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FMU – FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL – CAMPUS BRIGADEIRO INGRID CAMILO DOS SANTOS RA. 7044192 CONSTRUÇÃO DE RODOVIAS Obras de Artes Especiais (OAE) e Infraestrutura Trabalho proposto para atender APS da disciplina de Aeroportos e Rodovias, na FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas apresentado ao professor Paulo Antônio Martins Filho. SÃO PAULO/SP 2020 1 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 6 1. CONSTRUÇÃO DE RODOVIAS 12 2. ESTUDOS DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE RODOVIAS 15 2.1. FASE PRELIMINAR 16 2.2. FASE DEFINITIVA 16 3. ELABORAÇÃO DE PROJETO DE ENGENHARIA PARA A CONSTRUÇÃO DE RODOVIAS SUBMETIDAS A ESTUDOS DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA 18 3.1. ELABORAÇÃO DO PROJETO 18 3.1.1. FASE PRELIMINAR 18 3.1.2. FASE DE PROJETO 18 3.2. APRESENTAÇÃO 19 3.2.1. FASE PRELIMINAR 19 3.2.2. FASE DO PROJETO 20 4. OBRAS DE ARTES ESPECIAIS 21 4.1. ESTRUTURAS CONSTRUTIVAS OAES 24 4.1.1. SUPERESTRUTURA 24 4.1.1.1. VIGAS 25 4.1.1.2. CAIXÃO PERDIDO 27 2 4.1.1.3. BALANÇO SUCESSIVO 28 4.1.2. MESOESTRUTURA 28 4.1.2.1. FÔRMAS TREPANTES 29 4.1.3. INFRAESTRUTURA 30 4.1.3.1. ESTACAS 30 4.1.4. CONTENÇÕES DE TALUDES 31 4.1.4.1. CORTINA ATIRANTADA 32 4.1.4.2. SOLO GRAMPEADO 32 4.1.4.3. TERRA ARMADA 33 4.1.5. TUBULÕES 34 4.1.6. ESCAVAÇÃO 35 4.1.7. CAMADA DE SACRIFÍCIO 37 4.2. TÚNEIS 38 4.3. PAVIMENTAÇÃO 39 4.3.1. PAVIMENTAÇÃO DE CONCRETO 39 4.3.2. PAVIMENTAÇÃO ACABADORA 39 4.4. OBRAS COMPLEMENTARES 41 4.5. FISCALIZAÇÃO 41 4.5.1. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA/RIMA) 42 4.5.2. PLANO BÁSICO AMBIENTAL - PBA 43 3 5. PROJETO DE ESTRUTURA DE OAE 43 5.1. ESTUDO PRELIMINAR 43 5.2. PROJETO BÁSICO 44 5.3. PROJETO EXECUTIVO 44 5.4. SERVIÇOS PRELIMINARES - ESPECIFICAÇÃO DE SERVIÇO 45 5.4.1. CONDICIONANTES PARA OPERAÇÃO DAS OAES 47 5.4.1.1. CANTEIRO DE OBRAS - LOCALIZAÇÃO E PREPARO DO TERRENO 47 5.4.1.2. INSTALAÇÕES 47 5.4.1.3. REMOÇÃO DE OBSTÁCULOS 48 5.4.1.4. LOCAÇÃO DA OBRA 48 5.4.1.5. CONDICIONANTES AMBIENTAIS 48 5.4.1.6. INSPEÇÕES - CONTROLE DOS INSUMOS 49 5.4.1.7. CRITÉRIO DE MEDIÇÃO 49 6. PRINCIPAIS OBRAS DE ARTE ESPECIAIS (OAE) BRASILEIRAS 49 6.1. PONTE RIO-NITERÓI 50 6.2. PONTE RODOFERROVIÁRIA (SP/MS) 51 6.3. PONTE AYRTON SENNA (PR/MS) 51 6.4. PONTE DO RIO NEGRO (AM) 52 6.5. TERCEIRA PONTE (ES) 53 6.6. VIADUTO 13, VESPASIANO CORRÊA (RS) 54 4 7. OBRAS DE ARTE ESPECIAIS PELO MUNDO 55 7.1. TÚNEL DE LAERDAL – NORUEGA 55 7.2. EUROTÚNEL – FRANÇA E INGLATERRA 56 7.3. PONTE DANYANG-KUNSHAN – CHINA 57 7.4. PONTE CHANGHUA KAOHSIUNG – TAIWAN 57 7.5. PONTE HONG KONG - ZHUHAI - MACAU – CHINA 58 8. CASE 59 8.1. CASE 1 – PONTE OU TÚNEL SUBMERSO SANTOS-GUARUJÁ? 59 8.1.1. RETOMADA DO PROJETO DO TÚNEL SUBMERSO 64 8.2. CASE 2 – RODOANEL MÁRIO COVAS 69 8.3. TRAÇADO DOS TRECHOS DO RODOANEL 72 8.3.1. TRECHO NORTE 73 8.3.2. TRECHO SUL 75 8.3.3. TRECHO LESTE 78 8.3.4. TRECHO OESTE 80 8.4. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL – DERSA (RODOANEL - TAMOIOS) 81 8.4.1. GESTÃO AMBIENTAL 81 8.4.2. RESPONSABILIDADE SOCIAL 83 8.4.2.1. PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE DESAPROPRIAÇÃO 83 8.4.2.2. PROGRAMA DE COMPENSAÇÃO SOCIAL E REASSENTAMENTO INVOLUNTÁRIO 84 5 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 85 10. REFERÊNCIAIS 87 6 INTRODUÇÃO De acordo com estudo do IPEA (2011), o desenvolvimento das rodovias brasileiras foi viabilizado a partir de recursos públicos oriundos de fundos criados essencialmente para este fim. Neste sentido, em 1945 foi criado o Fundo Rodoviário Nacional (FRN) que viabilizou investimentos na infraestrutura rodoviária, e em 1960 o modal rodoviário já respondia por 60% da matriz nacional de transportes que se mantém até os dias atuais. (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA), 2011) Os recursos para investimentos em infraestrutura rodoviária deixaram de ter subsídios de fundos, do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), de recursos oriundos das dotações previstas nos orçamentos anuais, e passou a depender quase exclusivamente de recursos ordinários da União. Porém, a própria CF/88 abriu a possibilidade para abrandamento da crise no setor rodoviário em seu Art. 175 (BRASIL, 1988), que trata da concessão de serviços públicos, reza que in verbis e “Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação desserviços públicos”. Por este artigo, a CF/88 restabeleceu a possibilidade de empresas privadas investirem no setor e de prestarem serviço de utilidade pública, desde que, se habilitem por meio de licitação. (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA), 2011) Neste contexto, em 1990 foram encaminhadas alternativas para manter as rodovias federais, as quais tratavam em restabelecer as fontes de recursos para 7 o setor rodoviário, conceder 1rodovias para operadoras privadas2, e delegar aos estados a administração e a exploração de trechos de rodovias3. O Estado pode atuar no desenvolvimento deste setor a partir da celebração de contratos de concessão com o setor privado. (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA), 2011) Outra forma pela qual o governo pode atuar sobre este setor é pela realização de investimentos diretos por meio da construção, manutenção e adequação das 1 A concessão de rodovias ocorre quando o governo transfere uma determinada rodovia para a iniciativa privada. Na concessão, o governo estabelece um prazo para término do contrato e define a forma em que a iniciativa privada deve trabalhar: serviços, responsabilidades, condições, cronograma de realização, normas e regulamentos que devem ser seguidos, preços, formas de cobrança etc. O Estado continua com autoridade sobre o empreendimento e fiscaliza o trabalho da concessionária. Ao final do prazo, a empresa devolve o patrimônio para o governo com todas as melhorias realizadas. Em contrapartida, a concessionária pode cobrar pedágio pela utilização das vias públicas. O valor é usado para custear as despesas de construção, manutenção, conservação e operação geral da rodovia. Numa rodovia federal concedida à iniciativa privada, há uma série de regras que devem ser seguidas. As concessionárias devem sinalizar corretamente as vias e cuidar do pavimento, tapando buracos, selando possíveis rachaduras e recompondo o asfalto. Além disso, deve cuidar, preventivamente, da estrutura física da rodovia para fazer com que durem mais. Todas essas ações tornam a rodovia mais segura, com menos acidentes e mais confortável para os usuários. Obras de melhoramentos também são obrigações previstas nos contratos, mas variam de acordo com a necessidade de cada rodovia. Podem ser obras de duplicação, faixas adicionais, trevos, contornos, execução de passarelas etc. Fonte: https://portal.antt.gov.br/ 2 Vale ressaltar à iniciativa privada somente interessam as rodovias que se apresentem como um negócio rentável, quando as receitas superam “significativamente” as despesas, isto é, que apresentem viabilidade financeira. Fonte: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1637/1/TD_1592.pdf Existem diversos projetos de outorga de rodovias federais qualificados no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos - PPI, criado pela Lei 13.334, de 13 de setembro de 2016. Os trechos rodoviários atualmente em etapa de Audiência Pública são: BR-381/262/MG/ES, BR- 153/414/080/TO/GO, BR-163/230/MT/PA e BR-116/101/SP/RJ. Fonte: https://portal.antt.gov.br/novos-projetos-em-rodovias 3 A efetiva captação de recursos da iniciativa privada para manter rodovias federais passa a ganhar importância e factibilidade quando o Art. 175 da CF/88 foi disciplinado pela Lei no 8.987/1995 (Lei das Concessões), que estabeleceu em síntese as obrigaçõese os direitos das empresas concessionárias – por exemplo, que o concessionário tem que executar um programa de investimentos a ser realizado ao ongo do período de concessão – que no caso das rodovias é detalhado no Programa de Exploração da Rodovia (PER) – e a política tarifária dos concessionários de serviços públicos. Inicia-se então o Programa de Concessão de Rodovias Federais, com a concessão da rodovia Rio – Petrópolis – Juiz de Fora, em 1995. No ano seguinte, prosseguiu-se com a transferência da rodovia Presidente Dutra (Rio de Janeiro – São Paulo), da ponte Rio – Niterói e da rodovia Rio – Teresópolis – Além Paraíba. Em suma, representou a transferência de 858,6 quilômetros1 de estradas à iniciativa privada na modalidade recuperar, operar e transferir (ROT) a rodovia para o governo ao término do período estipulado. Fonte: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1637/1/TD_1592.pdf https://portal.antt.gov.br/ http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1637/1/TD_1592.pdf https://portal.antt.gov.br/novos-projetos-em-rodovias http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1637/1/TD_1592.pdf 8 vias, estimulando a economia nacional com a promoção de uma infraestrutura competitiva. Devido à escassez de recursos públicos e a crescente deterioração da infraestrutura rodoviária, o governo se viu obrigado a procurar parcerias com o setor privado para financiar os vultosos investimentos na recuperação, manutenção, operação e ampliação da malha rodoviária (ver Tabela 1). (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA), 2011) Tabela 1 Investimentos públicos e privados em transportes - 2002 - 2009 Tendo em vista a enorme importância do setor rodoviário para a economia, o Ipea decidiu dimensionar e avaliar os gargalos e as deficiências das rodovias nacionais. Para isso foi realizado um amplo levantamento das obras identificadas como necessárias por diversos órgãos competentes