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Epidemiologia do Cancer

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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 
UNIDADE 1 - DEFINIÇÃO DE CONCEITOS BÁSICOS ............................................. 5 
1.1 Oncologia .............................................................................................................. 6 
1.2 Neoplasias ............................................................................................................. 7 
1.2.1 Tumores (neoplasias) benignos ......................................................................... 9 
1.2.2 Tumores (neoplasias) malignos ....................................................................... 10 
1.3 Câncer ................................................................................................................. 14 
1.4 Estadiamento ...................................................................................................... 20 
UNIDADE 2 - EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER ......................................................... 23 
2.1 Epidemiologia: definições gerais ......................................................................... 23 
2.2 Epidemiologia, risco e câncer .............................................................................. 25 
2.3 Epidemiologia do câncer no Brasil ...................................................................... 29 
UNIDADE 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE .................................................. 37 
3.1 O SUS ................................................................................................................. 37 
3.2 Políticas públicas de saúde na atenção ao câncer .............................................. 40 
3.3 A atenção ao câncer na saúde privada / suplementar ........................................ 46 
UNIDADE 4 - DETECÇÃO E DIAGNÓSTICO DO CÂNCER ................................... 51 
4.1 Quadro clínico ..................................................................................................... 53 
4.2 Exames complementares .................................................................................... 54 
4.2.1 Exames de análises clínicas ............................................................................ 55 
4.2.2 Exames de imagem .......................................................................................... 57 
4.2.3 Seleção criteriosa de exames complementares ............................................... 68 
UNIDADE 5 - EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE SAÚDE ........................................ 70 
UNIDADE 6 - JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE .......................................................... 72 
UNIDADE 7 - ÉTICA PROFISSIONAL ..................................................................... 75 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 79 
 
2 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
INTRODUÇÃO 
 
O câncer é uma patologia que adoece, mata e limita funcionalmente 
milhares de pessoas no Brasil e no mundo. Os avanços na área da saúde e da 
tecnologia, nos últimos anos, são responsáveis por significativas melhorias 
relacionadas à prevenção, ao diagnóstico e aos tratamentos do câncer, o que acaba 
por representar melhorias no estado de saúde, na qualidade de vida e na sobrevida 
desses pacientes. Inicialmente caracterizado como uma doença fatal, incurável e 
relacionada a um grande sofrimento, intratável, atualmente, ao se receber um 
diagnóstico dessa doença, o prognóstico é bem mais positivo, sendo muitos tipos de 
câncer passíveis de cura. 
O paciente oncológico sofre implicações biopsicossociais decorrentes do 
processo de adoecimento e, devido a isso, visando-se à sua qualidade de vida, o 
mesmo precisa ser abordado em todas essas dimensões – biopsicossociais. Dessa 
forma, abre-se espaço para a atuação de profissionais que compõem a equipe 
multiprofissional em saúde – médicos, farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos, 
fisioterapeutas, assistentes sociais, fonoaudiólogos, dentre outros – que podem 
contribuir para se promover melhorias no estado geral do paciente. 
Para se iniciar um estudo na área da Oncologia, o primeiro passo é definir 
alguns conceitos relacionados à área. Em reuniões multidisciplinares, nos 
prontuários e nos laudos dos exames médicos, a linguagem utilizada é técnica e 
pode parecer bastante distante da linguagem dos profissionais não médicos. Termos 
como neoplasia, tumores, biópsia, metástase, oncologia, carcinoma, sarcoma, 
metaplasia, dentre outros, serão definidos ao longo do primeiro capítulo e servirão 
de base para a compreensão das apostilas posteriores que comporão este curso. 
Também tomamos o cuidado de apresentar, em nota de rodapé, definições 
de outros termos relacionados à saúde que poderiam não ser conhecidos do aluno, 
assim, a consulta a essas notas tende a facilitar o estudo deste material. 
O estudo da epidemiologia, definições, conceito de risco, dentre outros, é 
essencial para se introduzir o estudo do câncer. Mesmo cientes de que os 
pesquisadores ainda não têm muitas respostas conclusivas sobre todos os tipos de 
câncer, já se conhecem vários fatores de risco, como o tabagismo, a exposição ao 
sol, a obesidade, o sedentarismo, a ingestão de alimentos processados e 
3 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
gordurosos, a exposição a substâncias cancerígenas provenientes do ambiente de 
trabalho (INCA, 2012; 2013). 
Vivemos um processo de transição epidemiológica. As doenças que 
anteriormente mais dizimavam a população, normalmente as contagiosas – como a 
gripe, a tuberculose, a disenteria, o cólera, dentre outras transmitidas por vírus, 
bactérias e outros microrganismos – foram contidas com a descoberta das vacinas, 
dos antibióticos e a adoção de métodos de higiene e descarte adequado dos 
resíduos. Atualmente, nessa transição, observa-se que a mortalidade é decorrente 
de doenças crônico-degenerativas, inclusive o câncer, muitas dessas associadas a 
um estilo de vida sedentário, além de causas externas, como a violência (INCA, 
2012). 
Outro aspecto que será enfatizado nesse material é a judicialização da 
saúde. A partir da Constituição de 1988 e a criação do SUS, a garantia de saúde 
para todos os cidadãos, sem exceção, passa a ser um dever do Estado e um direito 
de todos. Há várias políticas públicas que preveem o acesso da população aos 
serviços de saúde em diferentes níveis de atenção, incluindo a prevenção, o 
diagnóstico e todas as modalidades de tratamento para o câncer. Entretanto, devido 
a uma série de condições dificultadoras, nem sempre todas as pessoas conseguem 
ter o devido acesso a todos os serviços. Atrasos com o início do tratamento, falta de 
vagas em hospitais ou falta de medicamentos podem custar vidas e, por isso, há 
uma tendência crescente da população em recorrer à justiça quando não consegue 
exercer seu direito de acesso à saúde e aos tratamentos. A partir dessa situação, 
cuja resolução torna-se decorrente de decisão judicial, cabe a nós, profissionais, 
refletir sobre as possíveis implicações desse fenômeno. 
Também estudaremos a ética profissional, enfatizando algumas situações 
que merecem a atenção no trabalho em Oncologia: os direitos do paciente, a 
beneficência,a autonomia, o direito ao sigilo. 
Diferente de outros materiais, grande parte desta apostila é embasada em 
materiais produzidos e disponibilizados gratuitamente pelo INCA – referência 
brasileira em políticas públicas voltadas à atenção e ao estudo do câncer –, além de 
materiais retirados de livros e artigos científicos. A apostila também contou com a 
contribuição de muitos conteúdos retirados de sites não necessariamente científicos, 
4 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
o que se justifica, pois, para procedermos a muitas definições para um público não 
médico, esse tipo de conteúdo mostrou-se indispensável. 
5 
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UNIDADE 1 – DEFINIÇÃO DE CONCEITOS BÁSICOS 
 
Desde o nome desse curso, passando pelo título da apostila e pela 
introdução, utilizamos alguns termos que talvez possam soar mais familiares para os 
profissionais que lidam diretamente nessa área ou para aqueles que já sofreram 
com essa doença ou conviveram com familiares que padeceram com a mesma. Para 
aqueles que ainda desejam começar a atuar na área, a nomenclatura pode parecer 
muito complexa e, além disso, nem sempre os termos utilizados pelo senso comum 
são os mais adequados. Por isso, iniciamos esse curso com a definição dos 
conceitos principais abordados em Oncologia, além de também oferecermos, ao 
longo desta apostila, as definições de alguns termos específicos que serão 
trabalhados em outros momentos do curso. 
Observe que algumas nomenclaturas aparecem como sinônimos para o 
mesmo termo, algumas mais atuais, outras já caíram no desuso, mas é importante 
apresentar as definições, a partir de autores da área, para que o profissional da 
equipe multiprofissional em saúde tenha a correta compreensão dos termos e 
consiga se comunicar adequadamente com os demais profissionais. 
Lembre-se de que muitos termos associados ao câncer – tais como “doença 
ruim”, “aquela doença”, “paciente desenganado” – não são utilizados em meios 
acadêmicos, mas em meios informais, portanto, mesmo que essas nomenclaturas 
sejam comuns entre os leigos, elas não devem ser utilizadas pelos profissionais. 
Nesta apostila, nosso foco não é enfatizar aspectos da Genética, Citologia e 
Histologia, os quais serão devidamente aprofundados na apostila de Biologia do 
Câncer, entretanto, para procedermos às definições iniciais, será necessário recorrer 
a alguns conceitos básicos dessas áreas, porém, sem pormenorizar o assunto que 
será abordado em momento oportuno. 
Além disso, nesta seção pretendemos esclarecer dúvidas comuns, tais 
como: “neoplasia é sinônimo de tumor?”, “todo tumor é câncer?” “existe câncer 
benigno?”, dentre outras dúvidas comuns num contexto que muito se fala sobre o 
câncer em meios acadêmicos, profissionais e, principalmente, informais. 
 
