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Letícia Soares del Rio – T6 MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS DO DIAFRAGMA • Hérnia de Bochdaleck • Hérnia de Morgagni • Eventração diafragmática HÉRNIA DE BOCHDALECK Herniação do conteúdo abdominal para a cavidade torácica Defeito póstero lateral esquerdo Mais comum em meninos Esquerda 90%, direita 15%, bilateral 2% Ausência de saco -> a hérnia não tem nada protegendo, é um buraco onde as alças intestinais entram Defeito no desenvolvimento do diafragma entre a 3ª e 8ª semana Defeito na fusão dos 4 componentes do mesoderma: 1- Septo transverso e mediastino 2- Membranas pleuroperitoneais 3- Musculatura da parede do tronco (migração de mioblastos para a membrana) Fisiopatologia: Hipoplasia pulmonar → imaturidade pulmonar → hipertensão pulmonar ➢ Hipoplasia Compressão pulmonar Redução de brônquios e bronquíolos Redução do número de alvéolos ➢ Imaturidade pulmonar Redução dos pneumócitos tipo II ➢ Hipertensão pulmonar Diminuição do número de arteríolas Hipertrofia da camada muscular Hiperatividade de estímulos = vasoconstrição Hipoplasia (complacência pulmonar, insuficiência respiratória)+ hipertensão (persistência do shunt cardíaco D-E) = hipoxemia, hipercapnia e acidose Malformações associadas: Cromossômicas – trissomia do 13 e 18 SNC – hidrocefalia, mielocele Geniturinárias – criptorquidia, hidronefrose, hipospádia Cardíacas – CIA, CIV, hipoplasia ventricular Diagnóstico: ✓ Ultrassom pré-natal vísceras abdominais no tórax Desvio do mediastino Polidrâmnio ✓ Ressonância Diagnóstico preciso Grau de lesão diafragmática Vísceras herniadas Grau de maturidade pulmonar ✓ Pós-natal Raio x = alça intestinal no tórax Quadro clínico: 90% desconforto respiratório, evolui pra insuficiência respiratória Abdome escavado, tórax em tonel Ausculta: RHA no tórax e ausência de MV Bulhas cardíacas deslocadas Hipertensão pulmonar: caracterizada pela presença de elevada resistência vascular pulmonar e shunt direito-esquerdo pelo canal arterial e/ou forame oval Persistência do padrão circulatório fetal Shunt direito-esquerdo pelo ducto arterioso: sangue não oxigenado passa para a circulação sistêmica → hipoxemia e acidose metabólica Diminuição do volume corrente e da complacência pulmonar ➢ Tardio Defeito ocorreu mais tarde Síndromes suboclusivas do TGI Síndromes oclusivas do TGI (volvo) Estabilização clínica: • Intubação imediata Ventilação de pressão positiva 100%, não ventilar com máscara Saturação 85%, PaCO2 60-85% (hipercapnia) • Decúbito lateral Lado afetado • Sonda Oro ou nasogástrica Descompressão do estômago e intestino • Monitorização da pressão arterial média Manter a PAM de acordo com o peso • Monitorização da PA média Manter de acordo com o peso Dopamina, dobutamina Cateterismo umbilical: PaO2 no sangue pós ductal Veia central: flebotomia, PICC • Analgesia, sedação Fentanil, midazolam • Manipulação mínima Labilidade respiratória Agitação, manipulação: estímulo para aumentar shunt D-E, piora da hipoxemia • ECMO Oxigenação Extra Corpórea por Membrana Drenagem do sangue venoso para remoção do CO2 e adição de O2 mediante um pulmão artificial e retorno do sangue (circuito veno-venoso ou veno-arterial) • Vasodilatador pulmonar Óxido nítrico: vasodilatação das arteríolas e estimula a angiogênese Sildenafil (viagra) • Surfactante • Período “lua de mel” 12-48h Tratamento pré-natal: Balão traqueal = 26ª a 28ª semana Oclusão endoluminal da traquéia (balão) -> via abdome materno, via traqueoscopia, retirada do balão 34ª semana Oclusão traqueal = retenção da secreção pulmonar com expansão do parênquima → crescimento e desenvolvimento pulmonar Tratamento cirúrgico pós -natal: Laparotomia (abdome), videolaparoscopia (tórax) Redução das vísceras, correção do defeito diafragmático com uso de telas sintéticas Estabilização clínica da hipertensão pulmonar Prognóstico: Mortalidade 50-65%, 90% se anomalias associadas Mortalidade pós