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Letícia Soares del Rio – T6 ESTENOSE HIPERTRÓFICA DE PILORO Hipertrofia progressiva da camada circular da musculatura pilórica Obstrução progressiva do canal pilórico Prejudica o esvaziamento gástrico Causa desconhecida O que muda na fisiologia normal: Vômitos, desidratação Perda de suco gástrico (hipocloremia e hipocalemia) -> consequente alcalose metabólica Para compensar ocorre hipoventilação → aumenta pCO2 e a excreção de bicarbonato de Na e de K Por ser evolutivo e o paciente não se alimentar, ocorre uma pseudo constipação e desnutrição Portanto • Vômitos de repetição • Desidratação • Alcalose metabólica • Hipocloremia e hipocalemia Sinais e sintomas: Ocorre na 2ª-3ª semana de vida Inicia-se com vômitos não biliosos, sem náuseas De caráter progressivo, de início ocasional até vômitos em jato imediatamente após as mamadas Apetite voraz no início, e depois desinteresse devido à letargia Respirações superficiais e irregulares como mecanismo compensatório da alcalose metabólica provocada pelos vômitos ➢ Exame físico Sinal de Kusmaull = hiperperistalse gástrica, ondas vigorosas do quadrante superior esquerdo para o direito, podem ser observados logo após a alimentação e intensificam-se até o vômito Oliva pilórica = se palpa um nódulo firme e móvel do tamanho de uma azeitona na região epigástrica ou entre a margem costal direito e o umbigo Diagnóstico: Anamnese, exame físico Rx simples de abdome • Distensão gástrica • Escassez de ar no intestino • Ondas peristálticas na parede do estômago (peristalse de luta) Rx contrastado (esofagogastroduodenografia) • Sinal de rabo de rato, da corda ou do fio = corresponde ao alongamento e estreitamento do canal pilórico • Sinal da meia-lua = canal pilórico discretamente curvado em direção cefálica • Sinal do bico de seio = bário na extremidade proximal do canal pilórico, formando uma projeção cônica • Sinal do trilho = aprisionamento de contraste entre as dobras da mucosa do piloro hipertrofiado Sinal do rabo de rato Sinal do bico de seio Ultrassom • Possibilita a visualização direta da musculatura do piloro • Comprimento do canal pilórico sugere EHP quando ≥ a 14mm • Espessura do m. pilórico sugere EHP quando > 7mm Diagnóstico diferencial: Erro alimentar no preparo do leite artificial Alergia ao leite, RGE – principal suspeita Espasmo do piloro por gastroenterite ou sepse Aumento da pressão intracraniana: hidrocefalia, meningite Duplicidade gástrica: comprime o antro gástrico e manifesta-se como síndrome do mau esvaziamento gástrico Membrana antral: malformação rara do estômago, onde a presença de uma membrana mucosa antral dificulta o esvaziamento gástrico Classificação de Benson/Alpern: I. Leve II. Moderado III. Grave Desidratação, alcalose, hipoclorêmia hiponatrêmia e hipocalêmia Tratamento: Equilibrar e estabilizar o paciente antes da cirurgia Corrigir a desidratação, hipocalemia, hipocloremia e alcalose metabólica antes da cirurgia Piloromiotomia à Fredt-Ramstedt: secção e divulsão da musculatura pilórica, sem abertura da mucosa, divulsão até a mucosa herniar através da musculatura O que pode dar errado: piloromiotomia incompleta, abertura da mucosa, infecção da parede. A mortalidade da cirurgia é zero e os resultados excelentes Pós-operatório: A sonda nasogástrica deve ser retirada assim que a criança acordar da anestesia Realimentação após 12h Iniciar com 10 ml de soro glicosado 5%, aumentar 10 ml a cada mamada (4h) Introduzir leite materno após aceitar 50 ml de SG5% MALFORMAÇÕES DO INTESTINO DELGADO ATRESIA E ESTENOSE DUODENAIS Manifestações dependentes Obstrução completa ou incompleta Obstrução pré ou pós