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MEDIDA PROVISORIA 746 2016 E SEUS IMPACTOS NO ENSINO MEDIO

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ISSN 2176-1396 
 
MEDIDA PROVISORIA 746/2016 E SEU IMPACTO NO ENSINO 
MÉDIO EM BUSCA DE UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE 
 
Raquel Coutinho Kaseker1 - PUCPR 
Norma Suely dos Santos Sanson 2 - PUCPR 
 
Eixo – Políticas Públicas e Gestão da Educação 
Agência Financiadora: não contou com financiamento 
 
Resumo 
 
A presente pesquisa tem como tema de estudo a Medida Provisória (MP) 746/2016 que visa 
reformular o formato e o conteúdo pedagógico da etapa escolar do ensino médio. Trazendo 
como temas polêmicos da reestruturação do ensino, a implementação da Educação em 
Tempo Integral nas Escolas de Ensino Médio, a possibilidade de escolha de diferentes 
percursos de formação e a contratação de professores sem licenciatura, que apresentem o 
"notório saber", entre outros. O estudo se justifica por sua atualidade e relevância em termos 
de uma educação de qualidade. O problema que orienta a reflexão procura elucidar a seguinte 
questão: Quais os impactos causados pela Reforma da Educação Básica no país? Tendo como 
abordagem a implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, a diversidade de 
itinerário formativo proposto na estrutura curricular e suas consequências sobre a temática da 
valorização dos Profissionais da Educação? O objetivo do trabalho é investigar a Medida 
Provisória que traz alterações na Lei 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Base da Educação 
Nacional) e na Lei nº 11.494/2007 (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação 
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). A análise da questão proposta se apoia 
nos argumentos teóricos de Eyng (2013, 2015), Gomes (2008), Paro (1988), Moreira (2008), 
Silva (1999), MP (746/2016). A Medida Provisória tem pretensões elevadas, apesar de ser uma 
medida apenas para um nível de ensino, entretanto se não houver parceria e recursos da União, 
será difícil alcançar o proposto. Não adianta aumentar o tempo na escola se a estrutura curricular 
a ser definida pela Base Nacional Comum Curricular – BNCC, não contemplar uma formação 
integral. Escola em Tempo integral não pode corresponder a "dupla ineficiência". 
 
Palavras-chave: Medida Provisória. Educação. Escola integral. Valorização do Professor. 
Estrutura curricular. 
 
1 Mestranda em Educação pela PUCPR. Graduada em Pedagogia pela PUCPR. Realiza estudos sobre gestão 
escolar da educação Básica. E-mail: raquelkaseker@gmail.com 
2Mestranda em Educação pela PUCPR. Graduada em Pedagogia pela PUCPR.Pós-graduada lato sensu em 
Administração pela FAE-PR. Realiza estudos sobre Qualidade da Educação Superior. E-mail: 
normasanson@gmail.com 
 
10038 
 
 
Introdução 
O artigo tem como tema de investigação a Medida Provisória nº 746 de 22 de setembro 
de 2016, que tem em sua ementa a instituição da Política de fomento à implementação de 
Escolas de Ensino Médio em tempo integral, altera a Lei nº 9.394/96, que estabelece as 
diretrizes e bases da educação nacional, e a Lei nº 11.494/07, que regulamenta o Fundo de 
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da 
Educação, trazendo como principais mudanças, os seguintes aspectos: 
- Alteração na estrutura do ensino médio, última etapa da educação básica, por meio 
da criação da Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo 
Integral. 
- Ampliação da carga horária mínima anual do ensino médio, progressivamente, 
para 1.400 horas. 
- Determinação da obrigatoriedade do ensino de língua portuguesa e matemática 
nos três anos do ensino médio. 
- Restrição da obrigatoriedade do ensino da arte e da educação física à educação 
infantil e ao ensino fundamental, tornando as facultativas no ensino médio. 
- Obrigatoriedade do ensino da língua inglesa a partir do sexto ano do ensino 
fundamental e nos currículos do ensino médio, facultando neste, o oferecimento de outros 
idiomas, preferencialmente o espanhol. 
- Permissão para que os conteúdos cursados no ensino médio sejam aproveitados no 
ensino superior. 
- Flexibilização do currículo do ensino médio que será composto pela Base Nacional 
Comum Curricular - BNCC e por itinerários formativos específicos definidos em cada 
sistema de ensino e com ênfase nas áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, 
ciências humanas e formação técnica e profissional. 
 - Autonomia dos sistemas de ensino para definir a organização das áreas de 
conhecimento, as competências, habilidades e expectativas de aprendizagem definidas na 
BNCC. 
- Possibilidades de contratação de profissionais com notório saber reconhecido pelos 
respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação ou 
experiência profissional, atestados por titulação específica, entre outros. 
10039 
 
