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1 2 APRESENTAÇÃO 6 AULA 1: ASPECTOS CONCEITUAIS DA QUALIDADE EM SAÚDE 7 INTRODUÇÃO 7 CONTEÚDO 8 CONCEITUANDO A QUALIDADE 12 A BUSCA DE UMA NOVA CONCEITUAÇÃO PARA A QUALIDADE 15 ATIVIDADE PROPOSTA 17 REFERÊNCIAS 17 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 18 AULA 2: A GESTÃO DA QUALIDADE: PRINCÍPIOS BÁSICOS, OPORTUNIDADE, EXIGÊNCIA ÉTICA 24 INTRODUÇÃO 24 CONTEÚDO 25 OS PRINCÍPIOS DA QUALIDADE 25 PRINCIPAIS ENTRAVES À GARANTIA DA QUALIDADE 27 AS BASES DA QUALIDADE NOS SERVIÇOS 30 ATIVIDADE PROPOSTA 33 REFERÊNCIAS 34 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 34 AULA 3: COMPONENTES DA QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 40 INTRODUÇÃO 40 CONTEÚDO 41 COMPONENTES DA QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 41 O CLIENTE DOS SERVIÇOS DE SAÚDE 45 ATIVIDADE PROPOSTA 48 REFERÊNCIAS 49 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 49 3 AULA 4: AVALIAÇÃO DE QUALIDADE EM SAÚDE: INDICADORES DA QUALIDADE 53 INTRODUÇÃO 53 CONTEÚDO 54 A MENSURAÇÃO DA QUALIDADE 54 MAS, ENTÃO, O QUE SÃO INDICADORES? 54 INDICADORES DA QUALIDADE 56 ÍNDICES 57 PADRÕES 57 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE NA SAÚDE 58 INDICADORES DE SAÚDE 60 ATIVIDADE PROPOSTA 62 REFERÊNCIAS 62 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 63 AULA 5: FERRAMENTAS DA QUALIDADE: CONCEITOS, MÉTODOS E APLICAÇÕES 67 INTRODUÇÃO 67 CONTEÚDO 68 FERRAMENTAS DA QUALIDADE 68 FERRAMENTAS ESTRATÉGICAS DA QUALIDADE 69 FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS DA QUALIDADE 72 O CICLO PDCA/SDCA 75 ATIVIDADE PROPOSTA 77 REFERÊNCIAS 78 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 78 AULA 6: O MELHORAMENTO CONTÍNUO EM SAÚDE: O PROCESSO DE GESTÃO DA QUALIDADE E AS EQUIPES DE MELHORIA DA QUALIDADE 84 INTRODUÇÃO 84 CONTEÚDO 85 O PROCESSO DE GESTÃO DA QUALIDADE: MOTIVANDO O PESSOAL E FORMANDO EQUIPES 85 AS EQUIPES DE MELHORIA DA QUALIDADE 86 ATRIBUTOS DAS EQUIPES DE TRABALHO 89 4 ATIVIDADE PROPOSTA 92 REFERÊNCIAS 93 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 93 AULA 7: CERTIFICAÇÕES: O SISTEMA BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO E A SÉRIE ISO 98 INTRODUÇÃO 98 CONTEÚDO 99 SISTEMA BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO 99 A SÉRIE ISO 102 NORMAS ISO SÉRIE 9000 103 ELEMENTOS DA ISO SÉRIE 9000 105 ATIVIDADE PROPOSTA 107 REFERÊNCIAS 107 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 108 AULA 8: ACREDITAÇÃO EM SAÚDE 113 INTRODUÇÃO 113 CONTEÚDO 114 ACREDITAÇÃO EM SAÚDE 114 EVOLUÇÃO NO BRASIL 114 CONCEITUAÇÃO 116 O PROCESSO DE ACREDITAÇÃO 118 ATIVIDADE PROPOSTA 121 REFERÊNCIAS 121 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 122 CHAVES DE RESPOSTA 129 AULA 1 129 ATIVIDADE PROPOSTA 129 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 129 AULA 2 131 ATIVIDADE PROPOSTA 131 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 131 AULA 3 134 5 ATIVIDADE PROPOSTA 134 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 134 AULA 4 136 ATIVIDADE PROPOSTA 136 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 136 AULA 5 138 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 138 AULA 6 140 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 140 AULA 7 142 ATIVIDADE PROPOSTA 142 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 142 AULA 8 144 ATIVIDADE PROPOSTA 144 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 144 CONTEUDISTA 147 6 Na atualidade, cada vez mais a noção de qualidade vem ganhando espaço em todas as dimensões da sociedade. Com a ampliação dessa noção, amplia-se também sua necessidade, bem como sua exigência. A noção de qualidade requer o uso dos meios que favoreçam a adequação de produtos, serviços e das próprias organizações a determinados requisitos, com o objetivo de alcançar a total satisfação dos clientes, dado que, com a qualidade, terão suas necessidades plenamente atendidas. Com a área da saúde não é diferente. Cada vez mais crescem as demandas sociais e, assim, as organizações, entre elas as da área da saúde, enfrentam grandes desafios para atendê-las. Nesse sentido, um dos caminhos é a garantia da qualidade de seus produtos e serviços, mas, para que ela seja eficiente, é fundamental que esteja vinculada diretamente à missão da organização. Na mesma medida, é imperativo que os profissionais voltados para o sucesso de qualquer organização entendam a qualidade e a busquem constantemente, de maneira eficiente e ética. Objetivos: 1. Identificar a importância da qualidade para as organizações; 2. Descrever os princípios, características e conceitos gerais da qualidade; 3. Relatar as estratégias específicas da qualidade no setor de saúde. 7 Introdução A qualidade tem sido uma das dimensões mais procuradas pelas organizações na atualidade. Muitos esforços têm sido dispendidos com o objetivo de garantir a melhoria da qualidade, porque a alta competitividade do mundo organizacional atual, aliada às maiores demandas dos clientes, têm exigido que as organizações se diferenciem, apresentando produtos e serviços de excelência. A condução e a operação com sucesso de uma organização dependem de um sistema de gestão que esteja voltado para uma melhora contínua dos resultados. Assim, a gestão de uma organização precisa incluir a gestão da qualidade. Mas, o que é qualidade? Como determinar exatamente o que é qualidade, para que seu alcance seja possível? Afinal, para buscá-la é preciso entendê-la. Nesta nossa primeira aula, tentaremos entender o conceito de qualidade, a partir de sua evolução histórica. Objetivos: 1. Verificar as fases da evolução histórica da qualidade; 2. Identificar os conceitos tradicionais de qualidade; 3. Identificar a nova proposta de conceituação de qualidade. 8 Conteúdo A preocupação com a qualidade daquilo que se faz e se produz sempre acompanhou o ser humano. As grandes civilizações antigas, por exemplo, preocupavam-se bastante com seus feitos, a ponto de sua arquitetura e sua arte apresentarem altos padrões de excelência, reconhecidos até hoje. No entanto, do ponto de vista histórico, o aparecimento de regras voltadas especificamente para a qualidade ocorre mais claramente durante a Idade Média, época em que os responsáveis pela produção dos bens e serviços necessários eram principalmente os artesãos. Nesse momento da nossa história, o controle da qualidade dos produtos era feito pelo próprio artesão que os produzia. Ele costumava descartar aqueles produtos que não estivessem de acordo com o padrão de qualidade que ele mesmo determinava. Na verdade, isso era uma necessidade bastante real, porque os clientes só costumavam adquirir e pagar por peças de alto padrão e, além disso, a reputação do artesão era o que determinava a busca dos clientes por seus produtos e serviços. Esse sistema de controle de qualidade centrado apenas no próprio artesão perdurou por muito tempo, só sendo modificado quando a demanda por produtos e serviços passa a aumentar consideravelmente, por conta das transformações da sociedade e do aumento da população mundial. O processo produtivo acabou sendo completamente modificado e a Revolução Industrial massificou gradativamente os modos de produção, exigindo, em consequência, novas formas de controle da qualidade. No final do século XIX foi implantado nos Estados Unidos um sistema de administração desenvolvido por Frederick Taylor, considerado como o “pai da 9 Administração Científica”, que alavancou de forma considerável o aumento da produtividade nas indústrias. No entanto, esse sistema tayloriano acabou por provocar perdas importantes em relação à qualidade dos produtos. Esse fato gerou a necessidade da criação de um sistema de inspeções para a verificação e garantia da qualidade. Esse sistema de inspeções, que se configurava como um processo de controle de qualidade mais formal, era voltado para a verificação e análise dos produtos, mas dos resultados finais. Não havia nesse momento a preocupação em se verificar o processo produtivo. Assim, as inspeções constantes separavam os produtos “bons” dos “ruins”, descartando esses últimos e encaminhando para a comercialização aqueles primeiros, considerados adequados para a clientela. Não é difícil perceber que esse sistema transformoua busca pela qualidade em algo muito caro para as organizações. Como as inspeções eram voltadas exclusivamente para o produto final, não eram nada raras as vezes em que lotes inteiros de produtos precisavam ser descartados, por serem considerados inadequados. Isso exigia que todo o processo produtivo fosse refeito repetidas vezes, além de aumentar substancialmente a necessidade de recursos. Assim, a qualidade passou a ser associada diretamente a altos custos, ou seja, para garantir a qualidade, as organizações precisavam utilizar cada vez mais recursos financeiros. Por outro lado, ainda que possamos pensar que os altos custos pudessem funcionar como uma predisposição para que as organizações deixassem de se preocupar com a qualidade de seus produtos, ela não podia ser abandonada, 10 porque era necessária para agradar a clientela. Na verdade, era isso que garantia a sobrevivência da organização! Portanto, algo precisava ser feito para resolver essa questão. Então, essa situação acabou por exigir que fossem feitas mudanças na forma como as organizações buscavam a qualidade, porque era cada vez mais difícil garantir os lucros. Nesse momento e devido a essas necessidades, surgem pensadores que desenvolvem técnicas, de cunhos estatísticos, voltadas para desenvolver o sistema de controle da qualidade, tão importante para o crescimento das organizações. Ainda no início do século XX, Walter Shewhart, estatístico norte-americano, desenvolve, nesse sentido, técnicas de controle estatístico que passaram a ser utilizadas para analisar as variações encontradas nos processos produtivos. Ele criou um que sistema ficou conhecido como Controle Estatístico de Processo (CEP). Essa fase representa uma importante evolução para a qualidade, porque, desde então, passam a ser criados setores específicos para o controle da qualidade nas organizações. Com a explosão da II Guerra Mundial, a demanda pela produção industrial aumentou consideravelmente, mas a mão de obra disponível não estava preparada para dar conta das exigências cada vez maiores. Isso acaba por afetar negativamente a qualidade dos produtos e serviços, o que, por sua vez, fez aumentar ainda mais as atividades do sistema de inspeções. No entanto, acabou funcionando, ao mesmo tempo, como a base para o desenvolvimento de novas estratégias de controle de qualidade. 