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CURSO DE VETORES PROFESSOR CARLOS MIRANDA A IDÉIA DE VETOR Existem dois tipos de grandezas: as escalares e as vetoriais. As escalares são aquelas que ficam completamente definidas por apenas um número real (acompanhado de uma unidade adequada). Comprimento, área, volume, massa, temperatura, densidade, são exemplos de grandezas escalares. Assim, quando dizemos que mesa tem 3m de comprimento, que o volume de uma caixa é de 10m3 ou que a temperatura ambiente é de 30ºC, estamos determinando perfeitamente estas grandezas. Existem, no entanto, grandezas que não ficam completamente definidas apenas pelo seu módulo, ou seja, pelo número com sua unidade correspondente. Falamos das grandezas vetoriais, que para serem perfeitamente caracterizadas necessitamos conhecer seu módulo (ou comprimento ou intensidade), sua direção e seu sentido. Força, velocidade, aceleração, são exemplos de grandezas vetoriais. O QUE É UM VETOR? Para responder a pergunta acima, devemos primeira conhecer a noção de direção, sentido e comprimento. Tem um Axioma1 que nos diz que por um ponto qualquer localizado num plano cartesiano passa infinitas retas. Sendo assim, para termos uma direção definida precisamos de outro ponto e, com isso descreveremos uma única reta e uma só direção. Se escolhermos o ponto A para situarmos um novo sistema de coordenadas (movimento de Translação), veremos que o caminhar para o ponto do B nos dará o que chamamos de sentido. Contudo, se fizermos o mesmo procedimento em B, caminhando para o ponto A, teremos o que denominamos de sentido contrário (oposto). Ao posicionar os pontos A e B, surgiu o segmento de reta AB. Este, como todo o segmento possui um comprimento linear definido. Com isso, temos um ente geométrico que possui uma direção, um sentido e um comprimento, denominado representante de um vetor. Dizemos que duas representantes vetoriais são iguais quando possuem a mesma direção, o mesmo sentido e o mesmo comprimento e fazem parte de um mesmo Vetor. Agora responda: O QUE É UM VETOR? 1 .Axioma significa algo que é digno de confiança. Exercícios 01 A Figura é constituída de nove quadrados congruentes (de Mesmo tamanho). Decidir se é verdadeira ou falsa cada uma das seguintes afirmações: a) BA OF h) //AC HI o) PN AM b) AM PH i) //JO LD p) AC FP c) BC OP j) //AJ FG q) IF MF d) BL MC k) AB EG r) AJ AC e) DE ED l) AM BL s) 2AO NP f) AO MG m) PE EC t) AM BL g) KN FI n) PN NB COMPONENTES VETORIAS Podemos calcular as componentes de um vetor w a partir das coordenadas das extremidades de um segmento orientado que o representa. Se w = AB , A (x1, y1) e B (x2, y2), então, w = (x2-x1, y2-y1) ou AB = B – A ou w = 12 12 yy xx . EX.: Localize os pontos A (-1, 2) e B (3, -4) no plano cartesiano e determine as componentes do vetor AB . CALCULO DO MÓDULO (COMPRIMENTO) DE UM VETOR OU DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS. EX.: Determine um ponto de ordenada 2 cuja distância ao ponto A(0, -1) é igual a 5. CURSO DE VETORES PROFESSOR CARLOS MIRANDA EX.: Determine o ponto do eixo das abscissas que é eqüidistante dos pontos A( 1 , -1) e B( 5, 7 ). EX.: Num paralelogramo ABCD, nessa ordem, tem-se A (-3, 5), B(1, 7) e C(5, -1). Determine as coordenadas de D. EX.: Dados A (0, 1), B(-3, 1), C(-2, 5) e D(-3, 4), calcular os seguintes vetores: a) CDAB b) ADBC 3.2 e) BDAC .3 EX.; Determinar o vetor x nas figuras: EX.: O paralelogramo ABCD é determinado pelos vetores AB e AD , sendo M e N pontos médios dos lados DC e