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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PENAL ● Não há um marco entre as vinganças; não houve uma ruptura brusca. ● O poder de punir nas sociedades primitivas: as vinganças. 1) A VINGANÇA DIVINA: ■ Influência exercida pela religião dos povos da antiguidade (Estado Teocrático); ■ Os deuses eram considerados vítimas dos crimes. Entendiam que os fenômenos naturais era a manifestação dos deuses sobre a sua insatisfação sobre determinada conduta; ■ Totem (fenômenos naturais relacionadas a´ira dos deuses) - Infração totêmica; ■ O crime era considerado afronta os próprios deuses. ■ Ausência de proporcionalidade ■ A sanção era aplicada pelo sacerdote. ■ A sanção tinha caráter cruel, mas ainda não existia a pena de prisão. A prisão era uma forma de deixar a pessoa ‘‘guardada’’ para que a pena fosse aplicada. ■ Civilizações que foram marcadas pela vingança divina: 1. Egito (cinco livros) 2. Israel (Pentateuco) 3. China (livro das cinco penas) 4. Código de Manu 5. Pérsia (Avesta) 2) VINGANÇA PRIVADA ■ Sai de uma ofensa com os deuses e entra para uma ofensa que e considerada coletiva; ■ Poderia ter cunho individual ou coletivo; ■ A perda da paz: Banir o indivíduo do grupo; perde os direitos no meio daquele clã. Mas, por outro lado, se uma ofensa é feita por dois grupos distinto, nasce para um dos grupos o desejo de se vingar do grupo adversário (vingança de sangue). ■ A vingança de sangue; ■ Ausência de proporcionalidade 3) A VINGANÇA PÚBLICA ■ Poder de punir concentrado nas mãos um poder político central; ■ O surgimento do Direito Penal no Japão e na Coreia do Sul (primeiros lugares) - Concepção teocrática; ■ As cinco penas chinesas (vigente até 1912) ➢ Cinco penas relacionadas a cinco tipos de penas: 1. Homicídio - Pena capital; 2. Lesão corporal ou furto - Decapitação de um ou os dois pés 3. Estupro - Pena de castração 4. Fraude - Arrancar o nariz 5. Menor potencial ofensivo - A pessoa era marcada na testa ■ Outras formas de sanção: Esquartejamento, tortura, abraçar coluna de ferro incandescente, etc. ■ O politeísmo da civilização do Egito: a figura de Faraó ■ As penas de crucificação. enforcamento, mutilação. amputação da língua e do nariz ■ Código de Manu: Descrevia condutas consideradas boas e reprováveis. Diferenciava condutas com base na divisão da sociedade em castas. A punição como purificação do infrator (pode voltar para a sociedade). O Código de Manu já diferenciava dolo e culpa, furto e roubo. DIREITO PENAL NA ANTIGUIDADE ● O CÓDIGO DE HAMURABI ■ Não tinha até então; nenhuma noção de proporcionalidade. ■ A Lei de Talião: primeiras noções de proporcionalidade ‘’olho por olho; dente por dente’’ ■ Proporcionalidade numa concepção qualitativa e, posteriormente, quantitativa. ■ Continha previsões de Direito Civil e de Direito Penal ■ Caráter teocrático ■ Era composto por 282 artigos ■ Não respeitava o princípio da pessoalidade ■ Outras legislações que aderiram a Lei de Talião: Lei das XII Tábuas (Romanos), Código de Manu (Índia), Pentateuco (Hebreus) ● DIREITO PENAL NA GRÉCIA ■ Marco no processo de laicização de Direito Penal ■ Legislação Draconiana ■ As Leis de Sólon (igualdade perante a lei e extinção da escravidão por dívidas). ■ Estudaram o elemento vontade e a consumação do crime ocorria com fundamento na lesão produzida. ■ Distinguia o crime público do crime privado ■ Limitava o poder sacerdotal ■ Começam a afirmar o conceito de justiça penal como função soberana do Estado ● DIREITO PENAL EM ROMA ■ Legislação penal pautada, em linhas iniciais, na religião; ■ Legislação das XII Tábuas; ■ A figura do pater familias; ■ Consagrou a distinção entre ilícito público, privado e extraordinário; ■ Desenvolveu os institutos da culpabilidade e da imputabilidade; ■ Excludentes de ilicitude (legítima defesa e estado de necessidade); ■ Não previa expressamente o princípio da legalidade, nem restringiu a utilização da analogia em matéria penal; ■ Dominavam o dolo e a culpa; ■ Desenvolveram a ideia de inimputabilidade, tratando de forma diferenciada os menores loucos. DIREITO PENAL MEDIEVAL ● Marcado pelo excessivo rigor das sanções e da utilização irrestrita da tortura para obtenção de prova. ● DIREITO GERMÂNICO ■ Não possuía leis escritas (era consuetudinário); ■ As infrações poderiam ter caráter público ou privado; ■ A possibilidade de perda da paz (banimento), nas infrações de caráter público; ■ Se a infração tivesse natureza privada, permitia-se o exercício da vingança. ● DIREITO PENAL CANÔNICO ■ Existência de três tipos de lei: Lei Eterna, Lei Natural e Lei Humana. ■ Distinguia os delitos eclesiásticos (Heresias), seculares e mistos; ■ A INQUISIÇÃO: Restauração dos Tribunais do Santo Ofício. ■ Inquisição → Poder de punir por questões religiosas → Sistema Inquisitivo ■ Descompasso com a proporcionalidade. Características do Sistema Inquisitivo HISTÓRIA DO DIREITO PENAL NO BRASIL ● PERÍODO COLONIAL ■ Legislação portuguesa foi trazida para o Brasil (ordenações de portugal) ■ Ordenações Afonsinas (1446) ■ Ordenações Manuelinas (1521) ■ Compilação de Duarte Nunes de Leão (1569) ■ Ordenações Filipinas (1603) ■ Penas severas, cruéis, a pena de morte era comum ■ Criminaliza-se práticas religiosas contrárias ao catolicismo e condutas consideradas imorais ● PERÍODO IMPERIAL ■ Após a