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PET INICIAL TRABALHISTA

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) DE DIREITO DA __ VARA DO TRABALHO 
DA COMARCA DE PORTO ALEGRE/RS 
 
José da Silva, brasileiro, solteiro, comerciário, portador do RG nº 
0000000000, inscrito no CPF sob nº 111.111.111-11, residente e domiciliado 
na Rua do Encosto, nº 1000, CEP 11.000-01, Porto Alegre/RS, neste ato 
representado por sua procuradora signatária (DOC 01), vem, respeitosamente, 
à presença de Vossa Excelência, propor a presente 
 
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA 
pelo rito ordinário 
 
 
em face de Empório da Esquina LTDA, pessoa jurídica de direito privado, 
CNPJ nº 12.345.678/0001-99, com sede na Rua dos Anzóis, s/nº, CEP 00.111-
02, Porto Alegre/RS, perante este juízo, pelos motivos de fato e de direito a 
seguir aduzidos: 
 
 
 
I. DA JUSTIÇA GRATUITA 
Conforme dispõe o §4º do artigo 790 da CLT, “o benefício da justiça gratuita será concedido 
à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo”, assim, 
considerando que a renda do Reclamante é cerca de R$ 1.500,00 (hum mil e quinhentos reais), tem-se por 
insuficiente para cumprir todas as suas obrigações alimentares e de subsistência. 
Para tanto, anexa-se aos autos a declaração de hipossuficiência (DOC 02) que possui 
presunção de veracidade, conforme expressa redação da Súmula 463 do TST. 
Súmula nº 463 do TST 
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO (conversão da 
Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com alterações decorrentes 
do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 – 
republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e 14.07.2017 
I – A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita 
à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada 
pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com 
poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015); 
Assim, com fulcro no artigo 5º, inciso LXXV da Constituição Federal, pelo artigo 98 do Código 
de Processo Civil e artigo 790 da Consolidação das Leis Trabalhistas, requer seja deferida a AJG ao 
Reclamante. 
 
II. PRELIMINARMENTE – DA NÃO LIMITAÇÃO DOS VALORES DISCRIMINADOS NA PETIÇÃO 
INICIAL 
Em que pese a nova redação do artigo 840 da CLT, introduzido pela Lei 13.467/2017, requer 
que os valores aqui apontados sejam utilizados apenas como balizadores e não como limitadores de 
eventual condenação. 
 
III. DA CONTRATUALIDADE 
O Reclamante foi contratado pela Reclamada para exercer a função de vendedor, tendo 
iniciado o labor em 1º de março de 2019, mediante salário mensal de R$1.500,00 (hum mil e quinhentos 
reais), com jornada de trabalho de segunda-feira à sábado, e dois domingos ao mês, das 8h às 18h, quando 
em 09 de setembro de 2019 foi despedido imotivadamente, sem ter percebido as verbas rescisórias 
devidas, razão pela qual interpõe a presente Reclamatória Trabalhista. 
 
IV. DO NÃO PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS 
Conforme narrado, o Reclamante prestou serviços para a Reclamada entre as datas de 
01/03/2019 e 09/09/2019, data em que foi despedido imotivadamente, sem receber quaisquer verbas 
rescisórias. 
Ocorre que, por tratar-se de contrato por prazo indeterminado, além dos pagamentos 
proporcionais de salários, férias e 13º devidos, o Reclamante ainda faz jus: 
a) Ao aviso prévio, nos termos do artigo 487 da CLT; 
b) FGTS sobre verbas rescisórias e multa de 40% sobre o saldo do FGTS; 
c) Multa prevista no artigo 477, §8º da CLT. 
Diante do exposto, o Reclamante requer a procedência dos pedidos veiculados na presente 
Reclamatória Trabalhista, com a condenação da Reclamada ao pagamento das verbas rescisórias. 
 
V. AUSÊNCIA DA AVISO PRÉVIO 
Diante da inexistência de justa causa para a rescisão do contrato de trabalho, há o 
Reclamante o direito de perceber aviso prévio indenizado. 
O §1º do artigo 487 da CLT estabelece que a não concessão de aviso prévio pelo empregador 
dá direito ao pagamento dos salários do respectivo período, integrando-se ao seu tempo de serviço para 
todos os fins legais. 
Desta forma, o período de aviso prévio indenizado corresponde a mais de 30 dias de tempo 
de serviço para efeitos de cálculo do 13º salário, bem como férias e 40% de multa do FGTS. 
 
VI. DA JORNADA DE TRABALHO – DA NÃO CONCESSÃO DO DEVIDO INTERVALO INTRAJORNADA 
Embora laborasse em jornada superior a 06 horas diárias, o Reclamante não gozou a 
integralidade do intervalo de, no mínimo, 01 hora, previsto no artigo 71 da CLT, gozando, em média, apenas 
30 minutos. In verbis: 
Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, 
é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual 
será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo 
em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. 
§ 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório 
um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) 
horas. 
 
