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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Ensino da LitEratura 
VisuaL
Prof.ª Ana Regina e Souza Campello
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Ana Regina e Souza Campello
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
C193e
Campello, Ana Regina e Souza
Ensino da literatura visual. / Ana Regina e Souza Campello. – 
Indaial: UNIASSELVI, 2020.
172 p.; il.
ISBN 978-65-5663-066-3
1. Literatura surda. – Brasil. 2. Literatura visual. – Brasil. 
Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 370
aprEsEntação
Acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático de Ensino da Litera-
tura Visual. Durante seus estudos observará que seguimos uma abordagem 
dialógica com produções e autores Surdos e ouvintes no que se refere à iden-
tificação de obras e autores acerca da literatura visual/surda. 
A literatura surda tem uma tradição diferente da literatura da comuni-
dade ouvinte, que culturalmente transmitem suas histórias oral e escrita. Já a 
literatura visual/surda se manifesta nas histórias contadas em sinais e aos pou-
cos foi inserindo-se a cultura escrita na Língua Portuguesa e no sistema SW. 
Na Unidade 1, serão estudadas as modalidades das línguas de sinais 
e orais por meio de produções de textos em língua de sinais e orais. Serão 
contextualizados os conceitos da Literatura Surda e a Literatura Visual quan-
do relacionado a comunidade Surda. Além disso, conheceremos o que alguns 
estudiosos consideram os primeiros registros literários brasileiros que se tem 
história, de autores Surdos e ouvintes aqui no Brasil, bem como algumas 
particularidades dos artefatos culturais como parte essencial da literatura 
visual/surda. Outrossim, na Unidade 1 a figura do profissional tradutor/ator 
Surdo aparece no cenário e na elaboração dos materiais literários visuais.
Na Unidade 2, apresentaremos aspectos relevantes em relação literatura vi-
sual e sua historicidade acerca de produções literárias visuais na modalidade escrita 
na Língua Portuguesa. Versaremos sobre as diversas formas de se traduzir a litera-
tura visual/surda como era anteriormente face a face com suas piadas, metáforas 
entre outros e posteriormente com o uso da tecnologia. Também serão discutidas 
a literatura visual/surda em espaços não formais frequentados pela Comunidade 
Surda, como Ensino de Jovens e Adultos, Bibliotecas, museus entre outros. 
Finalizaremos com a Unidade 3, a qual tem o objetivo de catalogar e 
reunir um acervo de textos literários que são contados nas comunidades surdas 
entre os surdos, e entre os ouvintes participantes dessa comunidade, trazendo o 
conceito e metodologia para o ensino da literatura visual/surda e seu letramen-
to, o que envolve a produção de materiais em escrita de sinais também. Será ex-
planado as produções visuais literárias na educação básica para alunos surdos 
e ouvintes, enfatizando a importância da disciplina de língua portuguesa como 
apoio para produção e promoção da literatura visual/surda. Articularemos a 
formação do docente, abordando brevemente as ementas dos cursos de licencia-
turas consideradas significativas na promoção da Literatura visual/surda como: 
Pedagogia, Bacharelado em Letras/Libras e Pedagogia bilíngue.
Bons estudos!
