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Cozinha Hospitalar Thanise Pitelli Paroschi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050- 900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Edu- cação a Distância; PAROSCHI, Thanise Pitelli Cozinha Hospitalar. Thanise Pitelli Paroschi Maringá-Pr.: UniCesumar, 2019. Reimpressão. 120 p. “Graduação em Gastronomia - EaD”. 1. Gastronomia. 2. Hospitalar. 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0209-6 CDD - 22ª Ed. 612.3 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, forman- do proissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” Missão DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco�, James Prestes,Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Jorge Luiz Vargas Prudencio de Barros Pires, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Giovana Costa Alfredo, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard. DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco�, James Prestes,Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Jorge Luiz Vargas Prudencio de Barros Pires, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Giovana Costa Alfredo, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard. Coordenador de Contéudo Andrea Shima da Motta, Projeto Gráico Jaime de Marchi Junior e José Jhonny Coelho Editoração José Jhonny Coelho, Designer Educacional Maria Fernanda Vasconcelos, Revisão Textual Keren Pardini e Viviane Notari, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock e Istockphoto. 3 Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desaio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualida- de, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eiciência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que izermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conheci- mento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhe- cimento, formando proissionais cidadãos que con- tribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desen- volvimento da consciência social e política e, por im, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja ser reconhecida como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qua- lidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão uni- versitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis- trativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educa- ção continuada. p al av ra d o r e it o r Reitor Wilson de Matos Silva Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, demo- cratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comuni- cação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conec- tividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets acelera- ram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualiicado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modiicou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipa- mentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), signiica possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em infor- mações e interatividade. É um processo desaiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desaios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. b oa s- v in d a s Pró-Reitor de EaD Willian V. K. de Matos Silva 5 b oa s- v in d a s Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou pro- issional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando opor- tunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desaios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transfor- mação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pe- dagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação proissional, desen- volvendo competências e habilidades, e aplicando conceitosteóricos em situação de realidade, de ma- neira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e proissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, as- sista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza- gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Diretoria de Graduação e Pós Kátia Solange Coelho Diretoria de Design Educacional Débora do Nascimento Leite Diretoria de Permanência Leonardo Spaine C o z i n h a H o s p i t a l a r A p re se nt aç ão d o L iv ro Professora Mestre Thanise Pitelli Paroschi Olá, aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à disciplina de Cozinha Hospitalar, do Curso de Gastronomia. Com muito prazer, sou a professora hanise Pitelli Paroschi e estudare- mos juntos sobre as cozinhas e as preparações que envolvem a área hospitalar. Assim, vamos abordar todos os aspectos que envolvem essa área maravilhosa e que, cada vez mais, necessita do nosso trabalho e proissionalismo. Para nos conhecermos melhor, gostaria de me apresentar a você e contar um pou- quinho da minha experiência proissional. Sou nutricionista, formada pelo Centro Universitário Filadélia (UNIFIL), e também tecnóloga em alimentos, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), ambas na cidade de Londrina/PR. Fiz alguns cursos que auxiliaram muito na minha proissão, como a especialização em Nutrição e Metabolismo na Prática Clínica pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e o mestrado em Ciência de Alimentos, também pela UEL. Desde criança sou apaixonada por alimentos, ainal, venho de uma família que possui o dom de fazer doces. Minha mãe fazia, inicialmente, docinhos para casamentos e aniversários em casa e eu sempre ousava ajudá-la nas horas livres, hoje, ela tem seu próprio ateliê, e não consigo ajudá-la tanto quanto gostaria. Quando comecei a decidir a faculdade que faria, sabia que queria fazer algo em que pudesse ajudar ao próximo. Decidi unir o que cresci fazendo em casa com o que sentia vontade dentro do coração e resolvi fazer nutrição. A ideia inicial era atender em con- sultório e trabalhar na área hospitalar, focando a oncologia. Fiz estágio no hospital do câncer de Londrina e em mais dois hospitais da cidade e me identiiquei muito com a área, porém enxerguei que era preciso ter experiência no funcionamento de uma cozinha, para que pudesse entender o complexo e importante funcionamento da cozinha de um hospital. Ainal, como escutei em um curso de capa- citação, a cozinha é um centro cirúrgico e as pessoas que trabalham nela são os médicos 7G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R cirurgiões. Um centro cirúrgico mal higienizado, sem os equipamentos e utensílios necessários, pode colocar em risco a vida de um paciente, e um médico que não está capacitado também. Isso acontece em todas as cozinhas, porém se torna ainda mais preocupante quando nos referimos a uma cozinha hospitalar, não é? Ainal, geralmente as pessoas que estão hospitalizadas estão em uma condição mais debilitada, assim, as consequências de uma simples contaminação podem ser ainda mais desastrosas. Fui trabalhar em um restaurante comercial da cidade e continuei estudando para continuar aprendendo, foi quando iniciei a especialização. Do restaurante, tive a opor- tunidade de trabalhar na Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL), na regional Norte do Paraná, onde trabalho até hoje, por meio de consultoria aos estabe- lecimentos associados (restaurantes, cantinas, bares, bufets etc.) com foco no controle de qualidade no preparo de alimentos. Durante toda minha carreira acadêmica, trabalhei com alimentos e preparações para o tratamento de doenças, seja no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), monograia da especialização e também, no mestrado. Ainda, no mestrado, me apaixonei pela do- cência, pois vi que, quando ensinava algo a uma pessoa, também estava ajudando ao próximo e, em contrapartida, eu também aprendia. E foi assim que passei a ensinar e a aprender todos os dias. Hoje, atuo como docente dos cursos de Nutrição e de Gastronomia, ministro trei- namentos de boas práticas na manipulação de alimentos e sou consultora na área de nutrição e gastronomia. Poder escrever este livro para você é uma honra, espero que possamos, juntos, aprender e ensinar um pouco desse mundo maravilhoso que necessita tanto da nossa atenção, cuidado e conhecimento, que é a Cozinha Hospitalar. C o z i n h a H o s p i t a l a r Na primeira unidade deste livro, para que possamos entender a necessidade da gastro- nomia hospitalar, vamos conhecer como o nosso paladar funciona e quais são os fatores que o alteram, principalmente dentro de um hospital. Na segunda unidade, vamos entender as modiicações necessárias nas preparações, em diferentes consistências e também em nutrientes, para o desenvolvimento de pre- parações especiais. Ainda, vamos entender como funciona a cozinha hospitalar, seus utensílios, equipamentos e controles necessários. E, para fechar, na terceira e última unidade, daremos sequência aos preparos da Cozinha Hospitalar, entendendo sobre as técnicas de preparo. Assim, este livro, juntamente com as outras ferramentas do curso, é um grande passo para quem quer, além de se aperfeiçoar no mundo da gastronomia, trabalhar ajudando ao próximo. Convido você a aprender conosco nas próximas páginas. SUMÁRIO UNIDADE 1 A Cozinha Hospitalar 