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PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR PIM EXPERIMENTAÇÕES DE LINGUAGEM VISUAL E MULTIMÍDIA - ATHALANTA


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PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR – PIM 
EXPERIMENTAÇÕES DE LINGUAGEM VISUAL E MULTIMÍDIA – 
ATHALANTA ESCRITÓRIO DA MODA 
 
Eduardo Faria 
Érika Moreira Fonseca 
Luís Carlos César Fraga 
Nadir Luz Lopes 
Élen Ferrai 
Vinicius Gomes Barbosa1 
Prof. Júlio Alessi 
Profa. Fernanda Motta2 
 
RESUMO 
 
 
A moda constitui uma força motora de vários setores da economia. Atual 
tendência de consumo, ela representa vários estilos e é influenciada por fatores 
sociais, econômicos e culturais. Nessa perspectiva de consumo, os catálogos de 
moda exercem grande influência, traduzindo o conceito da marca e despertando 
interesse pela compra de produtos. Como a moda está ligada a comportamentos 
culturais que se estabelecem por meio das relações sociais e de consumo 
existentes em cada período histórico, partiu-se desta linha de pesquisa para, 
posteriormente, conectá-la ao contexto da comunicação e, assim, ressignificá-la 
com base na linguagem visual. O foco principal deste projeto, portanto, está na 
interrelação entre conteúdos e metodologias de disciplinas do curso de 
publicidade e propaganda (laboratório de internet, comportamento do consumidor, 
fotografia, atendimento publicitário e metodologia de projeto), tendo-se como 
resultado final a produção de um catálogo comercial ou conceitual de moda, a 
partir de um projeto de negócios proposto para este setor. 
 
PALAVRAS-CHAVE: moda, projeto interdisciplinar, comportamento do 
consumidor, linguagem visual e mutimídia 
 
 
 
1 Alunos do Curso Comunicação Social – Habilitação em Publicidade e Propaganda da 
Faculdade Promove de Sete Lagoas – Campus I 
2 Professores Orientadores do Curso de Comunicação Social - Habilitação em 
Publicidade e Propaganda da Faculdade Promove de Sete Lagoas – Campus I. 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
“A moda passa e o estilo fica”. 
Coco Chanel 
 
O homem descobriu que possuía a necessidade de se vestir ainda na pré-história, 
quando a sua própria pele já não era capaz de sustentar o calor do corpo, nas 
baixas temperaturas da era glacial. Atualmente, essa necessidade ganhou status 
de desejo. A vestimenta passou a ser mais ornamentada e ganhou variações que 
demonstram o caráter e o perfil do usuário. 
 
Com o passar dos anos, as peças de vestuário vêm sofrendo alterações 
significativas, de acordo com o contexto histórico ligado a cada época em suas 
dimensões sociais, culturais, econômicas e tecnológicas. As roupas passam a se 
diferenciar quanto a cortes, texturas, cores, estampas e acessórios. Assim como o 
homem da caverna necessitava mudar seu tipo de vestimenta de acordo com as 
condições climáticas; o indivíduo contemporâneo acompanha esse processo de 
variações, mas com muito mais condicionado por fatores expressivos de valor, 
ligados a status, diferenciação social, afiliação, dentre outros. 
 
Estabelece-se, assim, um novo conceito para o termo “moda”, simbolizando muito 
mais do que o “simples” ato de se vestir. Hoje, as pessoas não procuram apenas 
proteção, segurança, quando escolhem o que vestir. Suas escolhas exprimem 
valores, atitudes, estilos de vida, tornando o processo de criação muito mais 
complexo do que uma simples adaptação das vestimentas às estações do ano. 
 
E, nesse novo cenário, as estratégias de marketing absorvem todas as influências 
socioculturais e psicológicas associadas aos consumidores-alvo, carregando 
propostas de valor exclusivas e altamente valorizadas por eles. Parte-se do 
princípio que as pessoas buscam, cada vez mais, criar identidade com 
determinados grupos e se diferenciar de outros por meio do que vestem, elas 
utilizam a moda para se situarem no contexto sócio-econômico e cultural em que 
vivem. 
Nesse sentido, o marketing se aplica ao setor da moda, sendo que pesquisas 
embasam desde a concepção das coleções até o lançamento e divulgação de 
campanhas junto aos consumidores-alvo. Para que a moda criada possa criar 
identidade com ferramenta chamada comunicação. 
 