Prof.ª Ana Regina e Souza Campello
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 —ENSINO DA LITERATURA VISUAL .................................................................... 1
TÓPICO 1 —PRODUÇÕES DE TEXTOS EM LÍNGUA DE SINAIS E ORAIS ......................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 MODALIDADES: LÍNGUA DE SINAIS E ORAL ........................................................................ 4
2.1 A LÍNGUA DE SINAIS – VISÃO HISTÓRICA .......................................................................... 5
2.2 A LÍNGUA PORTUGUESA – CONTEXTO HISTÓRICO ......................................................... 7
3 PRODUÇÃO TEXTUAL DA LÍNGUA ORAL ............................................................................... 9
4 PRODUÇÃO TEXTUAL DA LÍNGUA DE SINAIS .................................................................... 11
5 MODELO DE METODOLOGIA DE ENSINO DE LIBRAS COMO 
 L1 PARA PRODUÇÃO TEXTUAL/VISUAL ................................................................................ 12
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 17
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 18
TÓPICO 2 —LITERATURA VISUAL COMO ARTEFATO CULTURAL .................................. 19
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 19
2 BREVE CONCEITO DA LITERATURA SURDA ....................................................................... 19
3 LITERATURA VISUAL .................................................................................................................... 21
3.1 REGISTROS LITERÁRIOS DA COMUNIDADE SURDA BRASILEIRA – 
PARTICULARIDADES ................................................................................................................. 23
4 CARACTERÍSTICA DOS AUTORES LITERÁRIOS DA LITERATURA VISUAL .............. 27
5 PRODUÇÃO DE MATERIAIS COMO ARTEFATO DA LITERATURA VISUAL ............... 29
5.1 DICIONÁRIOS .............................................................................................................................. 34
5.2 LIVROS ESCRITOS POR AUTORES SURDOS E OUVINTES ............................................... 34
5.3 POESIAS ESCRITAS PELAS PESSOAS SURDAS EM LÍNGUA PORTUGUESA ............... 35
RESUMO DO TÓPICO 2.....................................................................................................................37
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 38
TÓPICO 3 —PRODUÇÕES LITERÁRIAS EM LÍNGUA DE SINAIS 
 BRASILEIRA – LSB ...................................................................................................... 39
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 39
2 TRADUTOR/ATOR E A LITERATURA VISUAL ....................................................................... 39
3 ELABORAÇÃO DE MATERIAIS LITERÁRIOS VISUAIS ....................................................... 42
4 PRODUÇÕES LITERÁRIAS .......................................................................................................... 47
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 50
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 55
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 57
UNIDADE 2 —CONHECENDO A LITERATURA VISUALITERÁRIA ................................... 59
TÓPICO 1 —LITERATURA VISUALITERÁRIA E SUAS CARACTERISTICAS ................... 61
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 61
2 HISTORICIDADE DE PRODUÇÃO LITERÁRIA VISUAL – 
 CONTRIBUIÇÕES NA MODALIDADE ESCRITA ................................................................... 61
3 PRODUÇÃO LITERÁRIA EM LÍNGUA DE SINAIS – 
 REPRESENTIVIDADE SURDA ..................................................................................................... 67
3.1 FACE A FACE ................................................................................................................................ 70
3.2 PIADAS .......................................................................................................................................... 72
3.3 COMÉDIA STAND UP ................................................................................................................ 73
3.4 METÁFORAS ................................................................................................................................ 73
4 UMA REFLEXÃO DE GÊNEROS TEXTUAIS E SUAS FUNÇÕES 
 NA COMUNIDADE SURDA .......................................................................................................... 75
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 76
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 77
TÓPICO 2 — LITERATURA VISUAL/SURDA NA ERA DIGITAL .......................................... 79
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 79
2 COMUNIDADE SURDA E A ERA DIGITAL ............................................................................. 79
3 PRODUÇÕES VISUALITERÁRIA NA ERA DIGITAL ............................................................. 81
3.1 PRODUÇÃO EM VÍDEOS ........................................................................................................... 81
3.2 PRODUÇÕES DO INES .............................................................................................................. 83
3.3 PRODUÇÕES - POESIAS EM LIBRAS ...................................................................................... 85
3.4 PRODUÇÕES – MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS .................................................................. 85
3.5 AS PRODUÇÕES COM UMA LINGUAGEM ESTÉTICA PARA SURDOS ........................ 85
3.6 TV LIBRAS ..................................................................................................................................... 86
3.7 TV INES .......................................................................................................................................... 87
4 LITERATURA VISUAL EM ESCRITA DE SINAIS – CONTRIBUIÇÃO DIGITAL ............ 89
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 93
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 94
TÓPICO 3 — PRODUÇÕES LITERÁRIAS PRODUZIDAS PELOS AUTORES 
 SURDOS EM LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA - LSB ................................... 95
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95
2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL NO BRASIL.................................................. 95
3 COMUNIDADE SURDA E OS ESPAÇOS NÃO FORMAIS NA PROMOÇÃO 
 DA LITERATURA VISUAL ............................................................................................................ 97
