ferro e foi construído na França, em 1799, para representar a décima milionésima parte do quadrante do meridiano terrestre. A degradação pelo uso ao longo dos anos e a busca pelo aprimoramento da exa- tidão induziu a alteração da definição do metro e, nas décadas subsequentes, o metro passou a ser representado (materializado) pelo comprimento de uma barra de platina iridiada (1889), depositada no Bureau Internacional de Pesos e Medidas - BIPM (PUC-RIO, on-line). Podemos dizer que a evolução da definição do metro ilustra a evolução da metrologia e das definições das unidades de base do SI no decorrer da história. Estudiosos da metrologia conduzem de forma sistemática a busca por definições de caráter universal, baseadas nas Constantes Universais da Física, que possam ser reproduzidas em qualquer país ou em qualquer laboratório metrológico de Áreas da Metrologia Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 97 referência. No contexto dos desafios da metrologia científica,a unidade de massa ainda permanece sendo materializada por um artefato, mantido sob a custódia do BIPM, representado por um cilindro confeccionado de uma liga metálica de Platina-Irídio, constituindo-se em tema de estudo de pesquisadores, que monitoram atentamente as possíveis variações de massa a que está sujeito esse padrão internacional e buscam uma nova definição desacoplada de artefatos para a unidade de massa, sendo essa definição, o principal desafio perseguido pela metrologia científica contemporânea (PUC-RIO, on-line). ÁREAS DA METROLOGIA Como vimos, a metrologia pode ser definida como a ciência das medições, que abrange todos os aspectos técnicos e práticos relativos às medições. Já no que diz respeito às suas funções e aplicação, a metrologia é dividida em três áreas: Metrologia Legal, Metrologia Industrial e Metrologia Científica. As metrologias científica, industrial e legal englobam um amplo cam- po de atividade, que vai desde as medições nas pesquisas científicas de vanguarda, que podem exigir medições nos mais altos níveis de preci- são, até as medições nas feiras livres e nos supermercados, muito menos exigentes em precisão, mas não menos importantes. Tais metrologias passam pelos processos produtivos industriais e pelas medições asso- Hoje, das sete principais unidades do SI, apenas o quilograma continua sen- do representado por um objeto sólido, palpável. As demais unidades são expressas em conceitos de física e podem ser reproduzidas sempre que ne- cessário. O protótipo internacional do quilograma é um cilindro de platina e irídio com 39 mm, tanto de altura quanto de diâmetro. É guardado em condições rigorosamente controladas, sem contato com o ar e dentro de um cofre no BIPM na cidade de Sèvres, França. Unidades de medir do SI: o quilograma. Fonte: Montini (on-line)¹. FUNDAMENTOS DA METROLOGIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E98 ciadas à saúde, segurança do trabalhador e do cidadão, e à proteção do meio ambiente. Em conjunto, todas essas medições visam a melhoria da qualidade de vida e refletem o nível de exigência das sociedades em relação aos produtos e serviços que dispõe (SILVEIRA, 2005 p. 2-3). Metrologia Legal A Metrologia Legal originou-se da necessidade de se assegurar um comércio justo e uma de suas mais importantes contribuições para a sociedade é o aumento da eficiência do comércio, por meio da confiança nas medições e na redução dos custos das transações comerciais (QUELHAS, 2004). Definida como a parte da metrologia relacionada às atividades resultantes de exigências obrigatórias, referentes às medições, unidades de medida, instrumen- tos e métodos de medição, que são desenvolvidas por organismos competentes, a Metrologia Legal tem como objetivo principal proteger o consumidor, tratando das unidades de medida, métodos e instrumentos de medição, de acordo com as exigências técnicas e legais obrigatórias (INMETRO, on-line). A metrologia legal, na sua essência, é uma função exclusiva do Estado. Consiste em um conjunto de atividades e procedimentos técnicos, ju- rídicos e administrativos, estabelecidos por meio de dispositivos legais, pelas autoridades públicas, visando a garantir a qualidade e a credibili- dade dos resultados das medições envolvendo transações comerciais, a saúde humana, o meio ambiente e a segurança do cidadão (INMETRO, 2013, p. 42). No Brasil as atividades dessa área são uma atribuição do INMETRO, que tam- bém colabora para a uniformidade da sua aplicação no mundo. Metrologia Industrial A Metrologia Industrial, como o próprio nome evidencia, tem o papel de assegu- rar o funcionamento adequado dos sistemas de medição utilizados na indústria. Áreas da Metrologia Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 99 Estes sistemas de medição são responsáveis pelo controle dos processos produ- tivos, da garantia da qualidade e segurança do produto final. Essa área da metrologia fundamenta-se na necessidade da utilização de equipamentos que passem por um processo de validação periódica, ou seja, calibrações e ajustes, para a realização de medições confiáveis. Assim, pode- -se conhecer a aptidão de um instrumento em controlar e medir um processo. Pode-se assegurar a fabricação de produtos com a qualidade desejada, em pro- cessos que dependam de medições confiáveis (SILVEIRA, 2005). Metrologia Científica Essa área da metrologia utiliza instrumentos laboratoriais, pesquisas e metodolo- gias científicas que têm por base padrões de medição nacionais e internacionais para o alcance de altos níveis de qualidade metrológica. Considerada a essência da metrologia legal e industrial, à metrologia cien- tífica, segundo (PUC-RIO, on-line), relaciona-se: ■ Concepção e desenvolvimento das unidades de medição, internacional- mente aceitas. ■ Realização, manutenção e disseminação, por meios científicos, das uni- dades de medição. ■ Estabelecimento da cadeia de rastreabilidade associada à exatidão da medição, registrada em documentação específica que caracteriza as incer- tezas associadas. ■ Gestão do Sistema Internacional de Unidades e dos Programas de Comparação Interlaboratoriais de Medição. ■ Desenvolvimento de suas técnicas e padrões de medição. ■ Revisão das Constantes Fundamentais da Física e seu inter-relaciona- mento com a realização das unidades. FUNDAMENTOS DA METROLOGIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E100 A Metrologia Científica, juntamente com a Metrologia Industrial, é considerada uma ferramenta fundamental no crescimento e inovação tecnológica, promo- vendo a competitividade e criando um ambiente favorável ao desenvolvimento científico e industrial de qualquer país. ESTRUTURA DO SISTEMA METROLÓGICO Como vimos, podemos empregar a metrologia no desenvolvimento de muitas atividades, desde a pesquisa científica como em áreas de saúde, indústria, segu- rança, defesa do consumidor e meio ambiente. O sistema metrológico mundial busca a consistência necessária para essas medições, alcançando-a por meio de uma infraestrutura criada pela Convenção do Metro, a qual é apresentada na Figura 1, na qual, segundo PUC-RIO ([2016], on-line), no contexto das atribui- ções da Convenção do Metro, destacam-se: ©shutterstock Estrutura do Sistema Metrológico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 101 ■ A Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM): ocorre a cada qua- tro anos, ocasião em que os representantes dos países signatários da Convenção do Metro determinam e aprovam as principais resoluções relativas à metrologia mundial, com o objetivo de assegurar a utilização e o aperfeiçoamento do SI. ■ O Comitê Internacional de Pesos e Medidas (CIPM): composto por 18 membros da Convenção do Metro, reúne-se anualmente. Como auto- ridade científica internacional, convoca a CGPM, elabora as principais resoluções que serão submetidas à CGPM e fiscaliza o funcionamento do Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), que é o laboratório mundial de metrologia de maior nível de exatidão. ■ Os Comitês Consultivos (CC): órgãos destinados a esclarecer as questões que o CIPM submete a seu exame. Os Comitês Consultivos são forma- dos por especialistas internacionais ligados aos Laboratórios Nacionais de Metrologia (LNM), que podem criar “Grupos de Trabalho” temporários ou permanentes para o estudo de assuntos específicos. São encarregados decoordenar os trabalhos internacionais efetuados nos seus domínios respectivos e, de propor ao Comitê Internacional as recomendações con- cernentes às unidades. ■ Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM): tem como missão assegurar a unificação mundial das medidas físicas e sua rastreabilidade ao Sistema Internacional de Unidades (SI). FUNDAMENTOS DA METROLOGIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E102 Figura 1- Estrutura Metrológica Internacional Já no que se refere à rastreabilidade dos padrões metrológicos, a disseminação das unidades do SI é feita por meio da estrutura representada pela Figura 2, que também ilustra o esquema coordenado pelo Comitê Internacional de Pesos e Medidas (CIPM) relacionado à comparação de padrões de mais alta exatidão. Fonte: (PUC-RIO, on-line). Estrutura do Sistema Metrológico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 103 Analisando a Figura 2, observa-se a hierarquia dos padrões em forma de cone. Os padrões da base da pirâmide têm maior incerteza de medição que os padrões situados no topo. Na base desta pirâmide encontram-se os padrões das empre- sas, usados na calibração dos sistemas de medição da área produtiva (chão de fábrica). Estes padrões devem ser calibrados por padrões de hierarquia supe- rior, ou seja, com uma incerteza de medição menor (SALGADO, 2004). No topo dessa estrutura encontra-se o Bureau Internacional de Pesos e Medidas-BIPM, que é responsável: pela prática da metrologia de mais alta exatidão; pela definição das unidades de SI; pela guarda dos padrões internacionais e; pela disseminação das unidades do SI aos Laboratórios Nacionais de Metrologia (LNM) dos países signatários da Convenção do Metro. O BIPM também possui uma sistemática para estabelecer a equivalência dos sistemas metrológicos dos diversos LNM, por Fonte: (FROTA et al., 1999). Figura 2 - Sistema Metrológico Mundiala FUNDAMENTOS DA METROLOGIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E104 meio da realização das comparações-chave (Key-comparisons), as quais visam demonstrar a competência técnica dos LNM no que diz respeito a sua melhor capacidade de medição (FROTA et al., 1999). No segundo nível desta estrutura estão os LNM, responsáveis pela guarda dos padrões nacionais e pela disseminação das unidades do SI aos padrões de referência dos laboratórios pertencentes acreditados. Os laboratórios acredita- dos, por sua vez, ocupam o terceiro nível hierárquico desta estrutura, cuja meta é disseminar as referências metrológicas referenciadas aos padrões nacionais ao setor produtivo, constituindo-se ainda num elo entre os laboratórios de referên- cia que integram o LNM e a comunidade industrial, tecnológica e científica do País. Desses, beneficiam-se os laboratórios de ensaios e, na base desta estrutura hierárquica, a indústria e todos os demais segmentos que realizam medições e que necessitam comparar sua credibilidade técnica (PUC-RIO, [2016], on-line). No Brasil, como já visto anteriormente, foi instituído em 1973 um sis- tema denominado Sistema Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial (SINMETRO), com o objetivo de criar uma infraestrutura básica de serviços tecnológicos capaz de avaliar e certificar a qualidade de produtos, processos e serviços, por meio de organismos de certificação, rede de laboratórios de ensaio e de calibração, organismos de treinamento, ensaios e inspeção. Já o Laboratório Nacional de Metrologia (LNM) do Brasil assumiu a metrologia industrial, cien- tífica e legal, sendo considerado guardião nacional e verificador dos padrões de referência. O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que atua como secretaria executiva do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO). Ele é o único organismo de credenciamento do SINMETRO, sendo responsável pelo reco- nhecimento internacional do Sistema Brasileiro de Laboratórios de Calibração e de Ensaio. Estrutura do Sistema Metrológico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 105 No âmbito de sua ampla missão institucional, o INMETRO objetiva fortale- cer as empresas nacionais, aumentando sua produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à melhoria da qualidade de produtos e serviços. Sua missão é trabalhar decisivamente para o desenvolvimento socioeconômico e para a melhoria da qualidade de vida da sociedade brasileira, contribuindo para a inserção competitiva, para o avanço científico e tecnológico do país e para a proteção do cidadão, especialmente nos aspectos ligados à saúde, segurança e meio ambiente (SILVEIRA, 2005). Segundo Silva e Campos (2001) faz parte das funções e responsabilidades do INMETRO: ■ Coordenar no âmbito do governo a certificação compulsória. ■ Articular, com os demais órgãos públicos, as ações que garantem