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Daniela Carvalho - LVI HEMORRAGIAS DE PRIMEIRA E SEGUNDA METADE DA GESTAÇÃO ABORTAMENTO • OMS: interrupção da gravidez antes de 22 semanas, feto < 500 g ou < 16,5 cm = antes de atingir a viabilidade o Feto que mesmo que nascerem vivos não terão condições de se sobreviver e se desenvolver. o Se não atender aos critério desta definição, será considerado parto e não aborto. • 4ª causa de mortalidade materna no Brasil. • ABORTAMENTO = processo → ABORTO (produto). • Fatores de risco: o Idade ▪ Risco aumentado > 35 anos o História prévia de aborto o Tabagismo o Obesidade • Causas: o Anormalidades cromossômicas ▪ Principal é a trissomia do 16 o Alterações uterinas ▪ Ex: miomatose uterina o Fatores endócrinos ▪ Hipo ou hipertireoidismo o Fatores imunológicos o Infecções ▪ Sífilis uma das principais causas (sempre pedir VDRL das gestantes). • Classificação: o Precoce ou tardio → definido pela idade gestacional ▪ Até 12 semanas (80% dos casos) -> precoce ▪ De 12 a 20 semanas -> tardio o Espontâneo ou provocado → definido pela intervenção externa ou não. o Seguro ou inseguro ▪ Seguro: realizado por profissional capacitado e em condições adequadas (ideais). FORMAS CLÍNICAS DO ABORTAMENTO • AMEAÇA DE ABORTAMENTO o Sangramento vaginal em pequena quantidade e dor pélvica causada por contratilidade uterina, não suficiente para alterar o colo. o Diagnósticos diferenciais: gestação ectópica, abortamento inevitável. o Ao exame: sangramento em pequena quantidade (coletado ou ativo), útero aumentado compatível com idade gestacional, colo impérvio. ▪ Ativo = no exame especular veremos saída de sangre ativamente pelo colo. ▪ Se não tiver colo impérvio, não será ameaça de aborto. o Exame de imagem: embrião com BCE, saco gestacional tópico, descolamento ovular inferior a 40% (pode não correr descolamento ovular) ▪ BCE = batimento cardíaco embrionário. o O progredir do quadro depende única e exclusivamente da gestação: ▪ IMPORTANTE: não há conduta que mude o curso da evolução (progesterona, relaxante muscular, vitaminas). Daniela Carvalho - LVI • ABORTAMENTO RETIDO o Permanência do concepto na cavidade uterina sem vitalidade. o Regressão dos sinais de presunção, volume uterino incompatível com idade gestacional. o Diagnóstico realizado via ultrassonografia. o A conduta pode ser ativa ou expectante (por um período de 4 semanas, com acompanhamento clínico e laboratorial = acompanhamento semanal), quanto abortamento precoce. ▪ Conduta ativa = internar para esvaziar o útero → indicada acima de 12 semanas. ▪ Conduta expectante pois o organismo por si só irá estimular a indução para o trabalho de abortamento após 3 semanas, eliminando os restos embrionários espontaneamente → indicado apenas abaixo de 12 semanas de gestação. • ABORTAMENTO INEVITÁVEL o Sangramento profuso, dilatação de colo uterino, saída ou não de membranas ovulares. ▪ Sangramento em grande quantidade e com coágulos. ▪ Neste caso o colo é pérvio. ▪ É inevitável pois não há nenhuma conduta que podemos tomar para que evolua para uma gestação normal. o Paciente com diagnóstico de gestação = diagnóstico clínico. • ABORTAMENTO INCOMPLETO o É a forma clínica mais frequente. o Diagnóstico clínico o Expulsão do concepto e permanece a placenta ou os restos placentários. O ovo é eliminado parcialmente. o Ao exame: sangramento, útero reduzido em proporções e fica menor que o esperado para a idade gestacional, cólica e dilatação cervical. O estado hemodinâmico da paciente depende do sangramento apresentado. ▪ Em geral o colo é impérvio, o sangramento é abundante e depois diminui espontaneamente, cólica que pode ser intensa, que evolui com melhora espontanea e, percebe – se a saída de material no canal cervical. o Indicada intervenção para esvaziamento uterino completo ▪ Não necessariamente precisa ser a curetagem ou aspiração, pois pode – se usar o misoprostol (administrado via vaginal, e se houver eliminação de todo o conteúdo, confirmada por US, não haverá necessidade de passar por procedimento cirúrgico). • ABORTAMENTO COMPLETO o Diminuição considerável do sangramento e da dor. o Em geral o colo é impérvio e pode – se perceber a presença de material no canal cervical, o Diagnóstico complementar com