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lOMoARcPSD|594 700 4 MICROBIOLOGIA DOS ALIMENTOS A microbiologia de alimentos está de um modo geral relacionado a três aspectos fundamentais: 1. preservação dos alimentos pelo emprego de microrganismos; 2. detecção e prevenção de intoxicações e infecções produzidas pela ação de microrganismos em alimentos; 3. controle da transmissão de doenças através deles. O homem e os microrganismos têm muito em comum no que se refere a suas exigências nutricionais. Ambos dependem basicamente das proteínas e dos hidratos de carbono, que somados as gorduras compõem os principais produtos alimentícios. IMPORTÂNCIA DOS MICRORGANISMOS. Os microrganismos (bactérias, fungos - bolores e leveduras – ou vírus) podem desempenhar papeis muito importantes nos alimentos, sendo possível classificá-los em 3 grupos, dependendo do tipo de interação existente entre microrganismo e alimento: 1. Deteriorantes → Que alteram os alimentos – os microrganismos nos alimentos são causa contaminação cruzada (ambiente), denunciando um processo feito de maneira inadequada, ocorrendo alterações químicas prejudiciais, resultando na “deterioração microbiana”. A deterioração resulta em alterações de cor, odor, sabor, textura e aspecto do alimento (Ex: bolores micrococcos) 2. Patogênicos → Causadores de doenças – os microrganismos nos alimentos podem apresentar risco a saúde, podendo afetar tanto o homem como os animais. As características das doenças que esses microrganismos causam dependem de uma série de fatores inerentes ao alimento em questão e ao indivíduo a ser afetado, não provocando alterações sensoriais (cor, odor, sabor e textura). Os microrganismos patogênicos podem chegar ao alimento por via acidental, sempre refletindo condições precárias de higiene durante a produção, armazenamento, distribuição ou manuseio em nível doméstico. Normalmente gera intoxicação/toxinfecção (staphylococcus aureus) Patogenias ocasionadas por microrganismos que usam o alimento como veículo de transmissão → Brucelose; Cólera; Febre Q; Febre tifo. Patogenias ocasionadas por microrganismos que usam o alimento como meio de crescimento, podendo causar: a) Infecções alimentares – são ocasionadas por toxinas elaboradas por certos microrganismos depois que o alimento foi ingerido há, portanto, necessidade da ingestão de células viáveis dos microrganismos Ex: Salmonella; Shigella; Streptococcus; Vibrio; Proteus; Pasteurella. b) Intoxicações alimentares – ocorrem quando certas toxinas elaboradas por microrganismos são ingeridas juntamente com o alimento. Não há, portanto, necessidade de ingestão de células viáveis, pois a própria toxina é responsável pelo sintoma. Ex: Clostridium botulinum; Clostridium perfringens; Staphylococcus áureos; Bacillus cereus; Aspergillus flavus. 3. Uteis → Adicionados intencionalmente e causam alterações benéficas ao alimento (conservação) – há microrganismos que modificam as características originais do alimento de forma a transformá-lo em um novo alimento. Neste grupo estão todos os microrganismos utilizados na fabricação de alimentos fermentados. Ex: queijos; bebidas lácteas fermentadas; cervejas, vinhos, pães, picles, chucrute, azeitonas etc. lOMoARcPSD|594 700 4 2 FONTES DE CONTAMINAÇÃO. As principais fontes de contaminação são: • Solo e água • Utensílios • Manipuladores de alimentos • Pele de animais • Plantas • Trato intestinal • Ração animal • Ar e pó FATORES QUE INFLUENCIAM O CRESCIMENTO MICROBIANO. • Associações • Efeitos das condições ambientais • Propriedade física do alimento • Propriedade química do alimento • Disponibilidade de oxigênio • Temperatura CURVA DE CRESCIMENTO. 1. FASE LAG Fase de latência – não há a multiplicação de microorganismos pois estão se adaptando ao meio 2. FASE LOG Chamada também de Fase Exponencial ou Fase Logaritmica – ocorre uma multiplicação em ritmo constante e desenvolvimento atinge ao máximo. É a fase de maior atividade microbiana e maior consumo de nutrientes 3. FASE ESTACIONARIA A diminuição do ritmo de crescimento, que ocorre ao fim da fase exponencial, dá início à fase estacionaria onde o número de individuo permanece constante no decorrer do tempo (pelo equilíbrio entre a taxa de morte e a taxa de multiplicação). Há um esgotamento de nutrientes e microorganismos usam própria ação metabólica. 4. FASE DE DECLINIO O número de microrganismos vivos começa a diminuir, em função da falta de condições de sobrevivência no ambiente (falta de nutrientes, acidez excessiva, substâncias lOMoARcPSD|594 700 4 tóxicas excretadas pelos próprios microrganismos). A curva de destruição, é importante para avaliar a diminuição do número de células viáveis dos organismos em questão, quando submetido a condição destrutiva ou desfavorável. FATORES QUE CONTROLAM A MULTIPLICAÇÃO MICRORBIANA. A capacidade de sobrevivência dos microrganismos que estão presentes em um alimento depende de uma série de fatores. Entre esses fatores estão aqueles relacionados às características própria do alimento (Fatores Intrínsecos) e os relacionados com o ambiente em que o alimento se encontra (Fatores Extrínsecos): a) Fatores Intrínsecos: relacionados com as características próprias do alimento • Atividade da água (Aa) – relação existente entre a pressão parcial de vapor de água pura (Po), a uma dada temperatura Aa = P/Po valores variam de 0 a 1 Para o seu crescimento e metabolismo os microrganismos exigem a presença de água numa forma disponível – a agua ligada a macromoléculas não pode ser aproveitadas pelos microorganismos e por isso o parâmetro que mede a disponibilidade de água em determinado alimento ou solução denomina-se “Atividade de água (Aa)” → valor absoluto de água disponível no alimento As bactérias são usualmente mais exigentes quanto a disponibilidade de água livre, seguida das leveduras e dos bolores. Algumas espécies de bolores destacam-se pela elevada tolerância à baixa Aa Redução da Atividade de água: Congelamento, Desidratação e Adição de Sal e Açucar (métodos de conservação) • > 0,6 é considerado o valor de Aa limitante para a multiplicação dos microorganismos → é manipulado em TPOA para estender a validade e aumentar a fase lag do produto Grupo microbiano Aa Mínima Bactérias deteriorantes 0,90 Leveduras deteriorantes 0,88 Bolores deteriorantes 0,80 Clostridium botulinum tipo E (sal) 0,97 E. Coli 0,96 S. aureus 0,86 Bactérias halófilas (sal) 0,75 Bolores xerofílicos (seco) 0,71 Leveduras osmofílicas (açúcar) 0,60 – 0,62 Valores de Aa Tipos de alimentos >0,98 Carnes e pescados frescos, leites e outras bebidas, frutas e hortaliças frescas, hortaliças em salmoura enlatadas e frutas em calda enlatadas 0,93 a <0,98 Leite evaporado concentrado de tomate, carne e pescados curados, sucos de grutas, queijos, pão embutido 0,85 a 0,93 Leite condensado, salame, queijo duros, produtos de confeitaria e marmeladas 0,60 a <0,85 Geleias, farinhas, frutas secas, Carmelo, goiabada, coco ralado, pescado muito salgado e extrato de carne <0,60 Doces, chocolate, mel, macarrões, batata fritas, verduras desidratadas, ovos e leite em pó lOMoARcPSD|594 700 4 4 • pH É um dos principais fatores intrínsecos capazes de determinar o crescimento, sobrevivência ou destruição dos microrganismos nele existente. Os microrganismos têm valores de pH ótimo e máximo para sua multiplicação. O pH em torno da neutralidade (6,5 – 7,5) é o mais favorável para a maioria dos microrganismos. Sensibilidade à variação de pH → bactérias patogênicas > leveduras > bolores pH desfavorável → aumento da fase lag Classificação dos alimentos em função do pH: 1. Alimentos de baixa acidez/pouco acidez → pH superior a 4,5 – nesta faixa de pH a microbiota do alimento é bastante variada, havendo condiçõespara o desenvolvimento de bactérias patogênicas e deteriorantes) 2. Alimentos ácidos → pH entre 4,0 – 4,5. Nesta faixa a microbiota já é bem mais restrita, representada por bactérias láticas e algumas formas esporuladas do gênero Bacillus e Clostridium 3. Alimentos muito ácidos → pH inferior a 4,5. Nesta faixa a microbiota capaz de se desenvolver é restrita, praticamente, aos bolores e leveduras pH ORGANISMO Min Ótimo Máximo Bacterias (maioria) 4,5 6,5-7,5 9,0 Salmonella 4,5-5,0 6,0-,7,5 8,0-9,6 S. Aureus 4,0-4,7 6,0-7,0 9,5-9,8 Leveduras 1,5-3,5 4,0-6,6 