o efe- tivo cumprimento da certificação. ■ Exercer a secretaria executiva do CONMETRO. ■ Gerenciar o credenciamento de organismos de certificação. ■ Representar o sistema brasileiro nos foros nacionais e internacionais, bus- cando o reconhecimento internacional do sistema. ■ Estabelecer políticas para o credenciamento de organismo de certificação de sistema da qualidade, produtos, pessoal e de laboratórios de ensaios. ■ Realizar os trabalhos inerentes à metrologia legal. ■ Coordenar a Rede Brasileira de Calibração (RBC); a Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio (RBLE) e a Rede Nacional de Metrologia Legal (RNML). Em função do aumento expressivo na demanda por serviços metrológicos que superaram a capacidade de atendimento do INMETRO, foi criado a Rede Brasileira de Calibração (RBC), que é constituída por laboratórios credencia- dos, que congregam competências técnicas e capacitações vinculadas à indústria, universidades, institutos tecnológicos, que são habilitados à realização de ser- viços de calibração. FUNDAMENTOS DA METROLOGIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E106 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), ao término desta unidade, você pôde compreender os assun- tos relacionados à metrologia e entender porque seu estudo é tão importante. Vimos que a metrologia é a ciência da medição, a qual é dividida em três áreas: metrologia legal, que objetiva proteger o consumidor e está relacionada a sistemas de medição usados em relações comerciais e em demais áreas, como saúde, segurança e meio ambiente; metrologia industrial, cujos sistemas de medi- ção controlam processos produtivos industriais e são responsáveis pela garantia da qualidade dos produtos acabados e; metrologia científica, que utiliza ins- trumentos laboratoriais, pesquisas e metodologias científicas que têm por base padrões de medição nacionais e internacionais para o alcance de altos níveis de qualidade metrológica. Apresentamos como é composto o Sistema Internacional de Unidades (SI), definindo as sete unidades de base e as unidades derivadas. E também descrevemos como é organizada a estrutura do sistema metrológico internacional e nacional, identificando cada componente dos mesmos, como o Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), o Sistema Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial (SINMETRO), o Instituto Nacional de Metrologia Normalização eQualidade Industrial (INMETRO) entre outros. Em suma, podemos dizer que as bases que definem a qualidade estão na metrologia, sendo sua utilização uma forma de melhorar a qualidade dos pro- cessos produtivos, os quais devem ser perseguidos continuamente por todas as empresas que pretendem participar de um mercado altamente competitivo e globalizado. 107 1. Diante de um mercado cada vez mais competitivo e exigente, explique o por- que da metrologia ser considerada um elemento estratégico. 2. O Sistema Internacional de Unidades (SI) é composto por duas classes de unida- des: as unidades de base e as unidades derivadas. Explique-as. 3. No que diz respeito às suas funções e aplicação, a metrologia é dividida em três áreas. Identifique e explique cada uma delas. 4. O sistema metrológico mundial busca a consistência necessária para as medi- ções, alcançando-a por meio de uma infraestrutura criada pela Convenção do Metro. Sobre os componentes da estrutura do sistema metrológico, leia as alternativas abaixo e assinale a incorreta: a. A Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM) faz parte do sistema me- trológico, sendo suas funções determinar e aprovar as principais resoluções relativas à metrologia mundial, com o objetivo de assegurar a utilização e o aperfeiçoamento do SI. b. Os Comitês Consultivos (CC) são órgãos formados por especialistas internacio- nais ligados aos Laboratórios Nacionais de Metrologia (LNM). c. O Bureau Internacional de Pesos e Medidas é o laboratório mundial de metro- logia de maior nível de exatidão, que é encarregado de coordenar os trabalhos internacionais efetuados nos seus domínios respectivos e de propor ao Comi- tê Internacional as recomendações concernentes às unidades. d. O Comitê Internacional de Pesos e Medidas (CIPM) elabora as principais re- soluções que serão submetidas à CGPM e fiscaliza o funcionamento do BIPM. e. O Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM) tem como missão assegu- rar a unificação mundial das medidas físicas e sua rastreabilidade ao Sistema Internacional de Unidades (SI). 5. No Brasil, qual o órgão que assumiu a metrologia industrial, científica e legal, sendo considerado guardião nacional e verificador dos padrões de referência? a. ( )INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade In- dustrial. b. ( )SINMETRO - Sistema Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial. c. ( )CONMETRO - Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. d. ( )LABMETRO - Laboratório Nacional de Metrologia. e. ( )RBC - Rede Brasileira de Calibração. 108 A IMPORTÂNCIA DA METROLOGIA INDUSTRIAL A Metrologia Industrial nada mais é que o emprego da Metrologia no chão de fábrica, visando controlar as especificações técnicas ou o processo de fabricação de um produto, se tornando um elemento principal para a Garantia da Qualidade. A maioria dos leitores deve conhecer a célebre frase de Lord Kelvin (1824-1907): Quando consegues quantificar aquilo de que falas e expressá-lo nume- ricamente, então sabes algo sobre o assunto; mas quando não o conse- gues quantificar, quando não o consegues expressar numericamente, o teu conhecimento sobre isso é vago e insatisfatório [...]. Em outras palavras, podemos resumir: “Só o que é mensurável pode ser melhorado”. Sem sombra de dúvidas, melhorar continuamente é o caminho da sobrevivência das empresas, impulsionado pela necessidade de satisfazer o “cliente”, que assume uma po- sição determinante no direcionamento dos mercados e na determinação dos produtos que serão produzidos. Medir torna-se, portanto, um elemento central nas ações em busca da satisfação do cliente e na conquista de espaços maiores no mercado. Medir viabiliza quantificação das grandezas determinantes à geração de um bem ou serviço, subsidiando com infor- mações o planejamento, a produção e o gerenciamento dos processos que o produzem. Fonte: Coelho, (2008, on-line)2. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Fundamentos de Metrologia Científi ca e industrial Armando Albertazzi G. Jr e André R. de Souza Editora: Manole Ano: 2008 Sinopse: este livro foi concebido como material de apoio para o ensino da metrologia, atendendo às necessidades dos cursos de graduação e pós- graduação em engenharia, ciências exatas e afi ns. Tornou-se também um material de apoio para cursos de educação continuada e para autodidatas. Resultou do amadurecimento e da evolução das notas de aulas compiladas ao longo de quase 20 anos de atividades docentes dos autores. A apresentação dos tópicos segue uma sequência progressiva e intuitiva, desenhada para favorecer a compreensão do assunto e conduzir o leitor à aplicação consciente da metrologia em favor do aumento da confi abilidade do trabalho experimental. Os novos padrões de qualidade observados hoje elevam a procura por Metrologia, importante área para o controle e estabelecimentos de padrões de qualidade, isso ocorre em função do novo cenário mundial, onde as relações comerciais e econômicas não se restringem mais a simples fronteiras físicas. Para continuar lendo, acesse o conteúdo disponível em: <http://www.academia.edu/8312756/A_Import%C3%A2ncia_da_Metrologia_na_ Ind%C3%BAstria_e_nas_Rela%C3%A7%C3%B5es_Comerciais>. REFERÊNCIAS BERNARDES, A. T.; CARDOSO, A.; ALVES, L., SANTOS, M. C. H. A importância da me- trologia e avaliação da conformidade na formação. Metrologia: Avaliação de Conformidade. Disponível em: <http://banasmetrologia.com.br/wp-content/uploads/2014/01/BQ-256-METROLO- GIA.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2016. BIPM - Bureau International des Poids et Mesures. National and international needs relating to metrology: International collaborations and the role of the BIPM, 1998. COELHO, M. Um pouco da história da metrologia. 2008. Disponível em: <http:// metrologianamedida.blogspot.com.br/2008/07/metrologia-palavra-de-origem- -grega.html> Acesso em: 5 abr. 2016. COELHO, M. As sete unidades de base do sistema internacional (SI). 2009. Dispo- nível em: <http://metrologianamedida.blogspot.com.br/search/label/Sistema%20 Internacional> Acesso em em: 5 abr. 2016. FROTA, M. N., OHAYON, P.; MAGUELLONE CHAMBON (BNM/França). Padrões e uni- dades de medida: referências metrológicas da França e do Brasil, ISBN 85-7303- 211-1, editado na França e impresso no Brasil por Editora Qualitymark, 1999. INMETRO. Sistema internacional de unidades – SI. 8. ed. Rio Janeiro, 2003. INMETRO. Vocabulário internacional de termos fundamentais e gerais de me- trologia - VIM. 4. ed. 2005. INMETRO. Diretrizes Estratégicas para a Metrologia Brasileira 2013-2017. Comi- tê Brasileiro de Metrologia, 2013. INMETRO. Vocabulário Internacional de Metrologia – Conceitos fundamentais e gerais e termos associados - VIM. 1. ed. 2012. INMETRO. Metrologia legal. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/metle- gal/> Acesso em: 01 jun. 2016. MOSCATI, G. Metrologia, desenvolvimento e qualidade de vida. IEE em Revista n. 5, p. 5-7, 1998. NETO, E. P. Gerenciando a qualidade metrológica. Rio de Janeiro: Editora Imagem, 1993. PINTO, L. F. M. A função metrológica em um sistema de gestão. 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As unidades de base são as unidades consideradas independentes do ponto de vista dimensional, sendo utilizada para medir as grandezas de comprimento, massa, tempo, corrente elétrica, temperatura termodinâmica, quantidade de matéria e intensidade. Já as unidades derivadas são obtidas a partir das unida- des de base, utilizando símbolos matemáticos de multiplicação e de divisão. 3. A metrologia é dividida em: Metrologia Legal, Metrologia Industrial e Metrologia Científica. A metrologia legal objetiva proteger o consumidor e está relaciona- da a sistemas de medição usados em relações comerciais e em demais áreas, como saúde, segurança e meio ambiente. A metrologia Industrial, cujos sistemas de medição controlam os processos produtivos industriais, é responsável pela garantia da qualidade dos produtos acabados. Metrologia Científica utiliza ins- trumentos laboratoriais, pesquisas e metodologias científicas que têm por base padrões de medição nacionais e internacionais para o alcance de altos níveis de qualidade metrológica. 4. Alternativa C 5. Alternativa B U N ID A D E IV Professora Me. Crislaine Rodrigues Galan SISTEMAS DE MEDIÇÃO Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar os conceitos relacionados ao sistema de medição. ■ Compreender o processo de análise dos sistemas de medição. ■ Estudar as fontes de variação do sistema de medição. ■ Identificar e diferenciar os erros de medição. ■ Definir incerteza de medição e explicar sua importância. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Definição dos Sistemas de Medição ■ Análise dos Sistemas de Medição ■ Variação dos Sistemas de Medição ■ Erros de Medição ■ Incerteza de Medição INTRODUÇÃO Olá caro(a) aluno(a)! Nesta unidade, você irá aprender um pouco sobre os sis- temas de medição, bem como seu processo de análise, as variações, erros e incertezas desses sistemas. Como falamos na unidade anterior, a medição é uma operação antiga e de fundamental importância para diversas atividades, sendo empregada para moni- torar, controlar ou investigar um processo ou fenômeno físico. A operação de medição é efetuada por meio de um sistema de medição, o qual compreende o processo completo usado para obter as medidas, não se restringindo apenas ao instrumento de medição, mas também a outros compo- nentes, tais como: método, operador, padrão e ambiente. Este sistema de medição precisa ser o mais confiável possível, isto é, gerar medidas com valores mais próximos possíveis do real, pois grande parte das deci- sões tomadas pelos gestores das empresas, inclusive os gestores da qualidade, são baseadas em dados de medição. Dessa forma, se faz necessário a avaliação desses sistemas, objetivando identificar quais as fontes de variação e os erros de medição envolvidos, para que estes, se possível possam ser eliminados, corrigi- dos ou minimizados. Além disso, é de suma importância determinar a incerteza de medição, pois a mesma expressa quantitativamente à qualidade da medição. A partir de agora, desejamos bons estudos e aproveite o conteúdo que será apresentado. Vamos em frente! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 115 SISTEMAS DE MEDIÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E116 DEFINIÇÃO DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO Caro(a) aluno(a), para o desenvolvimento e crescimento das empresas, é neces- sário qualidade e confiabilidade dos produtos/serviços, fatores que dependem da análise e padronização do processo de medição. Como vimos, a qualidade é sustentada pela metrologia e, não há qualidade se não houver medição dos atributos-chave. Assim, pode-se dizer que a metro- logia é o fundamento do controle de qualidade industrial, o que contribui com o sistema de medição de forma que ele seja capaz de assegurar que as medições efetuadas sejam precisas e confiáveis (STURM, 2015). Antes de definirmos sistema de medição, é importante compreendermos o que é medição e processo de medição. Para o INMETRO (2012, p. 16) medição é o “processo de obtenção experimental de um ou mais valores que podem ser, razoavelmente, atribuídos a uma grandeza”. De uma forma mais simples, pode- mos dizer que é a atribuição de números para coisas materiais, para representar as relações entre elas no que se refere à propriedades particulares. Já o processo de se atribuir os números é definido como o processo de medição e o valor atri- buído é definido como o valor medido. Segundo Albuquerque e De Giágio (2001), a medição, sob o ponto de vista técnico, pode ser empregada como uma ferramenta para: ©shutterstock Definição dos Sistemas de Medição Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 117 ■ Monitorar/acompanhar a produção. ■ Controlar ou investigar um processo. ■ Garantir a qualidade de produtos e processos de fabricação. ■ Classificar as peças em ruins ou boas em relação às especificações. As medições relacionadas à qualidade dos produtos é uma parte integrante dos sistemas de controle da qualidade. Tais medições podem estar diretamente relacionadas à qualidade do produto quando, por exemplo, elas tomam a forma de medições dimensionais, ou podem afetar indiretamente a qualidade do produto quando tomam a forma de controle de condições do processo, como tempera- tura e pressão (THEISEN, 1997). Os dados de medição podem ser utilizados de diversas maneiras, segundo o Aiag (2010), dentre seus usos estão os estudos estatísticos que orientam um melhor entendimento dos processos produtivos e sua consequente melhoria. Salgado (2004) afirma que os processos de medição, com dados de medição confiáveis, têm um forte impacto na gestão empresarial, seja de forma direta ou indireta, conforme ilustra a Figura 1. Figura 1- Impacto dos processos de medição na gestão empresarial Fonte: adaptado de Salgado (2004, p. 6). SISTEMAS DE MEDIÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E118 A Figura 1 mostra a contribuição direta dos processos de medição na avaliação da conformidade do produto, na melhoria e controle dos processosfabris e no desen- volvimento de produtos, realizados por testes, ensaios e medições em produtos e processos. O impacto indireto é identificado nos indicadores de desempenho empresarial (qualidade e custo), os quais são compostos pelo levantamento dos números e custos das não conformidades encontradas, nas quais, os processos de medição apontam os refugos, os retrabalhos, as correções, as reclassificações ou os reparos necessários nos produtos. Agora que entendemos o conceito e o processo de medição, podemos definir Sistemas de Medição. Para INMETRO (2012), este sistema é um conjunto de um ou mais instrumentos de medição que fornecem as informações dos valores medidos dentro de intervalos especificados. Já Menezes (2013, p. 7) descreve o Sistema de Medição como: O conjunto de operações, procedimentos, dispositivos de medição e outros equipamentos, software e pessoal usado para atribuir um núme- ro à característica que está sendo medida; o processo completo usado para obter as medidas. AIAG (2010) o define como um processo para obter medições, o qual é composto de instrumentos de medição, padrões, métodos, pessoal/operador e ambiente. Estes componentes estão apresentados na Figura 2 e serão detalhados a seguir. “Não se pode controlar o que não se pode medir” (DEMARCO, 1982). O pro- cesso de medição tem a intenção de livrar os gestores do “achismo”, tendo como objetivo fornecer informações que apoiem a tomada de decisões. Você acredita que o processo de medição proporciona uma tomada decisão mais rápida e precisa? (a autora) Definição dos Sistemas de Medição Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 119 Figura 2 - Componentes do Sistema de Medição Fonte: Menezes (2013, p. 8). ■ Instrumento de medição: também chamado de dispositivo de medição, é definido como todo e qualquer recurso que pode ser utilizado para defi- nir um valor de uma grandeza ou para realizar uma comparação entre as medidas.Nos instrumentos analógicos, a medição é realizada a partir do posicionamento de um ponteiro que se move sobre uma escala fixa. Enquanto os instrumentos digitais indicam diretamente o valor da gran- deza a medir através de vários algarismos ou dígitos. ■ Método: são os procedimentos para realizar as medições, isto é, as des- crições de como as medições devem ser feitas. ■ Operador: é quem realiza, por meio dos instrumentos, a medição. De sua habilidade depende, em grande parte, a precisão conseguida. O operador deve conhecer perfeitamente os instrumentos que usa, ter iniciativa para adaptar às circunstâncias o método mais aconselhável e possuir conheci- mentos suficientes para interpretar os resultados encontrados. SISTEMAS DE MEDIÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E120 ■ Padrão: referência em relação ao instrumento calibrado. Tem que pos- suir “características metrológicas” superiores às do instrumento a ser calibrado e, rastreabilidade em relação à padrões nacional ou interna- cionalmente reconhecidos. ■ Ambiente de trabalho: refere-se às condições necessárias do ambiente para realizar as medições com precisão, como por exemplo, temperatura, iluminação, umidade etc. O ambiente de trabalho está sujeito à influências da temperatura, vi- bração, interferências eletromagnéticas, umidade, névoa de óleo, im- purezas no ar, pressão atmosférica. Dentre estas, a temperatura é a mais crítica para a medição dimensional. Quando o coeficiente de dilatação da peça a ser medida e do instrumento são os iguais ou muito próxi- mos, este efeito é nulo ou insignificante. Na medição de uma peça em alumínio, por exemplo, sendo o instrumento de aço, o efeito da tempe- ratura pode acarretar em erros de classificação (aprovar peças fora da especificação ou reprovar peças dentro), gerando custos desnecessários (SALGADO, 2004 p. 23). Além dos componentes que mencionamos, não podemos esquecer um elemento imprescindível no processo de medição, que é o mensurando. Este é definido por Salgado apud Inmetro (2004, p. 24) como o “objeto de medição, a grandeza específica submetida à medição”. Salgado (2004) descreve que muitas pessoas se confundem ao definir o termo mensurando, atribuindo-o como a peça ou produto a ser medido. Na verdade, uma peça ou um produto possui muitos mensurando, como por exemplo: comprimento, diâmetro, rugosidade e, todas as tolerâncias de forma são mensurando possíveis de se obter em uma peça cilíndrica. A confiança de um sistema de medição na empresa é decorrente de várias atividades gerenciais, entre as quais se destacam: identificação e manutenção das grandezas de influência dentro de limites aceitáveis; disponibilização de instru- mentos de medição, operando segundo um sistema de comprovação metrológica e operadores treinados e competentes (SALGADO, 2004). Tais atividades devem ser suportadas por um sistema metrológico reconhecido internacionalmente que realiza as calibrações dos sistemas de medição utilizados pelas empresas e os ensaios necessários ao desempenho e a conformidade do produto. Além disso, faz-se necessário por parte das empresas a análise de seus sistemas de medição, para que essas possam compreender e dominar as fontes de variações dos mesmos. Análise Dos Sistemas De Medição Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 121 ANÁLISE DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO O sistema de medição ideal seria aquele que produzisse somente resultados cor- retos todas as vezes que fosse utilizado, isto é, coincidisse com o valor verdadeiro da grandeza medida. CANOSSA ([2016], on-line) afirma que um sistema ideal possui propriedades estatísticas de variância zero, tendência zero e probabilidade zero de classificação errônea em qualquer produto que medisse. Entretanto, não existe sistema de medição ideal, pois os mesmos produzem resultados com erro ou com certo grau de incerteza. Costa (2004) descreve que se em uma mesma peça, realizarmos várias medições da característica da qualidade X, teremos uma dispersão de valores em torno de um ponto central, pois cada valor medido de X traz embutido um erro de medição, de modo que a variabilidade total nos valores medidos de X podem ser divididos em duas partes: variabilidade real da característica X, inerente do processo produtivo e a variabilidade inerente à medição. Sobre a variação dos sistemas de medição e erros de medição, iremos discutir nos tópicos a seguir desta unidade. Como vimos, não existe sistema de medição ideal, pois este está sujeito a diversas fontes de variação que podem prejudicar a confiabilidade dos resul- tados, podendo levar uma decisão errada quanto à qualidade do produto, por ©shutterstock SISTEMAS DE MEDIÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E122 exemplo. Então, como garantir que o sistema de medição utilizado pela empresa é adequado? Como saber se os instrumentos de medição utilizados são adequa- dos para o uso pretendido? Para responder a esses questionamentos se faz necessário o estudo dessas diversas fontes de variação, nas quais a análise de seu comportamento ao longo do tempo possibilita aumentar a confiança e a certeza da leitura obtida. Quanto mais os valores se aproximarem do real, mais confiável é um sistema de medição e mais certeza que as decisões podem ser seguras (CANOSSA, [2016], on-line). Dessa forma é necessário avaliar o sistema de medição e verificar se o mesmo é adequado e capaz de controlar determinadoprocesso ou produto. Um dos métodos mais usuais utilizados nesta avaliação é o Método MSA (Measurement Systems Analysis) – Análise do Sistema de Medição, o qual é definido como uma metodologia estatística que permite estudar e analisar as condições de operação de um sistema (LIMA; FERREIRA; BARBOSA, 2010). Por meio desse método é possível quantificar a variabilidade do sistema de medi- ção, o que permite ao gestor verificar a adequação dos instrumentos de medição para o uso pretendido, o que também indica a capacidade dos mesmos de for- necer resultados confiáveis. A demanda por produtos “globalizados” faz com que as empresas busquem utilizar ferramentas que possam dar mais confiança e melhorar o controle de seus processos de manufatura. Dentre essas ferramentas destaca-se a análise dos sistemas de medição, ou MSA. Fonte: adaptado de Cercal, Zvirtes e Cortivo (2009, on-line)¹. Análise Dos Sistemas De Medição Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 123 De acordo com Aiag (2010), para analisar o sistema de medição, é necessário que sejam executados os seguintes passos: 1. Identificar o problema: definir de forma clara as questões do sistema de medição, como a variação de medição e da sua contribuição no processo. 2. Identificar a equipe: o número de membro irá depender da complexi- dade do sistema de medição, podendo envolver no máximo 10 membros. 3. Fluxograma do sistema de medição e do processo: verificar os fluxogra- mas existentes e analisar as informações sobre o sistema. 4. Diagrama de causa e efeito: a equipe deve averiguar diagramas existentes sobre o sistema de medição e identificar as possíveis variáveis que con- tribuem ao problema. 5. Planejar – Fazer – Estudar – Agir (PDSA): usar como guia para plane- jar os experimentos, coletar os dados, estabelecer as estabilidades e gerar as hipóteses. 6. Solução possível e comprovação da correção: documentar e registrar a tomada de decisão e validar a solução encontrada para o sistema de medição. 