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NOTACAO LINGUAGEM MUSICAL_AULA 1

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NOTAÇÃO E LINGUAGEM 
MUSICAL 
AULA 1 
Prof. Leonardo Gorosito 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Também chamado de parâmetros do som, ou propriedades do som, é o 
estudo dos elementos que compõem uma onda sonora. São características que, 
quando articuladas entre si, formam uma complexa estrutura sonora, a qual 
conhecemos como música. São quatro parâmetros principais, sendo altura, 
duração, intensidade e timbre, e uma quinta possibilidade ainda discutida por 
especialistas, a distância. 
TEMA 1 – CARACTERÍSTICAS DO SOM 
1.1 Altura 
A altura do som está relacionada com a frequência da onda sonora, ou 
seja, com a quantidade de ciclos que a nota fundamental proporciona. Como 
vimos anteriormente, um som é composto de outras notas secundárias, a série 
harmônica, por isso a frequência da nota é verificada com base na nota principal. 
Os ciclos de uma onda são medidos pela unidade hertz (Hz), que aponta quantas 
vibrações um som realiza por segundo. Por exemplo, uma batida regular, 
executada uma vez por segundo, terá a frequência de 1 Hz. O ouvido humano é 
capaz de assimilar vibrações sonoras entre 16 e 20.000 Hz, abaixo de 16 Hz é 
chamado de infrassom, e acima de 20.000 Hz, ultrassom. 
As frequências sonoras podem ser baixas, médias ou agudas. Quanto 
maior o número de ciclos, mais agudo o som será, quanto menor o número de 
ciclos, mais grave (Bennet, 1990, p. 7). É importante termos consciência de que 
quando nos referimos à altura de uma nota, usamos os termos “agudo” e “grave”. 
E em relação à afinação de uma nota, utilizamos os termos “alto” ou “baixo”. 
A afinação de uma nota está diretamente relacionada com sua altura. 
Mas, afinal, o que realmente significa estar afinado ou desafinado em música? 
Poderíamos dizer, de forma simplificada, que um som afinado é aquele que se 
harmoniza com outros sons, criando uma sensação agradável e de prazer aos 
ouvidos. Sendo assim, a afinação é a relação de uma nota com outras notas, o 
que torna um som isolado impossível de ser classificado como afinado ou 
desafinado. Em termos mais específicos, poderíamos dizer que, por 
padronização, uma nota afinada é aquela entoada em suas devidas proporções 
 
 
3 
em relação à nota Lá 31 de frequência 440 Hz. Isso significa que o Lá uma oitava 
acima (Lá 4), para ser afinado, deve ter o dobro de vibrações, 880 Hz, e o Lá 
oitava abaixo (Lá 2), a metade, 220 Hz. 
Essa padronização do Lá 3 em 440 Hz é moderna, de maneira que, em 
diferentes períodos da história, músicos estipularam outras frequências como 
referência. Segundo o matemático inglês Alexander John Ellis (1814-1890), 
entre os anos 1619 e 1874, o Lá 3 teve variações entre 376,3 e 570,7 Hz. 
Atualmente, essa padronização em 440 Hz já se modificou, e diversas orquestras 
ao redor do mundo utilizam o Lá 442 Hz. Muitos fatores levam os músicos a 
escolherem a padronização do Lá em diferentes frequências. Talvez a principal 
delas está relacionada aos materiais de que os instrumentos são fabricados, 
especialmente os de cordas friccionadas, como o violino. Nos períodos barroco 
e clássico, as cordas do violino eram feitas por materiais menos resistentes, 
portanto não sustentavam a afinação com tanta eficiência. Por consequência, os 
violinistas preferiam aplicar menos pressão sobre a corda, escolhendo a 
frequência do Lá mais baixa, por volta de 435 Hz. Hoje em dia, com o 
desenvolvimento tecnológico, uma pressão maior pode ser exercida sem que a 
corda desafine, o que torna possível subir o Lá de referência, tornando o som do 
instrumento mais brilhante. 
Para quem já assistiu a um concerto de uma orquestra sinfônica, deve ter 
percebido que, antes de ele iniciar-se, ocorre a afinação da orquestra. É uma 
espécie de ritual em que o spalla2 permanece em pé em frente ao grupo, e 
solicita ao oboé (instrumento de sopro de paleta dupla) para que execute a nota 
Lá 4 de referência, para que, então, o restante dos músicos afinem seus 
instrumentos. É justamente neste momento que o oboé reproduzirá a nota Lá 
convencionado pela orquestra, e que pode variar de frequência, de acordo com 
o estilo da orquestra, país ou região. Atualmente, muitos oboístas utilizam o 
afinador eletrônico, que demonstrará com exatidão a frequência da nota. 
Padronizou-se o oboé como instrumento para entoar o Lá de afinação para a 
orquestra, pois seu som penetrante é o ideal para a realização do procedimento. 
O parâmetro da altura, é aquele que fornece o material principal para que 
as melodias e harmonias ocorram. Para que a música em si aconteça, essas 
alturas definidas são articuladas pelos outros parâmetros do som. Porém, 
 
