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ISSN 2176-1396 MEDIDA PROVISORIA 746/2016 E SEU IMPACTO NO ENSINO MÉDIO EM BUSCA DE UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE Raquel Coutinho Kaseker1 - PUCPR Norma Suely dos Santos Sanson 2 - PUCPR Eixo – Políticas Públicas e Gestão da Educação Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo A presente pesquisa tem como tema de estudo a Medida Provisória (MP) 746/2016 que visa reformular o formato e o conteúdo pedagógico da etapa escolar do ensino médio. Trazendo como temas polêmicos da reestruturação do ensino, a implementação da Educação em Tempo Integral nas Escolas de Ensino Médio, a possibilidade de escolha de diferentes percursos de formação e a contratação de professores sem licenciatura, que apresentem o "notório saber", entre outros. O estudo se justifica por sua atualidade e relevância em termos de uma educação de qualidade. O problema que orienta a reflexão procura elucidar a seguinte questão: Quais os impactos causados pela Reforma da Educação Básica no país? Tendo como abordagem a implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, a diversidade de itinerário formativo proposto na estrutura curricular e suas consequências sobre a temática da valorização dos Profissionais da Educação? O objetivo do trabalho é investigar a Medida Provisória que traz alterações na Lei 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional) e na Lei nº 11.494/2007 (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). A análise da questão proposta se apoia nos argumentos teóricos de Eyng (2013, 2015), Gomes (2008), Paro (1988), Moreira (2008), Silva (1999), MP (746/2016). A Medida Provisória tem pretensões elevadas, apesar de ser uma medida apenas para um nível de ensino, entretanto se não houver parceria e recursos da União, será difícil alcançar o proposto. Não adianta aumentar o tempo na escola se a estrutura curricular a ser definida pela Base Nacional Comum Curricular – BNCC, não contemplar uma formação integral. Escola em Tempo integral não pode corresponder a "dupla ineficiência". Palavras-chave: Medida Provisória. Educação. Escola integral. Valorização do Professor. Estrutura curricular. 1 Mestranda em Educação pela PUCPR. Graduada em Pedagogia pela PUCPR. Realiza estudos sobre gestão escolar da educação Básica. E-mail: raquelkaseker@gmail.com 2Mestranda em Educação pela PUCPR. Graduada em Pedagogia pela PUCPR.Pós-graduada lato sensu em Administração pela FAE-PR. Realiza estudos sobre Qualidade da Educação Superior. E-mail: normasanson@gmail.com 10038 Introdução O artigo tem como tema de investigação a Medida Provisória nº 746 de 22 de setembro de 2016, que tem em sua ementa a instituição da Política de fomento à implementação de Escolas de Ensino Médio em tempo integral, altera a Lei nº 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e a Lei nº 11.494/07, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, trazendo como principais mudanças, os seguintes aspectos: - Alteração na estrutura do ensino médio, última etapa da educação básica, por meio da criação da Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. - Ampliação da carga horária mínima anual do ensino médio, progressivamente, para 1.400 horas. - Determinação da obrigatoriedade do ensino de língua portuguesa e matemática nos três anos do ensino médio. - Restrição da obrigatoriedade do ensino da arte e da educação física à educação infantil e ao ensino fundamental, tornando as facultativas no ensino médio. - Obrigatoriedade do ensino da língua inglesa a partir do sexto ano do ensino fundamental e nos currículos do ensino médio, facultando neste, o oferecimento de outros idiomas, preferencialmente o espanhol. - Permissão para que os conteúdos cursados no ensino médio sejam aproveitados no ensino superior. - Flexibilização do currículo do ensino médio que será composto pela Base Nacional Comum Curricular - BNCC e por itinerários formativos específicos definidos em cada sistema de ensino e com ênfase nas áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional. - Autonomia dos sistemas de ensino para definir a organização das áreas de conhecimento, as competências, habilidades e expectativas de aprendizagem definidas na BNCC. - Possibilidades de contratação de profissionais com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação ou experiência profissional, atestados por titulação específica, entre outros. 