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As doenças respiratórias são muito importantes e seus sinais clínicos são muito semelhantes aos sinais de doenças cardíacas. Normalmente é diagnóstico diferencial de doença cardíaca e vice-versa. O aparelho respiratório apresenta a porção anterior e a porção posterior. A anterior começa nas narinas (cavidade nasal, com os seios paranasais, laringe e faringe) e vai até a traqueia cervical (a traqueia cervical delimita a divisão entre trato respiratório superior e inferior). Na sequência, a traqueia adentra o tórax, o que representa o início do trato respiratório inferior. A traqueia se ramifica nos brônquios principais direito e esquerdo e esses, por sua vez, ramificam-se em brônquios primários, secundários, terciários, até bronquíolos. A estrutura cartilaginosa persiste até os brônquios secundários, mantendo a via aérea permanentemente aberta. Nos órgãos subsequentes, as vias apenas se abrem no evento de passagem do ar, permanecendo, no restante do tempo, colabadas. Os alvéolos são as estruturas responsáveis pelas trocas gasosas. Para isso, é necessário que o ar adentre as vias aéreas, passando por todas as estruturas anatômicas até alcançar esses agentes de hematose. Problemas respiratórios podem ocorrer tanto em falhas na hematose, quanto em condições de falha na passagem do ar por entre as estruturas. Afecções da cavidade nasal e dos seios paranasais ✓ Inflamação (rinite e sinusite) Causas: multifatoriais, agentes virais, bacterianos (mais prevalentes: Bordetella bronchiseptica e Mycoplasma spp.), fúngicos (ex: criptococose, arpergilose), alérgenos, corpo estranho, neoplasia. ▪ Bacterianas Condições de imunossupressão ou imunocomprometimento favorecem o aparecimento de afecções inflamatórias oportunistas, com a proliferação desenfreada de microrganismos associados. Na maior parte das vezes, as rinites bacterianas são secundárias a outra patologia. Sinais Clínicos: secreção nasal mucopurulenta, história clínica e exame físico, sem comprometimento sistêmico (paciente ativo, esperto, comendo bem e desenvolvendo bem suas atividades). Diagnóstico: coleta de material interno da cavidade nasal com swab com meio de cultura; fazer cultura. Possibilidade de fazer diagnóstico terapêutico (medicar e observar a resposta do paciente). Tratamento: antibióticos. Com a cultura e o antibiograma, podemos fazer a eleição racional do medicamento; sem a cultura, fazemos a antibioticoterapia empírica (usar antibióticos que tenham ação sobre as principais bactérias das afecções respiratórias). Amoxicilina, sulfa + trimetoprim, doxiciclina. Tempo: 7 a 10 dias (com exceções de quadros crônicos) Prognóstico bom, que responde bem ao tratamento antimicrobiano. Qual é a causa de base? INVESTIGAR! (rinoscopia) ▪ Alérgicas Normalmente estão associadas a alérgenos ambientais e em grande parte são sazonais. É uma reação desencadeada pela ligação de anticorpos a antígenos, na superfície epitelial da cavidade nasal, com degranulação de mastócitos e liberação de histamina na mucosa nasal. Causas: Perfumes, desodorizadores de ambientes, fumaça de cigarro, corantes, tintas, partículas vegetais (pólen) → ANAMNESE DETALHADA! Sinais Clínicos: espirro, corrimento nasal, edema da mucosa nasal, dispneia (dificuldade para respirar). Normalmente a piora dos sinais clínicos ocorrem em determinadas épocas do ano. Podem ser manifestações agudas ou crônicas, dependendo da frequência com que os alérgenos estão em contato com os pacientes. Não têm repercussão sistêmica. Diagnóstico: Demonstrar a grande quantidade de eosinófilos na mucosa nasal (biópsia nasal com auxílio de rinoscópio). Tratamento: Remover o alérgeno do ambiente ou bloquear as consequências da interação do alérgeno e dos anticorpos (anti- histamínicos) Clorfeniramina, loratadina, desloratadina. Corticosteroides – oral: prednisona, tópico: fluticasona (similar a bombinha, precisa de espaçador e contar 10 movimentos respiratórios) Tempo: até controlar os sintomas, sem tempo determinado (depende da presença dos alérgenos no ambiente). ✓ Complexo Respiratório Felino Causas: vírus da rinotraqueíte felina (herpesvírus felino) e calicivírus felino e bactéria Clamidophyla psitacii. Transmissão: contato com gatos infectados (uma vez curado, o animal pode permanecer como animal portador, que ainda transmite os agentes a outros animais), gatos portadores ou fômites. É importante, para desenvolver a infecção, que o gato seja susceptível e imunocomprometido (jovem, FiV +, FeLV +, ou animais que vivem em colônias). Sinais