1 Se tomarmos como referência o Dó central do piano como Dó 3, o Lá 440 Hz será o Lá 3. 
2 Em italiano, o “ombro” do maestro. É o líder do naipe dos primeiros violinos. 
 
 
4 
existem instrumentos que são classificados como de altura indefinida, ou seja, 
não emitem notas que devem ser controladas em termos de frequência. Esses 
instrumentos são então regidos primordialmente pelo ritmo e pelo timbre. São 
exemplos deste grupo diversos instrumentos de percussão como prato, 
triângulo, caixa clara, clave e bumbo. Mas, atenção, alguns instrumentos de 
percussão são capazes de emitir sons de altura definida, como o tímpano e o 
xilofone, sendo, portanto, subordinados às regras das frequências determinadas. 
Na música ocidental, essas frequências determinadas foram 
padronizadas em uma série de notas, a qual chamamos de escala musical. A 
escala é uma sequência de sons ascendente ou descendente que permeia 
normalmente o registro de uma oitava, dessa forma ela tanto começa quanto 
termina na mesma nota. A distância mais próxima entre dois sons é chamada de 
tom e semitom. A tão conhecida série de notas Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, Dó, 
a escala maior, é composta de cinco tons e dois semitons. As escalas maior e 
menor são formadas por sete notas, porém existem inúmeros tipos escalas, 
podendo ser formadas por cinco notas (escala pentatônica), por seis notas 
(escala hexafônica) ou, ainda, caracterizadas por certo estilo de música, por 
exemplo, a escala cigana. 
Áudio 1 – Exemplos de Escalas: escala maior, escala menor natural, escala 
pentatônica, escala hexafônica e escala cigana 
 
Fonte: O autor. 
TEMA 2 – DURAÇÃO 
A propriedade do som da duração está relacionada ao tempo em que uma 
nota perdura na música, ou seja, ao ritmo. Sons curtos, médios e longos, 
ocorrem dentro de uma ampla gama possibilidades, podendo durar menos de 
um segundo, ou manter-se continuamente por minutos. Da mesma forma que a 
altura dos sons, o ritmo musical é relativizado, assim como a própria percepção 
de tempo do ser humano. Dependendo da situação ou do contexto, um mesmo 
som pode parecer curto para uma pessoa, porém pode ser percebido como longo 
para outra. Na notação musical, as figuras rítmicas não simbolizam valores de 
 
