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Ivana Da Rosa Iesbik 1 Cardiologia Endocardite infecciosa Introdução Antigamente chamada de endocardite bacteriana, a endocardite infecciosa é definida por um processo infeccioso do endotélio das valvas cardíacas, das câmaras cardíacas ou das grandes artérias. Classificação Antes do advento da antibioticoterapia, a endocardite infecciosa era classificada em aguda e subaguda, quando sua mortalidade era virtualmente de 100%. Esses termos eram baseados na progressão da infecção sem tratamento. Etiologia Admite-se que qualquer microorganismo possa ser o agente etiológico da endocardite infecciosa. Entretanto, há predomínio nítido de certas bactérias, fato a ser considerado quando há suspeita diagnóstica de endocardite. Figura 1 - Possíveis portas de entrada da endocardite infecciosa. A endocardite infecciosa é causada principalmente por: Estreptococos: 40 a 60% dos casos. Estafilococos: 20 a 30% dos casos. Outras bactérias Gram-positivas e Gram- negativas (10 a 20%). Fungos (Raramente). Os estreptococos são cocos gram positivos que se agrupam formando cadeias e que existem em várias espécies. - hemolítico que pertence a flora normal da orofaringe e que é responsável por 70% das endocardites infecciosas subagudas. Sua principal porta de entrada para a circulação sangüínea decorre de manipulações odontológicas. O Streptococcus fecalis é um enterococo encontrado na flora intestinal que pode causar infecções urinárias e, eventualmente, endocardite infecciosa. O Streptococcus bovis também é um enterococo encontrado na flora intestinal. Ele pode levar ao desenvolvimento de uma endocardite principalmente na presença de neoplasias de cólon. Por esse motivo, mesmo na ausência de sintomas gastrointestinais, está indicada a pesquisa de neoplasia de cólon nos portadores de endocardite por S. bovis. Os estafilococos também são cocos gram- positivos, mas que dividem-se em vários planos tendendo a formar cachos. O Staphylococcus aureus é o agente que causa a maior incidência de endocardite infecciosa aguda. Ele causa endocardite principalmente em portadores de lesões cardíacas, de próteses valvares cardíacas, em indivíduos sem evidência de cardiopatia prévia e em viciados no uso de drogas por via endovenosa. Ivana Da Rosa Iesbik 2 Cardiologia O Staphylococcus epidermidis é o responsável pela maior incidência de endocardite em valvas prostéticas. Ao contrário do S. aureus, a endocardite causada pelo S. epidermidis é geralmente subaguda, com um curso protraído, ou seja, com pouca sintomatologia. Fatores predisponentes As endocardites ocorrem mais freqüentemente em portadores de lesão cardiovascular. De acordo com a predisposição, nós podemos dividir essas lesões em situações de alto, médio e baixo risco. Dentre as situações de alto risco nós temos: Próteses valvares; Valvopatias aórticas; Insuficiência mitral; Persistência do canal arterial; Comunicação interventricular; Coartação da aorta e Síndrome de Marfan Doença do colágeno. As situações de médio risco são: Prolapso de valva mitral; Estenose mitral; Valvopatias tricúspides; Valvopatias pulmonares; Miocardiopatia hipertrófica; Calcificação da valva aorta e Cateterismo cardíaco. Como situações de baixo risco estão: Comunicações interatriais; Ateromas; Aortite sifilítica; Marca-passo; Outros. Contudo, alguns pacientes não apresentam evidência prévia de cardiopatia. No nosso meio, a situação que mais predispõe a instalação de uma endocardite infecciosa são as valvopatias reumáticas, preferencialmente entre os 15 e os 60 anos de idade. Abaixo dos 15 anos, no Brasil, a maior incidência de endocardite infecciosa ocorre sobre lesões congênitas. O quadro abaixo