proclamação da independência, Dom Pedro I ratificou a adoção das Ordenações Filipinas como medida emergencial Coincidência dos papéis de acusação e julgamento; A ausência de publicidade nos julgamentos; Inexistência de amplo direito à defesa; Legitimação de provas como a tortura; A ausência de presunção de inocência. ■ Em 1924 é outorgada a primeira constituição do brasil que trata questões importantes ■ Inviolabilidade da figura do imperador ■ Princípio da pessoalidade ■ Determina a aprovação de um código criminal ■ O Código Criminal do Império aprovado em 1830 (projeto de Bernardo Vasconcelos) ■ Inspirado nas idéias de beccaria ■ Primeiro código autônomo da América Latina ■ Adotava a pena de morte podendo o imperador comutar (trocar) a pena ● PERÍODO REPUBLICANO ■ O Código Penal de 1980 nasceu após a abolição da escravidão de 1888 e a Proclamação da República em 1889. ■ Projeto elaborado por Batista Pereira ■ Constituição republicana aprovada em 1891 ■ Considerado por muitos o pior código da história ■ Passou a criminalizar condutas que eram praticadas em sua maioria por ex-escravos ■ Aprovação de leis penais (Consolidação das Leis de Piragibe 1932). ● CÓDIGO PENAL DE 1940 ■ Projeto elaborado por Alcântara Machado na época da Ditadura 1937 ■ Entrou em vigor em 1940 ■ Parte geral da cp foi alterada em 1984. a parte especial ainda é de 1940 ■ Em 1969 foi aprovada um novo código penal elaborado por uma comissão de juristas liderados por nelson hungria. Esse código nunca entrou em vigor (entrou em vacatio legis várias vezes e nunca chegou a vigorar) ■ Temos hoje um projeto de código penal que está tramitando no senado para alterar o código penal como um todo (projeto desde 2002 FONTES DO DIREITO PENAL ● CONCEITO ■ Fonte não é somente origem, mas a forma como o Direito Penal se manifesta. ● FONTES MATERIAIS/SUBSTANCIAIS OU DE PRODUÇÃO ■ São rgãos incubidos da própria Constituição Federal de elaborar o Direito Penal. Quem pode legislar em matéria penal em regra é a União (Art. 22; I; CF). Exceção: É possível o Estado legislar em matéria penal desde que haja uma lei autorizando e seja assunto de interesselocal (Art. 22; par. único). ● FONTES FORMAIS; DE COGNIÇÃO OU DE CONHECIMENTO - As fontes formais são as formas que o direito vai se apresentar ➔ FONTE FORMAL IMEDIATA ■ OU direta ■ Temos apenas uma fonte formal imediata: Lei. ■ A lei é a única fonte imediata do Direito Penal. ➔ FONTES FORMAIS MEDIATAS ■ OU indireta A) COSTUMES: Hábito (prática reiterada) é diferente de costume (prática reiterada que dá uma ideia de obrigatoriedade). Algo comum de ser praticado. Os costumes não servem para criar um tipo penal. ○ Ex: Crime de Importunação Sexual entrou em vigor devido às práticas constantes e não havia uma tipificação perfeita para ele. Os costumes não podem revogar lei. 1. COSTUME NEGATIVO - Chamado de contra legem. Mostra que a sociedade não respeita determinada lei; vai de encontro a determinada lei. Ex: Jogo do Bicho; DVD Pirata. Apesar da lei que prevê o Jogo do Bicho como contravenção penal, as pessoas não deixam de fazê-lo. ■ Ex: Adultério foi revogado em 2005. Antes disso ninguém deixava de praticar mesmo sendo crime. Os costumes mostraram que não precisava ser considerado crime. 2. COSTUME INTERPRETATIVO - Chamado de secundum legem. Modalidade do costume que auxilia o intérprete na própria interpretação da lei. Algumas palavras que são usadas na nossa legislação penal são bem subjetivas e os costumes nos dão base para interpretar essa palavra. ■ Ex: Rapto de Mulher Honesta até 2009 - COnceito de mulher honesta varia no tempo; quem diz isso são os costumes (auxiliando na interpretação) ■ Ex: Decoro; dignidade humana - Por serem conceitos abertos; os costumes dão a base para o intérprete interpretar as normas. 3. COSTUME INTEGRATIVO - Chamado de praeter legem. Tenta suprir eventuais lacunas da lei para integrá-la como nos casos de excludente de ilicitude e culpabilidade. ■ Ex: Tem-se 4 excludentes de ilicitude previstos no código penal; porém tem-se uma quinta que não está prevista expressamente no código - integridade física. B) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO - Princípios são postulados que servem de base para todo ordenamento jurídico (não estão necessariamente expressos). Os princípios gerais de direito também são considerados pela maioria como fontes mediatas do direito penal. C) ATOS ADMINISTRATIVOS - Servem para complementar determinadas normas penais em branco (precisa ser complementada). - A portaria da anvisa é um ato administrativo que complementa uma norma penal - diz quais são as drogas entorpecentes. D) DOUTRINA? - Entendimentos que são passados dos doutrinadores sobre determinado assunto. Não é considerada fonte mediata do direito penal (não tem força cogente; não tem força obrigatória) E) JURISPRUDÊNCIA? - Jurisprudência é o conjunto de decisões reiteradas de um tribunal. a maioria da doutrina entende que a jurisprudência não é fonte do direito penal pq não tem força cogente e obrigatória. Entretanto possui as súmulas vinculantes e as decisões do STF proferidas em controle concentrado de constitucionalidade (tem força obrigatória para todo mundo); isto para uma parte da doutrina; diz que a jurisprudência é fonte mediata do direito penal nesses dois pontos (vinculantes e decisões) ■ Alguns outros doutrinadores não fazem essa diferença e dizem que a jurisprudência não e uma fonte mediata do direito penal F) CONSTITUIÇÃO FEDERAL - A Constituição Federal traz o que chamamos de mandados de criminalização. A Constituição Federal não prevê crimes; mas ela traz os mandados de criminalização - insere determinados tratamentos e crimes que devem ser criados pelo legislador. ■ Para crimes hediondos e equiparados o legislador tem que tirar os benefícios. ■ Parte da doutrina considera pela existência do mandados de criminalização como fonte formal mediata do direito penal. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL ● CONCEITO - Interpretar significa entender o real alcance da norma. ● ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO A) OBJETIVA (VOLUNTAS LEGIS): Busca alcançar o real alcance da norma. qual era a vontade da lei (o que a lei quer). B) SUBJETIVA (VOLUNTAS LEGISLATORIS) - Busca descobrir a vontade do legislador. ● FORMAS DE INTERPRETAÇÃO A) QUANTO AO SUJEITO QUE A REALIZA ■ AUTÊNTICA: Realizada pela própria lei. Art. 327. ■ DOUTRINÁRIA: Realizada pela doutrina. ■ JUDICIAL: Levado pelos juízes (poder judiciário) - quando o juiz interpreta uma lei . B) QUANTO AOS MEIOS EMPREGADOS ■ LITERAL: Leva-se em consideração o sentido literal da palavra. Espécie de interpretação criticada porque restringe muito a aplicação da lei. Ex: mulher honesta. ■ TELEOLÓGICA: Alcançar a finalidade da lei ■ SISTÊMICA: Para chegar ao real alcance da norma precisa analisar o sistema que a norma está inserida. ■ HISTÓRICA: Analisa o momento histórico que a lei foi criada. Ex: para entender o crime de rapto de mulher honesta tem que entender o momento histórico que foi criado. C) QUANTOS AOS RESULTADOS ■ DECLARATÓRIA: Declarar qual é a vontade da lei. EX: Várias = a partir de três pessoas. ■ RESTRITIVA: A lei diz mais do que queria dizer, o intérprete que que restringi-la. Ex: art 28 do código penal fala que a embriaguez não reduz a responsabilidade penal - o legislador não fez ressalva na embriaguez patológica. Será que o legislador queria incluir o alcoólatra nessa não redução de responsabilidade penal. ■ EXTENSIVA: A lei disse menos só que queria dizer e o intérprete tem que estender o seu alcance. quando o legislador previu o crime de bigamia, estava querendo criminalizar a conduta de dois ou mais casamentos? na própria nomenclatura tem uma redução e o legislador precisa ampliar o alcance dessa norma. ● INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA: Forma de interpretação extensiva. Diferente de analogia. Esta é um recurso utilizado pelo legislador em razão da sua impossibilidade de prever todas as circunstâncias de um crime. serve para possibilitar a previsão do maior número de situações possíveis. ■ Situação casuística ■ Disposição genérica ■ O legislador vem com a situação casuística e depois com a disposição genérica. Ele dá o exemplo e depois vem com a cláusula genérica ‘’qualquer outro meio cruel….’’ ■ Ex: homicídio qualificado ‘’ou qualquer outro meio que dificulte a defesa da vítima’’ ■ Não fere a legalidade ● ANALOGIA:Não e forma de interpretação, mas sim de autointegração da norma. analogia é aplicar para um caso que não tem uma lei; a lei de um caso semelhante. ex: união estável e casamento são semelhante; analogia só serve para beneficiar (in bonan partem). Proibido uma in nalam partem - não é permitida pq fere a legalidade. ● DÚVIDAS EM MATÉRIA DE INTERPRETAÇÃO ■ Uma corrente diz que se há dúvida deve resolver de forma em prol a sociedade -- in dubio pro sociedade ■ Juiz decide; não importa se é a favor ou contra ao réu ■ In dubio pro reo DA NORMA PENAL ● CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS ■ Antigamente, havia uma discussão na doutrina se lei e norma penal são a mesma coisa e que a norma penal era anterior a lei (o que era violada era a norma penal; a lei era apenas a consequência). ■ Hoje essa discussão não existe mais. Orafala de norma penal, ora lei penal (sinônimos); a lei contém a norma. A) NORMA PENAL INCRIMINADORA: É aquela que prevê o crime e culmina a respectiva sanção. Criminalizar determinadas condutas. ■ Preceito primário: Descreve a conduta que é criminalizada. ■ Preceito secundário: Prevê a sanção. B) NORMA PENAL NÃO INCRIMINADORA: Não prevê crime, nem culmina a respectiva sanção. 1. PERMISSIVA: Permite a prática de determinadas condutas. Ou seja, vai autorizar que em determinadas situações o sujeito pratique determinadas condutas. ■ JUSTIFICANTE: Quando exclui a ilicitude da conduta. Ex: Matar alguém é crime, mas matar alguém em legítima defesa exclui a ilicitude da conduta. ■ EXCULPANTE: Quando exclui a culpabilidade. Ou seja, o sujeito pratica um fato típico ilícito, mas exclui-se a culpabilidade. Ex: Colocam alguma substância dentro da bebida de alguém e esta pessoa acaba cometendo um crime (a embriaguez não foi voluntária). Neste caso, exclui-se a culpabilidade. 2. EXPLICATIVA: Explica determinados conceitos. Ex: Tem-se um capítulo inteiro para falar de crimes contra administração pública. Quem vai dizer quem (esclarecer) é funcionário público é o direito penal. 3. COMPLEMENTARES: Delimita a aplicação da lei penal. Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 4. DE EXTENSÃO: Ajuda na complementação da própria tipicidade de algumas condutas, principalmente em casos de crimes omissivos impróprios (Art. 13/CP), na tentativa (Art. 14/CP), etc. C) COMPLETAS: Não necessita de complementos. Não gera dúvidas. Ex: Matar alguém. D) INCOMPLETAS: Gera dúvidas. Precisa de um complemento para que se possa entender a sua real acepção. Ex: A lei de drogas; diz o que você não pode fazer, mas não diz o que é droga; precisa-se de um complemento. ■ Tipo penal aberto: O complemento não é dado por outra norma, sendo valorativo. É analisado pelo próprio julgador no caso concreto; fica a critério do juiz. ■ Tipo penal em branco: Mesma coisa que norma penal em branco ● DA NORMA PENAL EM BRANCO A) DEFINIÇÃO ■ É uma norma incriminadora incompleta e que precisa de complemento no seu preceito primário. B) CLASSIFICAÇÃO 1. LEI PENAL EM BRANCO EM SENTIDO LATO (HOMOGÊNEA): O complemento é buscado na mesma fonte legislativa da norma que precisa ser complementada. Ex: Reingresso de estrangeiro expulso. Ex: Art. 304/CP. ■ HOMOVITELINA E HETEROVITELINA ○ Homovitelina: Norma que é complementada pelo mesmo ramo do direto (mesma fonte legislativa). Ex: Art. 304/CP. ○ Heterovitelina: Norma que é complementada por ramos diferentes do direito. Ex: Contrair casamento ocultando impedimento. 2. LEI PENAL EM BRANCO EM SENTIDO ESTRITO (HETEROGÊNEA): A norma que vai ser complementada busca seu complemento em normas de hierarquia inferior, em fonte legislativa diversa. Ex: regulamentos, portarias, etc. ■ Para muitos doutrinadores ela não fere o princípio da legalidade. Porém este não é o pensamento majoritário. ■ Esses pensadores majoritários dizem que ela não fere o princípio da legalidade quando previsto no núcleo essencial da conduta (núcleo = verbo = conduta que não posso praticar). 3. LEI PENAL EM BRANCO INVERSA (AO REVÉS): O complemento é necessário no preceito secundário, na parte da sanção. Ex: Art. 304/CP. 4. LEI PENAL EM BRANCO AO QUADRADO: É aquela que o complemento também precisará ser complementado. CONFLITO APARENTE DE NORMA ● CONCEITO: Terá conflito aparente de norma quando aparentemente, para o mesmo caso, tem-se mais de uma norma podendo ser aplicada. Chama-se de ‘‘aparente’’ porque ele não é real, porque a partir do momento que a norma é interpretada, sabe-se qual norma vai ser aplicada. ● REQUISITOS: 1. Unidade de fatos. Não pode ter pluralidade de fatos. 2. Vigência simultânea de leis. OBJETIVOS: ○ Evitar a dupla punição pelo mesmo fato (ne bis in idem) ○ Manter a coerência do sistema jurídico ○ Tem-se os princípios ● PRINCÍPIOS APLICÁVEIS: Tentam resolver o conflito aparente de normas para dar a coerência ao ordenamento jurídico. A) ESPECIALIDADE: A doutrina diz que é o único que está previsto de fato no código penal (art. 12). Por esse princípio, a norma especial prevalece sobre a norma geral. ■ Tem-se uma norma genérica e outra especial. A norma especial contém tudo que a genérica possui, mas vai além da previsão da genérica (elemento especializante). ■ Ex: No artigo 121/CP. É uma norma genérica. Se eu, logo após o parto, ou durante o parto, mato meu filho, que acabou de nascer, eu não respondo por homicídio. Responde-se por infanticídio (artigo 123/CP). Se encaixa nos dois tipos de crime, mas não pode responder pelos dois. O crime que se encaixa melhor neste caso concreto é o infanticídio - Tipo penal especial. B) SUBSIDIARIEDADE: Por esse princípio tem-se uma norma primária e outra secundária. Aqui tem-se uma relação de gravidade do crime. A norma principal, que prevalece, sempre será mais grave que a norma subsidiária. Ou seja, tem-se alguns crimes que serão subsidiários (soldado reserva) ■ Ex: Crime Constrangimento Ilegal, previsto no art 146/CP. Tem vários outros crimes que dentro da sua configuração tem o constrangimento ilegal (ex: crime de estupro). OBSERVAÇÃO ○ Conflito aparente de normas não deve ser confundido com concurso de crimes ( sujeito praticou mais de um crime). Ex: Explodir uma bomba na sala. Foi um só ato, porém houve mais de um homicídio - mais de um crime. ○ O conflito aparente de normas também se difere de sucessão de leis no tempo (uma lei entra em vigor após a outra). ■ Só acontece se houver somente o crime de constrangimento, se houver mais alguma coisa para além do constrangimento, a pessoa não responde pelo crime de constrangimento ilegal e sim pelo estupro, por exemplo. ■ Essa subsidiariedade pode ser tácita ou expressa. C) CONSUNÇÃO (ABSORÇÃO): Divide em cinco situações. Em todas elas tem-se exemplos de crimes que são absolvidos por outros crimes. Em tese o crime mais grave absolve o crime menos grave. ■ PROGRESSÃO CRIMINOSA: Acontece quando há uma alteração no dolo do agente. ○ O dolo é a intenção de praticar determinada conduta. ○ O dolo inicial, na progressão criminosa, era um, mas o agente acaba alterando o dolo dele para uma situação mais grave. ○ O agente responde pelo dolo final. ■ CRIME PROGRESSIVO: Não há uma mudança de dolo. O dolo do agente, desde o início, é o mais grave. Porém, para chegar nesse crime mais grave, tem-se que passar, necessariamente, pelo crime menos grave. ○ Para chegar no homicídio, tem-se que passar pela lesão corporal ○ O sujeito responde por homicídio. ■ FATO ANTERIOR IMPUNÍVEL: Fato que é necessário para a prática do crime. Quando o sujeito acaba praticando uma conduta anterior que é crime, mas não é objeto da sua intenção. ○ Ex: Crime de