10039 O estudo se justifica por sua atualidade e relevância em termos da Educação Básica e pela polêmica que a Reforma educacional, instituída a partir de uma Medida Provisória impactou na Educação Nacional. O problema que orienta a reflexão procura elucidar a seguinte questão: Quais os impactos causados pela reforma da Educação Básica, a partir da MP 746/2016? O objetivo do trabalho é investigar a MP que traz em sua essência os aspectos da implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, a diversidade de itinerário formativo, e a temática sobre a valorização dos Profissionais da Educação, emanadas a partir desta legislação. A análise da questão proposta se apoia nos argumentos teóricos de Eyng (2013, 2015), Gomes (2008), Paro (1988), Moreira (2008), Silva (1999), MP 746/2016, LDBEN 9.394/96. Na elaboração dos referenciais teóricos será utilizada a pesquisa bibliográfica, que pode ser definida como (MARTINS, 2012, p. 49): “Tipo de pesquisa na qual o pesquisador busca em fontes impressas ou eletrônicas (CD e/ou Internet), ou na literatura cinza, as informações que necessita para desenvolver uma determinada teoria”. Importante também, contextualizar o cenário da Educação Nacional, especificamente do Ensino Médio que é o maior alvo do processo da reforma, que passou a ser priorizada pelo governo, após o país não ter conseguido, por dois anos consecutivos, cumprir as metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação (PNE) quanto à melhoria da qualidade, e ainda obter o maior índice de evasão neste nível de ensino, em todas as séries do ensino, acumulando 19,70% em 2015, segundo dados do Censo Escolar da Educação Básica divulgados no ano de 2016 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, do Ministério da Educação - INEP/MEC, conforme demonstrativo do quadro 1. Quadro 1- Taxa de Rendimento Escolar ENSINO MÉDIO REPROVAÇÃO ABANDONO APROVAÇÃO 1º ano EM 16,6% 530.928 reprovações 8,8% 281.456 abandonos 74,6% 2.385.975 aprovações 2º ano EM 10,1% 263.765 reprovações 6,3% 164.527 abandonos 83,6% 2.183.240 aprovações 3º ano EM 5,9% 128.219 reprovações 4,6% 99.967 abandonos 89,5% 1.945.004 aprovações Fonte: Censo Escolar 2015, Inep. 10040 De acordo com as avaliações periódicas realizadas pelo MEC observadas por meio do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), o Ensino Médio é o que está em pior situação, na Educação Básica, na rede Pública, quando comparado às séries iniciais e finais da educação fundamental: a meta, prevista no Plano Nacional de Educação - PNE para o Ensino Médio era de 4,3, mas o índice ficou em 3,7 na última edição apresentada em 2016, conforme demonstrativo abaixo. Quadro 2 - Índice do PNE do Ensino Médio IDEB Observado Metas 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2007 2009 2011 2013 2015 2021 Total 3.4 3.5 3.6 3.7 3.7 3.7 3.4 3.5 3.7 3.9 4.3 5.2 Dependência Administrativa Estadual 3.0 3.2 3.4 3.4 3.4 3.5 3.1 3.2 3.3 3.6 3.9 4.9 Privada 5.6 5.6 5.6 5.7 5.4 5.3 5.6 5.7 5.8 6.0 6.3 7.0 Pública 3.1 3.2 3.4 3.4 3.4 3.5 3.1 3.2 3.4 3.6 4.0 4.9Os resultados marcados em verde referem-se ao Ideb que atingiu a meta. Fonte: Saeb e Censo Escolar. Esse retrato vem corroborar para o consenso da sociedade brasileira, quanto à deficiência da educação brasileira, neste nível de ensino, que não atende às expectativas nem do Estado, quanto sua função social, percebidas por meio das metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação – PNE, não atendidas quanto à qualidade nem em quantidade e muito menos do aluno que deseja uma formação compatível com suas necessidades e interesses e ou do mundo do trabalho. Nesta perspectiva a Educação Básica, especialmente o Ensino Médio necessita de mudanças urgentes, tanto com o objetivo de melhorar a qualidade educacional, medida a partir dos indicadores estabelecidos pelo Ministério da Educação (MEC), como tornar-se mais atrativa aos alunos que se encontram neste nível de escolaridade, aumentando a quantidade de matriculas e diminuindo os índices de evasão. E é neste contexto de pouca efetividade da educação brasileira, que é instituída a Medida Provisória 746/2016, alvo de grandes protestos e mobilizações pela comunidade escolar e sociedade civil. Medida Provisória 746/2016 Tendo em vista que a reforma da Educação Básica, no Ensino Médio, apresentada em 2016, se deu por meio de Medida Provisória é importante contextualizar o que essa medida representa no cenário Nacional. Portanto, de acordo com a Constituição Federal de 1988, 10041 Medida Provisória é um instrumento com força de lei que é adotada pelo presidente da República em casos considerados de relevância e urgentes. Ela tem efeito imediato e um prazo de validade de até 60 dias, prorrogáveis por igual período. Conforme o Artigo 62 da Constituição Federal institui: Art. 62 Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional... ...§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional. ...§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. § 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional. (BRASIL, 1988) Apesar da relevância e da urgência de melhorias no atual sistema de ensino, a forma como o governo conduziu o processo de reforma do Ensino Médio, foi atropelada e desnecessária, primeiro porque já estava tramitando no Congresso, um Projeto Lei produzido por equipes de trabalho, criadas pelo Ministério da Educação que buscavam alternativas e soluções para um Ensino Médio melhor, e segundo porque MP não é o instrumento adequado para a promoção de políticas públicas especialmente na área educacional. É importante destacar que desde 2013, o Congresso Nacional discute uma reforma para o Ensino Médio no Brasil que estava pronta para ser votada, entretanto a Medida Provisória foi publicada contendo um texto diferente do projeto de Lei, instituindo novas regras para o Ensino Médio no País, sem discussão ou debate com o Legislativo ou com a sociedade civil, motivo pela qual gerou grande polemica e muitos protestos de estudantes, professores e da sociedade civil. Um plano de reformulação da educação é tão importante quanto sua implementação e não pode ser aplicado de cima para baixo. Uma reforma precisa ter o envolvimento e a discussão dos vários atores, do contrário a reforma não atingirá seus objetivos e poderá contribuir para transformar em uma educação excludente, com escolas para poucos e não para todos. 