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1 SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ Adaptações determinadas pelo treinamento de força no sistema neuromuscular de idosos Rogério Rocha Lucena Rogério_lucena@ig.com.br Professor Especialista do Curso de Educação Física, Enfermagem, Fisioterapia e pedagogia. UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto - Campus Guarujá Curso de Educação Física Amilton Pereira de Brito Licenciado em Educação Física UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto - Campus Guarujá Curso de Educação Física amiltonbrito@hotmail.com Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee RESUMO O Presente estudo teve por objetivo reunir informações sobre adaptações fisiológicas determinadas pelo treinamento de força no sistema neuromuscular de idosos. A população idosa (acima de 60 anos) tem aumentado muito nos últimos anos, especialmente nos países em desenvolvimento como é o caso do Brasil, que nas próximas décadas deverá figurar entre os dez países com maior número de indivíduos idosos no mundo. O processo de envelhecimento é marcado por uma redução da capacidade de funcionamento eficiente de todos os sistemas do organismo humano. Existem algumas teorias que tentam explicar o processo de envelhecimento do ponto de vista degenerativo, algumas entendem esse processo de forma a ser controlada geneticamente, outras defendem a hipótese de que o processo de envelhecimento depende do acúmulo de agressões ambientais. No sistema neuromuscular entre outras perdas, há diminuição das células musculares (sarcopenia) especialmente as fibras tipo II, redução da força, redução dos neurônios, redução na velocidade da condução do sinal elétrico e diminuição da quantidade de oxigênio disponível para o cérebro, o que consequentemente diminui o número de unidades motoras no organismo. Essas perdas podem ser atribuídas ao envelhecimento e a uma redução nos níveis de atividade física. O treinamento de força promove algumas adaptações no sistema neuromuscular de idosos, que segundo alguns autores mantém sua capacidade de adaptação mesmo em indivíduos muito velhos. Com poucas semanas de treinamento há melhora nos índices de força muscular aumento na área de secção transversa, elevação a síntese protéica, aumento na cadeia pesada da miosina, melhora do recrutamento das fibras musculares e maior frequência de disparo das unidades motoras, são conseguidos por indivíduos mailto:amiltonbrito@hotmail.com 2 idosos de ambos os sexos utilizando cargas variando entre 50% a 80% de 1 repetição máxima (RM) com frequência semanal de 2 á 3 vezes. Seção 4 - Curso de Educação Física – TCC Palavras - Chave: treinamento de força, adaptações fisiológicas, idosos. Apresentação: oral 1. Introdução Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) 2006, nas últimas décadas nota-se um grande aumento da população idosa (acima de 60 anos), em todo o mundo. Nos países em desenvolvimento o crescimento do número de pessoas idosas chega a ser mais que o dobro atingido pelos países desenvolvidos. Segundo MATSUDO e col (2000), o aumento na expectativa de vida, tem uma forte relação com o avanço da ciência, que busca medidas para diminuir ou extinguir alguns fatores responsáveis pela mortalidade dessa população, como é o caso das doenças. Mesmo assim o processo de envelhecimento está associado a várias perdas: de massa muscular com significativa redução da força, flexibilidade, além da perda de células com funcionamento eficiente. Biologicamente esta fase é marcada por um processo catabólico relativamente maior que o anabólico observado em todos os sistemas do corpo (MEIRELES, 2000). No sistema neuromuscular as alterações mais evidentes são: a diminuição da massa muscular (sarcopenia) e a perda de células nervosas que pode ser atribuída entre outros fatores a uma redução nos níveis de atividade física, que por sua vez leva a menores índices de força muscular. Essas alterações fisiológicas e a diminuição da capacidade física geram perdas da capacidade funcional levando o idoso a dependência física (VIRTUOSO e TRIBESS, 2005). 1.1. Objetivo O objetivo do trabalho foi analisar por meio da revisão de literatura, os efeitos do treinamento de força sobre o sistema neuromuscular do idoso. 1.2. Tema/problema Por ser um assunto complexo para alguns, as alterações fisiológicas encontradas em indivíduos idosos ainda provocam algumas dúvidas (como reage o organismo do idoso submetido o treinamento de força, qual o percentual de carga a ser utilizado com idosos), até mesmo nos profissionais da área do esporte e do treinamento. Dificultando uma elaboração precisa de programas de treinamento para a população na terceira idade, e um melhor entendimento de todos sobre o assunto. 