e este levantamento chamou-se Mapeamento Ipea de Obras Rodoviárias4. (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA), 2011) Merece destaque neste estudo, a construção de contornos rodoviários municipais, que implicam uma opção para o tráfego de carga, constituindo-se em uma alternativa ao enfrentamento do tráfego urbano pelos caminhões. Estes 4 Disponível na íntegra no anexo do documento disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1637/1/TD_1592.pdf http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1637/1/TD_1592.pdf 9 contornos são importantes, pois diminuem o tráfego urbano, reduzindo a propensão à formação de engarrafamentos e à emissão de poluentes nas áreas mais densamente povoadas. Além disso, a retirada dos caminhões e veículos de carga do fluxo normal das vias urbanas ajuda a preservá-las, mantendo-as em boas condições, por mais tempo, para a movimentação de veículos de transporte público – metropolitano – e de passeio. Também outra categoria no mapeamento realizado se refere à construção das chamadas obras de arte. Nesta categoria, são consideradas pontes, que visam conectar diferentes centros urbanos e viadutos destinados ao descongestionamento das vias intraurbanas (ver Gráfico 1). (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA), 2011) Gráfico 1 Demandas por obras de arte (em milhões de reais) Para finalizar, a matriz de transporte de carga do Brasil, isto é, a distribuição da movimentação de cargas entre os diferentes modais de transporte é, hoje, predominantemente rodoviária. Atualmente, mais da metade do transporte de carga é feito por meio de rodovias, cerca de 25% por ferrovias e pouco menos de 15% por meios aquaviários. É importante destacar que o crescimento do transporte de cargas pelos modais ferroviário e hidroviário apresenta uma série de vantagens, com destaque para redução do custo do frete e menor emissão de CO2, quando comparado às emissões realizadas pelos caminhões. Todavia, a intermodalidade e a flexibilidade características do transporte rodoviário fazem 10 que este mantenha sua importância no cenário nacional (ver Foto 1). (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA), 2011) Foto 1 Projetos de obras de rodovias em 2020 Fonte: PROGRAMA DE PARCERIAS DE INVESTIMENTOS, 2020 As rodovias possuem algumas vantagens como a flexibilidade nas rotas, a movimentação de pequenos volumes, menos custo de operação e de embalagem. Características que fazem do transporte rodoviário, além de um modal substituto em muitas transposições de carga, um transporte complementar por excelência. (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA), 2011) Este trabalho tem por objetivo fazer uma revisão bibliográfica e compilação de conteúdo sobre construção de rodovias, estudos de viabilidade técnica e 11 econômica, projetos e técnicas construtivas de obras de artes especiais, as principais e maiores obras de arte especial e infraestrutura no Brasil e no mundo. Além disso, utilizaremos um case para exemplificação de obras de artes especiais no estado de São Paulo. A OAE escolhida foi a obra viária Rodoanel Mario Covas, apresentando as características dos seus quatro trechos, volume de tráfego e ações de responsabilidade socioambiental a fim de minimizar impactos significativos nas comunidades adjacentes as obras (desapropriações) e ao meio ambiente (fauna, flora, gestão de resíduos etc.). Neste sentido, os tópicos a seguir terão suas devidas referências ficando a autora adaptações (também referenciadas) e considerações finais sobre o conteúdo geral coletado. 12 1. CONSTRUÇÃO DE RODOVIAS Inicialmente é importante conceituar o que é rodovia e sua função. De acordo com a ETESCO (2020), empresa de obras em infraestrutura, rodovia é uma via pavimentada e pública, destinada ao tráfego de veículos de todos os tamanhos, principalmente aqueles que apresentam grande porte, servindo como passagem de transportadoras de cargas e passageiros, por isso ela é tida como um elemento linear, que se estende por diversas regiões. (ETESCO, 2020) Ao se projetar a construção de uma rodovia, são considerados aspectos de interesses e fatores a fim de promover o desenvolvimento socioeconômico e para acesso e ligação de regiões. Porém, até que seja concluído o projeto de construção, algumas etapas são seguidas e apresentaremos a seguir. (ETESCO, 2020) Conforme ETESCO (2020), existem três fases importantes a serem seguidas, conforme segue: • Planejamento: fase em que é decidida a principal função da rodovia, se turística, comercial ou militar. Além de pensar nos cálculos de volume, densidade do peso, e tipos de veículos que passarão por ela; • Projeto: fase onde se desenha, calcula e entende o projeto todo para deixar tudo pronto para a etapa seguinte, que é a construção; • Construção: fase em que se opera o projeto, onde é necessária uma equipe especializada, e um material de qualidade para que a obra possa suportar o peso dos automóveis. (ETESCO, 2020) Na fase de construção de uma rodovia (um processo bastante extenso), são consideradas 20 fases até chegar a fase chamada selante asfáltico para que esteja apta para a passagem dos transportes. (ETESCO, 2020) Entre as etapas, as mais importantes incluem: 13 • O desmatamento5 (para este existe procedimento específico sobre o licenciamento ambiental para obras implantação e pavimentação de rodovias que se encontrem fora da Amazônia Legal) (ver Foto 2); • A fundação de toda a estrutura; • Estaqueamento (por meio de escavação, cravação a percussão, prensagem ou vibração de madeira etc); • Terraplanagem de bueiro; • Corte; • Compactação o solo. (ETESCO, 2020) 5 O Ministério de Infraestrutura definiu o Manual de Licenciamento Ambiental Federal - Rodovias/Ferrovias. O documento traz, de forma consolidada e didática, as regras e prazos aplicáveis a cada etapa do procedimento, além de indicar os principais aspectos técnicosa serem considerados para o sucesso da gestão ambiental desses empreendimentos. O licenciamento ambiental das obras de implantação e pavimentação de rodovias que se encontrem fora da Amazônia Legal e com extensão inferior a 100 (cem) quilômetros poderá ser enquadrado no procedimento simplificado desde que não impliquem: a) remoção de população que implique na inviabilização da comunidade e/ou sua completa remoção; b) afetação de unidades de conservação de proteção integral e suas respectivas Zonas de Amortecimento (ZA); c) intervenção em Terras Indígenas, respeitando-se os limites de influência estabelecidos na legislação vigente; d) intervenção em Território Quilombola, respeitando-se os limites de influência estabelecidos na legislação vigente; e) intervenção direta em bens culturais acautelados; f) intervenção física em cavidades naturais subterrâneas, respeitando-se os limites estabelecidos na legislação vigente; g) supressão de vegetação primária, bem como de vegetação secundária em estágio avançado de regeneração do Bioma Mata Atlântica; h) supressão de fragmentos de vegetação nativa, incluindo-se os localizados em área de preservação permanente, acima de 40% da área total. Fonte: (MINISTÉRIO DE INFRAESTRUTURA, 2020) 14 Foto 2 Fluxo do licenciamento simplificado para rodovias Fonte: (MINISTÉRIO DE INFRAESTRUTURA, 2020) O fluxo acima tem por objetivo de apresentar aos empreendedores informações relativas ao processo de licenciamento ambiental6 para empreendimentos de 6 O Ministério da Infraestrutura lançou, na terça-feira (26/11/2019), o aplicativo para celulares do Sistema de Gestão de Licenciamento Ambiental (Sigesa). A versão mobile do sistema está disponível na Play Store e App Store. A partir do download, o cidadão terá acesso às informações sobre o processo de licenciamento ambiental dos empreendimentos de infraestrutura de transportes terrestres. Será possível acompanhar todas as etapas do licenciamento ambiental, 15 infraestrutura, com foco em rodovias7. (MINISTÉRIO DE INFRAESTRUTURA, 2020) A seguir, abordaremos sobre estudos de viabilidade técnica e econômica de rodovias. 2. ESTUDOS DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE RODOVIAS O Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER, define o estudo de viabilidade técnica e econômica de rodovias, como o conjunto de estudos desenvolvidos para avaliação dos benefícios sociais e econômicos decorrentes dos investimentos em implantação de novas rodovias ou melhoramentos de rodovias já existentes. A avaliação apura se os benefícios estimados superam os custos com os projetos e execução das obras previstas. (DNER, 1999) Os estudos de viabilidade técnica e econômica deverão demonstrar se a alternativa escolhida, sob o enfoque de traçado e características técnicas e operacionais, oferece maior benefício que outras, em termos de custos. Será imprescindível, a realização de estudos relativos ao impacto da rodovia sobre o meio ambiente e a fixação de cronograma para a execução das obras, de acordo com a disponibilidade dos recursos financeiros. (DNER, 1999) Ainda, o DNER explica que existem duas fases de estudos a serem desenvolvidos: preliminar e definitiva. como o lançamento de dados, a entrada no órgão responsável, as análises realizadas, as exigências, as licenças e as condicionantes. A tecnologia é gratuita e permite informações sobre o licenciamento de empreendimentos de transportes terrestre. Fonte: (GOVERNO FEDERA, 2019) Disponível em https://www.gov.br/pt-br/noticias/transito-e-transportes/2019/11/ministerio- da-infraestrutura-lanca-aplicativo-para-monitoramento-de-licencas-ambientais 7 Ficha de Caracterização de Atividade (FCA): é o formulário eletrônico padrão de solicitação de licenciamento definido pelo IBAMA visando a caracterização inicial do