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LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO E AIDS PROFA. LILIAN UCHOA CARNEIRO MESTRE EM CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS DISCIPLINA FISIOPATOLOGIA DA NUTRIÇÃO E DIETOTERAPIA II LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO Doença autoimune crônica, caracterizada pela produção de autoanticorpos dirigidos contra antígenos nucleares e citoplasmáticos, afetando vários órgãos; Lúpus tem origem na palavra em latim “lupus”, que significa lobo; Mais prevalente nas mulheres em idade fértil; relação entre mulheres e homens 9:1 FISIOPATOLOGIA A causa é multifatorial e envolve múltiplos genes e fatores ambientais, como infecções, hormônios e fármacos; Depósito de autoanticorpos circulantes em vários tecidos, causando inflamação e produção de citocinas, como interferon (IFN) tipo 1; IFN produzida por células da imunidade inata, ativa células B e T e propaga os sinais para a produção de mais IFN pelas células dendríticas: Suprarregulação da “via da IFN 1”. FISIOPATOLOGIA SINTOMAS/QUADRO Fadiga extrema; Dor ou inchaço nas articulações; Febre; Exantemas cutâneos mais frequentes na face (“asa de borboleta” ou Rash Malar); Úlceras na boca; Dedos das mãos ou pés pálidos ou cor de púrpura devido ao frio ou estresse (fenômeno de Raynaud); Problemas renais. Caracteriza-se por períodos de remissão e recidiva e pode apresentar vários sintomas constitucionais e específicos de órgãos. TRATAMENTO CLÍNICO Proteção solar; Dieta e nutrição; Abandono do tabagismo; Atividade física; Tratamento farmacológico: Esteroides, AINEs, agentes citotóxicos, imunossupressores. TERAPIA NUTRICIONAL Ajuste da proteína devido a problemas renais; Aporte energético total da dieta é normal; Pacientes com LES tendem a apresentar maior consumo de CHO, baixa ingestão de fibras dietéticas, ω-3 e ω-6: ω-3 e ω-6 – associação com aumento da atividade da doença, alteração do perfil sérico e presença de placa aumentada na carótida. TERAPIA NUTRICIONAL É frequente a ingestão inadequada de cálcio, frutas, vegetais e laticínios e alto consumo de óleos e gorduras; Fotossensibilidade, necessidade de evitar a luz solar, uso de proteção de solar e baixa ingestão dietética → baixas concentrações de vitamina D; Comprometimento renal → conversão reduzida de 25-hidroxivitamina D em 1,25-di- hidroxivitamina D; Recomendação de suplementação de vitamina D → entre 800 e 4000 UI/dia → melhora dos marcadores inflamatórios e hemostáticos → melhora clínica subsequente; Estimular dieta rica em Ca e considerar a necessidade de suplementação. Aconselhamento nutricional para melhorar a ingestão de vitamina D e cálcio, AGPI, ω- 3 e fibras pode oferecer melhor qualidade de vida aos pacientes com lúpus. AIDS Doença – síndrome da imunodeficiência adquirida ou, em português, SIDA - causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), um retrovírus; Caracterizada por profunda imunossupressão → infecções oportunistas, neoplasias secundárias e manifestações neurológicas; AIDS ≠ HIV. EPIDEMIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA ETIOLOGIA/TRANSMISSÃO Qualquer condição que facilite a troca de sangue ou líquidos corporais contendo o vírus ou células infectadas pelo vírus; Transmissão sexual: Mais de 75% de todos os casos de transmissão do HIV. Transmissão parenteral: Usuários de drogas, transfusão de sangue infectado. ETIOLOGIA/TRANSMISSÃO Qualquer condição que facilite a troca de sangue ou líquidos corporais contendo o vírus ou células infectadas pelo vírus; Transmissão vertical: Passagem do vírus de mães infectadas para seus recém-nascidos (principal causa de AIDS pediátrica); Intraútero por propagação placentária; Durante o parto através de um canal de parto infectado; Depois do nascimento, por ingestão de leite materno. Transmissão ocupacional: Infecção por acidente de