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Relação jurídica fiscal

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Universidade Independente de Angola
Faculdade de Direito
RELAÇÃO JURÍDICO - FISCAL
Docente: Afonso Pedro
Luanda, 2020
Universidade Independente de Angola
Faculdade de Direito
RELAÇÃO JURÍDICO – FISCAL
Ricardo Cabalo
Nº 180824
Sala: B 2.5
Turma: A1
Grupo: B
Ano curricular: 3º
 Docente
 
 ---------------------------------------
 DEDICATÓRIA
Aos meus pais pelo apoio incondicional e aos meus colegas com quem tenho o prazer de partilhar esta longa jornada académica.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente à Deus pela vida que a mim concedeu, aos meus Pais pelo apoio financeiro e ao docente Afonso Pedro por ter dado este trabalho investigativo que vai ajudar-me a enriquecer o meu conhecimento em Direito Fiscal.
EPÍGRAFE
“Fiz tão bem o meu curso de direito que, no dia que me formei, processei a Faculdade, ganhei a causa e recuperei todas as mensalidades que havia pago”
«Fred Allen»
ÍNDICE
Introdução……………………………………………………………...…………………..8
Conceito de Relação Jurídica Fiscal…………..………………...……………9-10-11-12-13
Natureza da relação jurídica fiscal…………………………………………………13-14-15
Elementos da relação jurídica fiscal…………………….…………………………………15
Sujeitos…………………………………………………………………………..15-16-17-18
Objecto………………………………………………………………………………….18-19
Facto…………………………………………………………………………………….19-20
Garantia…………………………...…………………………………………………….20-21
Conclusão……..………………………....…………………………………………………22
Referências bibliográficas………………………………………………………………….23
RESUMO
	A relação jurídica, ou as relações Estado-contribuinte foi uma metodológica que contribuiu para permitir o enquadramento da prática fiscal, o mundo do Governo e da Administração num esquema coerente e suscetível de explicar o nascimento, evolução e extinção das dívidas do imposto: no princípio era a dívida, o dever de prestar, a possibilidade do arresto ou da penhora as diversas formas de cumprimento.
 Os sujeitos na relação jurídica tributária podem ser ativos ou passivos. Como sujeito ativo aparece-nos a administração tributária, a quem é dado o direito de exigir o cumprimento das obrigações tributárias, embora este direito possa também ser alargado a outros sujeitos não estatais que sejam mencionados pela administração tributária.
Quanto aos sujeitos passivos são todas as pessoas singulares e coletivas, o património, ou a organização de facto ou de direito que, nos termos da lei, está vinculado ao cumprimento da prestação tributária, seja como contribuinte direto, substituto ou responsáveis solidários e subsidiários
Palavras-chave: Direito Fiscal, Relação Jurídica, Relação Jurídica Fiscal, Sujeitos e Obrigação Fiscal
Página de 
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objectivo desenvolver os subtemas concernentes a relação jurídica fiscal, como o seu conceito, natureza e elementos da relação jurídica fiscal e a relação jurídica fiscal e sua natureza. O trabalho de Direito fiscal, sobre a relação jurídica fiscal encontra-se dividida em 3 partes, a primeira que é a introdução, a segunda o desenvolvimento, onde irei desenvolver o conceito, natureza e elementos da relação jurídica fiscal, e por último a conclusão e às referências bibliográficas.
 As relações que, hoje em dia, existem estabelecem-se das mais variadas formas, sejam elas de âmbito pessoal, social, comercial, institucional, jurídicas entre outras. Numa visão mais técnica está subjacente uma relação jurídica que não é mais do que a atribuição de direitos e deveres às partes que fazem parte dessa relação jurídica.
 Em termos genéricos uma relação jurídica compreende os sujeitos, o objeto, o facto jurídico, a garantia e é com base neste conceito que se compreendem também os direitos e os deveres da administração tributária e dos particulares
A relação jurídica, num sentido restrito, a relação inter-privada que o direito regula através da atribuição a um sujeito de um direito e a imposição ao outro de um dever ou sujeito. Por seu lado a obrigação fiscal respeita tão-somente aquela que é a principal obrigação do sujeito passivo na relação jurídica fiscal, ou seja, a obrigação de pagar o imposto. 
 A relação jurídica tributária admite também os representantes e os gestores de negócios.
Da relação jurídica fiscal existem conceitos fundamentais da relação jurídica que são fundamentais e deverão ser do conhecimento geral na medida em que os aplicamos, muitas vezes, sem a noção do seu real significado e quais as responsabilidades inerentes.
O artº. 28º do CGT define o conceito da personalidade tributária, que consiste na aptidão de ser sujeito activo ou passivo da relação tributária, e no seu artº. 30º é referido mais um conceito fundamental o da capacidade tributária que referi que tem capacidade tributária quem possui personalidade tributária e capacidade de exercício de direitos nos termos da Lei Civil, a qual é também aplicável ao suprimento da incapacidade.
CONCEITO DE RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL
Em termos teóricos, e numa primeira aproximação, pode definir-se que relação jurídica fiscal é um vínculo de natureza jurídica que se estabelece entre o credor de um tributo, grande parte das vezes o Estado, e um devedor, genericamente designado por contribuinte. No âmbito de tal vínculo ainda de um modo aproximativo e superficial, costuma afirmar-se que este último se encontra investido num conjunto de deveres em face do primeiro, dos quais ressalta, pela sua visibilidade e natureza marcadamente restritiva da esfera patrimonial, o dever de pagamento do imposto.