projeto – empreendimento ou atividade. Fonte: (AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES - ANTT, 2020) https://www.gov.br/pt-br/noticias/transito-e-transportes/2019/11/ministerio-da-infraestrutura-lanca-aplicativo-para-monitoramento-de-licencas-ambientais https://www.gov.br/pt-br/noticias/transito-e-transportes/2019/11/ministerio-da-infraestrutura-lanca-aplicativo-para-monitoramento-de-licencas-ambientais 16 2.1. Fase Preliminar Os estudos preliminares8 de engenharia abrangem as atividades de coleta de dados, estudos de alternativas de traçado e respectivos custos, quanto as avaliações das alternativas e a elaboração de anteprojetos. Nesta fase são desenvolvidas as atividades seguintes: I. Estudos ambientais; II. Determinação das diretrizes das alternativas; III. Pesquisas complementares; IV. Determinação do tráfego atual e futuro; V. Avaliação da capacidade e níveis de serviço VI. Levantamento socioeconômico; VII. Avaliação econômica dos benefícios; VIII. Processos de avaliação econômica dos investimentos rodoviários. (DNER, 1999) 2.2. Fase Definitiva Dá-se a definição e cálculo dos custos de investimento do projeto. Os custos de investimento nas análises econômicas visam obter: a) custos econômicos necessários à análise de viabilidade econômica (relação benefício/custo); b) custos financeiros necessários aos cronogramas de desembolso financeiro. (DNER, 1999) 8 DNER Instrução de Serviço IS-207 dá diretrizes sobre a elaboração de estudos preliminares de engenharia para rodovias (estudos de traçado). Fonte: http://www1.dnit.gov.br/download/DiretrizesBasicas.pdf http://www1.dnit.gov.br/download/DiretrizesBasicas.pdf 17 O investimento necessário para cada alternativa estudada deverá incluir custos de construção, de acordo com os seguintes itens, assim relacionados: I. Terraplenagem; II. Drenagem; III. Obras-de-arte correntes; IV. Obras-de-arte especiais; V. Pavimentação; VI. Relocação de serviços públicos locais; VII. Iluminação; VIII. Sinalização; IX. Obras complementares; X. Desapropriação da faixa de domínio e compra de direitos de acesso; XI. Medidas de proteção ambiental e recuperação do Passivo Ambiental; XII. Reassentamento de população afetada pelo empreendimento; XIII. Paisagismo e urbanização; XIV. Obras temporárias para a manutenção do tráfego durante a construção; XV. Custo do projeto de engenharia rodoviária e supervisão na fase de construção; XVI. Custos eventuais; XVII. Custos de operação e manutenção para o período de vida útil (a ser definido). (DNER, 1999) Custos de operação e manutenção para o período de vida útil (a ser definido). Os componentes dos custos em moeda estrangeira, provenientes de operações de crédito e com importação de equipamentos, veículos, materiais de construção, combustíveis e outros, serão determinados e indicados em colunas próprias nas planilhas de composição de custos. (DNER, 1999) Feito estes procedimentos, segue a elaboração de projeto de engenharia para construção de rodovias submetidas a estudos de viabilidade técnica e econômica. (DNER, 1999) 18 3. ELABORAÇÃO DE PROJETO DE ENGENHARIA PARA A CONSTRUÇÃO DE RODOVIAS SUBMETIDAS A ESTUDOS DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA O DNER define o projeto de engenharia para a construção de rodovias submetidas a estudos de viabilidade técnica e econômica, o conjunto de estudos e projetos a ser desenvolvido para definir o projeto de uma rodovia, da qual se dispõe de estudo prévio de viabilidade técnica e econômica, observadas as características técnicas contidas nas instruções de serviço. O projeto será desenvolvido em duas fases: preliminar e projeto. (DNER, 1999) 3.1. Elaboração do Projeto 3.1.1. Fase preliminar Nesta fase será procedida a reavaliação do estudo de viabilidade com os seguintes objetivos: I. Avaliação do projeto a ser desenvolvido, considerando os serviços necessários à execução e custos correspondentes; II. Apresentação de toda e qualquer observação considerada pertinente e que venha modificar alguma conclusão ou recomendaçãodo estudo; III. Elaboração de parecer conclusivo quanto aos resultados apresentados no volume 2 - Anteprojeto de Engenharia, integrante do Relatório Final do Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica (EB-101). (DNER, 1999) 3.1.2. Fase de projeto A elaboração do projeto terá início com a locação do anteprojeto geométrico, desenvolvido no estudo de viabilidade e se constituirá das seguintes atividades 19 (ver Tabela 2): Tabela 2 Instrução de serviço para elaboração de projeto Instrução de Serviço Atividade IS-205 Estudos topográficos IS-206 Estudos geotécnicos IS-203 Estudos hidrológicos IS-208 Projeto geométrico IS-209 Projeto de terraplenagem IS-210 Projeto de drenagem IS-211 Projeto de pavimentação (pavimentos flexíveis) IS-213 Projeto de interseções, retornos e acessos IS-214 Projeto de obras-de-arte especiais IS-215 Projeto de sinalização IS-216 Projeto de paisagismo IS-217 Projeto de defensas e barreiras IS-218 Projeto de cercas IS-219 Projeto de desapropriação IS-220 Orçamento das obras IS-222 Plano de execução da obra IS-225 Projeto de pavimentação (pavimentos rígidos) IS-246 Componente ambiental de projetos de engenharia rodoviária Fonte: DNER, 199. Adaptado. 3.2. Apresentação 3.2.1. Fase preliminar Ao término da fase preliminar será apresentado o Relatório Parcial 01, contendo as conclusões dos estudos desenvolvidos e as recomendações a respeito dos trabalhos a serem cumpridos na fase seguinte, o qual será constituído pelos volumes discriminados no (Quadro 1): 20 Quadro 1 Relatório parcial Fonte: DNER, 1999. 3.2.2. Fase do projeto Finalizando a fase de projeto será apresentado o Relatório Final, inicialmente sob a forma de minuta. Após exame e aprovação do DNER, será apresentado sob a forma de impressão definitiva. O Relatório Final será constituído pelos seguintes volumes, (ver Quadro 2): Quadro 2 Relatório final Fonte: DNER, 1999. A seguir, trataremos sobre principais obras de artes especiais e infraestrutura suas etapas de projetos. 21 4. OBRAS DE ARTES ESPECIAIS O DER-SP define como obras de artes especiais (OAEs) ponte, viaduto, passagem inferior, passagem superior, e pontilhão. (DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006) A expressão “obra de arte” tem sua origem no século III A.C., quando essas construções eram executadas por artesãos. Na engenharia moderna, estruturas como pontes e viadutos, que demandam um projeto específico para cada caso, recebem a denominação de Obras de Arte Especiais (OAE’s). Veja abaixo os principais tipos de OAE’s presentes em nossos empreendimentos: (DERSA, 2017) • Ponte - obra destinada à transposição de obstáculo à continuidade do leito normal de uma via, cujo obstáculo deve ser constituído por água, como rios, braços de mar, lagos, lagoas etc; • Viaduto - obra destinada à transposição de obstáculo à continuidade do leito normal de uma via, cujo obstáculo não é constituído por água, como vales, outras vias etc; • Passagem Inferior - obra destinada à transposição sobre uma via permitindo à continuidade do leito normal da via principal; • Passagem Superior - obra destinada à transposição sob uma via permitindo à continuidade do leito normal da via principal; • Pontilhões, pontes ou viadutos de um único vão, menor que 15 m. (DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006) 22 Foto 3 Estrutura OAEs Fonte: DERSA, 2017 Foto 4 OAE 103 da Nova Tamoios Contornos Fonte: DERSA, 2017 23 Foto 5 OAE Rodoanel Norte - elementos construtivos Fonte: DERSA, 2017 Foto 6 Processo construtivo Fonte: DERSA, 2017 24 4.1. Estruturas Construtivas OAEs 4.1.1. Superestrutura A Superestrutura de uma OAE é o conjunto de elementos localizados na porção superior da obra, responsáveis pelo transporte horizontal das cargas. É formada, em geral, pelo tabuleiro e as vigas longarinas que lhe dão suporte. Chama-se de tabuleiro o pavimento superior da OAE composto principalmente pela laje, uma lâmina horizontal de concreto, onde se estrutura o pavimento e outros elementos que finalizam a superestrutura. A maior parte das OAE’s do Rodoanel Norte e da Nova Tamoios Contornos foram executadas com vigas sob o tabuleiro, mas também foram aplicados outros métodos construtivos para a superestrutura, como o caixão perdido e as aduelas, conforme veremos a seguir. (DERSA, 2017) Foto 7 OAE BR-116 - Viaduto na Rodovia Presidente Dutra, km 184,3m, em Pindamonhangaba/SP Fonte: TRAENGE CONSTRUÇÕES, 2020 25 4.1.1.1. Vigas Vigas são suportes gigantes de aço e concreto utilizadas na construção de pontes e viadutos que absorvem o impacto na laje causado pelos veículos, transferindo todo o peso para os pilares de sustentação. Para as OAE’s do Rodoanel Norte e da Nova Tamoios Contornos, foram utilizadas, principalmente, vigas pré-moldadas em concreto protendido. Vigas pré-moldadas são aquelas fabricadas previamente fora do local de utilização definitiva da estrutura. Elas são moldadas em um “pátio de vigas” e podem ter de 20 a 40 metros de comprimento. Após serem fabricadas nos pátios, as vigas pré-moldadas são submetidas ao processo de “protensão” e passam a ser chamadas de vigas protendidas. Nesse processo são introduzidos cabos de aço de alta resistência, que reduzem a incidência de fissuras e garantem mais segurança à estrutura. Após este processo, as vigas protendidas são transportadas, içadas e posicionadas definitivamente na estrutura. (DERSA, 2017) Foto 8 Vigas pré moldadas para pontes Fonte: CONSTRUTORA ESTILO, 2020 26 Foto 9 Vigas protendidas Fonte: DERSA, 2017 O lançamento de vigas é uma importante e complexa etapa na construção de OAE’s. O posicionamento das vigas pode ser feito de duas maneiras: com 7guindastes ou treliça. No