15 Cozinha Hospitalar e Alimentação em Pacientes Hospitalizados 21 A Palatabilidade do ser Humano 25 Fatores que promovem variações na Palatabilidade UNIDADE 2 A Cozinha Hospitalar e Modiicações da Dieta 37 Funcionamento da Cozinha Hospitalar 45 Modiicação de Dietas Hospitalares em Consistência 53 Modiicação de Nutrientes em Dietas Hospitalares UNIDADE 3 Preparações Hospitalares 75 Uso de Ervas & Condimentos 79 Bases Culinárias 87 Preparações para Dietas Hospitalares dica do chef habilidades Legendas de Ícones recapitulando saiba mais fatos e dados minicaso relita Dica do Chef: dicas rápidas para complementar um conceito, detalhar procedimentos e proporcionar sugestões. Habilidades: elo entre as disciplinas do curso. Mão na massa: indicação de atividade prática. Fatos e Dados: complementação do conteúdo com informações relevantes ou acontecimentos. Minicaso: aplicação prática do conteúdo. Relita: informações relevantes que proporcionam a relexão de determinado conteúdo. . Recapitulando: síntese de determinado conteúdo, abordando principais conceitos. Saiba mais: Informações adicionais ao conteúdo. mão na massa A Cozinha Hospitalar THANISE PITELLI PAROSCHI A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Cozinha hospitalar e alimentação em pacientes hospitalizados • A palatabilidade do ser humano • Fatores que promovem variações na palatabilidade • Compreender o conceito da gastronomia hospitalar e sua importância para o paciente hospitalizado. • Entender sobre a isiologia e o funcionamento do paladar humano. • Estudar sobre as modiicações de palatabilidade que ocorrem em dife- rentes situações. Plano de Estudo Objetivos de Aprendizagem Introdução Querido(a) aluno(a), Sabemos que, como todas as áreas, os fatos históricos muito auxiliamno entendimento da evolução do proissionalismo, não é?! O mesmo ocorre dentro da cozinha hospitalar. Sempre ouvimos dizer que alimentação de hospital é ruim. Esse mito é bastante antigo e data das épocas de guerra, quando os hospitais eram os locais de fuga e esconderijo das pessoas que necessitavam ser isoladas do restante da população para evitar o contágio. E, para essas pessoas, a alimentação não era um fator de preocupação. A partir do século XVIII, com a criação dos hospitais de caridade, começaram os relatos histó- ricos de preocupação com a higiene dos alimentos ofertados. Toda alimentação dos hospitais era elaborada pelas religiosas, que icavam responsáveis por fazer a comida aos doentes utilizando as hortas, pomares e galinheiros existentes nas sedes dos próprios hospitais. A alimentação era ofertada com o intuito de minimizar possíveis danos à saúde e, por isso, as refeições eram servidas sem sal, sem gordura e sem tempero; além das quantidades, que eram fracionadas de acordo com o sexo, idade e doença. Em 1974, com a criação da Association Nationale pour la Formation Du Personnel Hospitalier (ANFH) foram criadas, nos hospitais, equipes hoteleiras treinadas que passaram a gerenciar todo o setor de alimentação, a partir daí, os nutricionistas e gastrônomos ganharam espaço. Apenas no século XX a alimentação ganhou importância pelo seu impacto nos processos de cura de doenças (e agora, mais recentemente, também na prevenção). Assim, com a evolu- ção do tempo e da necessidade de organização, distribuição de tarefas e criação das diferentes proissões, a cozinha hospitalar também se desenvolveu e, cada vez mais, vemos o aumento da especialização dentro delas. 13 C o z i n h a H o s p i t a l a r 15G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Cozinha Hospitalar e Alimentação em Pacientes Hospitalizados O conceito de gastronomia hospitalar demonstra, com precisão, a necessidade dessa prática dentro dos hospitais. Segundo Roberto et al. (2013, p. 11), entende-se que gastronomia hospitalar é: aplicação de conceitos gastronômicos, diante das dietas hos- pitalares, aim de melhorar as características sensoriais das preparações em todos os seus aspectos, promovendo nutrição e saúde, humanização e respeito ao paciente. A importância da alimentação em pacientes hospitalizados tem sido cada vez mais discutida, pois é muito frequente a prevalência da hiponutrição em hospitais. C o z i n h a H o s p i t a l a r A alimentação é, ainda, um dos fa- tores mais importantes para a me- lhora das mais diversas doenças, principalmente ao nos referirmos a pacientes hospitalizados, tornando-se extre- mamente necessária para o prognóstico. A maioria dos pacientes depende da dieta ingerida para cobrir suas necessidades nutri- cionais, já que a alimentação normal, ou seja, pela via oral (e não por meio de sondas) é a favorita, pois é a mais barata, melhor para o organismo e está associada a menores riscos de intercorrências. Em 1996, o Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar (IBRANUTRI) mos- trou que, dos 4000 pacientes avaliados, 48,6% estavam desnutridos, sendo que o tempo de permanência no hospital de pa- cientes desnutridos é aumentado em 90% quando comparado aos pacientes nutridos para o mesmo procedimento. E, além do tempo de internação, a taxa de mortalida- de dos desnutridos é o dobro da taxa de mortalidade em pacientes nutridos. Fonte: Waitzberg e Correia (1999). Porém a diiculdade de acesso e de ingestão dos alimentos durante a internação muitas vezes faz que a alimentação oral ique prejudicada. O que ocorre é que, na maior parte das vezes, a quantidade, a qualidade e a variedade dos ali- mentos efetivamente ingeridos pelos pacientes icam muito aquém de suas necessidades nu- tricionais, diicultando a sua recuperação. E, quanto maior o tempo de internação, maior a insatisfação com os alimentos, diminuindo cada vez mais o volume ingerido. 17G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Outro fator importante é que, para a adequada recuperação, seja de uma cirurgia, de queimadura e até mesmo do câncer, o organismo necessita de um aporte de nutrientes maior do que o in- divíduo já está acostumado a ingerir, tornan- do necessário que a ingestão de alimentos seja aumentada. Assim, a gastronomia hospitalar torna-se uma grande ferramenta terapêutica e, com iniciativas simples, como a personalização da alimentação, variedade de cores e sabores, en- volvimento das equipes e responsabilidade dos responsáveis, já se torna suiciente para melhora do serviço, satisfazendo o paciente. O alimento ofertado ao paciente deve ser ade- quado às necessidades nutricionais associadas com os mais diversos quadros clínicos, mas também deve considerar: • Necessidades individuais: deve-se ava- liar que muitas vezes o paciente não con- segue mastigar, digerir ou, até mesmo, eliminar os alimentos, devendo estar adequados para sua situação. • Características sociais, culturais e re- ligiosas de cada paciente: muitas vezes isso pode afetar o consumo dos alimen- tos, bem como os hábitos alimentares anteriores à internação. • Único momento de prazer e autonomia para o paciente: já que é uma das poucas situações em que ele não está em contato com a equipe médica ou assistencial. É importante, ainda, avaliar a situação fragi- lizada, em que o apetite está diminuído tanto pelo contexto psicológico como pelo isolamento social. Dessa maneira, a gastronomia hospitalar deve englobar todos os processos referentes à produção da alimentação (desde o recebimento, a distribuição, até a devolução dos pratos). 1. Assistência nutricional para a correlação com a gastronomia hospitalar (triagem para identiicação de pacientes com maior risco nutricional, plano alimentar para determinar as necessidades indi- viduais, equacionar o resto-ingesta, ou seja, a quantidade de alimento oferecido e alimento não ingerido por cada pacien- te e o monitoramento dos indicadores de qualidade para a evolução do estado nutricional). 2. Qualiicação dos fornecedores, fator inti- mamente relacionado à segurança do ali- mento ofertado, envolvendo uma visita técnica às instalações dos fornecedores, C o z i n h a H o s p i t a l a r análises laboratoriais e até mesmo o processo de transporte e recebimen- to das mercadorias em condições satisfatórias. 3. Cardápios que estimulem o odor, a visão, a textura e o sabor podem au- xiliar na aceitação das preparações. Lembrando que a maioria dos pa- cientes em um ambiente hospitalar não possui preferência por comidas requintadas, e sim por preparações que agregam aconchego e conforto (lembrando a sua própria casa). 4. Transporte das refeições até o leito do paciente é um fator que engloba basicamente a temperatura das re- feições ofertadas, recomendando- -se que essa etapa seja realizada em carrinhos térmicos e que a atenção seja redobrada em relação a horários de exames, cirurgias e procedimen- tos, já que se deve evitar oferecer a comida em um momento em que o paciente não está presente e ela pode esfriar. 5. Apresentação, já que a decoração dos pratos também inl uencia na aceita- ção, como apresentações coloridas, harmônicas, a educação, a apresen- tação e o uniforme dos funcionários envolvidos na distribuição. Está preparado(a) para trabalhar na co- zinha hospitalar? Além das técnicas de preparo, deve-se assegurar a higiene pes- soal e ambiental, pois o sistema imune do paciente está debilitado e a contaminação coloca sua vida em risco. Pense nisso! Fonte: a autora. 