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Agalaxia Contagiosa

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ACOC
O que é: Agalaxia contagiosa é uma doença infectocontagiosa que acomete ovinos e caprinos, caracterizada por mastites que evoluem para agalaxia, poliartrites e ceratoconjuntivites. O principal agente é o causador é o Mycoplasmaagalactiae(ovinos e caprinos), mas outros micoplasmas podem estar envolvidos, como o M. mycoidessubesp. mycoides LC (colônias grandes), M. arginini, M. putrefaciens e M. capricolumsubesp. Capricolum (apenas caprinos), determinando diferentes graus de gravidade da infecção.
A doença está presente no nordeste brasileiro, principalmente em caprinos (devido a produção de leite para consumo)
Após a cura, os animais podem permanecer como reservatórios por até um ano
Transmissão:
· A principal via de transmissão é a via oral (alimentos, água)
· Seguida pela via respiratória
· Mamária. 
· Fômites 
· Iatrogenia
A infecção se dá por via oral, mamária e respiratória. Na forma oral, há aderência da bactéria às células epiteliais da mucosa e em seguida a invasão do intestino delgado. Após um período de bacteremia acompanhado de febre, há disseminação para órgãos alvo (glândula mamária, articulações, tendões, olhos e linfonodos). O período de incubação varia de uma a oito semanas, dependendo da quantidade de micro-organismos, virulência do agente infeccioso e da resistência do hospedeiro. A infecção e subsequente colonização da glândula mamária, pode se dar através de uma ordenha incorreta ou de problemas com o equipamento utilizado
Maioritariamente os animais jovens infectam-se através da ingestão de leite contaminado, enquanto que nos adultos é através da ordenha, seja pelas mãos do “ordenhador” seja pela contaminação a partir das teteiras. Também a infecção a partir de camas contaminadas, da ingestão de água ou da inalação de aerossóis contendo o agente pode assumir grande importância. A doença tende a evoluir para a cronicidade, especialmente se M. agalactiae é o agente envolvido. 
Manifestações clínicas:
· perda de apetite, 
· Hipertemia
· mastite com diminuição na produção de leite e rápida agalaxia, 
· poliartrites principalmente nas regiões do tarso e do carpo, 
· problemas oculares como opacidade de córnea, 
· hiperemia das mucosas 
· secreções seromucosas
· blefaroespasmos
· Ocasionalmente pode ocorrer abortos e pneumonia
Em caprinos, a evolução aguda ocorre com grande frequência, particularmente se os outros micoplasmas que não M. agalactiae estão presentes,tornando também as lesões no aparelho respiratório mais evidentes. Numa fase inicial, os animais apresentam-se prostrados, com inapetência e hipertermia (por vezes mais de 41 ºC) e as fêmeas com gestação avançada podem abortar. Embora alguns animais possam morrer sem que demonstrem outros sinais clínicos, provavelmente como consequência de septicemia, a maioria desenvolve mamite seguida de artrite e queratoconjuntivite. O órgão maioritariamente atingido é a glândula mamária, o que leva a que a produção leiteira desça, por vezes de forma abrupta em 2-3 dias, podendo dar origem a morbidade e mortalidade também em jovens lactentes.
Diagnóstico:
· Observação de animais acometidos;
· PCR;
· Cultura (secreção láctea o principal material. Suabs nasais e conjuntivais, liquido articular) – material deve ser acondicionado em solução glicerinada e penicilina
· Elisa
Tratamento:
· Práticas de Manejo dos animais afetados 
· Antibióticos
· Secretolíticos
· Colírios a base de Antibiótico
· Homeopatia (bioterápicos)
Indispensável controle do surto com isolando dos animais infectados
Introdução rápida do antibióticos por longo período, afim de diminuir carga bacteriana e reduzir sinais clínicos e recidivas, entretanto este continua permanentemente infectado podendo contaminar o rebanho.
Os antibióticos mais comumente empregados são: tetraciclinas (5-10mg/kg, IM), tilosina (10-20mg/kg, IM), enrofloxacina (2,5-5mg/kg, IM ou SC), exceto penicilina ou outro b-lactâmicos que age na parede celular sendo inativos, devido ausência da parede celular do micoplasma.
