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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO INTEGRADA EM SAÚDE CURSO DE NUTRIÇÃO AMANDA MOTTA DE BORTOLI RELATÓRIO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO DE NUTRIÇÃO EM UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO VITÓRIA 2020 AMANDA MOTTA DE BORTOLI RELATÓRIO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO DE NUTRIÇÃO EM UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Relatório de Estágio Obrigatório em Unidade de Alimentação e Nutrição, apresentado ao Curso de Nutrição da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para a aprovação do Estágio Curricular em Unidade de Alimentação e Nutrição. Orientadora: Prof.ª Dra. Jackline Freitas Brilhante de São José. VITÓRIA 2020 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 4 2. OBJETIVO .................................................................................................... 5 3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.... .............................................................. 5 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 6 5. CONCLUSÃO .............................................................................................. 28 6. REFERÊNCIAS .............................................................................................29 ANÊXO A - PLANTA BAIXA DA UAN .............................................................32 file:///C:/Users/Amanda/AppData/Roaming/User/AppData/Local/Temp/UNIVERSIDADE%20FEDERAL%20DO%20ESPÍRITO%20SANTO-1.docx%23_Toc406400050 file:///C:/Users/Amanda/AppData/Roaming/User/AppData/Local/Temp/UNIVERSIDADE%20FEDERAL%20DO%20ESPÍRITO%20SANTO-1.docx%23_Toc406400053 file:///C:/Users/Amanda/AppData/Roaming/User/AppData/Local/Temp/UNIVERSIDADE%20FEDERAL%20DO%20ESPÍRITO%20SANTO-1.docx%23_Toc406400055 file:///C:/Users/Amanda/AppData/Roaming/User/AppData/Local/Temp/UNIVERSIDADE%20FEDERAL%20DO%20ESPÍRITO%20SANTO-1.docx%23_Toc406400056 file:///C:/Users/Amanda/AppData/Roaming/User/AppData/Local/Temp/UNIVERSIDADE%20FEDERAL%20DO%20ESPÍRITO%20SANTO-1.docx%23_Toc406400057 file:///C:/Users/Amanda/AppData/Roaming/User/AppData/Local/Temp/UNIVERSIDADE%20FEDERAL%20DO%20ESPÍRITO%20SANTO-1.docx%23_Toc406400059 file:///C:/Users/Amanda/AppData/Roaming/User/AppData/Local/Temp/UNIVERSIDADE%20FEDERAL%20DO%20ESPÍRITO%20SANTO-1.docx%23_Toc406400059 1. INTRODUÇÃO O termo Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) refere-se a instituições pertencentes ao setor de alimentação coletiva, cujo objetivo é fornecer refeições nutricionalmente equilibradas, com adequação higiênico-sanitária, características sensoriais satisfatórias e atendimento aos hábitos alimentares dos clientes (CFN, 2005; FONSECA, 2012). A Biancogres, uma empresa que não tem a alimentação como atividade fim e sim atividade meio, ou seja, a alimentação não é o seu objetivo principal mas atua como meio para atingi-lo, oferecendo aporte nutricional para que os funcionários exerçam suas funções de forma adequada. Anteriormente a empresa não tinha uma UAN e servia alimentação para seus funcionários através de refeição transportada. Há alguns anos ocorreram mudanças e atualmente a Sodexo, empresa terceirizada que utilizada as instalações da beneficiária para o preparo e distribuição das refeições, é quem gerencia o fornecimento da alimentação para os funcionários, sendo a responsável sobre todos os processos de produção de alimentos que ali ocorrem. Nesse contexto, destaca-se o papel de toda a equipe envolvida na cadeia de produção para que todas as etapas ocorram conforme disposto na legislação vigente evitando riscos de acidente de trabalho, contaminações e surtos (SOUSA, 2019). Cabe ao profissional nutricionista saber liderar a sua equipe com respeito e comprometimento, a fim de obter maior desempenho nas atividades, menor índice de absenteísmo, melhor relação interpessoal dentro da empresa, de modo a oferecer um ambiente organizacional harmonioso e consequentemente um melhor rendimento de sua equipe e aproveitamento da sua gestão (DARIVA; ALBERTO, 2013). 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Vivenciar na prática atividades de planejamento, gerenciamento e avaliação de Unidades de Alimentação e Nutrição. 2.2 Objetivos Específicos Exercitar habilidades adquiridas ao longo da graduação; Acompanhar os processos produtivos que ocorrem na unidade; Relatar e descrever as atividades desenvolvidas; Observar e relatar as conformidades e não conformidades encontradas. 3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Acompanhamento e recebimento de gêneros; Acompanhamento das etapas de pré-preparo, produção e distribuição de alimentos; Observação da frequência de participação dos comensais na pesquisa de satisfação (painel eletrônico localizado próximo à roleta de saída do restaurante); Coleta e descarte de amostras de alimentos, bebidas e água; Aferição de temperatura e preenchimento das fichas de controle de preparações e equipamentos; Auxílio no controle de estoque (contagem dos gêneros disponíveis e atualização do IFE – tabela do Excel na qual consta a quantidade de itens disponíveis na UAN); Acompanhamento dos processos de compras de gêneros alimentícios; Etiquetagem de produtos e preparações; Reembalagem de produtos que foram abertos e não utilizados em sua totalidade; Elaboração de lembrança para o Dia Internacional da Mulher (palha italiana); Preenchimento da planilha do Kanban (programa que consta as quantidades previstas para gastos de cada alimento e devem ser lançadas diariamente as quantidades que de fato foram utilizadas). 