1.3. Justificativa 3 O sistema neuromuscular é um dos principais alvos da maioria dos programas de treinamento para idosos. Tornando-se necessário que um maior número de informações sobre esse assunto esteja reunido em um único trabalho, viabilizando desta forma o acesso às mesmas e consequentemente um melhor entendimento sobre o assunto, de tal forma a contribuir para melhor elaboração de programas de treinamento de força para está população. 1.4. Delimitação Este trabalho tem com alvo a população idosa, sugerindo o treinamento de força como um método a ser utilizado para a redução dos efeitos provocados pelo envelhecimento no sistema neuromuscular destes indivíduos. 2. REVISÃO DE LITERATURA O envelhecimento refere-se a uma série de processos que ocorrem em organismos vivos, levando-os à diminuição da capacidade de adaptação e deficiência funcional. As alterações biológicas que ocorrem enquanto jovens faz parte do período de desenvolvimento, ao passo que as mudanças atribuídas ao tempo, são denominadas envelhecimento ou senescência. Considerada nada mais que uma extensão dos processos fisiológico do crescimento e desenvolvimento, começando no momento do nascimento e finalizando quando ocorre a morte (SPIRDUSO, 2005). Segundo SHEPARD (2003) o envelhecimento é um processo contínuo que afeta progressivamente as funções biológicas, psicológicas e sociais no decorrer do ciclo vital. Este processo do ponto de vista dos gerontologistas começa desde o momento da concepção, sendo então a velhice definida como: um processo dinâmico e progressivo onde há modificações tanto morfológicas como funcionais bioquímicas e psicológicas que determinam a progressiva perda da capacidade de adaptação do individuo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos (MEIRELLES, 2000). 2.1. Aspectos demográficos do envelhecimento Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2006), a quantidade de pessoas com 60 anos ou mais no Brasil, ultrapassa os 18 milhões chegando a aproximadamente 10% da população desse país. Este grupo vem aumentado gradualmente, atingindo um acréscimo de 5 milhões de pessoas entre os anos de 1995 e 2005. A organização das nações unidas (ONU) afirma que a população idosa vem crescendo muito nos últimos anos, apresentando-se como o grupo populacional que cresce mais rápido no mundo. Os indivíduos com 60 anos ou mais, constituem uma em cada dez pessoas, número esse que pode dobrar em até 2050 podendo chegar à marca de um a cada cinco pessoas com mais de 60 anos de idade. Nas ultimas 4 décadas notou-se um nítido processo de envelhecimento demográfico, segundo a ONU o período de 1975 a 2025 é considerado a era do envelhecimento. No Brasil estima-se que até 2020 a população idosa chegará a 28 milhões de pessoas e até 2025 o país será o 6º no ranking mundial, com o maior número de idosos (DIAS e col, 2006). 2.2. Teorias do envelhecimento As teorias mais utilizadas são:teoria do reparo do DNA, onde há uma alteração na taxa da habilidade de reparação do DNA; teoria da antitoxina, que se refere à diminuição da eficiência do organismo de eliminar toxinas; teoria da genética conhecida também como “Limite de Hay Flick”, que estabelece que a célula divida-se e se reproduza somente um limitado número de vezes, determinado geneticamente; Teorias de danos, baseadas no conceito onde as reações químicas que ocorrem naturalmente no corpo, produzem defeitos irreversíveis nas células humanas (MATSUDO, 2001). SHEPHARD (2003) cita algumas teorias que tentam explicar o envelhecimento. O ser humano como peça de maquinaria em envelhecimento. Médicos e cientistas fazem uma analogia do corpo humano com uma série de relógios parcialmente interligados. Assim como os relógios, nem todos os mecanismos de tempo no corpo funcionam com a mesma velocidade, apresentando considerável diferença na velocidade de amadurecimento e envelhecimento. Da mesma forma que acontece com grande parte das máquinas projetadas pelo homem, o corpo humano e preparado para longevidade, porém ele está sujeito ao desgaste provocado pelo uso constante. O corpo humano em envelhecimento é como um alvo bombardeado. Essa metáfora vê o corpo humano como um alvo deteriorado progressivamente por uma série de fontes: radiação ultravioleta, substância reativas produzidas pelo próprio organismo e vírus invasores. As células uma a uma recebem “golpes” e morrem, levando à morte de órgãos inteiros e consequentemente de todo o corpo. Senescência programada. Cada espécie possui um ciclo vital ideal, determinado pelo tempo necessário para atingir a maturidade reprodutiva. 