 
O estudo se justifica por sua atualidade e relevância em termos da Educação Básica e 
pela polêmica que a Reforma educacional, instituída a partir de uma Medida Provisória 
impactou na Educação Nacional. O problema que orienta a reflexão procura elucidar a seguinte 
questão: Quais os impactos causados pela reforma da Educação Básica, a partir da MP 
746/2016? 
O objetivo do trabalho é investigar a MP que traz em sua essência os aspectos da 
implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, a diversidade de itinerário 
formativo, e a temática sobre a valorização dos Profissionais da Educação, emanadas a partir 
desta legislação. 
A análise da questão proposta se apoia nos argumentos teóricos de Eyng (2013, 2015), 
Gomes (2008), Paro (1988), Moreira (2008), Silva (1999), MP 746/2016, LDBEN 9.394/96. 
Na elaboração dos referenciais teóricos será utilizada a pesquisa bibliográfica, que pode 
ser definida como (MARTINS, 2012, p. 49): “Tipo de pesquisa na qual o pesquisador busca em 
fontes impressas ou eletrônicas (CD e/ou Internet), ou na literatura cinza, as informações que 
necessita para desenvolver uma determinada teoria”. 
Importante também, contextualizar o cenário da Educação Nacional, 
especificamente do Ensino Médio que é o maior alvo do processo da reforma, que passou 
a ser priorizada pelo governo, após o país não ter conseguido, por dois anos consecutivos, 
cumprir as metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação (PNE) quanto à melhoria 
da qualidade, e ainda obter o maior índice de evasão neste nível de ensino, em todas as 
séries do ensino, acumulando 19,70% em 2015, segundo dados do Censo Escolar da 
Educação Básica divulgados no ano de 2016 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais Anísio Teixeira, do Ministério da Educação - INEP/MEC, conforme 
demonstrativo do quadro 1. 
 Quadro 1- Taxa de Rendimento Escolar 
ENSINO MÉDIO REPROVAÇÃO ABANDONO APROVAÇÃO 
1º ano EM 16,6% 
530.928 reprovações 
8,8% 
281.456 abandonos 
74,6% 
2.385.975 aprovações 
2º ano EM 10,1% 
263.765 reprovações 
6,3% 
164.527 abandonos 
83,6% 
2.183.240 aprovações 
3º ano EM 5,9% 
128.219 reprovações 
4,6% 
99.967 abandonos 
89,5% 
1.945.004 aprovações 
 Fonte: Censo Escolar 2015, Inep. 
10040 
 
 
De acordo com as avaliações periódicas realizadas pelo MEC observadas por meio 
do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), o Ensino Médio é o que está 
em pior situação, na Educação Básica, na rede Pública, quando comparado às séries iniciais 
e finais da educação fundamental: a meta, prevista no Plano Nacional de Educação - PNE 
para o Ensino Médio era de 4,3, mas o índice ficou em 3,7 na última edição apresentada 
em 2016, conforme demonstrativo abaixo. 
Quadro 2 - Índice do PNE do Ensino Médio 
 
IDEB Observado Metas 
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2007 2009 2011 2013 2015 2021 
Total 3.4 3.5 3.6 3.7 3.7 3.7 3.4 3.5 3.7 3.9 4.3 5.2 
Dependência Administrativa 
Estadual 3.0 3.2 3.4 3.4 3.4 3.5 3.1 3.2 3.3 3.6 3.9 4.9 
Privada 5.6 5.6 5.6 5.7 5.4 5.3 5.6 5.7 5.8 6.0 6.3 7.0 
Pública 3.1 3.2 3.4 3.4 3.4 3.5 3.1 3.2 3.4 3.6 4.0 4.9Os resultados marcados em verde referem-se ao Ideb que atingiu a meta. 
Fonte: Saeb e Censo Escolar. 
Esse retrato vem corroborar para o consenso da sociedade brasileira, quanto à 
deficiência da educação brasileira, neste nível de ensino, que não atende às expectativas nem 
do Estado, quanto sua função social, percebidas por meio das metas estabelecidas no Plano 
Nacional de Educação – PNE, não atendidas quanto à qualidade nem em quantidade e muito 
menos do aluno que deseja uma formação compatível com suas necessidades e interesses e ou 
do mundo do trabalho. 
Nesta perspectiva a Educação Básica, especialmente o Ensino Médio necessita de 
mudanças urgentes, tanto com o objetivo de melhorar a qualidade educacional, medida a partir 
dos indicadores estabelecidos pelo Ministério da Educação (MEC), como tornar-se mais 
atrativa aos alunos que se encontram neste nível de escolaridade, aumentando a quantidade de 
matriculas e diminuindo os índices de evasão. E é neste contexto de pouca efetividade da 
educação brasileira, que é instituída a Medida Provisória 746/2016, alvo de grandes protestos e 
mobilizações pela comunidade escolar e sociedade civil. 
Medida Provisória 746/2016 
Tendo em vista que a reforma da Educação Básica, no Ensino Médio, apresentada em 
2016, se deu por meio de Medida Provisória é importante contextualizar o que essa medida 
representa no cenário Nacional. Portanto, de acordo com a Constituição Federal de 1988, 
10041 
 