ampolar Vômitos bilosos nas primeiras horas Pode haver distensão abdominal Sinal da dupla bolha – patognomônico Brida ou banda de Ladd = aderências que passam em cima do duodeno e obstrui a luz do intestino de fora pra dentro, quando tem vício de rotação Principais malformações do intestino delgado: Obstruções duodenais, atresia intestinal, duplicidade intestinal, íleo meconial, divertículo de Meckel, vício de rotação Sinais de malformações do intestino delgado: Vômitos persistentes e bilosos Resíduo gástrico > 20 ml e de aspecto bilioso Distensão abdominal Peristaltismo visível Ausência ou retardo na eliminação de mecônio Tumor abdominal palpável Obstrução duodenal: As condições anatômicas que determinam a obstrução duodenal nos RN são: a) Atresia duodenal Associação: síndrome de Down em 30% 8ª e 10ª semana de gestação Há crescimento intenso do epitélio duodenal tornando o órgão sem luz para posterior vacuolização intestinal, restabelecendo a luz A falha nessa vacuolização forma as membranas duodenais intraluminais ou a atresia Tipo I = diafragma mucoso, fenestrado, membrana duodenal Tipo II = cordão fibroso ligando os dois cotos duodenais proximal e distal Tipo III = separação completa dos cotos Tipo IV = compressão extrínseca, pâncreas anelar b) Membrana duodenal Tratamento: dupdenotomia e ressecção da membrana duodenal c) Pâncreas anelar 5ª semana de gestação, o pâncreas começa a se formar através de dois brotos (ventral e dorsal) O ventral migra para se encontrar com o dorsal. A falha na migração forma uma estrutura anelar que envolve e obstrui o duodeno Tratamento: desvia-se o trânsito com uma anastomose duodeno duodenal / Diamond Shaped (ponte sobre o pâncreas) d) Vício de rotação (Banda de Ladd) Nesse mesmo período, ocorre a rotação intestinal, o ceco roda 270º, localizando-se da FID Na rotação incompleta de 90º, o ceco está sub-hepático e fixa-se no duodeno através de uma banda mesenteral (banda de Ladd), que causa uma obstrução ou suboclusão duodenal Tratamento: se desfaz as bandas, posicionando o intestino delgado à direita e o cólon à esquerda do paciente Sinais e sintomas - atresia: Polidrâmnio materno pode ser um sinal precoce Ao nascimento, na sala de parto, a SNG com saída de líquido bilioso > 20 ml Vômitos biliosos desde o nascimento Distensão do epigástrio que precede ao vômito Diagnóstico: Pré-natal com USG -> identifica duodeno muito dilatado e o restante das alças intestinais de pequeno calibre Rx simples pós-natal -> sinal da dupla bolha Tratamento: Compensação clínica, corrigindo o distúrbio hidroeletrolítico e metabólico Correção cirúrgica: anastomose Diamond-Shaped = anastomose duodeno duodenal, com abertura transversa no coto proximal e abertura longitudinal no coto distal Na impossibilidade desta anastomose, pode ser feita uma duodeno jejunal latero-lateral ATRESIA INTESTINAL Interrupção congênita total da luz intestinal 2x mais frequentes do que as atrésias duodenais Ocorrem mais no íleo terminal e jejuno proximal São únicas em 90% dos casos Tipo I = obstrução por um septo mucoso com integridade da parede da alça do mesentério Tipo II = coto proximal e distal conectados por um cordão fibroso sem luz Tipo III A = cotos atrésicos separados, falha em V do mesentério Tipo III B = segmento distal do intestino atrésico é nutrido por um vaso anômalo. O intestino está enrolado no vaso -> aparência de casca de maça (apple-peel) Tipo IV = atrésias múltiplas Atresias jejuno-ileais: Mecanismo mais aceito – alteração isquêmica Causa desconhecida. A teoria mais aceita é a de acidentes vasculares intestinais intrauterinos A falta de vascularização de um segmento intestinal, seria responsável