8,0-8,5 Boloress 1,5-3,5 4,5-6,8 8,0-11 • Potencial de Oxirredução (Redox, Eh) O potencial de oxi-redução é a facilidade com que determinado substrato ganha ou perde elétrons: Perde elétrons → oxidado Ganha elétrons → reduzido Com a transferência de elétrons de um composto para o outro, cria-se uma diferença de potencial entre os mesmos que pode ser medida com instrumentos apropriados. A presença do oxigênio é o fator que mais contribui para o aumento do potencial redox de um alimento. O Eh/Redox é medido em Volts ou milivolts (mv) e os microrganismos variam no grau de sensibilidade ao potencial de oxi-redução e podem ser dividido em grupos de acordo com o Eh requerido: 1. Aeróbios – requerem Eh positivo – (+ 350 a 550 mv) Abrange a maioria dos bolores, as leveduras oxidativas e muitas bactérias, principalmente as deteriorantes Microaerófilas – são as que se multiplicam melhor em condição ligeiramente reduzidas (condição ligeiramente reduzida – Listeria monocytogenes) 2. Anaeróbios – requerem Eh negativo (-30 a 550 mv) Espécies de bactérias patogênicas – clostridium e deteriorantes 3. Facultativos – multiplicam-se em Eh (+) e Eh (-) (+100) a (– 350) mv Multiplicam-se bem tanto em condições de aerobiose quanto de anaerobiose Ex: Leveduras fermentativas, entero bactérias e bacillus Potencial de Oxi-redução em alguns alimentos Alimento Potencial de Oxi-Redução/Eh Leite +200 a +400 lOMoARcPSD|594 700 4 Queijo tipo Cheddar +300 a -100 Queijo Suiço -50 a -200 Carne in natura -60 a -150 Carne Moída +300 Carne enlatada -20 a -150 Suco de uva +409 Suco de limão +383 • Composição do Alimento Os microrganismos variam quanto às suas exigências aos fatores de crescimento e à capacidade de utilizarem os diferentes substratos que compõem os alimentos. Para que a multiplicação microbiana seja possível, os seguintes nutrientes devem estar disponíveis: água, fonte de nitrogênio, fonte de carbono, vitaminas e sais minerais. Assim, de acordo com o tipo de nutrientes que compõe o alimento, podemos determinar qual o microrganismo que terá maiores possibilidades de se desenvolver. Os bolores são de particular interesse na deterioração de matérias primas ricas em carboidratos complexos (polissacarídeos), como amido e celulose. Os óleos e gorduras sofrem a ação de muitos bolores, leveduras e algumas bactérias. • Fatores Antimicrobianos Naturais A estabilidade de alguns produtos de origem animal e vegetal ocorre, na natureza, devido à presença de constituintes antimicrobianos, que são substancias naturalmente presentes nesses alimentos tendo a capacidade de retardar ou inibir a multiplicação microbiana. Ex: Eugenol - cravo e canela; Timol e isso timol – orégano; Lisozina – ovo; Alcina – alho. • Interação entre Microrganismos Um determinado microrganismo ao se multiplicar em um alimento, produz metabólitos que podem afetar a capacidade de sobrevivência e de multiplicação de outros microrganismos presentes nesse alimento. Ex: bactérias produtoras de ácido lático podem alterar o pH do alimento de tal forma que o torna acido demais para o crescimento de outros microrganismos. b) Fatores Extrínsecos: relacionados com o ambiente em que o alimento se encontra Os fatores relativos ao ambiente que cerca o alimento poderá atuar positiva ou negativamente sobre os microrganismos, são eles: • Temperatura ambiental Fator ambiental mais importante no que se diz respeito a multiplicação de microorganismos. A velocidade específica de desenvolvimento diminui na medida em que a temperatura se afasta da ótima, até que cessa o desenvolvimento ou ocorra a morte da célula → podem se lOMoARcPSD|594 700 4 6 multiplicar em uma faixa ampla de temperatura Psicocrófilos e psicrotróficos - se multiplicam bem em temperatura de regrigeração, sendo os principais agentes de deterioração de carnes, pescados ovos e aves → Pseudomonas, Flavobacterium e Micrococcus Mesófilos – está a maioria dos patogênicos e importantes para os alimentos Termófilos – é importante nos alimentos os Bacillus e Clostridium Classsificação Faixa de temperatura Temperatura Ótima Psicrófilos 0-20°C 10- 15° C Psicrotróficos 0-7°c 0-7°C Mesófilos 5-50°C 25-40°C Termófilos 35-90°C 45-65°C • Umidade relativa do ambiente A umidade relativa apresenta estreita correlação com a atividade de água. Quando o alimento está em equilíbrio com a atmosfera a Umidade Relativa é igual a 100 x Aa. Conservação do alimento: UR ambiente> Aa alimento → alimento absorve umidade do ambiente, causando aumento em sua Aa UR amabiente <Aa alimento → alimento perde água, causamendo diminuição em sua Aa Se estocarmos um alimento de baixa atividade de água em ambiente com alta umidade relativa, a Aa do alimento aumentará, podendo ocorrer deterioração. O binômio UR/temperatura não pode ser desprezado, geralmente quanto mais baixa a temperatura de estocagem, menor deverá ser UR, sendo o inverso verdadeiro. Alterando-se a atmosfera gasosa é possível retardar a deterioração da superfície sem o abaixamento da UR. • Composição gasosa Composição gasosa do ambiente pode determinar os tipos de microorganismos que poderão predominar: Presença de oxigênio – aeróbios Ausencia de oxigênio – anaeróbios Atmosféra modificada → O2 é total ou parcialmente substutído por outros gases – atmosfera controlada contendo composições diferentes de gases (O2, N, CO2, CO, NO e dióxido de enxofre) – aumentar a vida útil Embalagem a vácuo- bastante empregadas em carnes Muitos países usam essa técnica para estocar frutas, provocando assim o retardamento da maturação e da putrefação causada por fungos. Certos vegetais, principalmente frutas, são conservadas em atmosfera contendo ozônio. Não é recomendado o uso desse gás em alimentos com alto teor de lipídeos, pois acelera a ramificação. MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO EM ALIMENTOS Objetivo da Conservação de Alimentos: prolongar a vida útil de um produto/validade → prolongar a Fase de Latência (Fase LAG) da Curva de Crescimento dos Microorganismo nos alimentos a) Procurando fazer com que o menor número possível de microrganismos alcance o alimento, isto é, reduzindo o grau de contaminação, pois quanto menos microrganismos existirem, menor será a fase de latência. lOMoARcPSD|594 700 4 b) Criando condições ambientais desfavoráveis (umidade, pH, temperatura, presença de inibidores). Quanto maior o número de condições desfavoráveis, mais tardará o início do crescimento microbiano. c) Aplicando certos tratamentos diretamente sobre os microrganismos. PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DOS ALIMENTOS. Os processos de conservação dos alimentos são baseados na eliminação total ou parcial dos agentes que alteram os produtos ou na modificação ou suspensão de um ou mais fatores essenciais, de modo que o meio se torne não propicio a qualquer modificação vital. Isto ainda pode ser conseguido pela adição de substâncias que impeçam o desenvolvimento dos microrganismos. Necessitam de uma íntegra condição sanitária, ou seja, condições precárias não são corrigidas por processos de conservação → Diminuição da contagem microbiana inicial através da higienização As indicações para a escolha de qual método usar vai depender da natureza, origem, estado, estado físicodo alimento e tempo de conservação. A estratégia contra os microorganismos são feitas para em etapas para que eles: 1. Previnir- para que não atinjam o produto → através de uma condição sanitária adequada 2. Destruír caso já tenham atingido o alimento → métodos de conservação que destroem 3. Impedir sua multiplicação → através dos métodos de conservação que tornam o ambiente desfavorável ✓ Métodos de ação indireta sobre os microorganismos → modifica o substrato, ou seja, tem o objetivo de supressão de um ou mais fatores essenciais, tornando o ambiente desfavorável para manifestações vitais. Ex: Frio e Secagem ✓ Métodos de ação direta sobre os microorganismos → tem o objetivo de eliminar totalmente os microorganismos. Ex: Calor, Radiação, Fermentação, Adição de Elementos Métodos de Conservação ✓ Uso do calor → branqueamento (não é considerado método de conservação – não tem objetivo de destruir), pasteurização, esterilização e defumação a quente ✓ Uso do frio → refrigeração, congelação, supergelação, liofilização ✓ Secagem → Natural (sol), artificial (desidratação), instantaneização, concentração (evaporação) ✓ Por fermentação → Acética, alcóolica, láctica ✓ Adição de elementos → Salga e cura, acúçar, revestimentos graxos, gases/embalagens, aditivos ✓ Radiação → Radurização, radiciação e radapperitização O calor elimina as células microbianas quando submetidas a uma temperatura letal. Essa temperatura varia de acordo com a espécie do microorganismo e com a forma em que se encontra. As células vegetativas dos microorganismos são destruídas à 60ºC. Os esporos são inativados em temperaturas superiores a 100ºC. A inativação das células vegetativas e dos esporos pelo calor úmido decorre da desnaturação de proteína incapacitando a célula de se multiplicar. O calor seco age nas células por oxidação dos componentes celulares. Os esporos são mais resistentes em função de seu maior grau de desidratação. O calor é utilizado em vários métodos de conservação e preparo dos alimentos, tais como: cocção, pasteurização, esterilização, secagem e concentração. Nestes métodos ocorre a eliminação total ou parcial dos microorganismos de acordo com o grau do tratamento térmico dado ao alimento. lOMoARcPSD|594 700 4 8 PASTEURIZAÇÃO. É um tratamento térmico que elimina parte da flora microbiana presente no alimento, sendo utilizado nos seguintes casos: a) Visando eliminar os germes patogênicos – que é o caso do leite pasteurizado (leite da fazenda). O tratamento pode ser feito a HTST → 72 -75 ºC por 15 – 20 segundos. (alta temperatura em baixo tempo) ou LTLT → 60 – 65 ºC por 30 min. (baixa temperatura alto tempo) Visam a eliminação da coxiella burnetii; destruição de bactérias do grupo coliforme; reduz bastante a contagem de outros microorganismos não patogênicos e mesmo assim alguns microorganismos pscotrofícos podem resistir a pasteurização. b) Visando eliminar deteriorantes e patogênicos capazes de se desenvolver no produto – é o caso dos alimentos ácidos (pH entre 4,0 e 4,5, ex: tomate; cogumelos; palmitos) e dos muitos ácidos (pH < 4,0 ex: picles e sucos de frutas). Nesses alimentos os patógenos não sobrevivem ou não se desenvolvem. Os deteriorantes como leveduras, bolores, bactérias láticas e acéticas são destruídas pelo calor (faixa 60 – 90 ºC). Deteriorantes como Bacillus Coagulans e certas espécies de Clostridium, os esporos desses microorganismos não são muito resistentes, mas podem se desenvolver no produto. Nestes casos são usadas temperaturas de 100ºC (banho Maria). ESTERILIZAÇÃO. Tem por finalidade a destruição das floras normal e patogênia (destruição de 99,99%) e possui temperatura capaz de destruir o Clostridium botullinum (destrói a forma vegetativa e esporolada – forma de resistência bacteriana) Com isso implica a eliminação dos esporos bacterianos, são necessários temperatura de 140ºC em um tempo de 2 a 4 segundos, o que se consegue com o uso das autoclaves, que trabalham com o calor sob pressão. • Esterilização Comum (Apertização) - (30-40 min/120°) → tratamento térmico é feito após o envase/enlatamento • Esterilização UHT – (2 a 4s/140°C) → tratamento térmico é feito antes do envase RADIAÇÃO. A radurização aplica doses mais baixa (5 a 100 Krads) com o objetivo de inibir o brotamento de vegetais e retardar maturação e deterioração de frutas e hortaliças; agindo também sofre insetos infestadores A radicidação aplica doses intermediarias (100 a 100 Krads), possui efeito da pasteurização (destruição de deteriorantes patogênicos e flora banal e não destrói esporos, controla presença de salmonela, retardar deterioração de pescado, empregada em sucos de fruta A radapertização aplica doses altas (4,5 a 5,6 Mrads), possui efeito de esterilização comercial/apertização (destruição de deteriorantes patogênicos, flora banal e esporos). Congelamento prévio: aplicar a radiação sobre o produto congelado para minimizar o desbotamento. • Luz UV ultravioleta (200 – 280 nm) → são empregadas para inativar microorganismos da parte superficial dos alimentos, de embalagens ou mesmo de superfícies que entram em contato com os alimentos. • Radiação beta → pouca penetração e é pouco utilizada pois há preocupação com indução de radioatividade. • Raios gama → mais fortemente utilizadas como fonte de energia para radiação → radioativa (Cobalto 60, Césio 137, barras combustíveis empregadas em reatores nucleares). • Raio X • Microondas → alimentos neutros colocados em um campo magnéticos alternantes onde as moléculas do alimento tentam se alinhar, gerando fricção intermolecular → calor USO DO AÇÚCAR. lOMoARcPSD|594 700 4 Isoladamente e em grande porção (60%) → torna a água indisponível para os microorganismos Outras funções: dissimula sabor amargo provocado pelo nitrito; ao lado de outros elementos tem poder de cura (agente redutor) Funciona aumentando a pressão osmótica, diminuindo a Aa, criando um ambiente desfavorável para multiplicação das bactérias e para alguns bolores e leveduras, exemplo geléias; doces; frutas cristalizadas; leite condensado; mel etc. SALGA. Uso de Sal → O sal provoca a diminuição da Aa dos alimentos, aumentando a conservação. Os alimentos salgados podem ser mantidos a temperatura ambiente (bacalhau; charque). • Impede o desenvolvimento microbiano por elevação da pressão osmótica do produto e desidratação, contribuindo para solubilizar proteínas miofibrilares em emulsões → cadeias de aa na massa carnea vão ter que interagir com outras subs e o sal irá ajudar para que não ocorra defeitos (estabilidade/homogeneidade) • Influi no sabor e no aroma → intensifica outros sabores 5% de sal inibe completamente o desenvolvimento de bactérias anaeróbias 10% inibe as bactérias no geral → exceto as halotolerantes 20% → Alta concentração de Hipocloreto de Sódio resulta em plasmólise de microorganismos e da célula da carne com desidratação, inibição ou morte celular SECAGEM. Ocorre a eliminação da água pelo calor, que pode ser conduzido através do ar quente usado para produção de massas alimentícias, desidratação de vegetais e de carnes (temperatura entre 45 – 85ºC) ex: produção de leite em pó e de café em pó (180 – 230ºC). USO DE ADITIVOS. São substâncias não nutritivas com a finalidade de melhorar a aparência, sabo , textura e tempo de armazenamento. A dose do aditivo é determinada pela e aprovadas pela legislação (doses aquém de sua ação são tóxicas). • Naturais: obtidos por processos extrativos • Semi-sintéricos: obtidos de substâncias naturais, por fracionamento ou síntese (ex: eugenol de cravo) • Sintéticos: obtidos em laboratório, por processo de síntese Aditivos permitidos em carne in natura → não se permite Função do Aditivo Efeito Acidulante Confere ou intensifica o gosto ácido dos alimentos/torna o pH ácida Antiespumífero Influi na tensão superficial dos alimentos Antioxidante Retarda o surgimentode processos oxidativos Anti-humectante Diminui as características hidroscópicas dos produtos → evitar que o alimento absorva água do ambiente Conservador Impossibilita ou atrasa a deterioração enzimática ou causada por microorganismos Corante Confere ou intensifica a cor dos produtos Edulcorante Transmite sabor doce Espessante Eleva a viscosidade das soluções, emulsões e suspensões lOMoARcPSD|594 700 4 10 Espumífero Modifica a tensão superficial Estabilizante Conserva a característica física das emulsões e suspensões Aromatizante e flavorizante Confere e intensifica sabor e aroma Umectante Evitar a perda de umidade do ambiente SECAGEM OU DESIDRATAÇÃO. Removendo-se grande parte da água, a deterioração torna-se mais lenta (aumento da fase de lag). Pode ser feita através da salga ou da secagem natural. Deve ser realizada de forma cuidado e uniforma para que atinja os melhores resultados, podendo ser obtida aliando-se as melhores condições de clima seco com muito vento. Uma das vantagens da secagem é que ela concentra também os componentes do sabor. Ocorre a eliminação da água pelo calor, que pode ser conduzido através do ar quente usado para produção de massas alimentícias, desidratação de vegetais e de carnes (temperatura entre 45 – 85ºC) ex: produção de leite em pó e de café em pó (180 – 230ºC). • Extração deliberada em condições controladas de água dos alimentos • Conteúdo aquoso resultante é inferior a 3% • Feito por evaporação ou sublimação • Objetivo → aumentar o período de conservação