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Estabelecida desde o ano de 2012 no endereço Avenida Talma Rodrigues Ribeiro, 1145 – Civit ll (Serra/ES) e representa há dois anos e meio por Renata Lopes Tiago Fritz, nutricionista e gerente de unidade, a Sodexo do Brasil Comercial S.A. atua como terceirizada contratada pela empresa Biancogres para oferecer alimentação para seus funcionários A empresa Biancogres funciona 24 horas todos os dias, entretanto o contrato com a terceirizada cobre somente duas refeições (desjejum e almoço). Os funcionários que trabalham nos turnos da noite e madrugada, apesar da UAN não estar em funcionamento, podem trazer lanches ou marmitas de casa e utilizar o salão de distribuição das 22 às 2h da manhã, onde podem utilizar mesas e cadeiras, microondas e utensílios de cozinha em geral. O desjejum ocorre de 5:20 às 7h da manhã, é oferecido café, leite, achocolatado, pão de sal ou doce, manteiga e uma opção de fruta que varia durante a semana, vale ressaltar que não ocorre porcionamento, é permitido consumir quantos pães quiser por exemplo. Nos dias de semana aproximadamente 110 funcionários realizam essa refeição, enquanto que nos finais de semana são cerca de 90. No almoço são produzidas cerca de 500 refeições de segunda a sexta, enquanto que aos sábados e domingos esse número reduz para cerca de 150 e 100 refeições respectivamente, o almoço começa a ser servido às 10 horas e encerra-se às 14 horas. O serviço oferecido é do tipo self service, onde somente o porcionamento da carne é controlado por uma funcionária e o usuário pode escolher até dois tipos. A estrutura fixa conta com arroz branco, feijão, duas opções de guarnição, duas opções de prato principal (além de ovo cozido e frito), três opções de salada, caldo, sobremesa (como por exemplo arroz doce, gelatina e pudim), uma opção de fruta e duas opções de suco. Ao acompanhar a rotina da UAN durante a distribuição de refeições foi possível observar uma certa diferença com relação a determinadas preparações queeram oferecidas para o administrativo (principalmente a partir das 11:30) e para o industrial (geralmente logo que o restaurante abre), onde em alguns dias são ofertadas opções de salada e guarnição menos elaboradas de acordo com a disponibilidade do estoque. 4.2 EDIFICAÇÃO E MONTAGEM DA UAN Observando a estrutura da unidade de forma geral foi possível observar algumas situações que não estavam em conformidade com a legislação vigente (Portaria CVS-6/99, de 10.03.99). É importante seguir as recomendações quanto à estrutura da edificação no planejamento Físico-funcional da UAN para proporcionar conforto, segurança e redução de agravos à saúde dos funcionários (CAMPOS; SPINELLI; IKEDA, 2012). Foi observado que o piso da unidade não era antiderrapante, as portas não possuíam fechamento automático, as lixeiras estavam com alavancas para abrir quebradas e sem previsão de conserto. Condições que estavam em discordância com a Portaria CVS 6/99 que dispõe sobre os critérios para controle higiênico-sanitário em estabelecimentos comerciais, na qual especifica que os pisos devem ser antiderrapantes, portas de fechamento automático (mola ou similar). Outro ponto importante que deve ser levado em consideração no planejamento físico da unidade é o fluxo de produção com a localização dos setores da UAN. Eles devem ser definidos de forma logica e padronizada, para que não ocorra desordem nos processos, quebra da produtividade e fluxo cruzado entre as etapas, evitando possíveis contaminações e garantindo condições higiênico- sanitárias adequadas (SANT’ANA, 2012). Conforme descrito no Anexo A, no qual representa a planta baixa da unidade, foram encontrados alguns pontos de possíveis fluxos cruzados e que foram colocados em destaque no anexo. Na Área de Recebimento de Mercadorias foi observado um possível risco de fluxo cruzado visto que o recebimento de mercadorias, sejam gêneros perecíveis quanto não perecíveis, ocorre no mesmo local da retirada de lixo pelo caminhão da prefeitura. Foi relatado por funcionários os horários tanto das entregas quanto da coleta do lixo podem variar, podendo ocorrer simultaneamente. Estando em discordância com a legislação, a Portaria CVS-6/99 destaca que na impossibilidade de áreas distintas para realizar tais ações é necessário determinar horários diferenciados, entretanto não foi observado esse cuidado na UAN. Segundo a mesma Portaria, o lixo não deve sair da cozinha pelo mesmo local onde entram as matérias primas, entretanto na mesma porta de acesso na qual as mercadorias são recebidas também é realizada a retirada do lixo que é produzido, podendo ser outro possível fluxo cruzado. 4.2.1 Área de Recebimento de Mercadorias Segundo a legislação, nesse setor não deveria ter a presença de objetos e similares, entretanto frequentemente é observado isso, como bicicleta de funcionários no mesmo local no qual ocorre o descarregamento das mercadorias. Além disso também não foi observada plataforma de descarga, espaço apropriado com mesa para conferência das notas e balança para auxiliar na inspeção e conferência no recebimento. 4.2.2 Setor de Armazenamento de Carnes e Frios Foi observada a presença de caixas de papelão dentro dos freezers e geladeiras. Segundo disposto na Portaria CVS-6/99, caixas de papelão não devem permanecer nos locais de armazenamentos sob refrigeração ou congelamento, a menos que haja um local exclusivo para produtos contidos nestas embalagens como freezer exclusivo ou câmara exclusiva, não sendo esta realidade da unidade, estando em desconformidade com a legislação. Dois dos equipamentos estavam com defeito e sem previsão de conserto, estando em inadequação visto que conforme descrito na Portaria nº 326 (BRASIL, 1997), os equipamentos, utensílios e todas as demais instalações, incluídos os desaguamentos, devem ser mantidos em bom estado de conservação e funcionamento. A manutenção dos equipamentos deve ser realizada intervalos previamente determinados, ou de acordo com especificações do manual do fabricante, quando os equipamentos ainda estão em funcionamento, objetivando o pleno funcionamento, evitando perdas na sua funcionalidade ou desgastes prematuros (CAMPOS; SPINELLI; IKEDA, 2012). Equipamentos: 3 freezers de congelamento de carne; geladeira de descongelamento de carne, armazenamento de frios (como presunto e queijo) e acondicionamento das amostras líquidas; geladeira de Hortifrutti; balança. 