7. Institucionalizar a mudança: aplicar as modificações necessárias para o problema não mais ocorrer. Seguindo esses passos é possível realizar uma eficiente análise do sistema de medição, verificando se o mesmo propicia a certeza ou confiança na medição ou se apresenta deficiência. Segundo Werkema (2006), esses estudos podem gerar ações como: critério para aceitar novos dispositivos de medição, base para ava- liar um dispositivo considerado deficiente, nível de aceitação para um processo de produção e a probabilidade maior de aceitar uma peça com o valor verda- deiro. Em contrapartida, estudos mal elaborados podem fazer com que a empresa direcione seus recursos para o lugar errado ou, talvez, que não precisem ser rea- lizados. Por exemplo, uma empresa pode estar comprando instrumentos mais caros ou ainda, pode estar utilizando o instrumento errado. SISTEMAS DE MEDIÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E124 VARIAÇÃO DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO Um sistema de medição pode ser afetado por fontes de variação que são prove- nientes de causas aleatórias, também chamadas de causas comuns, inerentes ao processo de medição e, causas especiais, que surgem e atuam esporadicamente no sistema de medição (FONSECA, 2008). As causas aleatórias ou comuns representam um grande número de peque- nas causas, sendo que cada uma tem individualmente um efeito insignificante na variabilidade do processo, no entanto, o conjunto dessas causas tem um efeito significativo. Todas essas causas ocorrem aleatoriamente, são difíceis de serem visualizadas e estão sempre presentes. Alguns exemplos são: pequenas e frequen- tes oscilações na fonte de energia elétrica de uma máquina, pequenas variações no método de trabalho específico de um mesmo operador etc. Já as causas espe- ciais se referem à causas que surgem esporadicamente e que tem individualmente um efeito considerável na variabilidade do processo. Por surgirem esporadica- mente são facilmente identificáveis e de controle relativamente mais fácil. Um exemplo de causa especial é falha de desempenho num componente da máquina (TOLEDO; OPRIME, 2013). ©shutterstock Variação dos Sistemas de Medição Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 125 Para se controlar a variação do sistema de medição é necessário identificar as fontes de variação potenciais e eliminar ou monitorar essas fontes de varia- ção (Manual de MSA da QS-9000, 1997). Uma ferramenta muito utilizada para analisar as fontes de variação dos sistemas de medição, como mostra a Figura 3, é o diagrama de causa e efeito, que aprendemos na unidade II. CANOSSA ([2016], on-line) afirma que as variações resultam principalmente de métodos e procedimentos inadequados; das condições do operador e do ambiente; da imperfeição das partes a serem medidas e; das variações causadas em função do tempo. Tais variações decorrem em desvios ou erros, podendo ocorrer na localiza- ção e/ou na dispersão de um sistema de medição. Os desvios na localização são caracterizados por meio de tendência, estabilidade e linearidade. Enquanto os desvios na dispersão são caracterizados pela repetitividade e reprodutibilidade (Manual de MSA da QS-9000, 1997). Figura 3 - Fontes de variação do sistema de medição Fonte: adaptado de Menezes (2013, p. 10). SISTEMAS DE MEDIÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E126 Variação na Localização ■ Tendência: quantifica a diferença existente entre o valor real da caracte- rística medida e a média da distribuição dos resultados fornecidos pelo aparelho. É uma parcela do erro total e composta por efeitos combinados de todas as fontes de variação, conhecidas ou desconhecidas. As principais causas possíveis para uma tendência excessiva são: a falta de calibração do instrumento ou seu desgaste excessivo; erro de linearidade; disposi- tivo de medição errado para a aplicação; medição da característica errada; habilidade e fadiga do operador etc (FONSECA, 2008). ■ Estabilidade: é a variação total nas medições obtidas com o sistema de medição medindo uma única característica na mesma peça ou padrão ao longo de um extenso período de tempo. Em geral, a estabilidade não é quantificada, mas ela pode ser avaliada usando-se cartas de controle. Nesse caso, uma peça padrão (sempre a mesma peça) é medida ao longo de dias ou semanas, e os resultados são plotados em uma carta de con- trole. Como se trata da mesma peça, as leituras deveriam ser sempre as mesmas, mas isso não acontece, devido à variabilidade no próprio sis- tema de medição. Se houver problemas no sistema de medição isso irá aparecer como um ponto fora dos limites de controle. Pontos fora dos limites de controle revelam falta de estabilidade no sistema de medição (MENEZES, 2013). As principais causas possíveis da falta de estabilidade são: envelhecimento ou obsolescência de equipamentos; manutenção pre- cária; deformação da peça. ■ Linearidade: é a diferença nos valores da tendência ao longo da faixa de operação do dispositivo de medição (WERKEMA, 2006). O estudo da linearidade do equipamento de medição verifica o desempenho deste ao longo de toda a sua faixa de uso (MENEZES, 2013). Variação dos Sistemas de Medição Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve reiro d e 19 98 . 127 Variação na Dispersão ■ Repetitividade: consiste na variação nas medidas obtidas com um dispo- sitivo de medição quando usado várias vezes por um operador medindo a mesma característica na mesma peça. Essas condições incluem: o mesmo operador (observador), mesmo procedimento de medição, mesmo ins- trumento de medição e mesmo local, sendo as medições efetuadas em um curto período de tempo (CAMPOS, 2004). Quando a diferença entre as leituras é pequena, o sistema tem boa repetitividade. ■ Reprodutibilidade: pode ser definida como a variação das médias reali- zadas por diferentes operadores, com o mesmo dispositivo de medição, medindo a mesma característica de uma única peça (AIAG, 2010). O objetivo final de um estudo de Repetitividade e Reprodutibilidade (R&R) é determinar se a variabilidade devida a um sistema de medição (SM) pode ser con- siderada suficientemente menor que a variabilidade do processo ou do produto que está sendo controlado. Se a variabilidade do SM for maior que a inerente ao processo de manufatura, então não há informações seguras para se decidir sobre a necessidade de se intervir e corrigir esse processo (TOLEDO, 2013). Em suma, a variação total nos valores medidos é baseada na combinação da variação do processo e a variação do sistema de medição, conforme ilustrado na Figura 4 e expresso na Equação 1: onde é a variância total observada ao se realizarem medidas da caracte- rística de qualidade do processo, é a variância dos valores verdadeiros da característica, inerente ao processo produtivo, e é a variância resul- tante à medição, devida ao instrumento, ao procedimento e às condições de medição (CAMPOS, 2004). SISTEMAS DE MEDIÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E128 Conhecidas as variações dos resultados de medições é necessário realizar o con- trole das mesmas. Canossa ([2016], on-line) destaca que o controle das variações dos resultados de medições é importante para: ■ Verificar a sua qualidade, estabelecendo médias e desvios. ■ Verificar a estabilidade no decorrer do tempo. ■ Estabelecer a previsibilidade. ■ Obter coerência. Assim, as empresas precisam manter um programa de confiabilidade Metrológica que consiste em manter os sistemas de medição estáveis (sob controle), efetu- ando verificações programadas em seus equipamentos, métodos e operadores envolvidos. Figura 4 - Visão geral das fontes de variação Fonte: adaptado de Menezes (2013). Erros de Medição Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 129 Qualidade do sistema de medição A qualidade de um sistema de medição é determinada por propriedades estatís- ticas associadas à esse sistema. Dentre essas propriedades estatísticas, (TOLEDO; OPRIME, 2013) destaca que existem algumas que todos os sistemas de medi- ção devem ter: ■ O sistema de medição deve estar sob controle estatístico, o que significa que a variação no sistema de medição é devida somente à causas comuns e não a causas especiais. ■ A variabilidade do sistema de medição deve ser pequena em comparação com a variabilidade do processo. ■ A variabilidade do sistema de medição deve ser pequena em comparação com os limites de especificação. ■ As propriedades estatísticas do sistema de medição podem mudar à medida que variem os itens que estão sendo medidos. Outras propriedades desejáveis como a facilidade de uso do sistema e o seu custo operacional também são importantes, pois contribuem para a conveniên- cia geral de um sistema de medição. No entanto, a qualidade de um sistema é determinada pelas propriedades estatísticas dos dados produzidos, as quais são definidas como critérios de seleção de um sistema de medição. ERROS DE MEDIÇÃO Uma medição perfeita, isto é, sem erros, só pode existir se um sistema de medi- ção perfeito existir e a grandeza sob medição (mensurando) tiver um valor único, perfeitamente definido e estável. Como não temos sistema de medição perfeito, temos que considerar a existência de erros de medição. Assim, o erro de medição SISTEMAS DE MEDIÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E130 está presente cada vez que a indicação do sistema de medição não coincide com o valor verdadeiro do mensurando, conforme ilustrado na Figura 5. Figura 5 - Erro de Medição Fonte: Silva ([2016], on-line. Para Campos (2004, p. 140) “a diferença entre o resultado de uma medição e o valor verdadeiro do mensurando constitui o erro de medição”, o qual é indu- zido por vários fatores como, por exemplo, imperfeições do sistema de medição, limitações do operador, influências das condições ambientais etc. É importante destacar que, por melhor que seja a qualidade do sistema de medição, por mais cuidadoso e habilidoso que seja o operador e por mais bem controladas que sejam as condições ambientais, ainda assim, em maior ou menor grau, o erro de medição estará presente. Há diversos tipos de erros possíveis, mas podemos englobá-los basicamente em duas categorias: aleatórios e sistemáticos. Aqui já estamos eliminando erros grosseiros que podem decorrer, por exemplo, da má leitura das escalas, de ajus- tes imperfeitos do instrumento, ou seja, basicamente da imperícia ou desatenção da pessoa que está medindo (GALLAS, [2016], on-line). O erro sistemático é definido como a diferença entre o valor médio (sob as mesmas condições) e valor verdadeiro do mensurando, enquanto o erro alea- tório é a diferença entre o resultado da medição e esse valor (CAMPOS, 2004). Para avaliarmos se um instrumento de medição é adequado para determi- nado propósito, é necessário estimar os erros sistemáticos e aleatórios do mesmo. É importante destacar que um instrumento é considerado “exato” quando não Erros de Medição Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 131 possui erro sistemático e “preciso” quando seu erro aleatório é pequeno. A Figura 6 ilustra o relacionamento existente entre o erro sistemático e o erro aleatório, na qual o centro do alvo representa o valor verdadeiro da medida, e os pontos representam os resultados de repetidas medições da característica. Figura 6 - Relação entre erro aleatório e erro sistemático Fonte: adaptado de Campos (2004). Os erros aleatórios decorrem de fatores não controlados na realização de medi- das e seu efeito consiste em produzir ao acaso acréscimos e decréscimos no valor obtido. Esses efeitos aleatórios são a causa de variações em observações repe- tidas do mensurando. Embora não seja possível compensar o erro aleatório de um resultado de medição, ele pode geralmente ser reduzido aumentando-se o número de observações (GALLAS, [2016], on-line). SISTEMAS DE MEDIÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E132 O erro sistemático de um instrumento pode ser conhecido por meio de pro- cedimento de calibração, que consiste basicamente em comparar o resultado de medição obtido pelo instrumento com o valor de referência para a medida, obtido por um padrão. Após ser identificado, o erro sistemático pode ser reduzido por meio de um ajuste, isto é, a modificação da condição do instrumento, ou pode ser compensado pela introdução de uma correção, ou seja, valor que, adicio- nado algebricamente à um resultado não corrigido de uma medição, compensa o erro (CAMPOS, 2004). A Equação 2 expressa matematicamenteo cálculo do erro sistemático do instrumento de medição: onde xi, i = 1, ..., k são os resultados obtidos com o instrumento analisado e x é o valor de referência para a grandeza medida. Resumindo, podemos dizer que, os erros grosseiros podem e devem ser eliminados, os erros sistemáticos podem ser corrigidos ou compensados e, os erros aleatórios não podem ser corrigidos, mas podem ser reduzidos. Por essa razão é que na avaliação dos erros de medição, usualmente a maior preocupa- ção é com a parcela aleatória. INCERTEZA DE MEDIÇÃO Caro(a) aluno(a), mesmo avaliando os erros e aplicando as correções adequadas, quando possíveis, ainda permanece uma incerteza sobre quão correto é o resul- tado declarado, isto é, uma dúvida acerca de quão corretamente o resultado da medição representa o valor da grandeza que está sendo medida. Incerteza de Medição Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 133 Da mesma forma como o uso quase universal do Sistema Internacional de Unidades (SI) trouxe coerência à todas as medições científicas e tecnológicas, foi elaborado por um grupo de trabalho formado por especialistas nomeados pelo BIPM, pela Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC), pela Organização Internacional para a Normalização (ISO) e pela Organização Internacional de Metrologia Legal (OIML), um Guia Para a Expressão da Incerteza de Medição, que objetiva avaliar e expressar a incerteza de maneira uniforme em todo o mundo, de tal forma que as medições realizadas em diferentes países possam ser facilmente comparadas (INMETRO, 1998). A palavra “incerteza” significa dúvida, e, assim, no sentido mais amplo, “incerteza de medição” significa dúvida acerca da validade do resultado de uma medição. Formalmente, a incerteza (de medição) pode ser definida como: parâ- metro, associado ao resultado de uma medição, que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser razoavelmente atribuídos ao