lançamento por guindaste as vigas são presas por cabos de aço e sus7pensas por dois guindastes até serem posicionadas entre os apoios. Quando não há espaço para o posicionamento dos guindastes ou o terreno não é favorável, o lançamento de vigas é feito por meio da treliça – aparelho móvel que desliza pela obra de arte, apoiando nos pilares até alcançar o local onde será colocada a viga. (DERSA, 2017) Foto 10 Lançamento de vigas por treliças Fonte: DERSA, 2017 27 4.1.1.2. Caixão perdido Técnica utilizada na construção de Obras de Artes Especiais em que se forma um espaço entre a laje inferior e a superior da estrutura, formando um sistema único de união de laje/ vigas/laje. Esta técnica é bastante utilizada em pontes e viadutos em curva por ser resistente a esforços de torção, e apresenta vantagens como a economia na utilização de concreto, redução significativa do peso da estrutura, e a possibilidade de execução de grandes vãos com relativamente pouca espessura. (DERSA, 2017) Foto 11 Fôrma e armação do caixão Fonte: DERSA, 2017 Foto 12 Caixão concretado Fonte: DERSA, 2017 28 4.1.1.3. Balanço sucessivo Método de construção de pontes e viadutos que consiste na execução da estrutura em segmentos denominados aduelas. A partir de um pilar de suporte, essas peças avançam em balanço, uma a uma, até a totalidade da estrutura, com o apoio de treliças metálicas. A técnica é indicada para vencer vãos de difícil acesso, como rios, vales ou vias de tráfego intenso, e também quando a altura da ponte em relação ao terreno é grande. (DERSA, 2017) Foto 13 Seção transversal de uma aduela Fonte: DERSA, 2017 4.1.2. Mesoestrutura A mesoestrutura da OAE é o conjunto de elementos estruturais localizados na porção média da obra. É formada, em geral, pelos pilares e aparelhos de apoio da obra, sendo responsáveis pela transmissão dos esforços da superestrutura para a infraestrutura. (DERSA, 2017) 29 4.1.2.1. Fôrmas trepantes Essa técnica é indicadapara a construção de estruturas de concreto de alturas elevadas, como é o caso dos pilares. A sequência de execução com um sistema de formas trepantes se inicia com a montagem do conjunto de painéis da forma. Após a concretagem do pilar até um determinado nível, a fôrma e a plataforma de trabalho são içados. Com a plataforma de trabalho livre, pode-se então ajustar a armação e preparar as fôrmas para a concretagem. O processo vai se desenvolvendo dessa maneira até atingir o topo da estrutura. (DERSA, 2017) Foto 14 Execução de fôrmas trepantes no Rodoanel Norte Fonte: DERSA, 2017 30 Foto 15 OAE 109 do Rodoanel9 Fonte: DERSA, 2017 4.1.3. Infraestrutura A infraestrutura da OAE corresponde à sua fundação – os elementos que transmitem o peso da estrutura para as camadas resistentes do solo. A escolha da fundação é feita em função da intensidade da carga que a obra irá gerar e do tipo de solo. (DERSA, 2017) 4.1.3.1. Estacas As estacas são elementos de fundação profunda cravadas ou perfuradas no solo e caracterizadas por grandes comprimentos. As fundações profundas são utilizadas em obras de grande porte e quando as camadas superficiais do solo são fracas. As estacas garantem solidez à fundação para a construção de pontes 9Com aproximadamente 58 metros de altura máxima, a OAE 109 do Rodoanel Norte tem os pilares mais altos do empreendimento - equivalente a um prédio de 19 andares. DERSA, 2017 31 e viadutos. Entre os tipos existentes, podemos citar como exemplo a estaca cravada, utilizada em locais com profundidade grande de solo mole, em terraplenagem ou obras de arte especial, e a estaca-raiz, que escava qualquer tipo de material, até mesmo concreto e rocha. (DERSA, 2017) Foto 16 Execução de estaca-raiz Fonte: DERSA, 2017 Foto 17 OAE 205 da Nova Tamoios Fonte: DERSA, 2017 4.1.4. Contenções de taludes Os projetos de contenção reduzem a área de atuação do empreendimento amenizando o impacto ambiental da obra. Além disso, oferecem segurança para os funcionários e garantem a estabilidade e resistência do solo. (DERSA, 2017) 32 4.1.4.1. Cortina atirantada Técnica usada para prevenir a erosão e o deslizamento do solo, funciona como uma “cortina” de contenção aplicada em terrenos com pouca estabilidade. Essa técnica reduz a área de extensão da obra, amenizando o impacto ambiental, além de oferecer segurança para os trabalhadores. (DERSA, 2017) Foto 18 Cortina atirantada Fonte: DERSA, 2017 4.1.4.2. Solo grampeado Utilizado para estabilizar taludes naturais ou resultantes do processo de escavação. Nessa técnica, barras de aço são introduzidas para reforçar o maciço e em seguida são envolvidas por calda de cimento ao longo de todo seu comprimento, tornando-se um “grampo”. (DERSA, 2017) 33 Foto 19 Solo grampeado Fonte: DERSA, 2017 4.1.4.3. Terra armada Tipo de contenção realizada por placas pré-moldadas de concreto, chamadas de “escamas”. A pressão do sistema é distribuída em tiras metálicas, presas às escamas. O método tem como vantagem a agilidade na execução, capacidade de atingir grandes alturas, além de ter uma ótima relação custo-benefício. (DERSA, 2017) Foto 20 Terra armada Fonte: DERSA, 2017 34 4.1.5. Tubulões Tubulão é um elemento de fundação profunda, executada através da concretagem de uma escavação aberta no terreno, de perfuração do solo por onde há a descida de operário para a conferência das dimensões da base, que costuma ser alargada. Os tubulões podem ser executados a céu aberto ou sob ar comprimido. (DERSA, 2017) Foto 21 Tubulão a ar comprimido em execução na Nova Tamoios Contornos Fonte: DERSA, 2017 O tubulão a céu aberto é executado concretandose um poço aberto no terreno. A escavação pode ser manual ou mecanizada e, na etapa final, há descida de pessoal para alargamento da base ou limpeza do fundo. Quando o tubulão é executado com a presença de lençol freático é posicionada uma estrutura na superfície acima do poço que comprime o ar no interior e permite a escavação da base sem interferência da água. Esse tipo de fundação é chamado de tubulão a ar comprimido. (DERSA, 2017) 35 Foto 22 Tubulão céu aberto e ar comprimido Fonte: DERSA, 2017 4.1.6. Escavação O cuidado na construção dos túneis começa antes do início das escavações. São realizadas, por exemplo, análises geológicas para garantir a estabilidade do local em que serão abertos. Esse tipo de precaução segue durante todas as etapas das obras. A abertura de emboques é realizada, ao mesmo tempo, nos dois lados da montanha que abrigará o túnel. Durante a etapa, um trabalho fundamental é a “pregagem”, que dura de 60 a 90 dias. Nessa fase, são feitos furos de 12 a 20 metros e injetadas barras de ferro e caldas de cimento para garantir a contenção das encostas. Para que a construção comece, deve-se eliminar também o risco de desmoronamento da parte superior da entrada do túnel. Para isso, é feita a “enfilagem”, processo no qual várias barras são introduzidas ao longo de todo o portal de entrada. (DERSA, 2017) 36 Foto 23 Escavação em túnel Fonte: DERSA, 2017 Para escavação em solo, o método NATM – New Austrian Tunneling Method é empregado na mineração de larga escala, e permite a execução de túneis de grande diâmetro em seção transversal. Com aproximadamente 20 metros de largura, os túneis do Rodoanel Norte estão entre os mais largos que existem no Brasil e na América do Sul, até o momento. (DERSA, 2017) Foto 24 Processo de escavação Fonte: DERSA, 2017 37 Já na escavação de rocha, enquanto o NATM é empregado para execução do túnel em trechos em solo, o método utilizado para os trechos em rocha é o Drill & Blast, com perfuração e detonação do maciço rochoso. Um importante equipamento utilizado nessa etapa são os Jumbos, máquinas gigantes que perfuram a rocha e agilizam a construção dos túneis. Totalmente informatizados, os Jumbos proporcionam um indiscutível incremento em precisão e segurança para perfuração dos nichos onde os explosivos são colocados. (DERSA, 2017) 4.1.7. Camada de sacrifício Esta é etapa de execução do revestimento final do túnel é aplicada uma camada de microfibras de polipropileno incluídas na estrutura das paredes do túnel, chamada de “camada de sacrifício”. As microfibras derretem com o calor do fogo e criam vazios no concreto, que servem como uma válvula de escape para a pressão produzida pelo vapor que se forma na estrutura, evitando o lascamento do revestimento que pode causar demolições. (DERSA, 2017) Foto 25 Concreto projetato em túneis - revestimento de impermeabilização Fonte: BELGO BEKAERT, 2018 38 Foto 26 Túnel NATM Fonte: SOLOTRAT, 2020 4.2. Túneis A construção de túneis está entre as mais difíceis obras da Engenharia Civil. A composição do terreno determina a técnica empregada e a escavação é feita, ao mesmo tempo, nos dois lados da montanha. Apesar das dificuldades, os túneis são importantes estruturas para garantir agilidade à viagem e reduzir o impacto ambiental e social ao longo do traçado do empreendimento, pois permitem uma passagem direta por baixo dos obstáculos. (DERSA, 2017) 36 Foto 27 Infográfico - Túnel Rodoanel Norte Fonte: DERSA, 2017 Foto 28 Perfuração e Detonação de Rocha na Pedreira Santa Clara Fonte: TONIOLO BUSNELLO, 2020 Foto 29 Perfuração e Detonação de Rocha na Pedreira Santa Clara Fonte: TONIOLO BUSNELLO, 2020 38 Foto 30 Trecho 23 do Rodoanel Mário Covas trechos Norte e Sul Fonte: TONIOLO BUSNELLO, 2020 Foto 31 Megatatuzão estação Eucaliptos da linha 5-Lilás do metrô, em São Paulo Fonte: EDSON LOPES, 2014 39 4.3. Pavimentação 4.3.1. Pavimentação de concreto Nos empreendimentos são utilizados dois tipos de pavimentação: asfáltica (flexível) e de concreto (rígido). Nos trechos acéu aberto e nas OAE’s, é usado o pavimento asfáltico, material de fácil conservação. (DERSA, 2017) O interior dos túneis