 
5 
tempo absolutos. Assim como o Lá 440 Hz no universo da altura definida, o ritmo 
precisa de uma referência por meio da qual os outros valores serão distribuídos, 
em partes menores e maiores. 
No mundo ocidental, é comum a música ser dividida em pulsações 
regulares, a qual chamamos de pulso, que pode ser preenchido de diversas 
maneiras, combinando som e silêncio. Há exemplos em que a música é 
desprovida de um pulso fixo, como na música antiga do canto gregoriano, em 
que as durações das notas eram conectadas com o ritmo das palavras, e por 
padronizações temporais construídas ao longo dos anos. À medida que o 
homem foi desenvolvendo uma maneira de contar o tempo com mais precisão, 
juntamente com o processo da invenção e aperfeiçoamentodo relógio, a música 
foi ganhando especificações rítmicas cada vez mais avançadas. 
Hoje em dia, a grafia musical apresenta diversas formas de organizar os 
sons dentro dos espaços de tempo. Alguns compositores são bastante estritos 
e controlam a duração de todos os sons em sua obra. Outros preferem abdicar-
se parcial ou totalmente do controle sonoro. Na obra chamada 4’33”, do 
compositor americano John Cage, o músico deve permanecer em silêncio 
durante quatro minutos e trinta e três segundos, sem executar qualquer som. 
Apesar de o tempo total da obra ser determinado com extrema precisão, seu 
conteúdo sonoro é completamente indeterminado, podendo ser composto de 
ruídos do ambiente e das pessoas na plateia. Nesse caso, a forma de grafia é 
simples, estipulada por meio de uma única informação de minutagem. 
Alguns compositores, em vez de optarem pela indeterminação completa, 
preferem aplicar ligeiramente mais domínio sobre a duração dos sons durante a 
obra. Por exemplo, utilizando uma notação gráfica, em que eventos sonoros em 
sequência são estipulados por pequenas indicações de tempo. Outros 
demonstram a quantidade de notas que deve ser executada por certo período, 
por vezes utilizando papel milimetrado, em que cada quadrado equivale a 
determinado espaço de tempo. 
Por meio da notação musical tradicional, os compositores alcançam um 
alto nível de controle sobre a organização das durações sonoras. Com a 
indicação da velocidade da música por meio de batidas por minuto, o pulso da 
obra pode ser precisamente estabelecido, permitindo ao autor controlar o tempo 
tanto no micro como no macrocosmo. Houve períodos da história da música em 
que os compositores não forneciam informações sobre o andamento da obra, 
 
 
6 
como no caso do compositor barroco Johann Sebastian Bach. Nos dias atuais, 
Bach foi extensivamente gravado por músicos de todo o mundo, por isso é 
possível identificar diferentes versões de uma mesma obra, com variações de 
andamento consideráveis. 
De todos os instrumentos musicais, a percussão é aquela que apresenta 
o carácter rítmico de forma mais ressaltada, pois demarca com clareza a 
localização dos sons. No entanto, por mais contraditório que pareça, o músico 
que executa os instrumentos percutidos não consegue, de maneira geral, 
controlar a duração do som. Depois do ato de percutir, o percussionista não tem 
mais domínio sobre a sonoridade do instrumento. O golpe, com a mão ou a 
baqueta, dispara a sonoridade da pele ou do corpo do instrumento, que, em 
seguida, apresenta uma diminuição natural. Portanto, o maior foco da 
sonoridade da percussão está no exato momento em que o instrumento entra 
em vibração. Já os instrumentos de cordas e sopros têm um funcionamento 
bastante diferente. No violino, o músico tem total controle do tempo de duração 
do som, com base na contínua fricção do arco sobre a corda. Assim como no 
trompete, em que, por meio do uso da respiração, o músico consegue prolongar 
os sons a seu critério. 
Os instrumentos de percussão são fundamentais na execução do papel 
de suporte rítmico, tanto na música erudita quanto popular. Além de pontuarem 
nitidamente a posição das notas, a maioria deles também apresenta a 
característica de não emitir altura definida. Essa sonoridade neutra colabora para 
separar o acompanhamento rítmico, da textura harmônica e melódica. A bateria 
em uma banda de rock, por exemplo, é composta principalmente de tambores e 
pratos, instrumentos que emitem sons de frequência indefinida. Eles são 
capazes de fornecer, com eficiência, a moldura rítmica, com os tempos e as 
subdivisões, em que as notas dos instrumentos harmônicos e melódicos, como 
baixo, guitarra e voz, serão encaixadas. 
TEMA 3 – INTENSIDADE 
A intensidade é o parâmetro do som que diz respeito à amplitude da onda 
sonora. Quanto maior a amplitude, mais forte o som será, quanto menor, mais 
fraco. Os termos “forte” e “fraco” são os mais apropriados para referir-se à 
intensidade do som. É muito comum as pessoas utilizarem “alto” e “baixo”, porém 
 