ultrassonografia → não haverá material na cavidade uterina (neste caso o US é obrigatório). o Conduta: alta com orientações. • ABORTO INFECTADO o Sangramento tipo “água de carne” com odor fétido, febre, dor em cólica, dor à mobilização do colo. Daniela Carvalho - LVI o Saída de secreção purulenta, colo entreaberto. ▪ É um abortamento retido ou incompleto em que a paciente não veio para o PS e acaba evoluindo com infecção no material uterino. o Conduta ativa após estabilização da paciente: antibioticoterapia e esvaziamento uterino (curetagem ou aspiração). ▪ Se a paciente tiver com colo amolecido e em BEG -> faz o ATB e a curetagem após 24 horas para reduz a chance de sepse. ABORTAMENTO PREVISTO POR LEI • Estupro o Não é necessário BO. o Acreditar na veracidade das palavras. o TCLE assinado. Em menores necessita assinatura dos pais ou tutor o Objeção de consciência: não é valido em caso de urgência e emergência ou se demora trouxer algum dano. • Risco de vida materno o Ex: mãe cardiopata. • Anencefalia o Deve ter 2 US que comprovem o diagnóstico por 2 profissionais diferentes. ABORTAMENTO INSEGURO • Hemorragia: morte materna e anemia. • Infecção: morte materna, histerectomia, infertilidade, gravidez ectópica, dor pélvica crônica, DIP, sind Ascherman, etc. • Lesões traumáticas ou químicas dos genitais e órgãos vizinhos. • Reação tóxica a produtos ingeridos ou colocados na vagina. • 20 % síndrome do transtorno pós-traumático. CURETAGEM E ASPIRAÇÃO • Curetagem -> cureta fenestrada (passará em todas as paredes uterinas e região dos cornos). Fonte: https://www.fisioterapiaparatodos.com/p/wp-content/uploads/2013/11/curetagem-uterina-640x438.jpg GESTAÇÃO ECTÓPICA • Implantação e desenvolvimento do ovo fora da cavidade uterina. • 90 a 95% tubária. Daniela Carvalho - LVI o Em geral a tubária evolui com rotura uterina. o A maioria das mortes ocorre por hemorragia. • Responsável por 6% a 13% de mortes no período gestacional. QUADRO CLÍNICO • Dor abdominal súbita com ou sem sangramento vaginal EXAME FISICO • Sangramento vaginal em pequena quantidade • Colo amolecido, útero pequeno para idade gestacional (intrapélvico no geral) • Dor à mobilização do colo uterino • Tumoração palpável em região anexial • Sinais de peritonite: descompressão brusca dolorosa, sinal de Lafond o Sinal de Lafond = dor no ombro por irritação peritoneal FATORES DE RISCO • Ectópica prévia • Cirurgia tubária prévia • DIP • Endometriose • Tabagismo • DIU • FIV (Fertilização in vitro) Fontes: https://www.scielo.br/img/revistas/rbgo/v30n3/08f1.gif Daniela Carvalho - LVI TRATAMENTO • Fazemos o US -> diagnostico -> cirurgia. • Em geral o tratamento é cirúrgico, porém pode se fazer o tratamento conservador dependendo da situação. o Tratamento conservado: uso de metotrexate, porém deve atender a algumas condições -> o embrião não deve ter batimentos cardíacos, o valor de bHCG não deve ser superior a um valor específico, tem um limite de comprimento crânio nádega que o embrião pode ter e a mulher deve ter um acompanhamento adequado (devido a chances de evoluir com rotura de trompas, abdome agudo e choque hipovolêmico). o Cirurgia: deve ser laparotomia ou videolaparoscopia. ▪ Videolaparoscopia: somente pode ser feita em pacientes com gestação ectópica íntegra. • Pode – se fazer salpingoplastia (lembrar que a cicatriz é risco aumentado para gravidez ectópica). ▪ Laparotomia: nos casos de gravidez ectópica rota. • Paciente comquadro clínico sugestivo -> pede – se US; porém se não tiver US no momento, pode – se fazer a culdocentese e se tiver sangue dentro do fundo de saco posterior será um abdome agudo (independente da causa) e por este motivo deve – se abrir. DOENÇA TROFOBLASTICA GESTACIONAL • Anomalia da proliferação do tecido trofoblástico = MOLA • Fatores de risco: idade materna avançada e história prévia de DTG. • O feto não é viável neste tipo de gestação. CLASSIFICAÇÃO • Mola hidatiforme: o Completa (ausência de embrião – 46 XX (90%) → 1 epz 23X fecunda 1 óvulo sem núcleo e duplica; 46 XY ou 46 XX (4% -10%)→ 2 epz haplóide X ou Y fecunda um óvulo sem núcleo. ▪ Tem a fecundação e acaba evoluindo com a mola (tecido trofoblástico que evolui de forma anômala) mas não tem o embrião somente o tecido trofoblástico. o Parcial (fetos