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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 UNIDADE 1 - DEFINIÇÃO DE CONCEITOS BÁSICOS ............................................. 5 1.1 Oncologia .............................................................................................................. 6 1.2 Neoplasias ............................................................................................................. 7 1.2.1 Tumores (neoplasias) benignos ......................................................................... 9 1.2.2 Tumores (neoplasias) malignos ....................................................................... 10 1.3 Câncer ................................................................................................................. 14 1.4 Estadiamento ...................................................................................................... 20 UNIDADE 2 - EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER ......................................................... 23 2.1 Epidemiologia: definições gerais ......................................................................... 23 2.2 Epidemiologia, risco e câncer .............................................................................. 25 2.3 Epidemiologia do câncer no Brasil ...................................................................... 29 UNIDADE 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE .................................................. 37 3.1 O SUS ................................................................................................................. 37 3.2 Políticas públicas de saúde na atenção ao câncer .............................................. 40 3.3 A atenção ao câncer na saúde privada / suplementar ........................................ 46 UNIDADE 4 - DETECÇÃO E DIAGNÓSTICO DO CÂNCER ................................... 51 4.1 Quadro clínico ..................................................................................................... 53 4.2 Exames complementares .................................................................................... 54 4.2.1 Exames de análises clínicas ............................................................................ 55 4.2.2 Exames de imagem .......................................................................................... 57 4.2.3 Seleção criteriosa de exames complementares ............................................... 68 UNIDADE 5 - EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE SAÚDE ........................................ 70 UNIDADE 6 - JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE .......................................................... 72 UNIDADE 7 - ÉTICA PROFISSIONAL ..................................................................... 75 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 79 2 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. INTRODUÇÃO O câncer é uma patologia que adoece, mata e limita funcionalmente milhares de pessoas no Brasil e no mundo. Os avanços na área da saúde e da tecnologia, nos últimos anos, são responsáveis por significativas melhorias relacionadas à prevenção, ao diagnóstico e aos tratamentos do câncer, o que acaba por representar melhorias no estado de saúde, na qualidade de vida e na sobrevida desses pacientes. Inicialmente caracterizado como uma doença fatal, incurável e relacionada a um grande sofrimento, intratável, atualmente, ao se receber um diagnóstico dessa doença, o prognóstico é bem mais positivo, sendo muitos tipos de câncer passíveis de cura. O paciente oncológico sofre implicações biopsicossociais decorrentes do processo de adoecimento e, devido a isso, visando-se à sua qualidade de vida, o mesmo precisa ser abordado em todas essas dimensões – biopsicossociais. Dessa forma, abre-se espaço para a atuação de profissionais que compõem a equipe multiprofissional em saúde – médicos, farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, fonoaudiólogos, dentre outros – que podem contribuir para se promover melhorias no estado geral do paciente. Para se iniciar um estudo na área da Oncologia, o primeiro passo é definir alguns conceitos relacionados à área. Em reuniões multidisciplinares, nos prontuários e nos laudos dos exames médicos, a linguagem utilizada é técnica e pode parecer bastante distante da linguagem dos profissionais não médicos. Termos como neoplasia, tumores, biópsia, metástase, oncologia, carcinoma, sarcoma, metaplasia, dentre outros, serão definidos ao longo do primeiro capítulo e servirão de base para a compreensão das apostilas posteriores que comporão este curso. Também tomamos o cuidado de apresentar, em nota de rodapé, definições de outros termos relacionados à saúde que poderiam não ser conhecidos do aluno, assim, a consulta a essas notas tende a facilitar o estudo deste material. O estudo da epidemiologia, definições, conceito de risco, dentre outros, é essencial para se introduzir o estudo do câncer. Mesmo cientes de que os pesquisadores ainda não têm muitas respostas conclusivas sobre todos os tipos de câncer, já se conhecem vários fatores de risco, como o tabagismo, a exposição ao sol, a obesidade, o sedentarismo, a ingestão de alimentos processados e 3 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. gordurosos, a exposição a substâncias cancerígenas provenientes do ambiente de trabalho (INCA, 2012; 2013). Vivemos um processo de transição epidemiológica. As doenças que anteriormente mais dizimavam a população, normalmente as contagiosas – como a gripe, a tuberculose, a disenteria, o cólera, dentre outras transmitidas por vírus, bactérias e outros microrganismos – foram contidas com a descoberta das vacinas, dos antibióticos e a adoção de métodos de higiene e descarte adequado dos resíduos. Atualmente, nessa transição, observa-se que a mortalidade é decorrente de doenças crônico-degenerativas, inclusive o câncer, muitas dessas associadas a um estilo de vida sedentário, além de causas externas, como a violência (INCA, 2012). Outro aspecto que será enfatizado nesse material é a judicialização da saúde. A partir da Constituição de 1988 e a criação do SUS, a garantia de saúde para todos os cidadãos, sem exceção, passa a ser um dever do Estado e um direito de todos. Há várias políticas públicas que preveem o acesso da população aos serviços de saúde em diferentes níveis de atenção, incluindo a prevenção, o diagnóstico e todas as modalidades de tratamento para o câncer. Entretanto, devido a uma série de condições dificultadoras, nem sempre todas as pessoas conseguem ter o devido acesso a todos os serviços. Atrasos com o início do tratamento, falta de vagas em hospitais ou falta de medicamentos podem custar vidas e, por isso, há uma tendência crescente da população em recorrer à justiça quando não consegue exercer seu direito de acesso à saúde e aos tratamentos. A partir dessa situação, cuja resolução torna-se decorrente de decisão judicial, cabe a nós, profissionais, refletir sobre as possíveis implicações desse fenômeno. Também estudaremos a ética profissional, enfatizando algumas situações que merecem a atenção no trabalho em Oncologia: os direitos do paciente, a beneficência,a autonomia, o direito ao sigilo. Diferente de outros materiais, grande parte desta apostila é embasada em materiais produzidos e disponibilizados gratuitamente pelo INCA – referência brasileira em políticas públicas voltadas à atenção e ao estudo do câncer –, além de materiais retirados de livros e artigos científicos. A apostila também contou com a contribuição de muitos conteúdos retirados de sites não necessariamente científicos, 4 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. o que se justifica, pois, para procedermos a muitas definições para um público não médico, esse tipo de conteúdo mostrou-se indispensável. 