Neste ponto as grifes, estilistas, grandes marcas e confecções utilizam, de forma 
crescente, as ferramentas da comunicação integrada de marketing para associar 
ideias e conceitos aos produtos, gerando efeitos de identificação e mesmo de 
aspiração em relação a determinado estilo de vida. 
 
Inserida no planejamento da comunicação, a linguagem visual ganha crucial 
importância, sendo capaz de gerar os estímulos que criarão os “enredos” 
necessários para contar histórias que os consumidores valorizem. Catálogos 
fotográficos e editoriais ganharam uma dimensão artística, sendo o apelo estético 
um fio condutor por meio do qual se cria o elo entre as marcas e consumidores. O 
fotógrafo de moda deve ser capaz, portanto, de traduzir as tendências e conceitos 
trabalhados pelo estilista em imagens, e o publicitário deve alinhar todas estas 
mensagens, criando uma sinergia quanto aos conceitos aplicáveis à marca e 
representando-os nas campanhas de comunicação. Juntos, esses profissionais 
têm como objetivo seduzir o consumidor, atrair sua atenção para que ele 
considere as opções apresentadas como a melhor forma de representar sua 
posição diante da sociedade. 
 
O foco principal deste projeto, assim, está no desenvolvimento e integração das 
metodologias de disciplinas do curso de publicidade e propaganda (laboratório de 
internet, comportamento do consumidor, fotografia, atendimento e metodologia de 
projeto), tendo-se como desafio a criação de um conceito de negócio no setor da 
moda e a produção de um catálogo fotográfico digital, como forma de 
materialização deste conceito. 
 
Para fundamentar o projeto investiu-se, inicialmente, em pesquisa exploratória 
para entender a evolução da moda, os fatos históricos e transformações sociais 
que a influenciaram, bem como os desdobramentos decorrentes. Realizaram-se 
consultas a sites especializados, entrevistas com consultores de moda e análises 
de catálogos, editoriais e vídeos de diversas marcas. Por meio do estudo das 
obras dos grandes mestres das artes plásticas, foram identificadas técnicas de luz 
e sombra perceptíveis nos trabalhos fotógrafos de moda consagrados. 
Verificaram-se, ainda, de forma exploratória, indícios do impacto dos fenômenos 
culturais, sociais e econômicos nos modos, costumes e formas de se vestir das 
pessoas, em diversos períodos históricos (a sobriedade nos períodos de guerra, a 
libertação representada pelas conquistas de direitos pelas mulheres e pela 
entrada destas no mercado de trabalho, etc.). 
 
Por fim, uma fonte fundamental para o desenvolvimento deste trabalho foi o relato 
de aspectos psicográficos associados ao perfil feminino apresentado por França 
(2000). Ele serviu de base para a criação do conceito da marca Athalanta – 
releitura do mito da mulher executiva multitarefa, desenvolvida pelos autores 
deste trabalho. 
 
REFERENCIAL TEÓRICO 
 
A proposta de construção de um catálogo fotográfico digital vinculou-se ao 
conceito de negócio proposto e motivou a busca de referências artísticas e 
históricas e o adequado entendimento de dimensões socioculturais e 
psicográficas associadas ao universo feminino (comportamentos, atitudes, 
valores), de acordo com Samara & Morsch (2005). 
 
O primeiro catálogo de moda de que se tem notícia, de acordo com Santos (2009) 
é datado do século XIX, e foi produzido a pedido da Condessa de Castiglione 
pelos fotógrafos Mayer & Pierson. As fotos resultaram em um álbum com 
duzentos e oitenta e oito modelos de roupas que a condessa apreciava. Criava-
se, assim, o primeiro projeto vinculando moda a fotografia; ou o primeiro book ou 
catálogo fotográfico de moda. 
 