mostra o risco de se desenvolver uma endocardite de acordo com várias situações. Patogenia A endocardite infecciosa decorre da aderência de bactérias no endotélio vascular ou no endocárdio que se multiplicam até a formação de vegetações. Na endocardite aguda, como o agente primário é geralmente invasivo, essa aderência ocorre sem dificuldades. Na endocardite subaguda, porém, há necessidade de que ocorram alguns mecanismos para essa aderência se proceder. Por exemplo, quando ocorre estreitamento em um vaso há um aumento de pressão a montante do segmento estreitado e uma redução de pressão a jusante. Esse gradiente pressórico vai produzir um conseqüente aumento na velocidade do fluxo no segmento estreitado, efeito conhecido como efeito Venturi. Esse aumento na velocidade do fluxo sangüíneo pode provocar uma lesão endotelial neste segmento, chamada de lesão em jato, que vai fazer uma exposição de colágeno endotelial, favorecendo a aderência de plaquetas e de fibrina. Com isso, caso ocorra uma bacteremia, essas bactérias vão poder se aderir a esse trombo plaquetário, multiplicando-se e lesionando ainda mais o endotélio. Desta maneira, nós observamos que qualquer situação que provoque um aumento na velocidade do fluxo sangüíneo em uma estrutura Ivana Da Rosa Iesbik 3 Cardiologia pode causar uma lesão em jato e, conseqüentemente, uma endocardite infecciosa. As vegetações da endocardite têm a tendência de se localizar predominantemente no coração esquerdo, onde se localizam em 85% das endocardites subagudas e em 65% das infecções agudas. A freqüência de acometimento do coração direito é, em média, de 5%. Todavia, nos pacientes droga-aditos, o acometimento do lado direito pode ter um aumento de até 55%. As lesões provocadas pela endocardite aguda são rapidamente destrutivas e podem provocar perfuração e rotura das valvas e cordas tendíneas, produzindo freqüentemente uma insuficiência valvar aguda. As vegetações podem se fragmentar, desprender e provocar embolia arterial sistêmica, no caso da endocardite de câmaras cardíacas esquerdas, ou embolia arterial pulmonar, no caso de endocardite de câmaras direitas. Patologia A endocardite infecciosa é uma patologia em que ocorre assentamento e proliferação de bactérias ou fungos no endotélio, no endocárdio ou nas valvas cardíacas, formando vegetações. As vegetações da endocardite são maiores quando produzidas por fungos, e localizam-se com maior freqüência no coração esquerdo. Porém, a freqüência de vegetações nas câmaras direitas pode aumentar nos pacientes drogaditos. Microscopicamente, as lesões provocadas pela endocardite aguda são caracterizadas por uma população de polimorfonucleares neutrófilos rodeados por muitas bactérias. Em portadores de bioprótese valvar cardíaca, a infecção pode não se configurar como verruga, mas como um tecido de aspecto gelatinoso recobrindo a prótese ou, em casos de próteses mecânicas, ficar mais restrita ao anel. As lesões da endocardite subaguda, por sua vez, apresentam-se por trombos plaquetários e fibrinosos associados a colônias bacterianas e rodeadas por um infiltrado crônico, monomorfonuclear no miocardio. A essa lesão patognomonica da endocardite subaguda, que manifesta-se pela formação de microabscessos no miocardio, dá-se o nome de lesão de Bracht –Wachter. Como complicação, pode haver liberação desses trombos cardíacos e a consequente produção de infartos periféricos, esplênicos, renais, cerebrais, etc. Figura: Vegetações em valva mitral e átrio esquerdo. Manifestações clinicas As manifestações clinicas da endocardite infecciosa ocorrem na dependência de alguns fatores como: Processo infeccioso valvar; Embolizações; Infecções metastáticas; Deposição de