5 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 1 – DEFINIÇÃO DE CONCEITOS BÁSICOS Desde o nome desse curso, passando pelo título da apostila e pela introdução, utilizamos alguns termos que talvez possam soar mais familiares para os profissionais que lidam diretamente nessa área ou para aqueles que já sofreram com essa doença ou conviveram com familiares que padeceram com a mesma. Para aqueles que ainda desejam começar a atuar na área, a nomenclatura pode parecer muito complexa e, além disso, nem sempre os termos utilizados pelo senso comum são os mais adequados. Por isso, iniciamos esse curso com a definição dos conceitos principais abordados em Oncologia, além de também oferecermos, ao longo desta apostila, as definições de alguns termos específicos que serão trabalhados em outros momentos do curso. Observe que algumas nomenclaturas aparecem como sinônimos para o mesmo termo, algumas mais atuais, outras já caíram no desuso, mas é importante apresentar as definições, a partir de autores da área, para que o profissional da equipe multiprofissional em saúde tenha a correta compreensão dos termos e consiga se comunicar adequadamente com os demais profissionais. Lembre-se de que muitos termos associados ao câncer – tais como “doença ruim”, “aquela doença”, “paciente desenganado” – não são utilizados em meios acadêmicos, mas em meios informais, portanto, mesmo que essas nomenclaturas sejam comuns entre os leigos, elas não devem ser utilizadas pelos profissionais. Nesta apostila, nosso foco não é enfatizar aspectos da Genética, Citologia e Histologia, os quais serão devidamente aprofundados na apostila de Biologia do Câncer, entretanto, para procedermos às definições iniciais, será necessário recorrer a alguns conceitos básicos dessas áreas, porém, sem pormenorizar o assunto que será abordado em momento oportuno. Além disso, nesta seção pretendemos esclarecer dúvidas comuns, tais como: “neoplasia é sinônimo de tumor?”, “todo tumor é câncer?” “existe câncer benigno?”, dentre outras dúvidas comuns num contexto que muito se fala sobre o câncer em meios acadêmicos, profissionais e, principalmente, informais. 6 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 1.1 Oncologia Partimos às definições do capítulo com o termo utilizado no título deste curso e desta apostila: Oncologia. Este termo deriva-se de duas palavras gregas, “onkos”, que significa massa, volume, tumor e “logia”, que significa “estudo de” (ONCOGUIA, 2007). Assim, define- se oncologia como o “estudo dos tumores e, por extensão, dos cânceres” (SILVA; SILVA, 2007, p.434; UFJF, 2011), sendo, esse último, o nome utilizado para designar todos os tumores malignos (NASCIMENTO, 2011). Oncologia também pode ser definida como o estudo das neoplasias (FOP/UNICAMP, s.d.). Ou seja, aqui já respondemos a um questionamento inicial: nem todo tumor é um câncer. Oncologista é o médico clínico especializado no tratamento do câncer. Seus conhecimentos permitem uma abordagem geral, do cuidado e dos tratamentos sistêmicos, tais como a quimioterapia, dentre outros tratamentos. Atualmente, a Oncologia ampliou-se para uma ciência complexa, o médico oncologista não trabalha sozinho, mas junto com a equipe multiprofissional em saúde especializada em Oncologia, cujo objetivo maior é cuidar do paciente oncológico como um todo (ONCOGUIA, 2017). Considerando-se que cada paciente é único, o tratamento oncológico deve ser individualizado e objetiva a três finalidades, dependendo das possibilidades de cada caso: a cura, a remissão da doença e os cuidados paliativos. O objetivo curativo consiste em curar o paciente da doença e devolver-lhe um lugar na sociedade. O segundo objetivo – a remissão da doença – é almejado quando a cura não é possível de se alcançar, assim, trabalha-se no sentido de fazer com que o paciente fique bem consigo mesmo o maior tempo possível, longe dos efeitos da doença e das internações decorrentes da mesma. Finalmente, o último tratamento objetiva aos cuidados paliativos nos casos dos quais não se há chances de cura ou mesmo de remissão da doença; volta-se o foco para o controle da doença e de seus sintomas (principalmente a dor), além de visar-se melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares do ponto de vista biopsicossocial e espiritual (ONCOGUIA, 2017). 7 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. É comum nos referirmos à pessoa que sofre de câncer como paciente oncológico, paciente com CA ou, quando voltamo-nos para uma abordagem mais biológica, a literatura costuma se referir a este como hospedeiro. Se a Oncologia é o estudo dos tumores – ou neoplasias, para dar sequência a essas definições –, partiremos para a conceituação desses dois últimos termos. 1.2 Neoplasias O termo neoplasia diz respeito às formas de crescimento celular descontrolado e autônomo (BRASIL, 2016; UFF/NF, 2013). A proliferação celular nas neoplasias foge completamente ao controle do organismo e tende à perpetuação, podendo acarretar em efeitos agressivos para o organismo (INCA, 2012). A melhor definição para o termo é: “Neoplasia é uma proliferação anormal do tecido, que foge parcial ou totalmente ao controle do organismo e tende à autonomia e à perpetuação, com efeitos agressivos sobre o hospedeiro” (PÉREZ-TAMAYO, 1987; ROBBINS, 1984 apud BRASIL, 2016, p.13). Em geral, nas neoplasias há perda ou redução da diferenciação celular devido às alterações ocorridas nos genes que regulam o crescimento e a diferenciação, sendo que, quando a célula perde sua especialização, há um aumento de sua proliferação (UFF/NF, 2013). Se analisarmos pelo viés da patologia, tem-se que neoplasia não pode ser utilizada como sinônimo de tumor, pois este último é o termo referido para denominar as massas. Nem todo tumor é neoplásico, existem também os tumores não neoplásicos (tumores da inflamação) (UFF/NF, 2013). Entretanto, na prática e em materiais renomados sobre o tema, vemos o uso de neoplasiase tumores como sinônimos (BRASIL, 2016; FOP/UNICAMP, s.d.; INCA, 2012), sendo o que vamos adotar ao longo deste material. Para refinar ainda mais essa nossa conceituação, a definição clássica de tumor consiste em “aumento de volume causado por inflamação” (FOP/UNICAMP, s.d.; p. 1), ou: “inchaço, tumefação, aumento de volume. Este termo tem origem inflamatória, mas hoje é utilizado para designar a massa tumoral” (NASCIMENTO, 8 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 2011, slide 3) e, ainda, “aumento de volume dos tecidos que, inclusive, pode não ser provocado por uma proliferação neoplásica verdadeira” (INCA, 2008, p.17). As neoplasias (ou tumores) podem ser benignas e malignas (UFF/NF, 2013; NASCIMENTO, 2011; BRASIL, 2016; FOP/UNICAMP, s.d.; INCA, 2012, 2013), conforme ilustra a figura abaixo: Figura 1: Neoplasias benignas e malignas. Fonte: INCA (2012, p.19). Diferentes dos tumores, também existem os cistos, estruturas benignas, definidas como: (1) Saco com uma parece distinta, que contém em seu interior fluido ou outro material; pode ser patológico ou normal. (2) tumor benigno formado em um órgão por uma cavidade delimitada por uma parede e repleta de substância líquida, mole ou, raramente, sólida (SILVA; SILVA, 2007, p. 132). Os tumores são massas sólidas que podem ser benignas ou malignas, já os cistos normalmente são sacos compostos de conteúdo normalmente líquido, sendo estruturas benignas. Conforme já nos pronunciamos anteriormente, não apresentaremos pormenores da Histologia, a figura serve para ilustrar que há uma diferenciação clara entre os tumores benignos e malignos – aparência essa que costuma vir nítida em exames de imagem (mesmo ressaltando-se que a confirmação final do diagnóstico depende da análise realizada por patologista a partir do tecido retirado por procedimento médico). Segundo INCA (2008), os critérios que permitem estabelecer o diagnóstico de tumor benigno e maligno com segurança são, geralmente, morfológicos. 