3.1 A ASSOCIAÇÃO DOS SURDOS ............................................................................................... 98
3.2 CENTRO DE CIÊNCIAS .............................................................................................................. 98
3.3 EJA – ENSINO DE JOVENS E ADULTOS................................................................................. 99
3.4 BIBLIOTECAS ............................................................................................................................. 100
3.5 MUSEUS ....................................................................................................................................... 101
3.6 PLANETÁRIO ............................................................................................................................. 103
3.7 JARDIM BOTÂNICO ................................................................................................................. 104
3.8 ESPAÇOS MUSICAIS ................................................................................................................. 104
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 108
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 111
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 112
UNIDADE 3 —LETRAMENTO ATRAVÉS DA LITERATURA VISUAL................................ 113
TÓPICO 1 —LITERATURA VISUAL NO LETRAMENTO ....................................................... 115
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 115
2 CONCEITO DE LETRAMENTO ......................................................................................................... 115
3 CONCEITO DE LETRAMENTO VISUAL ................................................................................. 117
4 METODOLOGIA DO LETRAMENTO VISUAL ...................................................................... 121
5 LETRAMENTO VISUAL EM ESCRITA DE SINAIS ............................................................... 124
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 127
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 128
TÓPICO 2 — LITERATURA VISUAL NO ENSINO FUNDAMENTAL ................................. 129
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................129
2 PRODUÇÃO VISUALITERÁRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL – 
 SÉRIES INICIAIS ............................................................................................................................ 129
2.1 PRODUÇÕES LITERÁRIA NO 1° ANO ................................................................................. 132
2.2 PRODUÇÕES LITERÁRIA NO 2º ANO .................................................................................. 133
2.3 PRODUÇÕES LITERÁRIA NO 3° ANO ................................................................................. 135
2.4 PRODUÇÕES LITERÁRIA NO 4° ANO ................................................................................. 135
2.5 PRODUÇÕES LITERÁRIA NO 5° ANO ................................................................................. 136
3 A DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA COMO APOIO ............................................. 137
4 A LITERATURA VISUAL E O REGISTRO EM VÍDEOS ...................................................... 137
5 ENSINO DA LITERATURA VISUAL SOB O OLHAR DA ASL ........................................... 139
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 143
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 144
TÓPICO 3 — LITERATURA VISUAL NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES .................. 145
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 145
2 CONCEITO DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES ................................................................. 145
2.1 LICENCIATURA EM LETRAS / LÍNGUA PORTUGUESA ................................................. 147
2.2. PEDAGOGIA .............................................................................................................................. 148
2.3 LICENCIATURA E BACHARELADO EM LETRAS/LIBRAS .............................................. 149
2.4 PEDAGOGIA BILÍNGUE .......................................................................................................... 150
3 DILEMA LINGUÍSTICO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES ......................................... 151
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 155
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 158
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 160
1
UNIDADE 1 —
ENSINO DA LITERATURA VISUAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer as produções de textos em Língua de Sinais e Orais;
• entender a literatura visual como artefato cultural;
• caracterizar as diferentes produções literárias produzidos pelos autores 
Surdos;
• analisar as diversas produções de vídeos em Língua de Sinais Brasileira 
(LSB).
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – PRODUÇÕES DE TEXTOS EM LÍNGUA DE SINAIS E ORAIS
TÓPICO 2 – LITERATURA VISUAL COMO ARTEFATO CULTURAL
TÓPICO 3 – PRODUÇÕES LITERÁRIAS EM LÍNGUA DE SINAIS 
BRASILEIRA (LSB)
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
PRODUÇÕES DE TEXTOS EM 
LÍNGUA DE SINAIS E ORAIS
1 INTRODUÇÃO
A literatura é um dos meios mais antigos de comunicação entre as culturas. 
Ela é capaz de transmitir emoções e elementos culturais às gerações posteriores, 
de contar e recontar histórias e narrativas consideradas importantes para manter 
viva a cultura daquele povo ou comunidade. Etimologicamente, como bem 
destaca Marisa Lajolo “a forma latina literatura nasce de outra palavra igualmente 
latina: littera, que significa letra, isto é, sinal gráfico que representa, por escrito, os 
sons da linguagem” (LAJOLO, 1986, p. 29). Assim, a literatura envolve a arte de 
escrever e de ocupar-se com as palavras. 
 Neste viés, a literatura perpassa por vários contextos em diferentes épocas, 
em todo o mundo, e com várias influências da sociedade. Compagnon (2009) traz 
o conceito da época do romantismo, “A literatura, instrumento de justiça e de 
tolerância, e a leitura, experiência de autonomia, contribuem para a liberdade 
e para a responsabilidade do indivíduo” (COMPAGNON 2009, p. 34). Aqui no 
Brasil, a nossa literatura teve grande influência na época do cristianismo. 
Passado muitas décadas, a palavra literatura sempre nos remete letras e palavras. 
Porém a literatura não necessariamente envolve só as letras e palavras escritas. Assim, 
o conceito de literatura não se esgota pois se constrói através das diversas linguagens. 