4.2.3 Estoque Seco Assim como observado em outros setores foram encontradas várias caixas de papelão nesse setor, além disso também se observou a presença de descartáveis e equipamentos em desuso; Observou-se uma desorganização frequente nesse setor, não existe espaço de separação entre os alimentos, estando em desconformidade com a legislação. Segundo estabelecido pela Portaria CVS-6/99, os alimentos devem ser separados por grupos, sacarias sobre estrados fixos com altura mínima de 25 cm, separados da parede e entre pilhas no mínimo 10 cm e distante do forro 60 cm. Outro aspecto observado foi que o setor fica destrancando, com a porta aberta em todo tempo. Não existe apenas um funcionário responsável e qualquer pessoa da equipe pode entrar e pegar o que necessita sem registrar para que haja controle. Além disso, pela desorganização do setor não é considerado o critério PVPS (Primeiro que vence, primeiro que sai), como os gêneros não são alocados de acordo com a data de validade, quando necessitam de algo pegam o item está primeiro na prateleira. A organização do estoque é essencial para o controle de custos da unidade, o registro dos itens disponíveis no estoque auxilia no processo de compras de gêneros, informando quando é necessário reabastecimento. A gestão adequada do estoque é importante para evitar perdas e prejuízos que possam influenciar na produção das refeições (DANDARO; MARTELLO, 2015). Equipamentos: 11 prateleiras de alumínio; armário de alumínio; freezer para pão; 2 paletes de plástico. 4.2.4 Sala da Nutricionista Observou-se a sala está localizada em local adequando, com vidros em toda a extensão da sala que permitem visibilidade de todas as etapas de produção bem como do salão de distribuição. É recomendado ainda que o piso esteja em um nível mais elevado que as demais áreas, facilitando a supervisão do ambiente (SILVA, 2001), entretanto foi observado que esta recomendação não estava em conformidade. 4.2.5 Setor de Preparo de Sobremesas Equipamentos: geladeira de sobremesas e saladas; 3 bancadas de alumínio (duas delas com cubas e pias); 2 prateleiras superiores; porta plástico-film, porta tabuas. 4.2.6 Setor de Pré-Preparo de Saladas e Vegetais Equipamentos: descascador de batata e cenoura (com defeito há muito tempo); 2 bancadas de alumínio com cubas para higienização; 1 prateleira de alumínio superior de parede, geni, porta facas e tabuas. 4.2.7 Açougue Equipamentos: freezer para carnes que já passaram por pré-preparo e que serão utilizadas no dia ou dia seguinte; bancada de alumínio com cuba, porta facas. 4.2.8 Setor de Cocção Equipamentos: pass through quente e frio, coifa, fogão industrial (oito bocas – gás); chapa broiler (elétrica); três bancadas (uma com cuba, uma com espaça para catar feijão e outra lisa); prateleira superior de alumínio; liquidificador industrial; porta plástico-film; forno para descanso de pão; forno para carne e outras preparações (elétrico); forno de assar pão (gás e energia). 4.2.9 Câmara de Lixo Localizada do lado de fora da cozinha, em um ambiente separado, refrigerado com temperatura aproxima de 17,2ºC. Conta com 5 lixeiras com tampa entretanto acionamento manual. Não existe separação de lixeiras para lixo orgânico e inorgânico. É recomendada a separação do lixo reciclável daquele não reciclável(ANVISA, 2015), entretanto não foi observado isso. 4.3 ORGANIZAÇÃO E GERENCIAMENTO DE RH O quadro de funcionários da unidade é composto pela nutricionista e mais 10 colaboradores. Ao acompanhar a rotina da UAN é possível perceber que apesar da rotina ser intensa, o número de funcionários é suficiente para a realização das atividades que devem ser desenvolvidas diariamente sem ultrapassar a carga horária de trabalho estabelecidas para cada um deles. Visto que são produzidas refeições somente no desjejum e no almoço, os funcionários trabalham em turno único e nos fins de semana e feriados existe esquema de revezamento de escala ou folga. Segundo relato de umas das funcionárias mais antigas da unidade que elogiou muitas as atuais condições de trabalho, há cerca de 5 anos atrás a rotina era bem diferente de como é hoje, antes tinham apenas 3 funcionários (mais a nutricionista) para realizar todas as atividades, o trabalho era exaustivo e muitas vezes tinham que ficar até as oito horas da noite para terminar todo o trabalho. O dimensionamento do quadro de pessoal de acordo com as atividades desenvolvidas na UAN é importante para manter a ergonomia e segurança dentro do ambiente de trabalho o que influencia diretamente na qualidade da refeição que é produzida (OLIVEIRA; SILVA, 2015). A Figura 1 apresenta o organograma operacional da UAN. Figura 1. Organograma Operacional da UAN. Foi relatado pela nutricionista que a rotatividade bem como as taxas de absenteísmo de funcionários atualmente é baixa, entretanto já foram muito altas. Questões relacionados à rotatividade e faltas dificultam o processo produtivo dentro das UANs, favorecendo a ocorrência de situações que contribuem para a insegurança alimentar (GODOY et al., 2014; CAVALLI, SALAY, 2007). Para admissão de novos funcionários não existem critérios específicos, a nutricionista relatou que na contratação considera o desempenho durante a entrevista e a “vontade de trabalhar” apresentada pelo candidato à vaga, em alguns cargos a experiência também é levada em consideração. No entanto, GERENTE DE ÁREA OPERACIONAL GERENTE DE UNIDADE COZINHEIRO OFICIAIS DE COZINHA 9 funcionários DIRETOR DE OPERAÇÕES segundo Cavalli e Salay (2007) estabelecer alguns critérios de seleção como grau de escolaridade, qualificação de cursos profissionalizantes, treinamentos e experiência positiva na área de atuação podem contribuir para a segurança alimentar dentro das unidades produtoras de refeições. Ações de capacitação e treinamento