mensurando (VIM, 1993). Ainda de acordo com o Guia Para a Expressão da Incerteza de Medição (INMETRO, 1998) é importante definirmos: ■ Incerteza padrão: incerteza do resultado de uma medição expressa como um desvio padrão. ■ Incerteza padrão combinada: incerteza padrão do resultado de uma medi- ção, quando esse resultado é obtido por meio dos valores de várias outras grandezas, sendo igual à raiz quadrada positiva de uma soma de termos, que constituem as variâncias e covariâncias destas outras grandezas, ponderadas de acordo com quanto o resultado da medição varia com mudanças nestas grandezas. ■ Incerteza expandida: quantidade que define um intervalo em torno do resultado de uma medição com o qual se espera abranger uma grande fração da distribuição dos valores que podem ser razoavelmente atribu- ídos ao mensurando. A incerteza do resultado de uma medição reflete a falta de conhecimento exato do valor do mensurando. O resultado de uma medição, após a correção dos efei- tos sistemáticos reconhecidos, é, ainda, tão somente uma estimativa do valor do SISTEMAS DE MEDIÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E134 mensurando, por causa da incerteza proveniente dos efeitos aleatórios e da cor- reção imperfeita do resultado para efeitos sistemáticos. Segundo Gallas (2016), na prática existem muitas fontes possíveis de incerteza, como: a. Definição incompleta do mensurando. b. Conhecimento inadequado dos efeitos das condições ambientais sobre a medição. c. Erro de tendência pessoal na leitura de instrumentos analógicos. d. Resolução finita do instrumento. e. Valores inexatos dos padrões de medição e materiais de referência. f. Aproximações e suposições incorporadas ao método e procedimento de medição. g. Variações nas observações repetidas do mensurando sob condições apa- rentemente idênticas. Dessa forma, é de grande importância avaliar a incerteza de medição, uma vez que expressa quantitativamente à qualidade de uma medição, na qual quanto menor numericamente for seu valor, maior é a qualidade do resultado da medição. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 135 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), como você pode observar após a leitura da unidade, os sis- temas de medição não consistem apenas nos instrumentos de medição, mas sim em um processo completo usado para obter as medidas, o qual precisa ser ava- liado a fim de identificar suas fontes de variação. Um dos métodos mais usuais utilizados nessa avaliação é o Método MSA (Measurement Systems Analysis) – Análise do Sistema de Medição, o qual é definido como uma metodologia estatística que permite estudar e analisar as condições de operação de um sistema. Aprendemos que não existe sistema de medição ideal, pois os mesmos pro- duzem resultados com erro ou com certo grau de incerteza, nos quais a variação total nos valores medidos é baseada na combinação da variação do processo e a variação do sistema de medição. Tais variações decorrem em desvios ou erros, podendo ocorrer na localiza- ção e/ou na dispersão de um sistema de medição. Os desvios na localização são caracterizados por meio de tendência, estabilidade e linearidade. Enquanto os desvios na dispersão são caracterizados pela repetitividade e reprodutibilidade. Os erros de medição, que consistem na diferença entre o resultado de uma medição e o valor verdadeiro do mensurando, são englobados basicamente em duas categorias: sistemáticos, os quais podem ser corrigidos ou compensados e; aleatórios, que não podem ser corrigidos, mas podem ser reduzidos. Mesmo avaliando os erros, ainda permanece uma dúvida sobre quão cor- reto é o resultado obtido em uma medição. Para isso é necessário determinar a incerteza de medição, a qual indica a qualidade de uma medida de maneira quantitativa. Enfim, podemos dizer que conhecer e avaliar os sistemas de medição é de grande importância, uma vez que os dados gerados por esses sistemas precisam ser os mais confiáveis possíveis, uma vez que são utilizados em quase todos os processos de tomada de decisão das empresas. 136 1. Medição pode ser definida como um conjunto de operações que têm por ob- jetivo determinar o valor de uma grandeza. Sob o ponto de vista técnico, liste como a medição pode ser empregada. 2. Quais os componentes do sistema de medição? 3. As variações dos sistemas de medição são decorrentes de desvios ou erros, os quais podem ocorrer na localização e/ou na dispersão. Sobre esses desvios, leia as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta: I. Os desvios na localização são caracterizados por meio de tendência, repetitivi- dade e reprodutibilidade. II. Os desvios na dispersão são caracterizados por meio da estabilidade e linea- ridade. III. A repetitividade consiste na variação nas medidas obtidas com um dispositivo de medição quando usado várias vezes por um operador medindo a mesma característica na mesma peça. IV. A tendência é uma parcela do erro total e é composta por efeitos combinados de todas as fontes de variação, conhecidas ou desconhecidas. É correto o que se afirma em: a. I, II e IV. b. II e III. c. II, III e IV d. III e IV. e. Todas as alternativas estão corretas. 4. O erro de medição está presente cada vez que a indicação do sistema de medi- ção não coincide com o valor verdadeiro do mensurando. O erro definido como a diferença entre o valor médio (sob as mesmas condições) e valor verdadeiro do mensurando é chamado de: a. ( ) Errosistemático. b. ( ) Erro grosseiro. c. ( ) Erro de escala. d. ( ) Erro repetitivo. e. ( ) Erro de incerteza 137 5. Para a avaliação do erro sistemático de leitura de um micrômetro usado para medir peças com dimensão nominal de 20 mm, um bloco-padrão de dimensão 20,0000 mm foi usado como padrão de referência. Esse bloco foi, então, medido dez vezes, conforme tabela abaixo, por um mesmo operador com o uso do mi- crômetro em questão. Calcule o erro sistemático do instrumento. MEDIÇÃO LEITURA ( MM) 1 20,007 2 20,005 3 19,997 4 20,003 5 19,998 6 20,003 7 20,001 8 20,004 9 20,002 10 19,998 138 O PROCESSO DE MEDIÇÃO COMO FERRAMENTA PARA GARANTIA DA CONFIABILIDADE METROLÓGICA A calibração nos dá garantias que o equipamento de medição está dentro de limites preestabelecidos, quando é operado em condições ideais, com praticamente nenhuma influência que não seja intrínseca do próprio equipamento. Porém, o meio no qual ele é utilizado e o procedimento adotado podem influenciar de maneira significativa nos resultados das medições. Isto porque no chão de fábrica existe uma série de fatores de influência que não são contemplados durante a calibração, como temperatura, sujeira, operadores dentre outros. A norma NBR/ISO 10012:2004 estabelece que um sistema de gestão de medição eficaz não deve focar somente nas calibrações, mas sim no processo de medição. O processo de medição carrega uma série de fontes de incerteza que não aparecem na calibração, como influência do operador, condições ambientais, procedimentos adotados etc. Estes fatores podem comprometer os resultados de uma determinada medição, na qual o sis- tema de medição estaria “aprovado” na sua calibração. A avaliação estatística do processo de medição é utilizada para avaliar estas influências, sendo o manual MSA (Measurement System Analysis) o mais difundido na indústria. Este manual prevê uma série de estudos estatísticos, nos quais o instrumento de medição é avaliado nas suas condições de uso. Fonte: Coelho (2008, on-line)2. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Sistemas de Medição e Metrologia José Carlos Toledo Editora: Intersaberes Ano: 2013 Sinopse: as medições realizadas em produtos e processos em qualquer etapa ou elo de uma cadeia de produção, precisam incluir as incertezas associadas e suas respectivas análises. Caso contrário, não serão consideradas de confi ança. Nesta obra, o autor, José Carlos de Toledo apresenta uma série de conceitos e métodos capazes de melhorar a confi abilidade tanto das medições realizadas quanto das decisões tomadas no ambiente da produção industrial. Por meio desses conhecimentos, você poderá contribuir para a melhoria da capacidade de mediação da empresa e da cadeia de produção em que atua. REFERÊNCIAS AIAG - Automotive Industry Action Group. Análise do Sistema de Medição – MSA. Trad. Instituto da Qualidade Automotiva. 4. ed. São Paulo, 2010. ALBURQUERQUE, M. J. DE GIÁGIO, M. A. Tecnologias básicas para a qualidade e a inovação nas Micro e pequenas empresas - SEBRAEtib. Florianópolis: Fundação CER- TI, Apostila do curso da Capacitação de Agentes TIB - Lages-SC, 2001. CABRAL, P. Erros e incertezas nas medições. IEP – Instituto Eletrotécnico Portu- guês ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto Laboratório de Metrologia e Ensaios, 2004. CANOSSA, S. Gerenciando o sistema de medição. Disponível em: <http://www. mantenimientomundial.com/sites/mmnew/bib/notas/Medi%C3%A7%C3%A3o. pdf>. Acesso em: 15 jul. 2016. COSTA, A. F. B; EPPRECHT, E. K.; CARPINETTI, L. C. R. Controle estatístico de qualida- de. São Paulo: Atlas, 2004. FIDÉLIS, G. C. Como determinar a incerteza de medição. Centro de Educação, Consultoria e Treinamento - CECT. Disponível em: .<http://www.cect.com.br/AMOS- TRA_APOSTILA_INCERTEZA.pdf> Acesso em: 20 fev. 2016. FONSECA, M. P. A análise do sistema de medição (MSA) como ferramenta no controle de processos em uma indústria de dispositivos médicos descartáveis. Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de Produção. Universidade Fede- ral de Juiz de Fora. Minas Gerais, 2008. GALLAS, M. R. Incerteza de medição. Instituto de Física - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/~marcia/medidas.pdf>. Acesso em: 1 de jul. 2016. INMETRO. Guia para expressão da incerteza de medição. 2. ed. Rio de Janeiro, 1998. LIMA, J. T.; FERREIRA, T. F.; BARBOSA L. Measurement Systems Analysis (MSA): ga- rantindo a consistência dos controles nos processos de fabricação. Revista Banas Qualidade, São Paulo, ano 19, n. 26, p. 74-79, jun. 2010. MSA - Análise dos sistemas de medição: Manual de referência. 1. ed. brasileira. Tradução da 2. ed. americana. São Paulo: IQA - Instituto de Qualidade Automotiva. p. 126. jun. 1994. MENEZES, F. M. Análise dos sistemas de medição. 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Crislaine Rodrigues Galan A METROLOGIA COMO REQUISITO DOS SISTEMAS DE GESTÃO DE QUALIDADE Objetivos de Aprendizagem ■ Entender como a Metrologia relaciona-se com os Sistemas de Gestão da Qualidade e como está presente nas normas de padronização. ■ Compreender a importância da calibração. ■ Estudar o conceito de rastreabilidade e sua utilidade. ■ Apresentar a hierarquia de instrumentos e padrões nas atividades de medição e calibração. ■ Analisar as informações e os resultados de um certificado de calibração. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Metrologia e os Sistemas de Gestão de Qualidade ■ Calibração ■ Rastreabilidade ■ Padrão de medição ■ Certificado de calibração INTRODUÇÃO Olá caro(a) aluno(a)! Em um mercado competitivo, as empresas devem apresen- tar diferenciais para poderem sobreviver ou alcançar crescimento e conquistar um número maior de clientes. Atender determinadas especificações constadas em normas ou publicações referentes à gestão da qualidade pode ser um desses diferenciais. Dentre essas especificações, encontra-se a metrologia, que busca estabelecer o controle e monitoramento dos equipamentos de medição. As normas da ISO, sejam elas para sistemas de gestão da qualidade (ISO 9001), laboratórios de calibração e ensaio (ISO 17025) ou ambiental (ISO 14001), esta- belecem ao menos um de seus capítulos, especificações relacionadas aos recursos de monitoramento e medição. Como futuros profissionais da área da qualidade, vamos dar enfoque nos sistemas de gestão da qualidade que têm como base a norma ISO 9001, a qual é uma norma específica para sistemas de gestão da qualidade que permite as empresas, em primeiro lugar, verificar a consistência de seus processos, medi- -los e monitorá-los com o objetivo de aumentar a sua competitividade e com isso assegurar a satisfação de seus clientes. Ainda nesta unidade, vamos apresentar conceitos importantes relacionados à metrologia e os sistemas de gestão da qualidade, como calibração, rastreabili- dade, padrões e certificados de calibração. A calibração utilizando padrão de referência é importante para aperfeiçoar a rastreabilidade do processo, obtendo resultados precisos de modo que supra as necessidades das empresas para que atinja seus objetivos. Outro fator que realça esta importância é que possibilita o aumento da produtividade, redução dos retrabalhos e até mesmo menos refugos, garantindo aos produtos e serviços mais durabilidade e principalmente a segurança de seus clientes. Preparado para nossa última unidade? Então, vamos começar! Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 145 A METROLOGIA COMO REQUISITO DOS SISTEMAS DE GESTÃO DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E146 METROLOGIA E OS SISTEMAS DE GESTÃO DE QUALIDADE Caro(a) aluno(a), o modo de vida dos consumidores e a eficiência das empre- sas em seus ramos de negócio agora dependem do desempenho, confiável e consistente, de produtos e serviços, sem haver tolerância para a perda de tempo e custos de falhas. Portanto, a metrologia e a qualidade, tornam-se estratégias básicas para a atual competitividade do mercado. A gestão da qualidade é cada vez mais procurada por diversas empresas e organizações devido ao seu reconhecimento internacional na credibilidade de produtos ou serviços. As empresas que possuem certificações e normas de qua- lidade têm um grande diferencial competitivo, além de possuírem uma imagem mais positiva perante os seus clientes e fornecedores (PALADINI, 2000). ©shutterstock Metrologia e os Sistemas de Gestão de Qualidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 147 Nas últimas décadas, um número crescente de empresas no mundo estão adotando sistemas de gestão da qualidade, baseados em normas que são aceitas internacionalmente, com objetivos de propiciar melhores condições competiti- vas e garantir a sua permanência no mercado (COSTA et al., 2011). A principal e mais importante norma relacionada à gestão da qualidade é ISO 9001. A ISO 9001 é um sistema de gestão da qualidade (SGQ), o qual foi concebido para desenvolver e manter um portfólio de serviços que permitem às empresas melhorar seu desempenho. Destina-se à qualquer tipo de organização (pública ou privada, industrial ou de serviço) sem levar em consideração o tipo, tamanho e produto fornecido. É importante destacar que adoção do SGQ é uma decisão estratégica da empresa e que o desenvolvimento e a implementação são especí- ficos para cada tipo de organização. Uma empresa que possui um sistema de gestão da qualidade de acordo com a norma ISO 9001 pode solicitar a certificação e obter o “selo de conformidade ISO 9001”. A última versão revisada da ISO9001 foi realizada recentemente, em 2015, sendo a versão brasileira chamada de ABNT NBR ISO 9001:2015. Esta norma especifica requisitos para um sistema de gestão da qualidade, sendo utili- zada quando uma organização necessita demonstrar sua capacidade de fornecer produtos que atendam aos requisitos do cliente e regulamentares ou quando pretende aumentar a satisfação do cliente por meio da melhoria contínua do sis- tema e a garantia da conformidade com os requisitos. Em suma, tem como foco o cliente, a melhoria contínua e a gestão de processos. Com relação aos requisitos metrológicos, a norma NBR ISO 9001:2015 esta- belece na seção 7, o item 7.1.5 Recursos de Monitoramento e Medição, o qual orienta à organização determinar e prover os recursos necessários para assegu- rar resultados confiáveis quando o monitoramento ou medição for usado para verificar a conformidade de produtos e serviços como requisitos. Ainda neste item, também é especificado sobre a rastreabilidade de medição, estabelecendo que os equipamentos de medição devam ser: verificados ou calibrados contra padrões de medição rastreáveis; identificados para determinar sua situação e protegidos contra ajustes, danos ou deterioração que possam invalidar a situa- ção de calibração. A METROLOGIA COMO REQUISITO DOS SISTEMAS DE GESTÃO DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E148 Além da norma ISO9001, existem no Brasil normas específicas para algumas áreas que também especificam itens relacionados à metrologia, como por exem- plo, o PBPQH (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat) e a RDC 16/2013, resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O PBQP-H é definido como um sistema de Gestão da qualidade especí- fico para a construção civil e é regido pela portaria número 582 (5 de dezembro de 2012) e segue os princípios da norma ISO 9001. Empresas do setor devem se formalizar e comprovar padrões de qualidade à medida que crescem, para que possam participar de licitações municipais e/ou estaduais e dos incentivos criados pelo Governo Federal, como, por exemplo, o programa “Minha Casa Minha Vida” (TEMPLUM, on-line). Em relação aos requisitos metrológicos, o PBPQ-H na seção 7, apresenta o item 7.6 Controle de Dispositivos de Medição e Monitoramento. O Quadro 1 apresenta o trecho da norma referente a este item. Quadro 1- Item 7.6 do PBPQ-H Fonte: Brasil (2012, Anexo III, p. 20). Metrologia e os Sistemas de Gestão de Qualidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt. 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 149 O Regulamento Técnico de Boas Práticas de Fabricação de Produtos Médicos e Produtos para Diagnóstico de Uso In Vitro aprovado pela RDC16: 2013 aplica-se à importadoras, armazenadoras e distribuidoras de produtos médicos e produtos para diagnóstico de uso in vitro, determinando que cada fabricante deve esta- belecer e manter um sistema de qualidade a fim de assegurar que os requisitos sejam atingidos e que os produtos fabricados sejam seguros, eficazes e adequa- dos ao uso pretendido. Com relação aos requisitos metrológicos, a RDC 16/2013 dispõe no capítulo 5, o item 5.4 Inspeção, medição e equipamentos de testes. O Quadro 2 apresenta o trecho completo referente a este item. Quadro 2 - Item 5.4 RDC16:2013 5.4. Inspeção, medição e equipamentos de testes. 5.4.1. Cada fabricante deverá assegurar que todo o equipamento de medição e tes- te, incluindo equipamento mecânico, automatizado ou eletrônico, seja adequado para os fins a que se destina e seja capaz de produzir resultados válidos. Cada fa- bricante deverá estabelecer e manter procedimentos para assegurar que o equipa- mento seja rotineiramente calibrado, inspecionado e controlado. Os equipamentos de medição deverão ser identificados de forma a possibilitar que a situação da cali- bração seja determinada. 5.4.2. Calibração. Cada fabricante deverá estabelecer e manter procedimentos de calibração que incluam orientações específicas e limites de precisão e exatidão, as- sim como prescrições para ações corretivas quando os limites de precisão e exati- dão não forem alcançados. A calibração deverá ser executada por pessoal que tenha instrução, treinamento, prática e experiência necessários. 5.4.3. Padrões de calibração. Cada fabricante deverá estabelecer e manter padrões de calibração para os equipamentos de medição que sejam rastreáveis aos padrões oficiais nacionais ou internacionais. Se não houver nenhum padrão aplicável dispo- nível, o fabricante deverá estabelecer e manter um padrão próprio. 5.4.4. Registros de calibração. Cada fabricante deverá assegurar que sejam mantidos registros das datas de calibração, mensurações obtidas, do empregado encarregado desta tarefa e da data seguinte para esta operação. Os registros devem ser mantidos pelo fabricante, devendo estar disponível para o pessoal que usa este equipamento e para os responsáveis pela calibração do mesmo. A METROLOGIA COMO REQUISITO DOS SISTEMAS DE GESTÃO DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E150 5.4.5. Manutenção. Cada fabricante deverá estabelecer e manter procedimentos para assegurar que o manuseio, a preservação e a guarda de equipamentos de tes- te, inspeção e medição sejam feitas de forma a preservar sua precisão e adequação ao uso. 5.4.6. Instalações. Cada fabricante deverá proteger as instalações e os equipamen- tos de inspeção, teste e medição, incluindo hardware e software de teste, contra ajustes que possam invalidar a calibração. 5.4.7. O fabricante deve estabelecer procedimentos para avaliar o impacto dos re- sultados de medições anteriores quando constatar não conformidades no equipa- mento de medição e teste. O resultado da avaliação deverá ser documentado. Fonte: Brasil (2013, p. 15-16). CALIBRAÇÃO Equipamentos de medição apresentam erros e possuem uma tendência de degradar seu desempenho ao longo do tempo. Para manter a confiabilidade nas medições é necessário avaliar o funcionamento do instrumento de medição periodicamente, o qual é realizado por meio da calibração. Atualmente, podemos dizer que a calibração se tornou algo imprescindível, pois muitas normas existentes, como vimos, exigem que as organizações mante- nham seus instrumentos devidamente calibrados. Além disso, as empresas estão percebendo que investir em calibração resulta em mais qualidade, uma vez que a mesma pode evitar retrabalhos e proporcionar maior precisão nas medidas de seus produtos. Para Azevedo et al. (2012) as principais vantagens da calibração são: ■ Fornecem informações válidas e úteis que podem auxiliar no processo de tomada de decisão. ■ Garante que os equipamentos sejam capazes de fornecer os resultados desejados de forma precisa. Calibração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 151 ■ Manter o nível de desempenho das máquinas e equipamentos. ■ Auxiliar nos requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade deixando os dispositivos sempre em constante disponibilidade. ■ Redução de custo retrabalho, refugos, melhoria contínua e aprimora- mento dos processos. ■ Satisfação dos clientes e aumento da produtividade. Em termos práticos, a calibração é uma ferramenta que assegura a confiabili- dade de um instrumento de medição, utilizando-se da comparação do valor medido com um padrão rastreado a padrões internacionais ou nacionais. Para MEDIÇÃO (2010) a calibração pode ser definida como o conjunto de operações que estabelece, em condições específicas, a correspondência entre os valores indicados pelo instrumento e os valores estabelecidos por um padrão de referência ou obtidos através de um ins- trumento padrão que esteja num nível mais alto na cadeia metrológica, isto é, que tenha exatidão superior a do instru- mento que se deseja calibrar. Calibração: operação que estabelece, sob condições especificadas, numa primeira etapa, uma relação entre os valores e as incertezas de medição fornecidos por padrões e as indicações correspondentes com as incertezas associadas; numa segunda etapa, utiliza esta informação para estabelecer uma relação visando à obtenção dum resultado de me- dição a partir duma indicação (INMETRO - VIM, 2012, p. 27). A calibração deve ser realizada em todos os instrumentos de medição que têm influência na exatidão ou validade de testes de qualidade, incluindo aqueles não diretamente vinculados à medição, por exemplo, os de controle do ambiente de trabalho ou de armazenamento de amostras, que devem ser calibrados antes de ©shutterstock A METROLOGIA COMO REQUISITO DOS SISTEMAS DE GESTÃO DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E152 serem colocados em serviço. É preciso estar ciente que nem todos os instrumentos de medição necessitam de calibração, em geral, devem-se calibrar aqueles instru- mentos que são usados para controlar atividades de qualidade (ACCPR, on-line). De maneira simplificada, podemos dizer que, calibração significa colocar um instrumento de medição em condições de uso, por meio da comparação com valores das medições fornecidos anteriormente pelo próprio instrumento, apli- cando quando necessário o ajuste ou regulagem do mesmo. O Vocabulário Internacional de Metrologia (VIM) de 2012 destaca que convém não confundir a calibração com o ajuste de um sistema de medição, fre- quentemente denominado de maneira imprópria de “auto-calibração”, nem com a verificação da calibração. O ajuste deve ser realizado quando o equipamento não atender aos requisitos definidos, podendo ser definido como uma operação corretiva destinada a fazer que um equipamento de medição tenha desempenho compatível com o seu uso. O ajuste pode ser automático, semiautomático ou manual e, muitas vezes Você sabia que o termo Aferição não é mais utilizado? Até o ano de 1995 eram utilizados os termos Aferição e Calibração com sentidos diferentes. A partir de 1996 estes termos sofreram uma mudança no vocabulário técnico nacional a fim de adequarem-se a terminologia internacionalou VIM – Vo- cabulário Internacional de Metrologia. Hoje, a palavra Aferição caiu em de- suso. Em seu lugar foi incluída a palavra Calibração e, o que se entendia até então por Calibração, passou a chamar-se de Ajuste. Mais informações em: Qual a diferença entre Aferição e Calibração? Disponível em: Fonte: Qual… (on-line)¹. Rastreabilidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 153 para realizá-lo é necessário abrir o equipamento e até mesmo trocar peças, ou seja, é preciso realizar uma manutenção no equipamento (ALBERTAZZI JR.; SOUZA, 2008). Podemos dizer que calibração e ajuste são operações distintas, porém depen- dentes. Sendo que o ajuste só pode ser realizado após um procedimento de calibração. Assim como após um ajuste sempre deve ser realizada uma nova calibração. É importante salientar que quando a calibração antes do ajuste não é realizada ou relatada, a informação sobre o erro do equipamento é perdida, assim como qualquer informação sobre o impacto na qualidade do produto ou processo que utilizava esse equipamento (ACCPR, on-line). É de extrema importância que após os procedimentos de calibração, os resultados do instrumento de medição sejam registrados em um certificado. Além disso, a empresa precisa estabelecer um programa de calibração dos ins- trumentos de medição, contemplando a identificação do instrumento, critérios de aceitação, faixa de uso, periodicidade e validade