11 Com o fim da guerra, o Japão encontrava-se arrasado e precisava iniciar seu processo de reconstrução. Isso abre espaço para o desenvolvimento e introdução de novas propostas de gestão, especialmente na estruturação do setor industrial voltado para os bens de consumo. A partir dos anos 1950, o engenheiro especialista em qualidade Joseph Juran, aliado ao estatístico Edward Deming, conhecido como o “pai da qualidade”, levam ao Japão suas novas propostas, baseadas na modernização das técnicas de produção através de maior produtividade e qualidade. A abordagem passa a enfatizar propostas voltadas para a melhoria dos processos organizacionais, ou seja, as estratégias de eliminação de erros com otimização dos recursos passaram a ser adotadas em todas as fases do processo produtivo. Isso modifica completamente a ênfase anterior, porque a preocupação não se voltava mais apenas para o produto final, fato que representa uma verdadeira revolução para a história da qualidade: agora, ela passa a ser uma dimensão relacionada a todos os aspectos da organização. Essa nova filosofia acabou por alavancar o processo industrial japonês, que se configura como um sucesso até hoje. Todas as estratégias gerenciais foram modernizadas no mundo a partir dessas premissas. Principalmente a partir da crise econômica mundial deflagrada nos anos 1970, os países ocidentais adotaram mais concretamente essas propostas, fato que consolidou de vez essa tendência. O entendimento geral de que essas propostas seriam fundamentais para o tão necessário crescimento organizacional foi totalmente consolidado. Nos dias atuais, a gestão da qualidade tem sido cada vez mais implementada e desenvolvida nas organizações de todos os setores, com o 12 objetivo de buscar a melhora contínua dos produtos e serviços e de garantir a satisfação dos clientes, tanto internos quanto externos. Conceituando a qualidade Qualidade de vida. Qualidade no trabalho. Qualidade na educação. Serviço de qualidade. Todos os dias nós ouvimos ou mesmo falamos coisas como essas. Todo mundo quer qualidade. Tudo bem. Mas o que é qualidade? Será que é possível um conceito universal? Você saberia definir exatamente o que é qualidade de vida? E, se você conseguir, será que eu vou concordar com sua definição? Pode ser que qualidade de vida para mim seja muito diferente daquilo que é para você! Na verdade, conceituar qualidade é algo bastante difícil. Embora todos nós saibamos o que ela é, fica difícil defini-la claramente. Isso acontece porque ela é abstrata e varia de acordo com a cultura, o tempo, etc. Seu entendimento é subjetivo. Mas ela é essencial para garantir situações concretas. Assim, muitos autores buscaram formas de conceituar a qualidade. Veremos, a partir de agora, de forma sucinta, as conceituações para a qualidade propostas por quatro de seus principais pensadores e que foram disseminadas ao longo dos últimos anos. 1. “Fazer a coisa certa já da primeira vez” Philip Crosby foi um empresário norte-americano que se tornou um dos principais especialistas em qualidade, contribuindo imensamente para a gestão da qualidade. No seu entendimento, a qualidade exige o atendimento a determinadas normas claras, conhecidas e cumpridas pela pessoa que age. 13 Por isso, qualidade, para ele, significa “conformidade com os requisitos”. Tal conformidade deve ser absoluta, ou seja, a qualidade visa ao “zero defeito”, ainda que, em muitos casos, isso seja impossível. Em outras palavras, a qualidade supõe que não haja nenhuma contemporização com o erro que, por isso mesmo, nunca pode ser considerado como “normal” ou “tolerável” (por exemplo, uma taxa de infecção hospitalar de 3% nunca poderá ser considerada “normal”, mesmo que esse percentual seja aceito dentro dos padrões internacionais. A taxa que a qualidade supõe é “zero”). Crosby lembra ainda que qualidade não é sinônimo de bondade ou de elegância, porque estes são conceitos subjetivos que variam com as pessoas. Para ele, a qualidade é algo objetivo, que pode e DEVE ser medido. E essa medida só pode ter um standard (padrão): o “zero defeito”, ou seja, fazer a coisa certa logo na primeira vez, ainda melhor na seguinte e assim por diante! 2. “Adequação ao uso” Juran, sobre quem já comentamos, entende a qualidade como uma propriedade do produto (ou serviço) que o torna “adequado ao uso”. E, para ele, essa adequação existe quando o produto (ou serviço) é “confiável” e atende às necessidades de quem o utiliza (ou consome). Portanto, para Juran, a “qualidade” tem duas dimensões: O perfil do produto (ou serviço) que atende às demandas da clientela; A “ausência de defeitos”, que permite a redução dos custos. Ele concorda com a premissa de “zero defeito”, mas, por outro lado, discorda da ideia de que a qualidade possa ser entendida como simples “conformidade com os requisitos”, porque isso restringiria a qualidade ao produto (ou serviço), deixando de fora seu resultado, que é a plena satisfação do cliente. 14 3. “Redução nas variações” Deming, o “pai da qualidade”, a entende como algo que “dá orgulho” ao trabalhador pela sua produção (ou prestação de serviços). E esse “orgulho”, por sua vez, supõe a permanente “redução nas variações”, o conhecimento profundo e as habilidades adequadas. Deming não aceita a premissa de “zero defeito” por três motivos: primeiro, porque seriamuitas vezes buscar o impossível; segundo, porque levaria a organização a preocupar-se apenas nos números e resultados; terceiro, porque a organização priorizaria a descoberta dos responsáveis pelos problemas em detrimento de eliminar suas causas através da melhoria dos processos. Ele também não limita a qualidade à “conformidade com os requisitos” (quando o produto ou serviço está de pleno acordo com o que é determinado). Em sua opinião, isso enfocaria apenas o produto (ou serviço), esquecendo o próprio sistema organizacional, limitando a inovação e a melhoria contínua do processo e da própria administração da organização. Por outro lado, Deming admite que a inovação e a melhoria do processo não são suficientes por si mesmas para explicar a qualidade duradoura, ou seja, pode-se também ter qualidade duradoura sem inovação e melhoria continuada (é o caso, por exemplo, dos famosos violinos italianos Stradivarius, feitos no século XVIII e insuperáveis até hoje). 4. “Obtenção dos maiores ganhos com os menores riscos” Avedis Donabedian, médico nascido no Líbano e líder do estudo e aplicação da qualidade à área da saúde, entende a qualidade como a obtenção dos maiores ganhos associados aos menores riscos e custos para os pacientes (que devem ser entendidos como clientes). Esses ganhos, ou vantagens, devem ser determinados de acordo com o que é possível atingir, considerando os recursos disponíveis e os valores sociais enraizados. 15 Donabedian entende, ainda, que a qualidade possui três dimensões: a dimensão técnica, que se refere à aplicação, atualizada, dos conhecimentos científicos na solução do problema do cliente; a dimensão interpessoal, que diz respeito ao relacionamento entre quem presta os serviços e o cliente; e a dimensão ambiental, que inclui as condições de conforto e bem-estar prestadas ao cliente. A busca de uma nova conceituação para a qualidade Todos os conceitos que verificamos mostram o pensamento de importantes líderes mundiais da qualidade, mas nenhum deles pode ser aceito como verdade absoluta e definitiva. Atualmente, as conceituações de qualidade se voltam para a “plena satisfação dos clientes”, o que significa necessariamente antecipar-se, atender e exceder às suas necessidades. Isso, na verdade, acaba atrapalhando um entendimento claro, porque a qualidade não pode ser resumida à opinião do cliente sobre o produto ou serviço. O conceito de qualidade deve se basear na conformidade dos produtos ou serviços com as características básicas e os objetivos das organizações e de seus processos produtivos. Isso quer dizer que a compreensão da qualidade depende da missão de cada organização. Cabe aqui a consideração adicional de que a missão de uma organização se traduz na determinação do enfoque central de sua atividade, ou seja, é sua própria razão de ser. A missão organizacional define o quê, de que forma e para quem fazer a atividade. De acordo com o entendimento mais atual, adotamos aqui o conceito proposto por MEZOMO (2001), para quem a qualidade pode ser conceituada como um conjunto de propriedades de um produto ou serviço, 16 que o tornam condizentes com a missão de uma organização, comprometida com o pleno atendimento das necessidades de seus clientes. As propriedades que dão qualidade a um produto ou serviço são muitas, mas aqui ressaltaremos algumas das mais relevantes: Efetividade: propriedade que se refere ao alcance dos objetivos pré- determinados; Eficiência: se refere à melhora do custo-benefício; Eficácia: está diretamente relacionada à união da efetividade com a eficiência; Oportunidade: se refere à importância de que o produto ou serviço estejam disponíveis na hora certa, aquela em que são buscados e necessários; Atualidade: está relacionada com a oferta de produtos ou serviços produzidos com a tecnologia mais atual, dentro das possibilidades; Aceitabilidade: se relaciona com o atendimento total às necessidades dos clientes internos e externos, deixando-os plenamente satisfeitos. Sintetizando, a compreensão da qualidade depende diretamente da sua associação à missão da organização e à realização plena desta missão. Portanto, o conceito de qualidade não é universal: ele é próprio de cada organização, da mesma forma que cada uma tem sua própria missão. 