Com respeito à literatura e à cultura surda, mesmo que entre a comunidade surda, o 
acesso ao mundo literário não seja tão amplo quanto o é na cultura ouvinte, as crianças, 
jovens e adultos Surdos também podem ter o mesmo conhecimento literário, por muitas 
modalidades, leitura visual por imagens, ou contadas em sua língua materna (L1) pelo 
sistema gestual visual, por meio do sistema de escrita de sinais (SW) ou mesmo pela 
modalidade de escrita na Língua Portuguesa (L2).
Neste tópico, vamos abordar produções textuais em duas modalidades 
distintas: a modalidade oral auditiva, que é baseada na ação de ouvir e de falar; e a 
modalidade visual, que se restringe no viso-gestual, cuja visualidade e uso das mãos 
são utilizados para se comunicar. Iremos demonstrar que apesar das duas diferenças 
de modalidades, isso não impede de conhecermos as suas estratégias, metodologias 
e procedimentos da produção textual em língua de sinais e língua oral.
UNIDADE 1 —ENSINO DA LITERATURA VISUAL
4
2 MODALIDADES: LÍNGUA DE SINAIS E ORAL
 
A comunicação é uma característica inerente a todos os seres humanos, 
seja ela verbal ou não, a comunicação é importante para viver em sociedade, com-
partilhar experiências, interagir com diferentes línguas e culturas, além de poder 
manifestar diversos sentimentos. 
Em geral, para aprender a se comunicar em língua de sinais ou oral, é preciso 
começar através de educação informal no contexto familiar e social, e posteriormente, 
para aprimorar tanto uma língua como a outra, faz-se necessário uma instrução for-
mal/escolar. Isso quer dizer que irão passar por um processo de alfabetização, ter o 
conhecimento das regras gramaticais, com uso de atividades de leitura e uso da escrita.
 
 No caso do aluno surdo o acesso a uma educação formal bilíngue, ou seja, 
o aprendizado em Libras e língua portuguesa concomitantemente potencializará 
o seu ensino-aprendizado na escrita e leitura das duas línguas. Destacamos aqui 
o uso da prosódia que é a parte gramatical nas línguas orais e que caracteriza a 
entonações das vozes durante a fala. 
Nas línguas de sinais essas entonações se apresentam pelo uso das expressões 
faciais e corporais. Cada expressão facial e corporal denuncia a sutileza da comunica-
ção dos surdos, como quando um surdo movimenta a cabeça de um lado para outro, 
dependendo do contexto, pode significar: desdém, agonia e/ou raiva. Sentimentos de 
alegria logo são percebidos pelo olhar, movimentos nos ombros e tronco. São carac-
terísticas linguísticas nas quais presenciamos a prosódia em língua de sinais.
A língua de sinais, ou sinalizada, de modalidade viso-gestual, são capazes 
de expor pensamentos, ideias, opiniões e descrever meticulosamente os contextos 
igualmente às línguas orais auditivas. Toda sua visualidade se dá principalmente 
pelo uso das mãos dos seus usuários ao se comunicar. 
A língua oral ou falada é baseada na modalidade oral-auditiva,as comuni-
dades falantes/ ouvintes, podem se comunicar por meio da escrita e, principalmente, 
por meio da fala, mas também se utilizam de expressões corporais e faciais, quando 
não precisam ou não querem verbalizar. Por meio da fala, grupos e comunidades 
ouvintes podem expor os pensamentos, ideias, opiniões e trocar informações.
Agora, brevemente contextualizaremos características históricas da lín-
gua brasileira de sinais — Libras – e a língua portuguesa, com o objetivo e enten-
dermos a produção de materiais de literatura visual/surda aqui no Brasil. 
TÓPICO 1 —PRODUÇÕES DE TEXTOS EM LÍNGUA DE SINAIS E ORAIS
5
2.1 A LÍNGUA DE SINAIS – VISÃO HISTÓRICA
A língua de sinais é uma língua utilizada pela comunidade surda ou 
“povo Surdo” e possui estrutura gramatical, assim como outras línguas oficiais. 
A língua de sinais utilizada no Brasil teve sua origem na França, quando chegou 
aqui no Brasil mesclou-se com a língua dos Surdos que participavam e estudavam 
no Instituto Imperial dos Surdos Mudos (fundado em 1855), no Rio de Janeiro. 
