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CÂNCER PROFA. LILIAN UCHOA CARNEIRO MESTRE EM CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS DISCIPLINA FISIOPATOLOGIA DA NUTRIÇÃO E DIETOTERAPIA II CÂNCER A palavra câncer vem do grego karkinos e significa caranguejo CÂNCER • Câncer é um termo genérico para um grande grupo de doenças que pode afetar qualquer parte do corpo. Outros termos utilizados são tumores malignos e neoplasias; • Uma característica que define o câncer é a rápida criação de células anormais que crescem além de seus limites habituais e podem invadir partes adjacentes do corpo e se espalhar para outros órgãos, processo referido como metástase; • A metástase é a principal causa de morte por câncer. CÂNCER - CONCEITOS • Neoplasias: • Neo significa novo e plasia, formação; • Alterações celulares de diferentes origens e podem ser classificadas em benignas ou malignas. • Metaplasia: • Substituição de um tipo celular por outro. • Displasia: • Caracterizada por uma constelação de alterações que incluem a perda de uniformidade das células individuais, assim como a perda de sua orientação arquitetônica; • Encontrada principalmente em epitélios. CÂNCER - CONCEITOS • Anaplasia: • Modificação no desenvolvimento de uma célula ou de um tecido, muitas vezes fazendo com que esta célula/tecido perca suas características de forma e função. • Tumor: • Mesmo conceito de neoplasias. • Metástase: • Disseminação do CA para outros órgãos distantes de onde se originou o primeiro: 1. Implante direto das cavidades ou superfícies corporais; 2. Disseminação linfática; 3. Disseminação hematológica. • Assinala de forma inequívoca uma neoplasia maligna. TUMOR BENIGNO X MALIGNO Diferenciação Anaplasia TUMOR BENIGNO X MALIGNO Característica Neoplasia benigna Neoplasia maligna Forma e volume das células Homogêneos Variados Tipo/velocidade de crescimento Expansivo/pequena Infiltrativo/grande Cromatina Delicada Grosseira Mitose Normal Frequentemente atípica Relação núcleo/citoplasma Aspecto similar ao da célula normal Aumentada (aneuploidia) Diferenciação/anaplasia Diferenciada Pouco ou indiferenciada Invasão de vasos Ausente Frequente Metástase Ausente Frequente TUMOR BENIGNO X MALIGNO TIPOS DE CÂNCER EPIDEMIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA ETIOLOGIA • Fatores genéticos: • Genes defeituosos, transmissíveis por hereditariedade. • Fatores ambientais: • Compostos químicos: benzeno, nitrosaminas, aflatoxinas, amianto, componentes do tabaco e arsênio. • Fatores físicos: radiação UV, gama e ionizante; • Fatores biológicos: vírus, bactérias. • Etilismo; • Fatores dietéticos. ETIOLOGIA • Fatores genéticos: • Genes defeituosos, transmissíveis por hereditariedade. • Fatores ambientais: • Compostos químicos: benzeno, nitrosaminas, aflatoxinas, amianto, componentes do tabaco e arsênio. • Fatores físicos: radiação UV, gama e ionizante; • Fatores biológicos: vírus, bactérias. • Etilismo; • Fatores dietéticos. ETIOLOGIA FATORES DE RISCO Fatores de risco modificáveis Fatores de risco não modificáveis Tabagismo Idade: ↑ risco com ↑ da idade Alimentação inadequada: alta densidade energética, rica em gorduras saturadas e pobre em frutas, verduras e legumes Etnia/raça Inatividade física Hereditariedade Obesidade Gênero: diferenças anatômicas Etilismo Agentes infecciosos Exposição ocupacional Poluição ambiental Radiação UV/ionizante Nível socioeconômico Comportamento sexual FATORES DE RISCO FISIOPATOLOGIA CICLO CELULAR FISIOPATOLOGIA DO CA • Oncogênese – 3 estágios 1. Iniciação: • Genes sofrem ação de agentes carcinogênicos; • Falha no processo de reparo do DNA → mutações em genes específicos, como proto- oncogenes ou genes supressores de tumor, 2. Promoção: • Expansão clonal das células iniciadas estimuladas constantemente por um agente chamado de promotor, que pode ser proveniente de fonte endógena ou exógena, sendo uma fase reversível. 