de funcionários devem ser realizadas de acordo com o cronograma da Sodexo, que em geral são ministrados por estágios que estão na unidade no período no qual estes devem ser realizados. A abordagem de temas importantes em programas de capacitação e treinamentos de manipuladores, principalmente aquelas de enfoque prático são medidas eficazes para a transmissão de conhecimentos visando gerar conscientização sobre a importância de manter a qualidade higiênico-sanitária em todas etapas do processo produtivo (SANTOS, 2013). A entrega de novos uniformes e equipamentos de proteção individual (EPIs) é realizada pela empresa aos funcionários de acordo com a necessidade. É de responsabilidade do colaborador manter seu uniforme limpo e em adequado estado de conservação, visto que a higiene dos funcionários é um dos aspectos observados pelos comensais, que inclusive foi motivo de reclamação nos últimos dias. A medida adota pela nutricionista frente a este ocorrido foi realizar uma rápida reunião para alerta-los para que tenham atenção com cuidados de desse aspecto. Segundo a Norma Regulamentadora 6 (NR 17) referente ao uso de EPIs, cabe ao empregador (nesse caso a nutricionista que é a responsável legal pela unidade) exigir o seu uso e ao empregado usar, entretanto observa-se que na rotina dessa UAN os parâmetros estabelecidos não são colocados em pratica. Os trabalhadores não usam todos os EPIs que deveriam usar de acordo com a sua função e nem são advertidos por isso. Dentro de uma cozinha industrial muitos são os acidentes que podem ocorrer constantemente, visto que muitas vezes o ambiente é propício para isso. O chão escorregadio, panelas e utensílios quentes, fornos e fogões ligados e facas extremamente afiadas são alguns dos elementos que fazem parte da rotina e que podem oferecer risco, entretanto é para evitar que o ambiente de trabalho seja um local que coloque em risco a vida das pessoas que os EPIs existem (TOSTES, 2003). Não fazer uso ou fazer uso incompleto dos EPIs compromete a segurança dentro do ambiente de trabalho, colocando em risco a saúde do próprio trabalhador. Foi observado durante o período de estágio situações como funcionários que cortaram ou ralaram o dedo e até mesmo ocorrência de pequenas queimaduras, esse tipo de situação poderiam provavelmente ter sido evitadas se estivessem fazendo uso de EPI. Vale ressaltar que não é possível afirmar quer dizer que o uso dos EPIs exclui o risco de ocorrerem acidentes, mas certamente reduzem e muito as chances de acontecerem (ZANETIN; SOUZA, 2017). 4.4 PLANEJAMENTO DE CARDÁPIOS, COMPRAS E CONTROLE DE ESTOQUE A elaboração do cardápio ocorre semanalmente, às sextas-feiras. O primeiro critério que é levado em consideração são os alimentos que estão disponíveis no estoque, dando prioridade para preparações que utilizem os mesmos. Após isso, o restante do cardápio da semana é definido de acordo com o cronograma de entregas dos gêneros. O controle do estoque é realizado através de uma contagem visual simples dos gêneros que estão disponíveis, e baseado na quantidade de cada alimento que ainda tem e nos que já acabaram é que são realizados os pedidos de compra, que ocorre às terças e quintas-feiras. A lista de compra é elaborada a partir da contagem dos gêneros disponíveis, onde é realizada a verificação quantidade que tem armazenada de cada um mais o quanto foi solicitado na semana anterior, ou seja, que ainda vai chegar, dividido pelo gasto diário. A partir disso é determinado o número de dias que serão supridos por determinado gênero. 4.5 SISTEMAS DE CONTROLE DE QUALIDADE Sistemas de controle de qualidade são ferramentas que auxiliam na gestão de serviços de alimentação pois permitem identificar irregularidades e não conformidades que interferem na satisfação dos clientes atendidos (LOURENÇO; SILVA; BRANCO, 2010). Com a finalidade de coletar informações a respeito da qualidade da refeição que está sendo servida, é utilizado na unidade o sistema Solvis que avalia a satisfação dos comensais. A tecnologia utiliza um totem digital com tela touchscreen que fica localizado na saída do restaurante, onde é disponibilizado diariamente um questionário que pode ser respondido rapidamente pelos usuários gerando relatórios de satisfação detalhados em três periodicidades: diária, semanal e mensal que chegam via e-mail para a gerente da unidade. Outra ferramenta disponível são as planilhas de controle, são utilizadas planilhas para registro de recebimento de gêneros, monitoramento e registro de temperatura de equipamentos e de alimentos, entretanto nem sempre são preenchidas no dia e horário correto. Na UAN não é adotado nenhum método para controle e registro de sobras, entretanto considerando o impacto negativo que o desperdício pode causar no gerenciamento da unidade é de extrema importância realizar essa quantificação, de modo a auxiliar na redução do desperdício (SOARES et al., 2011). 4.6 PROCEDIMENTOS DE CONTROLE HIGIÊNICO-SANITÁRIO DE INSTALAÇÕES, EQUIPAMENTOS, UTENSÍLIOS E ALIMENTOS 4.6.1 Documentação e Registro Conforme previsto na Resolução Nº 216, de 15 de Setembro de 2004, que dispõe o Regulamento Técnico de Boas Práticas para serviços de Alimentação, todos os estabelecimentos que atuamnesse ramo devem dispor de um Manual de Boas Práticas e Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs) (BRASIL, 2004). Esse documento é mantido na sala da nutricionista em local de fácil acesso para todos os funcionários e para autoridades sanitárias (como em casos de auditorias, onde pode ser solicitado para verificação), cumprindo a exigência descrita na legislação vigente. A UAN possui sete POPs, sendo eles: POP 1: Higienização de Instalações, Equipamentos, Móveis e Utensílios; POP 2: Controle Integrado de Vetores e Pragas Urbanas; POP 3: Higiene, Saúde e Capacitação de Manipuladores; POP 4: Controle de Higienização do Reservatório e Controle Microbiológico da Água; POP 5: Termômetros; POP 6: Manejo de