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Farmacoterapia e Saúde Pública 1 RINITE INFECIOSA COMUM E GRIPE Agente causal e localização Gripe RIC Infeção aguda do trato respiratório por 3 tipos de myxovirus (A, B, C) Infeção viral do nariz, nasofaringe e trato respiratório superior causada por rinovírus (40%) e coronavírus (10%) Via de transmissão Gripe RIC Transmissão por inalação de gotículas. Altamente contagiosa. Transmissão via gotas nasofaríngeas, sendo a principal porta de entrada a mucosa nasal e conjuntivas Fisiopatologia Gripe RIC Destruição das células epiteliais, alveolares, glandulares e macrófagos. Alteração morfológica. Ativação do recetor ICAM-1 das células adenoides, internalização do vírus, proliferação e propagação da histamina, citocinas, PG… Vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. Hipersecreção de muco, Ativação dos reflexos da tosse, do espirro e nociceptores. Sintomas Gripe RIC Instalação súbita Febre Mialgias Tosse Dor de garganta Dor de cabeça Arrepios Mal-estar Sintomas mais severos duram 4-5 dias Fadiga pode persistir por semanas Início gradual com evolução Rinorreia Espirros Obstrução nasal Rouquidão Tosse Dor de garganta Febre ligeira na criança e rara no adulto Recuperação em 4-10 dias na ausência de complicações COMPLICAÇÕES: Sinusite bacteriana aguda Otite média aguda Crise asmática Exacerbação da bronquite crónica Farmacoterapia e Saúde Pública 2 Complicação de doenças associadas Desidratação Outras infeções bacterianas (ex.: pneumonia) REFERENCIAÇÃO MÉDICA: Tosse noturna na criança (pode indicar asma na ausência de outros sintomas) Criança com dispneia Asmáticos: infeções do trato respiratório superior podem causar crises Bronquite (pode complicar-se) Tosse persistente por mais de 2 semanas ou que piora Dispneia (em idosos pode mascarar insuficiência cardíaca) Dor severa ao tossir ou inspirar (pleurisia ou embolia pulmonar) Suspeita de reação adversa (iECAs e tosse) Muco acastanhado pode indicar infeção bacteriana Muco sanguinolento Febre elevada por mais de 48horas TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO: Evitar tabaco e ambientes com fumo Elevação de cabeceira Humidificação do ambiente Soluções salinas para inalação Repouso e ingestão de líquidos Pastilhas ou rebuçados demulcentes TRATAMENTO FARMACOLÓGICO CONTROLO SINTOMÁTICO: Anti-histamínicos H1 de 1ª geração o Clemastina, dimentindeno, prometazina, difenidramina Paracetamol 500mg 6h/6h ou 1g de 8h/8h (máximo 4g/dia) AINE’s (ibuprofeno e naproxeno) – preferível usar paracetamol Descongestionantes nasais (oral ou tópico) o Fenilefrina, Pseudoefedrina, Oximetazolina Antitússicos de ação central o Codeína, dextrometorfano Anticolinérgicos o Ipratrópio e tiotrópio DOR DE GARGANTA: -- é importante distinguir se este sintoma é consequência da gripe ou de uma patologia mais severa (febre glandular, agranulocitose iatrogénica por imunossupressão, candidíase, infeção estreptocócica) Farmacoterapia e Saúde Pública 3 AINE’s por via sistémica: o Ibuprofeno 200-400mg de 8h/8h a 6h/6h (máx. 3,2g/dia) o Naproxeno 250-500mg de 12h/12h a 24h/24h (máx. 1,5g/dia) o Diclofenac 50mg de 8h/8h (máx. 200mg/dia) Antibacterianos: em pastilhas para a garganta. Eficácia duvidosa contra rinovírus. Amigdalite por infeção bacteriana necessita de antibioterapia sistémica. Antisséticos: desinfeção tópica Anestésicos locais: úteis quando há dificuldade na deglutição. Pastilhas com benzocaína. Sprays com lidocaína ou benzocaína. Aconselhamento Gripe RIC ❖ Descanso, preferencialmente na cama ❖ Tentar dormir o máximo possível ❖ Beber grandes quantidades de líquidos ❖ Evitar fumar e bebidas alcoólicas ❖ Tratamento sintomático e da febre com MNSRM ❖ Considerar consulta médica se os sintomas se mantiverem durante algum tempo ❖ Sintomas resolúveis com MNSRM e bebidas quentes ❖ Na ausência de complicações, não há necessidade de consulta médica ❖ Não há necessidade de reduzir a atividade diária, mas é de esperar um nível de cansaço maior ❖ Dormir com a cabeceira elevada ❖ Evitar tabaco e bebidas alcoólicas GRIPE: Antivíricos o Inibidores da neuraminidase (tipos A e B): ▪ Oseltamivir oral ▪ Zanamivir injetável (em PT só existe uma reserva no Hospital Santa Maria, só requisitada em casos excecionais e é necessário comprovar a sua real necessidade – pessoas que precisam de terapia antiviral e que não podem tomar oseltamivir) o Inibidores da proteína M2 (canal iónico) do vírus A ▪ Amantadina Terapêutica e