19G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R C o z i n h a H o s p i t a l a r 21G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R A Palatabilidade do ser Humano A nossa sensação gustativa, “paladar”, ou, ainda, “gustação” é um dos nossos principais sentidos e está relacionadaà adaptação e sobrevivência da espécie humana na natureza, já que o homem primitivo se sentia atraído pelas cores e formas das plantas e frutos, porém, instintivamente, por paladares amargos, azedos e adstringentes, fundamentava o potencial de alimentos, como se fosse uma identiicação da qualidade. C o z i n h a H o s p i t a l a r A té hoje, os gostos diferentes nos alertam à presença de toxinas, substâncias químicas e contami- nações e promovem a rejeição de um alimento, não é?! Querido(a) aluno(a), sabemos que o pala- dar é um sentido que permite a identiicação da qualidade de uma substância por meio de sistemas quimiosensoriais especializados, ca- pazes de detectar compostos nutricionalmente relevantes ou nocivos. Esse sistema está presente na nossa cavida- de oral, organizado em botões gustativos, sendo que a língua é a estrutura funcional, e o palato mole, faringe, epiglote e o terço superior do esô- fago são áreas acessórias do nosso paladar, já que também possuem funções, como o palato mole, que apresenta cerca de 400 botões gustativos. Em geral, cada botão gustativo é composto de 50 a 150 células que possuem uma taxa de renovação, chamada de “turnover”, ou seja, as células são trocadas a cada 10 dias em média nos indivíduos jovens e saudáveis, sendo que exis- tem células que icam disponíveis apenas por horas. Já pensou que, às vezes, a célula usada para identiicar a gustação do almoço é diferente daquela que foi usada no café da manhã? Um botão gustativo apresenta uma estrutura semelhante a da Figura 1, sendo que, na su- perfície da língua, possuímos microvilosida- des, que são poros responsáveis pela captação. No centro da estrutura, temos os receptores, chamados de células gustativas, capazes de identiicar o sabor e transmitir, por meio de ibras nervosas, a informação ao nosso sistema nervoso central. Por meio das células gustativas, nós po- demos, então, identiicar os paladares básicos: doce, amargo, azedo e salgado. Além desses, tem o umami, que foi identiicado como o quinto sabor básico após ampla discussão entre espe- cialistas, esse sabor é gerado pelo glutamato monossódico (Ajinomoto®), um realçador de sabor bastante utilizado. Alguns especialistas consideram, ainda, que existem os gostos de água, elétrico, metálico e o de gordura como sendo outros elementos de paladar. Alguns nervos respondem de modos mais especíicos a determinadas substâncias, porém os botões são capazes de identiicar todas as qualidades de gosto em todas as regiões da língua, então, a divisão da língua em um mapa de sabores não deve ser generalizada. 23G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Figura 1: Representação do botão gustativo, papilas e língua A saliva promove solubilidade das soluções, transporte das moléculas até as papilas, inibe microrganismos e auxilia na formação do bolo alimentar, já que possui enzimas que já iniciam a digestão, como a amilase salivar, que faz a digestão do carboidrato. O paladar e o olfato são sentidos que estão interligados, não é? Às vezes, quando estamos gripados, deixamos de sentir o sabor dos alimen- tos. Digo sabor, pois este é a combinação entre o paladar, o olfato e as sensações transmitidas. Cerca de 90% do sabor dos alimentos é res- ponsabilidade do olfato, e não do paladar, até porque antes de levar um alimento para a cavi- dade oral, sentimos o seu cheiro. Depois disso, ao posicionar o alimento no interior da cavidade oral, sentimos o gosto do alimento, seguido da percepção olfatória retronasal, ou seja, que passou da cavidade oral para a cavidade nasal, que estão ligadas. Assim, esses combinam e resultam no sabor. C o z i n h a H o s p i t a l a r 25G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Fatores que promovem variações na Palatabilidade Nem todos nós experimentamos a mesma sensação isiológica diante da mesma substância. Isso ocorre devido à genética, ao sexo, à idade, à cultura, ao ambiente, além de fatores hormonais e psicológicos. C o z i n h a H o s p i t a l a r A composição química do alimento também é outro fator que inluencia na palatabilidade, ainal, quanto mais rápido e fácil uma substância chegar ao poro gustativo, maior será a percep- ção. Além da composição química, a quantidade de alimento e sua temperatura também inluen- ciam na percepção do paladar. Os distúrbios no paladar podem ser carac- terizados como: • Hipogeusia: perda parcial ou diminuição do paladar. • Ageusia: perda total do paladar. • Disgeusia: paladar alterado. • Parageusia: distorção do paladar na presença de estímulos, por exemplo, ao ingerir um alimento, sente-se um sabor metálico na boca. • Fantogeusia: distorção do paladar na au- sência de estímulos, ou seja, mesmo sem ingerir qualquer alimento, a sensação de um mau paladar é sentida. 27G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Fatores Genéticos Nós possuímos uma grande variabilidade no número de papilas e botões gustativos, inluen- ciando nossa habilidade sensorial. Quanto maior o número de papilas, maior a percepção sensorial. Idade O turnover das células tende a icar mais lento com o passar dos anos, porém, muitas vezes, o número total de células e de botões gustativos tende a se degenerar e reduzir nos idosos. Motivo pelo qual os idosos tendem a preferir alimentos com sabores mais concentrados que os jovens. A capacidade de detectar sabores praze- rosos, sal e amargo acaba sendo reduzida nos idosos. Porém muitos estudos ainda airmam que a detecção de doce e azedo se mantém intacta, mas a utilização de próteses e a redu- ção da salivação inluenciam diretamente na palatabilidade. Fatores Hormonais Durante a gravidez, sob efeito de dois hormô- nios (estrogênio e progesterona), a mulher tem os limiares alterados para a percepção e para a intensidade do gosto. Inicialmente, a gestante apresenta maior sensibilidade ao gosto amargo, enquanto, após o primeiro trimestre, o gosto do sal se torna mais prazeroso e, também, mais tolerante. A diferença entre a palatabilidade de homens e mulheres também foi estudada, sendo que uma pesquisa realizada em 1994 demons- trou que as mulheres possuem mais papilas gustativas que os homens, tornando-se mais sensíveis. Fatores Culturais Além da base biológica, a sensação também depende da base cultural, já que, de acordo com a sensibilidade, a percepção e, também, nossas crenças, hábitos e história dos quais fazemos parte, podemos construir nossos hábitos ali- mentares, por exemplo, o de sempre adicionar mais sal durante as nossas refeições. De acordo com a sensibilidade e com o número de papilas, um indivíduo pode ser classiicado como nontaster, mediumtas- ter ou supertaster (em português: pouco paladar, médio paladar ou super paladar, respectivamente). Ou seja, quando ofertada uma solução amarga na mesma concentração para os três grupos, os supertaster percebem a solução como muito amarga, os medium- taster, como amarga e o nontaster, como pouco amarga. Fonte: Roberto et al. (2013, p. 62) C o z i n h a H o s p i t a l a r Fatores Ambientais A hospitalização é um desses fatores ambien- tais mais importantes. Inicia-se pela mudança psicológica, mas também, durante o período de internação, o paciente pode ser submetido ao uso de medicamentos e terapias que podem ocasionar distúrbios no paladar. As disfunções no paladar também ocorrem com distúrbios no sistema nervoso central por meio de lesões, cirurgias, câncer, dentre outros. Outro fator associado à hospitalização é a prescrição de medicamentos, pois centenas desses estão associados aos distúrbios quimios- sensoriais, afetando os sensores químicos do paladar e do olfato, incluindo: anti-hipertensi- vos, antidepressivos, antitumorais etc. A atuação dos medicamentos sobre a palata- bilidade ocorre, pois esses limitam o acessoaos quimiorreceptores da papila gustativa, alteram os constituintes da saliva, interagem com os receptores da papila, alteram os impulsos ner- vosos para o sinal ao sistema nervoso central e muitos deixam sabor residual. Dentre outras alterações que ocorrem em pacientes hospitalizados, tem-se: • Estresse. • Preocupação referente ao diagnóstico e tratamento. • Distanciamento do convívio familiar e social. • Pouca privacidade. • Afastamento de seu ambiente e atividades. • Mudança dos horários e dos seus hábitos alimentares. De acordo com o tipo de clientela assistida, do tipo de hospital e dos objetivos da assistência nutricio- nal, podemos optar por diferentes estratégias de modiicações na alimentação. Assim, ao assumir posição de responsabilidade dentro de um hospital, podemos adotar algumas estratégias de ação, como: • Modiicação do cardápio, incluindo in- gredientes e preparações inovadoras. • Inclusão de opções no cardápio para a escolha do paciente. • Deinição da composição das refeições prin- cipais (entrada, prato principal, número de guarnições, sobremesa, bebida). • Foco na satisfação do paciente. • Resgatar hábitos do dia a dia e valoriza- ção de receitas tradicionais e habituais. Este último tópico aproxima-se do conceito Confort Food, que privilegia a simplicidade e busca da satisfação emocional de um indi- víduo, deinindo a arte de cozinhar de modo que se dê o maior prazer a quem come. Fonte: Isosaki et al. (2014, p. 5). 