17 Atividade proposta Com base no que você considera relevante para que um produto ou serviço tenha qualidade, construa o seu próprio conceito de qualidade. Material complementar Para saber mais sobre os tópicos estudados nesta aula, pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Se ainda tiver alguma dúvida, fale com seu professor online, utilizando os recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem. Referências MEZOMO, J. C. Gestão da qualidade na saúde: princípios básicos. São Paulo: Manole, 2001. OLIVEIRA, S. B. Gestão por processos: fundamentos, técnicas e modelos de implementação. 2ª ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2008. 18 Exercícios de Fixação Questão 1 Marque V para a(s) alternativa(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s): a) ( ) Até a Era Medieval, nunca houve nenhuma preocupação das pessoas com a qualidade. b) ( ) Durante a Idade Média, o controle de qualidade dos produtos era feito pelo próprio artesão que os produzia. c) ( ) Os clientes dos artesãos só pagavam por peças de alto padrão. d) ( ) A reputação do artesão determinava a busca dos clientes por seus produtos. e) ( ) O sistema medieval de controle da qualidade durou até o início do século XX. Questão 2 Nos anos 1950, as propostas de estruturação de sistemas de qualidade foram introduzidas no Japão. Os responsáveis foram: a) Taylor e Juran b) Taylor e Deming c) Juran e Deming d) Shewhart e Deming e) Shewhart e Taylor 19 Questão 3 O entendimento da qualidade como consequência do controle de todas as fases do processo produtivo ocorre em qual período? a) Antiguidade b) Idade Média c) Revolução Industrial d) II Guerra Mundial e) Após a II Guerra Questão 4 Quem ficou conhecido como o “Pai da Administração Científica”? a) Walter Shewhart b) Joseph Juran c) Edward Deming d) Frederick Taylor e) Henry Ford Questão 5 O sistema que ficou conhecido como Controle Estatístico de Processo (CEP) foi desenvolvido por: a) Walter Shewhart b) Joseph Juran c) Edward Deming d) Frederick Taylor e) Henry Ford 20 Questão 6 O conceito que relaciona a qualidade com “adequação ao uso” foi desenvolvido por: a) Crosby b) Donabedian c) Juran d) Deming e) Shewhart Questão 7 O conceito que relaciona a qualidade com “conformidade aos requisitos” foi desenvolvido por: a) Crosby b) Donabedian c) Juran d) Deming e) Shewhart Questão 8 O conceito que relaciona a qualidade com a necessidade da permanente “redução nas variações” foi desenvolvido por: a) Crosby b) Donabedian c) Juran d) Deming e) Shewhart 21 Questão 9 O conceito que relaciona a qualidade com a “obtenção dos maiores ganhos com os menores riscos” foi desenvolvido por: a) Crosby b) Donabedian c) Juran d) Deming e) Shewhart Questão 10 Entre os líderes mundiais da qualidade, quem desenvolveu a ideia de que a qualidade visa ao “zero defeito”? a) Crosby b) Donabedian c) Juran d) Deming e) Shewhart Questão 11 Entre as propriedades que dão qualidade a um produto ou serviço, qual se refere à melhora da relação custo-benefício? a) Efetividade b) Eficiência c) Eficácia d) Oportunidade e) Aceitabilidade 22 Questão 12 Entre as propriedades que dão qualidade a um produto ou serviço,qual se refere ao atendimento total às necessidades dos clientes? a) Efetividade b) Eficiência c) Eficácia d) Oportunidade e) Aceitabilidade Questão 13 Entre as propriedades que dão qualidade a um produto ou serviço, qual se refere à importância de que o produto ou serviço estejam disponíveis no momento certo? a) Efetividade b) Eficiência c) Eficácia d) Oportunidade e) Aceitabilidade Questão 14 Entre as propriedades que dão qualidade a um produto ou serviço, qual se refere ao alcance dos objetivos pré-determinados? a) Efetividade b) Eficiência c) Eficácia d) Oportunidade e) Aceitabilidade 23 Questão 15 “O conceito de qualidade deve se basear na conformidade dos produtos ou serviços com as características básicas e os objetivos das organizações”, porque “o conceito de qualidade não é universal”. a) As duas afirmações estão corretas e a segunda justifica a primeira. b) As duas afirmações estão corretas e a segunda não justifica a primeira. c) As duas afirmações estão incorretas. d) A primeira está correta, mas a segunda está incorreta. e) A primeira está incorreta, mas a segunda está correta. 24 Introdução Em nossa aula anterior foi possível verificar que a qualidade é uma dimensão amplamente buscada por todos. No entanto, para que seja possível alcançá- la, é fundamental que os princípios sobre os quais ela está baseada sejam bem entendidos. Ao mesmo tempo, é também necessário que se conheça as barreiras que impedem a garantia da qualidade. Nessa nossa segunda aula, discutiremos os princípios básicos da qualidade. Também verificaremos quais são os principais entraves que precisam ser superados para que a qualidade possa ser alcançada. Além disso, conheceremos os aspectos básicos da qualidade no setor serviços, do qual faz parte a área da saúde. Objetivos: 1. Reconhecer os 8 princípios básicos da qualidade; 2. Identificar os 10 principais entraves à garantia da qualidade; 3. Identificar 8 bases da qualidade no setor de serviços. 25 Conteúdo Os princípios da qualidade Até aqui já conseguimos entender a importância da qualidade para as organizações. Também sabemos que é fundamental que elas se preparem, se estruturem, para a sua busca contínua. No entanto, para que isso seja possível, é preciso que as organizações entendam claramente os princípios que a determinam, porque eles são a base para o desenvolvimento de uma gestão da qualidade. Conheceremos agora os oito princípios da qualidade: 1. Foco no cliente: O foco no cliente precisa ser o elemento de importância prioritária para qualquer organização, seja qual for o seu setor. Na verdade, a existência e o crescimento organizacional dependem, em primeiro lugar, do cliente. Portanto, é fundamental que as organizações conheçam seus clientes, busquem constantemente atender de forma plena as suas necessidades e também procurem ultrapassar suas expectativas, visando a excelência. 2. Liderança: Seja qual for a característica da organização, são seus líderes quem têm a responsabilidade de fomentar o desenvolvimento e garantir a manutenção permanente de todos os processos organizacionais. Isso depende diretamente da criação de um ambiente que seja favorável ao crescimento organizacional, a partir da motivação e do comprometimento de todos aqueles envolvidos. E cabe aos líderes a criação desse ambiente. 3. Envolvimento de pessoas: Esse princípio da qualidade determina que o pleno funcionamento de qualquer organização, essencial para sua sobrevivência, depende diretamente do comprometimento das pessoas. 26 Aqui, a ideia central é a de que quando as pessoas estão realmente interessadas e envolvidas, elas vão voltar todos os seus esforços para que os sistemas da organização funcionem da melhor maneira, fato que influencia diretamente a busca pela excelência. 4. Abordagem de processo: A abordagem gerencial de processos é um dos fatores mais importantes para a visualização do funcionamento da organização em sua totalidade. Com isso, é muito mais fácil perceber os problemas, analisar sua dimensão e agir rapidamente. Por outro lado, isso também facilita o conhecimento rápido e profundo dos acertos organizacionais, favorecendo a continuidade desses acertos, que são os passos necessários para a melhoria da qualidade. 5. Abordagem sistêmica para a gestão: A abordagem sistêmica permite uma identificação mais clara de todos aqueles processos organizacionais que se relacionam entre si. Portanto, permite que seja muito mais fácil entendê-los e gerenciá-los adequadamente. Naturalmente, um gerenciamento mais adequado favorece bastante a melhoria do funcionamento da organização como um todo, garantindo maior qualidade. 6. Melhoria contínua: Esse princípio determina que a busca da melhoria em uma organização, independente de seu setor, precisa ser constante. Isso significa que não basta atingir um determinado grau de qualidade e apenas mantê-lo. As expectativas dos clientes se modificam, os mercados se modificam, o ambiente externo se modifica. Assim, a busca pela qualidade precisa ser 27 permanente, para acompanhar e atender às transformações das expectativas. 