quimioprofilaxia da gripe sazonal: o Em época de atividade gripal o início do tratamento antiviral não deve depender da confirmação laboratorial; o Em doentes inicialmente não medicados, perante sinais e sintomas de gravidade/agravamento clínico, deve iniciar-se a terapêutica antiviral, independentemente do tempo de evolução da doença; o A história de vacinação contra a gripe sazonal não é motivo para protelar a terapêutica, quando clinicamente aconselhável; o Adultos Oseltamivir: 75 mg de 12/12 h (5 dias) Farmacoterapia e Saúde Pública 4 o Em meio hospitalar, nos doentes gravemente doentes ou com doença progressiva, incluindo grávidas e crianças ≥6 meses, e principalmente se documentada persistência da replicação viral, é recomendado: 150 mg/dose de 12 em 12 horas (adultos) durante 10 dias. Farmacoterapia e Saúde Pública 5 TOSSE -- Expiração explosiva que constitui um mecanismo fisiológico de defesa e que tem por objetivo limpar a árvore traqueobrônquica de secreções e material estranho. É um sintoma e não uma doença. Farmacoterapia e Saúde Pública 6 CAUSAS Produção de grandes quantidades de muco como mecanismo de defesa contra mo’s invasores: tosse produtiva Irritação e inflamação da faringe causada por mo’s infetantes: tosse seca Descarga das fossas nasais e corrimento nasal para a garganta Asma, neoplasia, DPOC, bronquite crónica, DRGE, insuficiência cardíaca, fármacos CARACTERIZAÇÃO Aguda: < 3 semanas Crónica: > 3 semanas Seca Produtiva REFERENCIAÇÃO MÉDICA Tosse noturna nas crianças Asmáticos Doentes com bronquite crónica Tosse por mais de 2 semanas ou que piora Muco escuro (colonização bacteriana) Muco com sangue Tosse produtiva em idosos com dispneia (insuficiência cardíaca) Dor severa ao inspirar Suspeita de RAM Tosse associada a perda de peso ou fadiga TRATAMENTO -- 4 tipos de tosse: seca (irritante e não produtiva); produtiva (muco); asmática não produtiva e asmática produtiva Supressores ou Antitússicos (tosses secas e irritantes) Expectorantes (tosses produtivas) Descongestionantes (tosses asmáticas) Demulcentes (todos os tipos de tosse) TOSSE SECA E IRRITANTE: Opióides (codeína e dextrometorfano) o Atuam no centro da tosse inibindo o seu reflexo o Efeitos secundários: obstipação, comportamento aditivo, depressão respiratória (mais na codeína, mas apenas em doses elevadas) o Codeína 10-20mg de 4h/4h a 6h/6h (máx. 120mg/dia) Anti-histamínicos (prometazina 10-25mg/dia e difenidramina) o Atuam sobre as vias neuronais que envolvem o reflexo da tosse o Efeitos secundários: sedação, ação anticolinérgica o Contraindicações: glaucoma e retenção urinária Farmacoterapia e Saúde Pública 7 o Interação com outros depressores do SNC TOSSE PRODUTIVA: -- Não deve ser suprimida, porque promove a limpeza das vias aéreas Expetorantes o Ação reflexa (iodetos e ipeca) o Ação direta (óleos voláteis, cânfora, mentol) Mucolíticos o Atuam rompendo as ligações dissulfureto características do muco, tornando-o mais fluído e facilitando a tosse o Acetilcisteína 600mg/dia ou 300mg via EV ou nebulização a cada 12horas o Bromexina e Ambroxol(reações alérgicas graves e reações adversas cutâneas graves como efeito secundário) TOSSE ASMÁTICA: -- Usam-se agentes simpaticomiméticos como descongestionantes e broncodilatadores Efedrina e Pseudoefedrina Efeitos secundários: ação cardíaca (taquicardia, vasoconstrição…) Interagem com os iMAO e bloqueadores beta TOSSE DE ETIOLOGIA DIVERSA: Demulcentes: revestem a mucosa da faringe, diminuindo a irritação que provoca tosse. Formas farmacêuticas diversas que contém glicerol, mel, limão, etc. Visto que têm um teor de açúcar elevado é necessário ter precaução com diabéticos e crianças. RINITE ALÉRGICA -- Doença nasal sintomática; reação de hipersensibilidade tipo I, mediadas por IgE -- Sazonal, perene ou ocupacional CAUSAS Alergénios Poluentes Aspirina DOENÇAS ASSOCIADAS Asma Sinusite Conjuntivite SINTOMAS Rinorreia Obstrução nasal Prurido nasal Farmacoterapia e Saúde Pública 8 Espirros Sintomas oculares Asma Tosse (por vezes) SINTOMAS QUE SUGEREM RINITE ALÉRGICA: 2 ou mais dos seguintes sintomas durante mais de 1 hora na maioria dos dias: o Rinorreia anterior ou posterior aquosa o Espirros (normalmente paroxísticos) o Obstrução nasal o Prurido nasal o Conjuntivite (bilateral) SINTOMAS NÃO ASSOCIADOS COM RINITE (REFERENCIAR A MÉDICO): Sintomas unilaterais Obstrução nasal sem outros sintomas Rinorreia mucopurulenta Rinorreia posterior (com muco espesso e/ou sem rinorreia