29G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Ou seja, muito mais que equipamentos soi sticados e ingredientes nobres, o sucesso da cozinha hospitalar consiste em opções que agradam os pacientes, pratos com apresentação harmoniosa, agradável aos olhos e com temperatura adequada. C o z i n h a H o s p i t a l a r co n si d e ra çõ e s i na is Caro(a) aluno(a), Chegamos ao inal da nossa primeira unidade do livro de Cozinha Hospitalar e, até aqui, nós entendemos sobre o funcionamento normal (o que chamamos de isiológico) do paladar, bem como sobre os principais fa- tores que o alteram. Vimos que muitos desses fatores ocorrem no ambiente hospitalar, como cirurgias, medicamentos, estresse e fatores psicológicos, de forma que podemos entender a importância do nosso trabalho nos hospitais, visando criar opções alternativas para cumprir o nosso objetivo para aqueles pacientes que se encontram em situações que, muitas vezes, afetam seu dia a dia. Lembrando que o nosso objetivo é o de sempre proporcionar uma alimentação adequada, segura e bem aceita. Nesta unidade, compreendemos que temos que levar em consideração que muitos pacientes, pelo próprio ambiente em que estão inseridos, recusam a alimentação, além de possuírem as alterações no paladar acima citadas, fazendo que a ingestão de alimentos seja diminuída, além da diminuição da fome e, até mesmo, medicamentos que alteram a digestão dos alimentos. Essa situação se complica ao considerar a necessidade do aumento dos nutrientes para a recuperação do paciente e, também, para a manutenção de sua imunidade. Muitos pacientes estão, ainda, em situações que necessitam de dietas especíicas. No que diz respeito ao proissional do ambiente hospitalar, observa- mos: somos responsáveis pela inovação das apresentações, pela atenção no planejamento de cardápios, por cuidados com temperatura e auxílio na boa aceitação das preparações, trazendo sempre a sensação de conforto pelo alimento ingerido. No ambiente de trabalho hospitalar, assim como no das outras áreas, é fundamental que tudo esteja, sempre, em ótimas condições de uso e de higiene, evitando riscos de contaminação dos alimentos, pois os pacientes hospitalizados estão com o sistema imunológico mais debilitado, de forma que a doença transmitida por alimento pode ser um fator agravante para sua recuperação e, até mesmo, um fator que pode levar ao óbito. 31G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R at iv id ad es d e e st u d o 1. De que forma o sabor dos alimentos é sentido? Como é a estrutura responsável por essa sensação? 2. Cite três fatores que afetam a palatabilidade em pacientes hospitalizados. 3. Qual a importância da alimentação para um paciente hospitalizado? m at er ia l c o m p le m e n ta r Gastronomia Hospitalar no Conceito do Comfort Food Telma Sígolo Roberto, Daniel Magnoni, Celso Cukier e Regina Stikan Editora: Livraria Balieiro A leitura deste livro irá, sem dúvida alguma, complementar de forma detalhada as informações da unidade, principalmente no concernente ao funcionamento do paladar e à importância da gastronomia hospitalar. Sinopse: este livro fornece informações sobre o desai o cons- tante da alimentação hospitalar, os indicadores de qualidade na gastronomia hospitalar e uma visão ampla desse setor da gastro- nomia. Proporciona ao leitor os aspectos operacionais relacionados à gastronomia hospitalar de maneira que sua implantação em serviços de prestação de saúde seja possível também como uma estratégia terapêutica aos pacientes. C o z i n h a H o s p i t a l a r le it ur a co m p le m e n ta r A função terapêutica da alimentação tem evoluído graças ao avanço considerável dos conhecimentos relacionados à dietética e à nutrição, sendo que a pesquisa nessas áreas forneceu e abriu novos pontos de vista acerca da terapia nutricional, icando cada vez mais claro que a alimentação pode, de fato, apresentar um papel relevante no processo saúde e doença. Entretanto, a comida não é apenas uma substância alimentar, e os ali- mentos não induzem o homem à vontade de alimentar-se apenas por sua composição química, mas devem também ser atraentes. Alimentar-se é um ato nutricional, e comer é um ato social ligado a usos, costumes, condutas, protocolos e situações. O alimento e a alimentação trazem consigo diversas signiicações e implicações na vida das pessoas, além de serem fontes de prazer do início ao im da vida e fazerem parte integrante da manutenção ou da reconstrução da identidade do indivíduo hospitalizado. A aceitação da alimentação por parte do paciente internado é constituída por uma somatória de fatores inerentes ao estado da doença e de fatores relacionados ao ser- viço oferecido. O conhecimento da arte de cozinhar para proporcionar maior prazer a quem come é um poderoso instrumento de trabalho do qual o proissional deve lançar mão para elaborar dietas saborosas e melhorar a adesão dos pacientes. O preparar dos alimentos destinados a pacientes em dieta especial exige habilidade e conhecimentos básicos sobre técnicas culinárias e ingredientes que podem tornar uma dieta mais facil- mente aceita pelo paciente. Assim, dietas especíicas precisam ser trabalhadas para se tornarem mais apetecíveis. Em dietas com redução ou exclusão de gordura, açúcar ou sal, o sabor pode sofrer alterações. Utilizar especiarias e condimentos pode compensar a ausência de outros ingredientes, gerando percepções tão saborosas quanto as origi- nais. Quando as possibilidades de variação dos ingredientes são excluídas, resta ainda procurar dar à montagem da bandeja do paciente uma apresentação estética, por meio da louça, dos talheres, do guardanapo, da disposição dos alimentos no prato etc. A acei- tação da alimentação por parte do paciente internado é decisiva para uma ação efetiva da terapia nutricional. A evolução da gastronomia pode, portanto, permitir que dietas hospitalares, conhecidas pela insipidez, participem da terapêutica, agregando prazer ao valor nutricional do alimento. Fonte: Souza e Nakasato (2011). A aplicação da Cozinha Hospitalar A Cozinha Hospitalar e Modiicações da Dieta THANISE PITELLI PAROSCHI A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Funcionamento da cozinha hospitalar • Modiicação de dietas hospitalares em consistências • Modiicação de nutrientes em dietas hospitalares • Entender o funcionamentoda cozinha hospitalar. • Estudar sobre os equipamentos e utensílios necessários para a cozinha hospitalar. • Compreender as modiicações possíveis em uma dieta hospitalar. • Estudar sobre as técnicas alternativas para a elaboração de dietas especiais. Plano de Estudo Objetivos de Aprendizagem IntroduçãoIntrodução Caro(a) aluno(a), Como vimos na unidade anterior, a gastronomia hospitalar é imprescindível para a qualidade do serviço e, consequentemente, para garantir a maior ingestão das refeições possível. Apesar de todos os preceitos dietéticos, por muito tempo, as dietas associadas ao tratamento ou a refeições hospitalares estiveram associadas a experiências ruins. Mesmo que essa visão esteja sendo modiicada, ainda cabe a nós mudarmos de uma vez por todas esse paradigma, não é? Dentre os diversos aspectos envolvidos na gastronomia hospitalar, Mezomo (2015) aponta alguns pontos que devem ser observados ao elaborar um cardápio hospitalar, como os hábitos alimentares do paciente, os pontos de cocção, os temperos usados etc., respeitando, também, a necessidade do paciente no quesito quantidade. Deve-se levar em consideração, ainda, o direito da escolha do paciente, criando opção do cardápio alternativa, por exemplo, deixar o paciente deinir entre dois pratos principais. Outro aspecto importante é dar a possibilidade do paciente retornar informações acerca da alimentação que lhe foi oferecida, dando a oportunidade de conversar com os responsáveis pela cozinha. Mesmo que o paciente esteja em condições debilitadas e em dieta especial, é in- dispensável que os cardápios sejam nutritivos, com boa aparência e sabor, além de seguros sob o ponto de vista higiênico-sanitário. É nesse contexto que o resgate da gastronomia e da culinária tem suscitado maior interesse no âmbito das unidades hospitalares, aumentando a valorização da alimentação do paciente. Assim, nesta unidade, vamos conhecer sobre o funcionamento da cozinha hospitalar, bem como os equipamentos e utensílios necessários e a sua divisão em diferentes áreas (como a área para o pré-preparo de carnes, área para pré-preparo de hortifrutigranjeiros, cozinha quente, dentre outras). Vamos ver, também, as modiicações que ocorrem na dieta hospitalar, de modo a entender as restrições e pontos a serem observados para cada indivíduo. Veremos que as dietas podem