globulinas anormais e complexos imunes à distância. As endocardites agudas geralmente apresentam um início súbito e rapidamente progressivo. A embolização podeser o primeiro sintoma das endocardites infecciosas agudas. Ivana Da Rosa Iesbik 4 Cardiologia A endocardite subaguda, por sua vez, tem um início sintomatológico decorrente principalmente da infecção, ou seja, com astenia, febre, anorexia e emagrecimento. Todavia, suas complicações também podem se manifestar como os primeiros sintomas doença. Existem basicamente dois grupos de complicações nas endocardites subagudas. 1. Complicações embólicas Que podem produzir infartos renais, esplênicos, acidentes vasculares cerebrais, infartos miocárdicos, cegueira, etc. 2. Complicações imunes Que podem gerar pericardites, artrites, glomerulonefrites agudas. Ainda, nós podemos encontrar sinais e sintomas que aparecem tanto nas endocardites agudas quanto nas subagudas, como por exemplo: Febre: 100%; Sopro: 85% dos pacientes apresentam sopro na primeira consulta. Porém, 30% das endocardites infecciosas agudas não apresentam. Anemia: Normocítica e normocrômica; Esplenomegalia : 25 a 60%; Artralgia; Sinais cutâneo-mucosos; Petéquias; Hemorragias subungueais Nódulos de Osler: São nódulos extremamente dolorosos que podem se evidenciar à compressão das polpas digitais dos pés e das mãos dos pacientes. Lesões de Janeway: Que correspondem a manchas eritematosas na palma das mãos e na planta dos pés. Manchas de Roth: São manchas amareladas circundadas por um halo avermelhado localizadas na retina. Ou seja, são lesões observadas no exame fundoscópico e que representam o microabscesso retiniano. Baqueteamento. Todos esses sinais cutâneo-mucosos, com exceção do baqueteamento, são lesões decorrentes da deposição de complexos-imunes nos capilares, causando embolização e conseqüente vasculite. Complicações As principais complicações das endocardites infecciosas são: Complicações cardíacas. Insuficiência cardíaca (55%). Ruptura de valvas e/ou cordoalhas tendíneas. Abscesso miocárdico (20%) Pericardite: Imunológica Miocardite; Embolizações Ivana Da Rosa Iesbik 5 Cardiologia Baço (44%) Rins (52% na endocardite subaguda e 7% na endocardite aguda) IAM (40 a 60%) Cérebro (Jochman 1914) A primeira hipótese que deve ser levantada na história clínica de AVC em pacientes jovens é a endocardite infecciosa com aneurisma micótico. Periféricas >> Principalmente causadas por fungos; Infecções metastáticas >> Staphylococcus aureus; Aneurismas micóticos >> 3 a 5% São mais freqüentes na aorta proximal e ocorrem devido a microembolias sépticas causadas pela deposição de complexos imunes nos vasa vasorum da parede arterial, propiciando a invasão direta da parede pelo microorganismo. O aneurisma micótico é, na realidade, um pseudo-aneurisma, porque ele se constitui de um hematoma perivascular sem parede arterial, e não implica etiologia fúngica como o nome sugere. Neurológicas Embolias Aneurismas Abscessos; Renais Infecção renal maciça Microinfartos Nefrite intersticial Glomerulonefrites; Musculoesqueléticas Artralgia Artrites. Diagnóstico É feito com base no quadro clínico e na identificação do agente etiológico nas hemoculturas. Toda vez que um paciente com lesão cardíaca predisponente à endocardite, como uma prótese valvar, por exemplo, chega para nós com sintomatologia sugestiva, deve-se fazer uma ampla investigação para ver se esse paciente está realmente com endocardite ou se sua sintomatologia não é decorrente de outras causas de febre. Exames complementares O hemograma é um exame que, na endocardite infecciosa, pode-nos mostrar alterações altamente inespecíficas. Por exemplo, as alterações decorrentes de uma endocardite subaguda