6 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
1.1 Oncologia 
Partimos às definições do capítulo com o termo utilizado no título deste 
curso e desta apostila: Oncologia. 
Este termo deriva-se de duas palavras gregas, “onkos”, que significa massa, 
volume, tumor e “logia”, que significa “estudo de” (ONCOGUIA, 2007). Assim, define-
se oncologia como o “estudo dos tumores e, por extensão, dos cânceres” (SILVA; 
SILVA, 2007, p.434; UFJF, 2011), sendo, esse último, o nome utilizado para 
designar todos os tumores malignos (NASCIMENTO, 2011). 
Oncologia também pode ser definida como o estudo das neoplasias 
(FOP/UNICAMP, s.d.). Ou seja, aqui já respondemos a um questionamento inicial: 
nem todo tumor é um câncer. 
Oncologista é o médico clínico especializado no tratamento do câncer. Seus 
conhecimentos permitem uma abordagem geral, do cuidado e dos tratamentos 
sistêmicos, tais como a quimioterapia, dentre outros tratamentos. Atualmente, a 
Oncologia ampliou-se para uma ciência complexa, o médico oncologista não 
trabalha sozinho, mas junto com a equipe multiprofissional em saúde especializada 
em Oncologia, cujo objetivo maior é cuidar do paciente oncológico como um todo 
(ONCOGUIA, 2017). 
Considerando-se que cada paciente é único, o tratamento oncológico deve 
ser individualizado e objetiva a três finalidades, dependendo das possibilidades de 
cada caso: a cura, a remissão da doença e os cuidados paliativos. O objetivo 
curativo consiste em curar o paciente da doença e devolver-lhe um lugar na 
sociedade. O segundo objetivo – a remissão da doença – é almejado quando a cura 
não é possível de se alcançar, assim, trabalha-se no sentido de fazer com que o 
paciente fique bem consigo mesmo o maior tempo possível, longe dos efeitos da 
doença e das internações decorrentes da mesma. Finalmente, o último tratamento 
objetiva aos cuidados paliativos nos casos dos quais não se há chances de cura ou 
mesmo de remissão da doença; volta-se o foco para o controle da doença e de seus 
sintomas (principalmente a dor), além de visar-se melhorar a qualidade de vida do 
paciente e de seus familiares do ponto de vista biopsicossocial e espiritual 
(ONCOGUIA, 2017). 
7 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
É comum nos referirmos à pessoa que sofre de câncer como paciente 
oncológico, paciente com CA ou, quando voltamo-nos para uma abordagem mais 
biológica, a literatura costuma se referir a este como hospedeiro. 
Se a Oncologia é o estudo dos tumores – ou neoplasias, para dar sequência 
a essas definições –, partiremos para a conceituação desses dois últimos termos. 
 
1.2 Neoplasias 
O termo neoplasia diz respeito às formas de crescimento celular 
descontrolado e autônomo (BRASIL, 2016; UFF/NF, 2013). 
A proliferação celular nas neoplasias foge completamente ao controle do 
organismo e tende à perpetuação, podendo acarretar em efeitos agressivos para o 
organismo (INCA, 2012). 
A melhor definição para o termo é: “Neoplasia é uma proliferação anormal do 
tecido, que foge parcial ou totalmente ao controle do organismo e tende à autonomia 
e à perpetuação, com efeitos agressivos sobre o hospedeiro” (PÉREZ-TAMAYO, 
1987; ROBBINS, 1984 apud BRASIL, 2016, p.13). 
Em geral, nas neoplasias há perda ou redução da diferenciação celular 
devido às alterações ocorridas nos genes que regulam o crescimento e a 
diferenciação, sendo que, quando a célula perde sua especialização, há um 
aumento de sua proliferação (UFF/NF, 2013). 
Se analisarmos pelo viés da patologia, tem-se que neoplasia não pode ser 
utilizada como sinônimo de tumor, pois este último é o termo referido para 
denominar as massas. Nem todo tumor é neoplásico, existem também os tumores 
não neoplásicos (tumores da inflamação) (UFF/NF, 2013). 
Entretanto, na prática e em materiais renomados sobre o tema, vemos o uso 
de neoplasiase tumores como sinônimos (BRASIL, 2016; FOP/UNICAMP, s.d.; 
INCA, 2012), sendo o que vamos adotar ao longo deste material. 
Para refinar ainda mais essa nossa conceituação, a definição clássica de 
tumor consiste em “aumento de volume causado por inflamação” (FOP/UNICAMP, 
s.d.; p. 1), ou: “inchaço, tumefação, aumento de volume. Este termo tem origem 
inflamatória, mas hoje é utilizado para designar a massa tumoral” (NASCIMENTO, 
8 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
2011, slide 3) e, ainda, “aumento de volume dos tecidos que, inclusive, pode não ser 
provocado por uma proliferação neoplásica verdadeira” (INCA, 2008, p.17). 
As neoplasias (ou tumores) podem ser benignas e malignas (UFF/NF, 2013; 
NASCIMENTO, 2011; BRASIL, 2016; FOP/UNICAMP, s.d.; INCA, 2012, 2013), 
conforme ilustra a figura abaixo: 
 
 
Figura 1: Neoplasias benignas e malignas. 
Fonte: INCA (2012, p.19). 
 
Diferentes dos tumores, também existem os cistos, estruturas benignas, 
definidas como: 
 
(1) Saco com uma parece distinta, que contém em seu interior fluido ou 
outro material; pode ser patológico ou normal. (2) tumor benigno formado 
em um órgão por uma cavidade delimitada por uma parede e repleta de 
substância líquida, mole ou, raramente, sólida (SILVA; SILVA, 2007, p. 132). 
 
Os tumores são massas sólidas que podem ser benignas ou malignas, já os 
cistos normalmente são sacos compostos de conteúdo normalmente líquido, sendo 
estruturas benignas. 
Conforme já nos pronunciamos anteriormente, não apresentaremos 
pormenores da Histologia, a figura serve para ilustrar que há uma diferenciação 
clara entre os tumores benignos e malignos – aparência essa que costuma vir nítida 
em exames de imagem (mesmo ressaltando-se que a confirmação final do 
diagnóstico depende da análise realizada por patologista a partir do tecido retirado 
por procedimento médico). Segundo INCA (2008), os critérios que permitem 
estabelecer o diagnóstico de tumor benigno e maligno com segurança são, 
geralmente, morfológicos. 
 
9 
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1.2.1 Tumores (neoplasias) benignos 
As neoplasias benignas, como apresentado na figura 1, caracterizam-se por 
crescimento celular organizado, geralmente lento, sendo que os tumores 
apresentam limites bem definidos (INCA, 2008; 2012; FOP/UNICAMP, s.d.). Não 
invadem os tecidos vizinhos, entretanto, podem trazer prejuízos para o organismo 
devido ao fato de poderem crescer e comprimir órgãos e estruturas adjacentes 
(INCA, 2012) – como vasos sanguíneos, nervos, órgãos, entre outros. Segundo 
Straub (2015), os tumores benignos tendem a permanecer localizados. 
Durante o processo de crescimento celular controlado, pode-se ocorrer um 
aumento localizado e autolimitado do número de células de tecidos normais que 
constituem o organismo, processo este que pode ser decorrente de estímulos 
fisiológicos ou patológicos (BRASIL, 2016). 
Nesse processo de proliferação celular, algumas lesões proliferativas 
controladas (não neoplásicas) podem evoluir para um crescimento neoplásico bem 
definido ou não controlado, tornando-se difícil determinar quando as lesões pré-
neoplásicas poderão adquirir características de neoplasias (INCA, 2006). 
Este processo é reversível e pode ser exemplificado pela metaplasia, 
hiperplasia e displasia (BRASIL, 2018), definidos na tabela a seguir: 
 
Tabela 1: Lesões proliferativas controladas 
Nomenclatura Definição Exemplos 
Hiperplasia Aumento autolimitado e localizado do 
número de células (normais na forma e na 
função) de um órgão ou tecido. Pode ser: 
* fisiológica – quando o processo de 
proliferação atende às necessidades do 
organismo; 
* patológica – estímulo excessivo determina 
a proliferação celular; 
* cessados os estímulos – cessa-se também 
a proliferação celular. 
Fisiológica: transformação da 
glândula mamária durante a 
gestação. 
Patológica: hiperplasia das 
células endometriais (células 
que revestem o útero) 
estimulada por excesso de 
estrogênio (hormônio). 
Metaplasia Processo proliferativo de reparo em que o 
tecido originado é diferente do original. 
Cessados os estímulos, cessa-se também a 
proliferação celular. 
Substituição do epitélio pseudo-
estratificado ciliado por epitélio 
escamoso estratificado nos 
brônquios dos fumantes. 
Displasia Termo que define processos patológicos 
diversos. 
Processo reversível, pois a proliferação 
celular pode cessar, caso os estímulos 
também sejam cessados. 
Como lesão pré-neoplásica, a displasia é 
considerada uma forma de proliferação 
Displasias de colo de útero, as 
quais podem ser de diferentes 
graus – leve, moderada e 
acentuada – passíveis de 
regredir ou evoluir para 
neoplasia. 
10 
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celular que ocorre nas células epiteliais, 
caracterizada por perda de polaridade e 
alterações de forma e tamanho, além da 
presença frequente de mitoses. 
Fonte: Adaptado de INCA (2008, p.73-75). 
 