7. Abordagem factual para a tomada de decisão: Os sistemas gerenciais devem ser baseados em fatos. Somente os fatos concretos podem referenciar a tomada de decisões. Portanto, é necessário que esses fatos sejam conhecidos, através da análise das informações e dos dados que se têm à disposição. Dessa maneira, é fundamental que a organização mantenha um sistema de monitoramento adequado, para sempre poder coletar os dados e informações necessárias. Isso favorece a constante busca pela qualidade. 8. Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores: Todos os fornecedores de uma organização são essenciais para a garantia de seu pleno funcionamento e de sua qualidade. Afinal, os produtos e serviços só podem ser bons se for garantido o bom fornecimento daquilo que é fundamental para a sua produção. Nesse sentido, sempre será importante para uma organização buscar e manter benefícios mútuos com seus fornecedores, como boas parcerias e alianças em interesses comuns, porque isso promove o crescimento e a melhora da qualidade de ambos. Principais entraves à garantia da qualidade Como já vimos, é muito importante o entendimento acerca do que de fato é qualidade e também de seus princípios. Seu alcance depende diretamente desses elementos. 28 No entanto, também é muito importante, e em igual medida, que os gestores entendam plenamente quais são os fatores que dificultam a implantação de sistemas de qualidade e a sua manutenção nas organizações. Somente o conhecimento profundo poderá permitir que os gestores se preparem adequadamente e tomem as medidas necessárias para eliminar esses fatores de risco para a qualidade. Certamente, existem inúmeros entraves à qualidade, de diversas ordens, e não seria possível discutir todos eles no tempo e no espaço de uma aula. Assim, selecionamos aqui aqueles que são os dez mais frequentes, com base nas considerações de Mezomo (2001), e que são destacados por muitos outros autores: Falta de foco no cliente: Já entendemos que o cliente precisa ser o foco principal de qualquer organização. Quando ele é deixado em segundo plano, não é ouvido, não é compreendido e não é plenamente satisfeito, a excelência não pode ser alcançada e a organização corre sérios riscos. Ênfase maior nos produtos ou serviços: Como já discutimos anteriormente, a ênfase precisa ser voltada para os processos. Quando se prioriza a qualidade apenas nos produtos e serviços, corre-se o sério risco de custos aumentados e de desperdício. Priorização pelo maior lucro no menor tempo: Isso ainda é uma realidade em muitas organizações brasileiras. Tudo bem que o lucro seja essencial para as organizações e, se vier no curto prazo, é ainda melhor. No entanto, é preciso que fique muito claro que a busca do lucro não pode ser baseada na redução da qualidade. Um lucro constante só é conseguido com maior qualidade. 29 Burocracia excessiva: Entendemos que a burocracia é importante para qualquer organização, porque permite a hierarquização e a normatização necessárias à sua estruturação. Mas quando ela é excessiva, acaba impedindo o andamento de todos os processos necessários ao pleno funcionamento organizacional. Isso dificulta amplamente a busca e o alcance da qualidade. Tecnologia inadequada (ou ultrapassada) dos meios de produção: Esse entrave à qualidade é bastante óbvio. Tecnologia inadequada significa produção de produtos e serviços aquém das necessidades dos clientes e pouco competitivos, afetando negativamente o funcionamento e até mesmo a sobrevivência de qualquer organização. Pessoal com qualificação inadequada: Pessoal mal ou pouco capacitado representa processos organizacionais ineficientes. Certamente, isso interfere diretamente na qualidade dos produtos e serviços. Especialização extrema das atividades: Quando é muito excessiva, acaba por comprometer a qualidade, porque impede que as pessoas entendam os processos e suas inter-relações e possam contribuir para a melhoria da organização como um todo. Não entender os custos da falta da qualidade: Quando se desconhece os custos da falta da qualidade, ela não é buscada e não pode ser conseguida plena e constantemente. Enfoque do controle direcionado para as pessoas: O controle precisa ser direcionado para os processos, não para as pessoas! São os processos que apresentam os problemas que precisam ser corrigidos. Controle excessivo de pessoas costuma gerar insatisfação, 30 descomprometimento e absenteísmo (principalmente por conta de doenças ocupacionais). Dessa forma, a qualidade não pode ser alcançada. Descompromisso de todos os envolvidos na organização com a qualidade: Quando não há comprometimento de todos com a qualidade, ainda que ela seja buscada pela organização, não será mantida, porque não haverá o esforço necessário nesse sentido. Não há empenho pelo que não se acredita. As bases da qualidade nos serviços Uma das principais características das organizações do setor de serviços sempre foi o contato direto com sua clientela. Nos últimos anos, essas organizações têm percebido que seus clientes atuais possuem um perfil cada vez mais diferenciado daquele do passado. Atualmente, as pessoas estão muito mais conscientes de seus direitos de consumidor e usuário, estão mais críticas e muito mais exigentes. Além disso, também conhecem exatamente o valor de seu dinheiro. Assim, as organizações de serviços têm constantemente buscado um estilo de gestão diferenciado, que atenda às necessidades dessa nova clientela. Para poder sobreviver no mercado, é absolutamente fundamental que as organizações estejam preparadas para entender e atender o seu cliente em todas as suas demandas, além de garantir sua competitividade, e o desenvolvimento constante da qualidade pode favorecer esses processos. Mas a qualidade nos serviços precisa ser construída com bases muito firmes, para poder resistir às possíveis adversidades do caminho. Nesse sentido, destacaremos aqui algumas das bases da qualidade no setor de serviços: 31 Compromisso dos gestores: Em princípio, todo gestor é favorável à qualidade. Mas a experiência tem demonstrado que isso fica mais na teoria do que na prática, ou seja, a qualidade é até desejada, mas não costuma ser praticada na tomada de decisões e nas próprias ações da administração. Cabe aqui a afirmação de que, no setor de serviços, a busca da qualidade depende totalmente do compromisso dos gestores, que precisam conduzir e liderar o processo. Avaliação: No setor de serviços, a qualidade é determinada diretamente pelo cliente, por sua satisfação. Assim, é muito importante a aproximação da organização com sua clientela, para que seja possível ouvi-la e entendê-la. Somente dessa forma é possível avaliar continuamente o nível de qualidade. Gestão de Conflitos e Problemas: Problemas e conflitos são comuns em qualquer organização, muitas vezes afetam todas as pessoas e precisam ser identificados e solucionados de forma adequada, porque interferem no nível de satisfação dos clientes, e podem até mesmo comprometer a sobrevivência organizacional. Assim, é fundamental que as organizações tenham a capacidade de desenvolver um sistema eficiente voltado para a solução dos problemas e conflitos, que seja capaz de atuar de forma adequada na eliminação de suas causas. Interação com os Colaboradores: Na grande maioria das vezes, o entendimento geral é de que os colaboradores da base não são capazes de opinar corretamente ou de dar ideias úteis para mudanças ou para a solução de problemas. Assim, eles são geralmente desvalorizados. O colaborador precisa ser respeitado e ouvido! E precisa também ser informado dos planos e desafios organizacionais, que sempre dependem da participação deles. Isso favorece seu 32 compromisso com a organização e os coloca em condições de atuar e tomar decisões diante das necessidades. Por isso, os gestores devem sempre interagir com os colaboradores. Grandes ideias podem surgir de onde menos se espera! Treinamento do Pessoal: No setor de serviços, onde o contato com o cliente é direto, o pessoal precisa estar preparado para saber como agir no contato com eles. A qualidade no trato com o cliente depende de muito mais do que boa educação: exige competência e presteza. Para isso, é essencial que o pessoal seja adequada e continuamente treinado, tanto para desenvolver suas próprias tarefas quanto para atender aos clientes com excelência. Comprometimento do Pessoal: Assim como em todos os outros setores, a excelência no setor de serviços depende do comprometimento de todos aqueles envolvidos no processo. Muitas vezes, as organizações do setor de serviços têm grandes dificuldades em desenvolver processos de melhoria da qualidade porque os profissionais não se envolvem como deveriam. Isso é muito comum nos serviços de saúde, onde os profissionais dessa área se percebem tão essenciais que não precisam se envolver. No entanto, seu envolvimento é fundamental para uma boa relação com a clientela. Além disso, eles precisam entender claramente que a qualidade, além de essencial para a organização, também os beneficia: melhora sua imagem, melhora o ambiente de trabalho etc. O gestor tem a responsabilidade de garantir que a busca e o alcance da qualidade não sejam impedidos pela falta de comprometimento desses profissionais, que precisam compreender que os pacientes são clientes, com necessidades que devem ser totalmente satisfeitas. Reconhecimento e Recompensa dos Colaboradores: Como já discutimos, o processo de melhoria da qualidade depende do 33 comprometimento de todos, que precisam ser estimulados a se envolver. Nesse sentido, é muito importante que a gestão desenvolva meios adequados para reconhecer e recompensar o esforço das pessoas que contribuíram para o sucesso organizacional. Mas isso precisa ser feito de forma que garanta a todos chances iguais. As recompensas podem ser de ordem financeira, motivacional, redução da jornada etc. Entendimento do Colaborador como Cliente: O pagamento de um salário não compra o envolvimento, o comprometimento e a dedicação dos funcionários. Esses elementos precisam ser conquistados! O gestor precisa se empenhar em garantir a satisfação daqueles que são osresponsáveis pelo sucesso organizacional. Entendemos que a plena satisfação do cliente externo é essencial para qualquer organização, mas isso só é possível se ela também mantiver um bom relacionamento com seus clientes internos, os funcionários. Atividade proposta Um dos entraves à qualidade abordados nessa aula é o “pessoal com qualificação inadequada”. Apresente duas formas de solução para este entrave. Material complementar Para saber mais sobre os assuntos estudados nesta aula, pesquise a ABNT NBR ISO 9000, de 2005, e busque artigos relacionados ao conteúdo visto. Se ainda tiver alguma dúvida, fale com seu professor on-line utilizando os recursos disponíveis no Ambiente de Aprendizagem. 