9 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 1.2.1 Tumores (neoplasias) benignos As neoplasias benignas, como apresentado na figura 1, caracterizam-se por crescimento celular organizado, geralmente lento, sendo que os tumores apresentam limites bem definidos (INCA, 2008; 2012; FOP/UNICAMP, s.d.). Não invadem os tecidos vizinhos, entretanto, podem trazer prejuízos para o organismo devido ao fato de poderem crescer e comprimir órgãos e estruturas adjacentes (INCA, 2012) – como vasos sanguíneos, nervos, órgãos, entre outros. Segundo Straub (2015), os tumores benignos tendem a permanecer localizados. Durante o processo de crescimento celular controlado, pode-se ocorrer um aumento localizado e autolimitado do número de células de tecidos normais que constituem o organismo, processo este que pode ser decorrente de estímulos fisiológicos ou patológicos (BRASIL, 2016). Nesse processo de proliferação celular, algumas lesões proliferativas controladas (não neoplásicas) podem evoluir para um crescimento neoplásico bem definido ou não controlado, tornando-se difícil determinar quando as lesões pré- neoplásicas poderão adquirir características de neoplasias (INCA, 2006). Este processo é reversível e pode ser exemplificado pela metaplasia, hiperplasia e displasia (BRASIL, 2018), definidos na tabela a seguir: Tabela 1: Lesões proliferativas controladas Nomenclatura Definição Exemplos Hiperplasia Aumento autolimitado e localizado do número de células (normais na forma e na função) de um órgão ou tecido. Pode ser: * fisiológica – quando o processo de proliferação atende às necessidades do organismo; * patológica – estímulo excessivo determina a proliferação celular; * cessados os estímulos – cessa-se também a proliferação celular. Fisiológica: transformação da glândula mamária durante a gestação. Patológica: hiperplasia das células endometriais (células que revestem o útero) estimulada por excesso de estrogênio (hormônio). Metaplasia Processo proliferativo de reparo em que o tecido originado é diferente do original. Cessados os estímulos, cessa-se também a proliferação celular. Substituição do epitélio pseudo- estratificado ciliado por epitélio escamoso estratificado nos brônquios dos fumantes. Displasia Termo que define processos patológicos diversos. Processo reversível, pois a proliferação celular pode cessar, caso os estímulos também sejam cessados. Como lesão pré-neoplásica, a displasia é considerada uma forma de proliferação Displasias de colo de útero, as quais podem ser de diferentes graus – leve, moderada e acentuada – passíveis de regredir ou evoluir para neoplasia. 10 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. celular que ocorre nas células epiteliais, caracterizada por perda de polaridade e alterações de forma e tamanho, além da presença frequente de mitoses. Fonte: Adaptado de INCA (2008, p.73-75). Outras características desses tipos de tumores são a apresentação de pseudocápsulas fibrosas em seu entorno, bom suprimento vascular, normalmente não apresentam necrose1 e hemorragia. Suas células são bem diferenciadas e apresentam as características do tecido original (INCA, 2008; FOP/UNICAMP, s.d.). Não causam metástases2 (BRASIL, 2016). A citação a seguir elucida a presença da cápsula e outras características dos tumores benignos, as quais podem ser identificadas pelos médicos em exames clínicos (em regiões passíveis de palpação, como a mama) e de imagem (como a ultrassonografia): As neoplasias benignas são geralmente circunscritas por uma cápsula de tecido fibroso que delimita as margens do tumor. Devido à cápsula, os tumores benignos formam massas isoladas, palpáveis e móveis, passíveis de enucleação cirúrgica (FOP/UNICAMP, s.d., p.3). Os tumores benignos podem ser assintomáticos, entretanto, quando comprimem outras estruturas, podem causar dores, alteração no funcionamento da estrutura afetada, dificuldades motoras, parestesias3, dentre outros sintomas que acabam por motivar o paciente a procurar auxílio médico. A nomenclatura das neoplasias benignas consiste no nome da célula de origem, acrescentado pelo sufixo –oma (INCA, 2008; NASCIMENTO, 2011), por exemplo: tumor benigno do tecido gorduroso = lipoma; tumor benigno do tecido glandular = adenoma (INCA, 2008). 1.2.2 Tumores (neoplasias) malignos Através do processo de multiplicação celular desordenado, devido à alteração cromossômica, um aglomerado de células afetadas forma um tumor maligno. Esse tipo de tumor tem a capacidade de invadir tecidos vizinhos – anteriormente saudáveis – os quais deixam de funcionar (INCA, 2013). 1 Morte de célula e tecido. 2 Termo será definido da próxima subseção. 3 Distúrbio da sensibilidade, formigamento (SILVA; SILVA, 2007). 11 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais.Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Os tumores malignos apresentam maior grau de autonomia, se comparados aos tumores benignos. São passíveis de causar metástases e de serem resistentes aos tratamentos, o que pode culminar com a morte do hospedeiro (BRASIL, 2016). As metástases são uma característica dos tumores malignos e que tornam o prognóstico do câncer mais complicado, diminuindo as chances de cura dos pacientes. São definidas como “o crescimento neoplásico secundário, a distância, sem continuidade com o foco primitivo” (INCA, 2008, p.67), ou, ainda, “metástase é a presença de células ou massas tumorais em tecidos que não apresentam continuidade com o tumor primário” (FOP/UNICAMP, s.d., p.3). Todos os tipos de câncer são passíveis de provocar metástases, salvo raríssimas exceções, como o carcinoma basocelular de pele e os gliomas (neoplasias de células gliais4 do SNC) (FOP/UNICAMP, s.d.). As metástases podem ser para regiões próximas, em tecidos circundantes ao tumor (STRAUB, 2014), como também podem ocorrer em locais afastados do tumor (INCA, 2008). Figura 2: Metástase. Fonte: Adaptado da ilustração de Giannini apud INCA (2012, p.20). A migração das células tumorais se dá pela disseminação através das cavidades e tecidos corporais, disseminação linfática e disseminação hematogênica (a partir dos vasos sanguíneos) (FOP/UNICAMP, s.d.), como bem sintetiza a tabela a seguir: 4 Tecido de sustentação do sistema nervoso (SILVA; SILVA, 2007). 12 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Tabela 2: Disseminação das células tumorais – metástase Vias de disseminação Características Exemplos Cavidades e superfícies corporais. Células neoplásicas penetram em uma cavidade natural, como a peritoneal5. Metástase de carcinoma de ovário na cavidade peritoneal. Metástases nas regiões pleural6, pericardial7 e subaracnóide8. Linfática. As células tumorais são transportadas pelos vasos linfáticos. Os gânglios linfáticos regionais funcionam como barreiras contra a disseminação generalizada do tumor, pelo menos por algum tempo. Mais comum nos carcinomas, menos comum nos sarcomas. Hematogênica. As células tumorais invadem os vasos sanguíneos, sendo as artérias mais resistentes que as veias à invasão tumoral. O fígado e o pulmão são os órgãos mais acometidos pela metástase que ocorre a partir dessas vias. Via de disseminação mais utilizada pelos sarcomas, mas também ocorre nos carcinomas. Fonte: Adaptado de FOP/UNICAMP (s.d., p.3-4). A figura a seguir mostra alguns tipos de metástase a distância, ocorridas após a disseminação das células cancerígenas pelas vias elucidadas na tabela anterior. 5 Peritônio: membrana que reveste a cavidade abdominal. 6 Pleura: membrana que reveste o interior da cavidade torácica e os pulmões. 7 Pericárdio: membrana que reveste o coração. 8 Subaracnoide: espaço entre as membranas que revestem o encéfalo e a medula espinhal, contém líquor (ou líquido cefalorraquidiano). 13 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Figura 3: Alguns órgãos-alvo das metástases a distância. Fonte: Adaptado pelo INCA, a partir de material divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, em 2004, e atualizado de acordo com a 7ª Edição do Estadiamento Clínico - TNM - UICC, 2010 apud BRASIL (2016, p.27). Voltando-se às características das neoplasias malignas, tem-se ainda que: As neoplasias malignas são invasivas provocando destruição dos tecidos adjacentes e podendo desenvolver metástase regional e a distância. Devido a essa característica invasiva, é necessária a ressecção cirúrgica de considerável margem de tecido aparentemente normal, conhecida como cirurgia radical (FOP/UNICAMP, s.d., p.3). Devido a essa capacidade invasiva das células malignas, torna-se difícil a garantia de total erradicação das mesmas a partir da realização de procedimentos cirúrgicos (BRASIL, 2016). Outras características desses tipos de tumores, que os diferem dos benignos, são contornos irregulares, ausência de pseudocápsulas (devido à possibilidade de invasão dos tecidos nos arredores – conforme figura 1), presença de áreas de necrose, possibilidade de ocorrência de hemorragias, células com características morfológicas que as diferem das células de origem. As células malignas têm uma característica bastante importante: capacidade de produzir antígenos9, os quais podem ser identificados em alguns tipos de exame, facilitando, assim, o diagnóstico (INCA, 2008). A nomenclatura dos tumores malignos é mais complexa, se comparada à nomenclatura dos tumores benignos. Geralmente, o nome dos tumores advém da origem embrionária do tecido que origina o tumor, acrescido da topografia (localização do mesmo) (BRASIL, 2016). Por exemplo: • Carcinomas – tumores malignos originados dos epitélios de revestimento externo e interno (exemplo: carcinoma basocelular da face) (INCA, 2008; BRASIL, 2016); • Adenocarcinomas – tumores malignos originados do epitélio de origem glandular (exemplo: adenocarcinoma de ovário) (INCA, 2008; BRASIL, 2016); 9 Antígeno: agente que causa a produção de anticorpos. 