 
7 
estes são mais apropriados quando o assunto for sobre altura da nota, ou a 
afinação. 
A força, ou nível de energia, com a qual o som chega aos nossos ouvidos 
é chamada de volume, e tem como unidade de medida o decibel (dB). 
Começamos a perceber ondas sonoras a partir de 1 dB, portanto ruídos 
noturnos, a respiração de uma pessoa dormindo, sussurros, o tic-tac de um 
relógio atuam em uma extensão entre 0 a 30 dB. Uma conversa entre pessoas 
e o ruído do trânsito emitem ondas sonoras de 40 a 80 dB. Ruídos nocivos ao 
ouvido humano, podendo causar danos à saúde auditiva, percorrem de 120 a 
190 dB, como o barulho do avião, explosões e tiros de armas. 
As variações de intensidade dos sons na música caracterizam o que 
chamamos de dinâmica, elemento fundamental da expressividade musical. O 
ser humano tem a habilidade natural de perceber uma grande variação de 
volume, o que torna a dinâmica um elemento com muitas possibilidades sonoras, 
capaz de criar grandes contrastes na música. Em um concerto de orquestra, o 
público pode encontrar trechos de muita sutileza, por exemplo, uma sequência 
de acordes de minúsculo volume sonoro executado somente pelos violinos. Mas 
também partes da música na qual todos os naipes da orquestra – cordas, sopros 
e percussão – atuam em conjunto, causando impacto de grande intensidade de 
som. A música popular normalmente apresenta uma estabilidade maior de 
volume, já que o contraste de intensidade sonora não é tão explorado, pois o 
foco principal encontra-se na constância rítmica e harmônica do 
acompanhamento, dando espaço para a parte principal, geralmente a voz, atuar. 
As alterações de dinâmica são tão importantes que podem influenciar 
consideravelmente na nossa compreensão do discurso musical. Se uma melodia 
importante é tocada com uma intensidade sonora fraca em relação ao 
acompanhamento, ela pode perder relevância na música ou até mesmo não ser 
percebida pela plateia. Não é à toa que, em grande parte dos ensaios de uma 
orquestra, o maestro realiza diversos acertos de dinâmica, para que todas as 
informações sonoras sejam ouvidas conforme seu devido nível de importância. 
Esses ajustes também devem ser feitos, pois existe uma enorme variabilidade 
de fatores que influenciam no volume da orquestra, como a intensidade com a 
qual cada músico individualmente executa seu instrumento, a acústica da sala 
de concerto, a maneira como a orquestra é disposta no palco e até a qualidade 
dos instrumentos em si. 
 