34 Referências MEZOMO, J. C. Gestão da qualidade na saúde: princípios básicos. São Paulo: Manole, 2001. PALADINI, E. P. Gestão estratégica da qualidade: princípios, métodos e processos. São Paulo: Atlas, 2009. Exercícios de fixação Questão 1 Marque corretamente o princípio da qualidade que facilita o conhecimento rápido e profundo dos erros e acertos organizacionais: a) Melhoria contínua. b) Abordagem sistêmica para a gestão. c) Abordagem de processo. d) Abordagem factual para a tomada de decisão. e) Envolvimento de pessoas. Questão 2 Marque corretamente o princípio da qualidade que determina que as decisões sejam tomadas com base em fatos, conhecidos através da adequada análise de dados. a) Melhoria contínua. b) Abordagem sistêmica para a gestão. c) Abordagem de processo. d) Abordagem factual para a tomada de decisão. e) Envolvimento de pessoas. 35 Questão 3 Marque corretamente o princípio da qualidade que possibilita a identificação e o entendimento de processos organizacionais que se inter-relacionam. a) Melhoria contínua. b) Abordagem sistêmica para a gestão. c) Abordagem de processo. d) Abordagem factual para a tomada de decisão. e) Envolvimento de pessoas. Questão 4 Marque corretamente o princípio da qualidade que determina que a busca pela qualidade tem que ser permanente, para acompanhar e atender às transformações das expectativas dos clientes: a) Melhoria contínua. b) Abordagem sistêmica para a gestão. c) Abordagem de processo. d) Abordagem factual para a tomada de decisão. e) Envolvimento de pessoas. Questão 5 Marque corretamente o princípio da qualidade que determina que o pleno funcionamento de uma organização depende de pessoas comprometidas: a) Melhoria contínua. b) Abordagem sistêmica para a gestão. c) Abordagem de processo. d) Abordagem factual para a tomada de decisão. e) Envolvimento de pessoas. 36 Questão 6 A ênfase maior das organizações nos produtos ou serviços é um entrave à qualidade capaz de: a) Aumentar os custos e o desperdício. b) Tornar a produção aquém das necessidades. c) Impedir que as pessoas entendam os processos e suas inter-relações. d) Gerar nos colaboradores insatisfação, descomprometimento e absenteísmo. e) Impedir o andamento de todos os processos necessários ao pleno funcionamento organizacional. Questão 7 O uso de tecnologia inadequada (ou ultrapassada) dos meios de produção é um entrave à qualidade capaz de: a) Aumentar os custos e o desperdício. b) Tornar a produção aquém das necessidades. c) Impedir que as pessoas entendam os processos e suas inter-relações. d) Gerar nos colaboradores insatisfação, descomprometimento e absenteísmo. e) Impedir o andamento de todos os processos necessários ao pleno funcionamento organizacional. 37 Questão 8 A burocracia excessiva é um entrave à qualidade capaz de: a) Aumentar os custos e o desperdício. b) Tornar a produção aquém das necessidades. c) Impedir que as pessoas entendam os processos e suas inter-relações. d) Gerar nos colaboradores insatisfação, descomprometimento e absenteísmo. e) Impedir o andamento de todos os processos necessários ao pleno funcionamento organizacional. Questão 9 A especialização extrema das atividades é um entrave à qualidade capaz de: a) Aumentar os custos e o desperdício. b) Tornar a produção aquém das necessidades. c) Impedir que as pessoas entendam os processos e suas inter-relações. d) Gerar nos colaboradores insatisfação, descomprometimento e absenteísmo. e) Impedir o andamento de todos os processos necessários ao pleno funcionamento organizacional. 38 Questão 10 O enfoque do controle direcionado para as pessoas é um entrave à qualidade capaz de: a) Aumentar os custos e o desperdício. b) Tornar a produção aquém das necessidades. c) Impedir que as pessoas entendam os processos e suas inter-relações. d) Gerar nos colaboradores insatisfação, descomprometimento e absenteísmo. e) Impedir o andamento de todos os processos necessários ao pleno funcionamento organizacional. Questão 11 A base da qualidade que determina que os gestores têm que ser os responsáveis por conduzir e liderar o processo de busca da qualidade é: a) Avaliação. b) Interação com os colaboradores. c) Treinamento do pessoal. d) Compromisso dos gestores. e) Entendimento do colaborador como cliente. Questão 12 A base da qualidade que determina que o gestor precisa se empenhar em garantir a satisfação daqueles que são os responsáveis pelo sucesso organizacional é: a) Avaliação. b) Interação com os colaboradores. c) Treinamento do pessoal. d) Compromisso dos gestores. e) Entendimento do colaborador como cliente. 39 Questão 13 A base da qualidade que determina que o colaborador precisa ser informado dos planos e desafios organizacionais, que dependem da participação deles, é: a) Avaliação. b) Interação com os colaboradores. c) Treinamento do pessoal. d) Compromisso dos gestores. e) Entendimento do colaborador como cliente. Questão 14 A base da qualidade que afirma que é muito importante a aproximação da organização com sua clientela, para que seja possível ouvi-la e entendê-la, é: a) Avaliação. b) Interação com os colaboradores. c) Treinamento do pessoal. d) Compromisso dos gestores. e) Entendimento do colaborador como cliente. Questão 15 A base da qualidade que afirma que a qualidade no trato com o cliente depende não só de boa educação, mas exige também competência e presteza é: a) Avaliação. b) Interação com os colaboradores. c) Treinamento do pessoal. d) Compromisso dos gestores. e) Entendimento do colaborador como cliente. 40 Introdução A dimensão qualidade depende de determinados fatores que compõem as suas estratégias. Esses fatores são identificados como componentes da qualidade, e são voltados para direcionar suas ações. São fundamentais para que as iniciativas de implantação e desenvolvimento da qualidade possam ser realizadas com sucesso. Nessa nossa terceira aula, vamos conhecer as características principais desses elementos que compõem a qualidade, voltados para os serviços de saúde. Vamos também verificar mais detalhadamente os aspectos relacionados com o componente denominado de Aceitabilidade, que possui especificidades de grande relevância. Objetivos: 1. Identificar os 7 principais componentes da qualidade no setor saúde; 2. Identificar os 5 principais elementos que se relacionam ao componente da Aceitabilidade. 41 Conteúdo Componentes da qualidade nos serviços de saúde A proposta de uma gestão baseada nas premissas da qualidade depende sempre de se trazer à tona, no mínimo, três dimensões fundamentais, que são: A “missão da organização”; Os “serviços ou produtos”; A “satisfação do cliente”; Conforme já verificamos em nossas aulas anteriores, essas dimensões, inclusive, se refletem no próprio conceitoda qualidade, na medida em que são essenciais para a determinação desse conceito. MEZOMO (2001), em suas considerações sobre a qualidade na área da saúde, destaca enfaticamente que: Não é possível “satisfazer os clientes” se os “serviços” não forem adequados às suas necessidades e se o atendimento deles não estiver previsto na própria definição da ”missão” da instituição”. (MEZOMO, J.C. Gestão da qualidade na saúde: princípios básicos. São Paulo: Manole, 2001). As organizações da área da saúde são muito diferentes entre si. Possuem estruturas variadas, tamanhos variados e também possuem objetivos bastante diversos, de acordo com suas características. Sendo assim, a missão de cada organização da área da saúde também é específica. Ao mesmo tempo, e até por conta disso, sua clientela também é específica: ela vai ser determinada de acordo com suas características. 42 Todos os autores e especialistas no campo da qualidade em saúde sempre afirmam que ela pode ser implantada e desenvolvida em qualquer organização da área. Portanto, não importa qual a característica, os objetivos, a natureza, o tamanho, a complexidade, ou qualquer outro elemento que caracterize uma organização do setor de saúde. A qualidade sempre poderá ser implementada. Na verdade, nossa própria experiência, seja como profissionais ou como usuários, pode nos mostrar que muitas vezes uma unidade básica de saúde, mesmo bem pequena e simples, pode ter qualidade muito superior àquela oferecida por hospitais de grande porte, com a melhor tecnologia de ponta. Isso pode ocorrer porque a qualidade depende da missão da organização. E pode acontecer daquela pequena unidade básica de saúde estar cumprindo plenamente a sua missão, enquanto o grande hospital não está. Nesse sentido, é muito importante reafirmar que o cumprimento pleno da missão organizacional, assim como o desenvolvimento de processos e a oferta de serviços com qualidade, é fundamental para a sobrevivência das organizações de qualquer setor, assim como também da área da saúde. No entanto, embora as missões organizacionais sejam específicas e, dessa forma, a qualidade vai depender também especificamente de cada missão, existem alguns fatores que compõem a qualidade, comuns a todos os serviços de saúde. 