14 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. • Sarcoma – tumores malignos originados dos tecidos conjuntivos (mesenquimais) (exemplo: condrosarcoma – tecido cartilaginoso) (INCA, 2008; BRASIL, 2016); • Linfoma – tumores malignos do sistema linfático (exemplo: linfoma Hodgkin) (STRAUB, 2014); • Leucemia – cânceres que atacam os tecidos sanguíneos e formadores de sangue, como a medula óssea (STRAUB, 2014). Há, também, algumas exceções, como, por exemplo, quando o tumor passa a ser denominado pelo nome do cientista que o descobriu (exemplo: sarcoma de Kaposi), dentre outras exceções (INCA, 2008). A nomenclatura de todos os tumores será apresentada em outra apostila do curso. Ressalta-se que há também os tumores denominados limítrofes ou borderline, que são aqueles nos quais não foi possível realizar a diferenciação entre benignos ou malignos (INCA, 2008). Voltando nosso foco apenas para as neoplasias malignas – foco do nosso curso – definiremos, a seguir, o que é câncer. 1.3 Câncer O câncer é uma doença antiga e sua denominação foi utilizada pela primeira vez por Hipócrates, o pai da Medicina (460-377 a.C.). A palavra Câncer vem do grego “karkínos”, que significa caranguejo (INCA, 2012). Falamos que o câncer é uma doença, mas, na verdade, é “um conjunto de doenças em que células anormais do corpo multiplicam-se e espalham-se de maneira descontrolada, formando uma massa tissular10 chamada de tumor” (STRAUB,2014, p. 289). Câncer é a denominação utilizada para um conjunto de aproximadamente 100 doenças que se caracterizam por alterações no material genético das células. Essas alterações genéticas provocam o crescimento e a multiplicação desordenada das células, o que prejudica o funcionamento de tecidos, órgãos e do corpo humano como um todo. Os diferentes tipos de câncer correspondem aos diferentes tipos de 10 Referente ao tecido. 15 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. células doentes, caracterizam-se pela velocidade de multiplicação celular e pela capacidade de invadir tecidos e órgãos próximos e/ou distantes (INCA, 2013). Alguns tipos de células, como os neurônios, nunca se dividem, já outras, como as que compõem o tecido epitelial, dividem-se de forma rápida e contínua, obedecendo a um ciclo normal de crescimento, multiplicação e morte celular, o qual ocorre de maneira ordenada e é essencial para a sobrevivência do organismo. No caso do câncer, o crescimento desordenado se caracteriza por um padrão de crescimento celular diferente do que ocorre com as células normais. As células cancerosas não morrem, crescem descontroladamente, dando origem a novas células também anormais (INCA, 2012). Dá-se o nome de oncogênese ou carcinogênese ao processo de formação do câncer. É um processo lento, pode levar vários anos para que uma célula cancerosa se prolifere e dê origem a um tumor (INCA, 2013). A figura a seguir ilustra resumidamente o processo de oncogênese. Figura 4: Oncogênese / carcinogênese. Fonte: INCA (2013, p. 22). O processo de carcinogênese sofre a influência de múltiplos fatores. Independente da exposição do organismo a fatores carcinógenos, as células sofrem processos de mutação espontânea que, por si só, não alteram o desenvolvimento normal da população celular. A carcinogênese pode iniciar de forma espontânea ou pode ser provocada por agentes carcinogênicos químicos, físicos e biológicos, ressaltando-se que a predisposição individual tem fator decisivo no processo (INCA, 2008). Neste mesmo material apresentaremos alguns desses fatores de risco para o surgimento do câncer (ou carcinógenos). O esquema a seguir ilustra o crescimento desordenado das células cancerígenas, a formação do tumor maligno, a invasão dos tecidos vizinhos, o que 16 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. acarreta no funcionamento anormal desses tecidos e órgãos, causando, no paciente, uma série de problemas de saúde: Figura 5: Esquema de surgimento e desenvolvimento do câncer. Fonte: INCA (2013, p. 11). É visível que o câncer não altera apenas o funcionamento do organismo, pois, como o homem é um ser holístico, uma doença dessa magnitude também interfere significativamente em seu estado psicológico e nas relações interpessoais que o mesmo tende a desenvolver. Assim, é visível que o câncer interfere no estado de saúde do paciente como um todo e impacta na qualidade de vida de familiares e amigos. O câncer, normalmente, se desenvolve lentamente, uma célula cancerígena pode levar anos para se multiplicar e desenvolver um tumor visível. Esse processo é composto de três estágios, como mostra a citação a seguir: 17 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. I) Iniciação: as células sofrem ação dos fatores causadores de câncer (os fatores de risco) e ficam preparadas para uma segunda ação do mesmo fator ou de outro. 2) Promoção: as células geneticamente alteradas sofrem a segunda ação dos fatores de risco e começam a se multiplicar. É necessário um longo e contínuo contato com esses fatores promotores para que ocorra a transformação das células. A suspensão do contato com eles muitas vezes interrompe o processo. 3) Progressão: as células se multiplicam de forma descontrolada e irreversível (INCA, 2013, p. 40). A citação deixa claro que a interferência dos fatores de risco pode ser decisiva para a progressão do câncer, ainda nesta seção iremos discorrer sobre esses fatores. O câncer pode ser denominado in situ (também chamado de tumor primário, ou não invasivo) ou invasivo (também denominado secundário ou metastático) (INCA, 2012; INCA, s.d.; ONCOGUIA, 2017b). O carcinoma in situ não invasivo é o primeiro estágio em que o câncer pode ser classificado (os cânceres do sistema sanguíneo não obedecem a esta classificação). Caracteriza-se pelo fato de as células cancerosas estarem localizadas exclusivamente na camada de tecido no qual se desenvolveram, ou seja, essas células não migraram para outras regiões. A maioria dos cânceres in situ é curável se tratada antes de progredir para o próximo estágio, denominado invasivo (INCA, 2012). Já o câncer invasivo caracteriza-se pela invasão das células cancerígenas para outras camadas celulares do órgão que apresenta tumor, assim elas invadem a corrente sanguínea ou linfática, de onde podem alcançar diversas partes do corpo. Esse mecanismo de invasão – metástase – é a principal característica do câncer (INCA, 2012). Voltando ao estudo do câncer em si, o tumor maligno tem a capacidade de invadir outras células e tecidos, assim, o tumor pode ser denominado primário – quando tem sua origem no próprio órgão – ou secundário ou metastático – originado em outro órgão, mas que migrou para aquele órgão. Quando um novo tumor é encontrado em um paciente oncológico já tratado anteriormente, muitas vezes é uma metástase do tumor primário que demorou anos para crescer e se manifestar (INCA, s.d.; ONCOGUIA, 2017b). 18 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. O câncer pode apresentar diferentes sinais e sintomas, já que pode acometer diferentes tipos de células, tecidos, órgãos, podendo evoluir para causar complicações que interferem no funcionamento global do organismo. Devido a essas diferenças e especificidades de cada tipo da doença, será mais conveniente detalhar os sintomas em outro momento do curso, quando enfocaremos os principais tipos de cânceres especificamente. De maneira geral, tem-se que: A sintomatologia da neoplasia maligna é muito variada e se relaciona com o tumor primário e com as suas complicações locais e distantes. Localmente, os sintomas e sinais provocados pelo tumor são próprios do órgão ou do sistema acometido. Síndromes diversas, como febre de origem desconhecida, anorexia, emagrecimento, manifestações de substâncias biologicamente ativas produzidas pelo tumor, e os achados clínicos relacionados com as metástases a distância são repercussões orgânicas que podem compor o quadro clínico do câncer (INCA, s.d.