Outras características desses tipos de tumores são a apresentação de 
pseudocápsulas fibrosas em seu entorno, bom suprimento vascular, normalmente 
não apresentam necrose1 e hemorragia. Suas células são bem diferenciadas e 
apresentam as características do tecido original (INCA, 2008; FOP/UNICAMP, s.d.). 
Não causam metástases2 (BRASIL, 2016). A citação a seguir elucida a 
presença da cápsula e outras características dos tumores benignos, as quais podem 
ser identificadas pelos médicos em exames clínicos (em regiões passíveis de 
palpação, como a mama) e de imagem (como a ultrassonografia): 
 
As neoplasias benignas são geralmente circunscritas por uma cápsula de 
tecido fibroso que delimita as margens do tumor. Devido à cápsula, os 
tumores benignos formam massas isoladas, palpáveis e móveis, passíveis 
de enucleação cirúrgica (FOP/UNICAMP, s.d., p.3). 
 
Os tumores benignos podem ser assintomáticos, entretanto, quando 
comprimem outras estruturas, podem causar dores, alteração no funcionamento da 
estrutura afetada, dificuldades motoras, parestesias3, dentre outros sintomas que 
acabam por motivar o paciente a procurar auxílio médico. 
A nomenclatura das neoplasias benignas consiste no nome da célula de 
origem, acrescentado pelo sufixo –oma (INCA, 2008; NASCIMENTO, 2011), por 
exemplo: tumor benigno do tecido gorduroso = lipoma; tumor benigno do tecido 
glandular = adenoma (INCA, 2008). 
 
1.2.2 Tumores (neoplasias) malignos 
Através do processo de multiplicação celular desordenado, devido à 
alteração cromossômica, um aglomerado de células afetadas forma um tumor 
maligno. Esse tipo de tumor tem a capacidade de invadir tecidos vizinhos – 
anteriormente saudáveis – os quais deixam de funcionar (INCA, 2013). 
 
1 Morte de célula e tecido. 
2 Termo será definido da próxima subseção. 
3 Distúrbio da sensibilidade, formigamento (SILVA; SILVA, 2007). 
11 
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Os tumores malignos apresentam maior grau de autonomia, se comparados 
aos tumores benignos. São passíveis de causar metástases e de serem resistentes 
aos tratamentos, o que pode culminar com a morte do hospedeiro (BRASIL, 2016). 
As metástases são uma característica dos tumores malignos e que tornam o 
prognóstico do câncer mais complicado, diminuindo as chances de cura dos 
pacientes. São definidas como “o crescimento neoplásico secundário, a distância, 
sem continuidade com o foco primitivo” (INCA, 2008, p.67), ou, ainda, “metástase é 
a presença de células ou massas tumorais em tecidos que não apresentam 
continuidade com o tumor primário” (FOP/UNICAMP, s.d., p.3). 
Todos os tipos de câncer são passíveis de provocar metástases, salvo 
raríssimas exceções, como o carcinoma basocelular de pele e os gliomas 
(neoplasias de células gliais4 do SNC) (FOP/UNICAMP, s.d.). 
As metástases podem ser para regiões próximas, em tecidos circundantes 
ao tumor (STRAUB, 2014), como também podem ocorrer em locais afastados do 
tumor (INCA, 2008). 
 
Figura 2: Metástase. 
Fonte: Adaptado da ilustração de Giannini apud INCA (2012, p.20). 
 
A migração das células tumorais se dá pela disseminação através das 
cavidades e tecidos corporais, disseminação linfática e disseminação hematogênica 
(a partir dos vasos sanguíneos) (FOP/UNICAMP, s.d.), como bem sintetiza a tabela 
a seguir: 
 
4 Tecido de sustentação do sistema nervoso (SILVA; SILVA, 2007). 
12 
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Tabela 2: Disseminação das células tumorais – metástase 
Vias de disseminação Características Exemplos 
Cavidades e superfícies 
corporais. 
Células neoplásicas penetram em 
uma cavidade natural, como a 
peritoneal5. 
Metástase de carcinoma de 
ovário na cavidade peritoneal. 
Metástases nas regiões 
pleural6, pericardial7 e 
subaracnóide8. 
Linfática. As células tumorais são transportadas 
pelos vasos linfáticos. 
Os gânglios linfáticos regionais 
funcionam como barreiras contra a 
disseminação generalizada do tumor, 
pelo menos por algum tempo. 
Mais comum nos carcinomas, 
menos comum nos sarcomas. 
Hematogênica. As células tumorais invadem os vasos 
sanguíneos, sendo as artérias mais 
resistentes que as veias à invasão 
tumoral. 
O fígado e o pulmão são os 
órgãos mais acometidos pela 
metástase que ocorre a partir 
dessas vias. 
Via de disseminação mais 
utilizada pelos sarcomas, mas 
também ocorre nos 
carcinomas. 
Fonte: Adaptado de FOP/UNICAMP (s.d., p.3-4). 
 
A figura a seguir mostra alguns tipos de metástase a distância, ocorridas 
após a disseminação das células cancerígenas pelas vias elucidadas na tabela 
anterior. 
 
 
5 Peritônio: membrana que reveste a cavidade abdominal. 
6 Pleura: membrana que reveste o interior da cavidade torácica e os pulmões. 
7 Pericárdio: membrana que reveste o coração. 
8 Subaracnoide: espaço entre as membranas que revestem o encéfalo e a medula espinhal, contém 
líquor (ou líquido cefalorraquidiano). 
13 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Figura 3: Alguns órgãos-alvo das metástases a distância. 
Fonte: Adaptado pelo INCA, a partir de material divulgado pela Secretaria Municipal de 
Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, em 2004, e atualizado de acordo com a 7ª Edição do 
Estadiamento Clínico - TNM - UICC, 2010 apud BRASIL (2016, p.27). 
 
Voltando-se às características das neoplasias malignas, tem-se ainda que: 
 
As neoplasias malignas são invasivas provocando destruição dos tecidos 
adjacentes e podendo desenvolver metástase regional e a distância. Devido 
a essa característica invasiva, é necessária a ressecção cirúrgica de 
considerável margem de tecido aparentemente normal, conhecida como 
cirurgia radical (FOP/UNICAMP, s.d., p.3). 
 
Devido a essa capacidade invasiva das células malignas, torna-se difícil a 
garantia de total erradicação das mesmas a partir da realização de procedimentos 
cirúrgicos (BRASIL, 2016). 
Outras características desses tipos de tumores, que os diferem dos 
benignos, são contornos irregulares, ausência de pseudocápsulas (devido à 
possibilidade de invasão dos tecidos nos arredores – conforme figura 1), presença 
de áreas de necrose, possibilidade de ocorrência de hemorragias, células com 
características morfológicas que as diferem das células de origem. As células 
malignas têm uma característica bastante importante: capacidade de produzir 
antígenos9, os quais podem ser identificados em alguns tipos de exame, facilitando, 
assim, o diagnóstico (INCA, 2008). 
A nomenclatura dos tumores malignos é mais complexa, se comparada à 
nomenclatura dos tumores benignos. Geralmente, o nome dos tumores advém da 
origem embrionária do tecido que origina o tumor, acrescido da topografia 
(localização do mesmo) (BRASIL, 2016). Por exemplo: 
• Carcinomas – tumores malignos originados dos epitélios de revestimento 
externo e interno (exemplo: carcinoma basocelular da face) (INCA, 2008; 
BRASIL, 2016); 
• Adenocarcinomas – tumores malignos originados do epitélio de origem 
glandular (exemplo: adenocarcinoma de ovário) (INCA, 2008; BRASIL, 2016); 
 
9 Antígeno: agente que causa a produção de anticorpos. 
14 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
• Sarcoma – tumores malignos originados dos tecidos conjuntivos 
(mesenquimais) (exemplo: condrosarcoma – tecido cartilaginoso) (INCA, 
2008; BRASIL, 2016); 
• Linfoma – tumores malignos do sistema linfático (exemplo: linfoma Hodgkin) 
(STRAUB, 2014); 
• Leucemia – cânceres que atacam os tecidos sanguíneos e formadores de 
sangue, como a medula óssea (STRAUB, 2014). 
Há, também, algumas exceções, como, por exemplo, quando o tumor passa 
a ser denominado pelo nome do cientista que o descobriu (exemplo: sarcoma de 
Kaposi), dentre outras exceções (INCA, 2008). 
A nomenclatura de todos os tumores será apresentada em outra apostila do 
curso. 
Ressalta-se que há também os tumores denominados limítrofes ou 
borderline, que são aqueles nos quais não foi possível realizar a diferenciação entre 
benignos ou malignos (INCA, 2008). 
Voltando nosso foco apenas para as neoplasias malignas – foco do nosso 
curso – definiremos, a seguir, o que é câncer. 
 