AB, respectivamente. Completar convenientemente: a) ABAD = b) DABA = c) BCAC = d) BCAN = e) MBMD = f) DCBM 2 1 = EX.: No triângulo ABC (Figura abaixo), tem-se 1 2 BM BC e 1 3 BN BC . Expressar os vetores AM e AN em função de AB e AC . EX.: Dados os vetores u =(1,-1), v = (-3, 4) e w = (8, -6), calcular a) | u | c) | w | e) | 2 u - w | g) || v v b) | v | d) | u + v | f) | w – 3 u | h) | || u u | PRODUTO ESCALAR Definição Algébrica Chama-se produto escalar de dois vetores ),( 11 yxu e ),( 22 yxv , e se representa por u . v , ao número real. 1 2 1 2 1 2u.v x x y y z z (1) O produto escalar de u por v também é indicado por < u ,. v > e se lê ” u escalar v ”. EX.: Dados os vetores 1) ,5(v e )3 ,2( u , calcule o produto .. vu Solução .. vu = -2.(-5) + 3.1 = 13 7.1. Propriedades do Produto Escalar Para quaisquer vetores u , v e w e o número real a, é fácil verificar que: I) u . v v . u II) u. v w u . v u . w e v u .w u . w v . w III) u v u . v u. v IV) u . u 0 se u 0 e u . u = 0, seu u = 0 = (0,0) V) u . u = 2 u Ex.: Sendo u 4 , v 2 e u.v 3 , calcular 3u 2v . u 4v Solução CURSO DE VETORES PROFESSOR CARLOS MIRANDA 2 2 2 2 3u 2v . u 4v 3u . u 4v 2 v . u 4 3u.u 12u .v 2 v .u 8v.v 3 u 14u.v 8 v 3 4 14 3 8 2 48 42 32 38 7.3. Definição Geométrica de Produto Escalar Se u e v são vetores não-nulos e o ângulo entre eles, então u. v u v cos (2) Aplicando a lei dos cossenos ao triângulo ABC da Figura abaixo, temos 2 2 2 u v u v 2 u v cos (3) Por outro lado, de acordo com o exemplo 2 (item anterior): 2 2 2 u v u v 2u.v (4) Comparando as igualdades (3) e (4): 2 2 2 2 u v 2u . v u v 2 u v cos e, daí 0 0u . v u v cos , 0 180 Conclusão: O produto escalar de dois vetores não-nulos é igual ao produto de seus módulos pelo co-seno do ângulo por eles formado. EX.: Sendo u 2 , v 3 e 1200 o ângulo entre u e v ,calcular a) u . v b) u v c) u v Solução a) Pela relação (2), tem-se 0 1 u . v u v cos120 2 3 3 2 b) Vimos que 2 2 u v u 2u . v v Então, 2 2 2u v 2 2 3 3 7 e, portanto, 2 u v 7 c) De forma análoga tem-se 2 2 2 u v u 2u .v v 2 22 2 3 3 19 e, portanto u v 19 Algumas considerações importantes 0 0u. v 0 cos 0 0 90 (Figura a) 20) 0 0u. v 0 cos 0 90 180 (Figura b) 30) 0u. v 0 cos 0 90 (Figura c) Esta última afirmação estabelece a condição de ortogonalidade de dois vetores: Dois vetores u e v são ortogonais se, e somente se, u. v 0 . EX.: Verifique, em cada caso, se os vetores são ortogonais. a) 2)- ,3(u e 3)- ,2( w b) 5)- ,4(u e 4) ,5( v Solução a) -2.3+(-3).(-2) = 0 (verdadeiro) b) -5.4 + (4).(-5) = 0 ( Falso) CURSO DE VETORES PROFESSOR CARLOS MIRANDA Exercícios 02 01. Verificar se v e w são paralelos nos casos abaixo relacionados. a) v ( 4 ; 2) e w ( 12; 6) b) v (6 ; 9) e w ( 12 ; 15) c) v (-3 ; 4) e w ( 4 ; -3) 02. Verifica se v e w são ortogonais nos casos abaixo relacionados. a) v ( 3 ; 2) e w ( -4 ; 6) b) v (-1 ; -3) e w ( 3 ; -1) c) v ( 5 ; 4) e w ( -2 ; 3) 04. Obter y de modo que os pontos A ( 3, y), B( 0, 4) e C( 4, 6) sejam vértices de um triângulo retângulo em A. 05. Dados A(-2 , 4) e B( 3, -1) vértices consecutivos de um quadrado, determine os outros dois vértices. 