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Câncer gástrico · No Brasil, não há programas de rastreamento, então o paciente costuma chegar com Ca em estado avançado, por ser assintomático inicialmente. · O tratamento curativo do Ca gástrico continua sendo cirúrgico, a quimio e radioterapia entram como tratamentos auxiliares. · A sobrevida aumenta quando é feita quimioterapia antes do procedimento cirúrgico. · Quatro tipos histológicos principais: · Adenocarcinoma 95% · Linfoma 3% - não tem tratamento cirúrgico · GIST · Neuroendócrino · Epidemiologia: · Maioria em homens, pico aos 70 anos. Terceiro entre homens e quinto entre mulheres · A incidência desse câncer está em queda, principalmente pela queda dos fatores de risco. · Queda da incidência dos tumores distais e aumento de proximais e junção gastroesofágica (obesidade, DRGE, tabaco) · Desenvolvimento assintomático + inexistência de programas de rastreamento= diagnóstico em fases mais avançadas · Prevenção · Dieta balanceada, composta de vegetais crus, frutas cítricas e alimentos ricos em fibras, desde a infância · Vitamina C e betacaroteno podem evitar que nitritos de alimentos industrializados se transformem em nitrosaminas · Diminuição do tabagismo e bebidas alcoólicas · Fatores de risco: · Baixo consumo de carnes e peixes, vitaminas A e C; ou alto consumo de defumados, enlatados, com corantes ou conservados em sal. · Ingestão de água de poços com alta concentração de nitrato · Anemia perniciosa, lesões pré cancerosas (gastrite atrófica e metaplasia intestinal), H. pylori · História familiar e cirurgia gástrica prévia. · Manifestações clínicas: · Perda de peso, dor abdominal, náusea, disfagia, melena e plenitude · Disfagia: região proximal, infiltrando junção gastroesofágica · Saciedade precoce: ca gástrico difuso (linite plástica) · Vômitos persistentes: obstrução pilórica, localização distal · Doenças mais avançadas: ascite (peritônio não está absorvendo líquido), icterícia, tumor palpável, obstrução intestinal, Nodo de Virchow (distante do estômago), metástase Nodo Irma Mary Joseph (peri umbilical), Nodo de Irish (axilar esquerdo – metástase a distância), Tumor de Krukenberg (ovário) e prateleira de Blummer (toque retal) · Eventualmente, associação com síndromes paraneoplásicas. · Avaliação pré tratamento: · Extensão da doença, anamnese e exame físico · EDA essencial, com no mínimo dez fragmentos de biópsia da mucosa (padrão ouro): · Classificação de Borrmann: · I: circunscrita elevada ou polipoide · II: ulcerada de margens elevadas · III: lesão infiltrativa, irregular, intermediária entre I e II · IV: difusamente infiltrativa · Avaliação da invasão tumoral (TNM – ter uma noção) · Mucosa T1 · Submucosa: linfáticos e vasos sanguíneos: chance de metástase (T1b) · Muscular própria: T2 · Subserosa: T3 · Serosa ou estruturas adjacentes: T4 · TC de abdome, pelve e tórax (invasão local e presença ou não de metástase) · US endoscópico vem sendo considerado para estadiamento T pré operatório (aumenta acurácia, por fazer cortes mais finos do tecido – profundidade e invasão do tumor na parede do estômago, melhor que a TC) · Outras classificações: · Japoneses: separaram cadeias linfonodais de acordo com distância e níveis de drenagem: D1, D2, D3 (para fazer linfadenectomia) · Hoje os japoneses utilizam a classificação TNM para prognóstico e acompanhamento · Laparoscopia e citologia oncótica (Soro aquecido colocado no peritonio, aspirado e analisado) · Marcadores tumorais podem ser usados para acompanhamento, mas são muitos ruins (CA19.9, CA72, CEA) · Patologia: · Classificação de Lauren · Intestinal: melhor prognóstico, menos agressivos, mais diferenciados, associação com fatores externos · Difuso: indiferenciado, agressivo, questão genética e hereditária · Misto · Indeterminado · Ressecção: · Gastrectomia total + linfadenectomia D2 + omentectomia (cirurgia com intenção curativa padrão) · Objetivo principal: R0 (sem tumor nas margens cirúrgicas). R1 (vem com doença microscópica nas margens); R2 (margem visivelmente comprometida) · Condição clínica do paciente: performance status e presença de morbidades · Critérios de incurabilidade: M1 ou M0 irressecável · Não há benefício de sobrevida ao retirar baço e seus linfonodos · Gastrectomia subtotal (não se retira todo tecido ao redor do estômago para manter vascularização) · Extensão da