1.3 Câncer 
O câncer é uma doença antiga e sua denominação foi utilizada pela primeira 
vez por Hipócrates, o pai da Medicina (460-377 a.C.). A palavra Câncer vem do 
grego “karkínos”, que significa caranguejo (INCA, 2012). 
Falamos que o câncer é uma doença, mas, na verdade, é “um conjunto de 
doenças em que células anormais do corpo multiplicam-se e espalham-se de 
maneira descontrolada, formando uma massa tissular10 chamada de tumor” 
(STRAUB,2014, p. 289). 
Câncer é a denominação utilizada para um conjunto de aproximadamente 
100 doenças que se caracterizam por alterações no material genético das células. 
Essas alterações genéticas provocam o crescimento e a multiplicação desordenada 
das células, o que prejudica o funcionamento de tecidos, órgãos e do corpo humano 
como um todo. Os diferentes tipos de câncer correspondem aos diferentes tipos de 
 
10 Referente ao tecido. 
15 
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células doentes, caracterizam-se pela velocidade de multiplicação celular e pela 
capacidade de invadir tecidos e órgãos próximos e/ou distantes (INCA, 2013). 
Alguns tipos de células, como os neurônios, nunca se dividem, já outras, 
como as que compõem o tecido epitelial, dividem-se de forma rápida e contínua, 
obedecendo a um ciclo normal de crescimento, multiplicação e morte celular, o qual 
ocorre de maneira ordenada e é essencial para a sobrevivência do organismo. No 
caso do câncer, o crescimento desordenado se caracteriza por um padrão de 
crescimento celular diferente do que ocorre com as células normais. As células 
cancerosas não morrem, crescem descontroladamente, dando origem a novas 
células também anormais (INCA, 2012). 
Dá-se o nome de oncogênese ou carcinogênese ao processo de formação 
do câncer. É um processo lento, pode levar vários anos para que uma célula 
cancerosa se prolifere e dê origem a um tumor (INCA, 2013). A figura a seguir ilustra 
resumidamente o processo de oncogênese. 
 
 
Figura 4: Oncogênese / carcinogênese. 
Fonte: INCA (2013, p. 22). 
 
O processo de carcinogênese sofre a influência de múltiplos fatores. 
Independente da exposição do organismo a fatores carcinógenos, as células sofrem 
processos de mutação espontânea que, por si só, não alteram o desenvolvimento 
normal da população celular. A carcinogênese pode iniciar de forma espontânea ou 
pode ser provocada por agentes carcinogênicos químicos, físicos e biológicos, 
ressaltando-se que a predisposição individual tem fator decisivo no processo (INCA, 
2008). Neste mesmo material apresentaremos alguns desses fatores de risco para o 
surgimento do câncer (ou carcinógenos). 
O esquema a seguir ilustra o crescimento desordenado das células 
cancerígenas, a formação do tumor maligno, a invasão dos tecidos vizinhos, o que 
16 
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acarreta no funcionamento anormal desses tecidos e órgãos, causando, no paciente, 
uma série de problemas de saúde: 
 
Figura 5: Esquema de surgimento e desenvolvimento do câncer. 
Fonte: INCA (2013, p. 11). 
 
É visível que o câncer não altera apenas o funcionamento do organismo, 
pois, como o homem é um ser holístico, uma doença dessa magnitude também 
interfere significativamente em seu estado psicológico e nas relações interpessoais 
que o mesmo tende a desenvolver. Assim, é visível que o câncer interfere no estado 
de saúde do paciente como um todo e impacta na qualidade de vida de familiares e 
amigos. 
O câncer, normalmente, se desenvolve lentamente, uma célula cancerígena 
pode levar anos para se multiplicar e desenvolver um tumor visível. Esse processo é 
composto de três estágios, como mostra a citação a seguir: 
 
17 
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I) Iniciação: as células sofrem ação dos fatores causadores de câncer (os 
fatores de risco) e ficam preparadas para uma segunda ação do mesmo 
fator ou de outro. 
2) Promoção: as células geneticamente alteradas sofrem a segunda ação 
dos fatores de risco e começam a se multiplicar. É necessário um longo e 
contínuo contato com esses fatores promotores para que ocorra a 
transformação das células. A suspensão do contato com eles muitas vezes 
interrompe o processo. 
3) Progressão: as células se multiplicam de forma descontrolada e 
irreversível (INCA, 2013, p. 40). 
 
A citação deixa claro que a interferência dos fatores de risco pode ser 
decisiva para a progressão do câncer, ainda nesta seção iremos discorrer sobre 
esses fatores. 
O câncer pode ser denominado in situ (também chamado de tumor primário, 
ou não invasivo) ou invasivo (também denominado secundário ou metastático) 
(INCA, 2012; INCA, s.d.; ONCOGUIA, 2017b). 
O carcinoma in situ não invasivo é o primeiro estágio em que o câncer pode 
ser classificado (os cânceres do sistema sanguíneo não obedecem a esta 
classificação). Caracteriza-se pelo fato de as células cancerosas estarem localizadas 
exclusivamente na camada de tecido no qual se desenvolveram, ou seja, essas 
células não migraram para outras regiões. A maioria dos cânceres in situ é curável 
se tratada antes de progredir para o próximo estágio, denominado invasivo (INCA, 
2012). 
Já o câncer invasivo caracteriza-se pela invasão das células cancerígenas 
para outras camadas celulares do órgão que apresenta tumor, assim elas invadem a 
corrente sanguínea ou linfática, de onde podem alcançar diversas partes do corpo. 
Esse mecanismo de invasão – metástase – é a principal característica do câncer 
(INCA, 2012). 
Voltando ao estudo do câncer em si, o tumor maligno tem a capacidade de 
invadir outras células e tecidos, assim, o tumor pode ser denominado primário – 
quando tem sua origem no próprio órgão – ou secundário ou metastático – originado 
em outro órgão, mas que migrou para aquele órgão. Quando um novo tumor é 
encontrado em um paciente oncológico já tratado anteriormente, muitas vezes é 
uma metástase do tumor primário que demorou anos para crescer e se manifestar 
(INCA, s.d.; ONCOGUIA, 2017b). 
18 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
O câncer pode apresentar diferentes sinais e sintomas, já que pode 
acometer diferentes tipos de células, tecidos, órgãos, podendo evoluir para causar 
complicações que interferem no funcionamento global do organismo. Devido a essas 
diferenças e especificidades de cada tipo da doença, será mais conveniente detalhar 
os sintomas em outro momento do curso, quando enfocaremos os principais tipos de 
cânceres especificamente. De maneira geral, tem-se que: 
 
A sintomatologia da neoplasia maligna é muito variada e se relaciona com o 
tumor primário e com as suas complicações locais e distantes. Localmente, 
os sintomas e sinais provocados pelo tumor são próprios do órgão ou do 
sistema acometido. Síndromes diversas, como febre de origem 
desconhecida, anorexia, emagrecimento, manifestações de substâncias 
biologicamente ativas produzidas pelo tumor, e os achados clínicos 
relacionados com as metástases a distância são repercussões orgânicas 
que podem compor o quadro clínico do câncer (INCA, s.d.(b), s.p.). 
 