06. Determinar o ângulo entre v e w nos casos:a) v ( 1, -2) e w ( 10, 5) b) v ( 4, 3 ) e w ( 8, 6 ) c) (3;0)v e (1; 3)w 07. Dado o triângulo de vértices A (0; 2), B( 3 ; 5 ) e C( 0 ,6), calcular a medida do ângulo interno Â. 08. Calcular a medida dos três ângulos internos do triângulo ABC. Sabendo que A( 1, 2), B( 2, 0) e C(0, -1). Leia o Texto Um órgão responsável pela preservação da floresta Amazônica solicitou a um engenheiro florestal o mapeamento de uma área, que possui uma grande quantidade de árvores nobres, em desenvolvimento, para evitar o desmatamento ilegal praticado pelos madeireiros da região. Para isso, o engenheiro, usando coordenadas cartesianas, mapeou uma área no formato de triângulo retângulo de vértices A=(2 , 2), B=( 5 , Y ) e C=( 13 , 0 ), com ângulo reto no vértice B e todos os pontos no primeiro quadrante. Com base no texto resolva as questões 04 e 05. 08. (MIRANDA) Ao enviar o mapeamento ao referido órgão o engenheiro esqueceu-se de completar as coordenadas do vértice B. Nessas condições, o vértice B é: a) (5, 6) b) (5, 4) c) (5, -6) d) (5, 5) e) (5, -4) 09. (MIRANDA) Por ter cometido um erro no mapeamento, o engenheiro resolveu substituir os vértices do triângulo pelos pontos A= ( 3 , 5) , B= (0 , 2) e C=( 0 , 6).No entanto,o ângulo do vértice B passou a ter um valor diferente de 90o .Nessas condições, o valor do novo ângulo é: a)30º b) 60º c) 45º d) 120º e) 150º COORDENADAS CARTESIANAS NO ESPAÇO 1. CONCEITO Como vivemos num mundo tridimensional, muitos problemas práticos são resolvidos com o uso da Geometria Analítica Espacial. Estudaremos, neste capítulo, a sua linguagem. No espaço tridimensional, a posição de um ponto P pode ser determinada a partir de um Referencial Cartesiano Ortogonal (Sistema de Coordenadas Cartesianas Retangulares). Um Sistema de Coordenadas Cartesianas Retangulares no Espaço Tridimensional formado por três escalas numéricas (eixos) perpendiculares entre si, que tem a mesma unidade de comprimento e um ponto origem comum. Os eixos são chamados, habitualmente, de x, y e z. A orientação fixada, como na figura a seguir, é chamada de positiva ou dextrógira. Os eixos x, y e z são chamados de eixos coordenados. Os três planos que contam os pares de eixos são chamados de planos coordenados. O plano xy o que contam o eixo x e o eixo y; o plano yz e o que contem o eixo y e o eixo z e o plano xz que contem o eixo x e o eixo z. A cada ponto P do espaço, associamos uma trinca ordenada de números reais (a,b,c). O plano que contem o ponto P e e paralelo ao piano yz corta o eixo x em um ponto. Como o eixo x e uma escala numérica, este ponto representa um numero, a coordenada x do ponto P, chamada de abscissa; analogamente, o plano que contam P e e paralelo ao plano xz corta o eixo y em um ponto, que representa um numero, a coordenada y de P, chamada de ordenada; e o plano que contam P e é paralelo ao plano xy corta o eixo z em um ponto, que representa um numero, a coordenada z de P, chamada de cota. Nessas condições, a cada ponto P do espaço corresponde uma única terna ordenada de números reais (a,b,c) , que são as coordenadas de P referido ao sistema fixado. Reciprocamente, a cada terna de números reais (a,b,c) corresponde um único ponto do espaço. NOTAÇÃO: para indicarmos que a, b e c são as coordenadas de um ponto P, indicaremos: P(a,b,c) ou P = (a,b,c). Os triedros trirretangulares formados pelos planos xy, CURSO DE VETORES PROFESSOR CARLOS MIRANDA yz e xz determinam 8 octantes no espaço. Veja a figura ao lado. EX.: Seja um paralelepípedo trirretangular, cujas as coordenadas dos vértices, em cada caso. a) 0 = (0,0,0) (origem) A = (2,0,0) (pertencente ao eixo x) B = (0,5,0) (pertencente ao eixo y) C = (0,0,4) (pertencente ao eixo z) D = (2,5,0) (pertencente ao plano xy) E = (0,5,4) (pertencente ao plano yz) F = (2,0,4) (pertencente ao plano xz) G = (2,5,4) b) 0 = (0,0,0) (origem) A = (2,0,0) (pertencente ao eixo x) B = (0,-5,0) (pertencente ao eixo y) C = (0,0,-4) (pertencente ao eixo z) D = (2,-5,0) (pertencente ao plano xy) E = (0,-5,-4) (pertencente ao plano yz) F = (2,0,-4) (pertencente ao plano xz) G = (2,-5,-4) Você deve ter notado que um ponto qualquer P (x,y,z): P plano xy z =0 P plano yz x =0 P plano xz y =0 P eixo x y =0 e z = 0 P eixo y x =0 e z = 0 P eixo z x =0 e y = 0 Temos, assim, fixado um Sistema Cartesiano Ortogonal ou Referencial Cartesiano Ortogonal, fazendo corresponder a cada ponto de E3 uma terna de numero reais do IR3 e reciprocamente. Fixaremos, agora, uma base conveniente para o estudo de vetores no espaço tridimensional, usando coordenadas. Habitualmente, a base escolhida é formada por três vetores linearmente independentes, chamados de i , j e k , de modo que i , j e k sejam unitários e possuam as mesmas orientações dos eixos x, y e z, respectivamente. O sistema (0, i , j , k ) também chamado de Sistema de Coordenadas Cartesianas Ortogonais no Espaço. A base ( i , j , k ) é dita ortonormal pois seus vetores são unitários e ortogonais dois a dois. Utilizaremos, neste trabalho, exclusivamente o sistema (0, i , j , k ). Considere um ponto P do espaço, de coordenadas a, b e c, isto é, seja P = (a,b,c). O vetor 0P = P - 0 , que tem origem em 0 e extremidade em P, pode ser expresso de modo único como combinação linear de i , j e k . Observe a figura ao lado. O vetor P – 0 = A - + D - A + P - D, mas como temos o paralelepípedo OABCDEFP, tem-se: D -A = B – 0 e P – D = C - 0. Além disso, A – 0 = a. i , B – 0 – b. j e c. k , assim teremos: OP = P – 0 = a. i + b. j + c. k , ou seja todo vetor aplicado na origem e igual a uma combinação linear de i , j e k . Os números a, b e c são chamados de coordenadas do vetor P – 0. Os vetores a. i , b. j e c. k , são as componentes do vetor 0P nas direções de i , j e k , respectivamente. P – 0 é chamado de VETOR—POSIÇÃO do ponto P. Indicaremos o vetor P - 0 = a. i + b. j + c. k também da seguinte forma P - 0 = (a,b,c). Assim, dado um ponto do espaço P = (a,b,c), o vetor- posição de P será o vetor P - 0 = a. i + b. j + c. k = (a,b,c) e, reciprocamente, um vetor P - 0 = a. i + b. j + c. k = (a,b,c), aplicado na origem, é vetor-posição do ponto P = (a,b,c), que se encontra em sua extremidade. PROJEÇÃO DE UM VETOR SOBRE OUTRO Sejam os vetores u e v não-nulos e θ o ângulo entre eles. Pretendemos decompor um dos vetores, digamos v , tal que 1 2v v v sendo 1v // u vi/tu e 2v u . A figura abaixo ilustra as duas situações possíveis, podendo ser θ um ângulo agudo (Figura a) ou obtuso (Figura b). O vetor 1v é chamado projeção ortogonal de v sobre u e indicado por CURSO DE VETORES PROFESSOR CARLOS MIRANDA 1 u v = proj v (9) Ora, sendo 1v // u , temos 1v =αu e como 2 1v v v v αu é ortogonal a u , vem v αu . u 0 ou v . u αu . u 0 e v.u α= u .u Portanto, sendo 1v αu , por (9) conclui-se que u v.u proj v u u .u (10) Interpretação Geométrica do Módulo do Produto Escalar Se em (10) o vetor u u é unitário u 1 , tem-se uproj v v.u u pois 2 u . u u 1 e, portanto, uproj v v.u u v.u u ou u proj v v.u Logo, o comprimento do vetor projeção de v sobre u , sendo u unitário, é igual ao módulo do produto escalar de v por u . Exemplos 1) Determinar o vetor projeção de v 2,3,4 sobre u 1, 1,0 . Solução Temos v . u 2 1 3 1 4 0 1 2 2 2 2u . u u 1 1 0 2 Logo u v . u 1 1 1 proj v u 1, 1,0 ,, 0 2 2 2u . u 2) Dados os vetores v 1,3, 5 e u 4, 2,8 , decompor v como 1 2v v v , sendo v // u e 2v u . Solução a) Pela figura abaixo e por (10), temos 1 u v . u