 
Medida Provisória é um instrumento com força de lei que é adotada pelo presidente da 
República em casos considerados de relevância e urgentes. Ela tem efeito imediato e um prazo 
de validade de até 60 dias, prorrogáveis por igual período. 
Conforme o Artigo 62 da Constituição Federal institui: 
Art. 62 Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar 
medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso 
Nacional... 
...§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, 
desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, 
nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional 
disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. 
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, 
suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional. 
...§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados 
de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma 
das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, 
todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. 
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória 
que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação 
encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional. (BRASIL, 1988) 
Apesar da relevância e da urgência de melhorias no atual sistema de ensino, a forma 
como o governo conduziu o processo de reforma do Ensino Médio, foi atropelada e 
desnecessária, primeiro porque já estava tramitando no Congresso, um Projeto Lei produzido 
por equipes de trabalho, criadas pelo Ministério da Educação que buscavam alternativas e 
soluções para um Ensino Médio melhor, e segundo porque MP não é o instrumento adequado 
para a promoção de políticas públicas especialmente na área educacional. 
É importante destacar que desde 2013, o Congresso Nacional discute uma reforma para 
o Ensino Médio no Brasil que estava pronta para ser votada, entretanto a Medida Provisória foi 
publicada contendo um texto diferente do projeto de Lei, instituindo novas regras para o 
Ensino Médio no País, sem discussão ou debate com o Legislativo ou com a sociedade civil, 
motivo pela qual gerou grande polemica e muitos protestos de estudantes, professores e da 
sociedade civil. 
Um plano de reformulação da educação é tão importante quanto sua implementação e 
não pode ser aplicado de cima para baixo. Uma reforma precisa ter o envolvimento e a discussão 
dos vários atores, do contrário a reforma não atingirá seus objetivos e poderá contribuir para 
transformar em uma educação excludente, com escolas para poucos e não para todos. 
10042 
 
 
Apesar desse contexto de insatisfação com a instituição da MP 746/2016, sua 
implementação tem como objetivo combater o modelo obsoleto da educação brasileira e sua 
implantação prevê alterações na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN e 
na e a Lei nº 11.494/07, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da 
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. 
Dentre as alterações da MP, um dos aspectos polêmicos, trata sobre o fomento e difusão 
de escolas em tempo integral, que tem como objetivo oferecer ao aluno uma jornada ampliada 
de estudos, de forma integrada entre os componentes da base comum e da parte diversificada 
do currículo. O texto da MP, publicado em 22 de setembro, altera o art. 24 da Lei nº 9.394/96, 
elevando a carga horária mínima do ensino médio para 1.400 horas, em vez das atuais 800 
horas/ano passando a figurar da seguinte forma: 
Art. 24 Parágrafo único A carga horária mínima anual de que trata o inciso I 
do caput deverá ser progressivamente ampliada, no ensino médio, para mil e 
quatrocentas horas, observadas as normas do respectivo sistema de ensino e de acordo 
com as diretrizes, os objetivos, as metas e as estratégias de implementação 
estabelecidos no Plano Nacional de Educação. (BRASIL, 2017) 
A proposta de ampliação da carga horária na educação básica, elemento basilar na 
implementação das escolas de tempo integral, deve ser feita de forma articulada e integrada. É 
necessário que tenha significado para os estudantes e que as escolas não sejam transformadas 
em uma espécie de colégio interno, pois a educação de má qualidade favorece a evasão. 
A simples ampliação da carga horária no Ensino Médio, não garante qualidade do 
ensino, mais tempo na escola não significa mais formação, ao contrário, mais tempo na escola, 
sem que ela seja convidativa para a permanência do estudante, fará com que o ensino em tempo 
integral se torne cansativo e improdutivo, levando os alunos a abandonarem os estudos. A 
educação precisa ser atrativa para nossos estudantes, seja ela em tempo integral ou não. 
É imprescindível pensar em práticas educativas que favoreçam a educação de qualidade, 
tomando consciência de como trabalhar os currículos visto as diversidades encontradas na 
escola. Não apenas propiciando mais do mesmo, em escolas sucateadas e sem profissionais 
capacitados para atender os alunos. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art24p
10043 
 