ser modiicadas em nutrientes, pensando nos pacientes diabéticos, obesos, hipertensos, e em consistência, já que existem alguns pacientes que podem estar impossibilitados de mastigar, engolir (deglutir) ou até de digerir os alimentos. Vamos lá! 35 C o z i n h a H o s p i t a l a r 37G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Funcionamento da Cozinha Hospitalar Você se lembra do conceito da gastronomia hospitalar? Vimos na unidade anterior. Para a aplicação desse conceito, é importante que estejamos sempre prontos para aplicá-lo, considerando alguns pontos importantes, como: • Manter-nos sempre atualizados com relação a novos ingre- dientes e criação de novos pratos. • Considerar aspectos religiosos, clima e a disponibilidade dos alimentos. • Conhecer o poder aquisitivo do paciente, o nível da educa- ção, a sua idade e sexo. • Considerar a possibilidade de proporcionar uma opção de escolha do prato por parte do cliente. • Estimar o custo da matéria-prima e dos materiais necessá- rios para a elaboração dos cardápios. • Estar atualizado quanto à harmonia entre as preparações que compõem a refeição. • Elaborar fichas técnicas visando criar um sistema padronizado. • Manter os preceitos da alimentação saudável. C o z i n h a H o s p i t a l a r Vimos na unidade anterior que a gastronomia hospitalar pode ser deinida como a “apli- cação de conceitos gastronômicos, diante das dietas hospitalares, a im de melhorar as características sensoriais das preparações em todos os seus aspectos, promovendo nutrição e saúde, humanização e respeito ao paciente”. Dessa forma, temos que pensar sempre no cuidado e no zelo com o paciente hospitalizado, visando garantir preparações de boa aceitação para facilitar o consumo para que possa atingir suas recomendações nutricionais, já que a alimentação também faz parte de seu tratamento. Assim, para a aplicação dos conceitos gastro- nômicos, é necessário que exista um planeja- mento, que inclui a elaboração e a avaliação dos cardápios, a política de compras, a infra- estrutura e todos os processos pelos quais os alimentos passam até chegar ao cliente (rece- bimento, armazenamento, pré-preparo, cocção e distribuição), sem esquecer-se do controle dos recursos humanos, como o recrutamento, a seleção, os treinamentos etc., e também do atendimento dos quesitos higiênico-sanitários para atendimento às legislações vigentes. É importante, ainda, lembrarmos que devemos associar esses aspectos às necessidades nutri- cionais de cada paciente, ou seja, suas recomen- dações dietéticas. A cozinha hospitalar é a área onde será desenvolvida a maior parte das atividades do serviço. É o local onde se concentram as atividades de aquisição, armazenamento e toda a produção, assim, a cozinha hospita- lar é a base para a deinição dos aspectos da organização, dos processos e luxos, equipa- mentos, recursos humanos, dentre outros, sendo que as atividades a serem executadas levam em conta: • Tipo do hospital (público/privado, geral/ de especialidades). • Tipo de paciente (adulto/infantil). • Tipos de especialidades tratadas (clínicas/cirúrgicas). • Número de leitos. • Tempo médio de permanência dos pacientes. • Número e horário das refeições. • Sistema de distribuição das refeições (cozinha/copas de internação). • Política de compras (mensal, semanal, quinzenal etc.). • Área física e estrutura disponível. 39G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R O Ministério da Saúde elaborou um Guia Alimentar para a População Brasileira de modo a direcionar como é possível ter uma alimentação saudável. Deine-se alimen- tação saudável como: “aquela que reúne os seguintes atributos: é acessível e não é cara, valoriza a variedade, as preparações alimentares usadas tradicionalmente, é harmônica em quantidade e qualidade, naturalmente colorida e segura sanitaria- mente”. A alimentação adequada e saudá- vel é um direito humano básico. Fonte: Brasil (2014) Assim, a cozinha hospitalar é subdividida em algumas áreas, podendo citar: a. Área de recebimento e armazenamento dos gêneros alimentícios (perecíveis e não perecíveis) A avaliação quantitativa e qualitativa dos gêneros alimentícios é a base para um serviço de qualidade, e o primeiro passo do recebimento é a conferência quantitativa, já que o material deve ter sua quantidade checada de acordo com o pedido de compras. Dentre as questões de qualidade a serem avaliadas, têm-se as condições da embalagem, as condi- ções sensoriais, como aroma, cor, con- sistência e, também, a temperatura. As temperaturas dos alimentos perecíveis durante o recebimento devem obedecer aos seguintes parâmetros: • Produtos congelados: máximo a -12ºC. • Produtos resfriados crus: máximo a 3ºC. • Carnes e derivados: máximo a 7ºC. • Leites e derivados, ovos, frutas e le- gumes higienizados, sucos e polpas: máximo a 10ºC. • Preparações prontas para o consumo: máximo a 5ºC. • Produtos de paniicação e confeita- ria que necessitam de refrigeração: máximo a 5ºC. • Produtos quentes: mínimo a 60ºC. b. Pré-preparo de alimentos: área poden- do ser dividida nas áreas de carnes, sa- ladas, sobremesas e sucos. Caso não exista a possibilidade de subdi- vidi-la entre os diferentes gêneros alimen- tícios, vale ressaltar que essa área deve ser mantida separada da área de preparo, para evitar contaminação cruzada dos alimen- tos crus com os alimentos que já passaram pelo tratamento térmico. c. Preparo de alimentos: área destinada à cocção dosalimentos, como grelhar, assar, fritar e cozinhar. C o z i n h a H o s p i t a l a r d. Preparo de nutrição enteral: área des- tinada ao preparo e envase de dietas a serem administradas por sonda. e. Lactário: local destinado ao preparo e envase de fórmulas lácteas. Obs.: as áreas de preparo de nutrição enteral e do lactário devem ser isoladas, pois uma contaminação cruzada possi- bilita agravante à saúde. A do lactário, por serem alimentos para bebês que, muitas vezes, acabaram de nascer, e a enteral, pois, muitas vezes, a sonda é colocada diretamente no local de ab- sorção, pulando etapas de digestão, que poderiam ser eicazes na eliminação de microrganismos. f. Distribuição de alimentos: local no qual os alimentos preparados na co- zinha serão porcionados, acondiciona- dos e transportados para as unidades de internação, sendo que as caracte- rísticas podem depender do sistema adotado. Existem três tipos de sistema de distri- buição para pacientes. O sistema cen- tralizado ocorre quando as refeições são preparadas e porcionadas na cozi- nha, proporcionando maior controle do porcionamento, condições higiêni- co-sanitárias e menor desperdício. O segundo é o sistema descentralizado, que ocorre quando as refeições são preparadas na cozinha e transporta- das para as unidades de internação ou copas, onde serão porcionadas, ou seja, divididas nas porções que serão ser- vidas aos pacientes, visando facilitar o serviço. Atualmente, a maioria dos hospitais brasileiros adota o sistema misto, que mescla os dois tipos, no qual as refeições principais são porcionadas na cozinha e alguns itens, como o suco, o leite, o chá e outros, são porcionados nas copas. g. Área de higienização: destinada à higie- ne dos utensílios usados no preparo e distribuição das refeições. h. Refeitório ou restaurante: destinado à alimentação dos funcionários, estu- dantes, acompanhantes e visitantes. Não deixe de revisitar a disciplina de Higiene e Segurança para relembrar os processos necessários referentes ao luxo correto de alimentos dentro de uma co- zinha proissional, de modo que possam atender à legislação adequadamente. 41G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Utensílios necessários O tipo de utensílios usados na cozinha depen- de de vários fatores, como recursos inancei- ros, padrão de cardápios, qualidade do recurso humano, dentre outros, porém alguns são im- prescindíveis, como: chinois, escorredor, espá- tula, facas, pedra, fouet, garfo de dois dentes, panelas, recipientes gastronorms (GNs), dentre outros. Para a distribuição, podem ser usados uten- sílios variáveis, como: • Bandeja térmica com utensílios, que permite a manutenção da temperatura e facilita a distribuição. • Bandeja térmica com descartáveis: na qual o descartável substitui os utensílios. • Conjunto de base e cobertura de prato térmico: sistema mais usado em outros países, em que um equipamento aquece a base onde é alojado o prato com a re- feição já porcionada. • Recipientes de vidro ou de porcelana: são fáceis de serem usados, porém não mantêm a temperatura, portanto, não dispensam a utilização de carros térmicos ou reaquecimento. • Recipientes descartáveis: favorecem o trabalho e reduzem a necessidade de higienização, diminuindo os riscos de contaminação, porém são os de maior custo. Os GNs são recipientes padrões conhecidos como cubas GN, cubas gastronômicas ou gas- tronorms e são bastante usados em cozinhas proissionais no preparo e distribuição dos alimentos. A dimensão padrão mundialmente conhecida como 1/1 possui 530x325mm, porém existem as suas derivações, como o 2/1 e o 1/2. A profundidade varia de acordo com cada fabricante e geralmente são pro- duzidas em aço inoxidável