trabalho em profissionais da área de saúde que sofrem ferimentos com instrumentos pérfuro-cortantes contaminados com sangue de pacientes infectados pelo HIV. FISIOPATOLOGIA O HIV pode infectar muitos tecidos: Sistema imune e SNC. Imunodeficiência profunda: Marca de autenticidade da AIDS; Infecção de linfócitos T CD4+, grande perda deles e comprometimento da função dos linfócitos T auxiliares sobreviventes. FISIOPATOLOGIA FISIOPATOLOGIA FISIOPATOLOGIA Infecção pelo HIV AIDS Imunodepressão Infecções Ativação de linfócitos Resposta patológica: Ativação da transcrição viral Produção de vírion Lise das células infectadas MANIFESTAÇÕES E ESTÁGIOS DA INFECÇÃO POR HIV Estágio I ou soroconversão: Ocorre em 2 a 4 semanas após a infecção pelo vírus e acomete 50 a 90% dos pacientes; Estágio II: Fase assintomática, replicação ativa do vírus e destruição dos linfócitos T CD4+, sem manifestações clínicas aparentes. Estágio III: Surgimentos de doenças infecciosas oportunistas, como candidíase oral e linfoadenopatia e ocorre declínio da função imune. Estágio IV: O paciente é definido como portador da AIDS. Obs.: uma pessoa infectada pelo HIV pode levar 10 a 15 anos para desenvolver AIDS e as drogas antirretrovirais podem retardar ainda mais o processo. MANIFESTAÇÕES E ESTÁGIOS DA INFECÇÃO POR HIV DIAGNÓSTICO Teste rápido de sorologia por punção digital: Resultado: reagente ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS Costumam ocorrer precocemente. Deficiências nutricionais/desnutrição ↓ ingestão alimentar Má absorção de nutrientes Alterações metabólicas Infecções oportunistas Fatores psicossociais Interações droga- nutrientes DESNUTRIÇÃO Baixa ingestão proteico-calórica: Disfagia, náuseas, vômitos e diarreia. Alterações metabólicas: Hipermetabolismo ( ↑ GET); Alterações proteicas; Alterações lipídicas. Diarreia: Etiologia multifatorial e inclui infecções por agentes oportunistas, má absorção e hipoalbuminemia; DESNUTRIÇÃO Infecções oportunistas: Aumentam as necessidades metabólicas e conduzem a uma rápida depleção nutricional, redução da ingestão calórica. Fatores psicológicos: Depressão, ansiedade e isolamento social → anorexia. Interações droga-nutrientes: Tratados com múltiplas drogas, influenciam a ingestão alimentar e afetam o apetite e/ou absorção digestiva; Deficiência de vitaminas e minerais: Vits A, C, E, zinco e selênio: ↑ estresse oxidativo → depressão do sistema imune. INTERAÇÕES DROGA-NUTRIENTE INTERAÇÕES DROGA-NUTRIENTE INTERAÇÕES DROGA-NUTRIENTE INTERAÇÕES DROGA-NUTRIENTE INTERAÇÕES DROGA-NUTRIENTE SÍNDROME CONSUMPTIVA OU SÍNDROME DE WASTING Perda involuntária de peso de mais de 10% do peso habitual associada à diarreia crônica (dois ou mais episódios/dia com duração ≥ 1 mês ou fadiga crônica e/ou febre ≥ 1 mês e/ou astenia sem outra causa detectável que não a infecção pelo HIV. Desnutrição → fator prognóstico nos pacientes em estágios avançados da AIDS: Uma das complicações mais frequentes da infecção pelo HIV. Ocorrência de perda de peso em 95 a 100% dos pacientes. SÍNDROME CONSUMPTIVA ↑ níveis plasmáticos de moléculas inflamatórias e hormônios: TNF-alfa, fator de crescimento similar ao da insulina (IGF-1). Correlação positiva entre perda de peso e IMC; Correlação negativa entre contagem de linfócitos TCD4 e perda de peso; Está presente em 20% dos pacientes no momento do diagnóstico de AIDS e em 70% dos que evoluíram para óbito durante a internação hospitalar; SÍNDROME CONSUMPTIVA Para fins de diagnóstico, o paciente deve cursar com pelo menos um dos seguintes critérios: perda de peso não intencional de 10% em 12 meses; perda de peso não intencional de 7% em período superior a 6 meses; 5% de perda de massa celular corporal (MCC) em 6 meses; homens: MCC < 35% do peso corporal total e IMC < 27 kg/m2; mulheres: MCC < 23% do peso corporal total e IMC < 27 kg/m2; IMC < 20 kg/m2. SÍNDROME CONSUMPTIVA