Nos termos do Código Geral Tributário (CGT), art-2º, nº1, al. r), entende-se por relação jurídica tributária ou fiscal o “vínculo jurídico estabelecido entre o Estado ou entes públicos equiparados, enquanto administração tributária, e as pessoas singulares ou colectivas e os entes fiscalmente equiparados a estas, nos termos da Lei. Trata-se de um conceito da maior importância, pois é a partir dele que se determina o âmbito ou perímetro de aplicação do próprio CGT, em termos de as suas normas se aplicarem não apenas a todas as relações tributárias (sem prejuízo do disposto em normas de Direito internacional ou em legislação interna especial), mas igualmente a outras relações de Direito público, nos casos em que exista norma especial expressa que o determine.
Trata-se de uma relação jurídica de natureza obrigacional, com eficácia inter partes, na medida em que as posições jurídicas em sua causa apenas podem ser oponíveis entre os sujeitos que integram a própria relação, sem qualquer possibilidade de projecção de efeitos erga omines. Significa isto que o credor tributário, em princípio, apenas pode exigir àquele contribuinte o cumprimento das prestações que integram aquela relação jurídica.
O cerne da relação jurídica fiscal é constituído pela obrigação fiscal ou obrigação de imposto que, apesar de ser uma obrigação ou direito de crédito, tem características especiais que a diferenciam das demais.
Segundo Teixeira, constitui obrigação fiscal o vínculo que nasce entre o estado e o particular através do imposto. De um modo coerente, a obrigação fiscal pode ser tida como o vínculo jurídico nascido de verificação da situação ou das condições abstractamente previstas na lei tributaria e cujo objecto é a prestação do imposto. Assim, considera a obrigação fiscal como parte da relação jurídica, pois esta é mais vasta e complexa.
Para além, a obrigação fiscal, inclui todas as relações de diferente objecto e conteúdo que resultam daquela obrigação central, na qual os sujeitos passivos são o contribuinte e outras pessoas estranhas a essa obrigação de imposto. A relação jurídica é composta de um núcleo constituídopelo contribuinte e pelos terceiros que, de algum modo, estão ligados aos pressupostos do facto da tributação, que podem ser designados de obrigações ou deveres tributários acessórios.
A relação jurídica - fiscal é pois, uma relação obrigacional, embora de Direito Público. Nem se trata de uma particularidade do Direito Fiscal que possa interpretar-se como correspondendo àquela conhecida orientação que visa aproximar esse ramo jurídico do Direito Civil. As percepções da obrigação fiscal têm sido diversas, podendo se apontar duas opostas.
A primeira, aponta para a obrigação fiscal uma realidade diversa das obrigações civis, pela sua natureza e estrutura, tendendo a atribuir ao acto administrativo de liquidação a função de elemento constitutivo daquela obrigação. [footnoteRef:1] [1: Passei Direito, Relação jurídica Fiscal.
 Contencioso Tributário Angolano, Apontamentos universitários, Joaquim Freitas Da Rocha. 2019. Ed. Escola de Direito da Universidade do Minho. Pag:6 e 7.
] 
A segunda, refere que a obrigação fiscal, na sua essência, em nada se diferencia das relações obrigacionais do direito civil, pois os aspectos em que se afasta do normal regime civil não atingem o cerne do próprio conceito de obrigação. Para alem das obrigações fiscais que recaem sobre o sujeito passivo directo, há aquelas que podem recair a terceiros, que de algum modo estão ligados ao contribuinte ou ao facto tributável, que garante a liquidação da divida tributaria, que se designam de obrigações ou deveres acessórios. Estas obrigações acessórias podem destinar-se a determinar e identificar o sujeito passivo e a matéria coletável ou liquidar a divida tributaria, bem como garantir a cobrança de imposto e a fiscalização do cumprimento dos deveres. O conceito de relação jurídica é fundamental na Ciência do Direito. 
Relação jurídica é o vínculo intersubjetivo concretizado pela ocorrência de um fato cujos efeitos são veiculados pela lei, denominado fato jurídico. Trata-se, portanto de relação social específica tipificada por uma norma jurídica.
Em contraposição, surgem as teorias normativa e objetivista. A primeira é fundada na ideia de que a relação jurídica consiste na necessidade de determinado comportamento a partir da existência de um fato que produza efeitos jurídicos, indispensável à concretização de cada relação. Ou seja, é a relação do sujeito com a norma jurídica, a concretização da relação de fato pelo liame jurídico da norma. Desta forma, vê. os contratos veiculam duas relações jurídicas para cada sujeito envolvido. Já a teoria objetivista pauta-se na indeterminação do sujeito passivo. A relação jurídica não envolve somente sujeitos, mas tem caráter genérico para que possa abarcar o liame jurídico entre pessoas, pessoas e coisas e pessoas e lugares.
 Relação Jurídica na visão de Casalta Nabais.
 Casalta Nabais, vem dizer que a complexidade na relação jurídica e que a mesma é visível a partir de diversos ângulos ou perspectivas. Vejamo-la a partir dos seus ângulos mais salientes, ou seja, tendo em conta os titulares (activos), os sujeitos (passivos), o conteúdo e as relações em que a mesma se analisa ou desdobra.