 
8 
Na música popular, durante a gravação de uma canção, o momento em 
que os ajustes de volume são realizados é de fundamental importância no 
processo. A chamada “mixagem” é um procedimento demorado e exige muita 
atenção e sensibilidade auditiva do profissional encarregado. Quanto maior a 
qualidade da gravação, maior detalhamento exige no momento de equilibrar as 
dinâmicas de cada instrumento captado. O volume de cada sonoridade na 
música pode alterar a forma como a pessoa assimila o conteúdo da canção. O 
equilíbrio perfeito dos instrumentos e vozes e das regiões agudas e graves torna 
a música mais agradável de se escutar. 
Em cada instrumento musical, as realizações das variações de dinâmicas 
são alcançadas por meio de diferentes técnicas. Em um sintetizador eletrônico, 
ou teclado elétrico, o volume pode ser controlado simplesmente por um botão, 
que se move para cima e para baixo. Mas nem sempre é simples assim, em 
alguns instrumentos, controlar a intensidade é um grande desafio. Na orquestra 
sinfônica, instrumentos como o oboé e o fagote precisam de muito estudo e 
treino para realizar dinâmicas bastantefracas, principalmente no momento de 
início do som. Sua principal fonte geradora de som é composta de dois pedaços 
de cana em contato, a chamada palheta dupla, que ao ser acionada pela coluna 
de ar do músico, impõe certa resistência até que entre em vibração, dificultando 
a realização do princípio das notas. Já o integrante da orquestra de palheta 
simples, o clarinete, tem o potencial de iniciar o som de uma nota quase de 
maneira imperceptível, tamanho o controle das dinâmicas fracas ele é capaz. 
Por vezes, as regiões graves e agudas têm naturalmente potências de volume 
distintas. É o que acontece na flauta transversal, em que a oitava mais grave (Dó 
3 ao Dó 4) tem certo limite ao executar dinâmicas fortes. Já a oitava aguda (Dó 
5 ao Dó 6) impõe dificuldade na execução de dinâmicas fracas, pois o flautista 
precisa de uma coluna de ar intensa para que as notas ocorram. Os instrumentos 
de cordas – violino, viola, cello e contrabaixo – podem realizar grandes 
contrastes de dinâmica, sem grandes complicações. Porém, o pizzicato, técnica 
em que o músico não utiliza o arco, e sim pinça as cordas com os dedos, tem 
certo limite de dinâmica, não alcançando intensidades muito fortes. Sendo 
assim, cada instrumento tem sua especificidade em relação à realização de 
diferentes dinâmicas. Na verdade, o maior desafio acaba caindo sobre o 
compositor, que, no momento em que escreve uma obra orquestral, deve 
 
 
9 
conhecer devidamente todas as particularidades dos instrumentos em termos de 
controle de volume sonoro. 
É interessante refletir que a dinâmica nada mais é que perspectiva em 
música. A intensidade coloca os sons em diferentes planos, os fracos 
posicionados mais distante, e os fortes bem próximos, criando uma terceira 
dimensão (Schafer, 1992, p. 65). 
TEMA 4 – TIMBRE 
É o timbre que torna possível diferenciarmos a sonoridade de um 
trombone ou uma guitarra. Uma propriedade que revela a qualidade ou 
personalidade dos sons. O timbre concede cor ao som (Schafer, 1992, p. 63). 
Áudio 2 – Exemplo de Timbre: trecho musical de um trombone e de uma guitarra 
 
Fonte: O autor. 
Diversos fatores físicos atuam nas ondas sonoras para que elas formem, 
no todo, uma coloração específica. Um deles é a série harmônica, já mencionada 
anteriormente. Dependendo do instrumento, determinadas notas da série 
harmônica podem apresentar-se com mais evidência. Se o timbre é 
caracteristicamente brilhante, em grande parte é porque as notas parciais 
agudas prevalecem em sua sonoridade. Outro fator é a maneira aplicada para 
que o instrumento emita som. No violino, a forma de tocar com o arco contém 
um timbre radicalmente diferente da técnica do pizzicato, quando a corda é 
pinçada com os dedos. Nos sopros, o material com o qual o instrumento é feito 
também fornece diferentes colorações ao som, podendo ser produzido com 
madeira, metal ou, no caso de instrumentos não profissionais, de plástico. 
Compositores da música orquestral sinfônica encontram no parâmetro do 
timbre inúmeras possibilidades para criar interesse em sua música. Uma mesma 
melodia, quando executada sucessivamente por dois instrumentos distintos, 
pode apresentar um novo sentido ou ser expressa de formas diferentes, apesar 
de conter exatamente a mesma sequência de notas. O acompanhamento pode 
ganhar ou perder dramaticidade de acordo com o grupo de instrumentos que o 
 