furto. É possível praticar um furto sem entrar na casa de alguém? Com autorização dela? Isso significa que, além do furto, haveria a invasão de domicílio. ○ Não é crime progressivo porque é possívelfurtar sem invadir o domicílio. ○ O sujeito não responde pela invasão de domicílio, mas sim pelo furto. Portanto, o furto absolve o crime de invasão. ■ PÓS FATO IMPUNÍVEL: Aquilo que acontece depois da ocorrência do crime e que não é considerado delituoso. Visto como uma consequência natural. ○ Ex: Furto de um celular. É um crime de furto. Ao quebrar o celular, o sujeito não é punido por isso. ○ Ex: Vendas de objetos após o furto. ○ O sujeito responde pelo crime de furto. DIFERENÇA ENTRE ESPECIALIDADE E SUBSIDIARIEDADE: 1) Na subsidiariedade, a norma mais grave prevalece sobre a menos grave; 2) A gravidade na subsidiariedade é observada no caso concreto, enquanto na especialidade basta ler o tipo penal. ○ Súmula 17/STJ - ■ CRIME COMPLEXO: Aquele que tem a junção de mais de um tipo penal ○ Ex: Roubo. É considerado crime complexo porque tem o furto, pode ter o crime de ameaça e ainda o crime de constrangimento ilegal. ○ Nesse caso, o roubo absolve os crimes menos graves (furto, ameaça e constrangimento) D) ALTERNATIVIDADE: ■ Crime de ação múltipla: Pode praticar o crime de diversas formas. ■ Ex: Tráfico de drogas. Ter depósito de drogas ou semear, por exemplo. ■ Tem-se uma única lei, os verbos é o próprio tipo penal que dá mais de uma possibilidade de praticar o crime. TEMPO DO CRIME ● TEORIAS ■ ATIVIDADE: O tempo do crime é o tempo da ação ou omissão, independente do tempo do resultado. ○ Ex: Uma pessoa leva um tiro em 2013, mas entra em coma e morre em 2014. Em 2013 o agente tinha 17 anos, sendo inimputável, mesmo em 2014 já ter feito 18 anos (responde pelo ECA) ○ Teoria adotada pelo nosso Código Penal. ■ RESULTADO: O que importa é o momento do resultado independente da ação ou omissão. ○ Ex: Mesmo caso acima. Em 2014, o agente responderia com base no Código Penal. ■ UBIQUIDADE: O tempo do crime é tanto o tempo da ação/omissão quanto o tempo do resultado. LEI PENAL NO TEMPO ● EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL: Capacidade da lei penal de se movimentar no tempo. ■ ULTRA-ATIVIDADE: A lei penal é aplicada ao fato ocorrido na época da vigência dela mesmo após ter sido revogada. ■ RETROATIVIDADE: A lei penal aplicada é aquela que beneficia o réu, mesmo não sendo na época do fato ocorrido. ● SUCESSÃO DE LEIS NO TEMPO: Uma lei entra em vigor depois da outra, não estão vigendo ao mesmo tempo. ■ NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA: É a nova lei que cria um novo tipo penal (crime) que até então era inexistente. Ex: Importunação sexual. Possui vigência para frente, não pode retroagir; questão de segurança jurídica. ■ NOVATIO LEGIS IN PEJUS: É a nova lei que de alguma forma piora o tratamento para determinado crime. Não cria um tipo penal novo. Ex: Alteração do Código Penal em relação à arma (causa de aumento até metade) para arma de fogo (causa de aumento até ⅔). ■ ABOLITIO CRIMINIS: É a abolição do crime. O contrário da novatio legis incriminadora. Determinada conduta que era importante para o direito penal, deixa de ser importante. Ex: Adultério, rapto de mulher honesta, etc. Requisitos necessários: 1. Revogação do artigo 2. Supressão material da conduta ○ Exclui todos os efeitos penais relacionados ao crime (investigações, processos são arquivados, antecedentes penais são excluídos, o preso é solto). ○ OBS.: Indenização é uma consequência civil, ou seja, permanece válida. ○ Abolitio Criminis Temporária: abolição de um crime específico por um prazo determinado. ○ Continuidade normativo típica: A conduta permanece sendo ilícita, pois continua sendo importante para o direito penal. ➢ Ex.: O atentado violento ao pudor foi revogado, mas suas normas foram redirecionadas para o estupro. ■ NOVATIO LEGIS IN MELLIUS: Não abole o crime, mas traz um tratamento mais brando. Ex: Alteração da lei de arma e arma de fogo, neste caso em relação a pena de arma branca. Retroage, independente de ter sido transitado em julgado. ● LEI TEMPORÁRIA E LEI EXCEPCIONAL: Estão prevista no art 2/CP. A lei temporária é aquela que tem prazo de vigência determinado. Ou seja, sabe-se quando ela vai entrar em vigor e quando ela vai deixar de viger. A lei excepcional é criada para regular situações excepcionais, e vai vigorar enquanto durar esta situação excepcional. ○ Exemplo de Temporária: A lei geral da copa. Crimes relacionados a copa. Entrou em vigor com prazo determinado de vigência. Regula uma situação específica. ○ Elas são aplicadas mesmo depois de revogadas. As duas leis são auto revogáveis, não precisam de outra lei. ● LEI INTERMEDIÁRIA: É aquela que está situada entre a lei da época do fato e a lei da época do julgamento. ● COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS: Discussão da possibilidade ou não de se combinar mais de uma lei penal. Ou seja, pega-se um aspecto positivo de uma lei e um aspecto negativo de outra lei e aplicar no caso concreto. Esta discussão começou a surgir principalmente devido a nova Lei de Drogas. ○ Súmula 501 do STJ ○ Esta combinação não é possível porque, ao fazer essa combinação, o judiciário estaria criando uma terceira lei (lei híbrida). O poder judiciário não cria lei, mas sim o