Apresentaremos, agora,alguns sintomas gerais, ressaltando que os 
mesmos podem ser também sintomas de outras doenças. Sintomas como 
anorexia11, astenia12, emagrecimento, febre, dor, infecção, alterações psicológicas 
são gerais e podem se relacionar com o câncer. Há também sintomas específicos 
relacionados aos sistemas que compõem o corpo humano, como problemas ósseos, 
gastrintestinais, pulmonares, renais, hematológicos, cutâneos, urológicos, 
cardiovasculares, musculares, neurológicos. O câncer pode acarretar, também, o 
surgimento de sintomas hormonais paraneoplásicos (por exemplo, ginecomastia13 e 
hipertireoidismo), além do surgimento das chamadas emergências oncológicas, as 
quais podem se caracterizar como quadros agudos de compressões (de veias ou da 
medula espinhal), obstrução, perfuração e hemorragias diversas (INCA, s.d.(b)). 
Outros sintomas também merecem ser destacados, pois podem aparecer 
em vários tipos de câncer e são termos bastante mencionados em Oncologia: 
• Ascite14. 
• Dispneia15. 
• Icterícia16. 
 
11 Perda do apetite. 
12 Diminuição da força muscular; fraqueza (SILVA; SILVA, 2007). 
13 Hipertrofia das glândulas mamárias do homem (SILVA; SILVA, 2007). 
14 Popularmente conhecido como “barriga d’água”, acúmulo de líquido seroso na cavidade peritoneal 
(SILVA; SILVA, 2007). 
15 Dificuldade de respirar (SILVA; SILVA, 2007). 
19 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
• Linfonodos (gânglios linfáticos) inchados: os linfonodos são parte do 
sistema linfático e localizam-se em vários pontos do organismo, como a 
virilha, o pescoço e as axilas. Sua função é filtrar substâncias nocivas e 
microrganismos presentes no sistema linfático. Além disso, essas 
estruturas contêm células do sistema imunológico que ajudam a combater 
infecções (ONCOGUIA, 2016). 
Assim, observa-se que os linfonodos são estruturas normais e muito 
importantes para a saúde do organismo. Inicialmente, é possível que os linfonodos 
impeçam a disseminação das células tumorais, pois, quando essas células chegam 
aos linfonodos, elas entram em contato com células de defesa, que podem destruir 
essa ameaça ao organismo. Porém, se as células cancerígenas resistirem às células 
de defesa e encontrarem condições favoráveis, as mesmas podem se multiplicar 
(INCA, 2008). 
Essas estruturas – um gânglio ou um grupo de gânglios – aumentam de 
tamanho quando detectam alguma anormalidade (infecção, ferida ou câncer) 
próxima de si – o que é denominado linfadenopatia. O câncer dos linfonodos é 
denominado linfoma, mas há outras situações em que o tumor primário localizou-se 
em outro órgão, sendo a invasão dos linfonodos uma metástase (ONCOGUIA, 
2016). 
A detecção de células cancerígenas nos gânglios linfáticos pode oferecer 
pistas para o possível prognóstico da doença e para definir a terapêutica adotada 
pelo oncologista, como mostra a citação a seguir: 
 
Grandes quantidades de células cancerosas nos gânglios podem significar 
que o câncer está em rápido crescimento e/ou mais propenso a se espalhar 
para outros locais do corpo. Mas, se os nódulos linfáticos próximos são o 
único local onde o câncer foi encontrado além do sítio primário, a cirurgia 
para remover o tumor e os linfonodos próximos pode ser suficiente para 
retirar toda a doença. 
O câncer que se espalhou para os gânglios mais distantes do sítio primário 
é mais provável que precise de tratamento adicional, como quimioterapia ou 
radioterapia. Por exemplo, se os linfonodos contralaterais (do outro lado do 
corpo) são acometidos, o câncer certamente necessitará de terapias 
adicionais (ONCOGUIA, 2016, s.p.). 
 
 
16 Coloração amarelada da pele devido a problemas hepáticos (SILVA; SILVA, 2007). 
20 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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• Edema (inchaço) de certas regiões ou do organismo como um todo – que 
inicialmente parece ter engordado. 
• Presença de sangue ou secreções estranhas provenientes de orifícios 
naturais (mama, vagina, uretra, ânus, boca). 
• Percepção de massa. 
• Síndromes paraneoplásicas: decorrentes da produção de substâncias 
biologicamente ativas pelo tumor maligno e que podem preceder, até em 
anos, a fase clínica do tumor. Podem acometer os sistemas 
neuromuscular, vascular, ósseo, articular e glandular. As síndromes 
paraneoplásicas são raras e, quando ocorrem, geralmente acompanham 
tumores de pulmão, mama, ovário e retroperitônio. São manifestações 
que tornam o prognóstico da doença ainda mais grave e o controle de 
seus sinais e sintomas depende do controle do tumor (INCA, s.d.(b)). 
• Dentre outros, que serão especificados em outro momento. 
Além disso, alguns tipos de cânceres não manifestam nenhum sintoma em 
seus estágios iniciais, são extremamente silenciosos, por isso a realização de 
consultas médicas periódicas e exames de rotina pode ser essencial para se 
detectar a doença no início, o que aumenta as chances de cura ou tratamento 
satisfatório. 
 
1.4 Estadiamento 
Os tumores podem ser detectados em suas três fases, as quais são 
denominadas: (1) pré-neoplásica (antes do tumor se desenvolver); (2) pré-clínica ou 
microscópica (quando ainda não há sintomas); e, (3) fase clínica (quando há o 
aparecimento de sintomas) (INCA, 2012). 
Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de cura da doença, 
por isso, as ações preventivas em saúde podem, inclusive, modificar a evolução 
natural dos tumores, especialmente quando é possível a detecção e o posterior 
tratamento de uma lesão pré-neoplásica e, com isso, evitar o surgimento do tumor e 
das possíveis consequências decorrentes do mesmo (INCA, 2008). 
Como os tumores, seus tipos e seus cursos são diferentes, torna-se 
necessária a adoção de metodologias que possam definir a rapidez de crescimento 
21 
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dos tumores e a presença ou não de metástases – o que auxilia os profissionais da 
área da Oncologia a preverem o prognóstico da doença e a definirem o melhor 
tratamento a ser utilizado (INCA, 2008). 
Um desses métodos é o estadiamento, definido como “estudo clínico para 
saber o tamanho e a agressividade do tumor” (SILVA; SILVA, 2007, p. 233). 
É importante que os profissionais que lidam com pacientes oncológicos 
conheçam o estadiamento, pois, frente ao prontuário do paciente ou em reuniões de 
equipe multiprofissional, devem ter condições de compreender siglas e anotações de 
saúde sobre do estado real do paciente em questão, o que pode fornecer recursos 
mais objetivos acerca do seu quadro clínico, proporcionando a orientação de 
diretrizes terapêuticas mais eficazes, considerando-se o paciente enquanto pessoa 
única. 
O estadiamento pode ser clínico – quando realizado a partir dos dados 
coletados no exame físico e de exames complementares – ou cirúrgico – elaborado 
a partir dos achados cirúrgicose no exame anatomopatológico da peça retirada a 
partir do procedimento cirúrgico. O estadiamento patológico permite determinar a 
extensão da doença com maior precisão (INCA, s.d.(c)). 
Os princípios gerais e as siglas utilizadas no estadiamento estão sintetizadas 
na citação abaixo, ressaltando-se que os padrões de classificação adotados são 
universais: 
 
Verifica-se que, apesar da sua variedade, os tumores malignos seguem um 
curso biológico mais ou menos comum a todos eles, que se inicia pelo 
crescimento e invasão local, segue pela invasão dos órgãos vizinhos e 
termina com a disseminação regional e sistêmica. Esta evidência levou a 
União Internacional Contra o Câncer (UICC) a desenvolver um sistema de 
estadiamento dos tumores que tem como base a avaliação da dimensão do 
tumor primário (T), a extensão da disseminação em linfonodos regionais (N) 
e a presença ou não de metástases a distância (M) – Sistema TNM de 
Classificação dos Tumores Malignos. Na interpretação de cada fator são 
analisadas as diversas variações que, para o tumor primitivo, vão de T1 a 
T4, para o comprometimento linfático, de N0 a N3, e, para as metástases a 
distância, de M0 a M1 (INCA, 2008, p. 72). 
 