é pavimentado com concreto. Esse material é mais seguro por não ser inflamável, prevenindo incêndios, e apresenta mais resistência e durabilidade. Além disso, por ser um material não inflamável, o concreto não potencializa a combustão ou a geração de fumaça ou gases tóxicos muito comuns em pavimentos asfálticos. (DERSA, 2017) Foto 32 Pavimentação trecho norte Rodoanel Fonte: DERSA, 2017 4.3.2. Pavimentação acabadora Um equipamento destinado à distribuição uniforme de mistura asfáltica na execução de camadas de pavimentos. Em geral, as acabadoras trabalham com uma abertura em torno de 8,2 m. (DERSA, 2017) 40 Foto 33 Equipamento destinado à distribuição uniforme de mistura asfáltica na execução de camadas de pavimentos Fonte: DERSA, 2017 Foto 34 Via acabada Fonte: DERSA, 2017 41 4.4. Obras Complementares Obras complementares são aquelas que não comprometem a total funcionalidade do empreendimento, destinadas a agregar valores adicionais de segurança viária e conforto à população local, que é o caso dos sistemas de iluminação, ventilação e outras obras. (DERSA, 2017) Foto 35 Passarela de pedestres na Tamoiois Planalto Fonte: DERSA, 2017 As passarelas de pedestres e os acessos nas propriedades lindeiras às rodovias são exemplos de obras complementares. Essas estruturas são construídas sobre rodovias para dar segurança à travessia de pedestres e não interferir no tráfego de veículos. Atualmente, estão sendo construídas 12 passarelas na Nova Tamoios Planalto, com baias para paradas de ônibus. A Nova Tamoios Contornos e o Rodoanel Norte contarão com 2 dessas estruturas em seu traçado. (DERSA, 2017) 4.5. Fiscalização Um planejamento integrado entre engenharia e gestão socioambiental resulta em empreendimentos sustentáveis. É importante desenvolver programas nas diferentes fases dos empreendimentos para a redução e compensação do 42 impacto das obras e resultam na preservação dos recursos naturais e melhora na qualidade de vida nos meios urbanos. (DERSA, 2017) A gestão socioambiental prevê punições financeiras no momento do processamento das medições para as empresas que não cumprirem as exigências do empreendimento. (DERSA, 2017) A fiscalização se baseia em diversos documentos ambientais do projeto, como o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) e o Projeto Básico Ambiental (PBA). (DERSA, 2017) 4.5.1. Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) O Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) é exigido na fase de Licença Prévia de empreendimentos ou atividades que exigem interferências no ambiente em que serão executados. Esses documentos trazem uma ampla avaliação dos impactos ambientais gerados pelo empreendimento, bem como indicam as medidas mitigatórias correspondentes para viabilizar a obra. (DERSA, 2017) • Meio físico: o ar, o clima, os recursos hídricos, minerais etc; • Meio biológico e os ecossistemas naturais: a fauna e a flora; e • Meio socioeconômico: a população local e o uso dos recursos naturais, além dos sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade. (DERSA, 2017) Os termos apresentados no EIA/RIMA são discutidos em Audiências Públicas. Nesses encontros, feitos com a participação da população, buscam-se opiniões e soluções para as demandas sociais. Como uma forma de exercício de cidadania, essas audiências possibilitam a troca de informações quando as decisões podem afetar direitos coletivos. (DERSA, 2017) 43 4.5.2. Plano Básico Ambiental - PBA O Plano Básico Ambiental (PBA) é o detalhamento dos programas ambientais propostos no EIA/RIMA e incorporados no processo de licenciamento de um empreendimento. O documento mostra como se colocará em prática tudo o que foi previsto e como será o atendimento às exigências dos órgãos licenciadores. No PBA são especificados os prazos, as responsabilidades, as competências e as metas de cada uma das ações a serem implementadas. (DERSA, 2017) 5. PROJETO DE ESTRUTURA DE OAE O projeto de estruturas de obra de arte especial deve ser elaborado em três etapas, estudo preliminar, projeto básico e projeto executivo. 5.1. Estudo Preliminar Nesta etapa são coletados dados básicos existentes visando à elaboração do estudo. Devem ser obtidos os seguintes elementos: 1. Plantas cartográficas ou topográficas existentes; 2. Sondagens existentes; 3. dados hidráulicos e hidrológicos para o dimensionamento dos gabaritos de pontes; 4. Dados de campo: pesquisa de enchente máxima, situação de obras existentes a montante, jusante ou no local; 5. Traçado em planta e em perfil da via; 6. Gabaritos horizontais e verticais. (DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006) A partir desses elementos deve-se determinar o comprimento da obra, os possíveis pontos de apoio e a indicação da solução estrutural. Devem ser estudadas, no mínimo, duas soluções estruturais exequíveis, prevalecendo a escolha da alternativa menos onerosa. Para efeito de levantamento de custos 44 nesta etapa do projeto, os quantitativos são obtidos por metro quadrado de tabuleiro. (DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006) 5.2. Projeto Básico Nesta etapa do projeto são analisados os sistemas estruturais adotados no estudo preliminar. Deve-se projetar obra esteticamente compatível com o local e com outras obras existentes, quando for o caso. O projeto deve basear-se nos novos dados disponíveis tais como levantamento planialtimétrico, sondagens, projeto geométrico, estudos hidráulicos e hidrológicos básicos etc. (DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006) O projeto básico de obra de arte especial deve ser constituído pela escolha da solução que melhor atenda aos critérios técnicos, econômicos e administrativos e aos requisitos operacionais da rodovia. Também são analisados os aspectos arquitetônicos e paisagísticos da obra. (DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006) Deve ser realizado o pré-dimensionamento de no mínimo duas alternativas propostas, definindo as principais seções e elementos de relevância da estrutura. O projeto básico também deve conter as verificações de resistência e o quantitativo de materiais da obra. (DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006) 5.3. Projeto Executivo As atividades desta etapa incluem o detalhamento da solução apresentada no projeto básico, com elementos mais precisos, considerando os novos dados disponíveis de topografia, geotecnia, projeto geométrico, meio ambiente, estudos hidráulicos e hidrológicos executivos etc. (DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006) 45 O projeto executivo é constituído pelos estudos da obra, suas peças estruturais e acessórias são perfeitamente definidas em relação às dimensões e às posições. Devem ser apresentadas as locações definitivas, obedecendo aos traçados em planta e em perfil da via, aos gabaritos e às demais especificações previamente estabelecidas. (DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006) Os documentos elaborados nesta etapa devem possibilitar a execução da obra e de todos os seus complementos. (DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006) 5.4. Serviços Preliminares - Especificação de Serviço Na área de engenharia rodoviária e ferroviária, construções desenvolvidas por artífices são denominadas obras de arte “especiais” (OAEs) por se oporem às construções comuns, como casas ou edifícios. Obras de grande importância, como pontes, viadutos, túneis e passarelas estão dentro dessa categoria. (DYNATEST ENGENHARIA,2019) A seguir, serão apresentados a sistemática empregada na execução de serviços preliminares10 na construção de pontes e viadutos rodoviários de concreto armado. Além disso os requisitos concernentes ao exame do projeto e especificações, à localização da obra e ao preparo do terreno, aos levantamentos topográficos, à locação da obra, ao projeto e execução do canteiro de obras11, aos materiais, equipamentos, inclusive plano de amostragem, condicionantes ambientais, controle de qualidade, condições de 10 Serviços preliminares – atividades necessárias ao início da construção de uma obra compreendendo, entre outros, o preparo do terreno, a execução do projeto do canteiro de obra, a discriminação dos equipamentos utilizados e a locação da obra. (DNIT, 2009) 11 Área junto à obra, onde são dispostos de maneira racional e ordenada, os escritórios, os depósitos de materiais, os equipamentos e, quando não são adquiridos prontos, os locais de fabricação de fôrmas e de corte e dobragem das armaduras. (DNIT, 2009) 46 conformidade e não-conformidade e os critérios de medição dos serviços das obras de artes especiais. (NORMA DNIT 116/2009 ES, 2009) Algumas condições gerais devem ser vistas antes do início das obras, uma série de providências, mínimas, que devem ser tomadas: • Visita ao local da obra para conhecimento e confirmação de dados importantes para o desenvolvimento do empreendimento: clima, salubridade, disponibilidade de mão-de-obra, facilidades de acesso, enchentes de rios próximos e outros específicos da obra; • Verificação da disponibilidade de área adequada para localização de um canteiro de obra; • Revisão do projeto e das especificações; • Levantamento dos equipamentos necessários, dos disponíveis e dos que devem ser adquiridos ou locados. (NORMA DNIT 116/2009 ES, 2009) Outras condições específicas devem ser consideradas para que a construção da obra seja conduzida no prazo previsto e dentro do orçamento é necessário um planejamento com o conhecimento dos seguintes itens, mínimos: • Identificação das atividades específicas e a ordem de precedência destas atividades; • Adequado sequenciamento das atividades, propiciando a conclusão da obra no prazo previamente fixado; • Prazo para