legislativo. Neste caso, ele estaria invadindo o poder legislativo. ○ Ex.: Lei de Drogas de 1976 possuía uma pena de 3 a 15 anos para o tráfico, já a nova Lei de Drogas (11343) de 2006 aplica uma pena de 5 a 15 anos; além de possuir uma causa de diminuição (Tráfico Privilegiado). Os advogados desejam unir a pena de 1976 com a causa de diminuição. ● LEI PENAL E CRIME PERMANENTE/CONTINUADO: O crime permanente é aquele cuja a consumação se prolonga no tempo. Ex: Cárcere privado e sequestro. Enquanto o crime continuado tem-se vários crimes, mas um acaba sendo continuação do outro. Ex: Serial Killer ○ Exemplo de Crime Permanente: Um sequestro acontece em 2014 e pena, na época, era de 4 a 10 anos. Passou-se o tempo, criou-se uma outra lei, que aumentou a pena de 6 a 12 anos. No final de 2015 o sequestrado foi solto. Aquele que cometeu o crime será julgado conforme a segunda lei, visto que a consumação se prolongou no tempo. ○ Nos dois crimes, se a permanência do crime ainda existe quando a lei nova entra em vigor, é ela que vai ser utilizada mesmo que ela seja mais grave que a primeira. Súmula 711 do STF. ● LEI PENAL E VACATIO LEGIS: A lei penal em período Vacatio Legis não pode ser aplicada, nem mesmo se for beneficiar. LEI PENAL NO ESPAÇO ● PRINCIPIOLOGIA: No ordenamento pátrio, com o fito de solucionar a colisão de jurisdições, emergem seis normas principiológicas: ■ PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE: Aplica-se a lei penal do local do crime. Não importará a nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico tutelado. ■ PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE ATIVA: Aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente. Não importa o local do crime, a nacionalidade da vítima ou nacionalidade do bem-jurídico tutelado. ■ PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE PASSIVA: Aplica-se a lei da nacionalidade da vítima. Não importa a nacionalidade do agente, do bem-jurídico ou o local do crime. Cezar Roberto Bitencourt. ■ PRINCÍPIODA DEFESA (OU REAL): Aplica-se a lei penal da nacionalidade do bem-jurídico lesado. Não importa a nacionalidade dos envolvidos ou local do crime. ■ PRINCÍPIO DA JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL/JUSTIÇA COSMOPOLITA: O agente fica sujeito a lei penal do país em que ele for encontrado. Não importa o local do crime, a nacionalidade dos envolvidos ou do bem-jurídico tutelado. Este princípio está normalmente presente nos tratados internacionais de cooperação na repressão a determinados delitos de alcance transnacional. ■ PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO/DO PAVILHÃO/DA BANDEIRA/DA SUBSTITUIÇÃO/DA SUBSIDIARIEDADE: A lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos em aeronaves e embarcações privadas, quando praticados no estrangeiro e aí não sejam julgados (inércia do país estrangeiro). Não importarão os sujeitos, a nacionalidade do bem jurídico, nem loca do crime. ■ APLICA-SE A LEI BRASILEIRA O CRIME COMETIDO NO TERRITÓRIO NACIONAL, MAS CONSIDERADA MITIGADA OU TEMPERADA. ● CONCEITOS GERAIS ■ TERRITORIALIDADE: Local do crime no Brasil. Lei aplicável será brasileira. ■ EXTRATERRITORIALIDADE: Local do crime no estrangeiro. Lei aplicável será a brasileira. ■ EXTRATERRITORIALIDADE: Local do crime no Brasil. Lei aplicável será a brasileira (ex: imunidade parlamentar). ○ NESTE CASO, QUAL JUIZ IRÁ APLICAR A LEI? ■ TERRITÓRIO NACIONAL: Espaço geográfico + espaço jurídico (por ficção, equiparação dada pelo código). Art 5º/CP. OBSERVAÇÕES: ○ Se públicas ou a serviço do governo estrangeiro não se aplica a Lei Brasileira Princípio da Reciprocidade). ○ Um crime cometido em um navio público, aplica-se a lei do país de origem do navio. Caso seja em um navio privado, aplica-se a lei do mar territorial. Mesma ideia para aeronaves. ○ A competência que julga crimes cometidos a bordo de aeronaves e navios será da Justiça Federal. A CF fala de navio, enquanto o CP fala de embarcação. O navio tem um porte maior que a embarcação. Para saber se a competência é da Justiça Federal ou não, tem-se que analisar o porte do navio/embarcação. ○ Se um crime acontece dentro de uma aeronave, a competência e da Justiça Federal, ainda que esteja em solo. ● CONCLUSÕES DO ART. 5º DO CÓDIGO PENAL 1. Quando o navio ou aeronave brasileiro for PÚBLICO ou estiver a serviço do governo brasileiro, quer se encontra em território nacional ou estrangeiro, é considerado parte do nosso território. 2. Se PRIVADO, quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente, segue a lei da bandeira que ostenta. 3. Quando ESTRANGEIRO, em território brasileiro, DESDE QUE PRIVADO, é considerado parte de nosso território. 