 
10 
executa. Além da diferença de qualidade sonora individual, o compositor pode 
escolher realizar combinações tímbricas com dois ou mais instrumentos. Uma 
das mais belas colorações melódicas da música orquestral se dá quando o som 
do cello é combinado com o da trompa, formando uma massa sonora intensa e 
extremamente expressiva. 
Na voz humana, o timbre manifesta-se de forma mais específica, de modo 
que cada pessoa tem uma sonoridade vocal própria. De olhos vendados, 
podemos reconhecer facilmente uma pessoa pelo seu timbre da voz. Também 
reconhecemos ao telefone, em que o som sempre sofre uma pequena distorção. 
Quando gostamos muito de um cantor, somos capazes de identificá-lo 
rapidamente, mesmo em uma canção jamais ouvida. Na música vocal, é normal 
existir um predomínio de certo tipo de timbre, comum a cantores de um mesmo 
estilo. A técnica utilizada na ópera deixa o timbre dos cantores muito brilhante, 
já que é preciso potência sonora para cantar acima de uma orquestra e sem 
amplificação. O idioma em que as canções são cantadas também pode 
influenciar o timbre das vozes. O português, por exemplo, tem a presença 
marcante das vogais, deixando a sonoridade da música suavizada, característica 
facilmente perceptível no estilo da bossa nova. 
Na música moderna e contemporânea, o parâmetro do timbre é ricamente 
explorado, pois frequentemente as obras não apresentam elementos 
tradicionais, como melodia e harmonia. A busca por novos timbres torna-se o 
maior atrativo para os compositores, que procuram inovar por meio de 
colorações sonoras e da investigação tímbrica dos instrumentos. Com base na 
tentativa de que um único instrumento possa conceber diversos timbres, 
modificando a sua qualidade sonora, deu-se origem ao que foi chamado de 
técnica estendida: formas não convencionais de execução. O próprio pizzicato, 
em suas primeiras aparições, configurava-se uma técnica estendida, até tornar-
se uma forma convencional de tocar os instrumentos de cordas. 
Nos instrumentos de percussão de orquestra, de altura indefinida, a 
propriedade do timbre é essencial. Por não terem função melódica ou harmônica, 
sua função principal, na maioria das vezes, é a de colorir momentos especiais 
na obra. Por isso, normalmente, o percussionista realiza uma longa pesquisa na 
tentativa de alcançar a melhor qualidade de timbre possível, buscando a baqueta 
certa, seu ângulo mais apropriado, o lugar de toque com o melhor som, e, no 
 
 
11 
caso do bumbo, o nível de tensão da pele que dará ao instrumento a sonoridade 
mais encorpada. 
TEMA 5 – DISTÂNCIA 
Existem divergências sobre o assunto, mas a distância não é considerada 
um parâmetro do som pela maioria dos especialistas. No entanto, com certeza, 
ela influencia na compreensão musical do ouvinte. Para exemplificar, imagine 
dois cenários hipotéticos: 1) no primeiro, um músico está ao lado de um 
espectador, a um metro de distância, e executa uma melodia; 2) no segundo, ele 
está a mais ou menos trinta metros de distância, como se o espectador estivesse 
sentado na última cadeira de um teatro grande, e o músico situado da coxia3 do 
palco. Por certo seriam duas experiências auditivas bem diferentes. Na primeira, 
a melodia seria mais “viva”, com o espectador podendo observar cada detalhe, 
tanto sonoro quanto visual. A segunda experiência seria muito mais difusa e 
distante. 
Mas qual é exatamente a diferença sonora que a distância pode 
promover? Um parâmetro bastante alterado é o da intensidade. Na situação 
hipotética anterior, quando o músico estava a trinta metros de distância do 
espectador, com certeza o nível de decibel baixou consideravelmente. Outra 
alteração provável é que, com a distância, o som se tornou mais aveludado, 
perdendo brilho. Isso porque, durante a viagem até o espectador, as ondas mais 
agudas perdem-se mais rapidamente que as ondas graves. Sendo assim, o 
parâmetro do timbre também sofreu alterações. 
Assim como as ondas movimentam-se em um lago tranquilo quando 
jogamos uma pedra, o som se propaga no espaço em 360º graus, mas também 
em todas as direções para cima e para baixo. É por isso que se torna tão difícil 
buscar um lugar com silêncio absoluto, é quase impossível, os sons nos rodeiam 
o tempo todo. As ondas sonoras atravessam paredes,mas também são 
refletidas por elas em inúmeras direções, criando um comportamento complexo 
de propagação. Mesmo em uma câmara anecoica – sala projetada para alcançar 
o silêncio absoluto, completamente isolada de ruídos externos e internamente 
sem qualquer efeito de eco – a pessoa escutará diversos sons vindos de seu 
 
