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Prática Trabalhista Exame de Ordem 2007.2

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FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS DE EXTREMA – FAEX
Prática Trabalhista
Exame de Ordem 2007.2
Caso Prático – 1/2020
“Antenor Silva foi contratado como auxiliar de serviços gerais pela empresa Mar Azul Ltda. Ao se pactuar o contrato de trabalho, ficou estabelecido que Antenor cumpriria uma jornada de trabalho das 8 h às 17 h, com uma hora de intervalo, de segunda a sexta-feira, e das 8 h às 12 h aos sábados, e que receberia como remuneração a quantia de R$ 700,00 mensais. 
A realidade, contudo, mostrou-se completamente diferente do que havia sido combinado no pacto do contrato de trabalho. Antenor cumpria a seguinte jornada de trabalho: das 8 h às 19 h, com uma hora de intervalo, de segunda a sexta-feira, e das 8 h às 13 h aos sábados. Seguindo orientações expressas da empresa, Antenor sempre marcou na folha de ponto a jornada de trabalho acertada quando da contratação, ou seja, das 8 h às 17 h, com uma hora de intervalo, de segunda a sexta-feira, e das 8 h às 12 h aos sábados. A empresa jamais efetuou qualquer tipo de pagamento a título de jornada extraordinária a Antenor. 
A empresa Mar Azul Ltda. é uma empresa de pequeno porte que presta serviços à multinacional Estrela Branca S.A., fornecendo-lhe a mão-de-obra de 20 pessoas para atuar na área de serviços gerais. 
Antenor foi contratado no dia 2 de março de 2006 e demitido sem justa causa no dia 5 de abril de 2007, tendo recebido, na oportunidade, a título de verbas rescisórias, os seguintes valores: aviso prévio — R$ 700,00; férias integrais — R$ 700,00; um terço de férias — R$ 233,33; décimo terceiro salário proporcional (três doze avos) — R$ 175,00; multa de 40% do FGTS — R$ 291,20.” 
Com base nos fatos apresentados na situação hipotética acima, elabore, de maneira fundamentada, uma reclamação trabalhista, formulando pedido do que entender ser devido a Antenor.
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (ÍZA) DO TRABALHO DA ___ª VARA DO TRABALHO DE .............................. (CIDADE E SIGLA DO ESTADO)
ANTENOR SILVA, (nacionalidade), (estado civil), desempregado, portador do RG nº .........., inscrito no CPF/MF sob o nº .........., residente e domiciliado à rua .........., nº .........., bairro .........., cidade .........., estado .........., CEP .........., com endereço eletrônico .........., neste ato representado por seu (sua) advogado (a) infra-assinado (a), que a essa subscreve, (nome do advogado), (nacionalidade), (estado civil), inscrito (a) na OAB (sigla do estado) sob o nº .........., com escritório estabelecido à rua .........., nº .........., bairro .........., cidade .........., estado .........., CEP .........., com endereço eletrônico .........., onde recebe notificações, intimações e publicações, vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, propor a presente:
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
Em face da empresa MAR AZUL LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº .........., com sede à rua .........., nº .........., bairro .........., cidade .........., estado .........., CEP .........., E SUBSIDIARIAMENTE em face da empresa, tomadora de serviços, ESTRELA BRANCA S.A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº .........., com sede à rua .........., nº .........., bairro .........., cidade .........., estado .........., CEP .......... .
I – PRELIMINARMENTE 
I.1 – DA JUSTIÇA GRATUITA
O reclamante não tem condição de arcar com os custos da presente reclamação, sem que isso prejudique o seu sustento e o de sua família, tendo em vista é pobre na acepção legal e que encontra-se desempregado no presente momento, não auferindo qualquer renda, conforme CTPS anexa aos autos.
Elenca o artigo 5, inciso XXXV da CF, o artigo 790, § 4º da CLT e a Súmula 463 do TST que será concedido a benesse da justiça gratuita aquele que comprovar a insuficiência de recursos para o pagamento das custas no processo.
Portanto, ante todo o elencado, REQUER a concessão do benefício da gratuidade de justiça ao reclamante, de maneira ampla, incluindo perícias, conforme declaração de hipossuficiência devidamente anexa aos autos.