Ainda de acordo com Santos (2009), no contexto brasileiro, o século XIX foi 
acompanhado por grandes mudanças na estrutura social, processo deflagrado, 
principalmente, a partir da chegada da família Real ao Brasil. A existência da 
corte passoua influir na vida da mulher do Rio de Janeiro, exigindo-lhe mais 
participação. Dentro deste contexto, a moda assumiu significativa importância 
para a mulher que morava nas cidades. As tendências européias eram copiadas e 
jornais e revistas começaram a reproduzir gravuras para deixar suas leitoras por 
dentro destas tendências. 
 
Nesse sentido, portanto, as fotografias de moda podem também ser consideradas 
como documentos ou fontes históricas e não somente como meras ilustrações de 
um catálogo. A fotografia de moda que não é uma fotografia qualquer, pois ela 
comporta unidades e regras específicas e forma, no interior da comunicação 
fotográfica, uma linguagem particular que tem seu léxico e sua síntese. A 
fotografia de moda deve ser pensada, consequentemente, como elemento de 
comunicação, carregando significados construídos a partir do desenvolvimento de 
uma linguagem específica, ou seja, a partir da “leitura” adequada do perfil da 
consumidora-alvo, não somente em suas dimensões demográficas (sexo, idade, 
renda, estado civil), mas também socioculturais e psicográficas (autoconceito, 
valores, estilo de vida, atitudes). 
 
Sendo a moda um fenômeno em constante mudança, a produção fotográfica tem 
como função registrar e acompanhar, com a mesma rapidez, as transformações 
sociais pelas quais vão passando as mulheres. Assim, a liberdade social buscada 
nos anos 20, o retorno do glamour e da sofisticação no pós-guerra e a rebeldia 
dos anos 60 e 70 são registros históricos capazes de ser percebidos e 
compreendidos por meio de análises fotográficas. 
 
Assim, Santos (2009) situa a fotografia de moda como um registro importante da 
cultura e da sociedade, em determinada época, revelador das aspirações, dos 
gostos e das proibições, não abarcando somente a descrição da moda e do estilo 
fotográfico, mas as influências artísticas, comerciais, sociais e culturais na moda. 
 
 
 
 
A moda como negócio 
 
A moda, de acordo com Cobra (2010), é mais do que um reflexo de estilo de vida. 
É, acima de tudo, um padrão a ser seguido. Nesse contexto, os profissionais de 
marketing estudam o comportamento do consumidor, procurando descobrir suas 
motivações de compra com o objetivo de desenvolver produtos que se transformarão em 
objetos de desejo. A moda é, na visão do autor (2010) um ambiente fortemente 
influenciado pela mídia, ela diferencia, valoriza e enriquece o ego das pessoas. Influi em 
comportamentos e é influenciada por eles. A moda atual é um negócio globalizado que 
acompanha as tendências da economia, estimulando o consumo e estabelecendo um 
ciclo de vida para os produtos que tende a ser cada vez mais curto. 
 
É fato que as pessoas não compram somente para satisfazer suas necessidades 
de cobrir o corpo, mas sim para atender a desejos subjetivos. Necessidades de 
afiliação social, status e realização explicam mais porque as pessoas consomem 
moda, nos dias atuais, do que qualquer outro aspecto. Assim, o comportamento 
do consumidor, sobretudo em suas dimensões socioculturais e psicográficas, 
passam a ser a base para o desenvolvimento de trabalhos publicitários na área. 
 
Na publicidade de moda, a visualização dos produtos, em contextos de consumo 
que criem identificação e aspiração, estimula o desejo de compra por parte das 
consumidoras. Os catálogos de moda se inserem nesse panorama, ao criarem 
uma ambientação e uma manifestação de estilo de vida que representam 
dimensões simbólicas fortemente associadas ao imaginário do público feminino 
de consumo. 
 