2.3. Alterações fisiológicas no sistema muscular com o envelhecimento As alterações em decorrência da idade no sistema musculoesquelético apresenta-se como uma das maiores causas de preocupação da população idosa, se comparado aos sistemas cardiovascular e pulmonar (ROBERGS e ROBERTS, 2002). Segundo MEIRELES (2000), o processo do envelhecimento do ponto de vista biológico, traz consigo algumas transformações progressivas e irreversíveis para o organismo, representando uma etapa de desenvolvimento individual, onde o catabolismo supera o anabolismo. POWERS e HOWLEY (2005),sugerem que o decréscimo da massa 5 muscular relacionado à idade parece ter duas fases: Uma fase lenta de perda muscular de aproximadamente 10% entre os 25 e os 50 anos de idade, seguido de uma fase rápida de perda de massa muscular, observada entre os 50 e os 80 anos de idade, onde há um decréscimo adicional de 40% da mesma. Portanto por volta da oitava década de vida, metade da massa muscular foi perdida. FLECK e KRAEMER (1999); e MATSUDO (2001), afirmam que uma redução dos níveis de hormônios do crescimento e da atividade física são apontados como principais causas da redução de massa muscular e consequentemente da força. Este declínio pode ser provocado pela redução no tamanho das fibras musculares, pela perda das mesmas, ou por ambos os motivos. Os aspectos envolvidos com a diminuição da força durante o envelhecimento englobam três grandes grupos. O muscular com a redução da massa muscular, alteração da contratibilidade e dos níveis enzimáticos. O neurológico com o decréscimo no número de unidades motoras, as mudanças no sistema nervoso e as alterações endócrinas. E por último o ambiental com o nível de atividade física, a má nutrição e a presença de inúmeras doenças (DIAS e col, 2006). 2.4. Alterações no sistema nervoso: A cada dia morrem milhares de células nervosas que não são substituídas. Gerando uma redução gradativa do peso e tamanho do cérebro durante a velhice. Algumas regiões do sistema nervoso apresentam uma maior perda de neurônios, em relação a outras, variando entre 10 e 50% de perda de massa (MEIRELLES, 2000). 2.5. Adaptações do sistema muscular ao Treinamento de força O treinamento de força (TF) também conhecido por exercícios com peso, musculação (termo popularmente utilizado), ou ainda exercícios resistidos, tornou-se uma das formas mais conhecidas de exercício tanto para o condicionamento de atleta, quanto para não atletas (FLECK e KRAEMER, 1999). Uma elevação na tensão muscular (força) proporciona um estimulo para aumentar o crescimento do músculo esquelético (hipertrofia) pelo treinamento através de exercícios físicos. HIKIDA e col (1998), realizaram um estudo para identificar e comparar as respostas hipertroficas dos músculos de indivíduos jovens e idosos integrante de um programa de treinamento de força. Sete jovens (22 +ou - 05 anos) e oito idosos (65 +ou- 6 anos) do sexo masculino participaram do treinamento com duração de 8 semanas para os jovens e 16 semanas para os idosos. Foi feito biópsias do músculo vasto lateral de todos os integrantes, após analise os resultados indicaram aumentos similares de força nos dois grupos. A área de secção transversa aumentou 26% nos jovens e 37% nos idosos, o percentual de células satélites não apresentou diferença entre os grupos. No mionúcleo também não houve diferença significativa por área de secção transversa entre os grupos antes e depois do treinamento, o conteúdo 6 nuclear da célula também aumentou, mas não houve aumento significativo do número de núcleo por células nos indivíduos jovens e idosos. Em relação ao tipo de fibra, as do tipo II demonstraram maior hipertrofia em relação a tipo I. Os autores concluíram que o aumento na área de secção transversa muscular dos idosos foi semelhante a dos jovens. Melhoras nos índices de geração de forças são adquiridas de formas relativamente rápidas, ocorrendo dentro de um período de aproximadamente dois meses. Neste curto espaço de tempo ocorrem mudanças notáveis na forma e no tônus muscular. Tais motivos proporcionam aos indivíduos idosos que adotam um programa de treinamento uma sensação psicológica de realização (SPIRDUSO, 2005). FLECH e KRAEMER (1999), afirmam que a capacidade de adaptação a níveis elevados de atividade física permanecem mesmo em indivíduos muito velhos. ROBERGS e ROBERTS (2002) sugerem