I.2 – DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA
O Reclamante fora contratado pela primeira reclamada, MAR AZUL LTDA, no dia 02/03/2006, para exercer a função de auxiliar de serviços gerais. Ocorre que Excelência, trata-se a primeira reclamada de uma empresa de pequeno porte, que presta serviços à multinacional Estrela Branca S.A, ora a segunda reclamada, fornecendo-lhe a mão-de-obra de aproximadamente 20 pessoas para atuar na área de serviços gerais
Assim sendo, o Reclamante mesmo que contratado pela primeira reclamada, prestava serviços para a segunda reclamada, qual seja a sua tomadora de serviços, uma vez que essa se beneficiava das atividades desempenhadas pelo reclamante durante toda a duração do contrato de trabalho.
Nos moldes da Súmula 331, inciso IV do TST, é implicada a responsabilidade subsidiária ao tomador de serviços no inadimplemento das obrigações trabalhista por parte do empregador. Nesse passo, ressalta-se que a tomadora de serviços, no momento da contratação, adquire a responsabilidade de fiscalizar o cumprimento das obrigações para com o empregado, responsabilidade essa caracterizada pelo in vigilando, sendo sua culpa in eligendo, pelo inadimplemento, tendo em vista os riscos que assumiu no momento da contratação.
 Portanto, REQUER o reconhecimento da responsabilidade subsidiária da segunda reclamada, qual seja a empresa Estrela Branca S.A, bem como em caso de inadimplemento por parte da primeira reclamada, seja declarada a responsabilidade subsidiária da segunda reclamada, afim de garantir justiça ao reclamante.
I.3 – DA AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS ANEXOS À PEÇA
Os advogados, que a essa subscrevem, declaram autênticas as cópias reprográficas dos documentos anexos à exordial, nos moldes do artigo 425, inciso IV, do Código de Processo Civil de 2015.
II – DOS FATOS E DO MÉRITO
II.1 – DO CONTRATO DE TRABALHO
O Reclamante fora contratado pela primeira reclamada, MAR AZUL LTDA, no dia 02/03/2006, para exercer a função de auxiliar de serviços gerais, estabelecida a jornada de trabalho das 08:00h às 17:00h, com uma hora de intervalo, de segunda a sexta-feira, e das 08:00h às 12:00h aos sábados, com remuneração no importe de R$700,00 (setecentos reais) mensais, tendo sido dispensado imotivadamente no dia 05/04/2007.
Salienta ainda que os serviços prestados pelo reclamante ocorreram nas dependências da segunda reclamada, tomadora de serviços, qual seja Estrela Branca S.A.
Ocorre que Douto Magistrado, durante toda a duração do contrato de trabalho as reclamadas vêm violando uma série de direitos garantidos ao reclamante e, como se já não bastasse, promoveram a sua dispensa sem justa causa sem o devido acerto das verbas rescisórias e demais valores devidos ao reclamante. Motivo pelo qual vem o suplicante em busca da tutela jurisdicional pela presente Reclamação Trabalhista, conforme restará aduzido a seguir.
II.2 – DAS HORAS EXTRAS
No momento da contratação do reclamante, fora estabelecido no contrato de trabalho a jornada das 08:00h as 17:00h, de segunda a sexta-feira, com 01:00h (uma hora) de intervalo, e das 08:00h ao 12:00h aos sábados, com remuneração de R$ 700,00 (setecentos reais) mensais.
Todavia, a realidade mostrou-se completamente diferente do que havia sido combinado no pacto do contrato de trabalho, vez que o Reclamante cumpria HABITUALMENTE a seguinte jornada de trabalho: das 08:0h às 19:00h, com uma hora de intervalo, de segunda a sexta-feira, e das 08:00h a 13:00h aos sábados.
Ressalta-se ainda que, por determinação das reclamadas, o reclamante fora compelido a marcar na folha de ponto a jornada de trabalho acertada quando da contratação, ou seja, sem registrar as horas extras laboradas de maneira contínua e habitual. Informa ainda, conforme cópia dos holerites acostados aos autos, que as reclamadas jamais efetuaram qualquer tipo de pagamento a título de jornada extraordinária ao demandante.
Elencam os artigos 7, inciso XVI da CF, artigo 59, caput,§ 1º e 3º da CLT e artigo 61 também da CLT, que será devido ao empregado, a título de jornada extraordinária, a remuneração de 50% superior a hora normal, quando na rescisão do contrato de trabalho essas não tiverem sido devidamente compensadas.