entrega dos materiais e instalação dos equipamentos; • Classificação e número de operários e técnicos e períodos de tempo em que serão necessários; • Definição das necessidades do canteiro de obras; • Programação de desembolsos e eventuais financiamentos necessários. (NORMA DNIT 116/2009 ES, 2009) 47 5.4.1. Condicionantes para operação das OAEs 5.4.1.1. Canteiro de obras - localização e preparo do terreno Conhecidas as necessidades do canteiro de obras e após o estudo de vários locais aparentemente igualmente adequados, deve ser escolhido o que possui um terreno livre de enchentes, drenado e com solo com boa capacidade de suporte, para permitir a estocagem de materiais e tráfego de equipamentos pesados. Em seguida, deve ser feita a preparação do terreno, com o desmatamento, limpeza, eliminação de poças de água e nivelamento de toda a área; cercas e portões devem delimitar o canteiro. (NORMA DNIT 116/2009 ES, 2009) 5.4.1.2. Instalações Definidas as necessidades do canteiro de obras, cabe ao executante providenciar instalações adequadas para almoxarifado, alojamento e alimentação de funcionários, oficinas, depósito de materiais e combustíveis, preparo de fôrmas e armações, produções de concreto e fabricação de pré- moldados, se houver, e centro médico para atendimento de urgência. As instalações devem ser executadas em compartimentos independentes e os alojamentos devem dispor de energia elétrica, de água corrente e de esgotos sanitários. Algumas disposições devem ser adotadas para o bom funcionamento do canteiro de obras: • O arranjo das diversas áreas deve ser tal que o tempo necessário para deslocar materiais das áreas de estocagem até o local da construção seja o menor possível; • Materiais similares devem ser estocados em locais próximos. (NORMA DNIT 116/2009 ES, 2009) 48 5.4.1.3. Remoção de obstáculos Os obstáculos que impeçam a boa execução dos serviços devem ser removidos pelo executante e o material resultante transportado para locais previamente determinados, a fim de minimizar os danos inevitáveis e possibilitar a posterior recuperação ambiental. (NORMA DNIT 116/2009 ES, 2009) 5.4.1.4. Locação da obra A locação da obra, indicada no projeto e compreendendo o eixo longitudinal e as referências de nível, deve ser materializada e complementada pelo executante. (NORMA DNIT 116/2009 ES, 2009) 5.4.1.5. Condicionantes ambientais Os serviços preliminares, que incluem o canteiro de obras, com seus acessos e a inevitável remoção de obstáculos, são os que mais podem prejudicar a preservação do meio ambiente. (NORMA DNIT 116/2009 ES, 2009) De acordo com a Norma DNIT 070/2006 – PRO, as condicionantes ambientais das áreas de uso de obras a fim de minimizar as agressões ao meio ambiente, concernentes aos Serviços Preliminares: • Evitar a realização de serviços em Área de Preservação Permanente; • Dependendo do vulto da construção, pode ser necessário mobilizar uma área considerável para instalar o canteiro de obras; esta área deve ser preparada sem utilizar queimadas, como forma de desmatamento, e sem obstruir eventuais cursos d’água existentes; • Os esgotos, de utilização temporária, não devem ser lançados “in natura” nos cursos d’água; dependendo do vulto e duração da obra, devem ser usadas fossas sépticas ou pequenas estações de tratamento primário de esgoto; 49 • Após a conclusão da obra, a área utilizada deve ser limpa, removendo-se todos os vestígios da utilização para a construção; • A vegetação primitiva deve ser recomposta. (NORMA DNIT 116/2009 ES, 2009) 5.4.1.6. Inspeções - controle dos insumos Todos os ensaios de controle e verificação dos insumos da execução devem ser realizados de acordo com o Plano de Qualidade (PGQ), constante da proposta técnica aprovada e conforme a Norma DNIT 011/2004- PRO, devendo atender às condições gerais e específicas das seções 4 e 5 desta Norma, respectivamente. Os resultados do controle devem ser analisados e registrados em relatórios periódicos de acompanhamento, de acordo com a Norma DNIT 011/2004-PRO, que estabelece os procedimentos para o tratamento das não- conformidades dos insumos, da execução e do produto. (NORMA DNIT 116/2009 ES, 2009) 5.4.1.7. Critério de medição Os serviços preliminares devem ser medidos de acordo com as condições estabelecidas no contrato. (NORMA DNIT 116/2009 ES, 2009) 6. PRINCIPAIS OBRAS DE ARTE ESPECIAIS (OAE) BRASILEIRAS As principais obras de arte especiais brasileiras são de grande valor à indústria de infraestrutura de transportes, destacando-se por características como tamanho, materiais usados ou pioneirismos. Abaixo, conheça algumas das principais construções especiais brasileiras: (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) 50 6.1. Ponte Rio-Niterói Localizada na baía de Guanabara, liga a Ponta do Caju, no Rio de Janeiro, à Avenida do Contorno, em Niterói. É considerada a maior ponte de concreto protendido do Hemisfério Sul, e a sexta maior do mundo. (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) A obra possui 13,29 quilômetros de comprimento e 72 metros de altura no maior pilar, sendo a 11ª ponte mais extensa do planeta. A inauguração da ponte ocorreu em 1974, após seis anos de trabalho, com projeto idealizado por Mario Andreazza, ministro dos Transportes na época. (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) Atualmente, a ponte recebe mais de 150 mil passageiros em dias de fluxo normal, segundo a concessionária Ecoponte. São mais de 2.150 km de cabos em seu interior, e o vão central é o maior em viga reta contínua do mundo, com 300 metros de comprimento. (DYNATEST ENGENHARIA, 2019)Foto 36 Ponte Rio-Niterói - RJ Fonte: (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) http://www.ecoponte.com.br/ 51 6.2. Ponte Rodoferroviária (SP/MS) A Ponte Rodoferroviária liga os estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo sobre o Rio Paraná, unindo Aparecida do Taboado (MS) a Rubinéia (SP). Foi inaugurada em maio de 1998 e custou mais de 800 milhões de reais aos governos federal e do estado de São Paulo. (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) A estrutura possui quatro faixas de rolamento para veículos rodoviários na parte superior, duas em cada sentido, ligando as rodovias Euclides da Cunha (SP-320) e BR-158 – importante ligação entre as regiões Sudeste e Centro- Oeste do Brasil. Na parte inferior há uma via ferroviária. A extensão da ponte é de 3.700 metros, o que a configura como a maior ponte fluvial do Brasil. Cada vão possui 100 metros de comprimento. (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) Foto 37 Ponte Rodoferroviária (SP/MS) Fonte: (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) 6.3. Ponte Ayrton Senna (PR/MS) Inaugurada em janeiro de 1988 como continuação da BR-163, a Ponte Ayrton Senna situa-se entre as cidades de Guaíra (PR) e Mundo Novo (MS). É a única ponte no mundo em curva na parte central com tobogã. Possui 2,8 quilômetros de extensão, 7,2 metros de largura e altura máxima no canal de navegação de 52 13 metros. O maior pilar da ponte possui 52 metros de altura. (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) Foto 38 Ponte Ayrton Senna (PR/MS) Fonte: (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) 6.4. Ponte do Rio Negro (AM) Também conhecida como Ponte do Jornalista Phelippe Daou, é a maior ponte fluvial estaiada do país. Faz parte da Rodovia Manoel Urbano (AM-070), que liga Manaus a Iranduba, ambas no estado de Amazonas. (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) Inaugurada em outubro de 2011, é a primeira e única ponte que atravessa o trecho brasileiro do Rio Negro. Possui 11 km de extensão total, sendo 3,6 km sobre o Rio Negro, 2 km na margem esquerda e 5,5 km na margem direita. Trata- se da maior ponte estaiada em águas fluviais do Brasil, graças a seus 400 metros de seção suspensa por cabos. (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) 53 Foto 39 Ponte do Rio Negro (AM) Fonte: (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) 6.5. Terceira Ponte (ES) Com o nome oficial Ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça, a obra liga os municípios de Vitória e Vila Velha, no Espírito Santo. Localizada na Baía de Vitória, ficou conhecida como Terceira Ponte por ser a terceira construção do tipo que liga as duas cidades. (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) Com 3,33 km de extensão, é a quinta maior ponte em extensão do Brasil. Seu vão principal tem 70 metros de altura, além de possuir 260 metros de distância entre os pilares, o que permite a navegação de embarcações de grande porte na baía. (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) 54 Foto 40 Terceira Ponte (ES) Fonte: (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) 6.6. Viaduto 13, Vespasiano Corrêa (RS) Também conhecido como Viaduto do Exército, é o mais alto das Américas, e o terceiro mais alto do mundo, ficando atrás do viaduto Mala Rijeka, em Montenegro, e a ponte de Beipanjiang, na China. Inaugurado em 1978, faz parte da Ferrovia do Trigo, no trecho que conecta as cidades de Muçum e Vespasiano Corrêa, no Rio Grande do Sul. (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) A obra tem 143 metros de altura e 509 de extensão, com fundações de sapata corrida, enterradas a 21 metros abaixo do nível do solo. Quatro paredes de 80 centímetros de espessura formam os pilares do viaduto. Inaugurada em 1978, a denominação “13” decorre do fato de ser o 13º viaduto de uma sequência que se inicia no centro da cidade de Muçum, a “Princesa das Pontes”. (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) 55 Foto 41 Viaduto 13, Vespasiano Corrêa (RS) Fonte: (DYNATEST ENGENHARIA, 2019) 7. OBRAS DE ARTE ESPECIAIS