dos alimentos através da inibição da multiplicação dos microorganismos, atividades de enzimas e determinadas reações químicas (temperatura não é suficiente para inativar os microorganismos) Ocorre a eliminação da água pelo frio (liofilização), que faz a secagem do alimento por congelamento, feito tanto em vegetais (por branqueamento) quanto em carnes (pré-cozimento) com um aquecimento suave e posteriormente um congelamento rápido a -40°C → após o congelamento a água é removida por sublimação pelo uso de vácuo e aquecimento Há a preservação das estruturas do alimento por conta da saída através de sublimação Há a preservação das características sensoriais por não utilizar altas temperaturas Há a preservação do valor nutritivo por não desnaturar proteínas (como no caso de altas temperaturas) Dry Age – temperatura e umidade controladas REFRIGERAÇÃO. Na refrigeração utilizam-se temperaturas superiores às do ponto de congelamento. Pode ser usada como meio de conservação básica (carnes e pescados frescos), como conservação temporária até que aplique outro método (leite cru) ou ainda como método de conservação complementar (leite pasteurizado). • A refrigeração não pode ser considerada como forma de eliminação de microorganismo porém ela faz a inibição ou suspensão do crescimento microbiano • A carne entra na câmara fria com 38,5 – 39°C e fica até atingir no mínimo 7°C Objetivo: conservar a carne através da inibição do crescimento microbiano e redução das reações oxidativas e enzimáticas. Fundamento: inibir o ritmo metabólico do crescimento microbiano. Condições: - Fatores da carcaça: tamanho, peso e cobertura de gordura. Então a refrigeração varia entres espécies. - Fatores do meio: Temperatura da câmara (-1 até 4°C) x temperatura da carcaça (38,5 – 39°C). Ponto de congelamento da carne: -1,5 a -2°C lOMoARcPSD|594 700 4 - Velocidade do ar: 0,3 – 0,5 m/s (se não utilizar estimulação elétrica); para se colocar na mesma câmara carcaças de espécies diferentes devemos fazer estimulação elétrica nas mesmas para evitar o encurtamento pelo frio devido a queima de ATP (se não utilizarmos estimulação elétrica, nas primeiras horas de câmara a temperatura deve ficar acima de 10°C para evitar encurtamento. - Direção do ar: realizado porque o ar frio é mais pesado. Realizado por ventiladores. - Umidade: 85-95% para ter um equilíbrio entre o ar da carcaça e da câmera, evitando o ressecamento da carcaça. Observação: 1. no Rigor Mortis, o Sarcômero encurta 50% pois nã0 há Ciclo de Krebs acontecendo e, portanto, ele está contraído e encurtado pelo frio. Assim ocorre uma contração violenta do músculo nas primeiras horas dentro da câmara até a temperatura atingir 10° nas primeiras 10 horas. À medida que o músculo sofre anaerobiose, a mitocôndria libera cálcio e o sarcômero sofre um encurtamento brusco, fazendo com que a maturação da carne seja consistente e dura. Nas primeiras 10 horas o músculo tem que estar em uma temperatura abaixo de 10°C para evitar é uma boa opção a estimulação elétrica que evita o encurtamento pelo frio pois queima o ATP, acelera o rigor mortis e ajuda a maciez (porém só funciona em carnes que não são de porco, pois suínos a gordura é isolante térmico e assim a gordura escapa-se do encurtamento sarcoplasmático.) 2. Psicotroficas patogênicas e psicotroficas deteriorantes → abaixo de 4°C não tem crescimento dos patogênicos (Listeria, Clostridium..). SEGURANÇA ALIMENTAR → CARCAÇA ABAIXO DE 4°C, pH BAIXO (5,5) E SER EMBALADO!!! (PERMEAVEL AO O2 PARA COMERCIO PERTO, CARNE DURA 10-12 DIAS TUDO ANDANDO BEM, VÁCUO COMERCIO MAIS LONGE). CONGELAMENTO. Utilizam-se temperaturas mais baixas do que na refrigeração (-10 à 40ºC). No processo de congelamento ocorre uma redução da população microbiana. A morte dos microorganismos decorre, principalmente devido aos cristais de gelo formados na célula; a desnaturação das enzimas; a perda de gases da célula; ao abaixamento da Aa. Lento: Temperatura câmera -18 -20°C, formam numerosos e grandes cristais de gelo intercelulares que roubam água e substâncias solúveis das fibras, desnaturando as proteínas. Causando grande “Drip” e perdas de líquido ao descongelamento. Rápido: temperatura -30 -40°C Velocidade do ar 225m/s Umidade 95%, tempo 30-36hrs A carcaça sai com -18, -20°C Formação de numerosos e minúsculos cristais de gelo intracelular. Ao descongelamento as proteínas reabsorvem novamente a água. FERMENTAÇÃO. Baseia-se na modificação das características da matéria-prima, por ação de microorganismos dando origem a um produto mais estável em decorrência de compostos produzidos durante a fermentação (ácido lático; ácido acético; etanol). Os ácidos além de atuarem provocando a morte dos microorganismos não podem se desenvolver, inclusive os patogênicos. PERIGO DOS ALIMENTOS. É essencial a compreensão de que, para alimentos, os perigos referem-se, somente, às condições e/ou aos contaminantes que podem causar mal-estar ou dano ao consumidor por meio de uma lesão ou doenças. Os perigos em alimentos são controlados pelo sistema APPCC e pelos seus pré-requisitos, ou seja, as BOAS PRÁTICAS. Os perigos são classificados em biológicos; químicos e físicos. 1. Perigos biológicos – bactérias; fungos; vírus e parasitas. lOMoARcPSD|594 700 4 12 As bactérias patogênicas e/ou suas toxinas causam a maioria dos surtos em casos de doenças de origem alimentar conhecidos. Esses microrganismos podem ser encontrados, em várias quantidades em alimentos crus. Condições de estocagem e/ou manipulação imprópria desses alimentos contribuem para um aumento significativo desse número. Alimentos processados, como por exemplo, os que sofrem cocção, podem ser recontaminados (contaminação cruzada) com microrganismos patogênicos que alcançam rapidamente um número preocupante se a temperatura de estocagem for favorável à sua multiplicação. Condições de estocagem e/ou manipulação imprópria desses alimentos contribuem para um aumento significativo desse numero. Alimentos processados, como por exemplo, os que sofrem cocção, podem ser recontaminados (contaminação cruzada) com microrganismos patogênicos que alcançam rapidamente um numero preocupante se a temperatura de estocagem for favorável à sua multiplicação. 2. Perigos Químicos São contaminantes de natureza química, resíduo ou produtosde degradação em níveis inaceitáveis nos alimentos. Exemplos: produtos de limpeza, toxinas naturais, toxinas fúngicas, metabólitos tóxicos de origem microbiana, pesticidas, herbicidas, contaminantes inorgânicos tóxicos, antibióticos, anabolizantes, aditivos e coadjuvantes alimentares tóxicos, lubrificantes, tintas, desinfetantes. 3. Perigos Físicos São contaminantes de origem física, como corpos estranhos em níveis e dimensões inaceitáveis. São representados por objetos estranhos, ou matérias estranhas que são capazes de causar danos ao consumidor (ferimento de boca, quebra de dente e outros. Exemplos; vidros, metais, madeira, plásticos provenientes de envoltórios das embalagens, pedaço de papel, podem representar riscos de vida, pedaço de osso etc.). Os perigos físicos, assim como os biológicos e os químicos, podem contaminar o alimento em qualquer fase de sua produção. É importante salientar que qualquer substância estranha pode ser um perigo para a saúde se vier a produzir dano ao consumidor. CONTROLE DAS DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS (DTA) Uma DTA ocorre através da 1. Contaminação A presença do microrganismo viável, causador da doença, é necessário no alimento, o que acontece através da contaminação. Os microrganismos patogênicos são introduzidos na área da cozinha e, uma vez lá, chegam aos alimentos pela: Introdução na cozinha lOMoARcPSD|594 700 4 Matérias primas – água, vegetais crus, carnes, pescados, aves ovos e outros alimentos crus são fontes de patógenos. A seleção e o controle de fornecedor e Boas Práticas no recebimento e no manuseio dessas matérias primas diminuem o problema. Alimentos prontos: alimentos já processados, prontos para uso ou semielaborados podem veicular patogênicos ou mesmo provocar doenças. Por isso, os fornecedores devem ser avaliados, selecionados. Pessoal: ao entrar na cozinha, pode carregar um grande número de patógenos. Diminuição dessa carga é feita pelas Boas Práticas na entrada do pessoal no ambiente da cozinha, tais como: banho ou lavagem rigorosa das mãos e do rosto, troca de roupa, uso de uniforme limpo, etc. Insetos e roedores: trazem carga de patógenos perigosos para o ambiente. Medidas para o controle fora da cozinha e medidas para evitar sua entrada fazem parte das Boas Práticas Ar: a poeira carrega esporos. Assim, deve-se manter os alimentos cobertos e protegidos. Introdução nos alimentos: Ao serem preparados ou manuseados, os alimentos ainda crus e os já processados recebem contaminantes das seguintes fontes: Matéria prima: por alimentos contaminados misturados a outros alimentos. Por exemplo: uma batata gratinada pode receber creme de leite contaminado Pessoal: pela higiene deficiente e comportamento inadequado durante o manuseio dos alimentos Superfícies: de diversos tipos, tais como de utensílios, equipamentos que entram em contato direto ou indireto com os alimentos. Insetos e roedores: quando penetram ou se estalam no interior da cozinha disseminam os patógenos naquele ambiente, aumentando o risco de doenças. Ar/ambiente: especialmente em cozinhas com pouca higiene (lixos, sujidades, empolamento), pode ser fator para introdução de microrganismos nos alimentos. 