43 Tais componentes, que conheceremos agora, foram pontuados por Donabedian, líder do estudo da qualidade na área da saúde, sobre quem já comentamos anteriormente: Eficácia Na área da saúde, a eficácia dependerá diretamente do uso da ciência e tecnologia, de forma bem direcionada e controlada, na busca da melhoria do estado de saúde. Efetividade A efetividade é o indicador do quanto se conseguiu melhorar em relação à saúde. Na verdade, ela se encontra na relação entre o que se ganhou, de fato, em termos de melhoria e o que é possível se ganhar. Eficiência Na área da saúde, a eficiência pode ser traduzida na capacidade de se manter ou até mesmo aumentar a efetividade das ações ao mesmo tempo em que se reduz os custos. É muito importante ficar bastante claro que na área da saúde, por conta de sua complexidade e de seus valores associados, muitas vezes um maior investimento não significa necessariamente a melhoria do grau e dos cuidados de saúde. Otimização A otimização está diretamente relacionada com a eficiência, se traduzindo como a melhor relação possível entre custos e melhoria (maior qualidade!). Aceitabilidade A aceitabilidade, na área da saúde, está diretamente relacionada com as expectativas dos clientes. É muito importante que as ações e serviços de saúde estejam em concordância com aquilo que é esperado pela clientela, ou seja, é a aceitabilidade que garante a plena satisfação dos clientes. 44 Mas para que seja possível oferecer um serviço de pleno acordo com os desejos dos clientes, garantindo a aceitabilidade, alguns elementos muito importantes precisam ser considerados, como por exemplo: Acessibilidade: O acesso às ações e serviços de saúde precisa ser completamente garantido, em todas as suas formas. Isso inclui o aspecto físico, financeiro, estrutural, psicológico, social etc. Na verdade, no Brasil isso é um direito constitucional, que precisa ser garantido. Oportunidade: Já vimos que o acesso aos serviços precisa ser garantido. Mas é fundamental que ele possa ocorrer no momento em que o serviço é necessário. Grande demora nos atendimentos, grandes filas impedem que o serviço seja cumprido da forma que precisa e que deveria ser. Comodidade: Todos os ambientes em que serão prestados os serviços de saúde precisam oferecer condições muito satisfatórias. Na verdade, eles precisam funcionar como uma das formas capazes de favorecer o bem-estar do cliente. Resultado: Os resultados precisam estar em plena sintonia com aquilo que o cliente deseja e espera, embora isso possa depender, em certos casos, das características da situação de saúde do cliente. Custo: Precisa ser controlado, mas dentro das premissas daquilo que já verificamos acerca dos componentes eficiência e otimização. Legitimidade A legitimidade pressupõe que as diferenças culturais e sociais sejam inteiramente respeitadas e consideradas na prestação dos serviços de 45 saúde, ou seja, os serviços precisam estar de pleno acordo com os valores, os costumes, as normas, a legislação. Equidade A equidade pressupõe necessariamente a oferta e a prestação de serviços de saúde com honestidade, justiça e, principalmente, com igualdade para todos os clientes, sem distinção de raça, sexo, idade, situação social etc. No Brasil, inclusive, esse componente da qualidade nos serviços de saúde é um dos princípios constitucionais do sistema nacional de saúde. O cliente dos serviços de saúde Notem que, tanto nesta aula como na aula anterior, a preferência tem sido pela utilização da palavra cliente, ao invés de paciente, embora esta última seja, como todos já sabemos, de uso infinitamente mais comum na área da saúde. Isso é proposital. Em primeiro lugar, porque as premissas da qualidade exigem a satisfação plena das necessidades do público-alvo de qualquer organização, e esse público precisa ser entendido como cliente. Em segundo lugar, e não menos importante, porque a experiência nos mostra que o paciente, em nossa sociedade, quase nunca é entendido como cliente. Existe mesmo uma cultura bastante enraizada entre as instituições de saúde, os profissionais da área, os usuários e o público em geral de que o paciente é aquele de deve obedecer às ordens do profissional de saúde. Ele deve esperar pacientemente pelo atendimento, aceitar sem reclamar o que lhe é oferecido e cumprir todas as recomendações (ordens!) sem questionamento. E ainda tem que ficar muito agradecido! Afinal, quem ele 46 pensa que é para questionar as ordens dadas? O profissional de saúde é o dono do conhecimento técnico e científico! Só ele é capaz de saber o que é melhor, e não pode ser contestado! Não é assim mesmo que costuma acontecer em nossa sociedade, caro aluno? Pois é. No entanto, essa prática tão comum se afasta totalmente das propostas de qualidade e afeta diretamente o princípio mais importante para qualquer organização: a satisfação do cliente! Uma organização da área da saúde que busca a qualidade, que pretende atender com excelência, precisa ter muito claro que essa prática tão comum deve ser totalmente combatida. O paciente tem o direito (veja bem: direito!) de questionar, de não concordar com as recomendações médicas, de não gostar do ambiente hospitalar e assim por diante. A instituição e o profissional de saúde são os prestadores dos serviços, ou seja, sua existência está baseada no servir adequadamente, e não em serem obedecidos,como se estivessem fazendo um favor. Não é favor: é trabalho, é serviço! Essa cultura, entre tantos outros fatores, tem contribuído para que muitas ações e serviços de saúde no Brasil, tanto no setor público quanto no privado, não ofereçam boa qualidade. Mas é preciso lembrar que as organizações da área da saúde precisam buscar a excelência. Isso é condição para sua sobrevivência e sustentabilidade numa sociedade em que os problemas de saúde ainda são muito grandes, afetando inclusive a credibilidade governamental. 47 Também é condição para sua sobrevivência e sustentabilidade num mercado cada vez mais competitivo e numa realidade em que os clientes são cada vez mais exigentes. E um primeiro passo na busca da excelência na área da saúde pode ser o pleno entendimento, por parte das organizações e dos profissionais, do paciente como um cliente! Finalizando nossa discussão sobre os componentes da qualidade na área da saúde, não podemos deixar de abordar mais uma questão muito importante, que também faz parte desse contexto: a relação entre os profissionais de saúde e seus clientes. Para o alcance da qualidade na área da saúde, essa relação deve estar totalmente baseada nos preceitos éticos, na lealdade e no respeito, que, naturalmente, tem que ser mútuo. Mas, além disso, para o alcance da excelência essa relação também depende da consideração de muitos outros fatores de grande relevância. Veremos aqui alguns deles, destacados por Mezomo (2001): Tanto os objetivos do cliente quanto os dos profissionais precisam seguir em uma mesma direção. A comunicação tem que ser efetiva entre ambos, de forma constante. A autonomia do cliente, assim como sua liberdade, deve ser preservada ao máximo. A individualidade e a dignidade, tanto do cliente quanto do profissional, também têm que ser garantidas em todas as circunstâncias. 48 A privacidade do cliente é fundamental e precisa ser plenamente garantida. A confiança do cliente no profissional de saúde tem que ser conquistada e mantida, não exigida como uma obrigação do cliente. A empatia e a solidariedade por parte do profissional precisam existir e têm que ser reais, mas o envolvimento, tanto pessoal quanto emocional, deve ser evitado. Ausência total e absoluta de qualquer ação ou situação que signifique algum grau de exploração do cliente. Todos esses fatores aqui destacados são essenciais para a qualidade na área da saúde, mas é muito importante deixar bem claro que eles não substituem a necessidade de que os profissionais possuam uma adequada e atualizada formação técnica e científica. Atividade Proposta De acordo com o capítulo da saúde da Constituição Federal de 1988, um dos princípios do sistema nacional de saúde é a garantia do acesso universal às ações e serviços de saúde. Considere as características de um país como o Brasil e determine a importância dessa garantia constitucional. Material complementar Para saber mais sobre os tópicos estudados nesta aula, pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Se ainda tiver alguma dúvida, fale com seu professor on-line utilizando os recursos disponíveis no Ambiente de Aprendizagem. 