pela não formação de uma porção maior ou menor de intestino, com falha em seu meso Diagnóstico: Resíduo gástrico bilioso elevado (> 20 ml) Vômitos biliosos Distensão abdominal, peristaltismo visível USGpré-natal: polidrâmnio Rx simples de abdome: alças intestinais dilatadas com imagem em “pilha de moedas” e nível hidroaéreo Enema opaco: nos casos de obstrução baixa, para diferenciar se é delgado ou cólon Diagnósticos diferenciais: Má rotação com ou sem volvo Íleo meconial, íleo adinâmico por sepse Atresia de cólon, magacólon congênito Síndrome do cólon esquerdo, síndrome da rolha meconial Peritonite meconial Hipotireoidismo congênito Técnica cirúrgica: ➢ Pré operatório Paciente deve ser mantido em incubadora aquecida e umidificada SNG com aspiração periódica Correção do desequilíbrio hidroeletrolítico e metabólico associado Antibioticoterapia, vitaminas ➢ Cirúrgico Ressecção do seguimento acometido e anastomose término-terminal dos seguimentos saudáveis, reestabelecendo o trânsito intestinal Enteroanastomose e tapering da alça DIVERTICULITE DE MECKEL Persistência parcial de uma estrutura embriológica transitória (ducto vitelino ou ducto onfalomesentérico) Comunicação primitiva do intestino médio com o saco vitelínico Associa-se frequentemente a outras malformações congênitas: cardiopatias, onfalocele, atresia de esôfago, atresia duodenal, síndrome de Down, vício de rotação, doença de Hirschsprung Maioria assintomáticos Incidência maior em pacientes com anomalias umbilicais, trato digestório, SNC e SCV Persistência: • Total = fístula onfalomesentérica • Proximal = divertículo de Meckel • Intermediária = cisto do ducto onfalomesentérico • Distal = sinus ou pólipo umbilical • Substituição do ducto por cordão fibroso = brida onfalomesentérica Sinais e sintomas: Quadro inflamatório, semelhante ao de apendicite Dor abdominal periumbilical, reação à descompressão, hemograma infeccioso Hemorragia – a mucosa gástrica ectópica determina uma úlcera no íleo adjacente, levando à melena ou enterorragia Obstrução intestinal – invaginação intestinal do divertículo, brida onfalomesentérica servindo de eixo de rotação ou formando uma hérnia interna Diverticulite – simula apendicite aguda Descarga umbilical – saída de muco ou conteúdo ileal pela cicatriz umbilical O diagnóstico geralmente é no intra operatório. Opera-se por hemorragia, obstrução intestinal ou diagnóstico de apendicite Mapeamento com tecnécio permite visualizar a mucosa gástrica ectópica, pancreática ou jejunal Tratamento: Ressecção com anastomose término terminal do íleo Não se resseca só o divertículo, pois o íleo adjacente pode conter mucosa gástrica, causando ulceração ao nível da sutura intestinal VÍCIO DE ROTAÇAO INTESTINAL Corresponde a um defeito embriológico na rotação e fixação do intestino, que pode levar a complicações cirúrgicas em qualquer faixa etária O cólon sofre uma rotação da esquerda para a direita, tendo como eixo central a a. mesentérica superior, rodando 270º Diagnóstico radiológico, enema opaco. Se houver pneumoperitônio, significa perfuração Sinais e sintomas: Atresia e peritonite intrauterinas Pode ser assintomático por toda a vida ou complicar com um volvo e necrose intestinal Vômitos biliosos, distensão abdominal, dor, sangramento intestinal, choque e sepse As bandas de ladd ou mesenteriais, comprimem o duodeno, causando vômitos biliosos Tratamento: Desfazer a rotação intestinal e as bandas de Ladd Ressecções extensas por necrose intestinal, levam à síndrome do intestino curto, muitas vezes incompatível com a vida ou vivendo de NPP até que um transplante de intestino delgado
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