Numerosas interações que influenciam o aumento do turnover proteico e a perda ou manutençãodo tecido magro; Turnover proteico → equilíbrio entre degradação e síntese proteica; ↑ degradação de proteínas → Perda de massa muscular nos pacientes com HIV/AIDS; Deficiência de vitaminas A, C, E e de oligoelementos como selênio é comum em pacientes infectados pelo HIV → desnutrição → maior comprotimento do funcionamento do sistema imune. Síndrome consumptiva ↓ ingestão alimentar Má absorção de nutrientes Hipermetabolismo Catabolismo proteico acelerado Doenças oportunistas Efeitos adversos de medicamentos COMPROMETIMENTO DO TGI PELO HIV Alta prevalência de distúrbios do TGI: Alterações na deglutição; Dor e cólica abdominal; Diarreia; Doença oral e perianal; Lesões orais; Xerostomia → infecções, medicamentos, tabagismo e desidratação; Perda de células T CD4 no intestino durante a fase precoce → quebra da barreia intestinal e ↑ permeabilidade → migração de bactérias da microbiota intestinal para a corrente sanguínea → ativação do sistema imune local e sistêmico → ↑ replicação do HIV. TRATAMENTO TARV: Objetivos: ↓ transmissibilidade do vírus; ↓ morbimortalidade. Coquetel: Zidovudina (AZT); Lamivudina; Tenofir e outros. Efeitos adversos: Lipodistrofia, dislipidemia, resistência à insulina, osteopenia, alterações glicêmicas e cardíacas; EFEITOS ADVERSOS SÍNDROME LIPODISTRÓFICA Efeito adverso da TARV: 50 a 80% dos indivíduos em terapia. Lipodistrofia → redistribuição anormal de gordura corporal: Lipoatrofia; Lipo-hipertrofia; Forma mista. Lipoatrofia → ↓ gordura nas regiões periféricas, como braço, perna, nádegas e face, podendo salientar músculos e veias; Lipo-hipertrofia → acúmulo de gordura na região abdominal, gibosidade dorsal, ginecomastia e aumento da mama em mulheres. SÍNDROME LIPODISTRÓFICA SÍNDROME LIPODISTRÓFICA Podem ainda coexistir outros transtornos metabólicos, implicados ou não com esta síndrome, tais como: Alterações do metabolismo da glicose (resistência periférica à insulina, hiperglicemia, intolerância à glicose e diabetes mellitus); Alterações do metabolismo dos lipídeos (hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia - aumento do LDL-c e diminuição do HDL-c). TERAPIA NUTRICIONAL NA AIDS Objetivos: Detectar, prevenir e reduzir a ocorrência de problemas nutricionais; Auxiliar na preservação da massa corporal magra, prevenir a perda ponderal e recuperar o estado nutricional; Fornecer aporte adequado de nutrientes, a fim de evitar deficiências ou excessos, de acordo com as condições clínicas do paciente; Contribuir para a eficácia da terapia medicamentosa; Auxiliar no alívio de sintomas e complicações relacionadas ao HIV e às infecções oportunistas; Colaborar para o manejo dos transtornos associados à terapia medicamentosa; Promover educação nutricional em todas as fases da doença; Contribuir para melhorar a qualidade de vida. OMS recomenda que as intervenções nutricionais devem fazer parte de todos os programas de controle e tratamento da AIDS → dieta e nutrição podem melhorar a adesão e a efetividade da TARV, além de contribuir com a melhoria das anormalidades metabólicas e qualidade de vida. TERAPIA NUTRICIONAL NA AIDS Diretrizes: Fornecer avaliação nutricional completa e precoce de todos os pacientes, atentando à avaliação da perda de peso e de massa magra e à redistribuição de gordura característica da síndrome lipodistrófica do HIV; Auxiliar na prevenção e no tratamento das alterações metabólicas associadas à terapia antirretroviral; Minimizar sintomas gastrointestinais associados à infecção pelo HIV, infecções oportunistas e terapia antirretroviral, com o objetivo de otimizar a ingestão oral, evitando deficiências nutricionais; Fornecer terapia nutricional adequada às diversas condições clínicas que possam acometer esses pacientes, de modo a evitar a desnutrição; Fornecer aconselhamento nutricional adequado, de modo a contribuir para maior sobrevida com melhor qualidade de vida para esses pacientes. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL História clínica: Identificar aspectos clínicos que possam interferir no estado nutricional e na ingestão alimentar, levando à má nutrição; Tempo e diagnóstico da doença; Ocorrência de infecções oportunistas, afecções agudas e comorbidades; Estilo de vida; Presença de sintomas gastrointestinais; Uso de TARV e de outros medicamentos relacionados ao tratamento de morbidades intercorrentes → interações droga-nutrientes; Estado funcional; Aspectos psicossociais, cognitivos e neurológicos. Exame físico: Identificar carências ou excessos de micronutrientes, depleção de massa muscular e tecido adiposo e alterações da distribuição de gordura corporal associadas à síndrome lipodistrófica da TARV. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Avaliação antropométrica: Avaliar perda de peso não intencional; IMC é um parâmetro utilizado para diagnóstica da síndrome consumptiva; Avaliar composição corporal a partir das pregas cutâneas e circunferências. Avaliação da composição corporal: Bioimpedância é útil para estimar a quantidade de MCC, um dos parâmetros do diagnóstico da síndrome consumptiva. Recomendações de energia: Obs.: caso seja utilizada a equação de Harris-Benedict, usar FI de 1 a 1,75 TERAPIA NUTRICIONAL Cuppari, 2014 Estágio Energia Estágio A – assintomático, peso estável 30 a 35 kcal/kg de peso atual/dia Estágio B – sintomático com complicações do HIV, necessidade de ganho de peso 35 a 40 kcal/kg de peso atual/dia Estágio C – infecção oportunista e/ou AIDS 40 a 50 kcal/kg de peso atual/dia Estágio C – com desnutrição grave Iniciar com 20 kcal/kg de peso atual/dia, aumentando gradualmente para evitar a síndrome de realimentação Obesidade 20 a 25 kcal/kg de peso ajustado/dia Recomendações de proteína: Fornecer substratos para o sistema imune e restaurar ou preservar a massa magra. TERAPIA NUTRICIONAL Cuppari, 2014 Estágio Proteína Estágio A – assintomático, peso estável 1,1 a 1,5 g/kg de peso atual/dia Estágio B – sintomático com complicações do HIV, necessidade de ganho de peso 1,5 a 2,0 g/kg de peso atual/dia Estágio C – infecção oportunista e/ou AIDS 2 a 2,5 g/kg de peso atual/dia Estágio C – com desnutrição grave Aumentar a oferta gradativamente conforme a evolução das calorias Obesidade Utilizar o peso ajustado para calcular as necessidades proteicas Distribuição de macronutrientes: Carboidratos: 45 a 65% do VET; Lipídios: 20 a 35% do VET: Gordura saturada < 10% do VET; Gordura monoinsaturada < 10% do VET; Gordura poli-insaturada < 10% do VET; Colesterol < 300 mg/ dia. Proteínas: 15 a 20% do VET. Fibras: 25 a 30 g/dia TERAPIA NUTRICIONAL Cuppari, 2014 Recomendação hídrica: 30 a 35 mL/kg de peso/dia. Em casos de dislipidemia: Recomenda-se consumo de colesterol ≤ 200 mg/dia; Gorduras saturadas ˂7 % do VET; Redução da gordura total para até 30% do VET. TERAPIA NUTRICIONAL Recomendação de micronutrientes: Vitaminas e minerais: Necessidades especiais de vitaminas A, B, C, E, zinco e selênio, as quais não devem ser inferiores a 100% dos valores das DRIs; avaliar necessidade de suplementação; Suplementação de vitaminas e minerais: Tem sido relacionada com o aumento da contagem de células CD4, aumento do peso corporal, melhora do estado clínico, diminuição do risco de infecções oportunistas; CUIDADO: Hiperdosagens de vitaminas e minerais apresentam, na maioria dos casos, efeitos tóxicos ao organismo, também podendo dificultar a absorção dos ARV. O uso de suplementos vitamínicos e/ou minerais deve ser recomendado com critério, caso a recuperação física do paciente ainda se encontre comprometida. TERAPIA NUTRICIONAL Suplementação oral: Indicada quando o paciente se alimenta por VO, mas não o suficiente para atendter suas