anterior) Dor Epistaxe recorrente Anosmia REFERENCIAÇÃO MÉDICA Sintomas persistentes moderados a severos Farmacoterapia e Saúde Pública 9 Sintomas sugestivos de asma não diagnosticada ou descontrolada Sinais de infeção associados (descarga purulenta, dor de garganta, febre…) Sintomas que não resolvem até duas a quatro semanas da 1ª avaliação por farmacêutico Gravidez Crianças com menos de 12 anos AVALIAÇÃO DA SEVERIDADE -- Escalas visuais analógicas (VAS) para sintomas nasais e para sintomas oculares TRATAMENTO 1. Educação do paciente 2. Evitar os alergénios (quando possível) 3. Farmacoterapia (segurança, eficácia e facilidade de administração) 4. Imunoterapia (eficácia, pode alterar o curso natural da doença) FÁRMACOS USADOS: Anti-histamínicos H1 (oral, intranasal ou intraocular) Corticosteróides (intranasal) Cromonas (intranasal ou intraocular) Descongestionantes (intranasal ou oral) Anticolinérgicos Antileucotrienos Farmacoterapia e Saúde Pública 10 -- Em caso de melhoria, baixar um degrau -- Em caso de agravamento, subir um degrau Farmacoterapia e Saúde Pública 11 DESCONGESTIONANTES NASAIS SISTÉMICOS: Fenilefrina 10 mg 4-6h Pseudoefedrina 60 mg 4-6h EFEITOS ADVERSOS: HIPERTENSÃO, PALPITAÇÕES, INQUIETAÇÃO, AGITAÇÃO, TREMOR, INSÓNIA, CEFALEIA, SECURA DAS MEMBRANAS MUCOSAS, RETENÇÃO URINÁRIA, EXACERBAÇÃO DO GLAUCOMA OU TIREOTOXICOSE Farmacoterapia e Saúde Pública 12 -- Precaução em doentes cardíacos -- Em associação com anti-histamínicos H1 orais são mais eficazes, mas os efeitos secundários são mais DESCONGESTIONANTES NASAIS TÓPICOS: Fármaco Concentração Adultos 6-12 anos 2 a 6 anos Fenilefrina 0,5% 4h/4h Não recomendado Não recomendado Fenilefrina 0,25% 4h/4h 4h/4h Não recomendado Oximetazolina 0,05% 12h/12h 12h/12h Não recomendado Oximetazolina 0,025% ----- ---- 12h/12h *2-3 gotas ou pulverização ** Menos efeitos secundários que os descongestionantes sistémicos *** Atuam mais rapidamente e são mais eficazes Em uso prolongado (+ 10 dias) podem causar rinite medicamentosa (limitar duração do tratamento) ANTI-HISTAMÍNICOS H1: CORTICOSTERÓIDES: Farmacoterapia e Saúde Pública 13 ANTICOLINÉRGICOS: CROMONAS: ANTILEUCOTRIENOS: IMUNOTERAPIA SUBCUTÂNEA Altera a história natural da doença alérgica Após injeção, monitorizar durante 20 minutos Doentes insuficientemente controlados pela farmacoterapia convencional Não recomendado em crianças com menos de 5 anos IMUNOTERAPIA SUBLINGUAL E NASAL Podem usar doses 50 a 100 vezes superiores Doentes que tiveram efeitos secundários ou que recusaram a imunoterapia subcutânea Não recomendado em crianças com menos de 5 anos RINITE ALÉRGICA NA CRIANÇA Mesmos esquemas terapêuticos, basta ajustar a dose Abaixo de 2 anos não é recomendado (pouca info) Evitar anti-histamínicos H1, glucocorticóides orais ou IM Glucocorticoides intranasais eficazes: Mometasona e Fluticasona (não interferem com o crescimento) Mais seguro: Cromoglicato dissódico Farmacoterapia e Saúde Pública 14 ASMA -- Inflamação crónica das vias aéreas CAUSAS Fatores genéticos (rinite, urticária e eczema, testes subcutâneos positivos, níveis elevados de IgE) Fatores ambientais (vírus, exposição ocupacional, alergénios) SINTOMAS Pieira Falta de ar Aperto no peito Tosse * Podem ser desencadeados ou agravados por infeções virais, alergénios, tabaco, exercício físico e stress * Variam ao longo do tempo e em intensidade * Presença de mais que um sintoma Fluxo de ar expiratório variável (dificuldade em expulsar o ar para fora dos pulmões) devido a broncoconstrição, espessamento da parede das vias aéreas e muco aumentado SINTOMAS PODEM NÃO SER CAUSADOS POR ASMA SE: Tosse isolada sem outros sintomas respiratórios Produção crónica de expetoração Falta de ar associada a tonturas, sensação de cabeça leve ou formigueiro periférico Dor no peito Dispneia induzida por exercício físico com inspiração ruidosa DIAGNÓSTICO 1) Paciente tem sintomas respiratórios que apoiem o diagnóstico de asma? 2) Historial clínico e exames apoiam o diagnóstico de asma? 3) Espirometria/FEV com teste de reversibilidade apoiam o diagnóstico de asma? 4) Tratar como asma *Verificar a possibilidade de diagnóstico alternativo ** Repetir testes se inconclusivos Farmacoterapia e Saúde Pública 15 ** Em caso de urgência clínica (e outros diagnósticos forem improváveis) usar tratamento empírico: glucocorticóide inalatório (ICS) + SABA (short acting beta2 agonist) → Ver resposta → Fazer testes de diagnóstico 1-3 meses LIMITAÇÃO VARIÁVEL DO FLUXO