10042 Apesar desse contexto de insatisfação com a instituição da MP 746/2016, sua implementação tem como objetivo combater o modelo obsoleto da educação brasileira e sua implantação prevê alterações na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN e na e a Lei nº 11.494/07, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. Dentre as alterações da MP, um dos aspectos polêmicos, trata sobre o fomento e difusão de escolas em tempo integral, que tem como objetivo oferecer ao aluno uma jornada ampliada de estudos, de forma integrada entre os componentes da base comum e da parte diversificada do currículo. O texto da MP, publicado em 22 de setembro, altera o art. 24 da Lei nº 9.394/96, elevando a carga horária mínima do ensino médio para 1.400 horas, em vez das atuais 800 horas/ano passando a figurar da seguinte forma: Art. 24 Parágrafo único A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do caput deverá ser progressivamente ampliada, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, observadas as normas do respectivo sistema de ensino e de acordo com as diretrizes, os objetivos, as metas e as estratégias de implementação estabelecidos no Plano Nacional de Educação. (BRASIL, 2017) A proposta de ampliação da carga horária na educação básica, elemento basilar na implementação das escolas de tempo integral, deve ser feita de forma articulada e integrada. É necessário que tenha significado para os estudantes e que as escolas não sejam transformadas em uma espécie de colégio interno, pois a educação de má qualidade favorece a evasão. A simples ampliação da carga horária no Ensino Médio, não garante qualidade do ensino, mais tempo na escola não significa mais formação, ao contrário, mais tempo na escola, sem que ela seja convidativa para a permanência do estudante, fará com que o ensino em tempo integral se torne cansativo e improdutivo, levando os alunos a abandonarem os estudos. A educação precisa ser atrativa para nossos estudantes, seja ela em tempo integral ou não. É imprescindível pensar em práticas educativas que favoreçam a educação de qualidade, tomando consciência de como trabalhar os currículos visto as diversidades encontradas na escola. Não apenas propiciando mais do mesmo, em escolas sucateadas e sem profissionais capacitados para atender os alunos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art24p 10043 A Escola em Tempo Integral A escola de tempo integral não é um novo assunto na história da educação brasileira, conforme corrobora Paro (1988), é uma discussão que vem desde a década de 20 no Brasil e na década de 50 aparecem os primeiros elementos geradores da proposta. Já na década de vinte, essas discussões começaram a se fazer presentes, ainda que não necessariamente ligadas ao regime de período integral, mas já apontando para algumas necessidades da população a serem supridas pela educação. Aparecem ai os primeiros elementos geradores do que, na década de cinquenta, delinear-se-ia como uma proposta de educação de período integral. (Paro, 1988.p.189) Em 1950 a proposta de educação integral tem como base a escolanovista, voltadas para as camadas populares. De acordo com Paro. (1988.p.191) Na década de cinquenta reencontramos as propostas de educação integral, só que, dessa feita, advogando-se sua extensão para o âmbito dos sistemas escolares. As bases são ainda escolanovistas, preocupadas com a formação integral, só que agora voltadas para as camadas populares, presentes, nessemomento, as mesmas preocupações da década de vinte com a quantidade e a qualidade do ensino, desta vez, porém, com outra conotação tanto com a quantidade quanto com a qualidade, propondo-se a escola pública que se constitua não apenas como local de instrução, mas também como local de formação integral, como ênfase nesta última. De modo que na década de 50 já se preocupava não somente com a quantidade, mais com a qualidade da educação pública, não apenas como local de instrução, como também como local de formação integral. Vemos agora uma recuperação dessa ideia e propostas voltadas para o ensino médio tanto da rede pública quanto da privada, assumindo uma nova roupagem com uma dimensão pedagógica, “trata-se de saber se a escola de tempo integral contribui para a generalização da educação elementar para todos. ” (Paro, 1988.p.193). A MP 746/2016, traz de volta a dicotomia entre formação geral humanística e a profissional, acentuando a existência de escolas para ricos