(b), s.p.). Apresentaremos, agora,alguns sintomas gerais, ressaltando que os mesmos podem ser também sintomas de outras doenças. Sintomas como anorexia11, astenia12, emagrecimento, febre, dor, infecção, alterações psicológicas são gerais e podem se relacionar com o câncer. Há também sintomas específicos relacionados aos sistemas que compõem o corpo humano, como problemas ósseos, gastrintestinais, pulmonares, renais, hematológicos, cutâneos, urológicos, cardiovasculares, musculares, neurológicos. O câncer pode acarretar, também, o surgimento de sintomas hormonais paraneoplásicos (por exemplo, ginecomastia13 e hipertireoidismo), além do surgimento das chamadas emergências oncológicas, as quais podem se caracterizar como quadros agudos de compressões (de veias ou da medula espinhal), obstrução, perfuração e hemorragias diversas (INCA, s.d.(b)). Outros sintomas também merecem ser destacados, pois podem aparecer em vários tipos de câncer e são termos bastante mencionados em Oncologia: • Ascite14. • Dispneia15. • Icterícia16. 11 Perda do apetite. 12 Diminuição da força muscular; fraqueza (SILVA; SILVA, 2007). 13 Hipertrofia das glândulas mamárias do homem (SILVA; SILVA, 2007). 14 Popularmente conhecido como “barriga d’água”, acúmulo de líquido seroso na cavidade peritoneal (SILVA; SILVA, 2007). 15 Dificuldade de respirar (SILVA; SILVA, 2007). 19 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. • Linfonodos (gânglios linfáticos) inchados: os linfonodos são parte do sistema linfático e localizam-se em vários pontos do organismo, como a virilha, o pescoço e as axilas. Sua função é filtrar substâncias nocivas e microrganismos presentes no sistema linfático. Além disso, essas estruturas contêm células do sistema imunológico que ajudam a combater infecções (ONCOGUIA, 2016). Assim, observa-se que os linfonodos são estruturas normais e muito importantes para a saúde do organismo. Inicialmente, é possível que os linfonodos impeçam a disseminação das células tumorais, pois, quando essas células chegam aos linfonodos, elas entram em contato com células de defesa, que podem destruir essa ameaça ao organismo. Porém, se as células cancerígenas resistirem às células de defesa e encontrarem condições favoráveis, as mesmas podem se multiplicar (INCA, 2008). Essas estruturas – um gânglio ou um grupo de gânglios – aumentam de tamanho quando detectam alguma anormalidade (infecção, ferida ou câncer) próxima de si – o que é denominado linfadenopatia. O câncer dos linfonodos é denominado linfoma, mas há outras situações em que o tumor primário localizou-se em outro órgão, sendo a invasão dos linfonodos uma metástase (ONCOGUIA, 2016). A detecção de células cancerígenas nos gânglios linfáticos pode oferecer pistas para o possível prognóstico da doença e para definir a terapêutica adotada pelo oncologista, como mostra a citação a seguir: Grandes quantidades de células cancerosas nos gânglios podem significar que o câncer está em rápido crescimento e/ou mais propenso a se espalhar para outros locais do corpo. Mas, se os nódulos linfáticos próximos são o único local onde o câncer foi encontrado além do sítio primário, a cirurgia para remover o tumor e os linfonodos próximos pode ser suficiente para retirar toda a doença. O câncer que se espalhou para os gânglios mais distantes do sítio primário é mais provável que precise de tratamento adicional, como quimioterapia ou radioterapia. Por exemplo, se os linfonodos contralaterais (do outro lado do corpo) são acometidos, o câncer certamente necessitará de terapias adicionais (ONCOGUIA, 2016, s.p.). 16 Coloração amarelada da pele devido a problemas hepáticos (SILVA; SILVA, 2007). 20 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. • Edema (inchaço) de certas regiões ou do organismo como um todo – que inicialmente parece ter engordado. • Presença de sangue ou secreções estranhas provenientes de orifícios naturais (mama, vagina, uretra, ânus, boca). • Percepção de massa. • Síndromes paraneoplásicas: decorrentes da produção de substâncias biologicamente ativas pelo tumor maligno e que podem preceder, até em anos, a fase clínica do tumor. Podem acometer os sistemas neuromuscular, vascular, ósseo, articular e glandular. As síndromes paraneoplásicas são raras e, quando ocorrem, geralmente acompanham tumores de pulmão, mama, ovário e retroperitônio. São manifestações que tornam o prognóstico da doença ainda mais grave e o controle de seus sinais e sintomas depende do controle do tumor (INCA, s.d.(b)). • Dentre outros, que serão especificados em outro momento. Além disso, alguns tipos de cânceres não manifestam nenhum sintoma em seus estágios iniciais, são extremamente silenciosos, por isso a realização de consultas médicas periódicas e exames de rotina pode ser essencial para se detectar a doença no início, o que aumenta as chances de cura ou tratamento satisfatório. 1.4 Estadiamento Os tumores podem ser detectados em suas três fases, as quais são denominadas: (1) pré-neoplásica (antes do tumor se desenvolver); (2) pré-clínica ou microscópica (quando ainda não há sintomas); e, (3) fase clínica (quando há o aparecimento de sintomas) (INCA, 2012). Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de cura da doença, por isso, as ações preventivas em saúde podem, inclusive, modificar a evolução natural dos tumores, especialmente quando é possível a detecção e o posterior tratamento de uma lesão pré-neoplásica e, com isso, evitar o surgimento do tumor e das possíveis consequências decorrentes do mesmo (INCA, 2008). Como os tumores, seus tipos e seus cursos são diferentes, torna-se necessária a adoção de metodologias que possam definir a rapidez de crescimento 21 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. dos tumores e a presença ou não de metástases – o que auxilia os profissionais da área da Oncologia a preverem o prognóstico da doença e a definirem o melhor tratamento a ser utilizado (INCA, 2008). Um desses métodos é o estadiamento, definido como “estudo clínico para saber o tamanho e a agressividade do tumor” (SILVA; SILVA, 2007, p. 233). É importante que os profissionais que lidam com pacientes oncológicos conheçam o estadiamento, pois, frente ao prontuário do paciente ou em reuniões de equipe multiprofissional, devem ter condições de compreender siglas e anotações de saúde sobre do estado real do paciente em questão, o que pode fornecer recursos mais objetivos acerca do seu quadro clínico, proporcionando a orientação de diretrizes terapêuticas mais eficazes, considerando-se o paciente enquanto pessoa única. O estadiamento pode ser clínico – quando realizado a partir dos dados coletados no exame físico e de exames complementares – ou cirúrgico – elaborado a partir dos achados cirúrgicose no exame anatomopatológico da peça retirada a partir do procedimento cirúrgico. O estadiamento patológico permite determinar a extensão da doença com maior precisão (INCA, s.d.(c)). Os princípios gerais e as siglas utilizadas no estadiamento estão sintetizadas na citação abaixo, ressaltando-se que os padrões de classificação adotados são universais: Verifica-se que, apesar da sua variedade, os tumores malignos seguem um curso biológico mais ou menos comum a todos eles, que se inicia pelo crescimento e invasão local, segue pela invasão dos órgãos vizinhos e termina com a disseminação regional e sistêmica. Esta evidência levou a União Internacional Contra o Câncer (UICC) a desenvolver um sistema de estadiamento dos tumores que tem como base a avaliação da dimensão do tumor primário (T), a extensão da disseminação em linfonodos regionais (N) e a presença ou não de metástases a distância (M) – Sistema TNM de Classificação dos Tumores Malignos. Na interpretação de cada fator são analisadas as diversas variações que, para o tumor primitivo, vão de T1 a T4, para o comprometimento linfático, de N0 a N3, e, para as metástases a distância, de M0 a M1 (INCA, 2008, p. 72). 22 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. A tabela a seguir possibilita uma compreensão mais objetiva do Sistema TNM de classificação de tumores malignos: Tabela 3: Sistema TNM de estadiamento de câncer de intestino Fonte: ENDOCLINIC (s.d.). 