AÉREO PRESENÇA DE LIMITAÇÃO DE FLUXO DE AR : FEV/FVC reduzido o Normal → ADULTOS: > 0,75-0,80; CRIANÇAS: > 0,90 CONFIRMAR QUE A VARIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR É MAIOR QUE EM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS: Reversibilidade excessiva ao broncodilatador (ADULTOS: FEV aumenta > 12% e > 200 ml; CRIANÇAS: > 12%) Variabilidade diurna excessiva em 1-2 semanas 2x/dia Aumento significativo no FEV1 ou PFE após 4 semanas de tratamento de controlo) SE O TESTE INICIAL FOR NEGATIVO : Repetir quando sintomático ou após administração de broncodilatador Referenciar para testes adicionais (< 5 anos ou idoso) EXAME FÍSICO Pieira na auscultação, mas geralmente normal PIEIRA TAMBÉM SE PODE ENCONTRAR EM INFEÇÕES RESPIRATÓRIAS, DPOC, DISFUNÇÃO DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES, OBSTRUÇÃO ENDOBRÔNQUICA OU APÓS INALAÇÃO DE UM CORPO ESTRANHO Pieira pode estar ausente em exacerbações de asma grave (“peito silencioso”) AVALIAÇÃO DA ASMA Avaliar controlo dos sintomas nas últimas 4 semanas Avaliar fatores de risco para maus resultados PROBLEMAS DO TRATAMENTO: Verificar técnica inalatória e adesão Perguntar sobre efeitos colaterais Plano de ação escrito? Atitudes e metas do paciente para a asma? COMORBILIDADES: Rinosinusite, DRGE, obesidade, apneia obstrutiva do sono, depressão, ansiedade (sintomas e má qualidade de vida) AVALIAÇÃO “GINA” PARA O CONTROLO DE SINTOMAS: 1) Controlo de sintomas Farmacoterapia e Saúde Pública 16 2) Fatores de risco para maus resultados 3) Fatores de risco para exacerbações: a. Já foi intubado para asma b.Sintomas de asma não controlados c. Ter uma ou mais exacerbações no último ano d. FEV1 baixo e. Má técnica inalatória e má adesão f. Tabagismo g. FeNO elevado em adultos com asma alérgica (Durante a inflamação das vias aéreas, produção de NO aumenta) h. Obesidade, gravidez, eosinofilia sanguínea 4) Fatores de risco para limitação de fluxo aéreo: a. Não fez tratamento com ICS b. Tabagismo c. Exposição ocupacional d. Hipersecreção de muco e. Eosinofilia sanguínea 5) Fatores de risco para efeitos secundários da medicação: a. Toma corticoesteróides orais frequentemente b. ICS em dose elevada c. Inibidores CYP450 AVALIAR GRAVIDADE DA ASMA -- Avaliada retrospetivamente a partir do nível de tratamento necessário para controlar os sintomas e as exacerbações -- Avaliar após o doente ter feito tratamento por vários meses -- Gravidade pode variar ao longo do tempo Asma ligeira (Passos 1 ou 2) Asma moderada (Passo 3) Asma grave (Passos 4 ou 5) Ver técnica inalatória do paciente. Discutir aderência e barreiras ao uso Confirmar diagnóstico de asma Remover potenciais fatores de risco. Avaliar e gerir comorbilidades Considerar aumentar degrau do tratamento Referenciar a especialista (se não controlada em 3-6 meses com passo 4) Farmacoterapia e Saúde Pública 17 OBJETIVOS DO MANUSEAMENTO DA ASMA Controlar sintomas Reduzir o risco de exacerbações TRATAMENTO INICIAL Instituir cedo um tratamento de controlo Indicações para ICS regular em baixas doses se: o Sintomas de asma mais de 2x por mês o Acordar devido a asma mais que 1 vez por mês o Sintomas de asma + Fator de risco para exacerbações Considerar subir um degrau se: o Sintomas de asma problemáticos na maioria dos dias o Acordar devido a asma uma ou mais vezes por semana Se a apresentação inicial da asma for uma exacerbação: o Curso curto de corticoesteróides orais e iniciar tratamento regular * Rever a resposta 2-3 meses depois ou se houver urgência clínica. Ajustar o tratamento se necessário. * Considerar descer um degrau se a asma estiver bem controlada por 3 meses Farmacoterapia e Saúde Pública 18 PASSO 5: Tiotrópio: pacientes com 12 anos ou mais com historial de exacerbações Anti-IgE (Omalizumab): pacientes com asma alérgica grave Anti-IL5 (Mepolizumab (SC) ou Reslizumab (IV): asma eosinófila grave (12 anos ou mais) Outros tratamentos: o Tratamento dirigido ao muco o Dose baixa de corticosteróide oral (efeitos 2ºs sistémicos – monitorizar osteoporose) * Doses baixas apresentam mais benefícios clínicos * Uso prolongado – efeitos secundários sistémicos ADULTOS E CRIANÇAS > 12 ANOS: CRIANÇAS 6-11 ANOS: Farmacoterapia e Saúde Pública 19 MONITORIZAÇÃO E AJUSTE DO TRATAMENTO MONITORIZAÇÃO: Avaliar 1-3 meses após o início do tratamento e a cada 3-12 meses Gravidez: a cada 4-16 semanas Exacerbação: após 1 semana AUMENTAR DEGRAU DE TRATAMENTO: Asma mal controlada: aumento sustentado