 O catálogo fotográfico representa, portanto, instrumento poderoso para o negócio 
da moda pois faz com que o processo persuasivo seja endereçado, 
predominantemente, ao olhar: é promessa de beleza, sedução das aparências, 
ambiência idealizada antes de ser informação. Como produto publicitário, ele cria 
uma conexão entre os signos vinculados ao sistema de moda e os signos do 
sistema social, construindo narrativas carregadas de significados, o que atrai a 
atenção do consumidor-alvo. O catálogo fotográfico de modo é, portanto, acima 
de tudo, a “experimentação criativa” da construção de um ambiente, de uma 
atmosfera propícia ao consumo. 
 
Perfil de consumo da mulher contemporânea no país 
 
As mulheres brasileiras movimentam, hoje, R$ 1,3 trilhão em bens e consumo, 
formando o maior mercado consumidor do país. Administrando um montante 
superior à sua massa salarial, as brasileiras não apenas decidem e compram 
diretamente, mas também influenciam e controlam parte dos salários masculinos. 
E, mais do que a própria renda, elas gerenciam o orçamento familiar como um 
todo. Em segmentos de produtos específicos como vestuário elas detêm 83% das 
decisões de compra (Petterie & Maletta, 2010). 
 A mulher contemporânea pesquisa os melhores preços, quer estar em dia com 
moda e estilo, cuida da saúde e estética, preza pela praticidade e concede 
espaço, em seu dia a dia, para produtos que venham ao encontro de suas 
necessidades, que vão desde as mais básicas às mais complexas, de ordem 
sociocultural e psicológica. Seu principal desafio é equilibrar vida pessoal e 
profissional, sendo que ela acumula tarefas e vivencia uma rotina corrida. A 
internet é a principal mídia consumida - são 31 milhões de mulheres na web - e 
93% delas usam rede social. Na hora de comprar, ela está atenta à qualidade dos 
produtos e aos conceitos e valores que as marcas transmitem3. 
 
A mulher contemporânea é estereotipada como "supermulher" e se sente 
pressionada, considerando este um padrão de excelência inatingível que soa 
 
3
 Disponível em: http://www.bolsacorp.com/pt/area/2-pesquisa/ 
falso, distante da realidade e gera angústia (Al-Assal, 2010) 4. 
 
Isso parece explicar porque as mulheres são, cada vez mais, intuitivas e 
detalhistas em suas escolhas, uma vez que elas constroem significados por meio 
do consumo de moda, buscando fugir do estereótipo de “supermulher” e criar seu 
autoconceito, fazendo uma ressignificação de sua posição na sociedade, a partir 
de escolhas mais pessoais, emocionais. A emoção, portanto, é um ingrediente 
que cria conexão entre as mulheres e as marcas, fazendo que com elas se 
lembrem mais delas, que cogitem inseri-las em suas escolhas de consumo para 
manifestarem sua visão de mundo, valores e atitudes junto à sociedade e aos 
grupos sociais em que se inserem. 
 
ANÁLISE DO MERCADO REGIONAL 
O termo SWOT é uma sigla formada pelas iniciais das palavras inglesas: 
Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e 
Threats (ameaças) 5. 
A análise SWOT é uma ferramenta de gestão e planejamento que permite uma 
avaliação do mercado para embasar a tomada de decisões estratégicas, 
sinalizando os pontos fracos e fortes, as oportunidades e fraquezas que 
constituem o ambiente interno e externo em que a empresa atua. 
Por meio desta avaliação é possível estabelecer estratégias e metas, minimizar 
os efeitos negativos e potencializar a linha de ação para a melhoria do 
desempenho da organização. 
Assim, ao se analisar o mercado regional, considerou-se as seguintes dimensões 
que fundamentaram a concepção do projeto Athalanta Escritório da Moda: 
 