Aqui, no Brasil, nossa língua de sinais é chamada de Língua Brasileira de Si-
nais (Libras), reconhecida como língua da comunidade surda pela Lei 10.436/2002 
e o seu Decreto 5.626/2005 que determina a formação de professores de Libras, bem 
como dá diretrizes para formação de Intérprete e Tradutores em Libras. 
Apesar de seu reconhecimento oficial, ressaltamos que ainda é uma língua 
em situação de risco, que carece de documentação linguística. Assim, Quadros e 
Silva (2017) destacam a importância da preservação da Língua Brasileira de Si-
nais e sua promoção por meio da criação do Inventário Nacional da Língua de 
Sinais Brasileira (LSB). Quadros e Silva (2017, p. 143) deixam claro a importância 
dessas ações quando dizem que “permitirá não apenas às comunidades usuárias 
dessas línguas, mas a toda população do país, reconhecer o valor e a riqueza de 
suas particularidades linguísticas e das perspectivas culturais nelas imbuídas”.
O Inventário Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras), é um projeto 
executado pela parceria entre o Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política 
Linguística (IPOL) e a UFSC, em convênio com o Instituto do Patrimônio Histórico E Artístico 
(IPHAN/MinC). Disponível em: https://bit.ly/3hMLlEu.
NOTA
A língua de sinais do Brasil, Libras, como conhecemos, foi trazida pelo 
primeiro professor e Diretor do, hoje, Instituto Nacional de Educação de Surdos 
(INES), em 1855. Ele trouxe da França várias disciplinas que eram ensinadas na 
língua de sinais francesa e, aos poucos, essas disciplinas foram se misturando 
com a língua de sinais utilizados pelos alunos Surdos do Instituto. Conforme nos 
informa o INES:
Essa proposta continha as disciplinas de Língua Portuguesa, Aritmética, 
Geografia, História do Brasil, Escrituração Mercantil, Linguagem Arti-
culada, Doutrina Cristã e Leitura sobre os Lábios. [...] A língua de sinais 
praticada pelos surdos no Instituto – de forte influência francesa, em fun-
ção da nacionalidade de Huet – foi espalhada por todo Brasil pelos alu-
nos que regressavam aos seus Estados ao término do curso. Nas décadas 
UNIDADE 1 —ENSINO DA LITERATURA VISUAL
6
FIGURA 1 – PROF. HUET E A ICONOGRAFIA DE SINAIS DOS SURDOS-MUDOS
FONTE: a) Oliveira (2014, p. 10); b) <https://bit.ly/3jRcLLl>. Acesso em: 20 nov. 2019.
iniciais do século XX, o Instituto oferecia, além da instrução literária, o 
ensino profissionalizante. A conclusão dos estudos estava condicionada 
à aprendizagem de um ofício. Os alunos frequentavam, de acordo com 
suas aptidões, oficinas de sapataria, alfaiataria, gráfica, marcenaria e ar-
tes plásticas. As oficinas de bordado eram oferecidas às meninas que fre-
quentavam a instituição em regime de externato (BRASIL, 2016, p. 4-5).
Observamos que o INES, aqui no Brasil, caminhou junto à mesma didática 
educacional que existia na França para os surdos na época. Além disso, o objetivo 
do INES era e ainda é não somente dar uma educação formal, mas profissionalizar 
os surdos para terem oportunidades iguais do ouvinte no mercado de trabalho.
Dessa forma, os dialetos da língua francesa de sinais foram mesclados, com a 
língua de sinais falada aqui no Brasil e criou-se o primeiro dicionário chamado de Icono-
grafia de Surdos Mudos, produzido pelo “repetidor” Flausino de Gama, ex-aluno do INES. 
Fique atento, no próximo tópico aprofundaremos nossos estudos na obra 
Iconografia de Surdos Mudos, de Flausino de Gama.
ESTUDOS FU
TUROS
a) b)
TÓPICO 1 —PRODUÇÕES DE TEXTOS EM LÍNGUA DE SINAIS E ORAIS
7
Nesse sentido, a criação do curso de Letras Libras licenciatura e bacharelado 
vem fomentar estudos, pesquisas, coletas, reflexões e discussões sobre a historicida-
de das línguas de sinais, contribuindo significativamente para o reconhecimento e a 
valorização da língua, bem como da cultura e das identidades surdas, evitando assim 
a sua “zona de risco”, ou seja, a não preservação das línguas de sinais aqui no Brasil.
