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Resumo de Contratos - Direito Legal

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23/08/2020 Resumo de Contratos - Direito Legal
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Resumo de Contratos
Conceito
Contrato é o negócio jurídico bilateral, ou plurilateral (acordo das partes e sua manifestação externa),
pois depende de mais de uma declaração de vontade, que sujeita as partes à observância de conduta
idônea à satisfação dos interesses de que regularam, visando criar, modi�car, resguardar, transmitir ou
extinguir relações jurídicas.
Surgido no Direito Romano que é um termo jurídico-histórico, isto é, compreende não só a ordem
jurídica que teve lugar ao longo da história de Roma, mas também as ideias e experiências surgidas
desde o momento da fundação da cidade até a desagregação do Império após a morte de Justiniano,
num clima de formalismo, de inspiração religiosa, o contrato se �rmou, no direito canônico assegurando
à vontade humana a possibilidade de criar direitos e obrigações.
Natural dos canonistas, a teoria da autonomia da vontade foi desenvolvida pelos enciclopedistas
�lósofos e juristas que perceberam a Revolução Francesa e a�rmaram a obrigatoriedade das
convenções, equiparando-as, para as partes contratantes à própria lei. Surge assim o princípio: “pacta
sunt servanda”.
São os jusnaturalistas que levam o contratualismo ao seu apogeu, baseando num contrato a própria
estrutura estatal (O Contrato Social de Rousseau) e fazendo com que, em determinadas legislações, o
contrato não mais se limite a criar obrigações podendo criar, modi�car ou extinguir qualquer direito,
inclusive os direitos reais.
O individualismo do século XIX, do qual o Código Napoleônico foi o maior monumento legislativo,
inspirou-se na fórmula liberal dos �siocratas, que reduziram ao mínimo a interferência estatal, abrindo
amplas perspectivas de liberdade à vontade humana, que só por si mesma em virtude das obrigações
contraídas, poderia sofrer restrições ou limitações.
Constituiu-se, assim, o contrato, o instrumento e�caz da economia capitalista na sua primeira fase,
permitindo, em seguida, a estrutura das sociedades anônimas as grandes concentrações de capitais
necessárias para o desenvolvimento da nossa economia em virtude do progresso técnico, que exigia a
criação de grandes unidades �nanceiras, industriais e comerciais.
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A partir de 1985 o Brasil às vésperas do �m da Ditadura Militar, num processo de redemocratização
promulga a Constituição da República Federativa do Brasil, assegurando à nação, uma norma superior
que preservasse as Garantias Fundamentais, com o objetivo de dar maior efetividade aos Direitos
Humanos, tendo como valor central o princípio da Dignidade da Pessoa Humana, permitindo assim, a
participação do Poder Judiciário sempre que houvesse lesão ou ameaça a direitos.
Com a nova constituição, houve um processo natural de reinterpretação das leis vigentes, vertendo
sobre elas uma análise menos normativista, típica do direito romano, a uma análise mais principiológica
que acompanha a evolução da sociedade como nos sistemas da “common law”.
Em 2002, com advento do Novo Código Civil, vigente desde então, tivemos uma mudança signi�cativa,
acerca das relações civis, destarte a nova orientação oriunda da CF/1988, a sistemática interpretativa
deve conduzir a tutela da dignidade da pessoa, ou seja, garantir de que ela seja um �m considerada em si
mesma.  Assim, o Código Civil sofre um fenômeno que chamaremos aqui de “despatrimonialização” das
relações, tornando-as cada vez mais subjetivas e menos objetivas.
Após essas re�exões históricas, em outras palavras, de forma simpli�cada, contrato pode ser
conceituado como o acordo de vontades que tem por objetivo a criação, a modi�cação ou a extinção de
direitos. As partes contratantes buscam uma troca de prestações, isto é, um receber e um prestar
reciprocamente.
Função Social dos Contratos
A Função Social dos contratos constitui, com base no princípio moderno a ser observado pelo
interprete na aplicação dos contratos. Agrupado aos princípios tradicionais, como por exemplo o da
autonomia da vontade e da obrigatoriedade.
Desse modo, a função social é como uma espécie que limita a autonomia da vontade, fazendo com o que
impeça que tal autonomia esteja em confronto com o interesse social. Essa é uma forma de intervenção
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estatal na confecção e interpretação dos instrumentos contratuais, para que esses tenham além da
função de estipular os interesses dos contratantes.
Autonomia Privada x Autonomia de Vontade
A autonomia privada é um dos princípios do Código Civil, que tem por objetivo a materialização por
meio de negócios jurídicos já a autonomia da vontade se estabelece na ampla liberdade para o negocio
contratual, com o poder de mediar suas vontades em um contrato.
De maneira resumida, a autonomia privada é a ordenação das próprias relações jurídicas, indicando a
respectiva disciplina jurídica. Já autonomia da vontade é o controle na prática de determinados atos.