 
A Escola em Tempo Integral 
A escola de tempo integral não é um novo assunto na história da educação brasileira, 
conforme corrobora Paro (1988), é uma discussão que vem desde a década de 20 no Brasil e na 
década de 50 aparecem os primeiros elementos geradores da proposta. 
Já na década de vinte, essas discussões começaram a se fazer presentes, ainda que não 
necessariamente ligadas ao regime de período integral, mas já apontando para 
algumas necessidades da população a serem supridas pela educação. Aparecem ai os 
primeiros elementos geradores do que, na década de cinquenta, delinear-se-ia como 
uma proposta de educação de período integral. (Paro, 1988.p.189) 
Em 1950 a proposta de educação integral tem como base a escolanovista, voltadas para 
as camadas populares. 
De acordo com Paro. (1988.p.191) 
Na década de cinquenta reencontramos as propostas de educação integral, só que, 
dessa feita, advogando-se sua extensão para o âmbito dos sistemas escolares. As bases 
são ainda escolanovistas, preocupadas com a formação integral, só que agora voltadas 
para as camadas populares, presentes, nessemomento, as mesmas preocupações da 
década de vinte com a quantidade e a qualidade do ensino, desta vez, porém, com 
outra conotação tanto com a quantidade quanto com a qualidade, propondo-se a escola 
pública que se constitua não apenas como local de instrução, mas também como local 
de formação integral, como ênfase nesta última. 
De modo que na década de 50 já se preocupava não somente com a quantidade, mais 
com a qualidade da educação pública, não apenas como local de instrução, como também como 
local de formação integral. 
Vemos agora uma recuperação dessa ideia e propostas voltadas para o ensino médio 
tanto da rede pública quanto da privada, assumindo uma nova roupagem com uma dimensão 
pedagógica, “trata-se de saber se a escola de tempo integral contribui para a generalização da 
educação elementar para todos. ” (Paro, 1988.p.193). 
A MP 746/2016, traz de volta a dicotomia entre formação geral humanística e a 
profissional, acentuando a existência de escolas para ricos e escola para pobres, visto a 
configuração da nova estrutura curricular, que propicia flexibilidade aos sistemas de ensino na 
escolha da oferta dos itinerários formativos, a partir da separação entre a base comum nacional 
e as opções por áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências humanas e naturais e 
ensino técnico profissional. 
Nesta concepção a ênfase dada, possibilita que os alunos saiam do Ensino Médio com 
uma visão mais fragmentada e reduzida do conhecimento geral, pois no modelo atual a Base 
10044 
 
 
Nacional Curricular Comum (BNCC) absorve em torno de 2000 das 2400 horas/aulas totais. 
Na atual proposta da MP, o máximo que poderá ser ofertado pela BNCC serão 1.200 
horas/aulas. 
A MP ainda, ao flexibilizar aos sistemas de ensino, a possibilidade de oferta de apenas 
uma área de conhecimento por escola, não dá garantia de que as áreas oferecidas em diferentes 
escolas atenderão a critérios de necessidade regional. Muitos estudantes certamente ficarão 
sem cursar suas áreas de preferência na escola pública, pois os sistemas de ensino não serão 
obrigados a oferecer as cinco áreas de aprofundamento. 
É como se o Estado indiretamente estivesse terceirizando a Educação para a rede 
privada, assim como fez com a Educação Superior por meio de incentivos como o FIES e o 
PROUNI, assim, pensamos que esta reforma contém a mesma concepção de exclusão do ensino 
médio que tínhamos no passado, onde havia uma escola para os filhos da classe trabalhadora 
com uma formação mais voltada "para o mercado de trabalho", e outra para os filhos da elite, 
que garantiria uma formação mais abrangente, com vista ao acesso às melhores universidades. 
Do ponto de vista simplista essa MP além de apresentar um caráter excludente, poderá 
reduzir a possibilidade de uma formação mais crítica para a maioria dos estudantes matriculados 
em escolas nas quais sejam oferecidos poucos conteúdos de formação humanística. 
Segundo Paro (1988.p.197) “... quaisquer propostas que se façam a respeito da extensão 
diária da escolaridade não podem deixar de dar prioridade, de fato, à universalização da escola, 
em termos de acesso, permanência e efetiva apropriação de parcela significativa do saber 
sistematizado...” 
Acompanhando o pensamento de Paro, quanto à extensão da escolaridade e a 
universalização da escola, a MP não parece atender esses aspectos, haja vista que a reforma do 
Ensino Médio, como foi posta poderá reduzir a aprendizagem dos estudantes aos ordenamentos 
do mercado e fomentar a privatização das escolas. 
Uma educação integrada, pensada de forma articulada entre as partes comum, 
diversificada e profissionalizante do currículo, não pode ser executada de forma fragmentada, 
desconsiderando a concepção de educação básica que vem norteando a legislação da educação 
brasileira. É necessário que o processo seja contínuo e articulado desde a educação infantil, 
passando pelo ensino fundamental, até o ensino médio. 
Teremos mais do mesmo? As instituições de ensino estão preparadas? As estruturas 
escolares suportam a demanda para o atendimento desses alunos? 
De Acordo com Paro: 
10045 
 