 A relação jurídica fiscal é uma relação complexa, basicamente por dois motivos:
Em primeiro lugar, do ponto de vista subjectivo a relação jurídica tributária é uma relação complexa porque a sua estrutura nem sempre se reconduz ao esquema básico e binário sujeito activo - sujeito passivo, convocando muitas vezes a intervenção de terceiros que também se assumem face à norma tributária como sujeitos da relação. Isto é particularmente visível quando o legislador obriga determinadas pessoas terceiros em relação à administração tributária e ao contribuinte a cumprir concretas obrigações tributárias relacionadas com este último, como por exemplo, as obrigações que impedem sobre as entidades patronais ou as instituições financeiras e bancos de proceder à cobrança do imposto (retenção na fonte) sobre o rendimento incidente sobre os salários que pagam ou colocam à disposição dos seus trabalhadores ou sobre os juros de depósitos que pagam ou colocam à disposição dos seus clientes, respectivamente. Nestes casos, além do vínculo de natureza bilateral administração tributária – contribuinte (isto é, a pessoa que aufere o rendimento: o trabalhador ou o depositante que no final do ano poderá ter igualmente de declarar os rendimentos auferidos), é possível identificar-se outros vínculos, também de natureza tributária, entre a administração e as entidades obrigadas a retenção (que devem entregar perante aquela as quantias retidas) e entre estas últimas e os contribuintes, podendo falar-se em verdadeiras relações jurídicas trilaterais, multipolares ou poligonais.
Em segundo lugar, do ponto de vista objectivo trata-se de uma relação obrigacional complexa na medida em que abrange no seu perímetro vários vínculos recíprocos e interdependentes (ao contrário das obrigações ditas “simples”, que se reduzem apenas a um vínculo). Na verdade, na fisionomia da relação tributária é possível identificar um vínculo principal que se materializa na obrigação de pagamento do tributo e no correspondente direito de o exigir e uma série alargada de vínculos acessórios, nos diversos polos da relação, como as obrigações de apresentar declarações, de emitir factura ou recibo, de manter a contabilidade organizada, de efectuar a retenção na fonte e entregar a respectiva quantia ao credor tributário, de restituir os tributos pagos em montante superior ao devido ou de pagar juros (indemnizatórios, compensatórios ou moratórios, consoante os casos).
No que diz respeito aos fins que estão subjacentes à constituição de uma relação jurídica fiscal, pode afirmar-se que estamos em presença de fins de Direito público: a arrecadação de receitas destinadas a financiar bens (públicos e semi-públicos) para satisfazer necessidades de natureza colectiva. Com efeito, quando os entes públicos (Estado/administração central, municípios, etc.) procedem à cobrança de tributos estão a exercer um conjunto de poderes que se inserem no motivo principal e único da sua actuação: a prossecução do Interesse público.
Quanto aos titulares dos diferentes poderes tributários ou das diversas titularidades activas, [footnoteRef:2] podemos indicar os titulares do poder tributário stricto sensu os titulares da capacidade tributária activa e os titulares da competência tributária. [2: Direito Fiscal, Casalta Nabais, Relação Jurídica Fiscal. Pág.: 234-236
Em relação aos dois motivos da complexidade da relação jurídica fiscal, V. Contencioso Tributário Angolano, Apontamentos universitários, Joaquim Freitas Da Rocha. 2019. Ed. Escola de Direito da Universidade do Minho. Pág.: 5 e 6.] 
A estes podemos ainda acrescentar, a seu modo, os titulares da correspondente receita fiscal. Relativamente aos diversos sujeitos (passivos) ou titularidades passivas, encontramos o contribuinte, os substitutos, os retentores, os responsáveis fiscais, os sucessores, os suportadores económicos do imposto (em caso de repercussão) e os sujeitos passivos das múltiplas e diversificadas obrigações ou deveres acessórios. E entre estes últimos temos não só os particulares, mormente as empresas, mas também oficiais públicos como os notários, conservadores e oficiais de justiça.
Para Casalta Nabais, às relações que se estabelecem ou relação fiscal em sentido amplo, é de salientar que esta se desdobra na relação fiscal em sentido estrito ou relação de imposto e em diversas relações jurídicas acessórias, sendo certo que estas nem sempre se concretizam, como na concepção clássica, em relações entre os particulares (contribuintes, substitutos, responsáveis, sucessores, etc.) e a administração tributária. Na verdade, muitas delas são relações que se desenvolvem entre os próprios particulares, como as que se traduzem no dever de reter o imposto alheio, no dever de repercutir o imposto, no direito sub-rogado nos direitos na Fazenda pública satisfazer o seu crédito nosmesmos termos desta, no direito de regresso dos responsáveis tributários, etc.
Casalta ilustra ainda o duplo papel que a estrutura orgânica constituída pela administração fiscal em sentido amplo assume no domínio dos impostos. Um duplo papel, embora traduzido nas categorias bem conhecidas da competência tributária e da capacidade tributária activa, exige, a nosso ver, sublinhar a diversidade de poderes que essa estrutura orgânica tem em cada um desses papéis.
Na primeira dessas relações, temos uma relação de direito administrativo entre a administração fiscal e o contribuinte ou sujeito passivo do imposto, uma relação de supremacia/subordinação em que aquela se apresenta munida do correspondente poder administrativo (um poder funcional ou poder/dever) para aplicar as leis fiscais, praticando os correspondentes actos de autoridades ou actos administrativos, isto é, os actos tributários, nos quais se incluem os próprios actos da competência da administração fiscal no processo de execução fiscal. O que não admira, pois trata-se de actos de execução do próprio acto tributário.
Já na segunda dessas relações, temos uma relação de direito obrigacional entre a fazenda pública e o devedor do imposto, uma relação de natureza patriária, em que aquela não dispõe de qualquer poder de autoridade, muito embora seja titular de um direito de crédito que terá de característico, face aos direitos de crédito comuns, apresentar-se rodeado de particulares garantias.