triplóides 69 XXY ou 92 XXXY→ fecundação de um óvulo por 2 espermatozoides ou um diplóide). Geralmente o tumor se restringe ao endométrio. ▪ Tem o embrião e tecido trofoblástico (tecido de mola). • Mola Invasora: invasão do miométrio o Pode causar rotura uterina! • Coriocarcinoma: tumor maligno altamente metastático o Devemos fazer investigação com exame de imagem. Daniela Carvalho - LVI Fonte: https://userscontent2.emaze.com/images/73a85a3e-f5f6-4b76-aad0-429b1c17200b/ab6e08138dcd8005712eae3283c6c63e.png QUADRO CLÍNICO • Sangramento vaginal intermitente e variável com ou sem saída de vesículas • Útero de volume aumentado para idade gestacional • Cistos tecaluteínicos (hiperestimulação por níveis elevados de gonadotrofina) • Náuseas e vômitos • Hipertireoidismo o Estas pacientes têm sinais de hipertireoidismo devido a elevada quantidade de betaHCG, que é uma molécula muito semelhante ao TSH -> paciente evoluirá com hipertireoidismo (taquicardia, insônia, etc). DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA • Separação da placenta normalmente inserido no corpo do útero, após a 20ª semana de gestação, acarretando sangramento uterino. o Pode ou não acarretar sangramento -> hematoma pode ficar restrito no colo (não causando sangramento vaginal). o Paciente chega com dor abdominal intensa e sangramento vaginal (em geral, mas nem sempre terá). • Alta morbidade materna e fetal (25%). • É a principal causa de sangramento no 3º trimestre e atinge 1 a 2% das gestações (1/86 a 1/200 gestações) • Fatores predisponentes: o Hipertensão (principal), traumas abdominais, descompressão abrupta (inercial), gemelaridade, tumores, malformações uterinas, tabagismo, cocaína (causa vasoespasmo), descolamento anterior (10 a 25%). • Etiologia: o Vasoespasmo arteriolar→ hipertensão gestacional sobreposta. QUADRO CLÍNICO • Sangramento – nem sempre visível - oculto. • Dor súbita e intensa. • Hipertonia uterina. Daniela Carvalho - LVI o Útero lenhoso (sem momento de relaxamento) • Alteração do BCF ou ausência e parada da MF fetal • Alteração hemodinâmica: choque, hipotensão. • Urgência • Diagnóstico clínico CONSEQUENCIAS • Hipertonia uterina: levando a compressão vascular → ↓ fluxo venoso, sem alterar a pressão arteriolar→ ↑ pressão venosa intrauterina → ruptura e vênulas da decídua → ↑ a área descolada. • Apoplexia uterina: ↓ da contratilidade uterina por infiltração e necrose do músculo miometrial (útero de Couvelaire) o A apoplexia é causada devido ao contato do sangramento com a cavidade uterina = infiltração de sangue nas fibras do miométrio, levando ao útero de Couvelaire (útero arroxeado com atonia). o Tomar as condutas para atonia uterina -> misoprostol via retal, ocitocina, ergometrina e fazer o ponto B Lynch. • Distúrbio da coagulação por hiperconsumo → liberação de tromboplastina na circulação → hipercoagulabilidade – CIVD → ↓fibrinogênio, protrombina, fator V e VIII e plaquetas. o Paciente chega com quadro de descolamento de placenta -> pegar dois acessos calibrosos e coletar todos os exames do pacote de pré eclampsia e entre eles deve – se coletar sangue em um tubo sem anticoagulante, e se após 5 minutos não ocorrer coagulação, quer dizer que a paciente está evoluindo para CIVD. • Insuficiência renal e necrose hipofisária (Sheehan). CONDUTA OBSTÉTRICA • Estabilização hemodinâmica • Hemograma, coagulograma e hemotransfusão concomitante ao parto -> solicitar a mesma propedêutica de exames que é solicitada para pré eclâmpsia (que é a causa mais comum de descolamento de placenta). o Já deve – se solicitar o concentrado de hemácias pois provavelmente será necessário fazer transfusão de sangue nesta paciente (que será iniciada intraparto). • Amniotomia precoce → ↓ área de sangramento, coordena as contrações → parto normal. o Se a paciente chegar com dilatação cervical, que permita a realização da miotomia, pois promoverá redução da pressão intrauterina e com isto a velocidade com que ocorra o descolamento de placenta. • Feto vivo > 26 semanas: parto imediato → cesariana ou parto normal se as condições maternas forem favoráveis. o Será feito parto normal se a paciente tiver dilatação e condições favoráveis (rompe – se as membranas para agilizar o parto). • Cesariana se alterações hemodinâmicas ou