Resíduos; POP 7: Tratativas de Ocorrências Alimentares. Revisados em Março de 2017, com exceção do POP 5 e 7 que passaram por uma nova revisão em abril de 2019. Segundo a RDC nº 216/2004, é necessário possuir POPs relacionados à Higienização de Instalações, Equipamentos e Móveis, ao Controle Integrado de Vetores e Pragas Urbanas, Higienização do Reservatório e Higiene e Saúde dos Manipuladores, dessa forma a UAN possui todos os POPs que são requeridos. Apesar dos procedimentos de Boas Práticas estarem descritos detalhadamente no Manual de Boas Práticas da unidade, observa-se que muitos deles não são colocados em pratica. Os colaboradores demonstram ter conhecimento e saber da importância dos mesmos, entretanto só executam da forma correta que quando estão sendo avaliados em auditorias ou inspeções sanitárias. Destaca-se que é de suma importância que os procedimentos descritos nesse documento sejam colocados em pratica na rotina da UAN e não fiquem somente na teoria, pois as medidas contidas no mesmo são fundamentais para reduzir riscos de contaminação e possibilitar padronização nos processos que são realizados diariamente, a fim de proporcionar segurança e qualidade higiênico- sanitária (CARVALHO; MORI, 2017). 4.6.2 Instalações, Equipamentos e Utensílios O controle de temperatura dos equipamentos é um procedimento padrão na rotina da UAN. As temperaturas dos equipamentos devem ser registradas em planilhas específicas de acordo com suas características, quando forem observadas temperaturas inadequadas as ações corretivas devem ser registradas. Os equipamentos de armazenamento de cadeia fria devem ser monitorados duas vezes ao dia, a primeira medição deve ocorrer às 7h e a segunda às 15h, caso seja verificada temperatura fora da faixa recomendada (exceto em motivo de degelo) a medição deve ser realizada novamente uma hora depois. Caso a temperatura persista fora da ideal após 3 leituras consecutivas (por intervalo de 2 horas) deve ser solicitada a manutenção. Os produtos que são armazenados nesse equipamento devem ser remanejados para outro equipamento de refrigeração que seja adequado para a característica do produto. A aferição de temperatura dos equipamentos de apoio e distribuição, tanto os de cadeia fria quanto os de cadeia quente ocorre somente em um horário, sendo este uma hora antes do início da distribuição, ou seja, às 9h. Caso sejam observadas temperaturas fora da faixa recomendada deve ser solicitada a manutenção. Apesar de ser uma determinação que consta na RDC nº 216/2004, nem sempre os procedimentos de controle de temperatura dos equipamentos são realizados da forma que deveria ocorrer, estando em desacordo com legislação que diz que a temperatura de equipamentos necessários à exposição ou distribuição de alimentos deve ser regularmente monitorada. Segundo Dal Ri e colaboradores (2016) procedimentos de monitoramento de temperatura dos equipamentos são importantes para verificar se os mesmos estão em funcionamento adequado, a fim de assegurar que os alimentos estejam em condições seguras diminuindo os riscos de ocorrência de DTAs (Doenças Transmitidas por Alimentos). Os equipamentos só passam por manutenção em casos no qual apresentarem alguma inadequação no funcionamento, com exceção da coifa que é limpa toda quinta-feira, pois é de responsabilidade da empresa contratante. Manutenções preventivas devem ser vistas como investimentos, apesar de gerarem custos, os gastos para consertar um equipamento quando ele já deixou de funcionar são ainda mais elevados, além do transtorno que a falta do equipamento trará até estar pronto para uso novamente. Programar manutenções preventivas de equipamentos melhora o desempenho, aumenta a vida útil dos mesmos agilizando os processos de produção e oferendo maior segurança para a UAN (VILLANUEVA, 2015). A higienização dos utensílios da produção (como panelas, tabuleiros, cubas e peneiras) são higienizados no Setor de Higienização de Utensílios de Produção e os utilizados na distribuição de refeições (talheres, pratos, bandejas, saladeiras, etc) no Setor de Devolução, o que facilita e agiliza esses procedimentos, visto que são higienizados e armazenados no mesmo local que fica próximo de onde serão utilizados no dia seguinte. Para a higienização de utensílios utilizados na distribuição inicialmente é retirado o excesso de sujidades com ducha de água. Pratos, talheres e cumbucas de sobremesas são higienizados na máquina Lavadora de Louças com detergente e secante. Os demais utensílios são higienizados manualmente com bucha e detergente. No salão de distribuição não existem lixeiras devido a uma exigência do dono da empresa contratante. No setor de devolução as funcionárias retiram as sobras de comida dos pratos descartadas nas mesmas lixeiras utilizadas para jogar copos descartáveis e guarnapos por exemplo, ou seja, não existe separação do lixo. Na UAN não é realizada a separação de resíduos alimentares e do lixo, algo que não demandaria muito tempo caso isso fosse uma pratica diária se os funcionários fossem orientados para isso e se existissem lixeiras identificadas. O lixo pode ser considerado uma das principais causas de problemas ambientais. Visto que dentro de UANs diariamente é produzida grande quantidade de resíduos, a implantação de ações consideravelmente alinhadas ao desenvolvimento sustentável, apesar de parecer algo simples, exerce importante impacto ambiental (MALTA; NANZER; ALMEIDA, 2008). Para garantir que as instalações se mantenham em condições higiênico- sanitárias apropriadas, diariamente após o término do período de produção de refeições a área de cocção e todos outros setores da unidade são higienizados pelo funcionário responsável pelo mesmo. A limpeza dos banheiros ocorre por escalas entre os funcionários, que vão se revezando, homens são responsáveis por manter limpo e lavar os banheiros masculinos e as mulheres os femininos. 