4. LUGAR DO CRIME: No que tange ao conhecimento do lugar do crime, temos três teorias que discutem o assunto (começa em um país e termina em outro): ■ TEORIA DA ATIVIDADE: Considera-se praticado o crime no lugar da conduta, independente de onde aconteceu o resultado; ■ TEORIA DO RESULTADO/ EVENTO: O crime considera-se praticado no lugar do resultado (evento); ■ TEORIA MISTA/ UBIQUIDADE: Considera-se praticado o crime no lugar da conduta ou resultado. Nessa situação, o lugar do crime é tanto o lugar da ação quando do resultado. ■ O Brasil adotou a 3º teoria (mista ou da ubiquidade - art. 6º/CP) ■ Atenção: Se no Brasil ocorre somente o planejamento e/ou preparação do crime, o fato, em regra, não interessa ao Direito Brasileiro, salvo quando a preparação, por si só, caracterizar crime (Ex: Art. 288/CP) ■ Crime Plurilocal: Crime percorrido em dois ou mais territórios do Brasil (SP, BA, RJ) - Art. 70/CPP. 5. EXTRATERRITORIALIDADE: Em casos excepcionais, a nossa lei poderá extrapolar os limites do território, alcançando crimes cometidos exclusivamente no estrangeiros (art. 7º/CP). ■ EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA (art. 7º, I/CP) A) Crime contra a vida ou a liberdade do Presidente da República (princípio da defesa/real) B) Crimes contra o patrimônio público brasileiro (princípio da defesa/real) C) Crime contra a administração pública (princípio da defesa/real) D) D) Genocídio (princípio da justiça universal) ○ §1º Nos casos do Inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro ○ #Exceção ao NON BIS IN IDEM ■ EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA (art. 7, II/CP) A) Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (princípio da justiça universal); B) Crimes praticados por brasileiro (princípio da nacionalidade ativa) C) Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território e aí não sejam julgados (princípio da representação). ○ §2º Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira DEPENDE do concurso das seguintes condições: 1. Entrar o agente no território nacional. #O AGENTE NÃO PRECISA PERMANECER NO TERRITÓRIO NACIONAL (ESPAÇO GEOGRÁFICO + JURÍDICO) 2. Ser o fato punível também no país em que foi praticado. #DEVE SER CRIME NO BRASIL E NO PAÍS EM QUE FOI PRATICADO O ATO. 3. Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a leis brasileira autoriza a extradição. #OBSERVAR O ART. 77 DA LEI 6.815/80 (ESTATUTO DO ESTRANGEIRO). 4. Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena 5. Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. ■ EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA (art. 7º, §3º/CP): Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do brasil (princípio da nacionalidade passiva) ○ §3º, art 7º/ C. A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: A) Não foi pedida ou foi negada a extradição B) Houve requisição do Ministério da Justiça 6. PENA CUMRPIDA NO ESTRANGEIRO ■ Art. 8º /CP - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é comutada, quando idênticas (ATENUA o bis in idem) ■ OBS2: É possível que o agente seja processado julgado e condenado, tanto APLICAÇÃO DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS ● CONCEITO: Prerrogativas funcionais e não privilégios pessoais. ● ESPÉCIES DE IMUNIDADES ■ MATERIAL (SUBSTANCIAL, REAL): Retira a possibilidade da aplicação da lei penal, ou seja, o fato não irá constituir crime. Ex.: Imunidade Parlamentar ■ IMUNIDADE FORMAL (PROCESSUAL OU RELATIVA): Imunidade processual. O crime existe, mas o processo não vai poder existir. ● IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS A) Objetivo: Permite que o diplomata realize seu trabalho sem que perseguições injustas aconteçam. B) Princípio da Reciprocidade: O diplomata brasileiro no estrangeiro goza dos mesmos direitos que o diplomata estrangeiro no Brasil. C) A convenção de viena: Vai tratar das imunidades diplomática (regulamentar) Art. 29 A pessoa do agente diplomático é inviolável. Não poderá ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão. O Estado acreditado trata-lo-á com o devido respeito e adotará tôdas as medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à sua pessoa, liberdade ou dignidade. Art. 31 O agente diplomático gozará de imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado. Gozará tambémda imunidade de jurisdição civil e administrativa. Obs: A imunidade dos diplomatas é para qualquer tipo de infração penal não sendo necessário que seja no exercício da função. Obs2: Extensão da imunidade aos Chefes de Governo Estrangeiro e os respectivos ministros de relações exteriores. Obs3: A imunidade penal não se estende aos empregados particulares dos agentes diplomáticos, ainda que não sejam brasileiros. ■ EXTENSÃO DA IMUNIDADE DOS AGENTES DIPLOMÁTICAS AOS: 1. Membros da família de um agente diplomático que com ele vivam: gozarão dos privilégios e imunidade mencionados no art. 29 e 36, desde que não sejam nacionais (nato) do estado acreditado. 2. Membros do pessoal administrativo e técnico da missão, assim como os membros de suas famílias que com eles vivam, desde que não sejam nacionais do estado acreditado nem nele tenham residência permanente. 3. Membros do pessoal de serviço da Missão, que não sejam nacionais do Estado acreditado nem nele tenham residência permanente, gozarão de imunidades quanto aos atos praticados no exercício de suas funções. IMUNIDADE MAIS RESTRITA. ■ A IMUNIDADE EM RELAÇÃO AO CÔNSUL: 1. Existe, mas é mais restrita, pois possui imunidade apenas em relação ao exercício das funções. 