v = proj v u u . u Como v . u 1 4 3 2 5 8 42 e 22 2u . u 4 2 8 84 , vem 1 42 1 v = 4, 2,8 4, 2,8 2,1, 4 84 2 b) Sendo 1 2v v +v , tem-se 2 1v v v 1,3, 5 2,1, 4 3,2, 1 Observamos que 2v u pois 2v . u 3 4 2 2 1 8 0 EX.: Dados os vetores u 3,0,1 e v = 2,1, 2 , determinar v proj u e u proj v . EX.: Determinar o ângulo entre os vetores a) u = 2, 1, 1 e v = 1, 1, 2 b) u = 1, 2,1 e v = 1,1,0 . Definição do Produto Vetorial Chama-se produto vetorial de dois vetores 1 1 1u = x i + y j + z k e 2 2 2v = x i + y j + z k tomados nesta ordem, e se representa por u v , ao vetor 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 y z x z x y u v = i - j + k y z x z x y (1) O produto vetorial de u por v também é indicado por u v e lê-se “ u vetorial v Observemos que a definição de u v dada em (1) pode ser obtida do desenvolvimento segundo o Teorema de Laplace substituindo-se a, b e c pelos vetores unitârios i , j j e k k, fato que sugere a notação 2 2 2 2 2 2 i j k u v y y y y y y (2) O símbolo à direita de (2) não é um determinante, pois a primeira linha contém vetores em vez de escalares. No entanto, usaremos esta notação pela facilidade de memorização que ela propicia no cálculo do produto vetorial. Exemplo CURSO DE VETORES PROFESSOR CARLOS MIRANDA Calcular u v para u = 5i + 4j + 3k e v = i + k . Solução i j k 4 3 5 3 5 4 u v 5 4 3 i j k 0 1 1 1 1 0 1 0 1 4 0 i - 5 - 3 j 0 - 4 k = 4i - 2j - 4k Dispositivo prático para o cálculo de u v Dispõe-se os dois vetores em linha, e repete-se pela ordem, as duas primeiras colunas. As três componentes de u v são dadas pelos três determinantes, conforme está indicado a seguir. A vantagem do dispositivo é que não se corre o risco de esquecer a troca de sinal do determinante intermediário. Levando-se em conta as considerações feitas sobre as propriedades dos determinantes, concluímos de imediato que: 1º) u v u v ,isto é, os vetores v u e u v são opostos (Figura abaixo), pois a troca de ordem dos vetores no produto vetorial u v implica troca de sinal de todos os determinantes de ordem 2, ou seja, troca de sinal de todas as suas componentes. Por outro lado, como u v u v conclui-se que o produto vetorial não é comutativo (ao contrário do produto escalar: u . v v . u . Portanto, no produto vetorial a ordem dos fatores é importante. 2º) u v 0 se, e somente se, u // v , pois neste caso, todos os determinantes de ordem 2 têm suas linhas constituídas por elementos proporcionais. Estão aí também incluídos os casos particulares: I) u u 0 (determinantes de ordem 2 com linhas iguais) II) u 0 = 0 (determinantes de ordem 2 com uma linha de zeros) Exemplos de produto vetorial de vetores paralelos: a) u 3u 0 b) 2u -7u 0 c) u v v u 0 d) u - v v u 0 e) 2u +3v 6u 9v 0 f) 5u 0 0 Sabemos que um vetor está bem definido quando conhecemos sua direção, seu sentido e seu comprimento. A seguir passaremos a definir o vetor u v no caso de u e v serem não-nulos e não-paralelos. Características do Vetor u v Consideremos os vetores 1 1 1u = x , y , z e 2 2 2v = x , y , z . a) Direção de u v O vetor u v é simultaneainente ortogonal a u e v . Tendo em vista que dois vetores são ortogonais quando o produto escalar deles ézero, basta mostrar que u v .u 0 e u v .v 0 Temos, então 1 1 1 1 1 11 1 1 2 2 2 2 2 2 y z y z x y u v .u x - y z y z y z x y 1 1 1 1 1 1 2 2 2 x y z x y y 0 x y y (primeira e segunda linhas iguais). Logo, u v é ortogonal a u e a v . De forma análoga, demonstra-se que u v .v 0 . Como o vetor v u tem a mesma direção de u v (apenas seus sentidos são