3. Progressão: • Multiplicação descontrolada e irreversível da célula, contínua evolução de modificações bioquímicas nas células malignas, pela invasão e desenvolvimento de metástase. FISIOPATOLOGIA DO CA FISIOPATOLOGIA DO CA Fase de iniciação FISIOPATOLOGIA DO CA Fase de promoção Fase de progressão FISIOPATOLOGIA DO CA ESTADIAMENTO DO CÂNCER Estadiamento Geral dos Tumores • 0 - Carcinoma in situ; • I – Invasão local inicial; • II – Tumor primário limitado ou invasão linfática regional mínima; • III – Tumor local extenso ou invasão linfática regional extensa; • IV – Tumor localmente avançado ou presença de metástases. DIAGNÓSTICO DE CA • Análise de sinais e sintomas; • Exames de imagem do órgão-alvo; • Métodos histopatológicos, citológicos e/ou moleculares de uma biópsia ou fragmento do tumor. AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL ESCALA DE PERFOMANCE STATUS 0 Totalmente ativo; sem restrições funcionais 1 Atividade física extenuante é restrita; deambula sem qualquer dificuldade e é capaz de realizar trabalho leve 2 Capaz de se autocuidar, porém incapaz de realizar qualquer atividade laboral. Capaz de manter-se em pé mais do que 50% do tempo de vigília 3 Capacidade limitada de autocuidados, confinado à cama ou à cadeira mais de 50% do tempo de vigília 4 Completamente incapaz, não consegue se autocuidar, totalmente confinado à cama ou à cadeira 5 Morte Escala ECOG (Eastern Cooperative Oncologic Group) ou Performance de Zubrod AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL ESCALA DE PERFOMANCE 100% Sem sinais ou queixas, sem evidência de doença 90% Mínimos sinais e sintomas, capaz de realizar atividades com esforço 80% Sinais e sintomas maiores, realiza suas atividades com esforço 70% Cuida de si mesmo, é capaz de trabalhar 60% Necessita de assistência ocasional, não é capaz de trabalhar Índice de Karnofsky AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL ESCALA DE PERFOMANCE 50% Necessita de assistência considerável e cuidados médicos frequentes 40% Necessita de cuidados médicos especiais 30% Extremamente incapacitado, necessita de hospitalização, mas sem iminência de morte 20% Muito doente, necessita de suporte 10% Moribundo, morte iminente. Índice de Karnofsky COMPLICAÇÃO DAS NEOPLASIAS • Destruição de estruturas adjacentes por pressão; • Síntese de hormônios, fatores de crescimento e citocinas; • Alterações metabólicas; • Sangramento e infecções secundário e início de sintomas agudos. QUADRO CLÍNICO/MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS NO CA • Anorexia; • Fadiga; • Perda de peso; • Febre; • Sudorese; • Anemia; • Dor; • Aumento de linfonodos ou de órgãos corporais. PROGNÓSTICO Diagnóstico precoce Planejamento terapêutico correto Seguimento cuidadoso ALTERAÇÕES METABÓLICAS NO CA Metabolismo energético Metabolismo de CHO Metabolismo de LIP Metabolismo de PTN ALTERAÇÕES METABÓLICAS NO CA • Metabolismo energético: • Dependendo da localização e taxa de crescimento, a presença do tumor → anorexia e ↑ do GEB: ↑ Utilização de nutrientes essenciais para seu crescimento; Produção de substâncias, como citocinas ALTERAÇÕES METABÓLICAS NO CA • Principais citocinas produzidas pelo tumor: • Fator mobilizador de lipídios (LMF); • Fator mobilizador de proteínas (PMF); • Fator indutor de proteólise (PIF). • Citocinas produzidas pelo hospedeiro: • IL-1 e