Em correspondência com o que vimos de dizer, compreende-se a nossa preferência palas designações de poder de liquidação (da administração fiscal), em vez de direito à liquidação, como é corrente nas nossas leis, e de direito a ver satisfeito o seu crédito. Assim como se compreende que seja de assinalar que, ao contrário do que ocorre na segunda relação, naquela não temos, em rigor, apenas as duas partes constituídas pela administração fiscal e pelo contribuinte ou sujeito passivo, pois a essa junta-se uma terceira parte constituída pela colectividade. Pois esta, na concretização da relação de direito constitucional entre o Estado, titular do poder tributário, e os contribuintes, destinatários do dever de todos contribuírem para as despesas públicas em conformidade com a sua capacidade contributiva, não pode deixar de assumir, em sede da referida relação jurídica administrativa, a defesa de legalidade dos actos tributários e dos actos de fiscalização enquanto suporte do mencionado dever fundamental.
O artigo-88º da Constituição da República de Angola (CRA), faz menção sobre o dever de todos contribuírem para as despesas públicas.
Em suma, Casalta Nabais apresenta três tipos de relações, nomeadamente:
Relação Constitucional: relação do Estado com o contribuinte;
Relação Obrigacional: relação da fazenda pública com o devedor do imposto;
Relação administrativa: relação da administração fiscal com os sujeitos passivos.
 NATUREZA DA RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL
Relativamente à natureza da relação jurídica fiscal, afirma-se que até se chegar ao entendimento maioritário, predominante nos dias de hoje, que lhe atribui natureza obrigacional, foi este um tema bastante discutido pela doutrina. 
De facto, muitos eram os autores que recusavam a atribuição de natureza obrigacional à relação jurídica fiscal, com o argumento de que sendo a obrigação um conceito do âmbito de direito privado, não poderia o mesmo ser levado para uma área como a do direito fiscal, em que domina o objectivo final de concretização do interesse colectivo. Este pensamento encontra-se actualmente ultrapassado, atribuindo-se natureza obrigacional à relação jurídica fiscal. Assim, considera-se ser a obrigação fiscal uma obrigação em sentido próprio, embora com algumas características particulares que apenas se desenvolvem no campo do direito fiscal.
Obrigação Fiscal segundo Casalta Nabais
A relação jurídica fiscal desdobra-se, de um lado, na relação de imposto e, do outro, em diversas relações jurídicas acessórias, ou seja, na relação fiscal material e em múltiplas relações fiscais formais com os mais diversos conteúdos e diferentes intervenientes, muitos deles em qualquer ligação com a relação jurídica de imposto.[footnoteRef:3] [3: Com destaque para doutrina Germânica, acérrima defensora da não atribuição de natureza obrigacional à Relação jurídica fiscal.] 
Todavia, não obstante toda esta complexidade, que não foi analisada, de resto, com toda a minúcia, o núcleo central da relação jurídica fiscal é constituída pela obrigação fiscal ou obrigação de imposto. Uma obrigação que, sendo estruturalmente uma obrigação (ou direito de crédito) como qualquer outra, tem uma série de características peculiares, que é de todo o interesse enunciar.
Embora estruturalmente seja uma obrigação como qualquer outra, do ponto de vista do seu regime jurídico, como é fácil de compreender, a obrigação fiscal apresenta diversas características que a diferenciam claramente das obrigações jurídicas privadas. Assim a obrigação fiscal caracteriza-se por:[footnoteRef:4] [4: Direito Fiscal. Casalta Nabais. Pág.: 248
] 
- Uma obrigação legal; uma obrigação pública; uma obrigação exequível e executiva; uma obrigação semi-executória; uma obrigação Indisponível e irrenunciável; uma obrigação Autotitulada e; uma obrigação Especialmente garantida.
Em primeiro lugar, é uma obrigação legal, porque se trata duma obrigação ex lege, duma obrigação que tem por fonte a lei. Por isso nasce do encontro do facto gerador ou facto tributário com hipótese legal, como o prescreve o Código Geral Tributário (CGT) no seu art-24º.
Em seguida, constitui uma obrigação pública, dado a sua disciplina jurídica integrar o direito público, o que tem tradução nomeadamente na presunção de legalidade do acto de liquidação ou acto tributário que suporta a sua exigibilidade.
Em terceiro lugar, trata-se de uma obrigação exequível e executiva, na medida em que, por um lado, o acto tributário não é auto exequível, carecendo, portanto, de execução e, por outro lado, a sua execução não está dependente de qualquer outra pronuncia para além da constituída pelo próprio acto tributário.
 É também uma obrigação semi-exectutiva, já que a sua execução corre, em parte, na administração tributária (nos serviços de finanças do domicílio ou sede do devedor ou situação dos bens) art-36º à 41º do Código Geral Tributário (CGT), e em, parte, nos tribunais tributários.
É uma obrigação indisponível e irrenunciável, uma vez que ao credor não cabem, em princípio, quaisquer poderes para conceder moratória, admitir o pagamento em prestação ou conceder o perdão da dívida.
É uma obrigação Autotitulada, isto é, uma obrigação relativamente à qual a administração fiscal, o fisco cria os seus próprios títulos executivos, constituídos pelas certidões de dívida extraídas pelos serviços competentes das notas de cobrança ou de outros elementos que tiverem ao seu dispor,
 sendo estas certidões que servirão de base à instauração do correspondente processo de execução fiscal.