 
Em que medida a escola de tempo integral fortalece-se ou coloca-se no sentido de 
promover uma educação de qualidade. A escola de tempo integral surge novamente 
como uma solução para o velho problema gerado pela crise econômica no âmbito 
educacional e social dos menos favorecidos. 
... os projetos de escola pública de tempo integral parecem, no momento presente, 
constituir tentativas de sanar deficiências profundas em duas áreas específicas de 
políticas sociais – a da educação e a da promoção social. No primeiro caso, os projetos 
apresentam-se como alternativa para enfrentar os sérios problemas de fracasso escolar 
que percorrem a rede pública de ensino de ponta a ponta, mantendo elevados os 
índices de evasão e repetência. (Paro, 1988. p. 205) 
Anos se passaram e a discussão sobre educação em tempo integral continua sendo 
presente e promovendo as mesmas dúvidas. A reforma que prevê o fomento às escolas de tempo 
integral no ensino médio, carrega a mesma esperança de antes, de que poderá com mais horas 
do aluno na escola, enfrentar o fracasso escolar e diminuir a grande evasão neste nível de ensino, 
que se apresentam alarmantes. 
O Ensino médio de tempo integral conseguirá promover uma educação de qualidade ou 
surge novamente como solução de velhos problemas sociais, econômicos e educacionais. 
Mantendo-se como uma alternativa para suprir os problemas de evasão e repetência no atual 
ensino médio? 
Isso só o tempo dirá. Entretanto o fato de suscitar esta discussão sobre a extensão da 
carga horária a fim de fomentar a educação integral é muito saudável, mas não se pode esquecer 
também que para uma educação de qualidade se faz necessário investimentos. A MP prevê 
apoio financeiro da União diretamente aos Estados e Distrito Federal que implementarem o 
currículo mínimo e o ensino de tempo integral. 
Conforme define o art.6º da Medida Provisória: 
Art. 6º São obrigatórias as transferências de recursos da União aos Estados e ao 
Distrito Federal, desde que cumpridos os critérios de elegibilidade estabelecidos nesta 
Medida Provisória e no regulamento, com a finalidade de prestar apoio financeiro para 
o atendimento em escolas de ensino médio em tempo integral cadastradas no Censo 
Escolar da Educação Básica, e que: 
I - sejam escolas implantadas a partir da vigência desta Medida Provisória e atendam 
às condições previstas em ato do Ministro de Educação; e 
II - tenham projeto político-pedagógico que obedeça ao disposto no art. 36 da Lei nº 
9.394, de 1996. 
§ 1º A transferência de recursos de que trata o caput será realizada com base no 
número de matrículas cadastradas pelos Estados e pelo Distrito Federal no Censo 
Escolar da Educação Básica, desde que tenham sido atendidos, de forma cumulativa, 
os requisitos dos incisos I e II do caput. 
10046 
 
 
§ 2º A transferência de recursos será realizada anualmente, a partir de valor único por 
aluno, respeitada a disponibilidade orçamentária para atendimento, a ser definida por 
ato do Ministro de Estado da Educação. 
§ 3º Os recursos transferidos nos termos do caput poderão ser aplicados nas despesas 
de manutenção e desenvolvimento das escolas participantes da Política de Fomento, 
podendo ser utilizados para suplementação das expensas de merenda escolar e para 
aquelas previstas nos incisos I, II, III, VI e VIII do caput do art. 70 da Lei nº 9.394, 
de 1996. 
 § 4º Na hipótese de o Distrito Federal ou de o Estado ter, no momento do repasse do 
apoio financeiro suplementar de que trata o caput, saldo em conta de recursos 
repassados anteriormente, esse montante, a ser verificado no último dia do mês 
anterior ao do repasse, será subtraído do valor a ser repassado como apoio financeiro 
suplementar do exercício corrente. 
§ 5º Serão desconsiderados do descontoprevisto no § 4º os recursos referentes ao 
apoio financeiro suplementar, de que trata o caput, transferidos nos últimos doze 
meses. (BRASIL, 2017) 
Cabe a sociedade acompanhar os investimentos que serão aplicados à educação e exigir 
que seja cumprido. 
Qualidade Social na Educação 
A análise da Qualidade da Educação tem uma complexidade enorme e possibilita muitas 
significações, pois são muitos os elementos que compõe o processo qualitativo. Os conceitos, 
as concepções e as representações sobre o que vem a ser uma Educação de Qualidade alteram-
se no tempo e espaço, especialmente se considerarmos as transformações da sociedade, 
decorrente das alterações do mundo moderno. Dessa forma as políticas educativas voltadas para 
a qualidade da educação, é um desafio do Estado em todos os governos. Um maior e melhor 
nível educativo beneficia a todos. 
Partindo dessa premissa, o desafio do atual governo na Educação Nacional, está em 
promover uma política educacional que ofereça melhor qualidade na Educação Básica 
especialmente no Ensino Médio, assim, a MP instituída, é uma política que visa à melhoria da 
qualidade. Portanto além da escola em tempo Integral, outro aspecto contemplado na MP 
746/2016 está centrada na alteração da estrutura curricular, que revogou completamente o art. 
36 da Lei 9394/96, e apresenta o seguinte novo texto: 
Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional Comum 
Curricular e por itinerários formativos específicos, a serem definidos pelos sistemas 
de ensino, com ênfase nas seguintes áreas de conhecimento ou de atuação profissional: 
I - linguagens; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art70i
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art70ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art70iii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art70vi
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art36.
10047 
 