e escola para pobres, visto a configuração da nova estrutura curricular, que propicia flexibilidade aos sistemas de ensino na escolha da oferta dos itinerários formativos, a partir da separação entre a base comum nacional e as opções por áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências humanas e naturais e ensino técnico profissional. Nesta concepção a ênfase dada, possibilita que os alunos saiam do Ensino Médio com uma visão mais fragmentada e reduzida do conhecimento geral, pois no modelo atual a Base 10044 Nacional Curricular Comum (BNCC) absorve em torno de 2000 das 2400 horas/aulas totais. Na atual proposta da MP, o máximo que poderá ser ofertado pela BNCC serão 1.200 horas/aulas. A MP ainda, ao flexibilizar aos sistemas de ensino, a possibilidade de oferta de apenas uma área de conhecimento por escola, não dá garantia de que as áreas oferecidas em diferentes escolas atenderão a critérios de necessidade regional. Muitos estudantes certamente ficarão sem cursar suas áreas de preferência na escola pública, pois os sistemas de ensino não serão obrigados a oferecer as cinco áreas de aprofundamento. É como se o Estado indiretamente estivesse terceirizando a Educação para a rede privada, assim como fez com a Educação Superior por meio de incentivos como o FIES e o PROUNI, assim, pensamos que esta reforma contém a mesma concepção de exclusão do ensino médio que tínhamos no passado, onde havia uma escola para os filhos da classe trabalhadora com uma formação mais voltada "para o mercado de trabalho", e outra para os filhos da elite, que garantiria uma formação mais abrangente, com vista ao acesso às melhores universidades. Do ponto de vista simplista essa MP além de apresentar um caráter excludente, poderá reduzir a possibilidade de uma formação mais crítica para a maioria dos estudantes matriculados em escolas nas quais sejam oferecidos poucos conteúdos de formação humanística. Segundo Paro (1988.p.197) “... quaisquer propostas que se façam a respeito da extensão diária da escolaridade não podem deixar de dar prioridade, de fato, à universalização da escola, em termos de acesso, permanência e efetiva apropriação de parcela significativa do saber sistematizado...” Acompanhando o pensamento de Paro, quanto à extensão da escolaridade e a universalização da escola, a MP não parece atender esses aspectos, haja vista que a reforma do Ensino Médio, como foi posta poderá reduzir a aprendizagem dos estudantes aos ordenamentos do mercado e fomentar a privatização das escolas. Uma educação integrada, pensada de forma articulada entre as partes comum, diversificada e profissionalizante do currículo, não pode ser executada de forma fragmentada, desconsiderando a concepção de educação básica que vem norteando a legislação da educação brasileira. É necessário que o processo seja contínuo e articulado desde a educação infantil, passando pelo ensino fundamental, até o ensino médio. Teremos mais do mesmo? As instituições de ensino estão preparadas? As estruturas escolares suportam a demanda para o atendimento desses alunos? De Acordo com Paro: 10045 Em que medida a escola de tempo integral fortalece-se ou coloca-se no sentido de promover uma educação de qualidade. A escola de tempo integral surge novamente como uma solução para o velho problema gerado pela crise econômica no âmbito educacional e social dos menos favorecidos. ... os projetos de escola pública de tempo integral parecem, no momento presente, constituir tentativas de sanar deficiências profundas em duas áreas específicas de políticas sociais – a da educação e a da promoção social. No primeiro caso, os projetos apresentam-se como alternativa para enfrentar os sérios problemas de fracasso escolar que percorrem a rede pública de ensino de ponta a ponta, mantendo elevados os índices de evasão e repetência. (Paro, 1988. p. 205) Anos se passaram e a discussão sobre educação em tempo integral continua sendo presente e promovendo as mesmas dúvidas. A reforma que prevê o fomento às escolas de tempo integral no ensino médio, carrega a mesma esperança de antes, de que poderá com mais horas do aluno na escola, enfrentar o fracasso escolar e diminuir a grande evasão neste nível de ensino, que se apresentam alarmantes. O Ensino médio de tempo integral conseguirá promover uma educação de qualidade ou surge novamente como solução de velhos problemas sociais, econômicos e educacionais. Mantendo-se como uma alternativa para suprir os problemas de evasão e repetência no atual ensino médio? Isso só o tempo dirá. Entretanto o fato de suscitar esta discussão sobre a extensão da carga horária a fim de fomentar a educação integral é muito saudável, mas não se pode esquecer também que para uma educação de qualidade se faz necessário investimentos. A MP prevê apoio financeiro da União diretamente aos Estados e Distrito Federal que implementarem o currículo mínimo e o ensino de tempo integral. Conforme define o art.6º da Medida Provisória: Art. 6º São obrigatórias as transferências de recursos da União aos Estados e ao Distrito Federal, desde que cumpridos os critérios de elegibilidade estabelecidos nesta Medida Provisória e no regulamento, com a finalidade de prestar apoio financeiro para o atendimento em escolas de ensino médio em tempo integral cadastradas no Censo Escolar da Educação Básica, e que: I - sejam escolas implantadas a partir da vigência desta Medida Provisória e atendam às condições previstas em ato do Ministro de Educação; e II - tenham projeto político-pedagógico que obedeça ao disposto no art. 36 da Lei nº 9.394, de 1996. § 1º A transferência de recursos de que trata o caput será realizada com base no número de matrículas cadastradas pelos Estados e pelo Distrito Federal no Censo Escolar da Educação Básica, desde que tenham sido atendidos, de forma cumulativa, os requisitos dos incisos I e II do caput. 