E por fim, temos a obrigação especialmente garantida, dadas as garantias especiais que rodeia, o crédito tributário, garantia que colocam o credor tributário numa posição particularmente vantajosa face aos credores comuns. Estas garantias têm o seu fundamento legal no art-64º à 70º do Código Geral Tributário (CGT).[footnoteRef:5] [5: V. Soares Martinez, Direito Fiscal, 20001, 10º Ed, pág.: 162.
Sobre os sujeitos v.artigo-28° do CGT] 
Atende-se que as considerações supracitadas relativamente aos sujeitos da relação jurídica fiscal encontram apoio na letra da lei, na medida em que o Código Geral Tributário (CGT) ao definir no seu art-28º os sujeitos da relação jurídica fiscal, dá-nos conta da existência de duas partes em sentidos opostos na sua composição: o sujeito activo e o sujeito passivo. Considerando-se que a posição do Código Geral Tributário (CGT), assumida na letra do artigo enunciado aborda a definição de sujeitos de um modo suficientemente amplo, fruto da complexidade da relação jurídicafiscal a que temos vindo a aludir, em sede desta dissertação importa examinar os conceitos tanto de sujeito activo, como de sujeito passivo.
 ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL
São considerados elementos da relação jurídica fiscal os seguintes;
 Os Sujeitos (art-28º e ss do CGT);
 O Objcto (art-50º e ss do CGT);
 O Facto (art-24º do CGT)
 A Garantia (art-64º e ss do CGT).
Os Sujeitos
O conceito nuclear nesta matéria é o de personalidade tributária, a qual consiste na susceptibilidade de ser sujeito de relações jurídicas tributárias (art.º 28.º do CGT). É um conceito muito amplo, nele se integrando diversos tipos de pessoas ou entidades (consoante os tributos em questão), como pessoas singulares, pessoas colectivas, pessoas nacionais, pessoas estrangeiras, pessoas residentes, pessoas não residentes, pessoas maiores, pessoas menores, etc.
Os sujeitos são os pontos terminais da relação jurídica. O sujeito activo, que é o titular do correspondente direito subjectivo e o sujeito passivo, que é sobre quem recai o correspondente dever. Na obrigação fiscal, existe a particularidade, como se verá, de o sujeito activo ser sempre uma entidade de direito público ou que exerce funções públicas, que tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação. Por sua vez, o sujeito passivo é a pessoa singular ou colectiva ou qualquer outra entidade (património ou organização de facto ou de direito, diz a lei), que, nos termos legais, está vinculada ao cumprimento da obrigação.
Sujeito activo da Relação Jurídica Fiscal
A respeito do sujeito activo da relação jurídica, Nabais afirma que a titularidade activa da relação jurídica-fiscal em sentido amplo, comporta diversas situações, a saber: o poder tributário, a competência tributária, a capacidade tributária (activa) e a titularidade da receita fiscal. Ao abrigo do nº2 do art-28º do Código Geral Tributário (CGT) "É sujeito activo da relação tributária a entidade que, ao abrigo de normas de direito público, seja titular do direito de exigir o cumprimento da obrigação tributária."
Em sentido estrito ou técnico, o poder tributário consubstancia-se no poder conferido constitucionalmente ao legislador para a criação, incidência, instituição, estabelecimento ou invenção dos impostos e a definição do seu regime, como a sua disciplina essencial. Por conseguinte inserindo-se na relação constitucional fiscal, distingue-se das outras titularidades activas relativas aos impostos, isto é, da competência tributária que se localiza na relação administrativa fiscal, da capacidade tributária activa que se integra na relação obrigacional fiscal, e da titularidade da receita fiscal que se situa mesmo fora da relação tributária.
A competência tributária diz respeito a administração ou gestão dos impostos e que se traduz no lançamento, liquidação e cobrança dos impostos, uma competência que tradicionalmente cabia à administração fiscal, mas que, hoje em dia, se divide entre a administração fiscal e os particulares (contribuintes ou terceiros).
Na verdade, estes são cada vez mais legalmente incumbidos de liquidar e entregar nos cofres do Estado os mais diversos impostos, o que tem conduzido a uma acentuada "privatização" da administração ou gestão dos impostos. O nº 3. do art-28 do Código Geral Tributário (CGT), faz menção de quem compete a exigência do cumprimento da obrigação tributária, afirmando que "o direito de exigir o cumprimento da obrigação tributária pode ser exercido directamente pelo sujeito activo ou indirectamente, em sua representação, pela Administração Tributária."
Capacidade tributária activa traduz a qualidade do sujeito activo da relação de crédito em que a relação jurídica fiscal se consubstancia. Consiste, por isso na titularidade do crédito de imposto e outros direitos tributários, uma qualidade que é inerente à personalidade tributária activa ou susceptibilidade de ser sujeito activo da relação jurídica tributária e que cabe aos credores tributários, entre os quais se destaca, pelo seu significado e importância, o credor do imposto (Art-30º do CGT).
Finalmente, temos a titularidade da receita dos impostos, uma situação que se verifica nos casos em que as receitas provenientes de certos impostos estão consignadas a determinado ente público que não tenham todas ou alguma das titularidades fiscais activas.
Três notas quanto ao poder tributário stricto sensu na visão de Nabais. Uma para referir que, do ponto de vista da evolução da titularidade, podemos dizer que o mesmo foi objecto de um desenvolvimento de sentido totalmente oposto entre os Estados federais e os Estados unitários: naqueles, no sentido de uma longa e paulatina concentração na federação ou união; nestes, no sentido da sua recente descentração. O que teve como resultado aproximar ambos os tipos de Estado quanto à centralização, no essencial, da titularidade do poder tributário, exigida sobretudo pela actual fisionomia do Estado social.