opostos), também ele é ortogonal tanto a u como a v . A Figura abaixo apresenta os vetores u v e v u ortogonais ao plano π determinado por u e v . CURSO DE VETORES PROFESSOR CARLOS MIRANDA Exemplo Dados os vetores u = (3, 1, 2) e v = (- 2, 2, 5) , tem- se i j k u v = 3 1 2 = (1, -19, 8) -2 2 5 e u v . u = (1, -19, 8) (3, 1, 2) = 3 - 19 + 16 = 0 u v . v = (1, -19, 8) (-2, 2, 5) = -2 - 38 + 40 = 0 b) Sentido de u v O sentido de u v poderá ser determinado utilizando-se a “regra da mão direita” (Figura abaixo (a)). Sendo θ o ângulo entre u e v , suponhamos que u (1º vetor) sofra uma rotação de ângulo θ até coincidir com v . Se os dedos da mão direita forem dobrados na mesma direção da rotação, então o polegar estendido indicará o sentido de u v . A Figura (b) mostra que o produto vetorial muda de sentido quando a ordem dos vetores é invertida. Observemos que só será possível dobrar os dedos na direção de v para u se invertermos a posição da mão, quando então o dedo polegar estará apontando para baixo. Caso tenhamos dúvidas sobre o sentido de u v , podemos associar estes dois vetores a uma dupla de vetores unitários escolhidos entre i , j e k . Por exemplo, associando u v , com i j je tendo em vista que i j k i j = 1 0 0 = 0, 0, 1 k 0 1 0 , o sentido de k daria o sentido de u v . Da mesma forma temos j k i e k i j Na figura ao lado apresentamos um dispositivo mnemônico para lembrar os seis produtos vetoriais possíveis com estes três vetores unitários que determinam o sistema eartesiano. Associando estes vetores a três pontos distintos de uma circunferência, e adotando o sentido anti-horário, o produto vetorial de dois vetores sucessivos quaisquer é o vetor seguinte. Assim, neste dispositivo temos imediatamente i j k (sentido anti- horário) e, conseqüentemente, j i k (sentido horário). A tabela de dupla entrada apresenta as seis possibilidades com produto vetorial não-nulo: c) Comprimento de u v Se θ é o ângulo entre os vetores u e v não-nulos, então 2 2 u v = u v sen θ (3) Este resultado será imediato quando se conhece a Identidade de Lagrange: 22 2 2 u v = u v - u v (4) Como 2 2 2 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 y z x z x y u v = y z x z x y 2 2 2 1 2 2 1 1 2 2 1 1 2 2 1= y z - y z + x z - x z + x y - x y (5) e 22 2 u v - u v = 22 2 2 2 2 2 1 1 1 2 2 2 1 2 1 2 1 2= x + y + z x + y + z - x x + y y z z (6) a identidade (4) poderá ser verificada desenvolvendo-se os membros da direita de (5) e (6) e constatando sua igualdade (a cargo do leitor). Tendo em vista que u v u v cos θ a igualdade (4) pode ser escrita como 2 2 2 2 2 2u v = u v - u v cos θ 2 2 2= u v 1 cos θ 2 2 2u v sen θ Extraindo as raízes quadradas e notando que sen θ 0 (pois 0 00 θ 180 ), obtemos u v = u v sen θ . Interpretação Geométrica do Módulo do Produto Vetorial Observando que no paralelogramo determinado pelos vetores não-nulos u e v (Figura abaixo), a medida da base é u e da altura é v sen θ , a área A deste paralelogramo é CURSO DE VETORES PROFESSOR CARLOS MIRANDA A = base altura u v sen θ ou seja, A = u v (7) O resultado dado em (7) poderá ser expresso por: “a área do paralelogramo determinadopelos vetores u e v é numericamente igual ao comprimento do vetor u v ”. Vamos comprovar este resultado por meio de um exemplo particular tomando os vetores u = 2i e v 3j . Temos, então i j k u v = 2 0 0 0,0,6 6k 0 3 0 e u v = 6 A figura ao lado mostra claramente que o paralelogramo determinado por u e v tem 6 u.a. (unidades de área) e o vetor u v tem 6 u.c. (unidades de