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Hiperplasia Adrenal Congênita - HAC

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Hiperplasia adrenal congênita: 
Introdução: 
A HAC engloba um conjunto de síndromes transmitidas de forma autossômica 
recessiva que se caracterizam por diferentes deficiências enzimáticas na síntese dos 
esteroides adrenais. As mutações responsáveis pela doença envolvem o braço curto do 
cromossomo 6, dentro do ​locus do gene que codificam o complexo principal de 
histocompatibilidade classe 3. 
Sua incidência é variável entre diferentes populações, mas é um dos erros inatos do 
metabolismo mais frequente, com incidência aproximada de de 1:15.000 nascidos vivos. 
A deficiência de 21-hidroxilase (CYP21A2) corresponde a 95% dos casos e a 
deficiência de 11-beta-hidroxilase (CYP11B1) compõe os outros 5%. Ambas enzimas estão 
envolvidas na rota de síntese do cortisol. Casos muito raros envolvem outras enzimas 
menos importantes. 
Além da redução da síntese de cortisol, em 75% das crianças afetadas também 
ocorre deficiência concomitante de aldosterona, com prejuízo na manutenção e no equilíbrio 
hidrossalino. 
 
Manifestações clínicas: 
As manifestações clínicas irão depender da enzima envolvida e do grau de 
deficiência enzimática (total ou parcial). Pode se caracterizar por insuficiência glicocorticoide 
(corticoide), insuficiência mineralocorticoide (aldosterona) ou por excesso de andrógenos. 
As síndromes clínicas podem ser divididas em 3 formas: forma clássica perdedora de sal, 
forma clássica não perdedora de sal e forma não clássica. 
 
● Forma clássica perdedora de sal: 
É a forma mais comum de HAC clássica. Nos recém-nascidos do sexo feminino, há 
virilização da genitália externa (aumento de clitóris, fusão labial e formação de seio 
urogenital) decorrente do excesso de andrógenos durante a vida intrauterina, o que permite 
esta hipótese diagnóstica desde o momento do parto. Nos recém-nascidos do sexo 
masculino e nos do sexo feminino nos quais a virilização da genitália externa não foi 
identificada, como há deficiência de mineralocorticoide, a apresentação ocorre nos 
primeiros dias de vida (geralmente a partir da segunda semana) com crise adrenal: 
depleção de volume, desidratação, hipotensão, hiponatremia e hiperpotassemia. Há sempre 
ganho de peso inadequado ou perda persistente de peso. 
 
● Forma clássica não perdedora de sal: 
Nos recém nascidos do sexo feminino, há virilização da genitália externa. Como 
nesta forma não há deficiência mineralocorticoide com repercussão clínica, os 
recém-nascidos do sexo masculno são frequentemente identificados em idade tardia por 
sinais de hiperandrogenismo: velocidade de crescimento aumentada, maturação óssea 
acelerada ou pubarca precoce. 
 
● Forma não clássica: 
É 15x mais frequente que a forma clássica. Os pacientes frequentemente são 
assintomáticos ou as manifestações se apresentam tardiamente na infância ou 
adolescência. No sexo feminino, devido ao hiperandrogenismo decorrete da deficiência 
enzimática, a apresentação pode ser por aumento de clitoris, pubarca precoce, ciclos 
menstruais irregulares e hirsutismo. No sexo masculino, costuma ser assintomático. 
 
Diagnóstico: 
O diagnóstico parte da suspeição clínica a partir dos sinais e sintomas, mas é 
confirmado laboratorialmente a partir da dosagem de alguns hormônios. A triagem permite 
uma identificação precoce principalmente no sexo masculino, que geralmente se manifesta 
já inicialmente com sintomas graves com grande risco de óbito. Também há evidências de 
déficits intelectuais e dificuldades de aprendizado secundários a hiponatremia grave. 
● Forma clássica: 
A dosagem de 17-OH-progesterona é utilizada como forma de rastreamento 
neonatal através do teste do pezinho, mas o uso de glicocorticoide antenatal pela mãe pode 
suprimir sua produção e levar a resultados falso-negativos. 
Pacientes com HAC geralmente apresentam dosagens de 17-OH-progesterona > 35 
ng/mL, sendo que resultados acima de 100 ng/mL confirmam o diagnóstico. Resultados 
entre 35 e 100, faz-se avaliações complementares (teste de estímulo de ACTH, biologia 
molecular). 
● Forma não clássica: 
Valores de 17-OH-progesterona > 0,8 ng/mL em crianças e 2 ng/mL em mulheres 
adultas sugerem o diagnóstico. Teste de estímulo de ACTH confirma o diagnóstico. 
 
Tratamento: 
O tratamento tem por objetivo suprir as deficiências de glicocorticoide e 
mineralocorticoide e remediar os sinais e sintomas da hiperandrogenemia. O tratamento 
com contraceptivos orais e antiandrogênicos é feito de forma idêntica ao da SOP. 
Os fármacos utilizados são: 
● Glicocorticoides: dexametasona, prednisona, prednisolona ou hidrocortisona; 
● Mineralocorticoide: fludrocortisona.

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