Responsabilidade pré-contratual e contrato preliminar
De forma simpli�cada, responsabilidade pré-contratual é basicamente o princípio da boa-fé objetiva
com regras iniciais para o negócio proposto, já o contrato preliminar é uma maneira de pactuar uma
vontade que ainda será �rmando em contrato, de maneira resumida, é um contrato pré-estabelecido
antes do contrato de�nitivo.
Formação do Contratos
Manifestação da vontade
Para a existência do negócio jurídico, é necessário o requisito da declaração da vontade que pode ser
expressa na lei ou tácita.
Negociações preliminares
O contrato resulta em duas manifestações: a primeira é a proposta que dá início à formação do contrato
e a segunda a aceitação do contrato estabelecido.
Proposta
A proposta é toda inciativa de um contrato que deve conter todos critérios para a realização do negócio
proposto
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Aceitação
É a concordância das partes envolvidas com os termos propostos.
Momento da conclusão do contrato
É o momento em que é considerado formado o contrato entre duas ou mais pessoas que está ligado pela
ocasião da aceitação.
Classificação e Espécie dos Contratos
Quanto ao efeito:
a) Unilateral: consiste no contrato em que só uma da parte tem a obrigação, enquanto a outra apenas
concorda com os termos, como no caso do contrato de doação pura.
b) Bilateral: é o contrato no qual há prestação e contraprestação estipulada entre as partes, como no
contrato de compra e venda.
c) Plurilateral: trata-se da possibilidade da existência de vários polos no contrato, cada um com seus
deveres e direitos distintos, sendo vontades próprias.
Quanto à onerosidade:
a) Gratuito ou desinteressado: dá-se quando apenas uma das partes tem vantagem em razão da
manifestação de vontade da outra parte, como o contrato de mútuo simples (empréstimo de bem
fungível).
b) Oneroso comutativo: con�gura-se pela prestação mútua e já estabelecidas consequências do
cumprimento ou não do contrato, tendo cada parte uma obrigação para com a outra já determinada.
c) Oneroso aleatório por natureza: nesta espécie, o cumprimento do contrato é, naturalmente, incerto,
dependendo para que aconteça de um evento futuro, como no contrato de jogo e no contrato de seguro.
d) Oneroso aleatório pela vontade das partes: ocorre pela convenção das partes em que se cria um
contrato que embora oneroso, depende de um evento futuro e incerto.
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Quanto ao momento da execução:
a) Instantâneo: leva-se em conta o momento de celebração e cumprimento do contrato, por ocorrer em
um único ato.
b) Diferido:trata-se de hipótese em que o cumprimento do contrato se dá em momento posterior a sua
celebração.
c) De trato sucessivo ou em prestação: aqui, o cumprimento do contrato se dá no decorrer do tempo,
podendo, inclusive, ser modi�cado o acordado em razão da teoria da imprevisão.
Quanto ao agente:
a) Personalíssimo: trata-se do contrato em que apenas uma determinada pessoa poderá cumprir o
acordado, uma vez que foi celebrado em razão de suas características pessoais.
b) Impessoal individual: consiste na hipótese em que qualquer pessoa pode cumprir o contrato.
c) Impessoal coletivo: são contratos que envolvem várias pessoas, como as convenções coletivas de
trabalho.
Quanto à formação:
a) Paritário: con�gura contrato em que a celebração é de comum acordo, ambos elaborando as
cláusulas �xadas.
b) Adesão: hipótese em que apenas uma das partes elabora as cláusulas contratuais e a outra apenas as
adere.
c) Tipo: consiste em desdobramento do contrato de adesão, de modo a se utilizar um formulário em que
umas das partes, tão e somente, preencherá.
Quanto ao modo por que existem:
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a) Principal: trata-se de contrato fruto da convergência de vontades, estabelecendo relação jurídica
originária entre as partes.
b) Acessório ou adjeto: espécie de contrato que se constitui em função do contrato principal, sendo
garantia ou complementação deste.
c) Derivado: con�gura um contrato novo que só surge em razão da existência de uma relação jurídica
contratual pretérita. Não se comunica, porém com o contrato principal.
Quanto à forma:
a) Solene ou formal: aquele contrato que deve respeitar os requisitos estipulados em lei para que haja
sua validade.
b) Não solene ou informal: decorre da ausência de disposição legal especí�ca, de modo a poder ser feito
o contrato de qualquer forma.
c) Consensual: são aqueles contratos que se consideram formados pela simples oferta e aceitação.
d) Reais: são contratos em que só serão considerados �rmados com da entrega da coisa objeto do
negócio jurídico, como no contrato de mútuo.
Quanto ao objeto:
a) Preliminar: consiste no contrato �rmado em que as partes se comprometem a no futuro �rmar o
contrato de�nitivo, como no caso de promessa de compra e venda de um imóvel.
b) De�nitivo: trata-se do contrato pelo qual – de fato – concretiza-se o negócio jurídico.
Quanto à designação:
a) Nominados ou típicos: são os contratos previstos em lei, dando-se parâmetros legais a sua formação.
b) Inominados: são os contratos sem previsão legal, mas que a lei considera lícito desde que respeitadas
às disposições gerais do direito contratual.