IL-6, TNF-α, IFN-γ e TGF-β ALTERAÇÕES METABÓLICAS NO CA IL-1 ↑ CRH ↓ ingestão alimentar CRH – Hormônio/Fator liberador de corticotrofina ALTERAÇÕES METABÓLICAS NO CA TNF-α ↑ CRH ↓ NPY ↓ ingestão alimentar Perda de massa muscular NPY – Neuropeptídeo orexígeno Y ALTERAÇÕES METABÓLICAS NO CA CRH – hormônio liberador de corticotropina NPY – neuropeptídeo orexígeno Y PIF – fator indutor de proteólise ALTERAÇÕES METABÓLICAS NO CA • Metabolismo de CHO: • Utilização de glicose pelas células tumorais como nutriente essencial; • ↑ produção endógena e o turnover de glicose (efeito Warbug): • ↑ captação de glicose pela célula tumoral; • Preferência em utilização do metabolismo anaeróbico;• Gliconeogênese através do ciclo de Cori; • Resistência periférica à insulina; e • Hiperglicemia. ALTERAÇÕES METABÓLICAS NO CA Ciclo de Cori ALTERAÇÕES METABÓLICAS NO CA • Metabolismo de PTN: Proteólise Degradação de massa muscular Depleção de massa corporal Perda de peso Sarcopenia ALTERAÇÕES METABÓLICAS NO CA • Metabolismo de PTN: Argilés et al., 2015 ALTERAÇÕES METABÓLICAS NO CA • Metabolismo de LIP: Ativação do metabolismo energético Intensa utilização de glicose Presença de LMF Lipólise Ativação da lipase hormônio sensível Degradação de reservas de gordura Liberação de AGL Redução da lipogênese Redução da lipase lipoproteica ALTERAÇÕES METABÓLICAS NO CA • Metabolismo de LIP: Argilés et al., 2015 ALTERAÇÕES METABÓLICAS NO CA Argilés et al., 2015 DESNUTRIÇÃO E CAQUEXIA • Grau e a prevalência da desnutrição: • Tipo, localização e estágio do tumor; • Órgãos envolvidos; • Tipo de terapia antitumoral; • Resposta do paciente. • Processo de desnutrição associado a anorexia, produção de citocinas, ↑ GEB, ativação do estado inflamatório, hipoalbuminemia e perda grave de peso: • Caquexia do CA ou síndrome anorexia-caquexia. DESNUTRIÇÃO E CAQUEXIA • Caquexia: • Síndrome multifatorial caracterizada pela perda de massa muscular (com ou sem perda de tecido adiposo), que não pode ser revertida com suporte nutricional convencional e acarreta progressiva disfunção orgânica; • Balanço nitrogenado e proteico negativo, associado a redução da ingestão alimentar (anorexia) e alterações metabólicas (hipermetabolismo). DESNUTRIÇÃO E CAQUEXIA Argilés et al., 2015 Hiposmia – baixa sensibilidade olfativa DESNUTRIÇÃO E CAQUEXIA DESNUTRIÇÃO E CAQUEXIA • Sarcopenia: • Redução de massa muscular; • < que P5 para cada sexo; • Antropometria – AMBc < 32 cm² para homens e < 18 cm² para mulheres; • DEXA – índice de musculatura esquelética apendicular < 7,26 kg/m² para homens e < 5,45 kg/m² para mulheres; • Tomografia computadorizada – índice de massa muscular lombar < 55 cm²/m² para homens e < 39 cm²/m² para mulheres; • Bioimpedância elétrica – massa livre de gordura < 14,6 kg/m² para homens e < 11,4 kg/m² para mulheres. TRATAMENTO DO CA 1. Cirurgia: • Objetivo: ressecção do tumor; • Alterações homeostáticas; • Resposta orgânica de fase aguda; • Redução do peristaltismo e da capacidade de absorção de nutrientes pelo TGI. 2. Quimioterapia (QT): • Objetivos: • Reduzir o tamanho do tumor antes da cirurgia ou radioterapia; • Após a cirurgia ou radioterapia para destruir as células cancerígenas remanescentes; • Junto com outros tratamentos se a doença recidivar. • Sintomas: anorexia, náuseas, vômitos, diarreia, mucosite, edema, hiperglicemia, alteração da função hepática e renal. TRATAMENTO DO CA 3. Radioterapia (RXT): • Útil para tumores que não podem ser ressecados, sem morbidade grave ou que tendem a disseminar para locais previsíveis; • Sintomas agudos: mucosites, enterites, disgeusia, xerostomia e descamação da pele; • Sintomas tardios: ulceração da mucosa, lesões vasculares, atrofia de tecidos moles, perda ou mudança no paladar, fibrose, edema, necrose de tecidos moles, perda de dente, diminuição do fluxo de saliva, diarreia. 4. Transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH): • Procedimento terapêutico que consiste em altas doses de QT e/ ou RXT corporal total, conhecido como período de condicionamento, seguido por infusão intravenosa de CTH com a finalidade de restabelecer a hematopoese após aplasia medular. TRATAMENTO DO CA • Quando o paciente possui doença avançada, metastática ou recidiva → tratamento ou cuidados paliativos; • Cuidados paliativos, segundo a OMS: • Abordagem para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares e no enfrentamento de doenças que oferecem risco de vida, pela prevenção e pelo alívio do sofrimento. • Paciente com câncer avançado é o que apresenta expectativa de vida de mais de 6 meses; paciente em estágio terminal possui expectativa de vida menor que 6 meses; paciente ao fim da vida, expectativa de vida de até 72 h. FATORES DIETÉTICOS E CA • Ingestão de carnes vermelhas e processada → ↑ risco de CA colorretal; • Ingestão de carnes vermelhas e processadas, ovos, manteiga, e gorduras totais → incidência de CA de cavidade oral, faringe e laringe; • Uso de bebidas alcoólicas → ↑ risco de CA de boca, faringe, laringe, esôfago, colorretal e mama; • Excesso de gordura corporal → ↑ esôfago, pâncreas, vesícula biliar, colorretal, mama, endométrio e rins. FATORES DIETÉTICOS E CA • Ingestão frequente de frutas e hortaliças cruas, produtos lácteos e óleos vegetais → ↓ incidência de CA de cabeça e pescoço; • Relação inversa entre ingestão de vitamina A, C e E, carotenoides, flavonoides e ferro e a incidência de CA; • Relação positiva entre ingestão excessiva de gorduras totais e saturadas e colesterol e CA. PREVENÇÃO COMO PODEMOS REDUZIR O RISCO DE CA ATRAVÉS DA ALIMENTAÇÃO? Gordura corporal Manter o peso corporal dentro dos limites do IMC Evitar ganho de peso e aumento da CC Atividade física Manter-se fisicamente ativo como parte da rotina diária Fazer, no mínimo, 30 minutos de atividade física moderada (ex.: caminhada acelerada) Evitar hábitos sedentários Alimentos e bebidas que promovem ganho de peso Consumir raramente alimentos com alta densidade energética (225 a 275 kcal/100 g) Evitar bebidas açucaradas e alimentos tipo fast-food Alimentos de origem vegetal Consumir pelo menos 5 porções (400 g) de verduras e frutas variadas todos os dias Consumir cereais pouco processados e/ou leguminosas em todas as refeições Limitar alimentos processados (refinados) que contenham amido Alimentos de origem animal Consumir menos de 500 g de carne vermelha por semana, incluindo pouca ou nenhuma quantidade de carne processada COMO PODEMOS REDUZIR O RISCO DE CA ATRAVÉS DA ALIMENTAÇÃO? Bebidas alcoólicas Evitar, mas se forem consumidas, o consumo deve ser limitado a 2 doses/dia para homens e 1 dose/dia (10 a 15 g de etanol) para mulheres Preservação, processamento e preparo Evitar alimentos salgados ou preservados em sal; preservar os alimentos sem uso de sal Limitar ingestão de sal em menos de 6 g/dia Não consumir cereais ou grãos mofados Suplementos alimentares As necessidades nutricionais devem ser alcançadas pela alimentação Suplementos alimentares não são recomendados para prevenção do CA Amamentação Amamentar exclusivamente as crianças com leite materno até os 6 meses de idade Sobreviventes de CA Seguir as recomendações de prevenção de CA Devem receber assistência nutricional de um profissional especializado
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