estabilização 18% RN não deve ser operado de emergência. A hérnia diafragmática é uma emergência fisiológica e não cirúrgica HÉRNIA DE MORGAGNI Defeito antero medial do diafragma (retroesternal) Mais frequente à direita Conteúdo: alças intestinais, fígado Existe saco herniário Diagnóstico: Acidental, achado de exame Assintomático Quadro de obstrução intestinal Rx tórax: opacificidade do ângulo cardiofrênico Tratamento: Cirúrgico – laparotomia Redução do conteúdo, tratamento do saco, fechamento do defeito diafragmático EVENTRAÇÃO DIAFRAGMÁTICA Elevação anormal do diafragma Congênita = falha da musculatura Adquirida = paresia ou paralisia por lesão do nervo frênico (trauma obstétrico) Etiologia desconhecida Mais frequente à esquerda Quadro clínico: Insuficiência respiratória BCP de repetição Assintomático – achado de exame Tratamento: Só se tiver sintoma Plicatura do diafragma COLANGIOPATIAS OBSTRUTIVAS Icterícia neonatal: ➢ Bilirrubina indireta Hemólise, cefaloematoma, hiperesplenismo, fármacos, sepse, leite materno... ➢ Bilirrubina direta Colestase, doenças hepáticas, doença das vias biliares Colestase Diminuição do fluxo da bile – retenção no fígado e vias biliares Icterícia obstrutiva = aumento da Bd + colúria + acolia fecal Evolução para fibrose hepática 70-80% boa evolução: hepatite neonatal idiopática Atenção principal: RN com icterícia > 14 dias de vida Etiopatogenia: redução da síntese dos ácidos graxos; redução do fluxo da excreção da bile: bloqueio funcional ou anatômico intra ou extra hepático Causas parenquimatosas intra-hepáticas: Atresia de vias biliares Cisto de colédoco Doença de Caroli *Atenção: icterícia no RN > 14d, diagnóstico precoce de colestase, diagnóstico tardio = cirrose hepática Atresia de vias biliares É uma colangiopatia obstrutiva Processo evolutivo: obliterativo e fibrosante dos ductos biliares intra e extra-hepático Evolução: cirrosse hepática, varizes esofagogástricas, hiperesplenismo, ascite, síndrome hepatopulmonar e hepatorrenal Sexo feminino, asiáticos e afro americanos Rapidamente progressiva 50% dos transplantes hepáticos, 25% das colestases neonatais Etiologia: ➢ Viral CMV, rotavírus ➢ Imunológica Desregulação do sistema imune: reação cruzada (Ag virais/biliares) Vírus na superfície biliar -> ativa linfócitos -> cascata imune -> inflamação -> fibrose ➢ Genética Malformações, história familiar, mutação Situação atual: Ainda não é possível interromper a progressão da doença e melhorar o prognóstico Novas pesquisas: mecanismos da lesão biliar, fenótipos clínicos da doença, terapias adjuvantes Anomalias associadas: Cardiovasculares – situs inversus, CIA, CIV, ausência da VCI GI – má rotação intestinal, poli ou asplenia Cromossômicas – trissomia do 13 e 18 Diagnóstico: Quadro clínico • Icterícia verdínica • Colúria • Hipo ou acolia = fezes brancas “massa de vidraceiro” • Hipertensão portal e cirrose hepática: ascite, circulação colateral, HDA, hepatoesplenomegalia • Deficiência de vitaminas lipossolúveis: esteatorreia, desnutrição, hemorragia Laboratorial • Bd > 3mg/dl • Gama GT elevada • TGO e TGP elevadas • FA e alfa feto proteína elevadas Biópsia hepática • Colestase extra hepática: fibrose do espaço porta e peritubular, proliferação ductal portal irregular, colestase ductal, trombos biliares, infiltrado inflamatório • Sensibilidade e especificidade 85-95% Ultrassom das vias biliares • Método não invasivo, identificação do cordão triangular • Sensibilidade 85%, especificidade 100% Cintilografia • Falha deexcreção = atresia Colangiografia intra operatória, EDA (varizes de esôfago) Tratamento cirúrgico: Correção até 60 dias Portoenteranastomose (PE) = Kasai Transplante hepático (TxH) se: falha da cirurgia de Kasai, agravamento da progressão da colestase, descompensação hepatocelular, hipertensão portal importante Sobrevida com fígado nativo (PE) 20-40% Sobrevida com transplante hepático 70-80%
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