23 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 2 – EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER 2.1 Epidemiologia: definições gerais Define-se Epidemiologia como: o “estudo da distribuição e as determinantes das condições ou eventos relacionados à saúde em populações específicas e a aplicação deste estudo no controle dos problemas de saúde” (CHOW; WILMORE, 1984 apud POWERS; HOWLEY, 2000, p. 256). Epidemiologia também pode ser definida como “ciência do que ocorre com o povo”. Para seguirmos essa linha de raciocínio, alguns outros termos precisam ser elucidados, como “prevalência”, que é sumariamente compreendida como a proporção de casos em uma população determinada, num espaço de tempo determinado – por exemplo, investigar o número de pacientes com câncer de mama residentes na cidade de São Paulo no ano de 2001 (GALDURÓZ; NOTO; LOCATELLI, 2016, p. 94). A Epidemiologia é utilizada para estabelecer a causa da doença (e assim adotar-se estratégias de prevenção); para se traçar a história natural de uma doença; para descrever o estado de saúde de determinadas populações e para realizar uma intervenção (POWERS; HOWLEY, 2000). Fletcher e Fletcher (2006) elucidam a importância da Epidemiologia Clínica, por ser esta a ciência que objetiva desenvolver e aplicar métodos de observação clínica que conduzam a conclusões válidas, evitando-se, assim, a ocorrência de erros. A Epidemiologia Clínica é de grande importância, pois, a partir dela, os especialistas podem obter as informações mais relevantes sobre o paciente para, com elas, tomarem as melhores decisões no que diz respeito ao seu cuidado. Antes de delimitar nosso estudo de Epidemiologia especificamente para a realidade do câncer, é importante traçar um panorama da mudança no perfil epidemiológico que foi observada no mundo no decorrer dos anos. Há muitos anos – como no final do século passado – as doenças que mais matavam eram as infectocontagiosas. Esses dados foram repassados para nós desde o tempo de estudantes do ensino fundamental, quando os professores de Ciências e História relataram eventos trágicos e marcantes que assolaram parte das populações mundial e brasileira: epidemia de gripe, peste negra, tifo, cólera, sarampo, malária, doença de chagas, dentre outras doenças. As autoridades 24 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. científicas e sanitárias da época, visualizando a quantidade expressiva de pessoas dizimadas por tais doenças, passaram a desenvolver estratégias de prevenção ou tratamento das mesmas. Como estratégias de prevenção utilizadas até os dias de hoje, destacam-se a adoção de medidas de saneamento básico, higiene e vacinas. Para o tratamento dessas doenças, foram desenvolvidos vários fármacos, em especial antibióticos, dentre outros que fizeram com que as doenças deixaram de ser fatais, o que diminui os índices de mortalidade de pessoas, em especial jovens, em decorrência desses agravos de saúde. Segundo Powers e Howley (2000), nos EUA, nos últimos 100 anos, a principal causa de morte deixou de ser as doenças infecciosas, como a tuberculose e a pneumonia, passando a ser as doenças degenerativas, como o câncer e as doenças cardiovasculares. São doenças multicausais, podendo-se destacar fatores genéticos (não podem ser modificados, são inatos), ambientais e comportamentais (esses dois últimos podem ser modificados pelo indivíduo). Os autores costumam falar em uma rede de causas, já que os denominados fatores de risco interagem entre si, além disso, vale a pena destacar que é de extrema importância o desenvolvimento de programas de prevenção voltados à saúde pública para que a população se eduque e se torne responsável pela sua própria saúde. Algumas doenças podem ter seu início retardado ou impedido se alguns fatores ambientais ou comportamentais forem modificados. No Brasil, essa transição epidemiológica também foi observada, em especial nas últimas décadas, marcadas por mudanças nas causas de mortalidade17, morbidade18, e conjunto com transformações demográficas, sociais e econômicas (INCA, 2012). As doenças e agravos não transmissíveis (DANT) já são as principais responsáveis pelo adoecimento e óbito da população no mundo. Estima-se que, em 2008, 36 milhões dos óbitos (63%) ocorreram em consequência das DANT, com destaque para as doenças cardiovasculares (48% das DANT) e o câncer (21%). Esse impacto afeta principalmente os países de baixo e médio desenvolvimentos, especialmente por mortes prematuras (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013). As transições demográficas e epidemiológicas globais sinalizam um impacto cada vez maior da carga de 17 Proporção de uma taxa de morte (SILVA; SILVA, 2007). 18 Número de casos de determinada doença, em determinado período de tempo (SILVA; SILVA, 2007). 25 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. câncer nas próximas décadas (FERLAY et al., 2013 apud INCA, 2017, p. 25). Dentre as consequências desse processo de transição, destacam-se o deslocamento da morbimortalidade do grupo de pessoas mais jovens para as pessoas mais velhas; além de impactos na área da saúde devido à maior necessidadede investimentos para o tratamento das morbidades crônicas, as quais despendem muitos custos (INCA, 2012). A mudança no estilo de vida da população – que teve início nos países mais ricos – se estendeu também aos mais pobres, o que representou um sério problema em relação ao câncer, como mostra a citação a seguir: A epidemiologia do câncer demarca muito bem a forma como se deu o desenvolvimento das sociedades. Com o passar do tempo, os tipos de câncer característicos de países com maior nível socioeconômico, como os de pulmão, mama, intestino e próstata, foram se expandindo em regiões menos favorecidas, num reflexo da disseminação dos hábitos individuais de padrões ocidentais, fortemente determinados socialmente. [...] O que se constata é a globalização também dos fatores de risco para câncer – fortemente dependentes da ocidentalização dos hábitos relacionados à alimentação, ao uso de tabaco e álcool, às condições reprodutivas e hormonais e à falta de atividade física. Os padrões de vida sedentária passaram a ser exportados pelos países desenvolvidos para os países pobres, nos quais predominavam infecções causadas pelo Helicobacter, o papilomavírus humano (HPV), os vírus de hepatite B e C – de estômago, colo do útero e fígado, respectivamente –, agentes associados aos cânceres conhecidos como ‘do subdesenvolvimento’. Em nossos dias, esta situação se agrava quando, ao mesmo tempo, por conta da melhora paradoxal das condições sociais nas diversas regiões do mundo, é nítido o aumento da expectativa de vida, deixando as pessoas mais expostas a estes fatores por períodos mais longos (INCA, 2006, p. 22-23). Mesmo com a transição epidemiológica, o câncer é uma doença que, diferente de outras doenças crônicas (como a hipertensão arterial e o diabetes tipo II), adoece e mata também pessoas jovens, incluindo crianças, adolescentes e adultos jovens, por isso não podemos deixar de negligenciar esse público quando investigamos a Epidemiologia do câncer. 2.2 Epidemiologia, risco e câncer Outro termo frequentemente encontrado nos estudos de Epidemiologia é “risco”. Utilizamos esse termo no dia a dia, quando, por exemplo, afirmamos que 26 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. pessoas com histórico de certos tipos de câncer na família – como o de mama – apresentam maior risco de desenvolverem o problema. Fletcher e Fletcher (2006) mostram que risco, de maneira geral, relaciona-se com a probabilidade da ocorrência de um evento adverso. Porém, na epidemiologia, os autores ilustram que o termo está relacionado mais especificamente à probabilidade de que pessoas expostas a determinados fatores de risco tenham mais chances de contrair determinadas doenças do que as pessoas que não foram expostas a esses fatores. A partir dessa abordagem do contexto de risco, muitos conhecimentos produzidos a partir de análises e cálculos de risco epidemiológico são de suma importância para a prevenção de doenças e, consequentemente, para a proteção de várias vidas. Apesar de sua importância, deve-se tomar o cuidado para utilizar o mesmo com o intuito de se evitar possíveis distorções, as quais podem ser nocivas à saúde ou fomentadoras de preconceito, como, por exemplo, a noção disseminada nos anos 80 sobre os grupos de risco para contraírem o vírus HIV (LOPES, 2011). Especificamente em relação ao câncer, tem-se que: O risco de câncer, em uma determinada população, depende das