comprimento). Quer dizer, numericamente estas medidas são iguais. Para encerrar o estudo do produto vetorial, as conclusões finais: 1) O produto vetorial não é associativo, isto é, em geral u v w u v w Basta considerar, por exemplo, i j j k j i enquanto que i j j i 0 0 2) Para quaisquer vetores u v w , e o escalar α , são válidas as propriedades I) u v + w u v u w e u + v w u + w v w II) α u + v αu v u αv III) u . v w u v .w As demonstrações destas propriedades, todas ligadas à aplicação da definição (1) e de propriedades dos determinantes além das citadas no texto, deixamos a cargo do leitor como desafio. Exemplos 1) Determinar o vetor x , tal que x seja ortogonal ao eixo dos y e u x v , sendo u 1, 1, - 1 e u 1, 1, - 1 v 2, - 1, 1 v = (2, -1, 1). Solução Como x 0y , ele é da forma x x, 0, z . Então, u x v equivale a i j k 1, 1, -1 x 0 z 2 -1 1 ou 1, 1, -1 z, - x + 2z, - x Pela condição de igualdade de dois vetores resulta o sistema z = 1 - x + 2z = 1 -x = -1 cuja solução é x = 1 e z = 1. Portanto, x 1, 0, 1 . 2) Sejamos vetores u 1, -1, - 4 e v 3, 2, -2 . Determinar um vetor que seja a) ortogonal a u e v ; b) ortogonal a u e v e unitário; c) ortogonal a u e v e tenha módulo 4; d) ortogonal a u e v e tenha cota igual a 7. Solução a) Sabe-se que o vetor u v é simultaneamente ortogonal a u e v . Como multiplicar um vetor por um número real não altera a sua direção, todos os vetores do tipo α u v , α IR , são também ortogonais a u e v . Portanto, este problema tem infinitas soluções. i j k u v 1 -1 -4 10, -10, 5 3 2 -2 Logo, as infinitas soluções são α (10, -10, 5), α IR . Observação Se chamarmos de x = (x, y, z) todos os vetores ortogonais a u e v , estas mesmas soluções seriam obtidas resolvendo-se o sistema: x . u = 0 x . v = 0 ou x - y -4z = 0 3x + 2y -2z = 0 b) A partir de u v (ou de qualquer o ( u v ), 0), CURSO DE VETORES PROFESSOR CARLOS MIRANDA obtém-se dois vetores unitários: 1 u v (10, -10, 5) 2 2 1 u , - , 15 3 3 3u v e 2 1 2 2 1 u u - , , - 3 3 3 . c) Para obter um vetor de módulo 4 que seja ortogonal a u e v , basta multiplicar por 4 um vetor unitário: 2 2 1 8 8 4 4 , - , , - , 3 3 3 3 3 3 . ou 2 2 1 8 8 44 , , - , , - 3 3 3 3 3 3 d) Dentre as infinitas soluções α 10, -10, 5 10α, -10α, 5α , deseja-se aquela cuja cota é 7. Então, 5α = 7 , ou seja, 7 α = 5 . Logo, temos a solução 7 10, -10, 5 14, -14, 7 5 . 3) Seja um triângulo eqüilátero ABC de lado 10. Calcular AB × AC . Solução É uma aplicação direta da relação (3): AB × AC AB AC sen  Como 0 = 60 (Figura abaixo), vem 3 AB × AC 10 10 50 3 2 Observação Este resultado representa a área do paralelogramo determinado pelos vetores AB e AC . Logo, a área do triângulo da figura é a metade, ou seja, 25 3 . 4) Dados os vetores u = 1, -1, 1 e v = 2, -3, 4 , calcular a) a área do paralelogramo determinado por u e v ; b) a altura do paralelogramo relativa à base definida pelo vetor u . Solução a) Sabemos de (7) que a área A é dada por A = u × v Como i j k u × v 1 -1 1 -1, -2, -1 2 -3 4 tem-se A = -1, -2, -1 1 + 4 + 1 6 u.a (unidades de área). b) A figura abaixo ilustra outra vez o significado geométrico de u × v e indica a altura h que se pretende calcular. De A = base altura u . h vem u × vA h = u u ou seja 6 6 h = 2 u . c 1, -1, 1 3 (unidades de comprimento). 