PELO MUNDO 7.1. Túnel de Laerdal – Noruega É o maior túnel rodoviário do mundo e possui 24,5 quilômetros de extensão, e liga as cidades de Laerdal e Aurland, no litoral sul da Noruega. São vinte minutos de travessia e possui um projeto de iluminação especial, dividido em várias partes, para evitar que os motoristas caiam no sono e dar a sensação de passarem por diferentes túneis em um só. (DYNATESTE ENGENHARIA, 2020) 56 Foto 42 Túnel de Laerdal – Noruega Fonte: (DYNATESTE ENGENHARIA, 2020) 7.2. Eurotúnel – França e Inglaterra O “Túnel da Mancha”, uma das obras mais famosas do mundo, passa por baixo do Canal da Mancha e liga as cidades de Paris, na França, a Londres, na Inglaterra. Possui 50 quilômetros e é composto por três tubos (um tubo rodoviário e dois tubos ferroviários). Sua construção começou em 1987 e a inauguração aconteceu em 6 de maio de 1994. (DYNATESTE ENGENHARIA, 2020) Foto 43 Eurotúnel – França e Inglaterra Fonte: (DYNATESTE ENGENHARIA, 2020) 57 7.3. Ponte Danyang-Kunshan – China Inaugurada em 2011, a maior ponte do planeta possui 164,8 quilômetros de comprimento e faz parte da linha ferroviária de alta velocidade de Pequim a Xangai. E desde sua inauguração possui o título de maior ponte do mundo no Guinness World Records. A construção é feita de vigas de caixa oca, colocadas em pilares feitos sob solo macio. Segundo a construtora que assinou a obra, a baixa construção pode suportar tufões e terremotos no estágio 8 em escalas mundiais. (DYNATESTE ENGENHARIA, 2020) Foto 44 Ponte Danyang-Kunshan – China Fonte: (DYNATESTE ENGENHARIA, 2020) 7.4. Ponte Changhua Kaohsiung – Taiwan A ponte Changhua Kaohsiung, em Taiwan, tem uma extensão total de 157,3 quilômetros e foi inaugurada e 2004. Também compõe uma linha ferroviária e representa quase metade do trilho de alta velocidade do país. Duzentos milhões de pessoas foram transportadas nos cinco primeiros anos após a conclusão da obra. (DYNATESTE ENGENHARIA, 2020) 58 Foto 45 Ponte Changhua Kaohsiung – Taiwan Fonte: (DYNATESTE ENGENHARIA, 2020) 7.5. Ponte Hong Kong - Zhuhai - Macau – China A construção. Inaugurada em 2018, possui 55 quilômetros de extensão e liga Hong Kong e Macau sobre o Delta do Rio das Pérolas. Inclui três pontes estaiadas e túneis que permitem a passagem de grandes navios entre duas ilhas artificiais. Possui a conexão rodoviária sobre ponte marítima mais longa do mundo, com três faixas nos dois sentidos. (DYNATESTE ENGENHARIA, 2020) Foto 46 Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau – China Fonte: (DYNATESTE ENGENHARIA, 2020) 59 8. CASE 8.1. Case 1 – Ponte ou Túnel Submerso Santos-Guarujá? No governo de Júlio Prestes (1927-1930), cogitou pela primeira vez a ligação seca, por ponte ou túnel, do trecho Santos-Guarujá. O primeiro projeto, do engenheiro e arquiteto Enéas Carneiro, era um túnel datado de 1927. Desde então, foram desenvolvidos outros três projetos até que saísse do papel a atual estrutura (ver figura). (SINDAPORT, 2019) Foto 47 Projeto para construção do túnel - 1927 Foto: Reprodução da internet Na década de 40, o engenheiro civil e arquiteto Francisco Prestes Maia elaborou o Plano Regional de Santos. Ele, que em duas oportunidades governou a cidade de São Paulo, contava com o apoio do então governador Adhemar de Barros para disseminar o projeto na Baixada Santista. (SINDAPORT, 2019) 60 O estudo de Prestes Maia visava trazer modernização a Santos, com desenvolvimento do Porto, do turismo e da indústria. O plano virou um livro, dividido em capítulos, sendo que o oitavo tratava, especificamente, da ponte que ligaria as ilhas de São Vicente e Santo Amaro. A ideia do engenheiro era a construção de uma ponte levadiça, nos moldes da Tower Bridge, em Londres, na Inglaterra. Parte das ideias de Prestes Maia foi absorvida pelo município, mas o projeto de ligação seca foi, novamente, engavetado. (SINDAPORT, 2019) Poucos anos depois, o engenheiro paulistano Luiz Muzi apresentou um novo projeto para a ponte entre Santos e Guarujá. No desenho, o sistema permitia umtrânsito livre às embarcações no canal de acesso ao Porto. Além disso, ela seria implantada na área onde hoje está o Ferry Boat. O acesso seria feito por meio de uma rampa ao estilo 'caracol'. Seriam percursos rotatórios, em rampas dispostas em forma helicoidal, que garantiriam a altura da estrutura de modo a não afetar o vaivém dos navios, ao mesmo tempo em que não interromperia o fluxo de veículos na passagem entre Santos e Guarujá. Muzi chegou a apresentar duas versões: uma com a construção das torres dentro d’água. A outra exibia as bases na parte terrena. No entanto, assim como o plano de Prestes Maia, a ideia do engenheiro não prosperou. (SINDAPORT, 2019) Em março de 2010, o então governador José Serra (PSDB) anunciou o projeto da ponte estaiada que ligaria as cidades. À época, o governo do Estado anunciava um complexo de 4,6 km, sendo 1 km de ponte que beneficiaria os cerca de um milhão de pessoas que vivem em Santos, São Vicente e Guarujá. Estimadas em cerca de R$ 700 milhões, as obras tinham duração prevista de 30 meses, após a assinatura do contrato. O projeto incluía duas faixas em ambos os sentidos, em um total de 4,8 km de novas pistas, com um quilômetro de trecho estaiado. Segundo o governador, o Estado daria "conta de todos custos”. (SINDAPORT, 2019) Para atender às especificações do porto, a altura da estrutura foi projetada em 80 metros, com declividade máxima de 6%. Do lado de Santos, o acesso à ponte era planejado pela avenida Mário Covas, próximo à avenida Cel. Joaquim Montenegro (Canal 6). Em Guarujá, seria na avenida Santos Dumont, próximo 61 ao rio Santo Amaro, porém o projeto foi abandonado no ano seguinte. (SINDAPORT, 2019) Foto 48 Plano Regional de Santos - Prestes Maia Fonte: Reprodução da internet Foto 49 Projeto de ponte - Luiz Muzi Fonte: Reprodução da internet 62 Foto 50 Perspectiva da ponte projetada por Luiz Muzi Fonte: Reprodução da internet A Ecovias, concessionária de rodovias que explora o Sistema Anchieta- Imigrantes (ligação entre São Paulo e o litoral paulista), apresentou projeto de construção da ponte entre as cidades de Santos e Guarujá estimada em R$ 2,9 bilhões. (ECORODOVIAS, 2019) Grande parte do projeto foi desenvolvido em viadutos e pontes, de modo a permitir a ligação rodoviária com o final da via Anchieta afetando assim o mínimo possível do sistema viário de Santos, passando sobre o canal do Porto de Santos e sobre a estrada da Codesp e conectando com a Rodovia Cônego Domênico, interferindo o mínimo possível com os manguezais e o canal portuário. (ECORODOVIAS, 2019) A pista contará com 2 faixas de rolamento por sentido e mais acostamento, com 3,5m de largura em cada faixa. O trecho a ser implantado tem características técnicas de rodovias Classe 1A, com pista dupla. O vão principal da ponte teria 85 metros de altura e 325 metros de largura entre os pilares. (ECORODOVIAS, 2019) 63 Foto 51 Maquete eletrônica pela EcoRodovias Fonte: ECORODOVIAS, 2019 Foto 52 Ponte sobre o canal, vista frontal Fonte: ECORODOVIAS, 2019 Foto 53 Balanço sucessivo, seção transversal Fonte: ECORODOVIAS, 2019 64 Foto 54 Seção transversal Fonte: ECORODOVIAS, 2019 8.1.1. Retomada do projeto do túnel submerso Em 2013 a Dersa promoveu o 1º seminário internacional para discussão técnica do túnel Santos/Guarujá. A proposta do túnel submerso é ligar Santos a Guarujá, tecnologia inédita no Brasil, OAE em concreto armado com profundidade mínima de 21 metros, 900 metros de extensão, com três faixas de rolagem por sentido, e com espaço exclusivo para pedestres e ciclistas. A passagem de veículos comportará automóveis, caminhões e até uma linha de VLT. (DERSA, 2011) O túnel liga os bairros de Outeirinhos, em Santos, a Vicente de Carvalho, no Guarujá, e permite, o tráfego de automóveis, caminhões, pedestres e ciclistas. A solução também é compatível com o sistema de VLT (veículo leve sobre trilhos) que será implantada na Baixada Santista. (DERSA, 2011) 65 Foto 55 Proposta do túnel submerso Fonte: Reprodução da internet Foto 56 Travessia Fonte: Reprodução da internet 66 Foto 57 Traçado do projeto da ligação seca Fonte: Reprodução da internet Neste ano (2020), Secretaria Estadual de Logística e Transportes retomou os debates para a construção do túnel submerso entre Santos e Guarujá. Ainda em fase embrionária, o plano consiste em atrelar a entrega do equipamento a projetos estruturais para a região. O entrave é como encaixá-lo em obras viáveis economicamente. (SINDAPORT, 2019) 67 Foto 58 Túnel em números Fonte: Reprodução da internet As principais vantagens dos túneis imersos sobre os túneis tradicionais (escavados) estão no custo de implantação (mais baixo) e na diminuição da extensão, profundidade e rampas de acesso. Estes túneis são semelhantes a grandes tubos apoiados sobre o fundo do canal. São compostos por várias "peças" (perfis de concreto ou de aço) que são construídas fora da água (em uma doca seca) e que, depois de prontas, são 68 seladas e rebocadas flutuando até o local definitivo do túnel, onde são finalmente afundadas. (SINDAPORT, 2019) Foto 59 Ilustração do túnel Fonte: Reprodução da internet Embaixo d'água, os perfis são conectados um a um e, depois, travados, de forma a garantir sua estanqueidade. Após a ligação de todos os segmentos ("peças"), o túnel é esgotado e a obra é finalizada, com a liberação para o tráfego (que pode ser de veículos, caminhões, trens, pedestres ou ciclistas). (SINDAPORT, 2019) 69 Foto 60 Processos construtivos do túnel Fonte: Reprodução da internet A primeira passagem de tráfego, que utilizou o método de túnel imerso, foi construída em 1910, para permitir a passagem da Ferrovia Central de Michigan (Michigan Central