condições sociais, ambientais, políticas e econômicas que a rodeiam, bem como das características biológicas dos indivíduos que a compõem. Essa compreensão é essencial na definição de investimentos em pesquisas de avaliação de risco e em ações efetivas de prevenção (INCA, 2012, p. 51). Investigar os fatores de risco para o câncer é de suma importância, mas, ao mesmo tempo, bastante complexo, já que é possível observar a inter-relação entre diferentes fatores que podem potencializar esse risco. Fatores individuais, como gênero, idade e etnia estão diretamente relacionados à suscetibilidade ao câncer. Esses fatores não podem ser evitados. A localização da doença varia de acordo com a idade e, assim como ocorre com outras doenças crônicas, o risco de se desenvolver um câncer ou de morrer em decorrência do mesmo aumenta numa relação diretamente proporcional ao avanço da idade. Entretanto, quando se adicionam outras variáveis, observa-se maior complexidade ao se investigar os fatores de risco para o câncer. Quando se investiga, por exemplo, variáveis na distribuição dos tipos de câncer por raça e etnia, 27 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. tem-se uma significativa variação na probabilidade de se desenvolver câncer e de se morrer da doença (STRAUB, 2014). Estudos epidemiológicos relevantes também investigam sobre o quantitativo de casos de cânceres que surgiriam, de forma natural, em um grupo de indivíduos saudáveis que evitassem todos os agentes carcinogênicos provenientes do ambiente, de onde se torna possível inferir que: de acordo com uma estimativa, epidemiologistas sugerem que menos de 25% de todos os cânceres se desenvolveriam mesmo assim como resultado de processos genéticos e biológicos incontroláveis (LINDOR et al., 2006). Na maioria dos casos de câncer, fatores controláveis, como o tabagismo e a dieta, desempenham papel mais importante. [...] Embora esses fatores (de risco) aumentem a chance de um indivíduo desenvolver a doença, nem todos que têm esses fatores de risco irão desenvolvê-la. Muitas pessoas com um ou mais fatores de risco nunca desenvolveram câncer, enquanto outras que desenvolvem a doença não apresentam fatores de risco conhecidos (STRAUB, 2014, p. 291). Frente a esses dados, observa-se que não é possível afirmar que fatores não modificáveis – como a genética – são os maiores causadores do câncer, segundo dados epidemiológicos. Por outro lado, há fatores de risco passíveis de ser modificados que aumentam a chance do indivíduo desenvolver câncer, mas não é possível afirmar que todas as pessoas expostas aos mesmos fatores de risco necessariamente desenvolverão a doença. Dados do INCA (2012) também corroboram a ideia de que a presença dos agentes cancerígenos, por si só, não pode ser responsabilizada exclusivamente pelo desenvolvimento dos tumores. Por exemplo, a exposição prolongada à benzina pode aumentar o risco de câncer na bexiga, ao passo que mais de 90% dos casos de câncer de pulmão em fumantes associa-se ao tabagismo crônico. Desses exemplos, infere-se que, para que um indivíduo desenvolva uma doença, não basta apenas a presença do agente específico da doença em seu organismo, mas, também, a atuação de outras forças (ou causas) que, em conjunto com o agente específico (a benzina e o cigarro), provoquem a doença específica. A citação a seguir traz um exemplo sobre o que tem sido apresentado nessa subseção: 28 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. A Epidemiologianão diz que fumar causa câncer, e sim que fumar é um fator de risco importante para o câncer. Quando a promoção da saúde começa a dizer que fumar causa câncer, cria-se uma significação menos baseada em evidências, com finalidade pedagógica, e cai-se numa retórica de convencimento em nome da saúde (CASTIEL apud LOPES, 2011, p. 13). As autoridades de saúde e os profissionais da área devem se conscientizar de que a simples transmissão de informações – a educação em saúde – não é suficiente para se minimizar a influência dos fatores de risco externos, que podem ser evitados. Decisões complexas que incluem mudança no estilo de vida não são simplesmente racionais, além do que, para grande número de pessoas, não se há escolhas quando se diz respeito a uma alimentação saudável e estilo de vida ativo. A partir desse discurso dos fatores de risco, acabam por responsabilizar ou culpar a vítima pelo seu processo de adoecimento, e nem sempre isso é tão trivial quanto pode parecer (CASTIEL apud LOPES, 2011). Não pretendemos, nesta apostila, detalhar os fatores de risco para o câncer, apenas citar aqueles que são mais apontados pela literatura. Os principais fatores de risco modificáveis são uso de tabaco, alimentação inadequada, inatividade física, obesidade, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, agentes infecciosos (como o HPV, relacionado a alguns tipos de câncer de colo de útero e a bactéria Helicobacter pylori, relacionada ao câncer do estômago), radiação ultravioleta (como a luz solar), radiação ionizante (como a proveniente dos Raios-X), exposição ocupacional a substâncias cancerígenas (como benzeno, sílica, agrotóxicos), poluição ambiental, nível socioeconômico (no sentido de que uma maior instrução pode colaborar na modificação de possíveis fatores de riscos) e o comportamento sexual de risco (que pode facilitar a transmissão de doenças, inclusive o HPV). Por outro lado, são fatores de risco não modificáveis a idade, a etnia, a hereditariedade e o gênero (INCA, 2012; 2013; STRAUB, 2014). Em relação à predisposição genética, torna-se relevante tecer breves comentários de questões que dizem respeito ao risco. A história familiar aparece como fator de risco para o surgimento de câncer de mama. Apenas uma pequena porcentagem da doença é hereditária, mas aproximadamente 95% dos casos deve- se à combinação de fatores de risco genéticos e não genéticos, ou seja, a vulnerabilidade genética pode interagir com outros fatores de risco e aumentar o 29 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. risco do indivíduo de desenvolver a doença. Pesquisas apontam que tanto homens quanto mulheres podem herdar e transmitir os genes deficientes responsáveis pelo desenvolvimento da doença (STRAUB, 2014). 2.3 Epidemiologia do câncer no Brasil Por que estudar a epidemiologia do câncer? A avaliação da incidência, da mortalidade e da morbidade hospitalar é importante para o conhecimento do perfil de câncer e a efetiva vigilância para a ampla utilização das informações a fim de que essas se transformem em ações efetivas para o controle do câncer (INCA, 2016, p. 35). Com o intuito de tornar o nosso estudo o mais voltado possível à realidade de nosso país, optamos por apresentar, nessa seção, dados epidemiológicos referentes ao Brasil – com exceção de algumas comparações que buscamos estabelecer entre dados epidemiológicos brasileiros e mundiais. Tentamos, na medida do possível, fornecer dados atuais para tentar ilustrar, de forma fidedigna, a realidade do câncer no Brasil: Os tipos de câncer mais incidentes no mundo foram pulmão (1,8 milhão), mama (1,7 milhão), intestino (1,4 milhão) e próstata (1,1 milhão). Nos homens, os mais frequentes foram pulmão (16,7%), próstata (15,0%), intestino (10,0%), estômago (8,5%) e fígado (7,5%). Em mulheres, as maiores frequências foram encontradas na mama (25,2%), intestino (9,2%), pulmão (8,7%), colo do útero (7,9%) e estômago (4,8%) (FERLAY et al., 2013 apud INCA, 2011, p. 25). Em relação à realidade brasileira, estima-se, para os anos 2018-2019, a ocorrência de 600 mil novos casos de câncer, para cada ano, sendo que é esperado que os tipos mais prevalentes sejam o de próstata (68 mil) nos homens e o de mama (60 mil) nas mulheres: À exceção do câncer de pele não melanoma, os tipos de câncer mais incidentes em homens serão próstata (31,7%), pulmão (8,7%), intestino (8,1%), estômago (6,3%) e cavidade oral (5,2%). Nas mulheres, os cânceres de mama (29,5%), intestino (9,4%), colo do útero (8,1%), pulmão (6,2%) e tireoide (4,0%) figurarão entre os principais. As taxas de incidência ajustadas por idade tanto para homens (217,27/100 mil) quanto para mulheres (191,78/100 mil) são consideradas intermediárias e compatíveis com as apresentadas para países em desenvolvimento (INCA, 2011, p. 25-26). 