 
II - matemática; 
III - ciências da natureza; 
IV - ciências humanas; e 
V - formação técnica e profissional. 
 § 1º Os sistemas de ensino poderão compor os seus currículos com base em mais de 
uma área prevista nos incisos I a V do caput. 
 § 3º A organização das áreas de que trata o caput e das respectivas competências, 
habilidades e expectativas de aprendizagem, definidas na Base Nacional Comum 
Curricular, será feita de acordo com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino. 
 § 5º Os currículos do ensino médio deverão considerar a formação integral do aluno, 
de maneira a adotar um trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida e 
para a sua formação nos aspectos cognitivos e socioemocionais, conforme diretrizes 
definidas pelo Ministério da Educação. 
 § 6º A carga horária destinada ao cumprimento da Base Nacional Comum Curricular 
não poderá ser superior a mil e duzentas horas da carga horária total do ensino médio, 
de acordo com a definição dos sistemas de ensino. 
 § 7º A parte diversificada dos currículos de que trata o caput do art. 26, definida em 
cada sistema de ensino, deverá estar integrada à Base Nacional Comum Curricular e 
ser articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, ambiental e cultural. 
 § 8º Os currículos de ensino médio incluirão, obrigatoriamente, o estudo da língua 
inglesa e poderão ofertar outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, 
preferencialmente o espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e 
horários definidos pelos sistemas de ensino. 
 § 9º O ensino de língua portuguesa e matemática será obrigatório nos três anos do 
ensino médio. 
 § 10. Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de vagas na rede, 
possibilitarão ao aluno concluinte do ensino médio cursar, no ano letivo subsequente 
ao da conclusão, outro itinerário formativo de que trata o caput. 
Na alteração do currículo do ensino médio a partir das cinco áreas do conhecimento, a 
MP contempla no primeiro ano a oferta da formação básica para todos os estudantes e a partir 
do segundo ano, a opção por uma destas áreas de formação. Esse modelo possibilita uma maior 
flexibilização do itinerário formativo, entretanto reduzirá o conceito da Base Nacional Comum 
Curricular – BNCC, que é utilizado como uma ferramenta de orientação para a construção do 
currículo. 
Na busca pela qualidade deste nível de ensino, a partir da valorização dos itinerários 
formativos poderá ser aprofundada a dualidade existente no Ensino Médio, sobre a existência 
de escolas para a elite e para a escola de massas, revelando uma ideia distorcida de uma 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art36§1.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art36§5
10048 
 
 
educação que forma a todos a partir de igualdade de condições. Esta diferenciação curricular 
que se traduz na flexibilidade da escolha de áreas pelos estudantes poderá provocar uma série 
de novos problemas para os estudantes de escolas que não ofereçam as disciplinas de seu 
interesse. Além do possível deslocamento dos estudantes para outras unidades escolares, esta 
diferenciação curricular prejudica a formação de muitos estudantes se a BNCC não assegurar 
aos estudantes o mesmo padrão de qualidade do ensino em todas as escolas do território 
nacional. 
Pensando na diversidade curricular é necessário pensar nas diferentes possibilidades que 
o currículo pode proporcionar na formação da identidade do estudante. Moreira (2008), acredita 
que o currículo possui diferentes significados sociais e políticos, expressando sua visão de 
mundo. 
Segundo o autor, o currículo é o espaço em que se concentram e se desdobram as lutas 
em torno dos diferentes significados sobre o social e sobre o político. É por meio do 
currículo que certos grupos sociais, especialmente os dominantes, expressam sua 
visão de mundo, seu projeto social, sua “verdade”. O currículo representa, assim, um 
conjunto de práticas que propiciam a produção, a circulação e o consumo de 
significados no espaço social e que contribuem, intensamente, para a construção de 
identidades sociais e culturais. O currículo é, por conseqüência, um dispositivo de 
grande efeito no processo de construção da identidade do (a) estudante. (MOREIRA, 
2008, p. 28) 
Assim ao reduzir a quantidade de disciplinas (atualmente 13) do currículo do BNCC, 
suprimindo do quadro de disciplinas do ensino médio disciplinas importantes para a formação 
geral e elevando o percentual de disciplinas optativas corre-se o risco de um rebaixamento da 
formação integrada do estudante, que tem na base comum, conteúdos essenciais para todo o seu 
itinerário formativo, seja do ponto de vista profissional, seja para a continuidade dos estudos, 
ou para os demais aspectos de sua vida. 
Para Eyng (2015) o currículo em conjunto com a avaliação unifica as práticas 
pedagógicas, dialogando e respeitando o aluno na formação de cidadania. A autora corrobora 
que: “O diálogo entre educadores e educandos no currículo precisa ser mediado pela 
compreensão de direitos, deveres e responsabilidades de cada um na escola e na sociedade. ” 
(EYNG, 2015, p. 151) 
Segundo Silva o currículo deve transformar o indivíduo, considerando o tipo de pessoa 
que se considera o ideal. 
10049 
 