Importante ressaltar, ainda, que a NR 17, anexo II, 5.4.1.1, estabelece que a instituição de 
pausas não prejudica o direito ao intervalo obrigatório para repouso e alimentação previsto no §1º do artigo 
71 da CLT. 
Não obstante, de acordo com a súmula 437 do TST, a não concessão total, ou a concessão 
parcial do intervalo intrajornada, implica no pagamento total do período, com acréscimo legal mais favorável 
sobre o valor da hora extra. Vejamos: 
 
Súmula nº 437 do TST 
INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. 
APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações 
Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) - Res. 185/2012, 
DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 
 I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a concessão parcial 
do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados 
urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não 
apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor 
da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do 
cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração. 
II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho 
contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este 
constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por 
norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à 
negociação coletiva. 
III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com 
redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não 
concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para 
repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas 
salariais. 
IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é devido 
o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando o empregador 
a remunerar o período para descanso e alimentação não usufruído como extra, 
acrescido do respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da 
CLT. 
 
O pagamento do intervalo intrajornada não usufruído não se confunde com o pagamento da 
hora extra laborada, motivo pelo qual a remuneração desta não alcança o pagamento daquele. Isto porque, 
o pagamento da hora extra remunera o trabalho realizado nesse período, e o pagamento do intervalo não 
fruído diz respeito à remuneração do período de descanso e alimentação, não respeitado pela Reclamada. 
Sendo assim, requer seja condenada a Reclamada ao pagamento das horas extras em que 
não fora respeitado o intervalo intrajornada, computando na sua base de cálculo todas as parcelas de 
natureza salarial, pagas ou deferidas, de acordo com a Súmula 264 do TST, com os devidos reflexos em 
repousos e feriados, férias com 1/3, 13º salário, aviso prévio e depósitos de FGTS com 40% de multa. 
 
VII.DAS HORAS EXTRAS E DA HABITUALIDADE 
Além de realizar rigorosamente suas atividades laborais, o Reclamante fora obrigado a 
cumprir jornadas de plantões, laborando por 02 (dois) domingos ao mês, sem qualquer remuneração por 
hora extra. Ou seja, o demandante ficava à disposição da Reclamada além dos dias e horários 
contratualmente pactuados, tempo este que deve ser contabilizado como hora extra e repercutir em todos 
os seus reflexos. 
No caso em tela, tratando-se de horas extra habituais, configuram legítima expectativa do 
trabalhador, caracterizando o conceito de habitualidade, conforme demonstra Homero Batista Mateus da 
Silva em sua obra: 
“Por essas razões, não se mede a habitualidade pela frequência do pagamento 
ou pelo número de meses em que houve a repetição do evento, algo que 
significa apenas um indício e não um elemento seguro. Mede-se a 
habitualidade, sim, pela expectativa da repetição do evento, por aquilo que seja 
razoavelmente esperado por ambas as partes – esperado que se receba e 
esperado que se tenha aquele desembolso”.1 
Assim, pela continuidade por mais de 06 (seis) meses exercendo a mesma quantidade de 
horas extras, tem-se ela manifesta habitualidade configurada. 
Portanto, configurada a habitualidade das horas extras, a sua incorporação é a medida que 
se impõe. 
 
VIII. DO REPOUSO SEMANAL REMUNERADO 
O artigo 7º, inciso XV da Constituição Federal dá aos trabalhadores o direito a repouso 
semanal remunerado, preferencialmente aos domingos. 
Nesse sentido, corrobora o artigo 67 da CLT: 
CLT - Art. 67 - Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 
24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência 
 
1 SILVA, Homero Batista Mateus da. Curso de Direito do Trabalho Aplicado. Vol. 2. Editora RT, 2017. Versão Ebook, 
Cap. 20. 
pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, 
no todo ou em parte. 
 
Dessa forma, diante da Súmula 146 do TST, os dias trabalhos em domingos e feridos deverão ser pagos 
em dobre, sem prejuízo à remuneração relativa ao repouso semanal, conforme precedentes sobre o tema: 
 
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE: DOMINGOS E FERIADOS 
TRABALHADOS. A Constituição Federal assegura, em seu art. 7º, inciso XV, 
a fruição do “repouse semanal remunerado, preferencialmente aos domingos”. 
Em que pese não haja imposição de gozo do repouso semanal exclusivamente 
aos domingos, conforme disposições acima transcritas, a Lei n. 10.1101/2000 
garante ao empregado seja o repouso usufruído ao menos em um domingo a 
cada três semanas, conforme dispõe o seu art. 6º. Desse modo, ainda que 
tenha sido concedido o repouso semanal em dia diverso, fazia jus a reclamante 
a ver coincidi-lo em um domingo a cada três laborados, o que não foi 
observado pela ré. Assim, devido o pagamento em dobro de um domingo a 
cada três trabalhados. Bem assim, relativamente ao período contratual sem 
registros de horário, forma-se a presunção relativa de veracidade do alegado 
na petição inicial quanto ao labor em feriados sem o correspondente 
pagamento (...) (TRT-4, RO 00209444920175040015, Relator: Alexandre 
Correa da Cruz, 3ª Turma, Publicado em: 21/02/2019) 
 