Apesar da Língua de Sinais ser uma língua gestual visual, não quer dizer 
que todas as modalidades visuais existentes, como as gravuras, em geral, os si-
nais gráficos fazem parte das línguas de sinais. Dessa forma, a língua de sinais se 
difere dos símbolos pictográficos e das línguas orais-auditivas de muitas formas, 
com as descritas a seguir:
• tem sua gramática própria;
• te realizam pelo canal visual: uso dos “olhos” em vez da audição;
• utilização do espaço por expressões faciais e até movimentos gestuais percep-
tíveis pela visão.
É um legitimo sistema linguístico estudado pelos linguistas de todo o mun-
do, atende eficazmente às necessidades de comunicação entre os indivíduos surdos 
e ouvintes usuários. Conforme Campello (2008, p. 22) “eles são Surdos sinalizantes 
e visuais, e culturalmente os sinais e as suas imagens estão sempre incorporados, 
vinculados, traduzidos pelos corpos, expressões faciais e pelas mãos”.
FIGURA 2 – LEGITIMIDADE DA LIBRAS
FONTE: <https://blog.cancaonova.com/maosqueevangelizam/files/2009/09/imagem.jpg?fi-
le=2009/09/imagem.jpg>. Acesso em: 20 nov. 2019.
2.2 A LÍNGUA PORTUGUESA – CONTEXTO HISTÓRICO
A língua portuguesa, originária de Portugal, trouxe sua estrutura grama-
tical que foi mesclada com a língua dos índios que moravam no Brasil e dos ne-
gros que vieram trabalhar aqui como escravos. A língua portuguesa foi uma lín-
gua proclamada como única língua do Brasil pelo Marquês de Pombal, em 1758, 
com o objetivo de não mais usarem a língua indígena: tupi, e, também, devido à 
religião que dominava na época imperial. 
UNIDADE 1 —ENSINO DA LITERATURA VISUAL
8
Você sabe quantas línguas tem aqui no Brasil? Saiba a resposta acessando o 
link: http://ipol.org.br/tag/linguas-do-brasil/.
DICAS
Iremos, agora, discorrer sobre nossos estudos em produções textuais em 
LS e na modalidade escrita. Antes, faz-se necessário relembrar os conceitos do 
que é comunicação, linguagem, língua, leitura e literatura, veja: 
• “Língua: sistema de signos orais que permitem a comunicação entre mem-
bros de uma comunidade” (CEGALLA, 2005, p. 541).
• “Linguagem: faculdade que o ser humano tem de associar uma imagem acús-
tica de um som vocal a um conceito e de utilizar o resultado para exterioriza-
ção do pensamento e interação social” (CEGALLA, 2005, p. 541).
• “Comunicação: transmissão de informação” (CEGALLA, 2005, p. 219).
• “Leitura: arte de ler” (CEGALLA, 2005, p. 535).
A trajetória da língua portuguesa é sempre bem destacada no ensino de cur-
sos de Letras. Segundo Anísio Teixeira (1989 apud FIALHO; FIDELIS, 2008), a trajetó-
ria da língua portuguesa aqui no Brasil é grandemente influenciada pela classe inte-
lectual da época que vinha da Europa, e da comunidade jesuíta, conforme a seguir:
O Brasil nasceu assim sob a influência de uma classe intelectual que 
trazia consigo, além da paixão pelas Letras e saber da época, o prestí-
gio do poder e da influência. Embora o país não tivesse formalmente 
uma universidade, para todos osefeitos ela existiu com os colégios dos 
padres jesuítas e os estudos menores das Letras Humanas (gramática, 
retórica, poesia), Latim, Grego e Hebraico, com predominância do La-
tim como língua da cultura intelectual, estudos que se continuavam 
na Universidade de Coimbra. Até o começo do Século XIX, a Univer-
sidade do Brasil foi a Universidade de Coimbra onde iam estudar os 
brasileiros, depois dos cursos no Brasil. Nessa universidade, gradu-
aram-se, nos primeiros três séculos, mais de 2.500 nascidos no Brasil 
(TEIXEIRA, 1989 apud FIALHO; FIDELIS, 2008, s.p.).
 
Assim, semelhante à nossa língua portuguesa — que foi trazida de outro 
pais, no caso Portugal e suas influencias — a nossa língua brasileira de sinais tam-
bém se originou da língua de sinais francesa, que, inicialmente, incorporou os si-
nais brasileiros e, hoje, com orgulho, temos a Língua Brasileira de Sinais — Libras. 