que melhores índices de força muscular, são observados em indivíduos idosos e que esses aumentos, são atribuídos, a uma significativa hipertrofia dos músculos, e a renovação das proteínas contrateis do músculo. TRAPPE e col (2000), analisaram por meio de biopsia muscular as respostas das fibras musculares tipo II de homens com media de idade de 74 anos antes e após 12 semanas de treinamentos de força. Os indivíduos foram submetidos a exercícios de extensão de joelho com frequência de três vezes por semana a 80% de uma repetição máxima (1RM) e identificaram alterações na proteína das fibras do músculo vasto lateral com aumentos de 14% na miosina de cadeia pesada das fibras tipo I e não foram identificados modificações na miosina das fibras do tipo II, houve um aumento no diâmetro das células musculares de 20 e 13% para fibras do tipo I e II respectivamente. A força aumentou em 55% e 25% para as fibras musculares tipo I e tipo II respectivamente após o período de treinamento, no entanto quando dividido a força pela área de secção transversa não houve diferença significativa. Em um estudo feito por SILVA e col (2006b), com o objetivo de verificar o impacto de doze semanas de treinamento com pesos nas variáveis, massa corporal magra, gordura corporal e níveis de força muscular, utilizou-se um grupo de 30 mulheres com média de idade 61,1 anos, aonde verificou-se, uma diminuição significativa do momento pré e pós treinamento, somente para a massa corporal total (MC) e índice de massa corporal (IMC), no entanto nas demais variáveis, não houve mudanças estatisticamente significativas, levando à rejeição da hipótese de que o treinamento com pesos pudesse aumentar a massa corporal magra e reduzir os níveis de gorduras corporal.No entanto os resultados indicam um aumento significativo da força muscular após o período de treinamento. Estes achados estão de acordo com os encontrados por MARTEL e col (2006) aonde os aumentos de força após treinamento chegou a 31% para homens mais jovens, 39% para mulheres mais jovens, 27% para homens idosos e 29% para mulheres idosas. Em outro estudo realizado por CARVALHO e col (2003), com o objetivo de avaliar o efeito de um programa complementar de atividade física na força muscular de idosos em função do método de avaliação. Dezenove idosos compuseram a amostra (12 mulheres e 7 homens) com média de idade de 68,7 anos. Os indivíduos participaram de um programa complementar de 7 atividade física durante 6 meses. A força muscular foi avaliada isotônica e isocineticamente, aonde se observou que paralelamente às aulas de ginástica o treino de força foi capaz de produzir melhoras nos níveis de força dos idosos saudáveis. No entanto a magnitude desse aumento relacionada com a especificidade do método de avaliação demonstrou a existência da especificidade de adaptação ao treino relacionada com o instrumento de avaliação adotado. Com isto os resultados da avaliação da força isocinética foram inferiores aos obtidos pela avaliação isotônica, que pode ter sido influenciado por alguns fatores como, velocidade dos movimentos e a participação de outros músculos acessórios no movimento no caso desta ultima avaliação. A avaliação isocinética embora mais rigorosa pode subestimar o ganho da capacidade funcional do músculo. CARVALHO e Col (2004) realizaram um estudo que objetivou avaliar o efeito de um programa combinado de atividade física composto por: “ginástica de manutenção” (caminhar, exercícios calistênicos de flexibilidade e força, dança e jogging, exercícios de coordenação, jogos de equilibro e alongamento) e musculação, sobre a força muscular dos membros inferiores dos idosos em função da variável sexo. A amostra foi constituída por 19 sujeitos (12 mulheres e 7 homens) com média de idade de 68,7 anos. Observou-se que o treino progressivo de força, com intensidade moderada, pode ser realizado por indivíduos idosos saudáveis, apresentando-se como importante estratégia para a manutenção e/ou aumento da força dos músculos flexores e extensores de joelho. Sendo que as melhorias obtidas após o período de treinamento não apresentaram diferenças significantes entre homens e mulheres. No entanto, HUNTER e col citado por SILVA e col (2006b) sugerem que mulheres idosas apresentam menor resposta hipertrófica a um mesmo estímulo de treinamento se comparado a seus congênitos da mesma idade. Já HAKKINEN e col citado por SILVA e col (2006b), afirmam que em programas de treinamentos conduzidos com frequência semanal de duas vezes, melhores resultados são apresentados pelas mulheres em relação