22 
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A tabela a seguir possibilita uma compreensão mais objetiva do Sistema 
TNM de classificação de tumores malignos: 
 
Tabela 3: Sistema TNM de estadiamento de câncer de intestino 
 
Fonte: ENDOCLINIC (s.d.). 
23 
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UNIDADE 2 – EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER 
 
2.1 Epidemiologia: definições gerais 
Define-se Epidemiologia como: o “estudo da distribuição e as determinantes 
das condições ou eventos relacionados à saúde em populações específicas e a 
aplicação deste estudo no controle dos problemas de saúde” (CHOW; WILMORE, 
1984 apud POWERS; HOWLEY, 2000, p. 256). 
Epidemiologia também pode ser definida como “ciência do que ocorre com o 
povo”. Para seguirmos essa linha de raciocínio, alguns outros termos precisam ser 
elucidados, como “prevalência”, que é sumariamente compreendida como a 
proporção de casos em uma população determinada, num espaço de tempo 
determinado – por exemplo, investigar o número de pacientes com câncer de mama 
residentes na cidade de São Paulo no ano de 2001 (GALDURÓZ; NOTO; 
LOCATELLI, 2016, p. 94). 
A Epidemiologia é utilizada para estabelecer a causa da doença (e assim 
adotar-se estratégias de prevenção); para se traçar a história natural de uma 
doença; para descrever o estado de saúde de determinadas populações e para 
realizar uma intervenção (POWERS; HOWLEY, 2000). 
Fletcher e Fletcher (2006) elucidam a importância da Epidemiologia Clínica, 
por ser esta a ciência que objetiva desenvolver e aplicar métodos de observação 
clínica que conduzam a conclusões válidas, evitando-se, assim, a ocorrência de 
erros. A Epidemiologia Clínica é de grande importância, pois, a partir dela, os 
especialistas podem obter as informações mais relevantes sobre o paciente para, 
com elas, tomarem as melhores decisões no que diz respeito ao seu cuidado. 
Antes de delimitar nosso estudo de Epidemiologia especificamente para a 
realidade do câncer, é importante traçar um panorama da mudança no perfil 
epidemiológico que foi observada no mundo no decorrer dos anos. 
Há muitos anos – como no final do século passado – as doenças que mais 
matavam eram as infectocontagiosas. Esses dados foram repassados para nós 
desde o tempo de estudantes do ensino fundamental, quando os professores de 
Ciências e História relataram eventos trágicos e marcantes que assolaram parte das 
populações mundial e brasileira: epidemia de gripe, peste negra, tifo, cólera, 
sarampo, malária, doença de chagas, dentre outras doenças. As autoridades 
24 
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científicas e sanitárias da época, visualizando a quantidade expressiva de pessoas 
dizimadas por tais doenças, passaram a desenvolver estratégias de prevenção ou 
tratamento das mesmas. Como estratégias de prevenção utilizadas até os dias de 
hoje, destacam-se a adoção de medidas de saneamento básico, higiene e vacinas. 
Para o tratamento dessas doenças, foram desenvolvidos vários fármacos, em 
especial antibióticos, dentre outros que fizeram com que as doenças deixaram de 
ser fatais, o que diminui os índices de mortalidade de pessoas, em especial jovens, 
em decorrência desses agravos de saúde. 
Segundo Powers e Howley (2000), nos EUA, nos últimos 100 anos, a 
principal causa de morte deixou de ser as doenças infecciosas, como a tuberculose 
e a pneumonia, passando a ser as doenças degenerativas, como o câncer e as 
doenças cardiovasculares. São doenças multicausais, podendo-se destacar fatores 
genéticos (não podem ser modificados, são inatos), ambientais e comportamentais 
(esses dois últimos podem ser modificados pelo indivíduo). Os autores costumam 
falar em uma rede de causas, já que os denominados fatores de risco interagem 
entre si, além disso, vale a pena destacar que é de extrema importância o 
desenvolvimento de programas de prevenção voltados à saúde pública para que a 
população se eduque e se torne responsável pela sua própria saúde. Algumas 
doenças podem ter seu início retardado ou impedido se alguns fatores ambientais ou 
comportamentais forem modificados. 
No Brasil, essa transição epidemiológica também foi observada, em especial 
nas últimas décadas, marcadas por mudanças nas causas de mortalidade17, 
morbidade18, e conjunto com transformações demográficas, sociais e econômicas 
(INCA, 2012). 
 
As doenças e agravos não transmissíveis (DANT) já são as principais 
responsáveis pelo adoecimento e óbito da população no mundo. Estima-se 
que, em 2008, 36 milhões dos óbitos (63%) ocorreram em consequência 
das DANT, com destaque para as doenças cardiovasculares (48% das 
DANT) e o câncer (21%). Esse impacto afeta principalmente os países de 
baixo e médio desenvolvimentos, especialmente por mortes prematuras 
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013). As transições demográficas e 
epidemiológicas globais sinalizam um impacto cada vez maior da carga de 
 
17 Proporção de uma taxa de morte (SILVA; SILVA, 2007). 
18 Número de casos de determinada doença, em determinado período de tempo (SILVA; SILVA, 
2007). 
25 
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câncer nas próximas décadas (FERLAY et al., 2013 apud INCA, 2017, p. 
25). 
 
Dentre as consequências desse processo de transição, destacam-se o 
deslocamento da morbimortalidade do grupo de pessoas mais jovens para as 
pessoas mais velhas; além de impactos na área da saúde devido à maior 
necessidadede investimentos para o tratamento das morbidades crônicas, as quais 
despendem muitos custos (INCA, 2012). 
A mudança no estilo de vida da população – que teve início nos países mais 
ricos – se estendeu também aos mais pobres, o que representou um sério problema 
em relação ao câncer, como mostra a citação a seguir: 
 
A epidemiologia do câncer demarca muito bem a forma como se deu o 
desenvolvimento das sociedades. Com o passar do tempo, os tipos de 
câncer característicos de países com maior nível socioeconômico, como os 
de pulmão, mama, intestino e próstata, foram se expandindo em regiões 
menos favorecidas, num reflexo da disseminação dos hábitos individuais de 
padrões ocidentais, fortemente determinados socialmente. [...] O que se 
constata é a globalização também dos fatores de risco para câncer – 
fortemente dependentes da ocidentalização dos hábitos relacionados à 
alimentação, ao uso de tabaco e álcool, às condições reprodutivas e 
hormonais e à falta de atividade física. Os padrões de vida sedentária 
passaram a ser exportados pelos países desenvolvidos para os países 
pobres, nos quais predominavam infecções causadas pelo Helicobacter, o 
papilomavírus humano (HPV), os vírus de hepatite B e C – de estômago, 
colo do útero e fígado, respectivamente –, agentes associados aos 
cânceres conhecidos como ‘do subdesenvolvimento’. Em nossos dias, esta 
situação se agrava quando, ao mesmo tempo, por conta da melhora 
paradoxal das condições sociais nas diversas regiões do mundo, é nítido o 
aumento da expectativa de vida, deixando as pessoas mais expostas a 
estes fatores por períodos mais longos (INCA, 2006, p. 22-23). 
 
Mesmo com a transição epidemiológica, o câncer é uma doença que, 
diferente de outras doenças crônicas (como a hipertensão arterial e o diabetes tipo 
II), adoece e mata também pessoas jovens, incluindo crianças, adolescentes e 
adultos jovens, por isso não podemos deixar de negligenciar esse público quando 
investigamos a Epidemiologia do câncer. 
 
2.2 Epidemiologia, risco e câncer 
Outro termo frequentemente encontrado nos estudos de Epidemiologia é 
“risco”. Utilizamos esse termo no dia a dia, quando, por exemplo, afirmamos que 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
pessoas com histórico de certos tipos de câncer na família – como o de mama – 
apresentam maior risco de desenvolverem o problema. 
Fletcher e Fletcher (2006) mostram que risco, de maneira geral, relaciona-se 
com a probabilidade da ocorrência de um evento adverso. Porém, na epidemiologia, 
os autores ilustram que o termo está relacionado mais especificamente à 
probabilidade de que pessoas expostas a determinados fatores de risco tenham 
mais chances de contrair determinadas doenças do que as pessoas que não foram 
expostas a esses fatores. 
A partir dessa abordagem do contexto de risco, muitos conhecimentos 
produzidos a partir de análises e cálculos de risco epidemiológico são de suma 
importância para a prevenção de doenças e, consequentemente, para a proteção de 
várias vidas. Apesar de sua importância, deve-se tomar o cuidado para utilizar o 
mesmo com o intuito de se evitar possíveis distorções, as quais podem ser nocivas à 
saúde ou fomentadoras de preconceito, como, por exemplo, a noção disseminada 
nos anos 80 sobre os grupos de risco para contraírem o vírus HIV (LOPES, 2011). 
Especificamente em relação ao câncer, tem-se que: 
 
O risco de câncer, em uma determinada população, depende das condições 
sociais, ambientais, políticas e econômicas que a rodeiam, bem como das 
características biológicas dos indivíduos que a compõem. Essa 
compreensão é essencial na definição de investimentos em pesquisas de 
avaliação de risco e em ações efetivas de prevenção (INCA, 2012, p. 51). 
 