como anemia normocítica e normocrômica, leucocitose e VHS elevado são situações que também podem ser encontradas em qualquer processo inflamatório. O parcial de urina pode estar anormal em metade dos casos de endocardite, com hematúria e/ou proteinúria, devido as freqüentes lesões renais que podem ocorrer como complicação de uma endocardite. A hemocultura é um exame quase que insubstituível na pesquisa da endocardite infecciosa. Nós podemos dizer que a hemocultura é o exame diagnóstico chave para a endocardite infecciosa porque é ela quem vai identificar seu agente etiológico. Para colher o material desse exame, é importante que nós realizemos uma anti-sepsia cuidadosa da pele do paciente para evitar contaminação das amostras. A anti-sepsia mecânica deve ser realizada sem o auxílio de escova para que não haja escoriações na pele do paciente e, na anti-sepsia química, deve-se tomar cuidado para que o degermante seja secado naturalmente porque ele só tem uma ação eficaz quando seco. Então, pode-se proceder a coleta de quatro amostras de 10 ml de sangue venoso no primeiro dia, mais quatro no segundo, com um intervalo de 15 a 60 minutos entre cada uma delas, de acordo com a urgência do paciente. Ivana Da Rosa Iesbik 6 Cardiologia O resultado da hemocultura vai ser positivo quando apresentar crescimento do germe em pelo menos duas das quatro amostras de sangue. Ela é capaz de detectar a presença de germes aeróbios, anaeróbios e fungos. Caso apenas uma amostra apresente-se positiva, nós dizemos que houve contaminação na coleta do material, e a hemocultura deve ser novamente realizada. Antigamente, preconizava-se colher as amostras durante os picos febris da doença, mas hoje se sabe que não existe um aumento significativo do número de germes nessa fase. A cultura de sangue arterial não é superior em positividade à cultura de sangue venoso. A pesquisa de fator reumatóide também é um exame interessante de ser solicitado. Não com objetivo diagnóstico, mas com valor prognóstico. Isso porque 50% dos pacientes com endocardite infecciosa apresentam o exame para fator reumatóide positivo e, nesses pacientes, caso após o início terapêutico o exame de fator reumatóide torne-se negativo, significa que o tratamento está funcionando. O eletrocardiograma é outro exame absolutamente inespecífico, mas que pode mostrar perturbação da condução e infarto agudo do miocárdio quando houver lesão cardíaca. O Raio-X de tórax pode-nos mostrar sinais de insuficiência cardíaca e, nos pulmões, áreas de condensação quando houver embolia séptica. Se nós podemos dizer que a hemocultura é o exame complementar principal na pesquisa da endocardite infecciosa, o ecocardiograma é o segundo. Através do ecocardiograma, nós conseguimos detectar vegetações a partir de 2 mm de extensão. Logo, o ecocardiograma normal não exclui o diagnóstico de endocardite infecciosa. Dependendo da clínica do paciente, deve- se repetir o exame em uma semana ou se pode, até mesmo, iniciar seu tratamento empiricamente. Na ecocardiografia, as vegetações da endocardite são identificadas através de ecos anômalos. Contudo, o achado de vegetações na ecografia é complementar aos dados obtidos na história clínica, exame físico e hemoculturas, pois a presença de ecos anômalos valvares nem sempre significa vegetação ou endocardite ativa. Figura 3 - À esquerda, ecocardiografia unidimensional mostrando ecos densos, tremidos, na valva aórtica (setas) que são praticamente diagnósticos de vegetações valvares. À direita, ecocardiografia bidimensional com uma vegetação (VEG) sobre a valva aórtica e outra no átrio esquerdo (setas) (LV = Ventrículo esquerdo; Ao = Aorta; MV = Valva mitral; LA = Átrio esquerdo) O cateterismo