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Tutoria 3 – DPOC Caracterizar a DPOC · Definição: · Obstrução do fluxo respiratório que não é totalmente reversível · Obstrução progressiva e associada a uma resposta inflamatória do pulmão · Asma: inflamação de padrão alérgico (eosinófilos), dpoc: neutrófilos, macrófagos · Desencadeada por materiais particulados ou gases tóxicos (principalmente cigarro) · GOLD: organização que trata da DPOC · Curiosidades: · Repercussão sistêmica do processo inflamatório · Principais comorbidades: · Doenças cardiovasculares, depressão e osteoporose · Decorrente do processo inflamatório no pulmão crônico (faz hipertensão, dislipidemia, resistência periférica) · Câncer de pulmão é a principal causa de morte por DPOC (mesmo se tiver parado de fumar) · Antiga classificação · Bronquitico crônico x enfisematoso · Hoje em dia se sabe que ocorre em conjunto, pode haver mais exacerbação de um ou de outro. · Bronquite crônica obstrutiva: processo fibroso nas pequenas vias aéreas · Enfisema pulmonar: destruição da superfície de troca no parênquima (alvéolo) · Perfil clássico: · Blue bloater (bronquitico): baixinho, gordinho, cianótico · Pink puffer (enfisematoso): caquético, aumento do hematócrito, com menos tosse, com FR aumentada · Ambos caíram por terra, pois ambos apresentam os 2 · Exame físico: · Bronquite: a ausculta pulmonar revela uma série de ruídos adventícios, tais como sibilos, roncos, estertores crepitantes e subcrepitantes, associados à diminuição do murmúrio vesicular. · Enfisema: ausculta revela apenas a diminuição do murmúrio vesicular, sem nenhum ruído adventício. A percussão mostra aumento do timpanismo. · Abordagem clinica: · DISPINEIA crônica, progressiva e que pior com exercício · Tosse crônica (processo irritativo da mucosa), intermitente seca ou produtiva · Expectoração crônica: mucoide, purulenta (hipertrofia células caliciformes) · Historia familiar de DPOC (componente genético) · A respiração do paciente com DPOC a fase expiratória está desproporcionalmente prolongada em relação à fase inspiratória. · Fatores de risco · Tabagismo (causa uma autoperpetuação inflamatória) · Cessar o fumo não para a inflamação mas desacelera · Poluição (também biocombustíveis domiciliares, lenha, carvão) · Pobreza (não se sabe qual) · Infecções: destrói parênquima pulmonar · Deficiência alfa-1 anti-tripsina · Ante protease endógena · Processo inflamatório qualquer · Macrófagos liberam enzimas proteases (lise tecido) · Tripsina que lisa elastase (componente proteico da parede dos alvéolos), faz enfisema · Quadro enfisematoso quando ainda jovem · Enfisema que predomina nas regiões basais dos pulmões · Hepatopatia inexplicada: anti-tripsina é produzida pelo hepatócito, molécula não consegue ser excretada e se acumula no hepatócito, causando necrose · Vasculites com C-anca positivo · Historia familiar · Enfisema panacinar: todos alvéolos, diferente do tabagismo que é centroacinar (afeta primeiro as áreas iniciais) · Radiografia de Tórax: · O raio X só se encontra alterado nos casos mais avançados de DPOC. Os sinais clássicos da DPOC na radiografia são: · (1) retificação das hemicúpulas diafragmáticas; · (2) hiperinsuflação pulmonar (aumento do número de costelas visíveis na incidência PA – mais de 9-10 arcos costais); · (3) hipertransparência; · (4) aumento dos espaços intercostais; · (5) redução do diâmetro cardíaco (“coração em gota”); · (6) aumento do espaço aéreo retroesternal no perfil; · (7) espessamento brônquico. Na radiografia também devem ser procuradas complicações, tais como pneumonia, pneumotórax e tumor. · Exame para diagnostico · Espirometria · DPOC requer a demonstração do distúrbio respiratório obstrutivo · Obstrução ventilatória é definida (índice Tiffeneau) = volume expirado no primeiro segundo (VEF1) / capacidade vital forcada (CVF) menor que 70, mesmo após prova brônquio dilatadora (diferente da ASMA, na DPOC persiste) · Classificação pela espirometria GOLD (outros dados da espirometria) · Estagio 1: VEF1 > 80% · Estagio 2: VEF1 50- 79% · Estagio 3: VEF1 30 – 49% · Estagio 4: VEF1 < 30% · Classificação nova: · Permite o risco futuro C D A B · Classe Gold e numero de exacerbações por ano · Gold · A ou B: Gold 1 e 2 · C ou D: Gold 3 e 4 · Exacerbação · A ou B: 0 – 1 · C ou D: 2 ou 1 grave (internação) · Escore de pontos (avaliam impactos sintomáticos na qualidade de vida) · A