aos homens. FLECK e KRAEMER (1999) relatam que através de um programa de treinamento com pesos bem planejado, aumentos significativos de força, hipertrofia e consequentemente da massa muscular, são observados em indivíduos idosos. MARTEL e col (2006) realizaram um estudo com o objetivo de comparar as amostras colhidas através de biópsia muscular bilateral do músculo treinado e não treinado de jovens e idosos de ambos os sexos antes e depois de um programa de treinamento de força. Para tanto nove mulheres e treze homens jovens com média de idade entre 20 e 39 anos e onze homens e sete mulheres idosas com média de idade entre 65 e 75 anos compuseram a amostra. O treinamento foi realizado de forma unilateral sendo que o membro não treinado foi utilizado como controle, conduzido durante nove semanas com frequência de três dias por semana a 50% de 1 RM. Observou-se após o treinamento aumentos na força da perna treinada de 31% para homens jovens, 39% mulheres jovens, 27% homens idosos e 29% para mulheres idosas. Quanto à área de secção transversa notou-se diferença entre os grupos antes da intervenção, as fibras tipo I, II A e II X (fibras rápidas de grande capacidade anaeróbia) apresentou-se maiores nos 8 homens mais velhos em relação aos jovens e as mulheres idosas. Já os homens jovens possuíam as fibras tipo II A e II X significativamente mais volumosas que as mulheres jovens e idosas. Mesmo os homens jovens possuindo as fibras tipo I relativamente maiores em relação as mulheres jovens, não constatou diferença entre homens jovens e mulheres mais velhas em relação a fibras tipo I. Após o treinamento houve aumento da área de secção transversa na perna treinada, no entanto, não houve aumento na perna controle para ambos os grupos. Os jovens se beneficiaram de aumentos de 99% para homens e 20% nas mulheres para as fibras tipo I, enquanto nos idosos chegou a 6% para os homens e 7% para as mulheres. Nas fibras musculares II A também houve incrementos na área de secção transversa de homens jovens 21%, mulheres jovens 19% e homens idosos 24%, sem que houvesse diferença significativa nos músculos das mulheres mais velhas que obtiveram aumentos de apenas 14%. As fibras II X houve aumentos significativos nos homens jovens 41% e mulheres idosas 49%, no entanto, os aumentos obtidos em mulheres jovens 21% e homens mais velhos 25% na perna treinada não foram significativos. A American College of Sports Medicine (ACSM) citado por DIAS e col (2006) afirma que o treinamento com pesos, eleva os níveis de força, assim como a massa corporal e flexibilidade dos idosos. Os resultados citados por DIAS e col (2006), estão de acordo com os encontrados por GONÇALVES e col (2007), aonde o objetivo foi analisar o efeito de 8 semanas de treinamento com pesos sobre a flexibilidade em idosos, no qual 19 idosos de ambos os sexos compuseram a amostra. Os indivíduos foram divididos em dois grupos: o grupo de treinamento com 11 integrantes, e o grupo controle composto por oito integrantes. Avaliou-se a flexibilidade em 7 movimentos articulares: flexão de ombro, quadril, joelho e cotovelo além da extensão de ombro, quadril e cotovelo, para ambos os lados antes e após a intervenção. Baseado nos resultados obtidos através do presente estudo concluiu-se que, o treinamento de força de oito semanas, pode não aumentar o grau de flexibilidade em alguns movimentos articulares, mas também não interfere de forma negativa nos mesmos. Por outro lado o treinamento de força contribui para a manutenção e até o aumento da flexibilidade em diversos movimentos articulares nos idosos. Em um estudo realizado por DIAS e col (2006), que objetivou investigar os benefícios do treinamento de força sobre quatro componentes da aptidão física fundamentais para a qualidade de vida de idosos: força, flexibilidade, equilíbrio e resistência aeróbia. Aonde foi utilizado trabalhos sobre os temas acima, para a realização do estudo. Os autores concluíram que a prática do treinamento de força, apresenta-se como uma importante ferramenta para a melhoria da aptidão física, da independência, e da qualidade de vida desses indivíduos, tendo em vista que aumentos na força são obtidos após poucas semanas de treinamento com pesos. As demais variáveis flexibilidade e resistência aeróbia, também apresentam melhores níveis após a intervenção. Segundo os autores dentre as capacidades investigadas somente o equilibro não tem as modificações esclarecidas na literatura após a prática do treinamento de força. Em um estudo realizado por RASO (2000), com objetivo de verificar se 