da calibração, no qual deve ser registrada a data da última e próxima calibração. RASTREABILIDADE Caro(a) aluno(a), acabamos de aprender que a calibração dos instrumentos de medição é de suma importância para assegurar a qualidade final do produto. Para que esta calibração apresente valores confiáveis, é necessário a utilização de padrões rastreáveis a padrões de medição internacionais ou nacionais. Mas afinal, no que consiste a rastreabilidade de uma medição? Estabelecer um programa de calibração/manutenção dos instrumentos de medição, que contemple critérios preestabelecidos segundo as normas da ABNT, é fundamental para um preciso controle de qualidade? A METROLOGIA COMO REQUISITO DOS SISTEMAS DE GESTÃO DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E154 A rastreabilidade é definida como: Propriedade de um resultado de medição pela qual tal resultado pode ser relacionado à uma referência através de uma cadeia ininterrupta e documentada de calibrações, cada uma contribuindo para a incerteza de medição (INMETRO - VIM, 2012, p. 28). Em uma definição prática, podemos dizer que a rastreabilidade nada mais é do que um histórico de certificados de calibração dos padrões que foram utilizados ininterruptamente (seguindo uma hierarquia) até atingir um padrão nacional- mente ou internacionalmente reconhecido. Para melhor compreensão, a Figura 1 ilustra a Estrutura Hierárquica de Rastreabilidade. Figura 1- Estrutura Hierárquica de Rastreabilidade Fonte: INMETRO (on-line). No Brasil, o INMETRO é o provedor de rastreabilidades dos padrões do BIPM (Bureal Internacional de Pesos e Medidas) e detentor do poder de acreditação de laboratórios da Rede Brasileira de Calibração (RBC) e a Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio (RBLE). Constituída por laboratórios acreditados pelo INMETRO, a RBC congrega competências técnicas e capacitações vinculadas às indústrias, universidades e institutos tecnológicos, habilitados à realização de serviços de calibração. A acre- ditação, isto é, o credenciamento, subentende a comprovação da competência Padrão de Medição Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 155 técnica, credibilidade e capacidade operacional do laboratório. Já a RBLE é o conjunto de laboratórios acreditados pelo Inmetro para a execução de serviços de ensaio. Aberto a qualquer laboratório, nacional ou estrangeiro, que realize ensaios e atenda aos critérios do INMETRO (INMETRO, on-line). A acreditação de laboratórios é um processo voluntário, que consiste no reconhecimento da competência técnica para a realização de ensaios e calibra- ções, de acordo com os requisitos estabelecidos pela norma ABNT NBR ISO/ IEC 17025:2005 - Requisitos Gerais para Competência de Laboratórios de Ensaio e Calibração, norma adotada no Brasil pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, a partir da norma internacional ISO/IEC 17025 (PUC-RIO, on-line). Dessa forma, se a calibração de um instrumento de medição for realizada por uma empresa acreditada a RBC, a mesma não precisa fornecer cópia dos padrões rastreáveis para essa calibração, pois já foram avaliados e aceitos pelo INMETRO. No entanto, se um instrumento for calibrado por uma empresa que não é integrante da RBC, essa deverá fornecer as cópias dos padrões que a mesma utilizou na calibração, e os mesmos devem ter sido calibrados por um laboratório integrante da RBC, pelo INMETRO ou um organismo internacional reconhe- cido pelo INMETRO, para que assim, possa ser garantida sua rastreabilidade. PADRÃO DE MEDIÇÃO Padrão de medição é a “realização da definição duma dada grandeza, com um valor determinado e uma incerteza de medição associada, utilizada como refe- rência” (INMETRO - VIM, 2012, p. 46). De uma forma mais prática, pode ser definido como referência em relação ao instrumento calibrado, isto é, ele tem que possuir características metrológicas superiores às do instrumento a ser cali- brado e rastreabilidade a padrões nacional ou internacionalmente reconhecidos. A METROLOGIA COMO REQUISITO DOS SISTEMAS DE GESTÃO DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E156 Um padrão de medição serve frequentemente de referência na obten- ção de valores medidos e incertezas de medição associadas para outras grandezas da mesma natureza, estabelecendo assim uma rastreabilida- de metrológica através da calibração de outros padrões, instrumentos de medição ou sistemas de medição (INMETRO - VIM, 2012, p.46). Um instrumento de medição, como o multímetro pode ser utilizado para calibrar outro multímetro. Um sistema de medição de força, composto por um transdu- tor de força, uma ponte amplificadora e um mostrador digital, é um sistema de medição tipicamente empregado como padrão de calibração das máquinas uni- versais de ensaios de materiais, como aquelas utilizadas para ensaiar concreto com aplicação de força de compressão. Uma solução tampão é o mais adequado padrão para a calibração de um pHmetro (FIDÉLIS, 2006). Dependendo de suas qualidades metrológicas e do tipo de utilização a que estão destinados, existem, segundo SILVEIRA (2005), diversos tipos de padrões: ■ Padrão Internacional: é aquele reconhecido por um acordo internacio- nal para servir, internacionalmente, como base para estabelecer valores à outros padrões da grandeza a que se refere. No caso do quilograma, como vimos, existe somente um artefato no BIPM que representa o padrão de massa em nível internacional. Outros padrões como o de comprimento, podem ser realizados em muitos países, a partir da definição do metro. ■ Padrão Nacional: aquele reconhecido por decisão nacional para ser- vir, em um país, como base para estabelecer valores à outros padrões da grandeza a que se refere. Geralmente, é o padrão de melhor qualidade metrológica do país, que é chamado de padrão primário. ■ Padrão Primário: é o padrão que é designado ou amplamente reconhe- cido como tendo as mais altas qualidades metrológicas e cujo valor é aceito comoreferência à outros padrões da mesma grandeza. ■ Padrão Secundário: é um padrão cujo valor é estabelecido por compa- ração a um padrão primário da mesma grandeza. ■ Padrão de Referência: são os padrões da mais alta qualidade metroló- gica disponível em certo local ou em uma dada organização, a partir do qual as medições são derivadas. Isso significa que estes padrões apresen- tam menor valor de incerteza para certa grandeza. Padrão de Medição Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 157 ■ Padrão de Trabalho: padrão utilizado rotineiramente para calibrar ou controlar medidas materializadas, instrumentos de medição ou mate- riais de referência. A hierarquia dos padrões metrológicos, desde o chão de fábrica até os padrões internacionais é apresentada na Figura 2. Figura 2 - Hierarquia dos Padrões Metrológicos Fonte: Silveira (2005, p. 7). Os padrões primários de referência são aqueles mantidos pelo INMETRO. Esses padrões constituem-se em uma cópia (duplicata) dos padrões internacionais e, servem como referência comum para as medições dentro do país. Já os padrões de transferência são aqueles mantidos pela indústria ou laboratórios secundários com a finalidade de servir como transferência de seus valores para o próximo nível inferior de padrões nessa hierarquia. Os padrões de transferência são com- parados por laboratórios nacionais com os padrões de referência. Os padrões de trabalho são aqueles prontamente avaliáveis para toda a orga- nização que faz medições de produto. Estes padrões são calibrados pelos padrões de transferência. A exatidão e precisão dos instrumentos de medição são conhe- cidas pelas comparações com os padrões de trabalho. Então, a hierarquia total A METROLOGIA COMO REQUISITO DOS SISTEMAS DE GESTÃO DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E158 oferece uma confiança por determinar a habilidade de um instrumento de medi- ção em fazer uma medição referenciada à um padrão primário de referência (SILVEIRA, 2005). Características necessárias para um Padrão Segundo FIDÉLIS (2006) para que o valor indicado por um instrumento possa ser adotado como valor verdadeiro convencional (VVC), é necessário que o Padrão apresente as seguintes características: ■ Seus erros sejam compensados, corrigidos. Lembramos que o padrão não é perfeito. É necessário avaliar os erros do padrão e compensá-los, caso contrário esse erro será repassado como erro do instrumento a calibrar. Não se faz necessária essa compensação quando os erros são menores do que a resolução do instrumento a calibrar. ■ A incerteza da calibração não seja superior a um terço da incerteza espe- rada para o instrumento de medição a calibrar. É importante observar que se essas estão expressas em termos percentuais, é necessário que ambas tenham o mesmo valor de referência, ou que sejam efetuadas as devidas compensações. ■ A resolução do padrão deve ser menor ou igual à resolução do instru- mento a calibrar. ■ A faixa de indicação do padrão seja da mesma ordem daquela do instru- mento a calibrar. O padrão de calibração tenha rastreabilidade de medição comprovada. Isso implica em dispor de um certificado de calibração, constando os erros de medição e as incertezas de medição associada à calibração. A evidência de rastreabilidade deve ser citada no certificado, destacando-se a rastreabilidade do padrão ou padrões, de referência ou de trabalho, utilizados na calibração. Certificado de Calibração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 159 CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO Após a calibração dos instrumentos e equipamentos de medição utilizando padrões rastreáveis a padrões internacionais e nacionais, se faz necessário o registro das informações resultantes da calibração. A norma NBR 10012:2004 referente à Sistemas de Gestão de Medição estabelece que os resultados de cali- bração sejam registrados de forma que a rastreabilidade de todas as medições possa ser demonstrada. Já a NBR ISO 9001:2015 referente à Sistema de Gestão da Qualidade determina que a organização deve reter informação documentada apropriada como evidencia de que os recursos de monitoramento e medição sejam adequados para os seus propósitos. Assim, o certificado de calibração pode ser utilizado para o atendimento desses requisitos normativos. O certificado de calibração pode ser definido como “documento que regis- tra, de forma clara, objetiva e precisa e de acordo com instruções descritas em métodos adequados, os resultados de cada calibração ou ensaio de equipamento ou instrumento de medição” (CIMM, on-line). A norma NBR ISO/IEC 17025 considera o Certificado de Calibração um registro técnico e estabelece requisi- tos para a sua elaboração, determinando como conteúdo mínimo: ©shutterstock A METROLOGIA COMO REQUISITO DOS SISTEMAS DE GESTÃO DE QUALIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E160 ■ Titulo – “Certificado de calibração”, por exemplo. ■ Nome e endereço do laboratório e o local onde as calibrações foram rea- lizadas, se diferente do endereço do laboratório. ■ Identificação única do certificado de calibração. Em cada página uma identificação que confirme ser parte integrante de um determinado cer- tificado e clara identificação do final do documento. ■ Nome e endereço do cliente. ■ Identificação do método utilizado. ■ Identificação do instrumento calibrado. ■ Data da realização da calibração. ■ Resultado da calibração com as unidades de medida. ■ Nome, função e assinatura ou identificação equivalente da pessoa auto- rizada para emissão do certificado de calibração. ■ Declaração de que os resultados se referem somente aos itens calibrados. ■ Condições ambientais em que foi executada a calibração. ■ Declaração da incerteza da medição. ■ Evidência de rastreabilidade. É válido destacar que, no caso da rastreabilidade, essa deve ser comprovada até o Sistema Internacional de Unidades. Quando um certificado de calibração possuir o símbolo da Rede Brasileira de Calibração (RBC) ou qualquer outra rede nacio- nal, a rastreabilidade é comprovada em função da obrigatoriedade e comprovação dos organismos de acreditação. Filho (on-line) afirma que os certificados de cali- bração emitidos pelos laboratórios do INMETRO, pelos laboratórios designados e pelos laboratórios acreditados que compõem a Rede Brasileira de Calibração (RBC) e a Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio (RBLE) têm aceitação inter- nacional com base nos acordos firmados pelo INMETRO. Dessa forma, podemos dizer que os resultados expressos em um certificado de calibração, são importantes, uma vez que fornecem informações válidas e úteis que podem auxiliar na tomada de decisões gerenciais, como por exemplo, Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 161 para correções a serem realizadas no processo de medição, além de permitir o estabelecimento da correspondência entre a indicação do instrumento de medi- ção e o valor padrão. CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), nesta unidade foi possível compreender a relação entre a Metrologia e os Sistemas de Gestão da Qualidade, constatando a importância da Metrologia em assegurar resultados confiáveis nos processos de monitora-mento e medição utilizados na produção de produtos e serviços das empresas que buscam implantar um Sistema de Gestão da Qualidade. Identificamos algumas normas voltadas para o sistema de gestão da quali- dade, como a ISO9001, PBQP-H e a RDC 16, que estabelecem requisitos voltados para o controle e monitoramento dos dispositivos de medição, salientando a importância da calibração e rastreabilidade a padrões internacionais e nacionais. Você pôde observar que calibração dos instrumentos de medição é importan- tíssima para a garantia da qualidade da fabricação de um determinado produto, assegurando que os instrumentos usados para controlar este produto estão den- tro de um critério aceitável e que não vão prejudicar sua qualidade final. Além disso, aprendemos que a calibração precisa ser realizada utilizando um padrão com rastreabilidade de medição comprovada, sendo seus resultados registrados em um Certificado de Calibração. Outra questão que pode ser acompanhada foi os assuntos relacionados aos padrões de medição, sendo definidos os tipos de padrão de medição, a hierar- quia e suas características. Enfim, todos os assuntos apresentados são de grande valia para o conhecimento dos profissionais que buscam atuar na área da Gestão da Qualidade. 