para facilitar a higiene, suportar temperaturas altas e baixas e ter maior durabilidade. Podem ser lisas ou perfuradas, com ou sem alça de apoio, com ou sem tampa, de aço inox ou vidro. Um alimento preparado em uma GN pode ser adicionado a um pass throught frio e quente, a um forno combinado e até ba- nho-maria, evitando trocas de recipientes. Fonte: Roberto et al. (2013, p. 15-17). Equipamentos necessários A escolha dos equipamentos também dependerá de alguns fatores, como espaço físico, layout, número de leitos e refeições servidas, tipo de distribuição e disponibilidade inanceira. Sempre se recomenda a utilização de aço inoxidável, pois é de fácil limpeza, por ser uma superfície lisa e por possuir maior durabilidade. Os equipamen- tos básicos, por área de trabalho, são: C o z i n h a H o s p i t a l a r Área de preparo geral Cozinha dietética Área de preparo de sobremesas e café Fogões Caldeirões a vapor Forno Fritadeira Forno combinado Chapas e grelhas Banho-Maria Processadores de alimentos Batedeira Liquidiicador Triturador de alimentos Refrigeradores Fogão Forno combinado Chapa e grelha Liquidiicador Liquidiicadores Batedeira Refrigeradores Forno combinado ou convencional Máquina de café Área de higienização Área de preparo de vegetais Área de preparo de carnes Máquina de lavar louças Processador de legumes Cortador de legumes Moedor de carnes Cortador de frios Refrigeradores Área de distribuição Área de preparo de nutrição enteral Lactário Pass through Refrigeradores Balcões térmicos e refrigerados Carros para transporte Liquidiicadores Máquinas de envase Máquina de lacrar frascos Refrigeradores Liquidiicadores Fogão Refrigeradores Pass through Máquina de lavar mamadeiras Autoclave Quadro 1: Equipamentos necessários nas diferentes áreas da cozinha hospitalar Fonte: Cardoso, Nakasato e Roque (2014, p. 18-20). Na escolha do equipamento, deve-se atentar às condições ergonômicas do trabalho, como a di- mensão, o peso e as características operacionais, para que sejam adequadas ao recurso humano. Quando nos referimos ao recurso humano, estamos falando do pessoal envolvido no prepa- ro das refeições. E, para o dimensionamento de pessoal, há parâmetros bem deinidos em lite- ratura para explicar essa questão, logicamente, vai depender de questões simples, como o número de refeições e da jornada de trabalho, mas também de como é o sistema de distri- buição, a quantidade de áreas e equipamentos etc. Podem fazer parte do serviço de cozinha hospitalar o nutricionista, o chefe de cozinha, o cozinheiro chefe ou auxiliar, o ajudante de cozinha, o confeiteiro, o copeiro, o auxiliar de almoxarifado e o auxiliar de serviços gerais. 43G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Vale lembrar que a legislação estabelece re- comendações especiais para os trabalhadores quanto à higiene, apresentação, uniforme e utilização dos equipamentos de proteção in- dividual (EPIs). Uma cozinha hospitalar é um ambiente propício a acidentes de trabalho dos mais di- versos tipos e, de acordo com a norma regula- dora NR-6, foi estabelecida a obrigatoriedade do uso dos EPIs, como sapatos antiderrapantes, avental impermeável, mangote e luvas térmicas, luva malha de aço, óculos de segurança, dentre outros, que dependerão da atividade exercida pelo trabalhador, bem como dos ruídos da tem- peratura e da umidade aos quais é submetido. Como já discutimos na unidade anterior, o paciente é o cliente do serviço da cozinha hospitalar, então devemos sempre nos preocupar com sua sa- tisfação e sua segurança, já que a aceitação alimen- tar pode ser um determinante em seu tratamento. Em uma avaliação das dietas e aceitação da alimentação de 26 pacientes hospitali- zados em um hospital público de referên- cia da Política Nacional de Humanização (PNH) no Estado de Santa Catarina, no qual se aplicou um questionário para avaliar a comida hospitalar, se observou que a apresentação, a aparência, o aroma e o tipo de preparação podem inluenciar no desejo de comer dos pacientes. Dentre os fatores enumerados como negativos,havia a ausência de temperos nas refei- ções, a temperatura fria, a falta de molho e a baixa variedade nos cardápios. Os pa- cientes relataram, também, que a textura dos alimentos oferecidos, muitas vezes, prejudicava a ingestão alimentar. Fonte: Dermario, Sousa e Salles (2008) Equipamentos de proteção individual (EPIs) C o z i n h a H o s p i t a l a r 45G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Modiicação de Dietas Hospitalares em Consistência O cardápio a ser elaborado em uma cozinha hospitalar consiste em uma lista de preparações culinárias que irão compor as refeições e a partir dele se estabelece toda a operação subsequente, ou seja, o que, quando, quanto, de onde comprar e a distribuição de todas as tarefas para a equipe de produção. Em um hospital, o cardápio é cíclico, ou seja, é elaborado para um período determinado e, assim, vai sendo repetido. Recomenda- se que seja de 10 dias até cinco semanas, evitando a monotonia na repetição de preparações. C o z i n h a H o s p i t a l a r Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, elaborado em 2014 pelo Ministério da Saúde, uma alimentação deve contemplar alguns atributos básicos, como: 1. Sabor: uma alimentação deve ser sa- borosa, devendo resgatar o sabor dos alimentos naturais, como a utilização dos caldos preparados, evitando-se os industrializados. 2. Variedade: a utilização variada de alimen- tos fornece diferentes nutrientes necessá- rios para atender à demanda do organismo e garantir a alimentação adequada. 3. Cor: deve contemplar variedade de grupos de alimentos com diferentes colo- rações para deixar a alimentação atrativa. 4. Harmonia: deve ter equilíbrio em quanti- dade e qualidade para alcançar uma nutri- ção adequada de acordo com a fase da vida. 5. Segurança sanitária: devem ser seguros, sem contaminantes químicos, físicos ou biológicos. Ao elaborar um cardápio e suas respectivas ichas técnicas de preparação, podem-se padronizar as dietas e facilitar o trabalho durante a produção e distribuição das refeições, permitindo, ainda, o treinamento de pessoal. Porém vale lembrar que o planejamento deve ser lexível para permitir adequações às condições e necessidades de cada paciente. Assim, a padronização das dietas tem como objetivo manter um atendimento nutricio- nal seguro, eiciente e de qualidade ao paciente. Muitos pacientes necessitam de um ajuste em sua dieta, devido a alterações do processo digestivo ou de funcionamento geral do orga- nismo, e, a partir da dieta normal, têm-se as dietas modiicadas, que compreendem qualquer dieta que, em qualquer de suas características físico-químicas, foi alterada. Sob esse aspecto, as dietas hospitalares podem ser divididas em duas categorias: a. Dietas Terapêuticas: também chamadas de dietas especiais, caracterizam-se pelas mudanças na sua estrutura química, mo- diicando os nutrientes, e possuem ina- lidades terapêuticas, podendo também incorporar as alterações de consistência. Essa modiicação será necessária sempre que o paciente apresentar alguma doença que necessite dessa dieta, por exemplo, diabéticos, hipertensos, intolerantes à lactose, dentre outros. b. Dietas Modiicadas em Consistência: aquelas que apresentam mudanças físi- cas nas suas características, também co- nhecidas como dietas de rotina. Podem ser usadas de forma sequencial durante a evolução ou progressão da alimentação de um indivíduo doente. 47G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R As modiicações da dieta são extremamente im- portantes, pois, na maior parte das vezes, se a dieta não tiver a consistência alterada, o paciente não poderá mastigá-la ou digeri-la. É o que acon- tece com um paciente que fez uma cirurgia no estômago, por exemplo, como estômago precisa de repouso para cicatrização, o paciente deverá se alimentar com consistências que não exijam muitos movimentos, como os líquidos. Às vezes, quando vamos ao dentista, já ica difícil mastigar e até deglutir/engolir, não é? Imagine um paciente que fez uma cirurgia na boca. Ou, ainda, um paciente que possui is- sura no palato (“céu da boca”), já ouviu falar? Veja, na Figura 2, uma issura no lábio e no palato, já fechada após a cirurgia. Esse é um defeito genético que impede a deglutição das crianças. Figura 2: Fissura labiopalatal após cirurgia para fechamento C o z i n h a H o s p i t a l a r Já imaginou o quanto é essencial e impor- tante o nosso trabalho em um ambiente hospitalar e quantas vidas podemos ajudar a salvar? Fonte: a autora. Dessa forma, as dietas hospitalares devem ser padronizadas de acordo com suas possíveis mo- diicações, de modo a irmar suas características, indicações e alimentos ou preparações a serem servidas. As modiicações das dietas hospitalares levam como padrão a dieta normal, ou seja, alimen- tação normal. A partir dessa dieta, podem-se gerar modiicações de consistência, de modo a facilitar o processo digestivo. Dentro dessa modiicação, tem-se, também, uma possível mudança de temperatura e volume. As dietas hospitalares também podem ser alteradas em nutrientes, de modo a atender características especíicas de cada paciente. Ou seja, podem ser com baixo sódio para os hiper- tensos, com baixo açúcar para os diabéticos e até mesmo para aqueles que possuem restrições, como o glúten e a lactose. Vale lembrar que a lactose é o açúcar do leite, enquanto o glúten é uma proteína presente no trigo, cevada, centeio e, por meio de contamina- ção cruzada, na aveia, bem como seus derivados. 