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alegações finais - seção 5

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA__ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CONCEIÇÇÃO DO AGRESTE-CE
Autos nº xxxxxxxxxx
 José Percival da Silva, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, por sua advogada que a esta subscreve, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar tempestivamente, com fulcro no artigo 403, § 3º do CPP, as presentes
ALEGAÇÕES FINAIS
Pelos fatos e fundamentos que passa a expor.
I – DOS FATOS
O Ministério Público do estado do Ceará denunciou o réu nos termos dos artigos 69, 288 e 317, do Código Penal. O MM. Juiz da Vara Criminal da Comarca de Conceição do Agreste – CE, analisou a resposta apresentada pelo réu e acatou parcialmente as teses arguidas, recebendo a denúncia apenas pelo delito de corrupção passiva, previsto nos termos do art. 317 do CP. 
Concernente ao delito de associação criminosa previsto no art. 288 do CP, a denúncia foi rejeitada por ausência de justa causa, nos termos do art. 395, III, do Código de Processo Penal. O MP recorreu da decisão e foram oferecidas contrarrazões de recurso em sentido estrito pelo réu, que foram acolhidas pelo MM. Juiz, mantendo a rejeição da denúncia no tocante ao crime de associação criminosa.
O promotor de Justiça Titular da Comarca de Conceição do Agreste – CE, juntou aos autos um Termo de Colaboração Premiada firmado entre o MP e o acusado João Santos que, acompanhado de sua esposa, em seu depoimento, admitiu a prática do crime de corrupção passiva, afirmando que a exigência do pagamento partiu exclusivamente do Sr. Percival.
Citado da denúncia de corrupção passiva, o réu apresentou resposta à acusação, estas foram acolhidas pelo MM. Juiz que reconheceu a nulidade do Termo de Colaboração Premiada, por violação do art. 40, § 15, da Lei nº 12.850/13, uma vez que o acusado não foi assistido por advogado quando apresentou seu depoimento. 
Na Audiência de Instrução e Julgamento realizada no dia 19 de outubro de 2018, o Sr. Paulo Matos relatou que no dia 03 de fevereiro de 2018, o acusado Vereador João Santos, juntamente com os outros Vereadores, exigiu de Paulo a importância de R$ 100. 000,00 (cem mil reais) para que sua empresa pudesse participar da licitação, agendada para o dia seguinte.
Ao ser questionado pelo Juiz se o Sr. Percival havia participado da reunião, Paulo negou e ainda confirmou que a primeira vez que esteve com Percival foi no dia em que ocorreram as prisões, antes desse dia, não tivera qualquer contato com o réu, e além disso, afirmou que não havia como afirmar que o Sr. Percival estivesse envolvido no crime de corrupção.
Analisando os fatos apresentados, bem como a prova testemunhal colhida na Audiência de Instrução e Julgamento, verifica-se que não há qualquer prova capaz de imputar ao réu a prática do crime constante na denúncia. 
II – DO DIREITO 
a) DA PREPARAÇÃO DO FLAGRANTE
O Tribunal de Justiça do estado do Ceará, por decisão unânime, concedeu a ordem de Habeas Corpus em favor do réu Sr. Percival, relaxando sua prisão por entender que o flagrante foi preparado. 
Ocorre o flagrante preparado quando há um estímulo, uma participação fundamental de autoridades estatais para que a situação fática causadora da prisão exista. 
Estando sob total controle de autoridades, considera-se que o agente não possui qualquer chance de êxito em sua empreitada criminosa, uma vez que em nenhum momento o bem jurídico tutelado é colocado em risco, diante da ausência de impossibilidade da consumação do crime, aplica-se o disposto no artigo 17 do Código Penal que trata sobre crime impossível, senão vejamos:
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Portanto, resta claro que tanto o flagrante forjado quanto o flagrante preparado são ilegais. Nesse sentido, é o entendimento do STF:
“Súmula 145 - Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.”
Ao observar os fatos narrados, resta claro que a ocorrência do crime só se deu em razão do preparo do agente policial com o único objetivo de efetuar a prisão em flagrante, e por esse motivo, a prisão torna-se inválida.
Portanto, diante do exposto, com fulcro no art. 17 do Código Penal e da Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal, em razão da invalidade da prisão e da atipicidade da conduta do agente policial, requer seja o réu absolvido. 
B) DO DELITO DE CORRUPÇÃO PASSIVA 
Diante das informações dos autos, nota-se a ausência de qualquer prova de autoria por parte do acusado quanto ao crime a ele arguido. 
Em depoimento prestado em audiência de instrução e julgamento pela vítima Sr. Paulo Matos, o mesmo confirmou que o Sr. Percival não havia participado da reunião. Além disso, afirmou também que a primeira vez que esteve com o réu, foi na Sessão em que os policiais efetuaram as prisões. E por fim, ao responder a pergunta feita pelo defensor do ora acusado, disse que não havia como afirmar que o Sr. Percival estivesse envolvido no esquema criminoso praticado pelos demais.
Diante da ausência de provas, não há como imputar ao réu a autoria do crime de Corrupção Passiva, e sendo assim, com fundamento no art. 386, incisos V e VII do CPP, requer a absolvição do réu.
III - DO PEDIDO
Diante de todo o exposto, requer:
a) Seja o réu absolvido com fulcro no art. 17 do CP, bem como a súmula 145 do STF;
b) Caso esse não seja o entendimento do MM. Juiz, seja o réu absolvido com fulcro no art. 386, incisos V e VII do CPP. 
Termos em que,
Pede deferimento.
Conceição do Agreste, __/__/____
Advogada/OAB