10046 § 2º A transferência de recursos será realizada anualmente, a partir de valor único por aluno, respeitada a disponibilidade orçamentária para atendimento, a ser definida por ato do Ministro de Estado da Educação. § 3º Os recursos transferidos nos termos do caput poderão ser aplicados nas despesas de manutenção e desenvolvimento das escolas participantes da Política de Fomento, podendo ser utilizados para suplementação das expensas de merenda escolar e para aquelas previstas nos incisos I, II, III, VI e VIII do caput do art. 70 da Lei nº 9.394, de 1996. § 4º Na hipótese de o Distrito Federal ou de o Estado ter, no momento do repasse do apoio financeiro suplementar de que trata o caput, saldo em conta de recursos repassados anteriormente, esse montante, a ser verificado no último dia do mês anterior ao do repasse, será subtraído do valor a ser repassado como apoio financeiro suplementar do exercício corrente. § 5º Serão desconsiderados do descontoprevisto no § 4º os recursos referentes ao apoio financeiro suplementar, de que trata o caput, transferidos nos últimos doze meses. (BRASIL, 2017) Cabe a sociedade acompanhar os investimentos que serão aplicados à educação e exigir que seja cumprido. Qualidade Social na Educação A análise da Qualidade da Educação tem uma complexidade enorme e possibilita muitas significações, pois são muitos os elementos que compõe o processo qualitativo. Os conceitos, as concepções e as representações sobre o que vem a ser uma Educação de Qualidade alteram- se no tempo e espaço, especialmente se considerarmos as transformações da sociedade, decorrente das alterações do mundo moderno. Dessa forma as políticas educativas voltadas para a qualidade da educação, é um desafio do Estado em todos os governos. Um maior e melhor nível educativo beneficia a todos. Partindo dessa premissa, o desafio do atual governo na Educação Nacional, está em promover uma política educacional que ofereça melhor qualidade na Educação Básica especialmente no Ensino Médio, assim, a MP instituída, é uma política que visa à melhoria da qualidade. Portanto além da escola em tempo Integral, outro aspecto contemplado na MP 746/2016 está centrada na alteração da estrutura curricular, que revogou completamente o art. 36 da Lei 9394/96, e apresenta o seguinte novo texto: Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos específicos, a serem definidos pelos sistemas de ensino, com ênfase nas seguintes áreas de conhecimento ou de atuação profissional: I - linguagens; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art70i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art70ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art70iii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art70vi http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art36. 10047 II - matemática; III - ciências da natureza; IV - ciências humanas; e V - formação técnica e profissional. § 1º Os sistemas de ensino poderão compor os seus currículos com base em mais de uma área prevista nos incisos I a V do caput. § 3º A organização das áreas de que trata o caput e das respectivas competências, habilidades e expectativas de aprendizagem, definidas na Base Nacional Comum Curricular, será feita de acordo com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino. § 5º Os currículos do ensino médio deverão considerar a formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida e para a sua formação nos aspectos cognitivos e socioemocionais, conforme diretrizes definidas pelo Ministério da Educação. § 6º A carga horária destinada ao cumprimento da Base Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e duzentas horas da carga horária total do ensino médio, de acordo com a definição dos sistemas de ensino. § 7º A parte diversificada dos currículos de que trata o caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá estar integrada à Base Nacional Comum Curricular e ser articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, ambiental e cultural. § 8º Os currículos de ensino médio incluirão, obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente o espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos sistemas de ensino. § 9º O ensino de língua portuguesa e matemática será obrigatório nos três anos do ensino médio. § 10. Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino médio cursar, no ano letivo subsequente ao da conclusão, outro itinerário formativo de que trata o caput. Na alteração do currículo do ensino médio a partir das cinco áreas do conhecimento, a MP contempla no primeiro ano a oferta da formação básica para todos os estudantes e a partir do segundo ano, a opção por uma destas áreas de formação. Esse modelo possibilita uma maior flexibilização do itinerário formativo, entretanto reduzirá o conceito da Base Nacional Comum Curricular – BNCC, que é utilizado como uma ferramenta de orientação para a construção do currículo. Na busca pela qualidade deste nível de ensino, a partir da valorização dos itinerários formativos poderá ser aprofundada a dualidade existente no Ensino Médio, sobre a existência de escolas para a elite e para a escola de massas, revelando uma ideia distorcida de uma http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art36§1. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art36§5 10048 educação que forma a todos a partir de igualdade de condições. Esta diferenciação curricular que se traduz na flexibilidade da escolha de áreas pelos estudantes poderá provocar uma série de novos problemas para os estudantes de escolas que não ofereçam as disciplinas de seu interesse. Além do possível deslocamento dos estudantes para outras unidades escolares, esta diferenciação curricular prejudica a formação de muitos estudantes se a BNCC não assegurar aos estudantes o mesmo padrão de qualidade do ensino em todas as escolas do território nacional. Pensando na diversidade curricular é necessário pensar nas diferentes possibilidades que o currículo pode proporcionar na formação da identidade do estudante. Moreira (2008), acredita que o currículo possui diferentes significados sociais e políticos, expressando sua visão de mundo. Segundo o autor, o currículo é o espaço em que se concentram e se desdobram as lutas em torno dos diferentes significados sobre o social e sobre o político. É por meio do currículo que certos grupos sociais, especialmente os dominantes, expressam sua visão de mundo, seu projeto social, sua “verdade”. O currículo representa, assim, um conjunto de práticas que propiciam a produção, a circulação e o consumo de significados no espaço social e que contribuem, intensamente, para a construção de identidades sociais e culturais. O currículo é, por conseqüência, um dispositivo de grande efeito no processo de construção da identidade do (a) estudante. (MOREIRA, 2008, p. 28) Assim ao reduzir a quantidade de disciplinas (atualmente 13) do currículo do BNCC, suprimindo do quadro de disciplinas do ensino médio disciplinas importantes para a formação geral e elevando o percentual de disciplinas optativas corre-se o risco de um rebaixamento da formação integrada do estudante, que tem na base comum, conteúdos essenciais para todo o seu itinerário formativo, seja do ponto de vista profissional, seja para a continuidade dos estudos, ou para os demais aspectos de sua vida. Para Eyng (2015) o currículo em conjunto com a avaliação unifica as práticas pedagógicas, dialogando e respeitando o aluno na formação de cidadania. A autora corrobora que: “O diálogo entre educadores e educandos no currículo precisa ser mediado pela compreensão de direitos, deveres e responsabilidades de cada um na escola e na sociedade. ” (EYNG, 2015, p. 151) Segundo Silva o currículo deve transformar o indivíduo, considerando o tipo de pessoa que se considera o ideal. 10049 Um currículo busca precisamente modificar as pessoas que vão “seguir” aquele currículo. Na verdade, de alguma forma, essa pergunta precede à pergunta “o que? ”, na medida em que as teorias do currículo deduzem o tipo do conhecimento considerado importante justamente a partir de descrições sobre o tipo de pessoa que elas consideram o ideal. (SILVA, p. 15) O currículo a partir da MP 746/2016 apresenta uma conotação questionável a respeito do conceito de formação integrada dos estudantes, dando margem a uma interpretação da antiga concepção de ensino médio como uma espécie de treinamento para o mercado de trabalho, evidenciado a partir das alterações do artigo 36 da LDBEN. A alteraçãoda estrutura curricular apesar de possibilitar maior flexibilização, a partir da possibilidade de escolha de percursos formativos pelos estudantes e da oferta pelas escolas, se não for bem estruturada pode enfraquecer o currículo e consequentemente empobrecer a educação no Ensino Médio. Um dos requisitos necessários na efetivação do percurso curricular é a rede de aprendizagem didático-pedagógica nos programas de formação continuada, requerendo um planejamento sistemático em conjunto com os estabelecimentos de ensino ou unidades escolares. A adoção de rede de aprendizagem, também, como ferramenta didático-pedagógica relevante nos programas de formação inicial e continuada de profissionais da educação, sendo que esta opção requer planejamento sistemático integrado estabelecido entre sistemas educativos ou conjunto de unidades escolares; (EYNG, 2013, p.50) Levando em conta o educando é necessário pensar o currículo