2. Conclusão sobre quem possui imunidades: a) Chefes de Governo ou de Estado Estrangeiro e sua família e membros de sua comitiva; b) Embaixador e sua família; c) Os funcionários do corpo diplomático e sua família; d) Funcionários das organizações internacionais (Organização das Nações Unidas) quando em serviço; e) Cônsul, apenas em relação ao exercício das funções. ● NATUREZA JURÍDICA E RENÚNCIA ■ Imunidade formal e não material ■ Esta imunidade não é renunciável. Somente quem pode renunciar à imunidade é próprio país de origem, não o diplomata. ● IMUNIDADES PARLAMENTARES ■ IMUNIDADE MATERIAL OU PARLAMENTAR: Previsão no artigo 53, caput, Constituição Federal: Art. 53 Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. ■ Inviolabilidade = Imunidade Material ■ Essa imunidade se estende às esferas administrativas e política? É possível responsabilização disciplinar por palavras? ■ Os artigos 27, §1º e art. 29, VIII, estendem as imunidades dos parlamentares federais aos deputados estaduais e vereadores, respectivamente. ■ Obs: Para que se possa falar em imunidade material é imprescindível que a manifestação do parlamentar seja relacionada ao exercício do seu mandato. Sendo assim, o parlamentar que se afasta de sua função não mantém a inviolabilidade ➢ Cancelamento da Súmula n. 4 do STF que previa “Não perde a imunidade parlamentar o congressista nomeado Ministro do Estado”. ■ Essa imunidade parlamentar se estende aos suplentes? Não. ■ Se estende aos corréus? Súmula 245 do STF. ■ Irrenunciável? Nem o parlamentar nem o congresso nacional podem renunciar. Ela é irrenunciável. Súmula 245 do STF: A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa. ■ NATUREZA JURÍDICA DA IMUNIDADE MATERIAL PARLAMENTAR ○ TEORIAS: A) Causa de exclusão de crime; B) Causa pessoal e funcional de isenção de pena; C) Causa de irresponsabilidade; D) Causa de incapacidade penal por razões políticas; E) Causa de atipicidade do fato (STF). ● IMUNIDADE FORMAL OU PARLAMENTAR ■ O parlamentar possui imunidade material, ou seja, a lei penal não é violada em relação aos votos, opiniões praticados durante o exercício da função. ■ Os parlamentares gozam de imunidade formal, que é dividida em dois tipos: Para Prisão e Para o Processo. ■ IMUNIDADE FORMAL PARA PRISÃO: ○ Vai impor certos limites a realização de prisões de parlamentares, senadores, deputados federais e deputados estaduais. Art. 53, §2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável*. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão *Significa que essa imunidade formal relacionada a prisão tem relação com as prisões cautelares ou pré-cautelares. Eles não podem ser presos, durante o mandato, preventivamente o temporariamente e prisão em flagrante só se for por crime inafiançável. ➢ Prisão Cautelar = Preventiva e temporária. = Não é uma prisão decorrente de uma sentença condenatória. Não é uma prisão pena. Ela é necessária para o curso da investigação do processo. ➢ Prisão Pré-Cautelar = Prisão em flagrante. = Evitar que o crime continue acontecendo. ➢ A prisão pena não está incluída na imunidade formal. Ela é decorrente de uma sentença obrigatória. ➢ O próprio CPP diz quais são os crime afiançáveis e inafiançáveis (por exclusão; ele fala dos inafiançáveis). ➢ Crime inafiançável = Quando uma pessoa é presa em flagrante ela pode ser colocada em liberdade através da liberdade provisória. Esta liberdade provisória pode ser concedida com fiança ou sem fiança. A fiança é um caução, uma forma de vincular o sujeito ao processo. Com fiança = Só vai receber o valor da fiança se ele for absolvido e se não quebrar a fiança. Crimes hediondos são inafiançáveis. ■ IMUNIDADE FORMAL PARA PROCESSO Art. 53, §3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. ○ Até a emenda constitucional 35 de 2001, para que um processo fosse iniciado era necessário a autorização da Casa Legislativa; hoje não é mais. A partir dessa emenda, para o início do processo, não é necessário uma autorização. Ou seja, o Ministério Público pode denunciar. ○ Não precisa de anuência para iniciar o processo. ○ Prazo para apreciar eventual pedido de sustação do processo é de 45 dias improrrogáveis. ○ Crime ocorrido após a diplomação. ■ IMUNIDADE PARLAMENTAR E ESTADO DE SÍTIO ○ Estado de Sítio: Há uma instabilidade institucional e os direito e garantias fundamentais são relativizados. ○ Se há um estado de sítio, os parlamentares mantém a imunidade? Se tivermos diante da prática de uma conduta funcional dentro do Congresso Nacional, esta imunidade continua sendo absoluta. Se foi fora do Congresso, mas ainda no exercício da função, pode-se ter a retirada da imunidade desde que seja decidido isso por ⅔ da Casa Legislativa. ○ A imunidade no exercício da função quando for dentro do Congresso Nacional, será considerada absoluta. Só que o próprio STF rechaça a existência de direitos absolutos. ● FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ■ Foro privilegiado. ■ Não é bem uma imunidade, mas uma regra de competência. ■ Significa que a competência para processar e julgar os parlamentares vai ser modificada. O parlamentar, o deputado e o senador não são julgados por juiz de primeiro grau. ○ Senador e Deputado Federal = Julgados pelo STF. Se o crime for eleitoral, também será o STF. ○ Deputado Estadual = Julgado pelo TJ do Estado. Em caso de crime eleitoral, será o TSE.○ Vereador = Não tem foro por prerrogativa. ■ E em casos de crimes dolosos contra vida? ○ Senador e Deputado Federal = Não vai ao tribunal do júri, será julgado pelo STF. ○ Deputado Estadual = Julgado pelo TJ. Porém há controvérsias doutrinárias. ○ Vereador = Julgado no tribunal do júri. Súmula Vinculante 45 do STF: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.
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