2. Multiplicação Na maioria dos casos, para que ocorra uma doença, é necessária a multiplicação, e esta depende de um número suficiente do agente ou quantidade de toxina no alimento, dos microrganismos envolvidos, dos fatores inerentes ao alimento e do ambiente. A velocidade de multiplicação, basicamente depende dos seguintes fatores: • Características do alimento e do microrganismo – faixa de pH em que se multiplica o microrganismo; exigências de oxigênio do microrganismo, etc. • Temperatura em que está o alimento e o tempo: estes fatores, associados, são fundamentais para o controle das toxinfecções. A faixa de 20 a 50ºC é a mais crítica nela os patogênicos se desenvolvem rapidamente. As faixas seguras de estocagem ou manutenção dos alimentos estão abaixo de 10ºC, preferencialmente até 4ºC, no caso de manutenção a frio, e acima de 6-ºC, no caso de manutenção a quente 3. Sobrevivência Os microrganismos patogênicos não esporulados são facilmente destruídos por temperatura de cocção. Também são destruídos nos processos de desinfecção de vegetais. Falhas nos processos de cocção e de sanitização de vegetais permitem sobrevivência de patogênicos não esporulados. Já as falhas no processo de reaquecimento de produtos prontos resfriados permitem a sobrevivência e células vegetativas de microrganismos patogênicos, que por acaso tenham sobrevivido à cocção ou se multiplicado no processo de resfriamento deficiente. 4. Ingestão do alimento Há diferença de resistência das pessoas com relação aos processos infecciosos. Pessoas debilitadas, idosas e crianças são mais suscetíveis. Grande problema no desenvolvimento lOMoARcPSD|594 700 4 14 de surtos é que geralmente não se observam mudanças sensíveis no sabor ou odor dos alimentos que já possuem uma população em nível da dose infectada. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLOGICA DOS ALIMENTOS. A qualidade global de um alimento é determinada por diversos parâmetros físico, químico, nutricional, organoléptico e microbiológico. O exame microbiológico de um alimento nos fornecerá informações sobre a qualidade da matéria prima utilizada, sanitização da manipulação e, ao longo do processamento, adequação das técnicas utilizadas na preservação do produto e a eficiência das operações de transporte e armazenamento do produto. Nestas condições, em função da avaliação microbiológica do produto, será possível uma estimativa da sua vida útil ou sua vida de prateleira, bem como, pela pesquisa de patógenos ou indicadores de poluição fecal, será evidenciado os riscos à saúde pública proveniente de seu consumo. No caso de contaminações e as condições que permitam a ocorrência da deterioração. PADRÕES MICROBIOLÓGICOS. Os padrões microbiológicos estabelecem os limites máximos toleráveis de contaminação de um grupo ou espécie de microrganismo para cada tipo de alimento. Esses limites são determinados por metodologias estipuladas, visando proteger a saúde pública e/ou o alimento contra deterioração (aumentando seu tempo de prateleira). Os padrões têm caráter legal podendo ser federal, estadual ou municipal INDICADORES DE CONDIÇÕES HIGIENICAS DO ALIMENTO. As contagens refletem a contaminação ambiental do próprio alimento, bem como as condições de higiene e cuidados durante a produção, são eles: 1. Contagem padrão em placas (CPP) – também chamada de contagem total de mesofilos (20 e 37º) ou de psicrotróficos (5 a 10ºC). Essa contagem traduz o somatório de uma série de fatores: grau de contaminação das matérias primas usadas; higiene ambiental; cuidados no processamento para evitar multiplicação; eficiência de tratamentos utilizados para redução de contagem. Uma CPP acima do normal pode significar um menor tempo de prateleira. 2. A contagem de psicrotróficos é mais adequada para produtos mantidos sob refrigeração. É utilizada quando as bactérias são os principais agentes de deterioração, como nos casos de produtos de origem animal (leite e derivados, carnes e derivados etc.). 3. Contagem de bolores e leveduras – essas contagens representam a somatória desses dois grupos e tem a mesma finalidade da CPP nos alimentos em que eles constituem os principais deteriorantes. É usada para frutas, sucos; doces; farinhas e para alguns produtos de origem animal para os quais os grupos são importantes (Ex. iogurtes). 4. Coliformes totais – contagem usada para certos alimentos, tais como leites pasteurizados, sucos, etc, para indicar as condições higiênicas em que foram produzidos. 5. Indicadores de contaminação fecal – grupo de bactérias pertencentes ao grupocoliformes, utilizam a lactose a 44,5ºC com produção de gás. Os microrganismos mais importantes desse grupo é a Escherichia coli, fazendoparte exclusiva do intestino do homem e animais de sangue quente. Indicam uma possível presença de microrganismos patogênicos. São também denominadas de coliformes termotolerantes ou coliformes a 45ºC. Como são expelidas em grandes quantidades nas fezes (> 106 por gramas) e por terem resistência semelhante aos patógenos entéricos, sua presença indica que houve contaminação fecal no alimento, e que, por isso, existe a possibilidade de haver patógenos, como Salmonella. As fontes dessa contaminação podem ser: mãos, matéria prima, contaminação cruzada, insetos, utensílios e equipamentos contaminados. Existem outros microrganismos que não fazem parte de padrões microbiológicos e podem ser pesquisados em caso de surtos. Em alimentos manipulados realiza-se também análises de Salmonella sp e Staphylococcus aureus. lOMoARcPSD|594 700 4 ABATE ABATE DE BOVINOS. O animal passa por adaptações: fisiológicas (FC, FR e Temperatura), bioquímicas (liberação de hormônios), e comportamentais. Se houver estresse a mudança será severa e prejudicará o animal. Se houver estresse excessivo, contínuo, o animal entra em Diestresse (pico alto de estresse), o que prejudicará o animal e acarretará problemas no abate. Carne DFD (Seca, firme e escura): pH alto, desnaturação proteica e acúmulo de água. A carne fica feia e com sabor ruim. Dardo cativo: pistola, no meio da testa (entre os olhos abaixo de onde estaria o chifre) insensibilização. Colapso: Animal cai na hora, membros anteriores esticados, perda de respiração oxidêmica, olhos abertos e fixos em um local e pode ter movimentos involuntários. FLUXOGRAMA DO ABATE. Inspeção ante-mortem (animal vivo), as decisões tomadas na inspeção ante- mortem são para justificar o abate ou não. Animais com problemas de saúde muito graves, como por exemplo um animal com brucelose, vai para uma sala separada, departamento de necropsia onde há um forno crematório (faz insensibilização e sangria). PRÉ ABATE. • Jejum (24 horas de jejum) • Separação do lote → em bovinos fazer com 24horas de antecedência; importante ser lote homogêneo • Embarque • Transporte – deslocamento dos animais de seu local de produção para o matadouro (mistura de animais no curral 24 horas antes do embarque) → tratador do fará manejo do abate através do uso de bandeira, zona de fuga, ponto de equilíbrio e isso gerará estresse de deslocamento; não usar bastões elétricos; sem