de maneira que proporcione um processo educativo integral, contribuindo com a construção da identidade sociocultural. O currículo, assumindo como referência os princípios educacionais garantidos à educação, [...], configura-se como o conjunto de valores e práticas que proporcionam a produção, a socialização de significados no espaço social e contribuem intensamente para a construção de identidades socioculturais dos educandos. (Eyng, 2013, p.30) Desse modo o currículo deve ter uma relação coerente de uma sociedade democrática, dando desafiando as práticas interculturais. As abordagens conservadoras não são mais suficientes para atender as diversidades encontradas na escola atual. Assim, é preciso pensar em currículos capazes de garantir os direitos individuais e coletivos resultando traços identidários mais solidários. 10050 Diferentes currículos produzem diferentes traços identitários, as propostas advindas das abordagens conservadoras não respondem mais aos anseios e demandas da atualidade, sendo necessárias a adoção de narrativas curriculares capazes de configurar processos formativos pautados na garantia, proteção e vivência dos direitos individuais e coletivos, dos quais resultem traços indenitários mais solidários. (EYNG, 2013, p.46) Enquanto docente é necessário possuir uma consciência, da produção e seleção do conhecimento da sua legitimação transpassando a diversidade. A produção do conhecimento, assim como sua seleção e legitimação, está transpassada pela diversidade. Não se trata apenas de incluir a diversidade como um tema nos currículos. As reflexões do autor nos sugerem que é preciso ter consciência, enquanto docentes, das marcas da diversidade presentes nas diferentes áreas do conhecimento e no currículo como um todo: ver a diversidade nos processos de produção e de seleção do conhecimento escolar. (Gomes,2008, p. 24). A educação de qualidade social perpassa a origem social, pensa no processo educativo de cada indivíduo situando-o historicamente. A educação de qualidade social expressa a concepção do direito à educação, que não se trata apenas do acesso à escola, mas também da permanência e, como resultado de uma formação de qualidade. Assim, o direito à educação consubstancia-se na efetivação de um processo educativo significativo para cada sujeito historicamente situado. Portanto não se trata de direito à qualquer educação, mas a uma educação de qualidade, independente da origem social, econômica ou cultural. (EYNG, 2015, p. 141) A garantia do acesso e a permanência na escola pelo discente é resultado da formação de qualidade social. “Almejada qualidade social da educação pauta-se na lógica pedagógica e social, objetivando respectivamente a eficácia e a efetividade com vistas à relevância social, no atendimento às necessidades formativas. ” (EYNG, 2015, p. 141) Para uma educação de qualidade, é necessária uma visão global do processo educativo por conta da complexidade que o envolve, pois, a qualidade educacional não pode ser medida apenas pelo rendimento apresentado pelo educando, em avaliações de larga escala. A qualidade do processo educativo não está relacionada apenas a quem “aprende”, mas também a quem “ensina”, e nesse contexto a MP 746/2016, no que se refere à contratação dos profissionais da educação, traz uma mudança significativa introduzida no artigo 61 da Lei nº9394/96. Artigo 61 “ III - trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim; IV - Profissionais com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação para atender o disposto no inciso V do caput do art. 36. ” http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art61iii 10051 Do ponto de vista da valorização profissional, essa medida significa uma desregulamentação da profissão docente, tendo em vista que ficam abertas possibilidades de contratação de profissionais "com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação". Nesse sentido a MP ao invés de apresentar medidas para superar as dificuldades existentes na profissão docente, estimular melhores condições de trabalho e consequentemente a valorização do profissional da educação, escolhe um caminho mais simplista retirando a obrigatoriedade do diploma na área pedagógica possibilitando que outros profissionais façam da docência uma segunda opção no exercício da profissão. Considerações finais Um dos principais problemas que a sociedade brasileira enfrenta hoje em dia, é a péssima qualidade da Educação, especialmente na Educação Básica ofertada no ensino médio, haja vista os baixos índices alcançados nas avaliações de larga escala medido pelos órgãos competentes, além do elevado índice de evasão e repetência neste nível de ensino, conforme dados apresentados por meio do Censo Escolar da Educação Básica, divulgados anualmente pelo INEP/MEC. Alcançar a qualidade da educação brasileira não é tarefa fácil. Requer tempo e ações integradas que vão da formação e valorização dos professores à infraestrutura; da remuneração à gestão escolar; da formação integral prevista no currículo às metodologias de ensino; da vontade política aos investimentos, entre