9 um programa de treinamento com pesos de baixa intensidade, composto por exercícios para ambas as extremidades corporais e para os grandes grupamentos musculares, produziam aumento na força muscular similares aos de programa de treinamentos de alta intensidade, foi verificado que os efeitos produzidos no organismo do idoso por um protocolo de treinamento de alta intensidade são similares ao de baixa intensidade. Segundo ROBERGSe ROBERTS (2002), níveis adequados de força muscular são de fundamental importância para a aptidão física relacionada com a saúde, e também para uma ótima função fisiológica para indivíduos de todas as idades. Além de sua reconhecida taxa de contribuição para uma melhora da auto-imagem, do desempenho físico e motor dessas pessoas. De forma similar DIAS e col (2006), afirmam que incrementos na força e potencia muscular, fatores responsáveis pela manutenção da independência e redução das quedas dos idosos, são obtidos por estes após a prática de treinamento de força. 2.6. Adaptações do sistema nervoso ao Treinamento de força Após curtos períodos de treinamentos com pesos, modificações significativas na força muscular são observadas em crianças, adultos e idosos (SILVA e FARINATTI, 2007). Essas alterações podem ser atribuídas principalmente às adaptações neurais, ou seja, maior ativação muscular, melhor recrutamento das fibras musculares, maior frequência de disparos das unidades motoras e diminuição da co-ativação dos músculos antagonista ao movimento (DIAS e col, 2006). RASO (2000) sugere que há uma melhora na coordenação neural de idosos submetidos ao treinamento de peso, e que esta adaptação do sistema nervoso pode ser o principal mecanismo responsável pelo aumento da força muscular na população idosa. A força muscular resulta da interação das propriedades músculo esqueléticas e da ativação neural do músculo. Os fatores neurais de geração de força abrangem os seguintes aspectos: número de unidades motoras recrutadas, tipo de unidade recrutada e frequência de disparo do sinal (COOK e WOOLLACOTT, 2003). Segundo GALLAHUE e OZMUM (2003), um aumento nos níveis de atividade física para o individuo idoso pode melhorar o fluxo sanguíneo para o cérebro e consequentemente elevar a quantidade de oxigênio disponível para os neurônios. 3. Considerações finais O processo de envelhecimento provoca uma série de alterações fisiológicas morfológicas e funcionais no organismo humano variando de um individuo para outro, as quais muita das vezes impossibilita o idoso até da realização de atividades cotidianas como levantar-se de uma cadeira e andar. O treinamento de força apresenta-se como uma ferramenta bastante eficiente na luta contra as perdas provocadas pelo processo de envelhecimento no sistema neuromuscular dos senescentes, as quais podem 10 se beneficiar de respostas similares determinadas pelo treinamento independentemente do gênero. Evidenciou-se que idosos submetidos ao treinamento resistido se beneficiam de melhores índices de força, aumento de proteínas contráteis, aumento da síntese protéica e melhor recrutamento das fibras musculares e até em alguns casos mostrou-se uma adaptação bastante significativa após o período de treinamento de força, das fibras musculares tipo II que se apresentam reduzidas em número e tamanho nos idosos, no entanto há relatos de que as fibras tipo I são as que melhor respondem ao treinamento resistido, notou-se também que mesmo em programas de treinamento com baixo percentual de carga os idosos pode obter respostas positivas. Essas adaptações no sistema neuromuscular do idoso obtidas através do treinamento de força contribuem de forma positiva para a redução dos efeitos provocados pelo processo de envelhecimento, e para um aumento da aptidão física dos senescentes auxiliando na melhora da qualidade de vida dos mesmos. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, J.; OLIVEIRA, J.; MAGALHÃES, J.; ASCENSÂO, A.; MOTA, J.; SOARES, J. M. C. Efeito de um programa de treino em idoso; Comparação da avaliação isocinética e isotônica. Revista paulista de Educação física. São Paulo 17(1): p.74-84, Jan./Jun. 2003. ______. Força muscular em idosos II-efeito de um programa complementar de treino na força muscular de ambos os sexos. Revista Portuguesa de Ciência do Desporto. Porto, v.4, n.1, p.58-65, 2004. COOK, A. S.; WOOLLACOTT, M. H. controle motor: teoria e aplicações praticas. [Tradução Maria de lourdes gianini]. 2ed Barueri, SP: Manole, 2003. DIAS, R. M. R.; GURJÃO, A. L. D.; MARUCCI, M. F. N. 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