ressecção: · Depende da localização: · Terço proximal (GT) · Terço distal, antro (GST) · Terço médio: · GT se no corpo superior · GT se pouco diferenciado independente da localização · GST em G1 ou G2 se margem cirúrgica segura · Japanese Gastric Cancer Associations (JGCA) – margens: · 2 cm tumor T1 · 3cm T2 a T4 com padrão de crescimento expansivo (Borrmann 1 e 2) · 5 cm nas lesões com padrão de crescimento infiltrativo (Borrmann 3 e 4). · No Brasil, margem livre de 5cm. · Extensão da linfadecnectomia: · Hoje é aceita a linfadenectomia D2 para aumentar sobrevida (acima de 25 linfonodos retirados é satisfatória para os brasileiros) · Tratamento neoadjuvante: · Em tumores maiores ou iguais a T2 ou N+ - neoadjuvância · Ressecção endoscópica – câncer gástrico precoce (T1) · Refere-se aquele que não penetra além da mucosa ou submucosa, na presença ou não de metástase linfonodal · Mucosectomia (REM) ou dissecção endoscópica da submucosa (DES) · Risco de perfuração... Brasil ainda está muito atrasado nisso · A DES tem mostrado ser mais efetiva que a REM na cura do câncer gástrico precoce, no entanto, necessita de maiores habilidades técnicas do e instrumental sofisticado. Também está associada a maiores taxas de complicações tais como sangramento e perfuração. · Câncer gástrico difuso hereditário · Difuso: 5% das vezes tem associação hereditária (mutação no CDH1 – codifica a E-caderina – risco de 80% de desenvolver câncer gástrico difuso) · Família com 2 ou mais casos em parentes, 1 com <50 anos ou 3 ou mais em parentes de 1º grau ou 2º de qualquer idades – gastrectomia total profilática a partir dos 20 anos de idade (sem linfadenectomia) · Tratamento cirúrgico paliativo · Dor, sangramento, obstrução: · Gastrectomia paliativa · Gastroenteroanastomose · Gastrostomia · Jejunostomia · Frente a paciente com queixa de dispepsia importante associada a sinais de alarme, sempre pedir EDA: · Sinais de alarme: · Sangramento gastrointestinal · Perda de peso · Disfagia progressiva · Vômitos persistentes · Anemia por deficiência de ferro · Tumor epigástrico · Doença péptica ulcerosa prévia · História familiar de Ca gástrico · Início recente de dispepsia e idade > 55 anos Câncer Gástrico - Prof. Bruno · Atualmente, é a 4ª neoplasia em incidência no mundo, mas a 2ª em mortalidade. · No Brasil, é a 5ª. · A incidência desse câncer está em queda, principalmente pela queda dos fatores de risco. · Acomete pacientes mais idosos, geralmente do sexo masculino. · Há uma baixa sobrevida em 5 anos. · Anatomia: · Revisar as relações do estômago com os órgãos abdominais (duodeno, pâncreas e baço). · Lembrar da irrigação do estômago: são basicamente 4 artérias principais. Após a ressecção, basta permanecer 1 deles para irrigar o segmento do estômago que vai ficar (no caso de uma gastrectomia parcial). · Revisar sobre a drenagem linfática do estômago (não precisa decorar o nome das cadeias) · Histologia: · Revisar as camadas do estômago: mucosa (com muscular da mucosa), submucosa, muscular e serosa. Isso é importante para o estadiamento (principalmente o T) do câncer. ADENOCARCINOMA · É o tipo mais comum de CA de estômago. · Até 3 décadas atrás, a maior incidência era de antro. Mas, agora, está mudando para o fundo do estômago. · O principal fator de risco é a dieta, principalmente se: · Pobre em proteínas e gorduras · Pobre em frutas, vegetais crus e vitaminas A e C (que são antioxidantes) · Elevada em carnes e peixes salgados · Elevada em nitritos (alimentos conservados) · Defumados (pela grande quantidade de nitritos e nitratos, que são mutagênicos) · Além disso, o tabagismo também pode ser fator de risco. · São outros: · H. pylori: promove a hipocloridria e inflamaçãodo estômago (gastrite) · Cirurgia gástrica prévia · Anemia perniciosa (pela hipocloridria) · Pólipos adenomatosos · Fatores genéticos (principalmente com relação ao gene E-cadherin familiar) · O processo de carcinogênese envolve: · Mucosa normal -> gastrite superficial -> atrofia gástrica -> metaplasia -> displasia -> carcinoma · Quanto à histopatologia (e classificação) do tumor: · Existe a classificação Borrmann, que é macroscópica. · Tipo 1: câncer elevado · Tipo 2: erodido no centro, mas sem infiltração da parede · Tipo 3: erodido no centro e com infiltração da parede · Tipo 4: região infiltrada (também chamado de linitis plástica) · Existe uma classificação