49G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R 1. Dieta Geral (ou Normal ou Padrão) É a dieta sem modiicações, ou seja, alimen- tos normais do nosso dia a dia, sendo indi- cada para pacientes que não necessitam de restrições especíicas (em nutrientes e em consistência) e que apresentam funções de mastigação e gastrointestinais preservadas. Fornece calorias e nutrientes em quanti- dades diárias recomendadas para manter a saúde do indivíduo e pode incluir todas as preparações e condimentos que forem necessários, respeitando os quesitos de alimentação saudável. Essa dieta hospitalar pode variar de 5 a 6 refeições ao dia, ou seja, café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia, podendo-se incluir uma refeição entre o café da manhã e o almoço (colação). 2. Branda Indicada para pacientes que não neces- sitam de restrições em nutrientes, mas apresentam diiculdade de mastigação e/ou digestão. Os alimentos devem ser apresentados na consistência de pasta ou alimen- tos bem macios, bem pi- cados, ou até moídos, sempre com a celu- lose dos vegetais e as ibras da carne abrandadas pela cocção, trituração ou raspagem. Devem ser excluídos da dieta: frituras, alimentos que for- necem resíduos não digeríveis, vegetais crus, cereais integrais e condimentos muito picantes; e o fracionamento segue o da dieta geral. 3. Pastosa Tipo de dieta indicada para pacientes em pós-operatório ou em situações clínicas especiais, que apresentam diiculdade de deglutir ou engolir, diiculdades de mastigação e/ou alterações gastrointesti- nais, pois diminui a mastigação e facilita a digestão. Classificação das Consistências das Dietas Hospitalares C o z i n h a H o s p i t a l a r É constituída de preparações líquidas e substâncias em estado de dispersão grosseira, cujas partículas estão em sus- pensão ou emulsão, resultando em um líquido espessado. Assim, os alimentos devem estar na forma de purês ou mingaus. Inclui suco de frutas, sopa cremosa, vi- tamina de frutas e deve seguir o fracio- namento de 6 refeições. 4. Semilíquida Essa dieta também é chamada em alguns hospitais de dieta leve, pastosa liquidii- cada ou líquido-pastosa. Indicada para pacientes em situação pré ou pós-operatória (ou fase de tran- sição), cuja função gastroin- testinal estejaalterada ou ainda exista diiculdade de mastigação ou deglutição, ou quando necessite de repouso gastrointestinal, preparo de determinados exames etc. É caracterizada por alimentos líquidos, como sucos coados no coador médio, vitaminas ralas, leite, sopa com caldo da carne ou carne batida, mingau ralo. Pode apresentar baixo valor nutritivo, por isso a evolução da dieta deve ser feita o mais rápido possível. Se utilizada por um período prolongado, geralmente, o paciente necessita de suplementação médica de vitaminas e minerais. Propicia pouca saciedade, devendo se alimentar a cada duas horas, assim, deve ser fracionada de 6 a 8 refeições por dia. 5. Líquida É a dieta mais restrita, indicada para pacientes que apresentam alterações na mastigação ou deglutição, em situações pós-operatória ou no preparo de cirurgias e exames que envolvam o sistema digestivo. Deve ter o mínimo de resíduos possí- vel para possibilitar máximo repouso gastrointestinal. 51G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Geralmente, é utilizada por período breve, apesar de promover a hidratação, saciar a sede, manter o funcionamento dos rins, fornece pequena quan- tidade de calorias e nutrientes, geralmente não atinge as necessidades diárias do organismo. É composta de líquidos transparentes, como água de coco, sucos bem diluídos, chás claros, caldo de vegetais. Como só pode ser dado 200 ml por vez para evitar a distensão do abdômen, deve seguir o fracionamento de 8 refeições ao dia. C o z i n h a H o s p i t a l a r 53G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Modiicação de Nutrientes em Dietas Hospitalares Os alimentos são deinidos como produtos de origem animal, vegetal ou sintéticos, que fornecem às pessoas energia de que precisam para crescer, andar, pensar, respirar e até dormir. Neles estão presentes os nutrientes. Podemos entender que os alimentos são qualquer substância que o corpo é capaz de ingerir e assimilar e que o manterá vivo e em constante crescimento e desenvolvimento, sendo os transportadores dos nutrientes. C o z i n h a H o s p i t a l a r Enquanto isso, os nutrientes são as substâncias que compõem o alimento e são responsáveis e indispensáveis para a manutenção de todas as reações bioquímicas necessárias para o funcionamento do organismo. Os nutrientes podem ser classiicados em: MACRONUTRIENTES (moléculas maiores e necessárias em maiores quantidades) Carboidratos, Proteínas e Lipídeos. Funções Fontes Carboidratos (CHO) • Fonte de energia • Preservação de proteínas • Combustível para o sistema nervoso central • Massas em geral, pães • Cereais: arroz, milho • Bolachas • Batata, mandioca • Frutas • Doces Proteínas (PTN) • Manutenção do crescimento e da construção tecidual • Formação de hormônios e enzimas • Produção de anticorpos: importante função na nossa imunidade • Proteína animal: leite e derivados, carne e ovos. • Proteína vegetal: leguminosas secas. • Proteínas de cereais e hortaliças. Lipídeos (LIP) • Compõem as membranas celulares • Representam reservas de energia • São combustíveis alternativos aos carboidratos • Isolamento térmico • Dão origem aos hormônios • Óleos vegetais • Azeite de oliva • Banha • Bacon • Carnes • Alimentos fritos • Manteiga • Margarina • Oleaginosas (nozes, amêndoas, castanhas...) Quadro 2: Funções e alimentos fonte dos macronutrientes Fonte: a autora. 55G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R MICRONUTRIENTES (pequenas moléculas, necessárias em mínimas quantidades) Vitaminas e minerais As necessidades dos micronutrientes variam em função de: sexo, idade, peso, altura, necessidades calóricas, estados de gravidez e lactação, atividade física etc. Os micronutrientes são essenciais para o crescimento e o funcionamento metabólico normal de um organismo, são ativos em doses mínimas e não apresentam valor energético inerente. São compostos orgânicos (vitaminas) ou inorgânicos (minerais) obtidos em uma dieta normal e capazes de manter a vida e promover o crescimento. • Vitaminas Elementos nutritivos essenciais para a vida (VITA), que na sua maioria possuem na sua estrutura compostos nitrogenados (AMINAS). Temos as vitaminas A, D, E, K, complexo B (B1, B2, B3..), C, dentre outras. • Sais minerais Os sais minerais são substâncias inorgânicas, isso os difere dos ma- cronutrientes e das vitaminas. Dessa forma, não pode ser produzida pelo organismo humano, sendo assim, necessitamos ingeri-los por meio de nossa alimentação. São vários os minerais existentes nos alimentos, dentre os mais co- nhecidos, temos o cálcio (encontrado nos laticínios), o ferro (presente nas carnes), o potássio (principais fontes são as frutas e verduras), o sódio (famoso no sal de cozinha), o selênio (um mineral antioxidante encontrado nas castanhas, principalmente na Castanha do Brasil) e outros, como fósforo, lúor, cobre, zinco etc. A grande diferença entre os micronutrientes (vitaminas e sais minerais), é que eles não possuem calorias por não fornecerem energia. A energia a qual nos referimos seria a capacidade de realizar traba- lho, medida em Joule (medida de energia em termos de trabalho mecânico) ou caloria (quantidade de energia térmica necessária para elevar a temperatura de 1ml de água, de uma temperatura padrão inicial, em 1ºC). C o z i n h a H o s p i t a l a r A unidade de energia usada em nutrição é a quilocaloria. 1 Joule = 4184 quilocalorias Assim, sabemos que 1g de carboidrato (CHO) nos fornece 4 kcal, 1g de proteína (PTN) nos fornece 4 kcal e 1g de lipídeos nos fornece 9 kcal. Se formos avaliar um pão de 50g, que possui: CHO: 28,7g PTN: 4,65g LIP: 0,1g Temos um total de kcal de: CHO: 28,7g x 4 kcal = 114,8kcal PTN: 4,65g x 4 kcal = 18,6kcal LIP: 0,1g x 9 kcal = 0,9kcal Total: 134,3 kcal (somatória dos três valores de kcal) Cada indivíduo possui um total de calorias ideal a ser consumida no dia, é o Valor Calórico Total (VCT). Porém mais importante que o total de calorias que um indivíduo consome é a distribuição dos nutrientes. Dentro de um hospital, temos como referência a dieta normal. Para o planejamento e adequações dietéticas, utiliza-se a recomendação normal de calorias, como sendo: 50 a 60% do Valor Calórico Total (VCT) de carboidratos. 10 a 15% do VCT de proteínas. 25 a 30% do VCT de lipídeos. Por exemplo, um indivíduo que ingere 2000 kcal ao dia deve ingerir de 50 a 60% dessas calorias em carboidratos, ou seja, em torno de 1000 kcal vindas do carboidrato. O mesmo deve acontecer para as proteínas e para os lipídeos, respeitando suas distribuições. 