 
4 Disponível em: http://www.santanderempreendedor.com.br 
5 Disponível em: http://www.cedet.com.br/index.php?/Tutoriais/Marketing/analise- 
Oportunidades 
- Crescimento econômico da região. 
- Importância crescente das mulheres no contexto de consumo regional. 
- Ampliação da participação das mulheres no mercado de trabalho regional. 
- Novos investimentos empresariais na região. 
- Poucas marcas se preocupam em construir relacionamento com o consumidor-
alvo. 
Ameaças 
- Crescente presença de marcas de âmbito nacional e internacional (via internet) no 
mercado regional, com grandes orçamentospara produções publicitárias e 
intensa visibilidade. 
- Consumidoras-alvo têm como referência marcas da capital, Belo Horizonte. 
- Crescentes investimentos em publicidade por parte das marcas regionais. 
Forças 
- Estabelecimento da marca Athalanta escritório de moda com base em análises 
socioculturais e psicográficas, e não apenas demográficas, das consumidoras-
alvo. 
- Maior proximidade com as consumidoras-alvo pelo conhecimento do contexto 
regional em que elas se inserem. 
- Presença nas mídias digitais, representando comodidade e relacionamento 
contínuo com as consumidoras-alvo. 
Fraquezas 
- Marca nova no mercado, competindo com marcas regionais já consolidadas e 
com marcas nacionais/internacionais distribuídas regionalmente. 
- Poucos recursos financeiros para investimento. 
 
POSICIONAMENTO – O PROJETO ATHALANTA ESCRITÓRIO DE MODA 
 
 É fato que a consumidora de moda não compra produtos, mas sim as emoções e 
o prestígio que a marca proporciona. Dentro desse novo contexto de presença 
intensiva das mulheres no mercado de trabalho, e da necessidade delas 
compatibilizarem a dimensão profissional com a pessoal, estabelece-se a 
proposta da marca ATHALANTA, que propõe fugir da “armadilha” da 
masculinização da figura feminina motivada por sua maior presença no mercado 
de trabalho, agregando feminilidade e sensibilidade ao conceito de mulher 
contemporânea difundido. A marca busca transmitir valores de conforto, elegância 
e prazer para que a mulher contemporânea se sinta realizada não apenas no 
âmbito profissional, sincronizando suas demandas por crescimento com o resgate 
da dimensão feminina, emocional. Palavras associadas à marca ATHALANTA 
são: realização, elegância, feminilidade, sensibilidade, prazer, bem-estar. 
 
A criação do conceito do negócio Athalanta Escritório da Moda 
 
Uma proposição interessante para estabelecer o conceito da marca ATHALANTA 
é recorrer à mitologia, sendo que esta serve para fazer refletir e reafirmar a 
identidade criada junto às consumidoras-alvo. Segundo Cobra (2010), a marca 
representa um conceito da marca ou produto na mente das pessoas e, em se 
tratando de moda, tem forte apelo onírico, imaginativo, com elos emocionais 
sendo estabelecidos. A marca do catálogo de Moda Primavera 2012 ATHALANTA 
foi desenvolvida, portanto, com base em um personagem feminino da mitologia 
grega denominado Atalanta. Segundo França (2000), a mulher Atalanta é aquela 
perfeitamente capaz de competir em pé de igualdade com os homens, que foca 
em sua carreira profissional, e que se encontra em desequilíbrio em sua vida 
pessoal, até que ser chamada a refletir sobre o real sentido de sua vida. 
 
QUADRO 1 – O mito de Atalanta 
Atalanta era uma heroína grega, protegida da Deusa Artemis, cujo prazer e objetivo principal na 
vida eram competir e vencer nas corridas e jogos. Não tinha tempo para o amor e opunha-se ao 
casamento. Cedendo a insistência do seu pai acerca da necessidade de descendentes para 
herdar o seu reinado, Atalanta aceita casar-se com um pretendente que a vencesse em uma 
disputa. O jovem Hipómenes que já era apaixonado por Atalanta e ciente da sua inabilidade 
atlética, recorreu ao templo de Afrodite – a deusa do amor – pedindo-lhe orientações de como 
vencer Atalanta nesta disputa e ganhar o seu coração. Afrodite entregou ao rapaz três pomos de 
ouro explicando-lhe que durante a corrida ele deveria jogá-las pausadamente pelo caminho de 
Atalanta. Ele assim o fez , e a cada pomo lançado, Atalanta atraída pelo brilho, reduzia o passo e 
apanhava o objeto para admirá-lo. Acabou sendo ultrapassada por Hipómenes que venceu a 
corrida e tornou-se seu esposo. 
Fonte: Blog Sutseg
6
 