cardíaco, apesar de invasivo e de preferência evitado, pode ser realizado quando considerado indispensável para o diagnóstico de lesões intracardíacas. Tratamento da endocardite infecciosa Princípios terapêuticos Os princípios utilizadosno tratamento da endocardite infecciosa são: 1. Identificação do germe: É necessário saber a etiologia da endocardite para que a escolha terapêutica possa ser realizada, porque quando você não sabe o que tratar, não importa o que você usa. 2. Sempre que possível, deve-se esperar o resultado da hemocultura: O início da antibioticoterapia deve ser precoce, mas não imediato. Nos casos subagudos, quando a gravidade da infecção não é tão grande, preconiza-se esperar uns 2 ou 3 dias pelo resultado da hemocultura para se iniciar o tratamento. Ivana Da Rosa Iesbik 7 Cardiologia 3. Nos casos com risco de vida, porém, quando há sinais de embolização de diversos órgãos, por exemplo, pode-se iniciar empiricamente a antibioticoterapia. Contudo, recomenda-se antes que se faça a coleta das amostras para a hemocultura em 1 ou 2 horas. Deve-se ressaltar aqui que, freqüentemente, a coloração pelo Gram, de um esfregaço de sangue, pode identificar o agente causal. Por isso, é importante que se faça uma lâmina com esse material durante a coleta do material para a hemocultura. 4. O antibiótico de escolha deve ser bactericida, não somente bacteriostático, e de preferência, ser de administração parenteral 5. O tratamento deve perdurar por cerca de 4 a 6 semanas. Não existe nenhum trabalho que prove que a terapia de 6 semanas é melhor que a de 4 ou vice-versa. Porém, dependendo da situação tem-se preferência por um desses períodos. Por exemplo, nas endocardites infecciosas em valvas prostéticas ou naquelas situações nas quais há demora na resposta ao tratamento, é preferível o uso de antibióticos por 6 semanas. Escolha terapêutica Para efetuar a escolha terapêutica da endocardite infecciosa, nós precisamos responder algumas perguntas: Qual o antibiótico ideal? Qual a melhor via de administração? Qual o melhor tempo de tratamento? De acordo com a gama de antibióticos que existem hoje no mercado, a escolha do antibiótico ideal é pessoal e é baseada na experiência do terapeuta. A melhor via de administração é a parenteral e, também, a injeção em bolo é melhor do que a infusão contínua pois ela permite níveis séricos de antibióticos mais altos, com aumento da sua ação bactericida. O intervalo entre cada injeção é geralmente de 6 horas nos adultos e de 4 horas nas crianças. Porém, a penicilina cristalina deve ser administrada de 4 em 4 horas, mesmo no adulto. Quanto ao tempo de tratamento, como já vimos, pode variar de 4 a 6 semanas, sem diferença de estatística. Há uma tendência, porém, de se utilizar o período de 6 semanas. Esquemas terapêuticos O tratamento das endocardites infecciosas cujos agentes etiológicos são as bactérias do gênero Streptococcus pode ser dividido em 3 grandes grupos: Sensível a penicilina: 1a escolha - Penicilina G-cristalina (20 x 106 de unidades por dia durante 4 dias) associada ou não a gentamicina (1 mg por Kg de 8 em 8 horas durante 2 semanas). 2a escolha - Cefalotina (1,5 g de 4 em 4 horas) ou vancomicina (7,5 mg/Kg de 6 em 6 horas); Relativamente resistente a penicilina. 1a escolha - Penicilina G-cristalina associada a gentamicina (durante 4 a 6 semanas). 