57G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Nas modiicações que ocorrem, podemos tornar uma dieta com aporte maior (chamada de hiper) ou com aporte menor (chamada de hipo), ou seja, se vamos tornar uma dieta hiperproteica, signiica que vamos dar acima de 15% do VCT e, se queremos que seja hipoproteica, tra- balhamos abaixo de 10%. Podemos variar tanto os macro quanto os micronutrientes. MODIFICAÇÃO DO VALOR CALÓRICO Calorias • Hipocalórica Indicada para os pacientes que necessitam de restrição calórica nos casos de pré-obesidade ou obesidade. Há redução do valor calórico total da dieta, que pode ser preparada com diversos conteúdos calóricos, mas com o balanço de nutrientes sem alterações (50 a 60% de CHO, 10 a 15% de PTN e 25 a 30% de LIP). Pode-se aumentar o número de refeições, de seis a oito por dia, sempre em pequenas porções e com alimentos de baixa caloria, como iogurte e gelatina light, frutas pequenas, extratos de soja, suco natural dilu- ído com água (acrescentar hortelã ou erva doce para deixá-lo mais saboroso). • Hipercalórica Indicada para pacientes desnutridos ou com risco de desnutrição. Devem ser adicionados alimentos com alta densidade energética, aumentando o valor calórico, por exemplo, adicionar leite integral, cremede leite. Preferir alimentos mais sólidos, pois a água aumenta a saciedade sem dar calorias. Preira óleos vegetais nas preparações, podendo até inalizar com um pouco de azeite de oliva nas preparações e saladas, e adicione sempre as frutas secas, as castanhas e as nozes, pois são alimentos calóricos com um peril de gorduras bastante benéico. C o z i n h a H o s p i t a l a r Você sabe a diferença entre um alimento diet e light? Quando se fala Diet, é porque desse alimento foi retirado totalmente algum tipo de nutriente ou substância (por exemplo, carboidrato, gordura, proteína ou sódio) que não, necessariamente, o torna menos calórico. Os consumidores de produtos diet normalmente apresentam condições metabólicas ou isiológicas especíicas. Precisam de alimentos especial- mente formulados, que eliminam ou substituem algum componente como o açúcar (diabéticos) e o sal (hipertensos). Light é todo produto que sofre uma redução mínima de 25% de calorias ou de um determinado nutriente ou substância como açúcar, gorduras, proteínas, sódio e outros. Os consumidores são pessoas saudáveis que buscam produtos com menos calorias ou com quantidade reduzida de algum nutriente, em comparação com o mesmo alimento em sua fórmula convencional. Fonte: Ornellas (2007). 59G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R MODIFICAÇÃO DOS MACRONUTRIENTES Proteínas • Hipoproteica Indicada para pacientes com insuiciência renal ou que necessitam do consumo controlado em purinas, já que estas geralmente são encon- tradas nos alimentos proteicos. As purinas são moléculas utilizadas na síntese de DNA e RNA pelas nossas células e são componentes im- portantes de várias biomoléculas, como o ATP (nossa energia). Porém o principal metabólito de sua degradação é o ácido úrico; algumas pessoas (que têm “gota”) possuem acúmulo de ácido úrico no sangue, devendo diminuir a ingestão dos alimentos fonte. Para tornar uma alimentação com baixa proteína, deve-se abusar dos vegetais e substituir a carne bovina por omelete com vegetais, espinafre, salada, cebola, alho etc. Deve-se substituir o leite por suco de frutas e diminuir a quantidade da leguminosa, utilizando apenas uma porção em uma refeição do dia, e substituir a gelatina comum por gelatina de algas. • Hiperproteica Indicada para pacientes desnutridos ou com risco de desnutrição. Pode- se fazer torta salgada com extrato de soja e ovo; sempre que possível, adicioná-los às preparações. Acrescentar linhaça, aveia, farinha de soja em cima do arroz e preferir sempre pães e cereais integrais. Consumir leguminosas como feijão, lentinha, ervilha também na forma de sa- ladas. Acrescentar salsa, cebola, cebolinha e outras especiarias para deixar mais saboroso. Trocar os sucos batidos com água por sucos batidos com leites. Carboidratos • Hipoglicídica Geralmente indicada para pacientes diabéticos, visando ao controle glicêmico. Controle total dos carboidratos da dieta dando preferência aos alimentos C o z i n h a H o s p i t a l a r integrais; pode-se sempre substituir os tubérculos por verduras. Pode-se diminuir a porção de arroz e acrescentar vegetais e folhas para aumentar a saciedade. Nos lanches, podem ser servidas torradas e bolachas integrais acom- panhadas com requeijão baixa caloria, ou geleia com suco de frutas e sem açúcar. Além disso, restringe-se o açúcar, o mel e a frutose. Preira sucos menos calóricos, como abacaxi, melão, limão e melancia. Para controlar a ansiedade, uma dica é utilizar banana com canela e polvilhar um pouco de adoçante. Aquecer um pouco e servir. Fica bastante saboroso e auxilia na vontade de comer doce. Gorduras • Hipogordurosa Pacientes com distúrbios no pâncreas, biliares ou com colesterol e triglicerídeos elevados, além da obesidade. Os alimentos são preparados sem adição da gordura, usa-se leite desna- tado, carnes magras e não é ofertada margarina ou outro alimento que contenha grandes quantidades de gordura, tais como: achocolatados e derivados do leite integral. Para os lanches, preferir os pães integrais e os queijos brancos com pouca gordura, como muçarela de búfala, ricota, “cottage” ou queijo minas frescal. Adicione folhas de alface, agrião ou rúcula junto com cenoura ou beterraba ralada para aumentar a saciedade e tornar o alimento mais atraente. Substitua a manteiga comum pela light, a maionese e o requeijão também. Evitar utilizar temperos industrializados devido à grande quantidade de gorduras adicionadas a eles (além do sódio). No modo de preparo, utilize sempre os grelhados ou assados. Modiicação dos micronutrientes • Hipossódica (baixa em sódio) Evitar utilizar temperos industrializados, dar preferência por temperos 61G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R naturais, como alho, cebola, cebolinha, salsinha, coentro, alecrim, oré- gano, manjericão e outras especiarias para torná-los mais saborosos. Substituir os alimentos em conserva como picles, cenoura, pepino por alimentos in natura. Substitua queijos amarelos por muçarela de búfala, queijo branco sem sal, tofu. Para tornar mais saboroso, pode-se adicionar orégano e um pouco de azeite de oliva. Substitua os embutidos. Uma ideia é utilizar frango assado com alecrim. Substitua temperos prontos para arroz e feijão. Tempere o arroz com alho, cebola e açafrão e no feijão acrescente louro. Não utilizar sopas e molhos industrializados, deve-se realizar todo preparo. Em uma dieta de baixo sódio, pode-se dar a opção de acrescentar 1g de sódio no almoço e no jantar, porém, existem casos em que isso também é restrito. • Hipocalêmica (pobre em potássio) Essa dieta é extremamente importante para os pacientes que possuem problemas renais, pois os rins são responsáveis pela eliminação do potássio, então, no paciente renal, a excreção de potássio é diminuída e esse acúmulo de potássio pode causar fraqueza, paralisia muscular, sensação de dormência na língua, boca e pernas, além de alterações cardíacas, chegando até a parada total do coração. Os alimentos ricos em potássio são leguminosas, frutas, verduras e leite de vaca. Devem-se picar frutas, legumes e verduras, após tê-los deixados de molho em água, cozinhá-los e jogar fora a água do cozi- mento. Substituir o leite de vaca por extrato de soja. As frutas também devem ser cozidas antes de serem consumidas, porém, deve-se atentar às indicações, pois algumas pessoas, princi- palmente aquelas que não possuem os rins funcionantes, não devem consumir a maior parte das frutas, mesmo que cozidas. • Dieta laxativa (rica em ibras) Indicada para os pacientes que apresentam constipação intestinal. C o z i n h a H o s p i t a l a r Ocorre a substituição de preparações por alimentos laxantes, como mamão, laranja, suco de fruta com ameixa seca e inclui-se farelo de trigo, aveia, dentre outros. Há um aumento do consumo de líquidos, inclusive de chás laxativos, como carqueja e cavalinha. • Dieta obstipante (pobre em ibras) Indicada para os pacientes que apresentam quadros de diar- reia, restringindo-se preparações com leite, leguminosas com casca e verduras. Adiciona-se apenas polpa das frutas, como maçã sem casca, goiaba sem casca, banana, chás e gelatinas. Independente da dieta prescrita, cada paciente deve ser analisado individualmente, pois os fatores de risco de desnutrição existem e devemos sempre atuar de forma preventiva como parte da estratégia de tratamento. A intervenção e o acompanhamento da equipe multiproissional são funda- mentais para o cuidado do paciente com risco de desnutrição. 63G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R co n si d e ra çõ e s i na is Caro(a) aluno(a), Aqui estamos inalizando mais uma unidade do livro de Cozinha Hospitalar. Vimos que o ambiente hospitalar possui diversas particularidades a serem atendidas, não é? O “comer” ou “alimentar-se” é um elemento básico para o ser humano, é
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