fetais. o Nos casos em que a dilatação uterina for pequena e a paciente não estiver em condições para o parto normal. o Neste caso o ideal é sempre fazer incisão mediana devido ao risco de sangramento. • Nos casos de feto morto → cesariana se o parto for demorar mais que 4 horas. Daniela Carvalho - LVI o Se a paciente estiver em condições favoráveis, pode – se esperar evoluir para parto normal (mas isto é difícil de acontecer devido aos riscos maternos). PLACENTA PREVIA • Inserção placentária parcial ou totalmente no seguimento inferior do útero, diagnosticada no 3º trimestre. o A partir de 27 semanas pois antes disto ela pode subir (neste caso, chamamos de placenta baixa). o Pode evolui com descolamento, mas o principal risco é o sangramento e o acretismo placentário. • Classificação – terceiro trimestre (Neme et cols.) o Centro total: recobre totalmente o OIC (orifício interno do colo) o Centro-parcial: recobre parcialmente o OIC. o Marginal: a borda margeia o OIC. o Lateral: lateral ao OIC, sem atingí-la (até 7 cm do OIC). ▪ No livro, pode evoluir para parto vaginal (mas na pratica a indicação é cesaria antes de entrar em trabalho de parto). Fonte: https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/16345/mod_resource/content/1/un02/img_content/placenta_previa.png Fonte: https://saladeenfermagem.files.wordpress.com/2014/04/20140417-111856.jpg Daniela Carvalho - LVI • Etiologia: o Cesárea anterior (4x>). o Idade materna avançada – gestações tardias. ▪ Devido a lentificação da nidação. o Multiparidade. o Cicatrizes uterinas/ curetagens / endometrite. o Gemelaridade. o Mioma. ▪ Principalmente mioma submucoso que dificulta a inserção placentária. o MF uterinas. o Doenças auto-imunes: endométrio hostil a niidação → atraso na niidação ▪ Atraso na nidação faz com ela ocorra mais baixo. PLACENTA PRÉVIA -> ACRETISMO • É a aderência anormal da placenta na parede uterina, onde ocorre a invasão do miométrio pela placenta, à procura de um leito vascular. • A placenta prévia é a causa mais frequente do acretismo placentário. o Sempre que houver placenta previa, deve – se fazer investigação para acretismo placentário US ou RNM (nos casos em que a US não for suficiente). • Etiologia: ausência ou desordem na decídua basal do endométrio. • Classificação: o Acreta (superficial) ▪ Após o parto a dequitação ocorre bem. o Increta (intermediária) ▪ Ocorre certo comprometimento das fibras miometriais. ▪ Não conseguirmos fazer a dequitação após o parto (deve – se passar para histerectomia). ▪ Em pacientes primigestas, tem – se a possibilidade de fazer metotrexate (na intenção de manter o útero), porémnão é tão comum na prática. o Percreta (atinge o peritônio visceral). ▪ Pode invadir até órgãos adjacentes. ▪ Após o parto, fecha – se o útero com a placenta la dentro (clampeada) e faz – se histerectomia. Fonte: https://i.pinimg.com/originals/ba/09/06/ba0906f1bf7be0b73216d38c61039d57.jpg Daniela Carvalho - LVI RUPTURA UTERINA • Rompimento do miométrio durante a gravidez ou trabalho de parto. • Quadro clínico grave com alto índice de mortalidade materna (13%) e fetal (92%). o Indicação de conduta ativa imediata. • Atinge 1/1200 a 1/1500 partos. • Quadro clínico: o Paciente chega em trabalho de parto com dor que não é compatível com as contrações e que está presente também fora das contrações -> após isto, a dor para espontaneamente e a apresentação fetal sobe, formando um “degrau” na parede abdominal. o Evolui em 92% para óbito fetal pois, a placenta começa a sangrar para dentro da cavidade abdominal, perdendo sua função, com isto não haverá oxigenação adequada para o feto. • Fatores predisponentes: o Cirurgias prévias: múltiplas cesarianas, miomectomias. ▪ Miométrio fica mais fino, aumento o risco durante o trabalho de parto. o Macrossomia fetal/ polidrâmnio. o Gemelaridade. o Multiparidade. o Trabalho de parto prolongado. ▪ Aumento do risco de rotura na região do istmo. o Uso de ocitócitos inadivertidamente, durante a indução de parto. o Malformação uterina: útero bicorno, mioma e útero septado. o Traumática Fonte: https://3.bp.blogspot.com/-kFvbnq7q4jA/TuIFUh6kQOI/AAAAAAAADew/bqK375hIR5Y/s1600/aneleditado.jpg Devido ao aumento do volume uterino!!
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