2a escolha - Vancominica (durante 4 a 6 semanas). Enterococos: Penicilina G-cristalina ou ampicilina (12 g por dia em administração endovenosa) associadas a gentamicina (1 mg por Kg de 8 em 8 horas). Quando falamos de Staphylococcus aureus, 15% das cepas comunitárias e 90% das cepas hospitalares são resistentes à penicilina. Nesses casos, a associação de um segundo antibiótico não reduz a mortalidade, que acomete 40 a 50% desses pacientes. O Staphylococcus epidermidis, por sua vez, tem um curso clínico muito protraído, ou seja, sem muita sintomatologia. Porém, 70% dos casos apresentam recorrência, quando a sua mortalidade passa a ser de 50%. Staphylococcus aureus Sensível a penicilina Ivana Da Rosa Iesbik 8 Cardiologia 1a escolha - Oxacilina (2 g E.V. de 4 em 4 horas) 2a escolha - Cefalotina (2 g E.V. de 4 em 4 horas) ou cefazolina (2 g E.V. de 6 em 6 horas) ou vancomicina (7,5 mg por Kg E.V. de 6 em 6 horas). Quando houver prótese valvar deve-se associar gentamicina numa dose de 1 mg por Kg de 8 em 8 horas. Resistente a penicilina Vancomicina (500 mg E.V. de 6 em 6 horas). Pode-se associar outro antibiótico conforme o antibiograma. Staphylococcus epidermidis Sensível a penicilina Em valva natural (4 semanas) 1a escolha - Oxacilina (2 g E.V. de 4 em 4 horas) 2a escolha - Cefalosporina ou vancomicina Em valva prostética (6 semanas) Associar gentamicina (1 mg por Kg de 8 em 8 horas durante 2 semanas a partir do início). Endocardite em valva prostética; resultam em hemoculturas negativas devido ao longo percurso que existe até o sangue venoso, onde é obtido o material; Quanto a anticoagulação, deve-se interromper o uso de anticoagulantes, se possível. A utilização de heparina é contra-indicada, exceto quanto há tromboembolismo pulmonar maciço. Quanto aos cumarínicos, se houver indicação absoluta, deve-se manter um TAP de 1,5 vezes o normal (na anticoagulação mantém-se um TAP de 2,5 vezes o normal). Caso vá continuar a administração de anticoagulantes, deve-se escolher um antibiótico que dispense injeções intramusculares porque, nesse caso, podem formar-se grandes hematomas, causando muita dor ao paciente. Tratamento cirúrgico Nem sempre se cura a endocardite infecciosa, mesmo com o tratamento adequado. Por isso, deve-se sempre considerar a possibilidade de cirurgia nesses pacientes. As indicações cirúrgicas para o tratamento da endocardite são as seguintes: Insuficiência cardíaca refratária ao tratamento; Infecção sem melhora após uma semana de tratamento; Embolizações repetidas; Presença de abscessos septais; Recrudescência (até 3 meses do tratamento) Não houve cura; Recorrência (após 6 meses do tratamento) Houve cura; Aneurisma do seio de valsalva ou da junção átrio-ventricular. Fazem bloqueio grave; Endocardite por fungos: 7 a 10 dias de tratamento. Profilaxia O prognóstico de um paciente tratado de endocardite infecciosa não é muito bom. A média de sobrevida desses indivíduos, em 5 anos, é de cerca de 60 ou 70%. Por isso, o melhor meio de tratar a endocardite infecciosa é preveni-la. Deve ficar claro, contudo, que a profilaxia para moléstia reumática não previne contra a endocardite infecciosa. A “American Heart Association” recomenda que se faça profilaxia de endocardite infecciosa em todos os pacientes com sopro cardíaco. Desta forma, quando esses pacientes forem ser submetidos a tratamento dentário com sangramento ou a uma cirurgia odontológica, deve ser administrado: Penicilina V Ivana Da Rosa Iesbik 9 Cardiologia 2 gramas, V.O., 1 hora antes e 1 grama, 6 horas após; Amoxacilina 3 gramas, V.O., 1 hora antes e 0,5 g 6 horas depois; penicilina 1 g, V.O., antes e 0,5 g depois. Quando submetidos a um tratamento gênito- urinário ou gastrintestinal esses pacientes devem receber: Ampicilina 2 g, I.M. ou E.V., associada a gentamicina (1,5 mg por Kg, I.M., 30 minutos antes do procedimento). Vancomicina, Nos pacientes alérgicos a penicilina 1 g, E.V., associada a gentamicina 1,5 mg por Kg, I.M. ou E.V., 1 hora antes do procedimento.
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