Após brevemente contextualizarmos a historicidade das origens envol-
vendo as modalidades das línguas orais e sinalizadas, abordaremos como cada 
língua, dentro de sua modalidade, se comporta ao produzir seus textos. 
TÓPICO 1 —PRODUÇÕES DE TEXTOS EM LÍNGUA DE SINAIS E ORAIS
9
3 PRODUÇÃO TEXTUAL DA LÍNGUA ORAL
 
As línguas cientificamente reconhecidas, trazem, consigo, a importância 
da alfabetização, para os usuários daquela língua, é o princípio para que as comu-
nidades inseridas nessa linguagem adquiram o gosto por escrever e ler. O MEC, 
nos Parâmetros Curriculares Nacionais e a Língua Portuguesa (BRASIL, 2011), 
norteia especificidades da relação com a escrita e leitura e a Língua Portuguesa: 
Conhecimento atualmente disponível a respeito do processo de leitura 
indica que não se deve ensinar a ler por meio de práticas centradas na 
decodificação. Ao contrário, é preciso oferecer aos alunos inúmeras opor-
tunidades de aprenderem a ler usando os procedimentos que os bons lei-
tores utilizam. É preciso que antecipem, que façam inferências a partir do 
contexto ou do conhecimento que possuem, que verifiquem suas suposi-
ções — tanto em relação à escrita; propriamente, quanto ao significado. 
Partindo dessa premissa da história da ação de ler, “Saber ler e escrever, já 
entre os gregos e romanos, significava possuir as bases de uma educação 
adequada para a vida” (MARTINS, 1994, p. 22 apud TAFAREL, 2017, s.p.).
Historicamente, esta educação não visava apenas o desenvolvimento de ha-
bilidades intelectuais e espirituais, mas também aptidões para que o cidadão se inte-
grasse efetivamente na sociedade. Entendemos aqui a importância da leitura e escrita 
por meio de produção textual para qualquer comunidade linguística. Neste contex-
to, trazemos Antunes (2003, p. 41) com uma concepção interacionista da linguagem, 
quando diz que, “as línguas só existem para promover a interação entre as pessoas”. 
Seguindo essa visão interacionista, podemos dizer que a escrita é a união 
da interação dos sujeitos ao se produzir um texto. Segundo Koch (2002, p. 17), 
“o texto passa a ser considerado o próprio lugar da interação e os interlocutores, 
como sujeitos ativos que — dialogicamente — nele se constroem e são construí-
dos [...]”. Destacamos que, há diversas formas de realização de um texto, ou seja, 
dependendo da situação comunicativa entre os sujeitos, o texto pode passar de 
uma pequena mensagem a uma redação por exemplo. 
No contexto, educacional “cabe ao professor, portanto, criar condições 
para que os alunos possam apropriar-se de características discursivas e linguísti-
cas de gêneros diversos, em situação de comunicação real” (LOPES-ROSSI, 2005, 
p. 80-81). Assim, notamos que a partir da linguagem e da reunião de característi-
cas gramaticais importantes, podemos fazer uma ligação coesiva entre elas, e, por 
• “Literatura: arte de compor ou escrever trabalhos em prova ou verso com o 
objetivo de atingir a sensibilidade ou emoção do leitor ou do ouvinte” (CE-
GALLA, 2005, p. 543).
Assim, compreendermos os conceitos das nomenclaturas envolvidas na 
produção textual das línguas orais e de sinais significa mergulharmos com mais 
propriedade nos estudos à frente.
UNIDADE 1 —ENSINO DA LITERATURA VISUAL
10
Acompanhem um exemplo de metodologia de ensino na língua portuguesa 
para incentivar a produção textual e adquirir o conhecimento da escrita e suas regras 
gramaticais. Disponível em: https://bit.ly/2EtLsqn.
DICAS
fim, produzir um texto. Você já tinha parado para pensar em todo esse processo 
quando produz um texto? Então, conheça mais sobre a importância da produção 
textual a fim de produzir literatura.
 Vilarinho (2020), nos traz algumas orientações para se produzir um bom texto, 
ao dizer que é preciso iniciar com um tema de acordo com o interesse dos alunos, cha-
mando atenção para as características do tipo de texto, personagens, o tempo e o espaço 
e também da importância da conclusão, o qual é o momento em que o acontecimento 
da história é apresentado. Para isso, o professor precisa preparar no seu plano de aula: 
• primeira aula: trazer os recortes de jornal do tema;
• segunda aula: pesquisar o tema na biblioteca ou nos computadores para que leiam;
• o professor precisa dar dicas das referências bibliográficas nas quais os alunos 
vão pesquisar;
• o professor pode ainda ler alguma história de um recorte de jornal ou pedir 
para que um dos alunos conte a história, e depois pendurar no mural da sala 
uma lista com os elementos da história para que os alunos não se esqueçam 
do que aprenderam.