4.6.3 Alimentos Realizar o controle do binômio tempo x temperatura implica diretamente na qualidade microbiológica das refeições, dessa forma a aferir a temperatura das preparações que irão para distribuição e mantê-las dentro da faixa recomendada do momento em que saem da área de produção até serem consumidas é fundamental, principalmente em serviços de alimentação que são do tipo self service, onde o tempo de exposição das preparações que ficam expostas nas rampas de distribuição é maior (MONTEIRO, 2014). Segundo os procedimentos padronizados na UAN a medição de temperatura dos alimentos deve ocorrer imediatamente após a montagem do balcão de distribuição, antes do início da distribuição, a fim de verificar se as preparações estão com a temperatura de segurança recomendada. As preparações empratadas (como o Bem Estar – serviço especial oferecido na UAN), deve ser realizada a medição de temperatura dos alimentos diretamente na cuba ou panela no momento da montagem. As temperaturas devem ser registradas em planilhas (são duas, uma para controle de temperatura de distribuição de alimentos de cadeia quente e outra para os de cadeia fria), emcasos de identificação fora da faixa recomendada devem ser providenciadas ações corretivas seguras imediatamente e registra-las no verso de cada planilha. Apesar de ser um procedimento estabelecido como padrão, na rotina intensa da UAN as vezes não é realizado. Entretanto deve ser visto como prioridade pois reflete diretamente na qualidade e segurança do alimento que se torna mais susceptível a contaminação microbiológica caso não esteja na faixa de temperatura preconizada pela legislação (BRASIL, 2004). Existem ainda as planilhas de Controle de Degustação de Alimentos Prontos para Consumo, onde são avaliadas se as características estão ou não em conformidade (apresentação, cor, odor, sabor e textura), porém assim como as planilhas de controle de temperatura, não é realizado rigorosamente, ou seja, muitos dos alimentos não passam por esse procedimento de controle rotineiramente como deveria ocorrer. Outro procedimento padronizado pela Sodexo e que é executado corretamente na unidade é a utilização de etiquetas de identificação. Matérias-primas e ingredientes que não são utilizados em sua totalidade são identificados com Etiquetas de Validade (etiqueta de cor vermelha) que devem ser preenchidas com as seguintes informações: nome do produto, data de fabricação, data de abertura, data de validade após a abertura. Para identificação da validade de produtos pré-preparados e preparados manipulados na unidade devem ser utilizadas as de Etiquetas de Produção (etiquetas de cor cinza), onde deve ser registrada o nome da preparação, data e horário de manipulação, data de validade de horário do descarte. Para auxiliar o preenchimento tanto das Etiquetas de Validade como as de Produção é afixado no setor de produção tabelas que informam o tempo de validade e conservação após abertura/manipulação de cada alimento. Após serem devidamente etiquetados, são embalados (em plástico film ou em sacos plásticos transparentes que ficam distribuídos pelos setores) e acondicionados em local apropriado de acordo com as condições necessárias para se manterem conservados, minimizando riscos de contaminação. Carnes em geral, ovos, frios, queijos e produtos de características semelhantes devem ser identificados com a etiqueta verde para que seja realizado o controle de validade e rastreabilidade dos mesmos. Para produtos congelados deve ser preenchido também o verso dessa etiqueta para controle do processo de descongelamento. A coleta das amostras da água, suco e dos alimentos preparados também compõe os procedimentos higiênicos-sanitários da unidade, sendo realizada diariamente. A ANVISA (2015) destaca que as amostras devem ser coletadas em embalagens higienizadas, ou sacos esterilizados ou desinfetados, contendo nome do estabelecimento, nome da preparação, data de preparo, horário e data de coleta, e nome do responsável pela coleta. O responsável pela coleta deve estar com as mãos higienizadas, abrir a embalagem sem toca-la internamente nem soprá-lo, colocar a amostra do alimento, retirar o ar, se possível, e fechar a embalagem; manter as amostras sob refrigeração pelo período mínimo de 72 horas (ANVISA, 2015). Observou que o procedimento realizado na UAN encontra-se em conformidade com a legislação. 4.7 PROCESSOS DE RECEPÇÃO, ARMAZENAMENTO, PRÉ-PREPARO, PREPARO, DISTRIBUIÇÃO, HIGIENIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS E DESCARTE DO LIXO 4.7.1 Recebimento de Gêneros A periodicidade do recebimento dos gêneros ocorre segundo a natureza de cada um deles (como listado abaixo), entretanto vale ressaltar que pode variar conforme a demanda da UAN, podendo ser necessário realizar pedidos extras em situações na qual esgote no estoque antes do período previsto. O hortifrutti é encaminhado das Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (CEASA - ES) para a unidade por uma empresa distribuidora, enquanto que gêneros alimentícios não perecíveis, produtos de limpeza, descartáveis e carnes são entregues pelo Centro de Distribuição da Sodexo (CD). Pães são entregues diretamente pela padaria. Hortifrutti: entrega diária, o horário varia entre 11:30 e 12h; Carnes e frios: entregas nas terças e quintas-feiras, às 16h; Pão: entregas todas as sextas-feiras; Suco: recebimento quinzenal; Produtos de limpeza e descartáveis: o recebimento ocorre uma vez por mês. O controle do recebimento é sempre realizado por um mesmo funcionário, que realiza uma rápida conferência visual dos produtos que foram entregues. Entretanto, de acordo a RDC nº 216/2004 o ideal é que seja realizada uma inspeção rigorosa segundo os critérios de recebimento que constam no Manual de Boas Práticas é uma das obrigações dos serviços de alimentação, visto que aquela matéria-prima posteriormente será consumida por centenas de pessoas. Observou-se ainda a pesagem durante a recepção de mercadorias não é uma atividade rotineira, foi