30 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Frente aos números ilustrados, justifica-se a busca de meios para prevenir a doença, a necessidade da criação de novos estudos sobre o tema, assim como a formação de profissionais da equipe multiprofissional em saúde capacitados para atuar diante dessa realidade – mesmo observando-se, na citação anterior, que os números estimados são compatíveis com a realidade de outros países em condições econômicas semelhantes ao Brasil. A tabela a seguir representa a distribuição proporcional dos dez tipos de câncer mais incidentes estimados para 2018, divididos por gênero, no Brasil (exceto câncer de pele não melanoma): Tabela 4: Distribuição proporciona dos dez tipos de câncer mais incidentes estimados para 2018 no Brasil Fonte: INCA (2017, p. 58). A partir da tabela anterior é possível observar uma grande diferença entre os tipos de cânceres mais prevalentes entre os gêneros. Os tipos mais incidentes estimados para os homens e as mulheres coincidem com a estimativa esperada para os anos de 2012 e 2013 (INCA, 2011), assim como também coincidem com a realidade norte-americana, onde a maior taxa de incidência de câncer nos homens é o de próstata e das mulheres é de mama (AMERICAN CANCER SOCIETY INC. apud STRAUB, 2014). Pensando-se que a estimativa de novos casos de câncer diz respeito à detecção da doença que, quando for precoce, tem maiores chances de cura ou, quando essa não é possível, a possibilidade de estratégias de tratamento mais eficazes. Outro dado estatístico que merece destaque diz respeito às localizações geográficas. A partir desse dado, torna-se possível delinear estratégias preventivas 31 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. mais específicas para cada região do país, assim como fornecer melhores condições para o tratamento dos pacientes acometidos pela doença. Em relação às regiões do Brasil, a citação a seguir apresenta uma síntese das estimativas para o biênio 2018/2019, sendo possível observar que a distribuição numérica e em relação aos tipos de neoplasias malignas no Brasil não é uniforme,mas apresenta certas variações ao longo do grande território nacional: A distribuição da incidência por Região geográfica mostra que as Regiões Sul e Sudeste concentram 70% da ocorrência de casos novos; sendo que, na Região Sudeste, encontra-se quase a metade dessa incidência. Existe, entretanto, grande variação na magnitude e nos tipos de câncer entre as diferentes Regiões do Brasil. Nas Regiões Sul e Sudeste, o padrão da incidência mostra que predominam os cânceres de próstata e de mama feminina, bem como os cânceres de pulmão e de intestino. A Região Centro-Oeste, apesar de semelhante, incorpora em seu perfil os cânceres do colo do útero e de estômago entre os mais incidentes. Nas Regiões Norte e Nordeste, apesar de também apresentarem os cânceres de próstata e mama feminina entre os principais, a incidência dos cânceres do colo do útero e estômago tem impacto importante nessa população. A Região Norte é a única do país onde as taxas dos cânceres de mama e do colo do útero se equivalem entre as mulheres (INCA, 2017, p. 26). Voltando nossa atenção para outros países, dados mostram que, nos EUA, o câncer é a segunda principal causa de mortes, perdendo apenas para os acidentes, em crianças de idade compreendida entre 1 e 14 anos (STRAUB, 2014). A partir desse dado, reforçamos a ideia já defendida anteriormente de que, diferente de outras doenças crônico-degenerativas, que normalmente aparecem com o avanço da idade – como a hipertensão arterial e o diabetes tipo II – o câncer atinge também crianças e adolescentes, podendo, inclusive, culminar com o óbito. Se comparado com a incidência em adultos, o câncer em crianças e adolescentes (0 a 19 anos) é considerado raro, correspondendo a 2% a 3% dos tumores malignos registrados no Brasil, além do que eles apresentam características específicas que os diferem da doença que atinge os adultos (período de latência menor, normalmente cresce rápido e é mais invasivo, além de responder melhor à quimioterapia) (INCA, 2016). O gráfico a seguir mostra a mediana das taxas específicas por idade de incidência para todas as neoplasias, por um milhão de crianças adolescentes, divididos por sexo e faixa etária. Observe que o grupo etário onde se identifica as maiores taxas de ocorrência da doença, em pacientes de ambos os sexos, é na 32 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. faixa etária compreendida entre 1 e 4 anos, sendo identificada menor incidência entre os 5 e 9 anos: 33 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Gráfico 1: Mediana das taxas de incidência de neoplasias infantis e juvenis (estimativa 2016) no Brasil Fonte: INCA (2016, p. 75). A citação a seguir traz as projeções da incidência do câncer e crianças e adolescentes para o ano de 2016, assim como os tipos mais prevalentes, ressaltando-se que, de acordo com o Ministério da Saúde, o câncer foi a segunda maior causa de óbitos (7%) em crianças e adolescentes (de 1 a 19 anos) no ano de 2014, perdendo apenas para os óbitos por causas externas (INCA, 2016). O percentual mediano de neoplasias foi de 2% na população infantil (de 0 a 14 anos) e 3% na população de crianças e adolescentes (de 0 a 19 anos). Assim como na maioria das populações, também foi observada a maior frequência de leucemias em ambos os grupos (de 0 a 14 anos: 33,2%; de 0 a 19 anos: 25,6%). No grupo etário de 0 a 14 anos, observa-se que os tumores do SNC já representam a segunda posição (16,0%), seguidos dos linfomas (13,7%). Na faixa etária de 0 a 19 anos, a segunda posição é ocupada pelo grupo XI da Cici – outras neoplasias malignas epiteliais (14,1%) –, seguida pelos linfomas e os tumores do SNC (13,6% e 13,3%, respectivamente). A mediana das taxas médias de incidência ajustadas por idade, para a faixa etária de 0 a 14 anos, foi de 126,65 por milhão, e de 139,99 por milhão para de 0 a 19 anos, apresentando pico etário de 1 a 4 anos e de 15 a 19 anos (INCA, 2016, p. 36). Os números expressivos de pacientes com câncer são diretamente proporcionais aos gastos federais em assistência oncológica, já que os tratamentos são, normalmente, caros e demorados. O gráfico a seguir ilustra o crescimento contínuo em gastos nesse setor. 34 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Gráfico 2: Gastos federais em assistência oncológica no Brasil entre os anos de 2000 e 2005 Fonte: Datasus (2006) apud INCA (2006, p. 53). Além das estimativas de incidência de câncer no Brasil, outro dado epidemiológico de grande relevância diz respeito às taxas de mortalidade em decorrência dessa doença. O gráfico a seguir mostra as taxas de mortalidade devido ao câncer em homens, a partir de cinco tumores primários mais incidentes (brônquios/pulmões; próstata; estômago; esôfago; fígado/vias biliares intra-hepáticas) entre os anos de 2010 e 2015. Gráfico 3: Taxas de mortalidade pelos cânceres mais incidentes para homens entre 2010 e 2015 no Brasil 35 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Fonte: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE MS/INCA/Conprev/Divisão de Vigilância19. Observe que o gráfico anterior ilustra, entre 2012 e 2015, um aumento das taxas de mortalidade devido a todos os cânceres, exceto de estômago, a partir de 2012, sendo os aumentos mais significativos de brônquios/pulmões e de próstata. Quando se investiga as taxas de mortalidade de mulheres no intervalo compreendido entre 2010 e 2015, os quatro tipos de cânceres mais incidentes foram mama; brônquios/pulmões; colo do útero; cólon, conforme mostra o gráfico abaixo: Gráfico 4: Taxas de mortalidade pelos cânceres mais incidentes para mulheres entre 2010 e 2015 no Brasil Fonte: Fonte: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE MS/INCA/Conprev/Divisão de Vigilância20. Observa-se crescimento da taxa de mortalidade de todos os tipos a partir de 2013, sendo que, durante o intervalo pesquisado, houve aumento significativo da mortalidade por câncer de mama e pulmão/brônquios. A tabela a seguir mostra o número total de óbitos, em 2008, devido ao câncer, separados por gênero e faixa etária: 19 Disponível em: https://mortalidade.inca.gov.br/MortalidadeWeb/pages/Modelo04/consultar.xhtml#panelResultado 20 Disponível em: https://mortalidade.inca.gov.br/MortalidadeWeb/pages/Modelo04/consultar.xhtml#panelResultado 36 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional
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