necessidades energéticas; Para doentes sem complicações, em que se deseja aumentaro peso → pode ajudar muito a ampliar a ingestão alimentar; Benéfica em períodos de maior necessidade energética, quando o metabolismo basal aumenta. Ex.: episódios de infecções oportunistas; Pacientes com intolerância a lactose e gordura: formulas isentes de lactose e enriquecidas com TCM. TERAPIA NUTRICIONAL Via oral: Quando o paciente não apresentar problemas que o impeçam de utilizar a VO; Necessidade de aumento do aporte calórico-proteico e promover ganho de peso ponderal → suplementos orais em adição à alimentação normal e aconselhamento nutricional. TERAPIA NUTRICIONAL Indicação de TNE e TNP: Pacientes desnutridos ou em risco de desnutrição; Pacientes que não conseguem, não podem ou não querem alimentar-se com alimentação habitual; Na ocorrência de perda de peso > 5% em 3 meses ou perda de MCC > 5% em 3 meses ou IMC < 18,5 kg/m²; Impacto do estado nutricional sobre morbimortalidade desses pacientes → início precoce da TN. TERAPIA NUTRICIONAL TNE: Quando a ingestão alimentar, mesmo com uso de suplementos orais, é insuficiente ou na impossibilidade de utilização da VO; Tipo de fórmula, tipo de acesso ao tubo digestório e tipo de administração: depende da situação clínica do paciente, grau de catabolismo, dos transtornos metabólicos concomitantes, da funcionalidade digestiva e de suas demandas nutricionais. Digestão e absorção comprometidas pela diarreia → fórmulas que contenham peptídeos e TCM; Até o momento não existem evidências para recomendação do uso de imunomoduladores; Obs.: diarreia e má absorção não são consideradas contraindicações para alimentação oral ou enteral TERAPIA NUTRICIONAL TNP: Quando a utilização da via enteral estiver totalmente contraindicada; Quando não for possível atingir as necessidades nutricionais por outras vias; Falência da VO e enteral, ou diarreia intratável, obstrução intestinal, vômitos incoercíveis; CUIDADO: chance de infecção de cateter!! Obs.: A decisão sobre a suspensão da terapia nutricional, bem como a transição de uma via de alimentação para outra, deve ser avaliada individualmente, considerando a evolução clínica e nutricional de cada paciente. TERAPIA NUTRICIONAL TERAPIA MEDICAMENTOSA A importância e os princípios de uma alimentação saudável; A segurança higiênica e sanitária da água e dos alimentos: Orientar sobre todos os cuidados na higienização de alimentos e água. O manejo de sintomas clínicos e efeitos colaterais de medicações: anorexia, perda de peso, obstipação, diarreia/má absorção, intolerância à lactose, esteatorreia, náuseas e vômitos, saciedade precoce, disfagia, diminuição do paladar, afecções da cavidade oral, esofagite, xerostomia, disfagia, febre; Orientações sobre escolha dos alimentos e formas de preparo mais adequados a cada situação; ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL O manejo nutricional de comorbidades: dislipidemia, diabete, osteoporose, etc.; A interação drogas-nutrientes e uso de suplementos; A importância de hábitos de vida saudáveis. Obs.: É importante que o paciente seja inserido na discussão de seu plano nutricional, o qual deve levar em conta, além dos aspectos nutricionais, aspectos psicossociais. Com isso, garante-se a individualização e uma maior adesão a esse plano. ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL Náuseas: Náusea pela manhã pode ser combatida com a ingestão de biscoitos secos, tipo cream cracker ou água e sal, ingeridos assim que acordar, sem o acompanhamento de líquidos. Comer uma ou mais unidades, de acordo com a tolerância; Chupar pedras de gelo pode reduzir o sintoma; Fazer pequenas refeições, várias vezes ao dia. Comer grandes quantidades de alimento pode piorar o sintoma da náusea; Não ingerir líquidos durante a refeição. O mais indicado é 1 hora antes ou 2horas após a refeição; Evitar alimentos quentes; dar preferência aos alimentos frios ou a temperatura ambiente; Evitar alimentos gordurosos, bebidas gasosas (tipo refrigerante), leite, café e excesso de condimentos; Evitar ingerir alimentos muito doces. Uma alimentação mais suave é mais bem suportada pelo paciente. ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL Vômitos: Ao primeiro sinal de vômito, a pessoa deve tomar pequenas quantidades de soro caseiro ou soro de reidratação oral (1 colher de sopa a cada 5 / 10 minutos aproximadamente). Também pode tomar pequenos goles de bebidas isotônicas. Utilizar a bebida gelada. Receita de soro caseiro: 1 colher de sopa de açúcar + 1 pitada de sal em um copo de água filtrada ou preferencialmente fervida Fazer pequenas refeições, várias vezes ao dia; Não deitar após a refeição, isso pode facilitar o vômito; Evitar se alimentar com as comidas consideradas “preferidas”, uma vez que terminado o sintoma, o mal estar ficará associado ao alimento predileto, sendo então causa de repulsa; Indicar chupar pedrinhas de gelo e beber líquidos gelados, em pequenos goles e pouca quantidade, várias vezes ao dia; ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL Vômitos: Evitar alimentos em temperaturas muito quentes e dar preferência aos alimentos frios ou a temperatura ambiente; Evitar alimentos gordurosos, bebidas gasosas (tipo refrigerante), leite, café e excesso de condimentos. Evitar consumir alimentos muito doces; Mesmo com vômito, estimule a alimentação regular, procurando dar prioridade a alimentos mais cozidos, de sabor mais brando, pois uma alimentação mais suave é mais bem suportada; Não ingerir líquidos durante a refeição. Os líquidos podem ser tomados 1 hora antes ou 2 horas após a refeição; Orientar que a pessoa busque atenção médica, para ser medicado corretamente. ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL Empachamento (dificuldade de digestão): Evitar alimentos gordurosos, especialmente os de origem animal; Orientar a pessoa a preferir carnes brancas (aves ou peixes). As carnes vermelhas podem ser consumidas com moderação; Procurar manter a alimentação balanceada. É importante ingerir vários tipos de alimento, em pequenas porções, várias vezes ao dia; Não ingerir líquidos durante a refeição. Os líquidos podem ser tomados 1 hora antes ou 2 horas após a refeição; Não deitar após a refeição. Se a pessoa quiser descansar, deve ficar sentada ou recostada; Indicar uso de chás digestivos após a refeição, como por exemplo o chá verde, usado tradicionalmente como digestivo pelos povos orientais. ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL Pirose (azia ou queimação estomacal): Indicar uso de chás digestivos após a refeição, como por exemplo o chá verde; Evitar condimentos, pimenta de todos os tipos e alimentos gordurosos; A pessoa pode tomar pequenos goles de água gelada, pois ajudam a diluir o suco gástrico; Não deitar após a refeição. Se a pessoa quiser descansar, deve ficar sentada ou recostada. ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL Diarreia: Suplementação de glutamina: 30 g/dia apresentou efeito positivo no controle da diarreia, embora não tenha havido melhora significativa na composição corporal, contagem de CD4 ou redução da carga viral; Evitar alimentos laxativos ou que podem provocar diarreia em pessoas sensíveis. Procurar investigar se algum alimento está relacionado à diarreia apresentada; Orientar o consumo de alimentos cozidos, evitando os alimentos crus e fibras. Frutas e hortaliças devem estar cozidas. Evitar o consumo de doces e gorduras; Indicar pequenas refeições, aumentando a frequência gradativamente; Indicar o consumo de alimentos ricos em potássio, como a banana, batata e carnes brancas. Há perda de potássio em grandes proporções nos casos de diarreia. Em diarreias crônicas é necessário → monitoramento laboratorial; ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL Diarreia: Indicar soro caseiro, soro de reidratação oral ou bebidas isotônicas para manter o equilíbrio hidroeletrolítico do organismo. A água de coco pode ser usada e é bastante eficaz; Contraindicar o consumo de leite, até o desaparecimento dos sintomas. Coalhadas, iogurtes e queijos podem ser consumidos; Aumentar a ingestão de líquidos, evitandoassim a desidratação; Alimentos probióticos, especialmente os leites fermentados com lactobacilos, auxiliam na recuperação da flora intestinal. ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL Dificuldade de deglutição, inflamação na boca e/ou esôfago por Candida Albicans (candidíase) ou outras infecções: Indicar o consumo de alimentos líquidos, pastosos ou de consistência macia; Indicar os alimentos preferidos para estimular o apetite, amassados ou batidos. Contra-indicar a ingestão de alimentos crus; Indicar alimentos como purê de batatas, sopas, caldos, iogurte, ricota, massas com queijo, ovos mexidos, cremes, mingau; Ingerir os alimentos frios ou a temperatura ambiente. Evitar temperaturas quentes; Evitar alimentos ácidos, condimentados e picantes. Evitar o uso de muito sal e pimenta. Evitar sucos de frutas cítricas ou alimentos ácidos; laranja e tomate podem ser irritantes; Evitar gorduras. ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL Dificuldade de deglutição, inflamação na boca e/ou esôfago por Candida Albicans (candidíase) ou outras infecções: Não deve ingerir chocolate, álcool e bebidas com cafeína (cafés, chás e refrigerantes tipo cola); Realizar pequenas refeições, várias vezes ao dia; A pessoa pode utilizar canudinhos plásticos para líquidos, a fim de evitar dor na cavidade oral; Se houver dificuldade de deglutição, dar preferência a uma alimentação bem cozida, evitar líquidos e alimentos em pastas. A comida mais sólida, porém macia, é útil para auxiliar na passagem pela glote; No caso de boca seca, pode ser indicado o consumo de chicletes para aumentar a produção de saliva; A pessoa deve promover a higienização regularmente e enxaguar a boca com mais delicadeza. ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL LEITURA COMPLEMENTAR... CASO CLÍNICO D.A.F., sexo feminino, 53 anos, soropositivo para HIV desde 2008, etilista crônico há 12 anos. Faz uso de TARV (AZT + DDI + RTV) O paciente deu entrada na emergência do hospital relatando diarreia, dor abdominal. Referiu dificuldade de se alimentar, autopercepção de perda de peso. Dados bioquímicos: colesterol total: 250 mg/dL; LDL: 201 mg/dL e TG: 185 mg/dL; glicemia de jejum: 143 mg/dL. Dados antropométricos: Peso atual: 56 kg; peso habitual (há 6 meses): 65 kg; altura: 1,75 m; CB: 22 cm, PCT: 18 mm e CC: 101 cm. CASO CLÍNICO 1. Qual relação existente entre a TARV, dados bioquímicos e dados antropométricos como CB, CC e PCT? 2. Avalie o paciente e dê o diagnóstico nutricional. 3. Determine a conduta dietoterápica a ser prescrita para o paciente. 4. O paciente apresenta critério para diagnóstico de síndrome consumptiva? REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA E CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Projeto Diretrizes: Terapia Nutricional na Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/AIDS). Disponível em: https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_na_sindrome_da_imunodeficie ncia_adquirida_hiv_aids.pdf; • CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da EPM- UNIFESP. 3ª ed. São Paulo: Manole, 2014; • KUMAR et al. Robbins & Cotran: Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 8ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010; • MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual clínico de alimentação e nutricional na assistência a adultos infectados pelo HIV. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
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