curvas e rampas acentuadas; o transporte prolongado gerará uma carne DFD → existe uma densidade adequada para o veículo • Recepção e espera dos animais – PRÉ MANEJO: primeiro verificar documentos (boletim sanitário, GTA- guia de transporte de animais vivos, condições de transporte (superlotação?) Curral de Seleção: acompanhamento visual dos animais e a análise de documentos → inspeção ante-morte, separação por sexo, ou se tem alguma lesão ou patologia vai para o curral de observação, esses animais são abatidos na sala de abate de emergência, sala separada do abate dos animais sadios. Curral de Descanso ou Matança: permanecem 12-24h de jejum e dieta hídrica (não gastar estoque muscular e não produzir ácido láctico) → para limpeza do TGI (pois ele está com o TGI repleto, para quando for abater e se caso o TGI não esteja repleto ou houver alguma ruptura a contaminação seja a menor possível) Curral de Observação: para animais fraturados; chegam e vão direto para este local. Animal magro também vai. Aí, dependendo, se faz abate na sala de abate de emergência ou pode ir para a sala de abate normal, ou até pode ir, por exemplo, para charque, para embutidos, graxaria, forno de incineração; quem decide isso é o MV. Se está tudo normal vai para o curral de espera. • Descanso O animal pré abate é transportado por longas distâncias e chega estressado, tenso, contraído, por isso os animais necessitam de um espaço suficiente para expressar comportamentos básicos como se levantar, deitar, virar, andar além de terem lOMoARcPSD|594 700 4 16 condições para realizar termorregulação (e água disponível). Assim, é preciso de tempo de 6 a 24 horas. ACÚMULO DE GLICOGÊNIO → com a alta concentração de glicogênio na hora do abate o glicogênio retorna para o músculo devido a glicólise anaeróbica, ocorrendo a queda do ph e transformação do glicogênio em lactato, com redução em 12 hras (pH 5,5 com bom descanso e alta taxa de glicogênio) CONDUÇÃO AO ABATE. • Instalação – corredores largos, piso antiderrapante, em formato de espinha de peixe, com paredes laterais fechadas e o mais uniforme possível (coloração, textura e luminosidade) evitam que os animais parem ao visualizarem pessoas e equipamentos. Isso permite manter o manejo ágil e sem interrupções O manejo de bovinos em corredor com paredes laterais fechadas requer uma passarela paralela ao corredor, para a segurança dos manejadores → assim, esses colaboradores têm acesso indireto aos animais e a passarela deve ser construída de modo a permitir que os bovinos se mantenham entre os manejadores e recebam estímulos para seguir • Banho de Aspersão: 800m de distância do local do abate, banho com temperatura baixa, para limpar e fazer vasoconstrição (ajuda na sangria) com água clorada para e higienização da superfície do couro – diminuir contaminação do couro, relaxamento muscular e faz com que o sangue das arteríolas migre para os grandes vasos – facilitando a sangria (retirar mais sangue); 50% de sangue no mínimo saia nesse momento, pois o ph do sangue é 7-7,2 então quanto mais sangue retido na carcaça maior o aumento de contaminação • Seringa: animais dispostos em fila indiana esperando para entrar no box de insensibilização (o corredor vai estreitando até virar um formato de seringa) Medida Corretiva Imediata – Avaliador (Fiscal Agropecuário) Excelente Sem deslizamentos ou quedas 0% Excelente 0,5% vocalizações Aceitável Sem quedas e 3% deslizamentos 3% Aceitável 3% Não aceitável 1% quedas 1% Não aceitável 4-10% Problema sério 5 por cento de quedas ou mais de 15 por cento de deslizamentos 5% Problema sério: mais de 10% ABATE. • Box de Insensibilização (atordoamento): pear e içar com dardo penetrante/não penetrante (60s ou 30 até sangria) o animal cai na “área de vômito” (lavagem de ânus e boca antes da sangria) São usadas na contenção da insensibilização: parede móvel – reduz o espaço lateral, ajustando o tórax a largura de cada animal, o que minimiza a movimentação do bovino pescoceira - prende o animal, impedindo-o de se movimentar dentro do box bandeja – superfície plana à frente da pescoceira, que eleva a cabeça do bovino, posicionando-a para a insensibilização Imediatamente após o posicionamento é aplicada a insensibilização pela pistola com ar comprimido que causa concussão cerebral (interrompe fluxo de oxigênio cerebral, causando inconsciência), o animal cai. Depois disso o animal vai para a sangria e deve sangrar em até um minuto para que este não volte a respirar. Fase Tônica → reflexos oculares e avaliação da respiração Fase Clônica → movimentos involuntários (espasmos musculares) lOMoARcPSD|594 700 4 • Sangria: até 30 segundos após dardo não penetrante e 60 segundos após dardo penetrante) Deve ser feita uma incisão na barbela, e então um corte nos grandes vasos que emergem do coração → usar duas facas diferentes para cada corte pois o corte da barbela (coro é o local mais propício de contaminação → Após o uso ficam imersas em água clorada com temperatura de no mínimo 85°C – processo deve durar 3 minutos • Estimulação Elétrica - feito junto a sangria Tecnologia usada no canal de sangria, onde o animal fica pendurado na nórea, perdendo sangue. Choque de 70-90V na carcaça por 2min. Depois recebe uma estimulação elétrica, que tem as seguintes vantagens: melhora muito a maciez (principal vantagem) todas as alterações post mortem desejáveis que ocorrem na câmara fria vão ser antecipadas quaseem 50% do tempo (quando a carcaça entra na câmara fria é em forma de músculo, se estimular 12-15h depois ocorrem alterações bioquímicas que convertem músculo em carne; se não estimular eletricamente, leva 24-36h); economia de frio – mão de obra e energia; melhora a sangria; evita o encurtamento pelo frio (encurtamento do sarcômero); * Não confundir estimulação elétrica com insensibilização! * Ao contrário de bovinos e ovinos, em suínos e aves se faz jejum. PÓS-MORTEM. • Remoção dos chifres • Esfola: conjunto de operações com finalidade de remoção de remoção do couro do animal após o abate, é feita apenas 3 minutos após a sangria, é um ponto de controle do abate para minimizar o risco de contaminação → animal deve estar suspenso em trilho ou em cama elevada. Nesta etapa também pode ser feita estimulação elétrica para carne ficar mais macia. A esfola pode ser mecânica ou manual (facas elétricas) e é feita oclusão de reto, esôfago e retirada dos pés. FIM DA ÁREA SUJA. ÁREA LIMPA. • Evisceração Desarticulação parcial da cabeça (identificação) → deve ser imediata a esfola para evitar contaminação – 30 min após a sangria, remoção do cupim, abertura do esôfago – liberação da traqueia p/ conseguir amarrá-lo Abertura do abdômen: retirada de vísceras abdominais Serra do peito: retirada de vísceras torácicas Retirada dos rins Serra da Carcaça Lavagem da Carcaça • Carimbagem (SIF) • Câmara Fria 1. Inspeção pós mortem: Exame individual que vale para todas as carcaças, feita pelo veterinário e agentes fiscais que fazem a triagem. Além do exame visual é feita a palpação e incisão (coração, fígado e língua); não misturar os animais; necessário uma mesa para cada cabeça. Carcaça alterada: encaminhamento para DIF (Departamento de Inspeção Final) ABATE DE SUÍNOS. O abate é feito em uma rampa de inclinação com angulação de 15 a 20º, com piso antiderrapante para evitar fraturas • Carregar sempre a noite para evitar o estresse térmico lOMoARcPSD|594 700 4 18 • Densidade de 200, 210 km/m² • Os fatores estressantes: interação com o homem, deslocamento na rampa, mudança de habitat, estresse emocional, estresse hídrico, estresse alimentar (mais relevante é o excesso de jejum prolongado) • Estresse motor, durante o transporte, por tentarem se manter em pé, e uns caem por cima dos outros); • Estresse emocional (tira do habitat natural que é a granja, levando para um ambiente diferente e misturando com animais diferentes); • Estresse mecânico (durante embarque e desembarque, devido aos maus tratos); • Estresse térmico (fora da ZCT – frio ou calor); • Estresse digestivo (embarcando animais sem ter feito o jejum) • Devem ficar no máx 4- 5 horas na pocilga de espera → mais que isso começam a reconhecer o ambiente e ter disputa por territórios, brigas causando lesões, contaminação das vias áreas, por conta das fezes. • As pocilgas devem ser fechadas nas laterais pois se forem abertos os suínos param no meio do caminho e deve ter o mesmo grau de iluminação. • Jejum suínos - por no máximo 6h Inspeção Ante-mortem: 1. Autorização para o abate 2. Matança de emergência imediata: não passa pelo descanso (ex: fraturas) 3. Matança de emergência mediata: último a ser abatido, doença que não impede o abate, mas pode contaminar (ex: brucelose, tuberculose 4. Adiamento da autorização para abate: animal que precisa esperar 5. (doenças autolimitantes, fêmeas recém paridas esperar 10 dias após o parto) 6. Reprovação para o abate: animal com doença grave, ex tuberculose ou brucelose; animal com febre e caquexia; BOVINOS/SUINOS (PISTOLA/CHOQUE). Por que em bovinos é utilizado a pistola e em suínos o choque elétrico? Os dois métodos são eficazes em relação a rapidez e custo. O choque elétrico é o método de eleição para a insensibilização e é utilizado em animais ''pequenos''. Não é utilizado em bovinos porque a voltagem teria que ser muito alta, o que implicaria em risco para o funcionário. Mas o tenha em vista que o choque elétrico é um método mais fácil/menos trabalhoso. FLUXOGRAMA DO ABATE DE SUÍNOS. 