Investigar os fatores de risco para o câncer é de suma importância, mas, ao 
mesmo tempo, bastante complexo, já que é possível observar a inter-relação entre 
diferentes fatores que podem potencializar esse risco. 
Fatores individuais, como gênero, idade e etnia estão diretamente 
relacionados à suscetibilidade ao câncer. Esses fatores não podem ser evitados. A 
localização da doença varia de acordo com a idade e, assim como ocorre com 
outras doenças crônicas, o risco de se desenvolver um câncer ou de morrer em 
decorrência do mesmo aumenta numa relação diretamente proporcional ao avanço 
da idade. Entretanto, quando se adicionam outras variáveis, observa-se maior 
complexidade ao se investigar os fatores de risco para o câncer. Quando se 
investiga, por exemplo, variáveis na distribuição dos tipos de câncer por raça e etnia, 
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tem-se uma significativa variação na probabilidade de se desenvolver câncer e de se 
morrer da doença (STRAUB, 2014). 
Estudos epidemiológicos relevantes também investigam sobre o quantitativo 
de casos de cânceres que surgiriam, de forma natural, em um grupo de indivíduos 
saudáveis que evitassem todos os agentes carcinogênicos provenientes do 
ambiente, de onde se torna possível inferir que: de acordo com uma estimativa, 
epidemiologistas sugerem que menos de 25% de todos os cânceres se 
desenvolveriam mesmo assim como resultado de processos genéticos e biológicos 
incontroláveis (LINDOR et al., 2006). 
Na maioria dos casos de câncer, fatores controláveis, como o tabagismo e a 
dieta, desempenham papel mais importante. 
 
[...] Embora esses fatores (de risco) aumentem a chance de um indivíduo 
desenvolver a doença, nem todos que têm esses fatores de risco irão 
desenvolvê-la. Muitas pessoas com um ou mais fatores de risco nunca 
desenvolveram câncer, enquanto outras que desenvolvem a doença não 
apresentam fatores de risco conhecidos (STRAUB, 2014, p. 291). 
 
Frente a esses dados, observa-se que não é possível afirmar que fatores 
não modificáveis – como a genética – são os maiores causadores do câncer, 
segundo dados epidemiológicos. Por outro lado, há fatores de risco passíveis de ser 
modificados que aumentam a chance do indivíduo desenvolver câncer, mas não é 
possível afirmar que todas as pessoas expostas aos mesmos fatores de risco 
necessariamente desenvolverão a doença. 
Dados do INCA (2012) também corroboram a ideia de que a presença dos 
agentes cancerígenos, por si só, não pode ser responsabilizada exclusivamente pelo 
desenvolvimento dos tumores. Por exemplo, a exposição prolongada à benzina pode 
aumentar o risco de câncer na bexiga, ao passo que mais de 90% dos casos de 
câncer de pulmão em fumantes associa-se ao tabagismo crônico. Desses exemplos, 
infere-se que, para que um indivíduo desenvolva uma doença, não basta apenas a 
presença do agente específico da doença em seu organismo, mas, também, a 
atuação de outras forças (ou causas) que, em conjunto com o agente específico (a 
benzina e o cigarro), provoquem a doença específica. 
A citação a seguir traz um exemplo sobre o que tem sido apresentado nessa 
subseção: 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
A Epidemiologianão diz que fumar causa câncer, e sim que fumar é um 
fator de risco importante para o câncer. Quando a promoção da saúde 
começa a dizer que fumar causa câncer, cria-se uma significação menos 
baseada em evidências, com finalidade pedagógica, e cai-se numa retórica 
de convencimento em nome da saúde (CASTIEL apud LOPES, 2011, p. 
13). 
 
As autoridades de saúde e os profissionais da área devem se conscientizar 
de que a simples transmissão de informações – a educação em saúde – não é 
suficiente para se minimizar a influência dos fatores de risco externos, que podem 
ser evitados. Decisões complexas que incluem mudança no estilo de vida não são 
simplesmente racionais, além do que, para grande número de pessoas, não se há 
escolhas quando se diz respeito a uma alimentação saudável e estilo de vida ativo. 
A partir desse discurso dos fatores de risco, acabam por responsabilizar ou culpar a 
vítima pelo seu processo de adoecimento, e nem sempre isso é tão trivial quanto 
pode parecer (CASTIEL apud LOPES, 2011). 
Não pretendemos, nesta apostila, detalhar os fatores de risco para o câncer, 
apenas citar aqueles que são mais apontados pela literatura. Os principais fatores 
de risco modificáveis são uso de tabaco, alimentação inadequada, inatividade física, 
obesidade, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, agentes infecciosos (como o 
HPV, relacionado a alguns tipos de câncer de colo de útero e a bactéria Helicobacter 
pylori, relacionada ao câncer do estômago), radiação ultravioleta (como a luz solar), 
radiação ionizante (como a proveniente dos Raios-X), exposição ocupacional a 
substâncias cancerígenas (como benzeno, sílica, agrotóxicos), poluição ambiental, 
nível socioeconômico (no sentido de que uma maior instrução pode colaborar na 
modificação de possíveis fatores de riscos) e o comportamento sexual de risco (que 
pode facilitar a transmissão de doenças, inclusive o HPV). Por outro lado, são 
fatores de risco não modificáveis a idade, a etnia, a hereditariedade e o gênero 
(INCA, 2012; 2013; STRAUB, 2014). 
Em relação à predisposição genética, torna-se relevante tecer breves 
comentários de questões que dizem respeito ao risco. A história familiar aparece 
como fator de risco para o surgimento de câncer de mama. Apenas uma pequena 
porcentagem da doença é hereditária, mas aproximadamente 95% dos casos deve-
se à combinação de fatores de risco genéticos e não genéticos, ou seja, a 
vulnerabilidade genética pode interagir com outros fatores de risco e aumentar o 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
risco do indivíduo de desenvolver a doença. Pesquisas apontam que tanto homens 
quanto mulheres podem herdar e transmitir os genes deficientes responsáveis pelo 
desenvolvimento da doença (STRAUB, 2014). 
 
2.3 Epidemiologia do câncer no Brasil 
Por que estudar a epidemiologia do câncer? 
 
A avaliação da incidência, da mortalidade e da morbidade hospitalar é 
importante para o conhecimento do perfil de câncer e a efetiva vigilância 
para a ampla utilização das informações a fim de que essas se transformem 
em ações efetivas para o controle do câncer (INCA, 2016, p. 35). 
 
Com o intuito de tornar o nosso estudo o mais voltado possível à realidade 
de nosso país, optamos por apresentar, nessa seção, dados epidemiológicos 
referentes ao Brasil – com exceção de algumas comparações que buscamos 
estabelecer entre dados epidemiológicos brasileiros e mundiais. Tentamos, na 
medida do possível, fornecer dados atuais para tentar ilustrar, de forma fidedigna, a 
realidade do câncer no Brasil: 
 
Os tipos de câncer mais incidentes no mundo foram pulmão (1,8 milhão), 
mama (1,7 milhão), intestino (1,4 milhão) e próstata (1,1 milhão). Nos 
homens, os mais frequentes foram pulmão (16,7%), próstata (15,0%), 
intestino (10,0%), estômago (8,5%) e fígado (7,5%). Em mulheres, as 
maiores frequências foram encontradas na mama (25,2%), intestino (9,2%), 
pulmão (8,7%), colo do útero (7,9%) e estômago (4,8%) (FERLAY et al., 
2013 apud INCA, 2011, p. 25). 
 
Em relação à realidade brasileira, estima-se, para os anos 2018-2019, a 
ocorrência de 600 mil novos casos de câncer, para cada ano, sendo que é esperado 
que os tipos mais prevalentes sejam o de próstata (68 mil) nos homens e o de mama 
(60 mil) nas mulheres: 
 
À exceção do câncer de pele não melanoma, os tipos de câncer mais 
incidentes em homens serão próstata (31,7%), pulmão (8,7%), intestino 
(8,1%), estômago (6,3%) e cavidade oral (5,2%). Nas mulheres, os 
cânceres de mama (29,5%), intestino (9,4%), colo do útero (8,1%), pulmão 
(6,2%) e tireoide (4,0%) figurarão entre os principais. 
As taxas de incidência ajustadas por idade tanto para homens (217,27/100 
mil) quanto para mulheres (191,78/100 mil) são consideradas intermediárias 
e compatíveis com as apresentadas para países em desenvolvimento 
(INCA, 2011, p. 25-26). 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Frente aos números ilustrados, justifica-se a busca de meios para prevenir a 
doença, a necessidade da criação de novos estudos sobre o tema, assim como a 
formação de profissionais da equipe multiprofissional em saúde capacitados para 
atuar diante dessa realidade – mesmo observando-se, na citação anterior, que os 
números estimados são compatíveis com a realidade de outros países em condições 
econômicas semelhantes ao Brasil. 
A tabela a seguir representa a distribuição proporcional dos dez tipos de 
câncer mais incidentes estimados para 2018, divididos por gênero, no Brasil (exceto 
câncer de pele não melanoma): 
 
Tabela 4: Distribuição proporciona dos dez tipos de câncer mais incidentes 
estimados para 2018 no Brasil 
 
Fonte: INCA (2017, p. 58). 
 