durante 2-3 meses Infeção viral ou alergénio: aumento durante 1-2 semanas Ajuste diário se tomar ICS em baixa dose + Formoterol + regime de alívio DESCER DEGRAU DE TRATAMENTO: Asma bem controlada durante 3 meses Encontrar dose mínima eficaz de cada doente SKILLS E ADESÃO – NEBULIZADORES Treino de habilidades para uso de dispositivos inaladores: o Escolher o mais apropriado o Rever técnica de inalação o Demonstrar uso correto o Checklists Verificar e melhorar a adesão com medicamentos para a asma TRATAR FATORES DE RISCO MODIFICÁVEIS Autogestão (sintomas, FEV, plano escrito…) Uso de um regime que diminui exacerbações Evitar exposição ao fumo do tabaco Alergia alimentar confirmada: prevenção alimentar Asma grave: consultar centro especializado TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO Cessação tabágica Atividade física Gestão da asma ocupacional AINE’s (não usar se tiver asma) MANUSEAMENTO DE EXACERBAÇÕES (3 NÍVEIS) 1) Pelo próprio doente, com planos escritos 2) Nos cuidados de saúde primários 3) Nos cuidados de agudos Farmacoterapia e Saúde Pública 20 GESTÃO DE EXACERBAÇÕES EM CUIDADOS PRIMÁRIOS OU AGUDOS: Avaliar a gravidade da exacerbação ao iniciar o SABA e o oxigénio Considere causas alternativas da falta de ar aguda Organizar a transferência imediata para uma unidade de tratamento agudo se grave Iniciar o tratamento com doses repetidas de SABA. Corticosteróide oral precoce e fluxo controlo de oxigénio. EXACERBAÇÕES GRAVES: Adicionar brometo de ipratrópio e considerar SABA em nebulizador Se resposta inadequada: sulfato de magnésio IV DPOC -- Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica -- Doença frequente, evitável e tratável -- Sintomas respiratórios e limitação persistente do fluxo de ar -- Resposta inflamatória aumentada das vias respiratórias devido a anomalias das vias aéreas e/ou alvéolos, causadas por exposição a partículas nóxias ou gases FATORES DE RISCO Fatores do hospedeiro Ocupação Anormalidade nas vias aéreas, enfisema e efeitos sistémicos Danos e inflamação pulmonar Sintomas, Exacerbações e Comorbilidades Limitação de fluxo de ar permanente Farmacoterapia e Saúde Pública 21 Fumo do tabaco Poluentes SINTOMAS Dispneia Tosse crónica Produção de expetoração DIAGNÓSTICO Espirometria INDICADORES PARA DIAGNÓSTICO: Dispneia progressiva ao longo do tempo, que piora com exercício físico e persistente Tosse crónica que pode ser intermitente e não produtiva. Sibilos recorrentes. Produção de muco crónica Infeções do trato respiratório inferior recorrentes Fatores de risco História familiar Fatores de infância (baixo peso ao nascer ou infeções respiratórias infantis) OUTRAS CAUSAS DE TOSSE CRÓNICA: Intratorácicas o Asma, cancro do pulmão, tuberculose, bronquiectasia, insuficiência cardíaca esquerda, doença intersticial pulmonar, fibrose quística, tosse idiopática. Extratorácicas o Rinite alérgica crónica o Síndrome de corrimento nasal posterior (PNDS) o Síndrome tússico das vias aéreas superiores (UACS) o RGE o Medicação (iECAs) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Asma Insuficiência cardíaca congestiva Bronquiectasia Bronquiolite obliterativa Panbronquiolite difusa ESPIROMETRIA -- Permite fazer o diagnóstico da DPOC -- Avaliar a gravidade da obstrução das vias aéreas (prognóstico) Farmacoterapia e Saúde Pública 22 -- Permite medir o volume de ar expirado por uma pessoa e o tempo necessário para o fazer -- Avaliação de follow-up: decisões terapêuticas (farmacológicas e não farmacológicas, diagnósticos alternativos) e identificação de um declínio rápido se existente. FVC (Forced Vital Capacity): volume máximo de ar que pode ser expirado FEV1 (Forced Expired Volume in 1 second): mede a rapidez com que o pulmão pode esvaziar FEV1/FVC: se abaixo de 0,70 → Fluxo limitado Diagnostica-se com DPOC quando na presença de sintomas crónicos e/ou exposição a fatores de risco, se demonstra obstrução ao débito aéreo por alteração espirométrica (FEV1/FVC < 70% após broncodilatação) AVALIAÇÃO DA SEVERIDADE Avaliação deve incluir o impacto atual dos sintomas, o risco de exacerbações futuras e a gravidade da obstrução ao débito aéreo Dispneia deve ser avaliada pela escala mMRC (Se >= 2 é elevada) AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA E GRAVIDADE DAS EXACERBAÇÕES: 2 ou + exacerbações no ano anterior: risco elevado de exacerbações futuras 1 ou + internamentos hospitalares por exacerbação da DPOC no ano anterior: risco elevado de exacerbações futuras AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE DA OBSTRUÇÃO CRÓNICA: Em pacientes com FEV1/FVC < 0,70: GOLD 1 Leve FEV1 > 80% GOLD 2 Moderado FEV1 entre 50% e 80% GOLD 3 Grave FEV1 entre 30% e 50% GOLD 4 MuitoGrave FEV1 < 30% VACINAS RECOMENDADAS Influenza Pneumococos Farmacoterapia e Saúde Pública 23 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO CLASSIFICAÇÃO DA DPOC: GRUPO A: Broncodilatadores inalados de curta duração (SABA ou SAMA) em monoterapia Se sintomas persistentes: adicionar LABA ou LAMA GRUPO B: LABA ou LAMA Pessoas com dispneia persistente: LABA + LAMA Dispneia grave: LABA + LAMA GRUPO C: LAMA em monoterapia Persistência de exacerbações: LABA + LAMA ou LABA + ICS GRUPO D: LABA + LAMA Persistência de exacerbações: adicionar ICS NUNCA PRESCREVER: ICS em monoterapia Antitússicos Antagonistas dos leucotrienos Farmacoterapia e Saúde Pública 24 -- Seguimento clínico com consulta no mínimo a cada 6 meses com recurso a clínica e espirometria MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS Atividade física diária Reabilitação respiratória REFERENCIAÇÃO MÉDICA Diagnóstico incerto ou não estabelecido Início da doença antes dos 40 anos Suspeita de défice de alfa-1-antitripsina Formas graves de DPOC (C e D) Sintomas desproporcionados para o grau de obstrução brônquica Dispneia persistente (mMRC > 2) e/ou exacerbações recorrentes apesar de terapêutica otimizada Indicação para reabilitação respiratória, quando não disponíveis nos cuidados de saúde primários MANUSEAMENTO DE EXACERBAÇÕES SABA e/ou SAMA em doses mais elevadas e/ou frequentes Prednisolona 40mg/dia por via oral, ou equivalente, durante 5 dias Terapêutica antibiótica empírica (5-7 dias): o Amoxicilina + Ácido Clavulânico OU Macrólido OU Doxiciclina o Levofloxacina (ou Moxifloxacina) em pessoas com terapêutica antibiótica prévia ou fatores de risco adicionais o Oxigenoterapia (hipoxemia) REFERENCIAÇÃO AO SERVIÇO DE URGÊNCIA Dispneia grave Hipoxemia e/ou sinais de insuficiência respiratória Alteração do estado de consciência Refratoriedade à terapêutica inicial COMORBILIDADES Doença cardiovascular Osteoporose Carcinoma do pulmão Infeções severas Diabetes e síndromes metabólicos Farmacoterapia e Saúde Pública 25 Farmacoterapia e Saúde Pública 26 Farmacoterapia e Saúde Pública 27 PNEUMONIA Pneumonia comunidade: Streptococcus pneumoniae (principal) Patogénios atípicos: Mycoplasma pneumoniae, Legionella, Clamydophila pneumoniae Idosos em lares ou pessoas alcoólicas: Staphylococcus aureus ou bacilos Gram – Pneumonia nosocomial: bacilos aeróbios Gram – e S. aureus Em idade pediátrica geralmente a causa é um vírus: VSR, parainfluenza e adenovírus. As bactérias envolvidas são S. pneumoniae, Streptococcus do Grupo A e S. aureus SINAIS E SINTOMAS Início abrupto de febre, arrepios e tosse produtiva Coloração rosada da expetoração e hemóptises Dor no peito EXAME FÍSICO Taquipneia e taquicardia Sons respiratórios diminuídos na zona afetada Crepitação inspiratória durante a expansão do pulmão RADIOGRAFIA TORÁCICA Infiltrado segmentar TESTES LABORATORIAIS Leucocitose com predomínio de polimorfonucleares Gasimetria arterial com baixa saturação de oxigénio Oximetria de pulso também com baixo teor de oxigénio CLÍNICA Pneumonia por anaeróbios: aparece de forma indolente, com tosse, febre baixa, perda de peso. Expetoração com cheiro pútrido Pneumonia nosocomial normalmente causada por ventilação mecânica. Risco aumentado com uso prévio de ABs e/ou anti-histamínicos H2 Pneumonia por Mycoplasma pneumoniae: início gradual, com febre, dor de cabeça e mal-estar e tosse persistente, inicialmente não produtiva. Sinais extrapulmonares frequentes: náuseas, vómitos, diarreia, mialgias, artralgias, rash cutâneo Farmacoterapia e Saúde Pública 28 TRATAMENTO -- Erradicar o agente causal e cura clínica completa -- Minimizar morbilidade associada -- Avaliar a função respiratória e despistar sinais de doença sistémica (desidratação ou sépsis) -- Cuidados de suporte: oxigénio para hipoxemia, ressuscitação com fluídos, broncodilatadores para broncoespasmo, fisioterapia do tórax se houver sinais de retenção de secreções -- Providenciar hidratação, suporte nutricional e controlo da febre -- Iniciar terapia empírica e depois ajustar -- Avaliar resolução dos sintomas ADULTOS Farmacoterapia e Saúde Pública 29 CRIANÇAS Farmacoterapia e Saúde Pública 30 REFERENCIAÇÃO MÉDICA (CRIANÇAS) Presença de hipoxémia (SpO2 < 92%) Ausência de sons respiratórios na