Outra nota, para assinalar que é a propósito do poder tributário que ainda faz sentido falar de soberania fiscal. Na verdade, se a concebermos em termos jurídicos, não absolutos é válida para as situações correntes ou normais, a soberania mantém-se um conceito útil que se exprime sobretudo na função legislativa enquanto manifestação normativa do poder jurídico supremo do Estado.
Umas últimas notam vem indicar as características apontadas ao poder tributário. Pois bem, este pode ser caracterizado como um poder constitucional, indisponível ( a titulo definitivo ou a titulo temporário), abstracto, permanente e limitado (em que se inclui o seu carácter territorial), pelo que nem todo o poder tributário pode ser tido como um poder soberano, imprescindível, originário e legal, notas estas que apenas cabem ao poder tributário estadual. [footnoteRef:6] [6: Em rigor, a titularidade das receitas fiscais não se integra na relação jurídica fiscal, antes constitui uma relação de crédito de direito financeiro, constituída a jusante daquela entre a entidade pública que tem a seu cargo a administração dos impostos e o titular constitucional ou legal dessas receitas. De titularidade de receita do imposto, se poderá falar ainda, de algum modo, no caso da consignação a favor das igrejas, comunidades religiosas ou certas pessoas colectivas de utilidade pública, por parte dos contribuintes.
 V. Direito Fiscal, Casalta Nabais. Pág.: 252.] 
O Sujeito Passivo da Relação Jurídica Fiscal
A respeito do sujeito passivo lato sensu ou das titularidades passivas em sede da relação jurídica fiscal, a doutrina costuma distinguir as seguintes figuras: contribuinte, devedor de imposto e sujeito passivo da relação jurídica fiscal.
Contribuinte: é a pessoa em relação à qual se verifica o facto tributário, o pressuposto de facto ou o facto gerador do imposto, isto é, o titular da manifestação da capacidade contributiva que a lei visa atingir e que, por esse efeito irá suportar o desfalque patrimonial que o imposto provoca.
Pelo lado do devedor do imposto o contribuinte é um devedor qualificado, pois é um devedor a título directo (e não indirecto como o substituto tributário), originário (e não derivado como o sucessor legal) e principal (e não acessório, como o responsável fiscal). Por outro lado, é de sublinhar que tanto é contribuinte o contribuinte directo, em relação do qual o referido desfalque patrimonial ocorre directamente na sua esfera seja ele ou não o devedor do imposto, como o contribuinte indirecto, em relação ao qual o mencionado desfalque patrimonial ocorre na sua esfera através do fenómeno económico da repercussão do imposto.
A este respeito, costumam alguns autores distinguir entre contribuinte de direito (contribuinte directo) e contribuinte de facto (contribuinte indirecto), sendo o primeiro a pessoa em relação à qual se verifica o pressuposto de facto do imposto, e o segundo aquele que suporta economicamente o imposto em virtude da repercussão. Todavia, o conceito de contribuinte é um conceito jurídicoe a repercussão, quando legalmente prevista como é a regra dos impostos sobre o consumo, convoca o suportador do imposto não apenas em termos económicos, mas também em termos jurídicos, uma vez que, para além de uma obrigação jurídica de repercussão formal, temos uma de obrigação natural de repercussão material.
Devedor do imposto é o sujeito passivo (stricto sensu) que deve satisfazer perante o credor fiscal a obrigação de imposto. Em sentido amplo o devedor do imposto abrange não só o devedor principal e originário (aquele a quem o fisco exige em primeiro lugar a satisfação do crédito do imposto), mas também os devedores indirectos (substituto fiscal), derivados (sucessor legal) ou acessórios (responsável fiscal), aos quais o fisco exige em segundo lugar o crédito de imposto.
Por exemplo nas sociedades civis, reguladas no art-29º do Código Geral Tributário (CGT), o sujeito passivo (sociedade) não é devedor de impostos, que passam a ser os sócios. Olhando para as disposições legais que definem ou enumeram essas titularidades, encontramos em sede geral, os n.4 e 5 do art-28º do CGT que definem o sujeito passivo da relação jurídica fiscal; e em sede do IVA, os n. 1, 2 e 4 do art-4º que enumeram os sujeitos passivos do IVA na incidência subjectiva e de outro lado al. a)b)c)d) e) do n.1 do art-32º que enumeram a obrigação dos sujeitos passivos do IVA.[footnoteRef:7] [7: V. Direito Fiscal, Casalta Nabais, pag:256.] 
O Objecto
O objecto da relação jurídica fiscal é a prestação que o devedor do imposto esta adstrito para com o sujeito activo. Portanto objecto é aquilo sobre que incide o direito subjectivo, aquilo a que tem direito, o sujeito activo da relação jurídica. 
O objecto de qualquer a relação jurídica pode ser perspetivado em dois sentidos diferentes, a saber:
O objecto imediato, que é constituído pelo conjunto de direitos e vinculações que integram a relação jurídica. Aqui, cumpre distinguir o vínculo ou obrigação principal, por um lado, e os vínculos ou obrigações acessórias, por outro.
O vínculo principal é constituído pelo crédito e dívida tributários, resultando do mesmo a principal obrigação do contribuinte, aquele dever em função do qual todos os outros foram pensados e que dá sentido ao estabelecimento da relação tributária e à sua caracterização como publicistíca e coactiva: a obrigação de pagamento. Já os vínculos acessórios materializam-se numa série de obrigações que impedem sobre o sujeito passivo directo ou terceiros, que se coordenam com a primeira, auxiliando-a ou complementando-a. Neste ponto, podem identificar-se obrigações acessórias de natureza não pecuniária (dever de apresentação de declarações, dever de emissão de facturas ou recibos, dever exibição de documentos, dever de ter contabilidade organizada, dever de designação de representante por parte dos sujeitos passivos não residentes) e obrigações acessórias de natureza pecuniária (como as obrigações de restituição ou reembolso de imposto ou a obrigação de pagamento de juros).