49 Referências BERWICK, D.M.; GAFREY, A.B. e ROESSNER, J. Melhorando a qualidade dos serviços médicos, hospitalares e da saúde. São Paulo: Makron Books, 1985. MEZOMO, J.C. Gestão da qualidade na saúde: princípios básicos. São Paulo: Manole, 2001. Exercícios de Fixação Questão 1 Entre os componentes da qualidade nos serviços de saúde, qual se traduz como a melhor relação possível entre custos e melhoria? a) Efetividade. b) Eficácia. c) Otimização. d) Equidade. e) Legitimidade. Questão 2 Entre os componentes da qualidade nos serviços de saúde, qual pressupõe que as diferenças socioculturais sejam inteiramente respeitadas e consideradas na prestação dos serviços de saúde? a) Efetividade. b) Eficácia. c) Otimização. d) Equidade. e) Legitimidade. 50 Questão 3 Entre os componentes da qualidade nos serviços de saúde, qual depende diretamente do uso da ciência e tecnologia na busca da melhoria do estado de saúde? a) Efetividade. b) Eficácia. c) Otimização. d) Equidade. e) Legitimidade. Questão 4 Entre os componentes da qualidade nos serviços de saúde, qual se configura como um indicador do quanto se conseguiu melhorar em relação à saúde? a) Efetividade. b) Eficácia, c) Otimização. d) Equidade. e) Legitimidade. Questão 5 Entre os componentes da qualidade nos serviços de saúde, qual pressupõe a oferta e a prestação de serviços de saúde sem distinção de raça, sexo, idade, situação social etc.? a) Efetividade. b) Eficácia. c) Otimização. d) Equidade. e) Legitimidade. 51 Questão 6 Entre os elementos que precisam ser considerados para a garantia da Aceitabilidade na área da saúde, qual precisa estar em plena sintonia com aquilo que o cliente deseja e espera? a) Acessibilidade. b) Oportunidade. c) Comodidade. d) Resultado. e) Custo. Questão 7 Entre os elementos que precisam ser considerados para a garantia da Aceitabilidade na área da saúde, qual determina que o serviço precisa ser oferecido no momento em que é necessário? a) Acessibilidade. b) Oportunidade. c) Comodidade. d) Resultado. e) Custo. Questão 8 Entre os elementos que precisam ser considerados para a garantia da Aceitabilidade na área da saúde, qual determina que o acesso às ações e serviços de saúde precisa ser completamente garantido? a) Acessibilidade. b) Oportunidade. c) Comodidade. d) Resultado. e) Custo. 52 Questão 9 Entre os elementos que precisam ser considerados para a garantia da Aceitabilidade na área da saúde, qual precisa ser controlado, mas garantindo a eficiência? a) Acessibilidade. b) Oportunidade. c) Comodidade. d) Resultado. e) Custo. Questão 10 Entre os elementos que precisam ser considerados para a garantia da Aceitabilidade na área da saúde, qual determina que os ambientes em que serão prestados os serviços de saúde precisam oferecer condições satisfatórias? a) Acessibilidade. b) Oportunidade. c) Comodidade. d) Resultado. e) Custo. 53 Introdução O pleno funcionamento organizacional, principalmente em relação à qualidade, depende diretamente da acertada tomada de decisões por parte gestores. Por sua vez, a tomada de decisões precisa se basear no conhecimento profundo dos fatos concretos. E para se conhecer esses fatos é necessária uma correta avaliação, que deve ser feita a partir dos dados e das informações dos indicadores. Nesse sentido, as organizações precisam estabelecer e utilizar parâmetros de medidas que facilitem o processo de tomada de decisões, baseadas na qualidade, pelo gestor. Naturalmente, isso não é diferente para as organizações da área da saúde. Nesta aula, abordaremos a importância da mensuração da qualidade, especialmente no que se refere à área da saúde. Objetivos: 1. Descrever a conceituação e as características da avaliação da qualidade. 2. Identificar os dois principais estudos acerca da avaliação dos serviços de saúde. 54 Conteúdo A mensuração da qualidade A qualidade precisa ser constantemente avaliada, porque, caso contrário, não é possível saber o seu nível atual ou saber o que é preciso fazer para que ela possa ser melhorada. As organizações, tradicionalmente, costumam possuir sistemas de verificação de desempenho, com o objetivo de medir principalmente o seu desempenho financeiro. Algumas vezes, tais sistemas são direcionados para a avaliação da produtividade. No entanto, do ponto de vistada qualidade, os indicadores de desempenho devem apontar o grau de competitividade das organizações em relação aos desejos de seus clientes. Isso significa que os indicadores da qualidade precisam refletir a organização como um todo. Nesse sentido, eles são voltados para apontar o caminho, do ponto de vista estratégico, que a organização tem que seguir. A partir de agora, vamos tentar entender um pouco melhor as características dos indicadores. Para que possamos entender as suas características e, principalmente, a sua importância, primeiro temos que saber o que eles são. Mas, então, o que são indicadores? Definindo de forma sucinta, são formas de se representar as características de uma realidade determinada, ou seja, indicam um determinado aspecto da realidade que está sendo observada. 55 Os indicadores podem se configurar, no universo organizacional, como uma representação tanto qualitativa quanto quantitativa. Os indicadores qualitativos podem ser obtidos, por exemplo, através de questionários ou de entrevistas diretas com os clientes. Os indicadores quantitativos são obtidos mais comumente em dados sobre quantidade de produtos/serviços, tempos, número de informações, entre outros. Os indicadores podem permitir às organizações um conhecimento profundo de todo o seu funcionamento, especialmente quando são relacionados com as definições estratégicas. Assim, as oportunidades podem ser mais adequadamente exploradas. Por outro lado, e dado que permitem um conhecimento profundo acerca do funcionamento organizacional, os indicadores também permitem que as organizações possam ter uma visão mais clara de seus pontos mais vulneráveis, e isso ajuda na sua preparação para o enfrentamento de problemas. Naturalmente, é muito mais fácil para qualquer organização tomar decisões estratégicas, táticas e operacionais mais acertadas quando ela tem melhor autoconhecimento. Com isso, ela será capaz de melhorar sua competitividade no mercado e também de melhorar as possibilidades de satisfazer plenamente seus clientes, tanto internos quanto externos. Os indicadores se constituem como uma ferramenta que permite à gestão perceber os problemas e dificuldades durante o desenvolvimento das ações 56 e processos, e isso permite a implementação das mudanças necessárias de forma muito mais rápida. Indicadores da qualidade Os Indicadores da Qualidade são ferramentas que medem aqueles desempenhos da organização que dizem respeito aos seus processos organizacionais e às demandas de seus clientes. Por exemplo, podem estar direcionados para o tempo de atendimento o risco de infecções, a quantidade de material, o nível de atendimento da recepção etc. A sua utilização permite acompanhar, de forma mais efetiva, todo o andamento do processo de gerenciamento, facilitando a agilização das estratégias e ações necessárias. Conforme já comentamos, os indicadores da qualidade são voltados para medir o grau de satisfação dos clientes e a eficácia dos processos. O seu foco está voltado para os resultados. Mas cabe aqui a consideração de que um indicador da qualidade não é exatamente uma medida direta da qualidade. Na verdade, ele se configura como uma ferramenta que é capaz de identificar ou de guiar a atenção para os aspectos relacionados com os resultados. Isso pode apontar a necessidade ou não de uma mudança. Assim, eles indicam se algo é preciso ser feito e também podem indicar aquilo que é preciso ser feito, embora não possam mostrar como fazer. Seus valores (índices) exprimem a porcentagem do grau de aceitação de um aspecto determinado. 57 Índices Os índices podem ser entendidos como a razão entre valores determinados. Ele refere o valor (o número) do indicador em um momento específico. Um indicador necessita da determinação daquilo que será medido e também precisa de um padrão de referência que será usado para a comparação. A partir dos indicadores, é possível determinar os índices. Por sua vez, a partir dos índices é possível determinar padrões. Em relação à qualidade, diversos aspectos podem ser mensurados. Para as organizações da área da saúde, que são nosso foco de interesse, podemos citar como exemplo, entre tantos outros: a relação entre o número de reclamações e o número total de atendimentos; e a relação entre a quantidade de procedimentos ineficientes a quantidade total de procedimentos realizados. Padrões Os padrões são aqueles índices selecionados para serem usados como referenciais comparativos. São essenciais em qualquer processo de mensuração, porque permitem a identificação do problema com maior clareza. Isso se deve ao fato de que a percepção e a identificação dos problemas é muito mais fácil quando são encontradas variações negativas entre o padrão que foi determinado e o índice mostrado pelo indicador. Para um melhor entendimento, vamos observar esse exemplo, muito comum na área da saúde e utilizado, com variações, por muitos autores: 58 Um hospital de médio porte tem como meta que o tempo de espera para o atendimento de seus clientes, num prazo de 12 meses, terá que ser de até 10 minutos. Esse tempo de espera, então, fica determinado como o padrão médio aceito. No momento atual desse hospital, o tempo de espera para o atendimento é de 20 minutos. O problema é, então, nesse caso, determinado pela diferença entre o padrão estabelecido (10 minutos) e a situação atual (20 minutos). Ou seja, o padrão estabelecido facilitou a identificação do problema. Atenção: Podemos aproveitar esse exemplo para facilitar a identificação de cada um dos três elementos que verificamos nessa aula: Indicador: nesse caso, é o tempo de espera para o atendimento. Índice: nesse caso, é o tempo de espera para o atendimento por cliente (20 minutos na atualidade). Padrão: nesse caso, 10 minutos de espera para o atendimento por cliente. Avaliação da qualidade na saúde Para Donabedian (lembra-se dele?), a avaliação da qualidade nos serviços de saúde é absolutamente essencial e tem como objetivo principal a determinação do nível de excelência. Ele destaca enfaticamente a necessidade de que o grau de qualidade seja monitorado continuamente, para que seja possível identificar e consertar precocemente os desvios dos padrões. 