Clínicos: Podem ser agudos, crônicos, intermitentes ou persistentes. Febre, espirro, secreção nasal, prostração, letargia, anorexia, adipsia ou oligodipsia, evolução para desidratação, dispneia, sialorreia, glossite, periodontite (decorrentes do calicivírus), conjuntivite com secreção ocular (decorrente da Clamidophyla). Nesses pacientes, além dos sinais gerais, há algumas particularidades entre os vírus da rinotraqueíte felina e do calicivírus: O vírus da rinotraqueíte tem tropismo por tecido epitelial, portanto, produz ceratite e opacidade de córnea. Também pode provocar aborto ou mortalidade neonatal. O calicivírus tem tropismo pelo epitélio respiratório e inflama a cavidade oral: estomatite, glossite, que induzem à sialorreia. Pode ser que a doença evolua para um quadro mais grave, com pneumonia viral e dificuldade locomotora (poliartrite, com inflamação de membranas sinoviais). Diagnóstico: o diagnóstico etiológico não é tão importante na avaliação individual, mas sim, em casos de epidemias e surtos em gatis. O diagnóstico se baseia na clínica (história clínica que aponte para provável imunossupressão – recentemente adotado, convivência com animais de rua, desnutridos, ausência de bom manejo sanitário), sinais clínicos e exame físico. Tratamento: Alguns autores dizem que a doença é autolimitante, mas o quadro do paciente é tão grave, que não é possível esperar o sistema imune do paciente responder. Reidratar o paciente (reidratação vascular sistêmica), nebulização para eliminação da secreção nasal (reidratação da via aérea por inalação), atenção à nutrição, antibióticos (beta-lactâmicos – ampicilina ou amoxicilina) Prognóstico bom, pois a doença tem relação com a imunidade. A partir da melhora nutricional e hídrica do paciente, o sistema imune passa a reagir e vai aniquilando, gradativamente, os agentes virais. Afecções da Laringe ✓ Paralisia Laríngea O ar passa através das cartilagens aritenóides, pelo movimento de abdução, com isso a resistência do ar é reduzida. Quando não ocorre essa abdução, a passagem do ar fica parcialmente obstruída, e fica muito mais difícil superar a resistência do ar e efetivamente chegar ao interior da traqueia para seguir ao trato respiratório inferior. O paciente pode manifestar sinais de hipóxia, não por incompetência dos alvéolos, mas por um processo obstrutivo na via aérea e impossibilidade de hematose, por falha na chegada do ar na área de troca. Quando as aritenóides fazem abdução, o espaço disponível para passagem do ar é muito maior, ao passo que quando elas se encontram paralisadas, basicamente, não há abertura para passagem do ar (como se a região da laringe estivesse completamente fechada). Causas: idiopática! Investigar possíveis causas (traumatismo neural, por polimiopatias ou polineuropatias – botulismo, polirradiculoneurite, miastenia gravis; isto é, condições que possam gerar manifestações musculares ou nervosas generalizadas). Animais com polineuropatias não apresentam apenas a paralisia de laringe como manifestação clínica. A maior parte dos animais com paralisia de laringe são raças de grande porte, podendo indicar para uma correlação genética. Sinais Clínicos: sinais relacionados a diminuição da passagemdo ar e dificuldade na inspiração, dispneia exacerbada, respiração ruidosa (ruídos inspiratórios), disfonia, estridores respiratórios, sinais de hipóxia, como cianose e síncope, em casos mais graves. Ocasionalmente, pode ocorrer caso de pneumonia aspirativa, pois quando o paciente deglute parte do alimento ou líquido acaba fazendo falsa via e caindo na via respiratória (sinais clínicos mais graves). Diagnóstico: laringoscopia, de modo a inspecionar a laringe e buscar alguma lesão, pólipo, massas, neoplasias, que possam estar comprometendo essa movimentação. Isso não é possível com o paciente acordado, ele deve estar sob anestesia ou sedação profunda (viés de que a anestesia provoca perda do reflexo de deglutição, que, naturalmente paralisa a laringe). Tratamento: depende se há causa de base, e da gravidade dos sinais clínicos. É recomendado que esses pacientes não tenham exercícios extenuantes, que propiciem o fluxo de ar / hipóxia. A resolução do problema só é possível com intervenção cirúrgica: laringoplastia (pregueamento das cartilagens aritenóides, mantendo a laringe parcialmente aberta → por um lado é bom, por outro aumenta a susceptibilidade a pneumonia aspirativa). O prognóstico depende da causa (idiopático x causa de base x pneumonia aspirativa).
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