 
Um currículo busca precisamente modificar as pessoas que vão “seguir” aquele 
currículo. Na verdade, de alguma forma, essa pergunta precede à pergunta “o que? ”, 
na medida em que as teorias do currículo deduzem o tipo do conhecimento 
considerado importante justamente a partir de descrições sobre o tipo de pessoa que 
elas consideram o ideal. (SILVA, p. 15) 
O currículo a partir da MP 746/2016 apresenta uma conotação questionável a respeito 
do conceito de formação integrada dos estudantes, dando margem a uma interpretação da antiga 
concepção de ensino médio como uma espécie de treinamento para o mercado de trabalho, 
evidenciado a partir das alterações do artigo 36 da LDBEN. 
A alteraçãoda estrutura curricular apesar de possibilitar maior flexibilização, a partir da 
possibilidade de escolha de percursos formativos pelos estudantes e da oferta pelas escolas, se 
não for bem estruturada pode enfraquecer o currículo e consequentemente empobrecer a 
educação no Ensino Médio. 
Um dos requisitos necessários na efetivação do percurso curricular é a rede de 
aprendizagem didático-pedagógica nos programas de formação continuada, requerendo um 
planejamento sistemático em conjunto com os estabelecimentos de ensino ou unidades 
escolares. 
A adoção de rede de aprendizagem, também, como ferramenta didático-pedagógica 
relevante nos programas de formação inicial e continuada de profissionais da 
educação, sendo que esta opção requer planejamento sistemático integrado 
estabelecido entre sistemas educativos ou conjunto de unidades escolares; (EYNG, 
2013, p.50) 
Levando em conta o educando é necessário pensar o currículo de maneira que 
proporcione um processo educativo integral, contribuindo com a construção da identidade 
sociocultural. 
O currículo, assumindo como referência os princípios educacionais garantidos à 
educação, [...], configura-se como o conjunto de valores e práticas que proporcionam 
a produção, a socialização de significados no espaço social e contribuem intensamente 
para a construção de identidades socioculturais dos educandos. (Eyng, 2013, p.30) 
Desse modo o currículo deve ter uma relação coerente de uma sociedade democrática, 
dando desafiando as práticas interculturais. As abordagens conservadoras não são mais 
suficientes para atender as diversidades encontradas na escola atual. Assim, é preciso pensar 
em currículos capazes de garantir os direitos individuais e coletivos resultando traços 
identidários mais solidários. 
10050 
 
 
Diferentes currículos produzem diferentes traços identitários, as propostas advindas 
das abordagens conservadoras não respondem mais aos anseios e demandas da 
atualidade, sendo necessárias a adoção de narrativas curriculares capazes de 
configurar processos formativos pautados na garantia, proteção e vivência dos direitos 
individuais e coletivos, dos quais resultem traços indenitários mais solidários. 
(EYNG, 2013, p.46) 
Enquanto docente é necessário possuir uma consciência, da produção e seleção do 
conhecimento da sua legitimação transpassando a diversidade. 
A produção do conhecimento, assim como sua seleção e legitimação, está 
transpassada pela diversidade. Não se trata apenas de incluir a diversidade como um 
tema nos currículos. As reflexões do autor nos sugerem que é preciso ter consciência, 
enquanto docentes, das marcas da diversidade presentes nas diferentes áreas do 
conhecimento e no currículo como um todo: ver a diversidade nos processos de 
produção e de seleção do conhecimento escolar. (Gomes,2008, p. 24). 
A educação de qualidade social perpassa a origem social, pensa no processo educativo 
de cada indivíduo situando-o historicamente. 
A educação de qualidade social expressa a concepção do direito à educação, que não 
se trata apenas do acesso à escola, mas também da permanência e, como resultado de 
uma formação de qualidade. Assim, o direito à educação consubstancia-se na 
efetivação de um processo educativo significativo para cada sujeito historicamente 
situado. Portanto não se trata de direito à qualquer educação, mas a uma educação de 
qualidade, independente da origem social, econômica ou cultural. (EYNG, 2015, p. 
141) 
A garantia do acesso e a permanência na escola pelo discente é resultado da formação 
de qualidade social. “Almejada qualidade social da educação pauta-se na lógica pedagógica e 
social, objetivando respectivamente a eficácia e a efetividade com vistas à relevância social, no 
atendimento às necessidades formativas. ” (EYNG, 2015, p. 141) 
Para uma educação de qualidade, é necessária uma visão global do processo educativo 
por conta da complexidade que o envolve, pois, a qualidade educacional não pode ser medida 
apenas pelo rendimento apresentado pelo educando, em avaliações de larga escala. 
A qualidade do processo educativo não está relacionada apenas a quem “aprende”, mas 
também a quem “ensina”, e nesse contexto a MP 746/2016, no que se refere à contratação dos 
profissionais da educação, traz uma mudança significativa introduzida no artigo 61 da Lei 
nº9394/96. 
 Artigo 61 “ III - trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área 
pedagógica ou afim; 
IV - Profissionais com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino para ministrar 
conteúdos de áreas afins à sua formação para atender o disposto no inciso V do caput do art. 36. ” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art61iii
10051 
 