relatado que esse procedimento é adotado somente durante auditorias. Vale ressaltar que a pesagem das mercadorias traz benefícios para a própria unidade pois em situações na qual o fornecedor realiza entregas em quantidades inferiores as que foram solicitadas podem ocorrer prejuízos financeiros significativos, elevando os custos das despesas mensais da UAN (AMARAL, 2008). Para gêneros perecíveis deve ser preenchida a ficha de Controle de Gêneros Perecíveis, na qual as informação que devem ser registradas são o dia do mês na qual a entrega foi realizada, nome do fornecedor, avaliar se as condições do transporte e do entregador estão em conformidade, número de nota fiscal, tipo de produto, prazo de validade, número do lote, se o produto é congelado ou refrigerado, se apresenta superfície dura (assinalar GD – Grau de Dureza), temperatura do baú e do produto, se as características sensoriais estão aprovadas (cor, odor, textura e características particulares de cada produto). Em casos de identificação de desvios de algum desses critérios deve-se registrar a ação realizada. 4.7.2 Armazenamento Hortifruti: as frutas, verduras e legumes após o recebimento não passam por uma etapa de pré-higienização. A maior parte do hortifruti que é recebido diariamente permanece nas caixas em que são entregues pelo fornecedor, não sendo armazenadas em local apropriado, permanecendo no corredor de entrada até o momento em que serão utilizados. Somente aqueles considerados “mais sensíveis” como tomate, alface e algumas outras folhas é que são armazenados ainda dentro das caixas de recebimento no setor de Armazenamento de Carnes e Frios na Geladeira de Hortifruti. Segundo a RDC nº 216/2004 as matérias-primas, os ingredientes e as embalagens devem ser armazenados em local limpo e organizado, de forma a garantir proteção contra contaminantes. O acondicionamento inadequado desses alimentos aumenta o risco de contaminação dos mesmos podendo comprometer a qualidade e segurança alimentar, visto que ficam expostos em uma área de circulação com fluxo contínuo de funcionários (ALVES e UENO, 2010). Carnes: são armazenadas nos freezers de congelamento localizados no setor de Armazenamento de Carnes e Frios, permanecendo nas embalagens de papelão nas quais são entregues. Pão: armazenamento em freezer especifico para essa finalidade localizado no estoque seco. Gêneros alimentícios não perecíveis: armazenados em prateleiras de alumínio ou paletes de plástico no estoque seco. Produtos de limpeza: armazenados em prateleiras de alumínio no setor de Armazenamento de Produtos de Limpeza. 4.7.3 Pré-Preparo Efetuar os procedimentos de controle higiênico-sanitário adequadamente em todas as etapas de produção dos alimentos respeitando a legislação são aspectos primordiais para promover a segurança alimentar dentro da UAN (SILVA JUNIOR, 2014), sendo indispensável que a higienização dos alimentos seja realizada conforme está descrito no Manual deBoas Práticas da unidade. Após acompanhar a rotina dos procedimentos higiênico-sanitários realizados na UAN, observou-se que os funcionários sabem na teoria exatamente os cuidados que devem ter e a postura que deve ser adotada principalmente durante a manipulação de alimentos, entretanto assim como relatado pelos mesmos, esses processos apenas são realizados da forma na qual é descrita no Manual de Boas Práticas em auditorias ou em visitas da Vigilância Sanitária, visto que estarão sendo avaliados e que existe uma grande preocupação em tirar “nota boa”. Essa postura foi observada de forma contínua na UAN, os colabores sabem o que e como devem fazer, entretanto não executam esses procedimentos no dia a dia. Pensando na segurança alimentar como aspecto fundamental em serviços de alimentação e considerando que a produção de refeições em condições higiênico-sanitárias adequadas no ambiente de trabalho é um dos objetivos de uma UAN, práticas inadequadas dentro desse contexto podem colocar em riso a saúde dos comensais (OLIVEIRA; SILVA, 2015; BRAGANÇA et al., 2009). Segundo a RDC nº 216/2004, durante a manipulação de alimentos os funcionários que realizam essa atividade devem adotar medidas que minimizem riscos de contaminação. Entretanto, na rotina da UAN foram observadas muitas falhas nesses procedimentos que podem comprometer a segurança alimentar. Acompanhando as etapas de pré-preparo e higienização de frutas, verduras e legumes, observou-se que as etapas realizadas são: lavagem, deixar de molho em solução clorada por 15 minutos, enxague e corte. Aqueles que passarão por algum processo de cozimento não são clorados. No dia 13 de março foi instalado na unidade um novo equipamento para auxiliar no processo de produção de saladas. Foi realizado um rápido treinamento pelo funcionário representante da Ecolab (empresa especialista em tecnologias e serviços de água, higiene e energia para os mercados de alimentos) que explicou o funcionamento do equipamento aos colaboradores. O novo equipamento que utiliza uma solução sanitizante à base de ácido lático tem o objetivo de higienizar os alimentos de forma eficaz e rápida, visto que após a pré-lavagem dos mesmos é necessário deixá-los de molho nessa solução por apenas um minuto e meio não necessitando de enxague. O pré-preparo das carnes é realizado no dia anterior, as carnes são retiradas dos freezers de congelamento e colocadas para descongelar no setor Açougue em uma pia para descongelar. O cozinheiro, responsável por todo esse processo, após o termino das preparações do dia, realiza o fracionamento na forma está prevista no cardápio para ser servida e adiciona outros temperos e ingredientes. Segundo a RDC nº216, o descongelamento de carnes deve ser efetuado em condições de refrigeração à temperatura inferior a 5ºC (cinco graus Celsius) ou em forno de microondas quando o alimento for submetido imediatamente à cocção, visto que na UAN as carnes são descongeladas em temperatura ambiente o procedimento está em desconformidade com a legislação. 