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c) Misto: são aqueles contratos que tem por base um contrato nominado/típico, mas se acrescentam
cláusulas de outros contratos, ou cláusulas atípicas.
d) Coligados: são contratos que trazem duas prestações em razão de um único negócio, como a venda
de automóvel e assistência técnica no mesmo contrato.
e) União de contratos: são contratos distintos e autônomos que são unidos por conveniência, como um
contrato de moradia que se soma a um contrato de empreitada para construí-la.
Quanto ao objetivo:
a) Contrato de aquisição: é a forma de contrato de�nitivo, no qual se tem a transferência de�nitiva e
documental do bem.
b) Contrato de uso ou gozo: con�gura contrato que não tem a �nalidade de transferir a titularidade do
bem, e sim de permitir o uso por determinado tempo, devendo ser devolvido nas mesmas condições,
ressalvado o desgaste natural.
c) Contrato de prestação de serviço: trata-se daquele contrato pelo qual o prestador de serviço se
obriga a prestar pessoalmente ou por terceiro um serviço de�nido no contrato em favor do contratante.
d) Contrato associativo: é o contrato realizado entre duas ou mais pessoas na busca de um �m comum,
como no contrato social ou de cooperativa.
Interpretação dos Contratos
O atual Código Civil estabelece regras de interpretação para os contratos. Essas por sua vez, é
realizado para apurar a realização do contrato, além de estabelecer clareza nas cláusulas contratuais.
Extinção dos Contratos
Os contratos, como os negócios jurídicos em geral, apresentam um ciclo: nascem do acordo de
vontades, produzem os efeitos e extinguem-se.
Basicamente a extinção dos contratos ocorrem pela execução, seja ela deferida, continuada ou
instantânea.
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Doutrina
Nesse diapasão, com sabedoria, JOÃO HORA NETO preleciona:
Legislação
O tema “ Contratos” possui sua previsão na Lei n  10.406, de 10 de janeiro de 2002 que institui o
Código Civil (Título V, dos Contratos em Geral).
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á
adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais �xadas neste
Código.
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Em verdade, se é certo que a Carta Magna de 1988, de forma
explícita, condiciona que a livre-iniciativa deve ser exercida em
consonância com o princípio da função social da propriedade (art.
170, III), e, uma vez entendida que a propriedade representa o
segmento estático da atividade econômica, não é desarrazoado
entender que o contrato, enquanto segmento dinâmico,
implicitamente também está afetado pela cláusula da função social
da propriedade, pois o contrato é um instrumento poderoso da
circulação da riqueza, ou melhor, da própria propriedade.
“
o
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2010.406-2002?OpenDocument
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Jurisprudência
Data de publicação: 12/02/2019
Data de registro: 12/02/2019
Ementa:  APELAÇÃO – Ação revisional de  contratos  bancários (empréstimo pessoal), cumulada
com pleito indenizatório por danos morais – Relação de consumo – Sentença de parcial
procedência;  CONTRATO  DE ADESÃO – Cláusulas pré-estabelecidas – Impossibilidade de
discussão paritária que não tem o condão de invalidar a avença – Conclusão do negócio é opção do
consumidor – Necessidade de efetiva demonstração das ilegalidades aventadas; CAPITALIZAÇÃO
DE JUROS – Legalidade – Indicação de taxa de juros anualizada superior ao duodécuplo da taxa
mensal que autoriza a exigência dos patamares contratados – Inteligência da Medida Provisória nº
1.963-17/2000 (reeditada como Medida Provisória nº 2.170-36/2001) e Súmula 596 do STF –
Matéria objeto do Recurso Especial Repetitivo Nº 973827/RS, que deu origem à edição da Súmula
541 do STJ – Inaplicabilidade da Súmula 121 do STF aos  contratos  bancários; REPETIÇÃO DE
INDÉBITO – Revisão acolhida quanto à abusividade de juros remuneratórios, cujas quantias devem
ser objeto de devolução simples – Ausência de caracterização de má-fé – Inteligência do artigo 42,
parágrafo único, parte �nal, do Código de Defesa do Consumidor e Súmula 159 do STF; DANOS
MORAIS – Descabimento – Ausência de ofensa aos direitos da personalidade ou submissão à
situação vexatória – Situação de mero aborrecimento, insu�ciente para a con�guração do dano –
Sentença mantida – Recurso ao qual se nega provimento. 
Caso Prático
A Lei 13.786 de 2.018 tem por função regulamentar como deverá ocorrer a rescisãodos contratos, cuja
o objeto é a aquisição de bens imóveis, mesmo que ainda na planta (em construção).
Desde o início de sua vigência vem causando bastante discussão entre os especialistas, não somente no
âmbito do direito, mas em todo cenário imobiliário.
Para saber mais acesse: A nova lei do distrato imobiliário. “Amiga ou vilã”?
    
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/661763806/lei-13786-18
https://gumedeiros86.jusbrasil.com.br/noticias/674982660/a-nova-lei-do-distrato-imobiliario-amiga-ou-vila?ref=topic_feed
https://direito.legal/author/vadecum-legal/
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