Outrossim, a luz do inciso III da súmula 338 do TST, destaca-se que em cartões de ponto que informem horários uniformes de entrada e saída do empregado são tidos como inválidos, invertendo-se o ônus da prova ao empregador. 
Nesse passo, REQUER a condenação das reclamadas ao pagamento de 11h (onze horas) semanais, a título de jornada extraordinária, por toda a duração do contrato de trabalho, totalizando o importe de R$ 3.410,55 (três mil, quatrocentos e dez reais e cinquenta e cinco centavos).
II.3 – DAS VERBAS RESCISÓRIAS
Conforme narrado, o Reclamante prestou serviços para a Reclamada entre 02/03/2006 a 05/04/2007, data em que foi despedido sem justa causa. Todavia, as verbas rescisórias não foram pagas corretamente ao reclamante, bem como não fora considerado pelas Reclamadas, no pagamento das verbas rescisórias, os valores correspondentes as horas extras HABITUAIS, realizadas pelo reclamante durante toda a duração do contrato de trabalho, o que, consequentemente, resultou no pagamento incorreto das referidas verbas ao suplicante.
Nos termos dos artigos 477, § 6 e 457, § 1º da CLT e da OJ 181 da SDI – I do TST o pagamento das verbas rescisórias deve ser realizado no prazo 10 dias a partir do término do contrato, bem como em conformidade com o inciso II da súmula 376 do TST, as horas extras quando habituais integram o cálculo dos haveres trabalhistas e produzem reflexos nas verbas trabalhistas.
Por tratar-se de contrato por prazo indeterminado e em decorrência dos pagamentos incorretos realizados pela Reclamada, o demandante ainda faz jus as DIFERENÇAS DEVIDAS DAS SEGUINTES VERBAS RESCISÓRIAS, o que desde já se requer:
· Diferença do AVISO PRÉVIO (33 DIAS), considerando o acréscimo do valor correspondente as 55h mensais laboradas por todo o contrato de trabalho, a título de hora extra habitual;
· Diferença das FÉRIAS (12/12), referente ao período de 02/03/2006 a 01/03/2007, considerando o acréscimo do valor correspondente as 55h mensais laboradas por todo o contrato de trabalho, a título de hora extra habitual;
· Diferença do TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS (12/12), referente ao período de 02/03/2006 a 01/03/2007, considerando o acréscimo do valor correspondente as 55h mensais laboradas por todo o contrato de trabalho, a título de hora extra habitual;
· FÉRIAS PROPORCIONAIS (1/12) referente ao período de 02/03/2007 a 05/04/2007;
· TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS PROPORCIONAL (1/12) referente ao período de 02/03/2007 a 05/04/2007;
· Diferença do 13º SALÁRIO PROPORCIONAL (10/12), referente ao período de 02/03/2006 a 31/12/2006, considerando o acréscimo do valor correspondente as 55h mensais laboradas por todo o contrato de trabalho, a título de hora extra habitual;
· Diferença do 13º SALÁRIO PROPORCIONAL (3/12), referente ao período de 01/01/2007 a 05/04/2007;
· Diferença do RECOLHIMENTO DO FGTS, considerando o acréscimo do valor correspondente as 55h mensais laboradas por todo o contrato de trabalho, a título de hora extra habitual;
· Diferença da MULTA DE 40% DO FGTS, considerando o acréscimo do valor correspondente as 55h mensais laboradas por todo o contrato de trabalho, a título de hora extra habitual;
II.4 – DA MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT
Por todo o exposto, por não terem sido pagas corretamente as verbas rescisórias dentro do prazo estipulado no artigo 477, parágrafo 6º da CLT, faz jus, o Reclamante, à multa equivalente a um salário da categoria, prevista no parágrafo 8º, do dispositivo legal.
II.5 – DA MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT
 Nos termos do artigo 467 da CLT, imperioso se faz que as Reclamadas, promovam o pagamento das verbas incontroversas, aqui postulada, quando da audiência a ser oportunamente designada, sob pena de pagá-las acrescidas de 50%.
II.6 – DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
A reforma trabalhista introduziu o artigo 791-A na CLT permitindo a concessão de honorários de sucumbência. 
Desta forma, deve a ação ser julgada procedente, condenando-se as Reclamadas ao pagamento dos respectivos honorários no percentual de 15%, sobre o valor total da condenação, corrigida e atualizada, acrescidas de juros e correção monetária.
III – DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, respeitosamente, se requer:
1. Que seja concedida a Justiça Gratuita ao Reclamante, de maneira ampla, incluindo perícias, em conformidade com o artigo 790, § 3º da CLT;
2. Que seja reconhecida a responsabilidade subsidiária da segunda reclamada em caso de inadimplemento da primeira reclamada, vide Súmula 331, inciso IV do TST;
3. A condenação das reclamadas ao pagamento do importe de R$ 3.410,55 (três mil, quatrocentos e dez reais e cinquenta e cinco centavos), referente as 55 horas extras mensais, laboradas pelo reclamante, durante toda a jornada de trabalho, ou seja, durante 13 meses, conforme artigo 7, inciso XVI da CF, artigo 59, caput, § 1º e 3º da CLT e artigo 61 também da CLT;
4. REQUER O PAGAMENTO DAS VERBAS RECISÓRIAS, nos termos dos artigos 477, § 6 e 457, § 1º da CLT e da OJ 181 da SDI – I do TST, conforme elencadas abaixo:
· Diferença do AVISO PRÉVIO (33 DIAS), considerando o acréscimo do valor correspondente as 55h mensais laboradas por todo o contrato de trabalho, a título de hora extra habitual, no importe de R$ 358,58;
· Diferença das FÉRIAS (12/12), referente ao período de 02/03/2006 a 01/03/2007, considerando o acréscimo do valor correspondente as 55h mensais laboradas por todo o contrato de trabalho, a título de hora extra habitual, no importe de R$ 262,35;
· Diferença do TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS (12/12), referente ao período de 02/03/2006 a 01/03/2007, considerando o acréscimo do valor correspondente as 55h mensais laboradas por todo o contrato de trabalho, a título de hora extra habitual, no importe de R$ 87,45;
· FÉRIAS PROPORCIONAIS (1/12) referente ao período de 02/03/2007 a 05/04/2007, no importe de R$ 80,19;
· TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS PROPORCIONAL (1/12) referente ao período de 02/03/2007 a 05/04/2007, no importe de R$ 26,73;
· Diferença do 13º SALÁRIO PROPORCIONAL (10/12), referente ao período de 02/03/2006 a 31/12/2006, considerando o acréscimo do valor correspondente as 55h mensais laboradas por todo o contrato de trabalho, a título de hora extra habitual, no importe de R$ 218,63;
· Diferença do 13º SALÁRIO PROPORCIONAL (3/12), referente ao período de 01/01/2007 a 05/04/2007, no importe de R$ 65,58;
· Diferença do RECOLHIMENTO DO FGTS, considerando o acréscimo do valor correspondente as 55h mensais laboradas por todo o contrato de trabalho, a título de hora extra habitual, no importe de R$ 272,84;
· Diferença da MULTA DE 40% DO FGTS, considerando o acréscimo do valor correspondente as 55h mensais laboradas por todo o contrato de trabalho, a título de hora extra habitual, no importe de R$ 109,14;
TOTALIZANDO: 1.481,49 (mil quatrocentos e oitenta e um reais e quarenta e nove centavos).
5. Requer o pagamento da multa do artigo 477 da CLT, no importe de R$ 962,35;
6. Requer o pagamento da multa do artigo 467 da CLT, no importe de R$ 740,74;
7. Requer o pagamento dos honorários no importe de 15%, sob o valor da condenação;
IV – DOS REQUERIMENTOS FINAIS
Requer a inversão do ônus da prova, quanto a comprovação das horas extras, levando em consideração os termos do inciso III da súmula 338 do TST;
Que todas as verbas sejam acrescidas de juros e correção monetária respectiva, até a data do efetivo pagamento;
Por último, requer a notificação da Reclamada, no endereço constante desta peça vestibular para querendo, contestar os termos da reclamação, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria fática.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, e, especialmente por depoimento pessoal da reclamada, do reclamante e da oitiva de testemunhas para comprovação das horas extras, bem como que sejam admitidos todos os documentos anexosaos autos.
Requer ainda o deferimento dos benefícios da Justiça Gratuita. (Declaração hipossuficiência anexa).
Dá-se á presente causa o valor de R$ 6.595,13 (seis mil, quinhentos e noventa e cinco reais e treze centavos).
Termos em que,
Pede-se deferimento.
Cidade .........., Data ...........
Nome do (a) Advogado (a)
OAB/ (sigla do estado e número da inscrição)

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