59 Segundo muitos autores, de maneira geral e sucinta, é possível agrupar os muitos e variados estudos acerca da avaliação dos serviços de saúde de duas maneiras: 1. Estudos Corporativos Racionalizadores: São aqueles cuja base metodológica é voltada basicamente para a análise que se relaciona aos recursos e aos custos: a) Análises de custo: Essas técnicas de análise, de caráter formal, podem ser utilizadas para comparar as consequências da utilização dos recursos disponíveis. São elas: Análise de Custo-Benefício Análise de Custo-Efetividade Análise de Custo-Utilidade Do ponto de vista prático, são utilizadas para analisar os benefícios ou os prejuízos de uma determinada decisão, que se traduzem em consequências positivas ou negativas. b) Avaliação de eficácia e segurança de tecnologia: Não é nenhuma novidade que a tecnologia voltada para a área da saúde vem crescendo amplamente, em especial nas últimas três décadas. Também não é novidade que o desenvolvimento tecnológico favoreceu muito, felizmente, a melhora dos níveis de saúde no mundo todo. Assim, sua utilização é importante e tem sido cada vez mais constante. Mas é muito importante ter em mente que os avanços tecnológicos na área da saúde, diferentemente de outras áreas, muitas vezes significam custos bastante altos. E, ainda assim, nem sempre 60 representam benefícios tão grandes, ou mesmo tão relevantes. Além disso, podemrepresentar riscos que precisam ser considerados. Nesse, sentido sua eficácia e segurança devem ser muito bem avaliadas, para direcionar a tomada de decisões. 2. Estudos Antropossociais: São aqueles cuja base metodológica de avaliação dos serviços de saúde é voltada para os indivíduos e grupos sociais. Os estudos que representam seus pontos centrais são: a) Acessibilidade: Funciona como um indicador que reflete a qualidade do serviço, porque pode se referir às características sociais e de saúde (renda, atitudes diante do cuidado médico etc.) e aos próprios sistemas de saúde (distribuição dos serviços, organização dos serviços etc.). b) Satisfação do cliente: Funciona como um indicador aproximado da qualidade do cuidado. Configura-se como o mais relevante objetivo no estudo do cuidado e precisa se referir ao cliente externo e interno. Indicadores de saúde A adoção e o uso de indicadores de saúde e de outros indicadores sociais são essenciais para o alcance, manutenção e melhoria da qualidade nos serviços de saúde. A avaliação da qualidade e da produção dos serviços depende deles. Do mesmo modo, as tomadas de decisões podem ser facilitadas com base em seu uso. Mas é muito importante destacar que a seleção dos indicadores deve se basear em alguns critérios, que incluem aspectos tais como os metodológicos, os éticos e os operacionais. Os principais tipos de indicadores voltados para a saúde são: mortalidade, morbidade, 61 expectativa de vida, condições ambientais, condições dos serviços de saúde e condições socioeconômicas. Ainda tratando dessa questão relativa à seleção dos indicadores, é importante ressaltar que a determinação de quais os indicadores que a organização irá utilizar dentro de seu sistema de controle também não pode ser aleatória: é preciso que alguns quesitos sejam considerados. Não adianta e nem é nada produtivo achar que quanto mais indicadores se utilizar, melhor será. Portanto, antes de escolher aqueles que serão usados, deve-se considerar se haverá tempo para analisá-los, se são repetitivos (medem a mesma coisa) e quais são úteis de fato para os interesses da organização. Antes de finalizar nossa aula, deve ser feita, ainda, uma importante recomendação: entendemos que os indicadores são bastante úteis e são essenciais para a compreensão da situação organizacional e, assim, facilitar a tomada de decisões. No entanto, é muito importante que se tenha em mente que eles não podem nunca ser tomados como verdade absoluta, no sentido de que sejam usados como única justificativa para as decisões. Vale lembrar que um indicador, um índice, é apenas um número, um valor, que reflete uma determinada realidade. E essa mesma realidade pode ser interpretada como boa ou ruim, dependendo de quem a analisa. Além disso, indicadores são construídos a partir de fórmulas e ponderações que podem não necessariamente contemplar todos as dimensões necessárias. Afinal, as dimensões organizacionais são elementos complexos e números são representações simples. Assim, pode ser que o indicador não esteja apontando exatamente a realidade em todos os seus aspectos. 62 O indicador tem que ser entendido como uma ferramenta de auxílio, e não de base única para a tomada de decisões. Certamente, isso é um fator que precisa ser considerado no universo gerencial. Atividade proposta Entre os indicadores de saúde estão as condições ambientais. Descreva duas formas em que tais condições interferem diretamente no nível de saúde de uma população. Material complementar Para saber mais sobre os tópicos estudados nesta aula, pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Se ainda tiver alguma dúvida, fale com seu professor on-line utilizando os recursos disponíveis no Ambiente de Aprendizagem. Referências MEZOMO, J. C. Gestão da qualidade na saúde: princípios básicos. São Paulo: Manole, 2001. PALADINI, E. P. Avaliação estratégica da qualidade. São Paulo: Atlas, 2011. 63 Exercícios de fixação Questão 1 Do ponto de vista da qualidade, os indicadores de desempenho devem, de modo geral, apontar principalmente o: a) Desempenho financeiro. b) Desempenho técnico. c) Desempenho da competitividade em relação às demandas dos clientes. d) Desempenho da gerência. e) Desempenho da satisfação dos clientes em relação aos custos. Questão 2 “Os indicadores são voltados para apontar o caminho que a organização deve seguir” porque “devem ser entendidos como a única base possível para a tomada de decisões”. a) As duas afirmações estão corretas e a segunda justifica a primeira. b) As duas afirmações estão corretas e a segunda não justifica a primeira. c) As duas afirmações estão incorretas. d) A primeira está correta, mas a segunda está incorreta. e) A primeira está incorreta, mas a segunda está correta. Questão 3 A caracterização “são selecionados para serem usados como referenciais comparativos” refere-se a: a) Indicador. b) Índice. c) Padrão. d) Indicador de Qualidade. e) Indicador de Saúde. 64 Questão 4 A definição “formas de se representar as características de uma realidade determinada” refere-se a: a) Indicador. b) Índice. c) Padrão. d) Indicador de Qualidade. e) Indicador de Saúde. Questão 5 A definição: “razão entre valores determinados” refere-se a: a) Indicador. b) Índice. c) Padrão. d) Indicador de Qualidade. e) Indicador de Saúde. Questão 6 De acordo com as considerações de Donabedian: “O grau de qualidade deve ser monitorado continuamente” porque “assim é possível identificar e consertar precocemente os desvios dos padrões”. a) As duas afirmações estão corretas e a segunda justifica a primeira. b) As duas afirmações estão corretas e a segunda não justifica a primeira. c) As duas afirmações estão incorretas. d) A primeira está correta, mas a segunda está incorreta. e) A primeira está incorreta, mas a segunda está correta. 65 Questão 7 A caracterização “técnicas de análise que podem ser utilizadas para comparar as consequências da utilização dos recursos disponíveis” refere-se a: a) Estudos Antropossociais. b) Satisfação do Cliente. c) Avaliação de Eficácia e Segurança de Tecnologia. d) Análises de Referências. e) Análises de Custo. . Questão 8 “Sua base metodológica de avaliação dos serviços de saúde é voltada para os indivíduos e grupos sociais” Essa caracterização refere-se a: a) Estudos Antropossociais. b) Satisfação do Cliente. c) Avaliação de Eficácia e Segurança de Tecnologia. d) Análises de Referências. e) Análises de Custo. Questão 9 A caracterização “indicador aproximado da qualidade do cuidado” refere-se a: a) Estudos Antropossociais. b) Satisfação do Cliente. c) Avaliação de Eficácia e Segurança de Tecnologia. d) Análises de Referências. e) Análises de Custo. 66 Questão 10 Julgue as afirmações abaixo: I. A tecnologia voltada para a área da saúde vem crescendo amplamente nas últimas décadas. II. Os avanços tecnológicos na área da saúde podem representar riscos que precisam ser considerados. III. O desenvolvimento tecnológico na área da saúde favoreceu muito pouco a melhora nos níveis mundiais de saúde. Está(ão) correta(s) a(s) afirmação(ões) destacada(s) em: a) ( ) I, apenas. b) ( ) III, apenas. c) ( ) I e II, apenas. d) ( ) II e III, apenas. e) ( ) I, II e III. 67 Introdução A busca, a manutenção e a melhoria da qualidade são essesnciais para qualquer organização, inclusive para as organizações da área da saúde. Assim, toda instituição deve procurar os meios de implantação e desenvolvimento do processo de qualidade. Mas como isso pode
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