1. Embarque Em condições ideais e pensando sempre pensando no bem estar animal: para conduzir os animais se pode usar ferramentas como chocalho, raquete, mangueira de ar comprimido, painéis de plástico, jato de água. Não se deve usar guiso elétrico, só em último caso, e se o suíno tiver espaço à frente para andar, não usar na região da cara e na região genital. Rampa com inclinação máxima de 20° (ideal seriam plataformas hidráulicas e pisos antiderrapante). Embarque pela noite ou de madrugada, para evitar estresse térmico. Caminhão tem que ter capacidade em torno de 200kg por m². CONDUÇÃO – corredores largos, uso de chocalhos, pranchas 2. Recepção: Pocilgas de chegada e seleção. Dimensões menores que os currais. Cada animal passa por Inspeção ante mortem. Animais doentes vão para o setor de Pocilgas de sequestro para serem avaliados. Os animais saudáveis seguem para as Pocilgas de matança. 3. Pocilgas de matança (descansa/repouso) É encurtado, varia entre 6 a 8 horas. Nesse período os animais ficam de jejum alimentar, somente dieta hídrica. lOMoARcPSD|594 700 4 Objetivo do descanso: sair da contração e fazer relaxamento muscular, para acumular glicogênio muscular. O ideal é que tenha água no descanso e que os suínos possam beber simultaneamente, e separar os animais com problemas de aprumo, que serão separados para pocilgas de sequestro (onde será determinado se o animal será abatido no final do dia na sala de abate normal, ou no abatedouro de emergência) Ao desembarcar, pode se utilizar aquelas ferramentas, evitando o choque elétrico. Como suíno tem caráter exploratório o piso deve ser escuro e as laterais fechadas. 4. Abate Passado o período de matança/descansa, os animais vão para o abate. Distância mínima: os animais percorrem em corredores com dimensões menores comparada aos bovinos. 5. Banho de aspersão Banho manual, vasoconstrição, diminui o estresse, retira sujidades e facilita a insensibilização; molhar a região da cabeça, onde será feita a insensibilização. 6. Box de Insensibilização: em grupo ou individual, eletronarcose. Fase Tônica: 10-20seg – animal com olhos fixos, contração de membros Fase Clônica: 15-40seg – movimento involuntário dos membros O box insensibilização (tanto individual, tanto coletivo), baia com 6 a 8 suínos; 2 funcionários dentro da baia/box para fazer a insensibilização por eletronarcose - 1,3 Amperes, no mínimo, e 250 Volts. A insensibilização mais comum é feita atrás da orelha. O funcionário consegue aumentar ou reduzir a distância do eletrodo. Quando o animal cai, o funcionário vira o eletrodo, inverte a posição para cabeça/mandíbula. E segura o eletrodo até o outro funcionário peiar. Pois o tempo começa a contar a partir do momento que o eletrodo é retirado. No caso de box individual o animal não cai pois está preso, então o equipamento utilizado possui uma aberta fixa, nem abre nem fechada, mas o animal fica parado. Como saber se o processo foi bem conduzido? Ocorre diminuição da frequência respiratória, que se vê no flanco ou no focinho; pupilas dilatadas ou não; dá um beliscão na pata no espaço interdigital ou na orelha. Se ele responder a algum desses sinais, não houve insensibilização, ai tem que usar a pistola de dardo cativo (como no bovino). Após a eletronarcose o animal passa pela fase tônica e clônica; depois, ocorre a sangria. INSENSIBILIZAÇÃO COM ELETRODOS - CORRENTE ELÉTRICA. A eletricidade é direcionada ao cérebro, pois perturba a atividade normal, o que leva à inconsciência. A insensibilização é feita a 1,3 amps; abaixo dos dois lados da orelha, na diagonal, cruzando os dois lados da cabeça ou nos dois lados, na parte superior do pescoço, atrás das orelhas. Os eletrodos devem ser mantidos limpos e colocados próx.ao cérebro do animal. Após a insensibilização e remoção dos eletrodos: • Animal entra em fase tônica. • O olho do animal fica fixo, respiração arrítmica. • Membros anteriores e pescoço distendidos. A cabeça é levantada e os membros posteriores se contraem junto o abdome. • Fase tônica dura entre 10 a 20 segundos - ideal realizar a sangria na fase tônica • Após a fase tônica inicia-se a fase clônica - inicia-se movimentos involuntários de membros posteriores e anteriores; movimentos circulares, como se estivesse pedalando. A fase dura entre 15 e 45 segundos e deve ser realizada a sangria imediatamente caso não seja possível durante a fase tônica, dentro de 15 segundos após a remoção dos eletrodos. • Sempre ter equipamento reserva para abate emergencial. Sintomas de insensibilização inadequada → ter movimento ocular focalizado, respiração rítmica, vocalização e tentativa de retomar à posição normal INTERVALO ENTRE A INSENSIBILIZAÇÃO E SANGRIA: até 30 segundos (por lei) lOMoARcPSD|594 700 4 20 7. Sangria Até 15 segundos após a insensibilização → é feito o corte na entrada do peito, e corte nos vasos do coração (dura até 3 min) e o animal morre em 20 segundos de choque hipovolêmico Com a ponta da faca faz-se o corte na pele, e aprofunda-se o corte. A sangria deve acontecer pelo tempo mínimo de 3 minutos. Calha coletiva dos sangues dos animais, ou coleta individual (Um suíno em cada recipiente). O sangue não pode ser aproveitado/utilizado para alimentação humana. Todos os suínos que estão insensibilizados devem ser sangrados imediatamente. Pois se o animal não for sangrado, pode se recuperar do choque elétrico. O animal deverá ser sangrado no máx. 15 segundos após a insensibilização (a legislação diz até 30 seg.), interrompendo o fornecimento de sangue do coração, fazendo assim com que o oxigênio não consiga chegar até o cérebro, causando a morte do animal. A sangria é realizada com uma faca no peito/osso esterno. A pele deve ser cortada com a ponta da faca, usando pressão leve. Deve-se perfurar direcionando a faca para cima, de forma que corte todos os vasos sanguíneos que emergem o coração, e ter a certeza de que o corte é grande o suficiente. Um bom corte proporcionará muita perda de sangue. O comprimento do corte precisa ser pelo menos 5cm. O animal morrerá entre 14 a 23 segundos. 8. Escaldagem Imersão do animal na água quente para facilitar a retirada dos pelos em uma temperatura de 62ºC em 2 a 5 min Na escaldagem não se retira a pele, emerge num tanque com água (62-72 ºC) de 2 a 5min 9. Depilação Primeiramente mecânica, máquina em forma de V e usa lâmina como se fosse parte cega da faca, usa-se pressão. E depois a depilação manual para retirada dos pelos restantes. O suíno é colocado em um equipamento (com um vértice em V, que faz um movimento com que o animal fique rolando de um lado pro outro; e toda vez que passa no vértice a pele dele é raspada e o pelo sai, devido à raspagem/fricção. Não corte.) ou depilação manual/chamuscamento. 