4.7.4 Preparo No que diz respeito ao preparo de carnes, sobremesas ou acompanhamentos, não são utilizadas fichas técnicas de preparo. Os funcionários responsáveis por cada uma dessas preparações faziam de acordo com a quantidade que estão habituados a fazer. Utilizar fichas técnicas permite que haja padronização no processo produtivo, sendo um instrumento fundamental e facilitador de apoio operacional (CASTRO et al., 2013). Observou-se que os manipuladores não possuíam o habito de higienizar as mãos após tocarem em alimentos crus e prontos, aumentando o risco de contaminação cruzada. A legislação preconiza que os manipuladores devem higienizar as mãos quantas vezes houver necessidade para evitar risco de contaminação dos alimentos (BRASIL, 2004). Conforme a RDC nº 216 as embalagens dos alimentos devem ser higienizadas antes de serem utilizadas visando reduzir riscos de contaminação, entretanto não foi observado isso na prática. A legislação destaca que quando os ingredientes e matérias-primas não são utilizados na sua totalidade, é necessário acondiciona-los adequadamente identificando a designação do produto, data de fracionamento e prazo de validade antes e após a abertura ou retirada da embalagem original (BRASIL, 2004). Observou-se que essa medida estava em conformidade, os manipuladores sempre tinham esse cuidado, as vezes não logo após o uso pela intensidade das atividades a serem realizadas durante a produção, mas antes de finalizar o expediente esses alimentos eram etiquetados e acondicionados em local adequado. 4.7.5 Distribuição Após preparados e prontos para o consumo, as preparações são acondicionadas em equipamentos apropriados (pass through quente/frio) até o momento da distribuição, onde são colocados nas rampas de distribuição. 4.7.6 Acondicionamento e Destino de Resíduos Alimentares e do Lixo Os resíduos alimentares e o lixo produzido diariamente ficam acondicionados na câmara de lixo até o momento da coleta do mesmo, que é de responsabilidade do sistema público da Prefeitura da Serra e ocorre três vezes por semana (segunda, quarta e sexta) sem horário fixo, mas em geral pode ocorrer às 11h ou das 13 às 15h. Não ter um horário definido é um problema, pois podem coincidir com as entregas de gêneros alimentícios e visto que o local da recepção de mercadorias é o mesmo no qual ocorre o recolhimento do lixo, o risco de contaminação por fluxo cruzado torna-se maior (SANT’ANA, 2012). Outro problema é que por ser um serviço público o risco de ocorrerem situações de greve e similares, onde o caminhão de lixo não realiza o recolhimento (como foi observado no dia 11 de março – onde foi relatado que ocorreu um caso de atropelamento envolvendo o caminhão de lixo e a coleta não foi realizada). O problema do lixo ficar acumulado na câmara de lixo, apesar de ser um local isolado da área de produção e ficar constantemente trancado é que o mesmo pode ser foco de contaminação. Além disso o mal cheiro gerado além de ser desagradável, pode atrair vetores e pragas urbanas que podem comprometer a qualidade higiênico-sanitária aumentando o risco de ocorrência de problemas relacionados à saúde do consumidor (MATIAS, 2007). 4.8 SERVIÇOS ESPECIAIS Além da refeição padrão são oferecidos serviços especiais diariamente (exceto aos sábados e domingos), que são o Bem Estar e o Prato do Chefe. Todos os dias na saída do salão de distribuição, é apresentado o cardápio do dia seguinte (contendo as opções da refeição padrão e dos serviços especiais) juntamente com duas listas para aqueles que se interessarem pelo Bem Estar ou pelo Prato do Chefe. O Bem Estar é considerado uma opção mais saudável, onde os usuários recebem o prato montado e que tem três opções de verduras cozidas, arroz integral e um tipo de carne que geralmente é grelhada. Os pratos são montados a partir das 9:30, embalados em plástico filme e identificados com nome. Outro serviço especial oferecido é o Prato do Chefe que são receitas mais elaboras (como empadão, batata recheada, yakissoba e lasanha) e costuma ser um serviço de bastante requisitado. O funcionário responsável pela montagem dos pratos relatou que segundo seus registros no mês de fevereiro foram servidas cerca de 1.100 refeições referente somente a esse serviço especial. Mesmo optando por essa opção, assim como no Bem Estar ainda é possível acrescentar qualquer preparação da rampa de distribuição, exceto o prato principal. 5. CONCLUSÃO Apesar das muitas inadequações observadas no que diz respeito ao cumprimento da legislação vigente, o Estágio Obrigatório em Unidade de Alimentação e Nutrição possibilitou vivenciar na prática a rotina de uma UAN, enfatizando a necessidade de implementar as Boas Práticas de Manipulação obedecendo oscritérios estabelecidos para evitar que ocorram situações que possam comprometer a qualidade e segurança higiênico-sanitária das refeições produzidas. A realidade vivenciada enfatizou ainda a importância do nutricionista como gestor da unidade de garantir que os processos sejam realizados conforme preconizado pela legislação de forma rotineira e não somente em situações de avalições por órgãos superiores, pois qualquer problema relacionado à alimentação será de sua responsabilidade, colocando em risco a saúde das pessoas que necessitam utilizar aquele serviço diariamente. Vale ressaltar ainda que após o período de suspensão das atividades de estágio no dia 17 de março em decorrência da pandemia COVID 19, a unidade passou por uma reforma que modificou vários aspectos da sua estrutura, espera-se que após essas modificações novas condutas sejam adotadas para realização das atividades que são realizadas diariamente minimizando riscos de contaminação. 6. REFERÊNCIAS BRASIL. Conselho Federal de Nutricionistas (CFN). Resolução/CFN nº 378 de 28 de dezembro de 2005. Dispõe sobre a responsabilidade técnica em serviços de alimentação. 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