Os secretolíticos muitos utilizados em caso de problemas respiratórios (pneumonias), colírios para controle da ceratoconjutivite.
Devido alto custo com o tratamento criadores comercializem os animais quando não apresentam mais os sinais clínicos, favorecendo a disseminação da infecção.
Devido resistência aos antibióticos, torna se limitado opções de drogas contra o agente, por isso faz se uso da homeopatia como tratamento alternativo, cujo vem apresentado resultados satisfatórios, sendo eficaz nos sinais clínicos e superior em eficácia em comparação ao tratamento alopático, segundo estudos realizados.
1 Grupo medicado com bioterápico de M. agalactiae 3x ao dia por 8 semanas apresentou cura clinica entre 7 e 49 dias do início do tratamento.
2 grupo medicado com alopático por 15 dias (8 dias de 20ml/kg de tilosina e 7 dias de 20ml/kg de oxitetraciclina LA a cada 48horas), 60% dos animais apresentaram cura clinica entre 21 e 49 dias após o início do tratamento, enquanto 20% teve recidiva e 20% não obteve cura clínica.
Prevenção: 
Várias estratégias de prevenção têm sido empregadas para minimizar os impactos da doença, incluindo antibioticoterapia, abate ou sacrifício dos animais acometidos.
O controle da enfermidade é realizado pela associação de práticas de manejo e pelo tratamento dos animais afetados, evitando a entrada de animais suspeitos de albergarem a bactéria em rebanhos inócuos. Portanto quando algum animal encontra-se infectado, deve ser isolado e tratado com rápida administração de antibióticos com intuito de reduzir a carga infectante.
Uso de vacinas
As primeiras vacinas inativas contra a doença foram empregadas na Europa na década de 70. As vacinas vivas foram também utilizadas, porém levantaram preocupações relacionadas à inocuidade e eficácia, além de não serem permitidas em muitos países.
As vacinas inativas normalmente são combinadas com óleos minerais ou hidróxido de alumínio como adjuvantes para aumentar sua eficiência. O adjuvante oleoso induz uma resposta de anticorpos mais duradoura que o hidróxido de alumínio, porém a resposta produz reações locais, que podem ser confundidas com abscessos ou provocar danos à musculatura, levando a perdas nas linhas de inspeção de carcaças. 
As vacinas vivas atenuadas de culturas de Mycoplasma agalactiae apresentam-se mais efetivas do que as inativadas. Caso a vacina seja aplicada em animais infectados a lactação normal é reduzida e as lesões articulares e oculares são diminuídas, entretanto, o animal permanece excretando o patógenos através do leite, por um longo período.
A agalaxia contagiosa por M. agalactiae foi registrada em 2001 no Estado da Paraíba e até o momento não há vacinas disponíveis no mercado e nenhuma legislação específica quanto ao seu uso. 
 Estudos experimentais
Foram realizados estudos experimentais em animais em áreas com diagnóstico da doença com a indução de anticorpos utilizando duas vacinas inativadas de origem européia, adsorvidas com adjuvante aquoso e oleoso para a prevenção da agalaxia contagiosa em caprinos.
Concluiu-se que, o Mycoplasma agalactiae produzida com adjuvante oleoso induziu níveis de anticorpos em caprinos mais elevados e mais duradouros que a vacina produzida com adjuvante aquoso.
Em outro estudo semelhante, as vacinas testadas induziram níveis de anticorpos significativos, sendo mais elevada em caprinos em relação aos ovinos. 
Em razão disso, foi recomendada em alguns estudos, a introdução da enfermidade no programa nacional de sanidade de caprinos e ovinos, tendo como principal estratégia à vacinação dos rebanhos como medida de prevenção a doença.
Referências
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CORREA, F. R.; SIMÕES, V. D. ; AZEVEDO, E. O. ; Principais enfermidades de caprinos e ovinos no semiárido brasileiro; hospital veterinário, Universidade federal de campina grande.
O. M. Santos et al. Agalaxia contagiosa em ovinos e caprinos do Estado de Sergipe: dados preliminares. Scientia Plena 11, 046124 (2015)
Silva, N. S. et al. Tratamento alopático e homeopático em caprinos com agalaxia contagiosa: estudo comparativo. ArchivesofVeterinary Science, v.18, n.4, p.57-64, 2013.