outras tantas. Estatísticas mostram que o Brasil está avançando, no acesso à Educação Básica, no entanto o país continua com problemas enormes, pois de nada adianta garantir o acesso e não assegurar a permanência dos estudantes. E para equalizar essa balança há que se reestruturar toda concepção do ensino. Nesse sentido o atual governo lançou em setembro de 2016 a Medida Provisória 746/2016 já transformada em Lei 13.415/2017 no mês de fevereiro de 2017, mudando a forma como a educação básica será ofertada no nível do Ensino Médio. As mudanças contidas na MP são polêmicas, pois incluem vários aspectos crucias do ensino, tais como alteração do currículo, aumento de carga horária, escolas em tempo integral, escolhas dos alunos quanto ao percurso formativo e das escolas quanto à oferta das áreas, contratação de profissionais sem a devida formação pedagógica desde que possuam notório saber, entre outros de menor relevância. 10052 Essa reforma, tem pretensões elevadas, apesar de ser uma medida apenas para um nível de ensino, entretanto se não houver parceria e recursos da União, será difícil alcançar o proposto. Não adianta aumentar o tempo na escola se a estrutura curricular a ser definida pela Base Nacional Comum Curricular – BNCC, não contemplar uma formação integral. Escola em Tempo integral não pode corresponder a "dupla ineficiência". Mudança requer disposição e interesse e para isso há que se prever investimentos humano e financeiro. Em um cenário de crise, às vezes a alternativa é fazer ajustes nas políticas públicas, entretanto na Educação, deve-se estar atento para que as mudançasnão sejam realizadas sem que seus impactos sejam efetivamente dimensionados. Sem isso, são grandes as chances de retrocesso na educação. Enfim, o país somente será uma Nação desenvolvida quando os nossos governantes tiverem vontade política para efetivamente propor e dar suporte a uma educação digna e de qualidade. Implementada a partir do diálogo entre os atores do processo educativo e o poder público, do contrário continuaremos tratando a educação em plataformas ultrapassadas, que conforme define o educador Português, José Pacheco, “a educação brasileira pode ser sintetizada numa frase: jovens do século 21 são ensinados por professores do século 20, com recurso a práticas do século 19, em práticas desprovidas de fundamentação científica”. Os desafios que se tem pela frente são imensos, mas podemos dizer que nos últimos anos tivemos alguns avanços na educação, de forma geral o ensino fundamental foi universalizado e tivemos uma ampliação de vagas no Ensino Superior, com as ações afirmativas e agora uma reforma estruturante no Ensino Médio, instituída por Medida Provisória já convertida na Lei 13.415 de 2017. Resta-nos agora torcer para que essa reforma alcance seus objetivos de uma educação de qualidade. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição Da República Federativa Do Brasil De 1988. Publicada no Diário Oficial da União, Brasília, 5 de outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm Acesso em: 13 de setembro de 2016. BRASIL. Lei 9394/96. Ministério da Educação. Lei n. 9394/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Cadernos de Pesquisa - Globalização e Políticas educacionais na América Latina. N.º 100 São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1997. Disponível em: <Http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/729107/lei-8280-93-curitiba-pr> Acesso em 18 set. 2017. 10053 BRASIL. Medida Provisória n. 746 de 22 de setembro de 2016. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Mpv/mpv746.htm acesso em 27 out 2016. EYNG, Ana Maria. Currículo e avaliação: duas faces da mesma moeda na garantia do direito à educação de qualidade social, Revista Diálogo Educacional, v. 15, n.44, Champagnat, Curitiba 2015. EYNG, Ana Maria; GISI, Maria Lourdes; ENS, Romilda Teodora; PACIEVITCH, Thais. Diversidade e padronização nas políticas educacionais: configurações da convivência escolar. Revista Ensaio aval. Pol. Públ. Educ, CESGRNRIO, Rio de Janeiro, 2013. GOMES, Nilma Lino. Indagações sobre currículo: diversidade e currículo. Organização do documento Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Aricélia Ribeiro do Nascimento. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. MARTINS Junior, Joaquim. Como escrever trabalhos de conclusão de curso: instruções para planejar e montar, desenvolver, concluir, redigir e apresentar trabalhos monográficos e artigos. 6. Ed. Revista e atualizada. Petrópolis. RJ: Vozes, 2012. MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa; CANDAU, Vera Maria. Indagações sobre currículo: currículo, conhecimento e cultura. Organização do documento Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Aricélia Ribeiro do Nascimento. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. PARO, Vitor Henrique. Et al. Escola de Tempo Integral: Desafio para o ensino público. São Paulo. Cortez. Autores Associados, 1988. SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Mpv/mpv746.htm
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