3 Local dentro do palco de um teatro, porém fora de cena. 
 
 
12 
próprio corpo, como a batida do coração, respiração e órgãos em movimento. 
Uma vez que há um ouvido, o silêncio não existe, sendo uma mera ilusão. 
Todas essas possibilidades de propagação das ondas sonoras acabaram 
influenciando compositores a utilizar recursos de posicionamento dos músicos, 
para causar diferentes efeitos na música. Na música orquestral, o efeito off stage 
(fora do palco) foi bastante empregado pelo compositor austríaco Gustav Mahler 
para criar a impressão de algo distante, ou ressoando como um eco do passado. 
Em sua “Terceira Sinfonia”, Mahler pede para que um músico execute, fora do 
palco, um instrumento parecido com uma trompa, que era usado pelos 
entregadores de cartas na Europa, para avisar que o correio havia chegado. 
Provavelmente algo inspirado nas memórias da infância do compositor. Na sua 
“Sexta Sinfonia”, sinos de vaca são executados também fora do palco, para que 
a paisagem sonora do campo seja reproduzida na música. Johann Sebastian 
Bach, em uma das obras mais monumentais da história da música, a “Paixão 
Segundo São Mateus”, escrita para duas orquestras e dois coros, o compositor 
requer um coro infantil, que deve ser disposto na parte mais alta do teatro, para 
que suas vozes conduzam a música aos céus. 
Áudio 3 – Exemplo da Distância: Gustav Mahler, Sinfonia Nº3, Solo de Posthorn 
(trompa de carteiros) off stage 
 
Fonte: O autor. 
NA PRÁTICA 
Na obra orquestral intitulada “Bolero” (1928), o compositor Maurice Ravel 
explora de forma excepcional os parâmetros do som. No início da peça, temos 
uma introdução em dinâmica bastante fraca da caixa clara executando uma frase 
rítmica repetitiva. Em seguida, a melodia principal é apresentada individualmente 
pelos instrumentos de sopro – flauta, clarinete, fagote, entre outros – e depois 
em combinações distintas de grupos de instrumentos, configurando os mais 
variados timbres. Pouco a pouco, a obra ganha volume sonoro até encerrar-se 
em um grande e energético final. Em um estudo de apreciação musical, escute 
 
 
13 
a obra em sua totalidade4 (por volta de 16 minutos) e perceba como Ravel faz 
uso da intensidade, duração, altura e timbre para criar os mais diferentes 
contrastes musicais. 
FINALIZANDO 
Os parâmetros do som são essenciais para que o estudante ou 
profissional possa compreender todos os recursos possíveis do universo 
musical. A música nos fornece material ilimitado para o seu desenvolvimento, 
mas é preciso entender seu funcionamento para explorá-la ao máximo. 
 
 
 
 
 
 
4 Você pode encontrar diferentes versões da obra em websites como <youtube.com> 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
BENNETT, R. Elementos Básicos da Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 
2010. 
_____. Forma e Estrutura na Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010. 
HINDEMITH, P. Treinamento Elementar para Músicos. 6. ed. São Paulo: 
Ricordi Brasileira, 2004. 
SCHAFER, M. O ouvido pensante. 2. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2011.

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