ou C: cat < 1o ou mMRC 0 - 1 · B ou D: cat > 10 ou mMRC > 2 · Tratamento pela definição (A B C D) · A: cessar tabagismo + vacina pneumococo/ influenza + beta 2 agonistas (curta ação) · Estagio não A: bronco dilatador de longa ação (b2 ou tiotrópico) + reabilitação · Estagio C e D (risco futuro): corticoide inalatório (asma é a base da terapia) · D: dupla bronco dilatação B2 e tiotrópico, O2 domiciliar (12h por dia, PaO2 < 55, SatO2 < 88 em repouso ou PaO2 + hematócrito > 55% ou cor pulmonale) e transplante (score BODE 7 e 10, cor pulmonale, VEF! < 20%, PaCO2 > 50 · Tratamento crônico · Literatura do comprova a sobrevida em 3 situações · Cessar tabagismo · O2 domiciliar · Transplante · O resto é sintomático DPOC descompensada · Exacerbação aguda · Diagnostico clinico · Um ou mais dos sintomas cardinais · Principais causas · Infecção pulmonar · Principalmente vírus e bactérias · Haemofilus influenza, pneumococo e moraxella · FAZER ATB mesmo que infecção viral · Literatura demonstra que mesmo que viral, erradicar as bactérias que se encontram no trato respiratório inferior é benéfico (estimulação antigênica) · O tratamento da exacerbação da DPOC reside na diminuição da inflamação no trato · ATB mesmo sem pneumonia, apenas com os sintomas cardinais, cobre pseudômonas também · Sintomas cardinais: presença dos 3 ganha ATB · Piora da dispneia · Aumento do volume do escarro · Secreção mais purulenta (piora) · SE secreção purulenta + qualquer um dos outros 2 também faz ATB · Pus mostra que tem bactéria, mistura de neutrófilos/leucócitos mortos com bactérias (indica inflamação induzida por bactéria) · Se indicação de suporte ventilatório (IOT ou não invasiva) · Eliminar as bactérias · Como tratar? · IOT ou não: · Não consegue falar, com sinais de exaustão, baixa consciência · pH < 7,25 + pCO2 > 60 · Solicitar Rx tórax e hemograma · A: ATB (quinolona, amoxclav e cefalosporina de 3g ou macrolideos) · B: broco dilatador B2 de curta ação · C: glicocorticoide (prednisolona VO ou metil prednisolona IV) · D: dar O2 em baixo fluxo, ventilação não invasiva (ph < 7,35, pCO2 > 45 e dispneia) Cigarro e DPOC · Exposição aos oxidantes da fumaça do cigarro · Tornam macrófagos e células epiteliais ativados · Produzindo proteinases e quimiocinas que atraem outras células inflamatórias e imunes · Ativação do macrófago ocorre por inativação da desacetilase-2 da histona (induzida por oxidantes) · Expondo os sítios do fator nuclear kB e elevando a transcrição das metaloproteinases da matriz de citocinas pró inflamatórias (como a IL-8 e TnF-a) · Esses eventos recrutam neutrófilos · As T CD8 são recrutadas em reposta a fumaça e liberam proteína-10 induzida por interferon · Que por sua vez leva o macrófago a produzir sua própria elastase (inibindo a fisiológica) · Levando a destruição pulmonar · Em geral, o tabagismo causa dilatação das glândulas mucosas e hiperplasia das células caliciformes, levando à tosse e expectoração de muco que definem a bronquite crônica. · Os brônquios também sofrem metaplasia escamosa, predispondo à carcinogênese e interrompendo o clearance mucociliar. · Metaplasia das células caliciformes, com tais células secretoras de muco substituindo as células Clara secretoras de surfactante. Cor Pulmonale · Cor pulmonale significa uma disfunção do ventrículo direito consequente a um distúrbio pulmonar. · O principal mecanismo é a hipóxia crônica. · As arteríolas pulmonares respondem à hipóxia com vasoconstricção. Esta resposta é fisiológica, na medida em que desvia o fluxo sanguíneo pulmonar para os alvéolos bem ventilados. · Contudo, se a hipóxia alveolar for generalizada(devido à má ventilação dos mesmos), a maior parte dos vasos sofrerá constrição, promovendo Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP). Posteriormente, o agravamento da HAP ocorre devido a uma combinação de hiperplasia endotelial e hipertrofia muscular, levando ao remodelamento da parede das pequenas artérias pulmonares. · Quando a pressão arterial pulmonar sistólica atingir cifras > 50 mmHg (normal até 20 mmHg), o ventrículo direito pode entrar em falência sistólica, devido ao aumento excessivo da pós-carga. · As consequências da insuficiência ventricular direita são: · (1) elevação da pressão venosa central; · (2) congestão sistêmica; · (3) baixo débito cardíaco, contribuindo para o cansaço destes pacientes.
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