10. Depois, banho/jato de água. 11. Depois o animal (carcaça) entra para evisceração, na área limpa. • Oclusão de reto e esôfago: recorte ao redor do ânus, para evitar contaminação com fezes e conteúdo alimentar, respectivamente). Para suínos é opcional a retirada da cabeça e os pés. Porém, a área da cabeça é a mais contaminada (bactérias como salmonella, por exemplo), então muitos abatedouros optam por retirar. • Abertura Abdominal: retirada das vísceras abdominais • Serra o peito: retirada das vísceras torácicas • Serra carcaça • Lavagem das carcaças • Carimbagem • Câmara Fria Etapa: Sangria, pode ser usar duas facas diferentes para cada corte (pois do coro é o local mais propício de contaminação) e à após o uso ficar imersas em água clorada com temperatura de no mínimo 85°C, processo deve durar 3 minutos e outra etapa é a Escaldagem, que pode ser previnida com a imersão do animal na água (temperatura de 62ºC em 2 a 5 min). lOMoARcPSD|594 700 4 INSPEÇÃO PÓS-MORTEM • Aprovação para o consumo • Aproveitamento condicional da carcaça: liberada para consumo após tratamento • (salga, defumação, frio, calor) • Reprovação parcial: lesão localizada (ex: pata com miiase- reprova apenas a pata) 4. Reprovação para consumo: animais com doenças graves que impedem seu consumo (ex: carbúnculo hemático) OBS: bacteriana- calor, parasitária- frio e salga, calor: salsicharia- mais brando e mais suave- <100ºC. conserva: calor forte- >100ºC. ALTERAÇÕES PÓS-MORTEM DESEJADAS E INDESEJADAS • PRÉ-RIGOR: 6-8 hrs após o abate → pH 5,6 – 5,8 • RIGOR: 12-15 hrs após o abate → pH 5,3 – 5,5 • PÓS RIGOR: 24- 48hrs após o abate → pH 5,8 5,9 PH DE EXPORÇÃO Com estimulação elétrica, se economiza tempo, mão de obra, maior rotatividade e com isso aumenta o número de animais abatidos e assim a lucratividade. Estimula sangria, porém a principal vantagem é a maciez além de evitar o encurtamento pelo frio. Não é feito em suínos pois suínos tem muita gordura e ela acaba por tornar um protetor térmico. No diestresse, a alteração mais comum é a PSE (pálida, mole e exsudativa), consequência da rápida queda de pH (consumo acelerado de glicogênio e produção de ácido láctico), associado a dissipação do calor e dificuldade da retenção de água (Obs.: a carne fica seca após o cozimento). Pode ser evitado com a insensibilização adequada, feita com ELETRONARCOSE, corrente elétrica de 1,3 Amperes por no mínimo um segundo. O eletrodo é posicionado de duas maneiras: entre os olhos e a base da orelha, atrás da orelha (mais prático e com menor chance de erro). • Condição PSE - pH baixo no músculo → ocorre desnaturação das proteínas. Quando a carne é cortada, liberada grande quantidade de exsudato. Carne pálida, mole e exsudativa. Longo período de estresse pode resultar em uma carne do tipo PSE. Carcaças retém menos após a perda de água, a carne se torna seca após o cozimento. Carne PSE (Palie, Soft and Exudative) é a carne que aos 45-50min (aves=15min) após o abate o pH já está abaixo de 5,7. Ocorre mais em Suínos, aves e zebuínos. É frequente em suínos devido ao gene Halotano que predispõe ao estresse no ato da insensibilização com grande glicólise aeróbica baixando o pH bruscamente, desnaturando um grande grupo de proteínas. A carne é pálida porque naquele espaço de tempo de menos de 1 hora caiu violentamente o ph a ponto de desnaturar as proteínas a 38, 39º perdendo água para o meio, ficando úmida e pálida e é muito macia e úmida na superfície: porque o pH fica próximo ao PI das proteínas, os espaços entre os filamentos delgado e espessos deixam de existir, impedindo que as proteínas se agregam a água, a membrana também fica mais permeável, devido a todos esses fatores a água migra para o exterior da carne facilmente. Houve um pré abate normal e correto, porém antes da insensibilização ou durante a insensibilização houve um violento estresse, a insensibilização foi conduzida de forma errada. lOMoARcPSD|594 700 4 22 • Condição DFD - curto período de validade, pois o pH alto favorece o crescimento de bactérias. Carne DFD (Dark, Firm and Dry) é a carne que após 24hrs após o abate está com o pH acima de 6. Ocorre mais em bovinos. Pouca glicólise, pouco ácido lático, pH não caem. Isso ocorre pela carcaça apresentar pouco glicogênio no músculo, por ser por: Estresse, pouco descanso, excesso de jejum, ou seja, manejo incorreto. A carne fica escura devido ao pH elevado e aumento da capacidade de retenção de água (a água absorve a luminosidade e dispersa pouca luz consequentemente, a carne fica escura). E fica firme porque as fibras ficam intumescidas devido ao acúmulo de líquido sarcoplasmático entre os filamentos. A característica seca é a água endógena que está fortemente ligada as proteínas, mesmo submetida ao cozimento temos poucosuco liberado. ABATE DE AVES. Não há área de descanso, proprietário que deixa em jejum de 6h antes do embarque. Animais chegam e vão direto para o abate, para que seja um processo rápido e com menor estresse. Carregamento sempre a noite para evitar estresse térmico e com pouca luz. A iluminação é azul pois as aves têm dificuldade de enxergar e é feita a retirada de bebedouros e comedouros. São apanhadas pelo dorso, para evitar fraturas, de 10 a 12 aves por gaiola com pessoas treinadas. Se a temperatura do animal/carcaça com -7ºC pode ter hipotermia. Se tiver com mais q 4ºC pode ir para hipertermia. Isso leva á morte do animal. Importância da zona de conforto térmico. Caminhão chega e os animais ficam 2h na gaiola fazendo descanso e jejum. No abatedouro tem ventiladores e nebulizadores pra manter a ZCT. O jejum é feito na propriedade, por no máximo 12h com as mesmas vantagens dos suínos. E o seu excesso em aves pode causar desidratação, perda de peso e como eles sentirão fome vão comer a cama, que é altamente contaminada, porque o excesso de jejum aumenta a motilidade intestinal, aumentando a defecação, e ao mesmo tempo tem também maior permeabilidade intestinal e os possíveis parasitas, bactérias do intestino (Salmonella, Campylobacter) podem ir para corrente sanguínea, alcançando o papo, contaminando a carcaça. O excesso de jejum causa: desidratação das aves, perda de peso, aumento da motilidade intestinal (defecam mais), aumento da permeabilidade intestinal, contaminação por bactérias patogênicas e consumo exagerado da cama do aviário. FLUXOGRAMA DO ABATE DE AVES 1. Embarque Embarque a noite ou de madrugada. Retira-se os comedouros e bebedouros. Deve se usar lâmpadas azuis, porque a ave tem dificuldade de enxergar. Apanhar somente pelo dorso, nunca pelo pescoço, asa, perna, para evitar estresse e lesões. Separar em lotes, de 8 a 12 aves (no inverno pode colocar mais, no verão menos, pelo conforto térmico). 2. Recepção Pendura pelos pés 3. Insensibilização Eletronarcose por imersão em água (eletrodo- 70volts, 120 mA), imerge o animal em tanques (a distância deve ser menor que 5cm dos eletrodos, aves mal colocadas nos ganchos vai para sangria consciente; a ave que for mal insensibilizada apresentará respiração rítmica e movimento coordenado de asas. • Fase Tônica: pescoço arqueado, pernas estendidas, asas fechadas e olhos abertos • Fase Clônica: movimento de pernas e involuntário de asas 4. Sangria Imediata, até 10seg (<100mA) e até 20seg (> 100 mA), cortar as artérias para as aves morrerem mais rapido (não chega a fase clônica) • Mecânica: máquina com disco cortante • Manual: funcionário corta os dois lados do pescoço lOMoARcPSD|594 700 4 Todos os animais devem estar mortos antes da escaldagem, o funcionário deve conferir. 5. Escaldagem Imersão apenas do corpo em água a 55ºC 6. Depenagem Mecânica (corredor com os 2 lados com “dedinhos” de borracha) 7. Inversão de Pendura Pendura-se pelo pescoço 8. Escalda pé: em água 80ºC por conta das cutículas 9. Chuveiro 10. Extração da cloaca 11. Abertura Abdominal 12. Eventração: exposição das vísceras → ficam penduradas 13. Inspeção pós-mortem 14. Evisceração: os órgãos são retirados e colocados juntos em um tanque (individual) 15. Retirada dos pés e da Cabeça 16. Pré Chiller/Chiller (pesar) Mergulhar em vários tanques com gelo, a cada tanque maior quantidade de gelo. • Deve sair com <7ºC • Se sair de 7-10ºC vai direto para embalagem, não pode ir para cortes e temperos 17. Gotejamento – pesar preso pela asa ou coxa (até 8% do peso inicial) 18. Embalagem – congelados 19. Cortes e temperos – resfriamento OBS.: algumas indústrias estão colocando o pré-chiller/ chiller e gotejamento na primeira etapa da área limpa, pois a ave já vai estar refrigerada, diminui o risco de crescimento bacteriano, então todas as outras etapas devem estar em ambiente a 12ºC
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