O objecto mediato é a coisa ou o quid (a quantia em dinheiro que se deve pagar, o documento que se deve entregar, etc.) sobre o qual incidem esses direitos e vinculações. Adiante-se a ideia de que a obrigação principal, sendo realizável em dinheiro na maior parte das situações pode, em ocorrências excepcionais, ser materializada em outro tipo de bens, móveis ou imóveis, como casas ou apartamentos, pedras preciosas ou metais preciosos (casos de dação em pagamento ou dação em cumprimento, adiante analisados). Sendo a relação jurídico fiscal uma relação complexa, são múltiplos os respectivos objectos. No caso específico da obrigação fiscal, deriva da própria noção de imposto, que este se traduz numa prestação pecuniária, pelo que o objecto daquela obrigação é esta prestação. O objecto, em termos doutrinais, é todo o facto da vida real que tem consequências jurídicas, interessando aqui aquele que desencadeia relações jurídicas novas e que se costuma designar por facto jurídico constitutivo.[footnoteRef:8] [8: V. a respeito, para uma visão abrangente do objecto da relação jurídica fiscal, art-50º, nº1 e 2 do CGT.
Contencioso Tributário Angolano, Apontamentos universitários, Joaquim Freitas Da Rocha. 2019. Ed.Escola de Direito da Universidade do Minho. Pag:11 e 11.] 
 O Facto
No que diz respeito ao facto da relação jurídica fiscal, deve distinguir-se aquela realidade ou circunstância que está na base do seu nascimento ou surgimento para o mundo do Direito (facto constitutivo) e aquela que está na base do seu desaparecimento ou extinção (facto extintivo). 
O facto constitutivo da relação fiscal é um facto complexo cuja ocorrência faz desencadear o nascimento desta. Trata-se de um facto complexo (e não simples) porque na sua estrutura é possível identificar dois componentes distintos:
1- Um facto real e concreto, uma ocorrência sociológica espácio-temporalmente localizada a que tradicionalmente se reserva a designação de “facto tributário.”
2- Uma norma que o preveja como sendo apto a desencadear efeitos tributários.
Naturalmente que tal ocorrência assume configuração diferente em função do tipo de tributo que está em análise. Na realidade, se estivermos a falar de impostos, o facto tributário materializa-se numa manifestação de capacidade contributiva, a qual poderá consistir na percepção de um rendimento, na titularidade de um património ou na realização de um acto de consumo ou de despesa. Por exemplo, a circunstância de alguém auferir um salário, faz nascer as obrigações de pagamento de imposto sobre o rendimento; a venda de uma refeição pelo proprietário de um restaurante faz nascer as obrigações de liquidar o imposto sobre o consumo, entregá-lo ao Estado e emitir a respectiva factura ou recibo; o facto de alguém ser proprietário de uma casa, faz desencadear a obrigação de pagamento de imposto sobre o património, e assim sucessivamente. Se estivermos a falar de taxas, esse facto já será a utilização privativa de um bem do domínio público, a prestação concreta e individualizada de um serviço público ou a remoção de um obstáculo jurídico. Ainda a título de exemplo, o facto de alguém solicitar a ligação à rede pública de saneamento faz desencadear a obrigação de pagamento da respectiva taxa de saneamento, bem assim como o facto de alguém estacionar o seu veículo num local de estacionamento parqueado, faz desencadear a obrigação de pagamento da respectiva taxa. Se estivermos a falar de contribuições especiais, esse facto já será o aumento de valor de um bem em resultado de um investimento público (estrada, ponte, estádio, linha de caminho de ferro) ou a especial e maior onerosidade ou perigosidade de determinada actuação (extracção de minérios, indústrias poluentes, manuseamento de resíduos perigosos).
Mas, como se disse, não basta a verificação fenoménica ou sociológica do facto, torna-se também indispensável que exista uma previsão normativa: uma lei, um decreto, um regulamento, etc. Em resumo, pode afirmar-se que o nascimento de uma relação tributária pressupõe a verificação acumulativa de duas circunstâncias: em primeiro lugar, a verificação de um facto e, em segundo lugar, a previsão desse facto numa norma tributária de incidência.
A correcta identificação do facto constitutivo de qualquer relação tributária é de grande importância pois é através da localização do facto tributário que se pode determinar a sujeição ou não de determinada realidade a tributação (por exemplo, podem apenas estar sujeitos a imposto certos factos ocorridos em território nacional angolano). Do mesmo modo, é a partir do momento da verificação do facto tributário ou do termo do ano em que o mesmo ocorreu que se começam a contar os prazos de caducidade e de prescrição tributárias.
O facto extintivo será aquela ocorrência que terá como principal efeito jurídico a extinção das obrigações que integram a relação jurídica tributária. Importa salientar que não se está aqui a ter em vista causas de extinção da relação jurídica na sua globalidade, masde cada uma das obrigações que a integram. Por exemplo, quando se fala em pagamento, extingue-se a obrigação principal, mas podem manter-se exigíveis algumas obrigações acessórias (manutenção da contabilidade, apresentação de documentos fiscalmente relevantes, etc.), pelo que se pode dizer que a relação jurídica ainda subsiste ou pode subsistir.