A partir da tabela anterior é possível observar uma grande diferença entre os 
tipos de cânceres mais prevalentes entre os gêneros. Os tipos mais incidentes 
estimados para os homens e as mulheres coincidem com a estimativa esperada 
para os anos de 2012 e 2013 (INCA, 2011), assim como também coincidem com a 
realidade norte-americana, onde a maior taxa de incidência de câncer nos homens é 
o de próstata e das mulheres é de mama (AMERICAN CANCER SOCIETY INC. 
apud STRAUB, 2014). 
Pensando-se que a estimativa de novos casos de câncer diz respeito à 
detecção da doença que, quando for precoce, tem maiores chances de cura ou, 
quando essa não é possível, a possibilidade de estratégias de tratamento mais 
eficazes. 
Outro dado estatístico que merece destaque diz respeito às localizações 
geográficas. A partir desse dado, torna-se possível delinear estratégias preventivas 
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mais específicas para cada região do país, assim como fornecer melhores condições 
para o tratamento dos pacientes acometidos pela doença. 
Em relação às regiões do Brasil, a citação a seguir apresenta uma síntese 
das estimativas para o biênio 2018/2019, sendo possível observar que a distribuição 
numérica e em relação aos tipos de neoplasias malignas no Brasil não é uniforme,mas apresenta certas variações ao longo do grande território nacional: 
 
A distribuição da incidência por Região geográfica mostra que as Regiões 
Sul e Sudeste concentram 70% da ocorrência de casos novos; sendo que, 
na Região Sudeste, encontra-se quase a metade dessa incidência. Existe, 
entretanto, grande variação na magnitude e nos tipos de câncer entre as 
diferentes Regiões do Brasil. Nas Regiões Sul e Sudeste, o padrão da 
incidência mostra que predominam os cânceres de próstata e de mama 
feminina, bem como os cânceres de pulmão e de intestino. A Região 
Centro-Oeste, apesar de semelhante, incorpora em seu perfil os cânceres 
do colo do útero e de estômago entre os mais incidentes. Nas Regiões 
Norte e Nordeste, apesar de também apresentarem os cânceres de próstata 
e mama feminina entre os principais, a incidência dos cânceres do colo do 
útero e estômago tem impacto importante nessa população. A Região Norte 
é a única do país onde as taxas dos cânceres de mama e do colo do útero 
se equivalem entre as mulheres (INCA, 2017, p. 26). 
 
Voltando nossa atenção para outros países, dados mostram que, nos EUA, 
o câncer é a segunda principal causa de mortes, perdendo apenas para os 
acidentes, em crianças de idade compreendida entre 1 e 14 anos (STRAUB, 2014). 
A partir desse dado, reforçamos a ideia já defendida anteriormente de que, diferente 
de outras doenças crônico-degenerativas, que normalmente aparecem com o 
avanço da idade – como a hipertensão arterial e o diabetes tipo II – o câncer atinge 
também crianças e adolescentes, podendo, inclusive, culminar com o óbito. 
Se comparado com a incidência em adultos, o câncer em crianças e 
adolescentes (0 a 19 anos) é considerado raro, correspondendo a 2% a 3% dos 
tumores malignos registrados no Brasil, além do que eles apresentam características 
específicas que os diferem da doença que atinge os adultos (período de latência 
menor, normalmente cresce rápido e é mais invasivo, além de responder melhor à 
quimioterapia) (INCA, 2016). 
O gráfico a seguir mostra a mediana das taxas específicas por idade de 
incidência para todas as neoplasias, por um milhão de crianças adolescentes, 
divididos por sexo e faixa etária. Observe que o grupo etário onde se identifica as 
maiores taxas de ocorrência da doença, em pacientes de ambos os sexos, é na 
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faixa etária compreendida entre 1 e 4 anos, sendo identificada menor incidência 
entre os 5 e 9 anos: 
 
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Gráfico 1: Mediana das taxas de incidência de neoplasias infantis e juvenis 
(estimativa 2016) no Brasil 
 
Fonte: INCA (2016, p. 75). 
 
A citação a seguir traz as projeções da incidência do câncer e crianças e 
adolescentes para o ano de 2016, assim como os tipos mais prevalentes, 
ressaltando-se que, de acordo com o Ministério da Saúde, o câncer foi a segunda 
maior causa de óbitos (7%) em crianças e adolescentes (de 1 a 19 anos) no ano de 
2014, perdendo apenas para os óbitos por causas externas (INCA, 2016). 
 
O percentual mediano de neoplasias foi de 2% na população infantil (de 0 a 
14 anos) e 3% na população de crianças e adolescentes (de 0 a 19 anos). 
Assim como na maioria das populações, também foi observada a maior 
frequência de leucemias em ambos os grupos (de 0 a 14 anos: 33,2%; de 0 
a 19 anos: 25,6%). No grupo etário de 0 a 14 anos, observa-se que os 
tumores do SNC já representam a segunda posição (16,0%), seguidos dos 
linfomas (13,7%). Na faixa etária de 0 a 19 anos, a segunda posição é 
ocupada pelo grupo XI da Cici – outras neoplasias malignas epiteliais 
(14,1%) –, seguida pelos linfomas e os tumores do SNC (13,6% e 13,3%, 
respectivamente). A mediana das taxas médias de incidência ajustadas por 
idade, para a faixa etária de 0 a 14 anos, foi de 126,65 por milhão, e de 
139,99 por milhão para de 0 a 19 anos, apresentando pico etário de 1 a 4 
anos e de 15 a 19 anos (INCA, 2016, p. 36). 
 
Os números expressivos de pacientes com câncer são diretamente 
proporcionais aos gastos federais em assistência oncológica, já que os tratamentos 
são, normalmente, caros e demorados. O gráfico a seguir ilustra o crescimento 
contínuo em gastos nesse setor. 
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Gráfico 2: Gastos federais em assistência oncológica no Brasil entre os anos 
de 2000 e 2005 
 
Fonte: Datasus (2006) apud INCA (2006, p. 53). 
 
Além das estimativas de incidência de câncer no Brasil, outro dado 
epidemiológico de grande relevância diz respeito às taxas de mortalidade em 
decorrência dessa doença. 
O gráfico a seguir mostra as taxas de mortalidade devido ao câncer em 
homens, a partir de cinco tumores primários mais incidentes (brônquios/pulmões; 
próstata; estômago; esôfago; fígado/vias biliares intra-hepáticas) entre os anos de 
2010 e 2015. 
 
Gráfico 3: Taxas de mortalidade pelos cânceres mais incidentes para 
homens entre 2010 e 2015 no Brasil 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Fonte: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM 
MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE 
MS/INCA/Conprev/Divisão de Vigilância19. 
 
Observe que o gráfico anterior ilustra, entre 2012 e 2015, um aumento das 
taxas de mortalidade devido a todos os cânceres, exceto de estômago, a partir de 
2012, sendo os aumentos mais significativos de brônquios/pulmões e de próstata. 
Quando se investiga as taxas de mortalidade de mulheres no intervalo 
compreendido entre 2010 e 2015, os quatro tipos de cânceres mais incidentes foram 
mama; brônquios/pulmões; colo do útero; cólon, conforme mostra o gráfico abaixo: 
 
Gráfico 4: Taxas de mortalidade pelos cânceres mais incidentes para 
mulheres entre 2010 e 2015 no Brasil 
 
Fonte: Fonte: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM 
MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE 
MS/INCA/Conprev/Divisão de Vigilância20. 
 
Observa-se crescimento da taxa de mortalidade de todos os tipos a partir de 
2013, sendo que, durante o intervalo pesquisado, houve aumento significativo da 
mortalidade por câncer de mama e pulmão/brônquios. 
A tabela a seguir mostra o número total de óbitos, em 2008, devido ao 
câncer, separados por gênero e faixa etária: 
 
 
19 Disponível em: 
https://mortalidade.inca.gov.br/MortalidadeWeb/pages/Modelo04/consultar.xhtml#panelResultado 
20 Disponível em: 
https://mortalidade.inca.gov.br/MortalidadeWeb/pages/Modelo04/consultar.xhtml#panelResultado 
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