japonesa de “câncer gástrico precoce”. Esse é o câncer que acomete a mucosa ou até a submucosa, tendo ou não metástase linfonodal ou à distância. Essa classificação conta com os tipos I, IIa a c e III. · A classificação de Lauren considera o tipo histopatológico do câncer: · Intestinal · Glandular, com infiltração de células inflamatórias · Há metaplasia intestinal · É mais benigno e bem diferenciado, mais comum acima de 40 anos · Difuso · Infiltrativo, mal diferenciado · Terço proximal, jovens · A partir de 1990, veio a classificação da OMS, que considera também o histopatológico. Ver quais são os tipos. · O quadro clínico do câncer gástrico conta com sintomatologia por vezes não muito bem caracterizada. · Dor epigástrica · Dispepsia · Plenitude pós-prandial · Astenia · Disfagia · Perda ponderal · Vômitos · Anemia (40%) · Hematêmese (15%) · Ao exame físico, às vezes, é possível perceber câncer gástrico em estadio avançado. · Doença à distância: disseminação para cadeias linfonodais ou outros órgãos · Nódulo de Virchow · Irmã Maria José · Prateleira de Blumer (ao toque retal, detecta-se uma tumoração próxima ao reto) · Tumor de Krukenberg (metástase para ovário, sentida ao toque vaginal) · Sinais de doença avançada: · Hepatomegalia · Ascite · Icterícia (metástase para o fígado) · Caquexia · Existe também a síndrome paraneoplásica relacionada ao CA gástrico. São exemplos: · Tromboflebite recorrente (síndrome de Trousseau) · Acantose nigricans · Outros · O diagnóstico do câncer gástrico é feito com anamnese, exame físico e endoscopia digestiva alta. · Os demais exames fornecem informações para o estadiamento. A TC ajuda a detectar metástases com mais de 5mm ou em casos de câncer gástrico com alta suspeita. · A ultrassonografia endoscópica é importante para poder ver quais foram as camadas acometidas e auxiliar no estadiamento. · São outros exames: · EED: não é mais utilizado para esse fim · Laparoscopia: o início da operação pode ser feito por laparoscopia para que se possa fazer uma inspeção da cavidade abdominal e encontrar lesões ainda não vistas à TC · Lavado peritoneal com análise citológica pode indicar presença de células neoplásicas · Estadiamento (histopatológico) · T1: até a submucosa (precoce) · T2: até a musculatura · T3: até a serosa, mas sem ultrapassá-la · T4: ultrapassa a serosa e pode atingir órgãos adjacentes · N1: até 6 linfonodos acometidos · N2: até 10 linfonodos acometidos · N3: mais que 10 linfonodos acometidos · Logo, para o estadiamento, é necessário retirar vários linfonodos das cadeias para as quais o tumor drena (segundo a sua área) · M0: sem metástase à distância · M1: com metástase à distância · A partir do TNM, podemos definir o estadio da doença: · Os estadios vão de I a IV. · O tratamento do CA gástrico depende do estadio do tumor. Nos cânceres iniciais, por exemplo, pode-se fazer uma mucosectomia. Já no estadio IV, o tratamento é paliativo. · A cirurgia é o único tratamento com chance de cura. O tipo de operação depende do local do tumor e da linfadenectomia. A margem de segurança para ressecção é de 5 a 6cm. · Se for no antropiloro (terço distal): gastrectomia subtotal, com margem de segurança · Se for de terço médio: gastrectomia subtotal ou total (depende da margem). Avaliar se é necessária a esplenectomia ou pancreatectomia distal (dependendo da relação desses órgãos com os vasos) · Se for no fundo gástrico ou no cárdia: gastrectomia total e esofagiectomia distal · A reconstrução do trânsito pode ser em Billroth II ou em Y de Roux. · Quando à ressecção de linfonodos, ela pode ser: · D1: linfonodos perigástricos · D2: D1 + linfonodos em artérias principais do estômago · D3: D2 + ligamento hepatoduodenal, cabeça do pâncreas e raiz do mesentério do delgado · Atualmente, faz-se a D2. · O tratamento padrão, então, é a gastrectomia com linfadenectomia D2. · O acometimento linfonodal (N) tem uma influência muito maior sobre a sobrevida do indivíduo do que o T. · O linfoma de estômago é o sítio extranodal mais comum. Pode ser de células B ou do tipo MALT. · A TC e o ultrassom endoscópico são muito importantes para diagnóstico. · Quando é tumor de células B, há que se fazer: gastrectomia total + radio + quimioterapia. · Quando é do tipo MALT, faz-se o tratamento do H. pylori, gastrectomia e quimioterapia
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