 
Do ponto de vista da valorização profissional, essa medida significa uma 
desregulamentação da profissão docente, tendo em vista que ficam abertas possibilidades de 
contratação de profissionais "com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas de 
ensino para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação". 
Nesse sentido a MP ao invés de apresentar medidas para superar as dificuldades 
existentes na profissão docente, estimular melhores condições de trabalho e consequentemente 
a valorização do profissional da educação, escolhe um caminho mais simplista retirando a 
obrigatoriedade do diploma na área pedagógica possibilitando que outros profissionais façam 
da docência uma segunda opção no exercício da profissão. 
Considerações finais 
Um dos principais problemas que a sociedade brasileira enfrenta hoje em dia, é a 
péssima qualidade da Educação, especialmente na Educação Básica ofertada no ensino médio, 
haja vista os baixos índices alcançados nas avaliações de larga escala medido pelos órgãos 
competentes, além do elevado índice de evasão e repetência neste nível de ensino, conforme 
dados apresentados por meio do Censo Escolar da Educação Básica, divulgados anualmente 
pelo INEP/MEC. 
Alcançar a qualidade da educação brasileira não é tarefa fácil. Requer tempo e ações 
integradas que vão da formação e valorização dos professores à infraestrutura; da remuneração 
à gestão escolar; da formação integral prevista no currículo às metodologias de ensino; da 
vontade política aos investimentos, entre outras tantas. 
Estatísticas mostram que o Brasil está avançando, no acesso à Educação Básica, no 
entanto o país continua com problemas enormes, pois de nada adianta garantir o acesso e não 
assegurar a permanência dos estudantes. E para equalizar essa balança há que se reestruturar 
toda concepção do ensino. 
Nesse sentido o atual governo lançou em setembro de 2016 a Medida Provisória 
746/2016 já transformada em Lei 13.415/2017 no mês de fevereiro de 2017, mudando a forma 
como a educação básica será ofertada no nível do Ensino Médio. 
As mudanças contidas na MP são polêmicas, pois incluem vários aspectos crucias do 
ensino, tais como alteração do currículo, aumento de carga horária, escolas em tempo integral, 
escolhas dos alunos quanto ao percurso formativo e das escolas quanto à oferta das áreas, 
contratação de profissionais sem a devida formação pedagógica desde que possuam notório 
saber, entre outros de menor relevância. 
10052 
 
 
Essa reforma, tem pretensões elevadas, apesar de ser uma medida apenas para um nível 
de ensino, entretanto se não houver parceria e recursos da União, será difícil alcançar o 
proposto. Não adianta aumentar o tempo na escola se a estrutura curricular a ser definida pela 
Base Nacional Comum Curricular – BNCC, não contemplar uma formação integral. Escola em 
Tempo integral não pode corresponder a "dupla ineficiência". Mudança requer disposição e 
interesse e para isso há que se prever investimentos humano e financeiro. 
Em um cenário de crise, às vezes a alternativa é fazer ajustes nas políticas públicas, 
entretanto na Educação, deve-se estar atento para que as mudançasnão sejam realizadas sem 
que seus impactos sejam efetivamente dimensionados. Sem isso, são grandes as chances de 
retrocesso na educação. 
 Enfim, o país somente será uma Nação desenvolvida quando os nossos governantes 
tiverem vontade política para efetivamente propor e dar suporte a uma educação digna e de 
qualidade. Implementada a partir do diálogo entre os atores do processo educativo e o poder 
público, do contrário continuaremos tratando a educação em plataformas ultrapassadas, que 
conforme define o educador Português, José Pacheco, “a educação brasileira pode ser 
sintetizada numa frase: jovens do século 21 são ensinados por professores do século 20, com 
recurso a práticas do século 19, em práticas desprovidas de fundamentação científica”. 
Os desafios que se tem pela frente são imensos, mas podemos dizer que nos últimos 
anos tivemos alguns avanços na educação, de forma geral o ensino fundamental foi 
universalizado e tivemos uma ampliação de vagas no Ensino Superior, com as ações afirmativas 
e agora uma reforma estruturante no Ensino Médio, instituída por Medida Provisória já 
convertida na Lei 13.415 de 2017. Resta-nos agora torcer para que essa reforma alcance seus 
objetivos de uma educação de qualidade. 
REFERÊNCIAS 
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Oficial da União, Brasília, 5 de outubro de 1988. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm Acesso em: 13 de 
setembro de 2016. 
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da Educação Nacional Cadernos de Pesquisa - Globalização e Políticas educacionais na 
América Latina. N.º 100 São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1997. Disponível em: 
<Http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/729107/lei-8280-93-curitiba-pr> Acesso em 18 set. 
2017. 
10053 
 
 
BRASIL. Medida Provisória n. 746 de 22 de setembro de 2016. Disponível em: 
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Mpv/mpv746.htm acesso em 
27 out 2016. 
EYNG, Ana Maria. Currículo e avaliação: duas faces da mesma moeda na garantia do 
direito à educação de qualidade social, Revista Diálogo Educacional, v. 15, n.44, 
Champagnat, Curitiba 2015. 
EYNG, Ana Maria; GISI, Maria Lourdes; ENS, Romilda Teodora; PACIEVITCH, Thais. 
Diversidade e padronização nas políticas educacionais: configurações da convivência 
escolar. Revista Ensaio aval. Pol. Públ. Educ, CESGRNRIO, Rio de Janeiro, 2013. 
GOMES, Nilma Lino. Indagações sobre currículo: diversidade e currículo. Organização do 
documento Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Aricélia Ribeiro do Nascimento. 
Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. 
MARTINS Junior, Joaquim. Como escrever trabalhos de conclusão de curso: instruções 
para planejar e montar, desenvolver, concluir, redigir e apresentar trabalhos monográficos e 
artigos. 6. Ed. Revista e atualizada. Petrópolis. RJ: Vozes, 2012. 
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Mpv/mpv746.htm

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