162 1. A ISO 9001 é um sistema de gestão da qualidade (SGQ), o qual foi concebido para desenvolver e manter um portfólio de serviços que permitem às empresas melhorar seu desempenho. Sobre a ISO9001 assinale a alternativa correta: a. A norma ISO9001 tem como foco o controle da qualidade do produto final, visando atender somente as especificações técnicas exigidas pelo cliente. b. Destina-se a qualquer tipo de organização (pública ou privada, industrial ou de serviço) sem levar em consideração o tipo, tamanho e produto fornecido. c. A adoção do SGQ baseado na ISO9001 é uma decisão estratégica da empre- sa, sendo seu desenvolvimento e a implementação utilizado de forma geral para todo tipo de organização. d. Com relação aos requisitos metrológicos, a norma ISO 9001:2015 estabelece na seção 4, requisitos para a calibração dos instrumentos de medição. e. Todas as alternativas estão corretas. 2. A calibração é uma ferramenta que assegura a confiabilidade de um instrumento de medição, utilizando-se da comparação do valor medido com um padrão ras- treado a padrões internacionais ou nacionais. Liste 3 vantagens da calibração. 3. O Vocabulário Internacional de Metrologia - VIM destaca que convém não con- fundir a calibração com o ajuste de um sistema de medição. Diante disso, defi- na Ajuste. 4. Dependendo de suas qualidades metrológicas e do tipo de utilização à que es- tão destinados, existem, segundo Silveira (2005), diversos tipos de padrões. O padrão designado ou amplamente reconhecido como tendo as mais altas qua- lidades metrológicas e cujo valor é aceito como referência a outros padrões da mesma grandeza é chamado de: a. ( )Padrão Nacional. b. ( )Padrão de Referência. c. ( )Padrão Secundário. d. ( )Padrão Internacional. e. ( )Padrão Primário. 5. Para que a calibração apresente valores confiáveis, é necessária a utilização de padrão com rastreabilidade de medição comprovada. Sobre a rastreabilidade, leias as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta: I. No Brasil, a ANVISA é provedora de rastreabilidades dos padrões do BIPM (Bureal Internacional de Pesos e Medidas). II. A Estrutura Hierárquica da Rastreabilidade é ilustrada por uma pirâmide, na qual na base desta encontra-se os Padrões dos Institutos Nacionais de Me- trologia. 163 III. A rastreabilidade nada mais é do que um histórico de certificados de cali- bração dos padrões que foram utilizados ininterruptamente até atingir um padrão nacionalmente ou internacionalmente reconhecido. IV. O INMETRO é o provedor de rastreabilidades dos padrões internacionais no Brasil, no entanto, não tem poder de acreditação de laboratórios de calibra- ção. É correto o que se afirma em: a. I e III. b. II e IV. c. II, somente. d. III, somente. e. II, III e IV. 164 METROLOGIA A Metrologia é a ciência das medições, abrangendo todos os aspectos teóricos e prá- ticos que asseguram a precisão exigida no processo produtivo, procurando garantir a qualidade de produtos e serviços por meio da calibração de instrumentos de medição, sejam eles analógicos ou eletrônicos (digitais) e, da realização de ensaios, sendo a base fundamental para a competitividade das empresas. Metrologia também diz respeito ao conhecimento dos pesos e medidas e dos sistemas de unidades de todos os povos, an- tigos e modernos. Qual motivo de sua implantação A ISO série 9000 define explicitamente a relação entre garantia da qualidade e metro- logia, estabelecendo diretrizes para se manter um controle sobre os instrumentos de medição da empresa, tornando assim necessária, a implantação de um processo metro- lógico na empresa que busca ou possui uma certificação. O fator “globalização dos mer- cados” também põe em prática um de seus principais objetivos, traduzir a confiabilidade nos sistemas de medição e garantir que especificações técnicas, regulamentos e normas existentes, proporcionem as mesmas condições de perfeita aceitabilidade na monta- gem e encaixe de partes de produtos finais, independente de onde sejam produzidas. Outro objetivo, não menos importante, está na melhoria do nível de vida das popula- ções por meio do consumo de produtos com qualidade, da preservação da segurança, da saúde e do meio ambiente. Qual o papel da metrologia na organização? A Metrologia garante a qualidade do produto final favorecendo as negociações pela confiança do cliente, sendo um diferenciador tecnológico e comercial para as empresas. Reduz o consumo e o desperdício de matéria-prima pela calibração de componentes e equipamentos, aumentando a produtividade. E ainda reduz a possibilidade de rejeição do produto, resguardando os princípios éticos e morais da empresa no atendimento das necessidades da sociedade em que está inserida, evitando desgastes que podem comprometer sua imagem no mercado. Fonte: Metrologia… (on-line)3. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Metrologia para a Qualidade Alvaro J. Abackerli, Paulo H. Pereira, Maria C. Oliveira e Paulo A. Cauchick Miguel Editora: Elsevier Ano: 2015 Sinopse: com a chegada das normas da qualidade e com a sua adoção para defi nir sistemas de gestão que organizam a produção, a importância das medições foi destacada e deslocada do meio científi co para a o meio produtivo. Todo esse processo fez com que o problema de atestar sobre a “Qualidade” dos resultados das medições, portanto a “Qualidade” dos produtos que dependem de medições, migrasse do ambiente puramente científi co para as relações internacionais de comércio, impactando diretamente no meio produtivo que teve que capacitar e se informar a respeito das suas incertezas (de medição) para exportar os seus produtos. Com esse processo o problema da medição deixou de ser particular dos metrologistas, passando a ser discutido no ambiente industrial por profi ssionais não necessariamente voltados a estudar ou desenvolver a Metrologia. Para saber mais a respeito da relação entre qualidade e metrologia, bem como conceitos de rastreabilidade e calibração, acesse o conteúdo disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2009_TN_STO_091_615_13247.pdf>. REFERÊNCIAS ABNT- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9001:2008 - Sis- temas de Gestão da Qualidade – Requisitos. ABNT- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9001:2015 - Sis- temas de Gestão da Qualidade – Requisitos. ABNT- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 13485:2003 - Produtos para saúde - Sistemas de gestão da qualidade - Requisitos para fins regu- lamentares.ABNT NBR ISO/IEC 17025. Requisitos gerais para competência de laboratório de teste e calibração. Rio de Janeiro: ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1999. ABNT NBR ISO 10012. Sistemas de gestão de medição - Requisitos para os pro- cessos de medição e equipamentos de medição. Rio de Janeiro: ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2004. ALBERTAZZI JR. A. G.; SOUZA, A. R. Fundamentos de Metrologia Científica e In- dustrial. 1. ed. São Paulo: Manole, 2008. ANVISA-AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. RDC n. 16 de 28 de março de 2013: Regulamento técnico de boas práticas de fabricação de produtos médicos e produtos para diagnóstico de uso in vitro. BRASIL. Ministério das cidades. SIAC Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da construção Civil: PBQP-H Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat. Publicada pela Portaria n. 118 de 15 de março de 2005. Disponível em: <http://www.pbqp-h.com.br/arquivos/download/ regimento_siac_completo.pdf> Acesso em: 23 fev. 2016. BRASIL. Ministério da saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC N.16 de 28 de março de 2013. Disponível em:<http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0016_28_03_2013.pdf> Aces- so em 13 abr. 2016. CIMM. Definição: O que é certificado de calibração. Disponível em:<http://www. cimm.com.br/portal/verbetes/exibir/801-certificado-de-calibracao> Acesso em 1 jul. 2016. COSTA, A. F. B.; EPPRECHT, E. K; CARPINETTI, L. C. R. Controle estatístico de qualida- de. São Paulo: Atlas, 2004. FIDÉLIS, G. C. As características desejadas para um padrão de calibração. 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O aluno pode citar 3 das 6 vantagens da calibração descritas a seguir: - Fornecem informações válidas e úteis que podem auxiliar no processo de toma- da de decisão. - Garante que os equipamentos sejam capazes de fornecer os resultados deseja- dos de forma precisa. - Manter o nível de desempenho das máquinas e equipamentos. - Auxiliar nos requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade deixando os disposi- tivos sempre em constante disponibilidade. - Redução de custo retrabalho, refugos, melhoria contínua e aprimoramento dos processos. - Satisfação dos clientes e aumento da produtividade. 3. O ajuste deve ser realizado quando o equipamento não atender aos requisitos definidos, podendo ser definido como uma operação corretiva (manutenção) destinada a fazer que um equipamento de medição tenha desempenho compa- tível com o seu uso. 4. Alternativa E. 5. Alternativa D. CONCLUSÃO 169 Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma etapa, juntamente com este material da disciplina de Controle da Qualidade e Metrologia. Espero que você te- nha aprendido um pouco mais a respeito desses dois assuntos tão importantes da área da qualidade. Você pode observar que a qualidade deve ser buscada por todas as organizações, pois os clientes estão cada vez mais exigentes e as empresas precisam ser competi- tivas. Com a qualidade as empresas conseguem produtos mais padronizados, pro- cessos de trabalhos mais organizados, menores custos e, consequentemente, uma maior satisfação dos seus clientes. Ao definirmos qualidade, abordamos muitos conceitos, uma vez que qualidade é algo subjetivo, isto é, o que é qualidade para mim, pode não ser para você. No en- tanto, exprimindo todas as definições expostas, podemos dizer que qualidade são características de um produto ou serviço que atende à necessidade dos clientes e também suas especificações técnicas, não apresentando problemas. Deixamos claro que a qualidade é essencial em todas as etapas do processo produ- tivo, não se restringindo apenas ao produto final, mas sim desde o desenvolvimento do produto até as atividades pós venda. Por isso, a necessidade de realizar um efe- tivo Controle da Qualidade. O Controle da Qualidade é responsável por planejar, manter e melhorar a qualidade do cliente, sendo a inspeção da qualidade uma forma de realizar este controle, po- dendo ser aplicada a qualquer produto de qualquer empresa. Vimos que a metrologia é considerada um dos pilares de sustentação da Qualidade, que objetiva fornecer confiabilidade, universalidade e qualidade às medidas, sendo estas unidades de medida padronizadas mundialmente pelo Sistema Internacional de Unidades (SI). Também conhecemos como é organizada a estrutura do sistema metrológico, bem como as áreas três da metrologia (legal, industrial e científica). Para melhor compreensão da metrologia e sobre a medição, abordamos nesse livro o tema Sistemas de Medição, no qual identificamos seus os componentes, análise, variação e qualidade. Os erros de medição foram definidos, assim como a incerte- za de medição, onde foi possível verificar que o conhecimento desses valores são extremamente importantes para avaliarmos quantitativamente os resultados da medição. Outra questão acompanhada foi a utilização da metrologia como requisito dos sis- temas de gestão da qualidade e, você pode compreender que a metrologia visa assegurar resultados confiáveis nos processos de monitoramento e medição na pro- dução de produtos e serviços das empresas que buscam implantar um Sistema de Gestão da Qualidade, como por exemplo, a ISO9001. Espero que você aproveite ao máximo os conteúdos expostos e busque de forma contínua o conhecimento. Sucesso! CONCLUSÃO