Railroad) sob o Rio Detroit, nos Estados Unidos. Embora ainda inédita no Brasil, foram catalogados mais de 150 túneis imersos atualmente em operação pelo mundo. (SINDAPORT, 2019) Os túneis imersos constituem uma alternativa interessante para a transposição secas de canais navegáveis, pois evitam as limitações de altura que surgem sempre que se opta pela construção de uma ponte. (SINDAPORT, 2019) 8.2. Case 2 – Rodoanel Mário Covas Em meados de 1920, urbanistas e autoridades idealizaram a construção de uma via perimetral que circundasse a região metropolitana da cidade de São Paulo. Somente em 1952, o projeto saiu do papel, pois as frotas da indústria 70 automobilística começaram a tomar as ruas das cidades brasileiras. Assim, o esboço de anel rodoviário acabou dando origem às Avenidas Marginais do Tietê e do Pinheiros. Trinta anos depois, com essas duas vias já totalmente congestionadas, começaram a ser construídos o Minianel Viário e o Anel Metropolitano. Em 1987, teve início a construção da Via Perimetral Metropolitana e, em 1992, foi apresentado um novo projeto com rota similar à do Rodoanel Mário Covas. Esse mesmo traçado, com a modificação do Trecho Norte, que passava por trás da Serra da Cantareira, saiu do papel e virou obra em fins de 1998, por iniciativa de Mário Covas. Foi inaugurado em outubro de 2002. (DERSA, 2007) O Rodoanel Mario Covas é um anel rodoviário que circunda a região central da Grande São Paulo. Dividido em quatro trechos, com três já concluídos, esse megaprojeto, com 176,5 quilômetros de extensão, interliga os principais corredores de acesso, compostos pelas rodovias Bandeirantes, Anhanguera, Castello Branco, Raposo Tavares, Régis Bittencourt, Imigrantes, Anchieta, Ayrton Senna, Dutra e Fernão Dias. Desviando grande parte do trânsito das Marginais Tietê e Pinheiros, o empreendimento foi especialmente projetado para tornar o trânsito da cidade de São Paulo mais ágil, eliminar o tráfego pesado de cargas de passagem e deixar a cidade mais livre para ostransportes coletivo e individual. (DERSA, 2017) Tabela 3 Volume Diário Médio (VDM) previsto para 2018 Fonte: DERSA, 2017 71 Foto 61 Infográfico – Lotes Eixo Norte (em construção) Fonte: DERSA, 2017 Último trecho do anel viário, o Rodoanel Norte terá ao todo 44 km de extensão e passará pelas cidades de São Paulo, Arujá e Guarulhos, além de uma ligação exclusiva de 3,6 quilômetros com o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, maior aeroporto do Brasil. (DERSA, 2017) Foto 62 Avanço físico por lote - Eixo Norte 2017 Fonte: DERSA, 2017 72 Benefícios previstos com as obras do anel viário, Rodoanel: • Desviar e distribuir o tráfego de passagem, sobretudo de caminhões, para o entorno da região metropolitana de São Paulo, principalmente na ligação norte e sul do país, melhorando o fluxo nas marginais tendo como consequência a melhoria do trânsito dos veículos de transporte coletivo e individual; • Agilidade no escoamento da produção, através da otimização da infraestrutura viária existente para acesso ao Porto de Santos, o maior do país; • Diminuir o tempo gasto nos congestionamentos, os gastos com combustível e, consequentemente, a emissão de poluentes: redução de 6% a 8% da emissão de CO veicular (gases de efeito estufa) na região metropolitana de São Paulo – Rodoanel como um todo (fonte: Avaliação Ambiental Estratégica do Rodoanel); e • Redução de 23% do VDM (volume diário médio) de caminhões na Marginal Tietê, o que representa 18.300 caminhões por dia (conclusão da obra). (DERSA, 2017) 8.3. Traçado dos Trechos do Rodoanel O Rodoanel Mario Covas é um empreendimento urbano que tem como principal objetivo a melhoria da qualidade de vida na Grande São Paulo. Sua função é tornar o trânsito ágil, ao eliminar o tráfego de passagem, o que deixa a cidade mais livre para os transportes coletivo e individual. Desta forma, o empreendimento, além de gerar benefícios à população, age como grande alavancador do desenvolvimento da região, criando recursos ao próprio Estado, que os investe em outros vetores de desenvolvimento. (DERSA, 2020) 73 Foto 63 Rodoanel Mario Covas - Traçado Fonte: DERSA, 2017 A seguir serão apresentadas características de cada trecho do anel viário. 8.3.1. Trecho Norte O trecho norte do Rodoanel tem, ao todo, 44 km de extensão. O trecho passa pelas cidades de São Paulo, Arujá e Guarulhos e terá ainda uma ligação exclusiva de 3,6 quilômetros com o Aeroporto Internacional de Guarulhos. (DERSA, 2020) 74 Foto 64 Traçado do Rodoanel Norte Fonte: UOL, 2020. As obras tiveram início em março de 2013, com a primeira entrega em 2016, e previsão de finalização em 2022. No trecho Oeste, a via faz confluência com a Avenida Raimundo Pereira Magalhães, antiga estrada Campinas/São Paulo (SP- 332), enquanto no trecho leste, a intersecção será feita com a rodovia Presidente Dutra (BR-116). (DERSA, 2020) 75 Foto 65 Rodoanel trecho norte - obras do túnel Fonte: G1 GLOBO, 2019 A rodovia tem quatro faixas de rolagem por sentido entre o Rodoanel Oeste e a rodovia Fernão Dias (BR-381) e três faixas de rolagem de 3,6 m de largura em cada pista, no trecho entre a Fernão Dias (BR-381) e a via Dutra (BR-116). A via terá velocidade de 100 km/h e o traçado contará com sete túneis e 111 obras de arte especiais (pontes e viadutos). (DERSA, 2020) 8.3.2. Trecho Sul As obras do trecho Sul do Rodoanel tiveram início em maio de 2007 e foram concluídas 35 meses depois. São, ao todo, 61,4 quilômetros de extensão, sendo 57 km no eixo do Rodoanel e 4,4 km de interligação de acesso ao município de Mauá, construídos como contrapartida ambiental. (DERSA, 2020) 76 Foto 66 Traçado trecho sul Fonte: G1, 2008 Foto 67 Trecho sul Fonte: SPMAR, 2020 O trecho Sul interliga as rodovias Anchieta (SP-150) e Imigrantes (SP-160) – além da Região do ABC – às rodovias Bandeirantes (SP-348), Anhanguera (SP- 330), Castello Branco (SP-280), Raposo Tavares (SP-270) e Régis Bittencourt 77 (BR-116), que já estavam interligadas pelo trecho Oeste desde outubro de 2002. O trecho Sul passa pelos municípios do Embu das Artes, Itapecerica da Serra, São Paulo, São Bernardo do Campo, Santo André, Ribeirão Pires e Mauá. (DERSA, 2020) Foto 68 Rodoanel - trecho sul Fonte: DERSA, 2020 Foto 69 Rodoanel trecho sul - Anchieta-Imigrantes Fonte: Pinterest, 2020 78 A rodovia tem três faixas em cada sentido da Régis até a Imigrantes e quatro da rodovia Imigrantes (SP-160) até a Anchieta (SP-150), cada uma com 3,60 metros de largura. São 134 viadutos, pontes e acessos. As duas pontes sobre a represa Billings – uma de 685 metros e outra de 1.755 metros – representam mais de 8% da obra. Cerca de 16,5 mil caminhões e 55,5 mil veículos de passeio passam, por dia, no trecho Sul do Rodoanel. (DERSA, 2020) 8.3.3. Trecho Leste Com 43,5 quilômetros de extensão, o trecho Leste do Rodoanel tem início na interligação com o trecho Sul na saída da Avenida Papa João XXIII, em Mauá, e termina na Rodovia Presidente Dutra (BR-116), em Arujá, interligando as rodovias João Afonso de Souza Castellano (SP-66), Ayrton Senna (SP-70) e Presidente Dutra (BR-116). (DERSA, 2020) Foto 70 Traçado trecho leste Fonte: SPMAR, 2020 79 Foto 71 Trecho Elevado Rodoanel Leste Fonte: HAYDEN CAMPOS, 2016 Somente a parte Leste do Rodoanel corta os municípios de Arujá, Itaquaquecetuba, Mauá, Poá, Ribeirão Pires e Suzano. Em conexão com o trecho Sul e o Sistema Anchieta-Imigrantes também viabiliza uma ligação mais rápida e eficiente com o Porto de Santos e o Aeroporto Internacional de Guarulhos. Além disso, a via é uma alternativa para desafogar o tráfego no Corredor Jacú-Pêssego, que liga a zona leste da capital à região do ABC. A estimativa é que a redução no tempo de viagem pelas novas pistas seja de cerca de uma hora no horário de pico. DERSA, 2020 Foto 72 Trecho leste Fonte: SOUZA, 2015 80 Foto 73 Elevado localizado entre os municípios de Itaquaquecetuba e Suzano, em São Paulo. Fonte: CICHINELLI, 2014 8.3.4. Trecho Oeste Inaugurado em outubro de 2002, o trecho Oeste do Rodoanel possui 32 km de extensão, com início na Av. Raimundo Pereira de Magalhães (SP-332, estrada velha de Campinas) no município de São Paulo e término na rodovia Régis Bittencourt (BR-116), no município de Embu. O trecho interliga as rodovias Bandeirantes (SP-348), Anhanguera (SP-330), Castello Branco (SP-280), Raposo Tavares (SP-270) e Régis Bittencourt (BR-116) e beneficia as cidades de Embu, Cotia, Osasco, Carapicuíba, Barueri e Santana do Parnaíba, além dos municípios a oeste da Região Metropolitana de São Paulo. De acordo com a Dersa, cerca de 71 mil veículos circulam pelo trecho todos os dias. (DERSA, 2020) 81 Foto 74 Traçado trecho oeste Fonte: (TERRA, 2020) 8.4. Responsabilidade Socioambiental – DERSA (Rodoanel - Tamoios) 8.4.1. Gestão ambiental A DERSA mantém programas de gestão ambiental específico para cada trecho do anel viário, Rodoanel. Cada trecho possui características distintas e demandam ações de mitigação dos impactos significativos únicas. (DERSA, 2019) • Trecho oeste – cruza uma área densamente habitada, passando pelos municípios de Osasco, Carapicuíba e Barueri. As intervenções que as obras ocasionam no ambiente urbano; • Trecho sul – atravessa áreas de mananciais significativas, como o Parque Estadual da Serra do Mar. A mitigação dos impactos é relacionada a biodiversidade e a preservação das áreas verdes; 82 • Trecho norte – localizado em região de alta densidade urbana e uma grande área de preservação ambiental, Serra da Cantareira; e • Trecho oeste – o tipo de ocupação urbana é maior e irregular, áreas de grande vulnerabilidade social, saneamento, educação, e degradação ambiental. O maior impacto é a
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