 
6 Disponível em: http://sutseg.blogspot.com/2011/02/o-mito-de-atalanta-uma-bela-de-uma.html 
 Na correria do dia a dia, a mulher Atalanta corre o risco de desaprender a ser 
criança, de sentir-se culpada ao relaxar. Obcecada pela questão “o que devo 
fazer?” ela pode acabar se esquecendo de se perguntar “o que quero fazer”. Para 
se realizar na vida pessoal, precisa perceber a importância de aproveitar a vida 
enquanto é tempo. Ela precisa renunciar a vencer a corrida, perceber que nem 
tudo na vida é uma competição, e que amar e ser amada também é fundamental 
para a felicidade. No caso do projeto, o mito de Atalanta, que se relaciona com o 
perfil da mulher focada em sua carreira profissional, constituiu a principal 
inspiração para o desenvolvimento da marca. 
 
De acordo com Bolen (1984)7, os arquétipos, que são moldes ou formas 
psíquicas presentes no inconsciente coletivo, encontram representação nos três 
pomos ligados ao mito de Atalanta, sendo forças que atuam no modo de pensar, 
ser e agir da mulher, modificando seus estados de consciência : 
 
Pomo 1: Consciência do Tempo que Passa 
 
 No princípio da corrida, Hipómenes lançou o primeiro pomo de ouro no caminho 
de Atalanta, que se sentiu atraída pelo seu brilho e abrandou o passo para 
apanhá-lo. Hipómenes ultrapassou-a enquanto ela, encantada, observava o pomo 
que apanhara. Viu-se refletida nele, com o rosto distorcido pelas curvas do fruto e 
pensou: “Terei este aspecto quando envelhecer”. 
 
Muitas mulheres ativas não têm consciência da passagem do tempo até a meia-
idade, quando os desafios da competição e a busca frenética por resultados se 
dissipam. Nesse momento, propõe-se à mulher contemporânea que ela perceba 
que não será eternamente jovem e que reflita sobre o caminho a sua qualidade de 
vida. 
 
 
 
7 Bolen, Jean Shinoda. “As Deusas em cada Mulher”, Planeta Editora. Disponível em 
http://sutseg.blogspot.com 
 Pomo 2: Consciência da Importância do Amor 
 
A seguir, Hipómenes lançou o segundo pomo. Atalanta, que tinha se concentrado 
de novo na corrida e ultrapassado Hipómenes sem esforço, parou para apanhar o 
segundo pomo de ouro de Afrodite. Foi tomada por recordações de Meléagro, o 
amante desaparecido. Afrodite provocou nela um profundo desejo de intimidade 
física e emocional. 
 
Quando este desejo se combina com a consciência da passagem do tempo, uma 
nova receptividade ao amor e à intimidade pode levar a mulher contemporânea a 
valorizar as relações de afeto e emoção. 
 
Pomo 3: Instinto de Procriação e Criatividade 
 
Já se via a linha de chegada quando Atalanta alcançou Hipómenes novamente. 
Estava prestes a ultrapassá-lo e a ganhar a corrida quando ele lançou o terceiro 
pomo de ouro. Atalanta hesitou meio segundo: deveria passar a linha e ganhar a 
corrida ou apanhar o pomo e perder? Optou por apanhá-lo no momento exato em 
que Hipómenes atravessava a linha, ganhando a corrida e conquistando a mão de 
Atalanta em casamento. 
 
O instinto de procriação de Afrodite (ajudada por Deméter) faz abrandar o passo 
de muitas mulheres ativas e orientadas para objetivos, na passagem dos trinta 
para os quarenta anos. Mulheres concentradas numa carreira são muitas vezes 
apanhadas desprevenidas pelo desejo urgente e irresistível de ter filhos. 
 