5) Determinar a distância do ponto P(5, 1, 2) à reta r que passa por A (3, 1, 3) e B(4, -1, 1). Solução Seja d a distância do ponto P à reta r (Figura ao lado). Os vetores AB e AP determinam um paralelogramo cuja altura relativa à base AB é a distância d de P a r. Logo, de acordo com o problema anterior, temos AB × AP d = AB Como AB 1, -2, -2 , AP 2, 0, -1 e i j k AB × AP 1 -2 -2 2, -3, 4 2 0 -1 vem 2, -3, 4 4 9 16 29 d = u.c 31, -2, -2 1 4 4 6) Dados os vetores u 2, 1, -1 e v 1, -1, a , calcular o valor de a para que a área do paralelogramo determinado por u e v seja igual a 62 . Solução A área A do paralelogramo é dada por A = u × v CURSO DE VETORES PROFESSOR CARLOS MIRANDA Deseja-se que u × v 62 Mas i j k u × v 2 1 -1 a - 1, -2a, -3 1 -1 a e a - 1, -2a -1, -3 62 ou 2 2 2 a - 1 -2a - 1 - 3 62 Elevando ambos os membros ao quadrado e ordenando os termos, vem 2 2a - 2a + 1 + 4a + 4a + 1 + 9 = 62 25a + 2a - 51 =0 donde a = 3 ou 17 a = - 5 . 7) Dados os pontos A(2, 1, 1), B(3, -1, 0) e C(4, 2, -2), determinar a) a área do triângulo ABC; b) a altura do triângulo relativa ao vértice C. Solução a) A figura abaixo mostra que, a partir do triângulo ABC, é possível construir um paralelogramo ABDC, cuja área é o dobro da área do triângulo. Como o paralelogramo é determinado pelos vetores AB e AC , conclui-se que a área A do triângulo é 1 A AB × AC 2 Mas AB 1, -2, -1 , AC 2, 1, -3 e i j k AB × AC 1 -2 -1 7, 1, 5 2 1 -3 Logo, 1 1 1 5 A 7, 1, 5 49 1 25 75 3 u.a. 2 2 2 2 b) A altura do triângulo indicada na figura é a mesma do paralelogramo de base AB. Como a área A do paralelogramo é A= base altura = b . h , vem AB × ACA 75 5 3 5 h = 2 u.c B 21, -2, -1 6AB ATIVIDADES 1) Seu u 3i j 2k , v 2i 4 j k e w i k , determinar a) u v g) u v w b) 2v 3v h) u v w c) u w w u i) u v u w d) u v v u j) u v .w e) u v w k) i j j f) u v w l) u v v u 2) Efetuar a) i k g) i . j i b) j 2i h) j . j k c) 3i 2k i) i j k d) i. j k j) i j j e) 3i . 3j k) i j j f) 3i 3j l) j k .i 3) Dados os pontos A(2, 1, -1), B(3, 0, 1) e C(2, -1, -3), determinar o ponto D tal que AD BC AC . 4) Determinar o vetor x tal que x . 1, 4, -3 - 7 e x 4, -2, 1 3, 5, -2 5) Resolver os sistemas a) x j k x . 4i - 2j + k 10 b) x 2i - j + 3k 0 x . i + 2j - 2k 12 6) Dados os vetores u 3, 1, 1 , v -4, 1, 3 e w 1, 2, 0 , determinar x de modo que x w e x u v . 7) Levando em conta a figura abaixo, calcular CURSO DE VETORES PROFESSOR CARLOS MIRANDA a) OF OD d) EC EA b) AC FA e) OA . OC OE c) AB AC f) GB AF 8) Com base na abaixo, calcular. a) AB AD d) AB CD b) BA BC e) BD AC c) AB DC f) BD CD 9) Dados os vetores u = 3, -1, 2 e v = -2, 2, 1 , calcular a) a área do paralelogramo determinado por u e v ; b) a altura do paralelogramo relativaà base definida pelo vetor v . 10) Calcular o valor de m para que a área do paralelogramo determinado por u = m, -3, 1 e v = 1, - 2, 2 seja igual a 26 . 11) Sabendo que u 6 , v 4 e 30º o ângulo entre u e v , calcular a) a área do triângulo determinado por u e v ; b) a área do paralelogramo determinado por u e v ; c) a área do paralelogramo determinado por u v e u v . 12) Calcular a área do paralelogramo determinado pelos vetores u e v , sabendo que suas diagonais são u v -1, 3, 4 e u v 1, -1, 2 . 13) Calcular a distância do ponto P(4, 3, 3) à reta que passa por A(1, 2, -1) e B(3, 1, 1). 14) Calcular a área do triângulo ABC e a altura relativa ao lado BC, sendo dados a) A(-4, 1, 1), B(1, 0, 1) e C(0,-1, 3) b) A(4, 2, 1), B(1, 0, 1) e C(1, 2, 0) 15) Sabendo que os pontos A(4, 0, 0), B(0, 0, 2), C(0, 3, 0) e D(4, 3, -2) são coplanares, calcular a área do quadrilátero ABCD. 16) Os pontos médios dos lados do triângulo ABC são M(0, 1, 3), N(3, -2, 2) e P(1, 0, 2). Determinar a área do triângulo ABC.
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