Como acima explanado, o Reclamante laborava de segunda-feira à sábado e, regularmente, 
02 (dois) domingos ao mês, portanto, nestes finais de semana, o demandante não tinha um único dia 
semanal de folga, trabalhava de segunda-feira a segunda-feira. Além de inconstitucional, o Reclamante 
não recebia qualquer contraprestação para tanto. 
Nesse sentido, considerando que o Reclamante laborou aos domingos, no período de 
01/03/2019 a 09/09/2019, conforme as provas juntadas aos autos, deve usufruir da devida remuneração. 
Assim, requer seja a Reclamada condenada a indenizar o demandante pelo descanso semanal não 
usufruído. Outrossim, reque seja computado no cálculo do repouso remunerado as horas extras 
habitualmente prestadas, de acordo com o que prevê a Súmula 172 do TST. 
 
 
IX. DO DIREITO À FÉRIAS 
O direito a férias é consagrado pela Constituição Federal, em seu artigo 7º, inciso XVII, ao 
proteger o direito ao descanso, sem prejuízo da remuneração, acrescidos de 1/3. Este direito está tipificado 
no artigo 129 da CLT. In verbis: 
Art. 129 - Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de 
férias, sem prejuízo da remuneração. 
 
Portanto, não observar este direito ultrapassa a esfera pecuniária e atinge a dignidade 
humana, prática que deve ser coibida pelo poder judiciário. 
 
X. DOS REQUERIMENTOS 
Diante do exposto, requer: 
1. O deferimento do pedido liminar; 
2. A citação da Ré para responder a presente ação, querendo; 
3. Seja designada audiência de conciliação ou mediação na forma do artigo 334 do Código de 
Processo Civil; 
4. A concessão dos benefícios da Gratuidade Judiciária por trata-se o Reclamante de pessoa pobre 
nos termos da lei, não possuindo condições financeiras de arcar com os custos da presente ação 
sem prejuízo de sua subsistência; 
5. Seja condenada a Reclamada ao pagamento de aviso prévio; 
6. Sejam pagas as horas extras trabalhadas, com reflexo, pela habitualidade, nas férias, na 
gratificação natalina, nos repousos semanais remunerados, FGTS e multa de 40%; 
7. Sejam devidamente remunerados em dobra as horas trabalhadas em domingos e feriados; 
8. Seja a Reclamada condenada ao pagamento de férias e 13º proporcional ao período trabalhado, 
devidamente atualizado; 
9. Seja condenada ao pagamento dos honorários da procuradora do Reclamante no índice de 15% 
sobre o valor bruto da condenação, nos termos do art. 791-A; 
10. Seja determinado o recolhimento da contribuição previdenciária de toda a contratualidade; 
11. Seja determinado o pagamento imediato das verbas incontroversas, sob pena de aplicação de 
multa do artigo 467 da CLT; 
12. A inversão do ônus da prova, determinando à Reclamada que disponibilize as folhas ponto do 
demandante; 
13. A produção de todos os meios de prova em Direito admitidos, em especial a documental e 
testemunhal, com a inversão do ônus da prova, nos termos do artigo 818, §1º da CLT; 
14. Requer a aplicação de juros e correção monetária até o efetivo pagamento das verbas requeridas. 
 
Requer que as intimações ocorram exclusivamente nome da procuradora Gabriela 
Figueiredo Barbosa, inscrita na OAB/RS sob nº XXX.XXX. 
Por fim, manifesta desinteresse na audiência conciliatória, nos termos do artigo 319, inciso 
VII do Código de Processo Civil. 
Anexa aos autos os cálculos discriminando as verbas requeridas, nos termos do artigo 840, 
§1º da CLT. 
 
Dá-se à causa, para fins de distribuição, o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
Porto Alegre, 03 de setembro de 2020. 
 
_____________________________ 
Gabriela Figueiredo Barbosa 
OAB/RS XXX.XXX 
 
 
DOCUMENTOS ANEXADOS: 
01. Procuração 
02. RG e CPF do Reclamante 
03. Comprovante de Residência 
04. Declaração de Hipossuficiência 
05. CTPS do Reclamante 
06. Cópia de Contracheques 
07. Cópia do extrato do FGTS 
08. Cópia do atestado de saúde demissional 
09. Cálculo discriminados

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