Este terceiro pomo de ouro também pode representar algo mais que a fertilidade 
biológica. Depois da meia-idade, a realização pode tornar-se menos importante. 
Em contrapartida, a criatividade simbolizada por Afrodite dirige-se para a 
transformação da experiência em qualquer forma de expressão pessoal. Segundo 
França (2000), o perfil da mulher moderna e independente, autônoma, sempre 
existiu. Ela apareceu na Grécia, em Roma, na Idade Média. Só que não era um 
personagem dominante. Ela estava escondida. O movimento feminista no século 
XX trouxe este personagem de volta. 
 
 Nesse sentido, pode se falar de um “mito” da mulher moderna. Este perfil surgiu 
após a Segunda Guerra Mundial quando a mulher começou a se inserir em 
mercado de trabalho. Na prática, o mito da mulher moderna consisteem ela se 
tornar independente, auto-suficiente, sendo mãe, dona de casa e acumulando 
várias funções, ou seja, uma “supermulher”. 
 
A proposta expressiva de valor da marca ATHALANTA, desenvolvida para este 
trabalho, envolve convidar a mulher contemporânea a descobrir qual é a sua 
história, o que a realiza realmente, recuperando a dimensão feminina, em 
detrimentos de valores competitivos, e partindo para a cooperação. A ênfase está 
no equilíbrio entre vida pessoal e profissional, entre trabalho e prazer. A questão 
não está na quantidade do tempo, mas na qualidade. 
 
FIGURA 1 – Marca Athalanta 
 
Fonte: desenvolvida pelos autores. 
 
ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO DA MARCA ATHALANTA 
 
Por se tratar da proposição de uma marca nova no mercado regional, envolvendo 
o lançando de uma coleção de roupas, adotou-se como estratégia de campanha o 
foco no produto, evidenciando diferenciais ligados a valores e estímulos 
emocionais para criar vínculos com a consumidora-alvo. Optou-se pelo 
desenvolvimento de ações na internet e nas mídias sociais pela facilidade de 
acesso ao público e pela possibilidade de fornecer conteúdos que estejam ligados 
ao universo deste e sejam por ele valorizados. 
 
Principais ações 
 
 Desenvolvimento de um catálogo de moda online centrado nos valores 
representados no mito de Atalanta, utilizando-se como modelo uma 
personalidade reconhecida na região que personifica esta mulher que é 
mãe profissional, que sabe equilibrar as dimensões racionais e emocionais 
em sua vida. O catálogo completo está disponível através do link: Catálogo 
fotográfico Athalanta (clique em cima do link com o botão direito do mouse 
e escolha abrir link). 
 
FIGURA 2 – Imagens do Catálogo Fotográfico 
 
Fonte: desenvolvido pelos autores 
 
 
 
 
 
FIGURA 3 – Imagens do Catálogo Fotográfico 
 
Fonte: desenvolvido pelos autores 
 Criação de plataformas digitais para interação com as consumidoras-alvo – 
Blog e página da marca ATHALANTA no facebook – enriquecendo a 
experiência da comunicação, com um baixo investimento. O blog criado 
está disponível através do link: escritório da moda (clique em cima do link 
com o botão direito do mouse e escolha abrir link). 
FIGURA 3 – Blog da marca Athalanta 
 