Em termos analíticos, as causas de extinção das obrigações de uma relação tributária não diferem substancialmente das que têm por referência as relações obrigacionais em geral e particularmente as obrigações civis, embora sejam de apontar algumas especificidades que decorrem, principalmente, da consideração publicistíca que já tivemos ocasião de referir e assinalar convenientemente. Os mais significativos factos extintivos das obrigações tributárias são o pagamento, a dação, a compensação, a confusão e a prescrição, entre outros.[footnoteRef:9] [9: V. a respeito do facto da relação jurídica fiscal, art-24ºdo CGT.
Contencioso Tributário Angolano, Apontamentos universitários, Joaquim Freitas Da Rocha. 2019. Ed. Escola de Direito da Universidade do Minho. Pag:12,13 e 14.
] 
Garantia 
Por fim, a garantia da relação jurídica fiscal, engloba os meios que reforçam o direito do credor e que permitem a efectivação da cobrança. Trata-se de assegurar que, em caso de incumprimento, o sujeito activo não veja defraudadas as suas expectativas relativas à percepção da quantia tributária, até porque neste contexto está-se em presença de receitas de natureza coactiva e destinadas à prossecução do Interesse público (satisfação de necessidades colectivas). Compreende-se assim que o crédito tributário seja revestido de um especial invólucro protector que lhe confira uma maior exequibilidade e, em certos casos, um especial estatuto de primazia ou superioridade.
Atendendo à respectiva natureza, cumpre diferenciar a garantia geral e as garantias especiais:
 Garantias Geral
O cumprimento de qualquer obrigação se acha assegurado pela faculdade conferida ao credor de obter coercivamente do devedor a respectiva prestação. A acção creditória sobre o património do devedor constitui, a garantia comum das obrigações. Também o património do sujeito fiscal passivo constitui a garantia geral das obrigações fiscais. Mas estas beneficiam de um regime particularmente favorável quanto à acção creditória sobre o património do devedor, que corresponde á execução fiscal. Em regra, a realização coerciva do interesse do credor é precedida de uma acção declarativa, na qual se reconheça o crédito, embora esse reconhecimento prévio não seja, muitas vezes, necessário, como no caso da acção, da letra, que são ao mesmo tempo declarativas e executivas. 
 Garantias Especial
São pessoais, as garantias resultantes da responsabilidade que as leis fiscais frequentemente atribuem no sentido de melhor assegurar o cumprimento da obrigação tributária pela vinculação de outras pessoas, além do obrigado originário. São garantias reais ou privilégios creditórios, estabelecidos em favor da Fazenda Nacional e das Autarquias Locais, a hipoteca legal, de que uma e outra gozam, e ainda a prestação de caução, nalguns casos admitida. As garantias especiais também abrangem, quer outros patrimónios que se juntam àquele em caso de insuficiência, quer outros bens ou conjuntos de bens determinados. Nas situações em que, ao património insuficiente do devedor originário se junta o património de outra pessoa ou entidade (por exemplo, o património do administrador ou gerente de uma sociedade acrescido ao património esta última) reserva-se a designação, como se viu de responsável tributário, encontrando-se aqui um cruzamento dogmático entre as dimensões do sujeito e da garantia da relação jurídica tributária.[footnoteRef:10] [10: Contencioso Tributário Angolano, Apontamentos universitários, Joaquim Freitas Da Rocha. 2019. Ed. Escola de Direito da Universidade do Minho. Pág.: 14.
V. art-64º e ss. do CGT.] 
 CONCLUSÃO
 Após um estudo sintetizado sobre a Relação Jurídica Fiscal, conclui-se que a relação jurídica, num sentido restrito, é a relação inter-privada que o direito regula através da atribuição a um sujeito de um direito e a imposição ao outro de um dever ou sujeito. Está mesma relação jurídica fiscal, é de natureza obrigacional que respeita somente aquela que é a principal obrigação do sujeito passivo na relação jurídica fiscal, ou seja, a obrigação de pagar o imposto. Portanto constitui obrigação fiscal o vínculo que nasce entre o estado e o particular através do imposto. De um modo coerente, a obrigação fiscal pode ser tida como o vínculo jurídico nascido de verificação da situação ou das condições abstractamente previstas na lei tributaria e cujo objecto é a prestação do imposto. Assim, considera a obrigação fiscal como parte da relação jurídica, pois esta é mais vasta e complexa. Os sujeitos são os pontos em terminais da relação jurídica. O sujeito activo, que é o titular do correspondente direito subjectivo e o sujeito passivo, que é sobre quem recai o correspondente dever. Na obrigação fiscal, existe a particularidade, como se verá, de o sujeito activo ser sempre uma entidade de direito público ou que exerce funções públicas, que tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação. Por sua vez, o sujeito passivo é a pessoa singular ou colectiva ou qualquer outra entidade (património ou organização de facto ou de direito, diz a lei), que, nos termos legais, está vinculada ao cumprimento da obrigação.
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
· Casalta Nabais-Direito Fiscal. 6° Edição. 2010. Ed.
· Contencioso Tributário Angolano, Joaquim Freitas Da Rocha. 2019. Ed. Escola de Direito da Universidade do Minho.
· Direito Fiscal Angolano, Jónatas E.M. Machado, Paulo Nogueira Da Costa e Osvaldo Lemos Macaíba. 2° Edição.2014. Ed. Petrony.
· Passei-Direito- Relação Jurídica Fiscal
· Constituição da República de Angola (CRA)
· Código Geral Tributário (CGT)
· Imposto Sobre o Valor Acrescentado (IVA)
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