auscultação pulmonar e percussão revela macicez (possível derrame pleural) Crianças < 4 meses Crianças com vómitos incoercíveis, dificuldade respiratória significativa e incapacidade dos familiares para prestação de cuidados e vigilância Febre que persiste após 48h do início da terapêutica, aumento da dificuldade respiratória ou outros sinais de deterioração clínica como agitação ou prostração Farmacoterapia e Saúde Pública 31 OTITE MÉDIA -- Inflamação do ouvido médio -- Otite média aguda: início rápido de sinais e sintomas -- Maior prevalência na infância e em crianças -- Segue-se normalmente a infeção viral do trato respiratório superior que causa disfunção das trompas de Eustáquio e inchaço da mucosa do ouvido médio FATORES DE RISCO Inverno Frequência de creches Alimentação com leite sintético na infância Colonização nasofaríngea com patogénios do ouvido médio CAUSA MAIS COMUM Streptococcus pneumoniae (20 a 35%) Estirpes atípicas de Haemophilus influenzae (20-30%) – níveis elevados de resistências Moxarella catarrhalis (20%) – resistente a quase todos os AB’s Etiologia viral SINAIS E SINTOMAS Otalgia Irritabilidade Estiramento do ouvido Membrana do ouvido acinzentada, abaulada Febre (25% dos casos, geralmente crianças) * Por vezes antecedidos por sintomas de constipação * Resolução da afeção demora cerca de 1 semana, febre passa em 2-3 dias TRATAMENTO -- Redução dos sinais e sintomas, erradicação da infeção, prevenção de complicações, evicção de antibióticos desnecessários e desadequados -- Muitas crianças não precisam de antibioterapia, apenas tratamento sintomático -- Crianças 6 meses – 2 anos: tratamento AB atrasado (48h a 72h) → parece diminuir os efeitos secundários e minimizar resistências DOR E MAL ESTAR: Paracetamol e Ibuprofeno Farmacoterapia e Saúde Pública 32 ANTIBIÓTICO DE ELEIÇÃO: Amoxicilina em doses elevadas (80-90 mg/kg/dia em 2 doses) durante 5-7 dias Em caso de falha, Amoxicilina + Ácido Clavulânico em doses elevadas OU Cefuroxima (30 mg/kg/dia em 2 doses diárias) durante 5-7 dias Alergia a beta-lactâmicos: Azitromicina 10 mg/kg/dia (dia 1) e 5 mg/kg/dia (dia 2-5) OTITE MÉDIA RECORRENTE 3 episódios em 6 meses ou 4 episódios em 12 meses Cuidado especial em crianças com menos de 3 anos (risco de perda de audição e disfunções de linguagem e aprendizagem) Vacinação contra influenza e pneumococos pode diminuir risco de otite média aguda Farmacoterapia e Saúde Pública 33 Farmacoterapia e Saúde Pública 34 FARINGITE -- Infeção aguda da orofaringe -- Complicações não supurativas: febre reumática, glomerulonefrite aguda e artrite reativa -- Período de incubação: 2-5 dias CAUSAS Vírus (maioritariamente) Streptococcus pyogenes (grupo A) SINAIS E SINTOMAS Dor de garganta de início súbito (autolimitada) Dor ao engolir Febre Dor de cabeça, náuseas, vómitos, dor abdominal (+ comum em crianças) Eritema, inflamação das amígdalas e laringe Gânglios linfáticos aumentados e moles TESTES Pesquisa de estreptococosbeta hemolíticos do grupo A através de zaragatoa e cultura TRATAMENTO -- Melhorar sinais e sintomas, minimizar efeitos adversos dos fármacos usados, prevenção da transmissão, prevenção da febre reumática e complicações supurativas -- Limitar antibioterapia aos casos com teste laboratorial positivo e clínica apoiante Dor e febre: Paracetamol e AINE’s (AINE’s aumentam o risco de fasceíte necrosante) Teste positivo para S. pyogenes: Penicilina benzatínica IM, dose única, 1 200 000 UI o Alternativa: Amoxicilina 500mg 8h/8h durante 10 dias o Alergia: Eritromicina (macrólidos) 500 mg 6h/6h durante 10 dias ou Azitromicina (menos efeitos secundários) SINUSITE -- Inflamação e/ou infeção da mucosa do sinus perinasal -- Geralmente de origem viral -- Sinusite de origem bacteriana pode ser aguda (menos de 30 dias com resolução de sintomas) ou crónica (episódios de inflamação de duração superior a 3 meses, com persistência de sintomas respiratórios) S. pneumoniae e H. influenzae Farmacoterapia e Saúde Pública 35 -- Sinusite crónica é geralmente polimicrobiana (aumento da prevalência de anaeróbios, bacilos Gram – e fungos) SINUSITE AGUDA ADULTOS: Descarga nasal/congestão Dor no maxilar ou no sinus, que pode irradiar Sintomas severos que duram mais de 7 dias sugerem envolvimento bacteriano e devem ser tratados com antibioterapia CRIANÇAS: Descarga nasal e tosse por mais de 10-14 dias e febre superior a 39ºC ou inchaço da face e dor são indicações para antibioterapia SINUSITE CRÓNICA Sintomas