Fonte: desenvolvido pelos autores 
 Produção de um vídeo ilustrativo do catálogo, disponível através do link: 
Vídeo Catálogo Athalanta (clique em cima do link com o botão direito do 
mouse e escolha abrir link). E registro do Making-Of do processo de 
produção, disponível através do link: Making of Athalanta (clique em cima 
do link com o botão direito do mouse e escolha abrir link). 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Sendo o catálogo fotográfico de moda uma forma de registro histórico da cultura e 
comportamento feminino contemporâneo, sua “alma” precisa revelar mais do que 
simplesmente os atributos estéticos da mulher. Há fortes indícios de que a 
consumidora de moda não compra produtos, mas sim emoções, sentimentos e 
valores que a marca a marca evoca. A proposta da marca ATHALANTA é 
destacar a dimensão feminina e sensível da mulher contemporânea, muitas vezes 
“sufocada” por uma visão estereotipada da “supermulher” e da profissional 
altamente competitiva no mercado de trabalho. A marca propõe, portanto, o 
resgate de valores ligados à elegância, feminilidade, auto-realização e bem-estar 
que estão perdendo espaço no mundo de hoje para a imagem de uma mulher 
agressiva, masculinizada, desprovida de emoções. 
A realização do ensaio fotográfico proporcionou aos autores a prática das 
técnicas aprendidas nas disciplinas de Atendimento Publicitário e Fotografia. 
Destacam-se o planejamento de todos os processos de produção, a partir de um 
briefing, e as escolhas quanto à iluminação (medição, efeitos luz e sombra) e ao 
uso de lentes adequadas a cada circunstância, na composição e direção, tanto 
em locações externas e de estúdio. As vivências obtidas nas etapas de pré e pós-
produção demonstraram a necessidade e importância do planejamento para a 
eficácia de resultados. 
 Já as pesquisas para fundamentação do processo de desenvolvimento destes 
produtos midiáticos veio do estudo das teorias de comportamento do consumidor, 
da consideração de que o consumidor precisa ser compreendido em suas 
dimensões concretas e simbólicas, percebendo-se suas características 
demográficas, socioculturais e psicográficas. No que diz respeito à disciplina 
Laboratório de Internet, ela permitiu que se encontrasse o melhor contexto para 
veiculação do trabalho realizado, demonstrando que o ambiente digital é hoje um 
dos principais ambientes de negócios junto ao universo feminino de consumo, 
demandando planejamento adequado e estratégias coerentes de comunicação. 
Por fim, através da metodologia de projetos proposta na disciplina Projeto 
Integrador Multidisciplinar foi possível compreender que investir na devida 
divulgação de um projeto acadêmico é tão importante quanto planejá-lo e 
desenvolvê-lo. Compartilhando conhecimentos adquiridos e resultados obtidos, 
como os autores fizeram por meio deste artigo, demonstra-se um verdadeiro 
“espírito” científico, contribuindo-se para a ampliação do conhecimento acumulado 
nas áreas de comunicação e marketing. A partir dos resultados obtidos neste 
trabalho, abrem-se novas linhas de pesquisa e de experimentação prática que 
estimulam um aprendizado contextualizado na realidade sócio-cultural e 
econômica vigente, bem como ampliam os horizontes de todos os envolvidos, 
consolidando a valorização do conhecimento acadêmico produzido coletivamente. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 AL-ASSAL, Paulo. O que as marcas e a propaganda precisam saber sobre a mulher 
contemporânea. Disponível em: http://www.santanderempreendedor.com.br. Acesso em: 
12/03/2010. 
 ALMANAQUE DA FOLHA. Disponível em: http://almanaque.folha.uol.com.br/anos40.htm. 
Acesso em: 18/02/2011. 
 
 A MODA NA PUBLICIDADE: apresentações com estilo e o estilo nas apresentações. 
Disponível em: http://bocc.ubi.pt. Acesso em: 18/02/2011. 
 
 ANDION, Maria Carolina; Fava, Rubens.Planejamento Estratégico. Disponível em: 
http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/empresarial/3.pdf. Acesso em: 11/05/2011. 
 
 BOLEN, Jean Shinoda. As Deusas em cada Mulher. Planeta Editora. Disponível em: 
http://sutseg.blogspot.com. Acesso em: 11/05/2011. 
 
 COBRA, Marcos. Marketing & Moda. São Paulo. Cobra Editora/Senac: 2ª edição, 2010. 
 
 COSTA, Jefferson Magno. Por que o ser humano se veste?. Disponível em: 
http://jeffersonmagnocosta.blogspot.com/2010/06/por-que-o-ser-humano-se-veste-e.html. 
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 SANTOS, Ellen Balbo dos. Representações do catálogo de moda na sociedade e sua 
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