similares aos da sinusite aguda, mas mais inespecíficos Rinorreia associada a exacerbações agudas Pode ocorrer tosse crónica não produtiva, dor de cabeça e laringite Infeções crónicas e recorrentes até 4 por ano, que não respondem a nebulização nem descongestionantes TRATAMENTO -- Redução dos sinais e sintomas, manter a permeabilidade dos seios perinasais, erradicação da infeção bacteriana com tratamento adequado, diminuição da duração da doença, prevenção de complicações e prevenção da evolução para forma crónica -- Recuperação espontânea comum nas infeções virais Descongestionantes nasais: Fenilefrina e Oximetazolina o Reduzem a inflamação por vasoconstrição Descongestionantes orais Irrigação da cavidade nasal com soluções salinas Anti-histamínicos contraindicados (efeito anticolinérgico que seca as mucosas perturbando a “clearance” das secreções SINUSITE AGUDA BACTERIANA: Amoxicilina 500mg-1g 8h/8h (10-14 dias) o Alergia: Macrólidos (Azitromicina ou Claritromicina) ou Fluorquinolonas respiratórias (Levofloxacina) Farmacoterapia e Saúde Pública 36 TUBERCULOSE -- Doença infeciosa transmissível causada por Mycobacterium tuberculosis -- Infeção silenciosa e latente ou doença ativa ou progressiva -- Transmite-se por tosse e espirros FATORES DE RISCO Infeção por HIV (especialmente entre os 25 e 44 anos) SINAIS E SINTOMAS Manifestações inespecíficas indicando apenas um processo infecioso lento. Início gradual Perda de peso Fadiga Tosse produtiva Febre Suores noturnos Contagem leucocitária ligeiramente aumentada com predomínio de linfócitos DIAGNÓSTICO Teste de tuberculina (Método de Mantoux: injeção intracutânea de PPD contendo 5 unidades de tuberculina, com leitura 48h a 72h depois) Confirmação necessária por radiografia do tórax e exame microbiológico da expetoração ou outro material infetado OBJETIVOS Identificação rápida de novos casos Isolamento dos doentes com doença ativa Colheita de amostras para cultura Resolução de sinais e sintomas Atingir um estado “não infecioso” para terminar o isolamento Adesão ao regime terapêutico Curar o mais rápido possível (em geral 6 meses de tratamento) TRATAMENTO -- Mínimo de 2 fármacos, geralmente dão-se 3 ou 4 em simultâneo -- Tratamento continuado pelo menos durante 6 meses. Pode demorar anos nas formas multirresistentes -- Toma assistida pode melhorar a adesão à terapêutica -- Suporte nutricional e terapêutica de comportamentos aditivos se necessário -- Em alguns casos pode ser necessária cirurgia para remover tecidos destruídos Farmacoterapia e Saúde Pública 37 Tratamento farmacológico INFEÇÃO LATENTE: Isoniazida 300 mg/dia durante 9 meses Rifampicina 600 mg/dia durante 4 meses (se suspeita de resistência ou intolerância à Isoniazida) Grávidas, alcoólicos e doentes com dieta pobre que tomem isoniazida devem tomar um suplemento de 10 a 50 mg diário de piridoxina (vitamina B6) para reduzir a incidência de efeitos no SNC e neuropatia periférica TRATAMENTO STANDARD: Isoniazida 300 mg/dia Pirazinamida 1500 mg/dia Etambutol 1200 mg/dia Rifampicina 600 mg/dia, tratamento de 2 meses, seguido de Isoniazida 300 mg/dia + Rifampicina 600 mg/dia por mais 4 meses * Importante ir fazendo colheitas e medindo a sensibilidade aos AB’s Respondedores lentos (mantém culturas positivas após 2 meses de terapêutica) com lesões cavitárias evidenciadas por RX e VIH+, devem ser tratados por 9 meses e pelo menos mais 6 meses a partir do momento em que as culturas passem a ser negativas Resistência: introduzir 2 ou mais fármacos para as quais o doente seja naif FÁRMACOS DE SEGUNDA LINHA: Cicloserina Etionamida Estreptomicina Amicacina Capreomicina Levofloxacina Moxifloxacina AVALIAÇÃO E MONITORIZAÇÃO -- Maior problema é falta de adesão à terapêutica Monitorizar azoto e ureia séricos, creatinina, transaminases e hemograma completo numa base periódica Suspeita de hepatotoxicidade se transaminases > 5x o normal ou bilirrubina total > 3 mg/dl. Descontinuar o agente causal e escolher alternativa Isoniazida: Hepatotoxicidade e Neurotoxicidade Rifampicina: elevação das enzimas hepáticas, indutor enzimático e pode potenciar a eliminação de muitos fármacos; dá coloração avermelhada à urina, secreções e lentes de contacto Farmacoterapia e Saúde Pública 38 Etambutol: nevrite retrobulbar, mudança na acuidade visual e incapacidade de ver a cor verde. Estreptomicina: lesão do 8º nervo craniano (função vestibular e audição); nefrotoxicidade
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