Ela continua, depois que os alunos estiverem familiarizados com a temática su-
gerida, estarão prontos para produzir uma história coletiva. Como sugestão, o professor 
pode pedir que os alunos narrem a história enquanto vai escrevendo. Alguns dão suges-
tões de personagens, outros de tempo, de espaço, dos acontecimentos e assim por diante. 
Após a conclusão do texto, o professor faz a correção ortogramatical com todos os alunos. 
Primeiramente é feita a leitura da produção textual e, depois, começa a revisão coletiva.
Durante a revisão, o professor vai visualizando o que pode ser mudado, 
por exemplo: quando há muitas repetições de verbos, nomes de personagens ou 
de reprodução de expressões orais (“aí ela”, “daí ele”), o professor pode pergun-
tar a turma o que pode ser colocado no lugar. Se há muita repetição do nome 
João, coloca-se “ele” no local; verbos iguais coloca-se um sinônimo; as expressões 
orais poderão ser substituídas por “então”, “logo” etc. 
TÓPICO 1 —PRODUÇÕES DE TEXTOS EM LÍNGUA DE SINAIS E ORAIS
11
Associado a esta análise de texto, se explica o uso dos pronomes, a impor-
tância de conhecer mais verbos, o uso dos conectivos textuais para maior clareza etc. 
Após a correção, o professor pode repassar as alterações para seus alunos.
Acadêmico, trouxemos essa síntese metodológica em didática na língua 
portuguesa, como um exemplo, para o professor de alunos no caso (ouvinte), 
pode instigar seus alunos a sentir a necessidade de produzir seus próprios textos, 
após a explicação teórica e prática. Fique à vontade para escolher a metodologia 
que mais se adequa ao seu contexto.
Acesse o PDF do livro: Leitura e produção de texto, do professor Tarcísio José 
Pereira. Com orientações de produção textual na língua portuguesa. Disponível em: https://
bit.ly/3g8B6Kh.
DICAS
4 PRODUÇÃO TEXTUAL DA LÍNGUA DE SINAIS
 
Na língua de sinais, a produção textual ocorre de acordo com a particularida-
de que as pessoas surdas carregam em si. Já sabemos que é bem comum pessoas sur-
das que são filhos de pais ouvintes não adquirirem a língua de sinais como sua língua 
materna. O que pode causar um atraso no contato com a língua de sinais, afetando o 
processo cognitivo, emocional e raciocínio das pessoas Surdas na fase escolar. 
Agora, quando a aquisição da Língua de Sinais como L1 acontece desde a 
infância, é muito comum ver as experiências lúdicas, a espontaneidade na criação 
textual das próprias pessoas surdas presentes nas Associações de Surdos, nos 
esportes promovidos pelas FederaçõesDesportivas, ou nos pátios das escolas e 
estes apresentam uma determinada estrutura que se gerou culturalmente e está 
representada através de narrativas surdas. 
Portanto, as práticas sócio-discursivas entre os surdos despertam a cria-
ção textual em Libras, refletindo diferentes níveis de expressões diferente por 
estarem em ambientes diferentes. Perceba que estamos nos referindo à produção 
textual não escrita e sim visual. Assim, o Surdo que quer ingressar no mundo 
acadêmico letrado, precisa estar atento, pois quanto mais ele dominar sua língua 
nativa com experiências visuais mais preparado para usufruir e compartilhar co-
nhecimentos acadêmicos ele estará. Porém, a aquisição da língua escrita como 
(L2), continua tendo sua importância para o Surdo.
UNIDADE 1 —ENSINO DA LITERATURA VISUAL
12
FIGURA 3 – MODELO DO PROFESSOR BILÍNGUE
FONTE: <https://bit.ly/2P5KOkN>. Acesso em: 20 nov. 2019.
Para fazermos uma produção textual/visual coerente em língua de sinais, é 
importante conhecermos e entendermos algumas metodologias baseadas em estudos 
realizados entre professores e alunos surdos. É o que veremos a partir de agora.
5 MODELO DE METODOLOGIA DE ENSINO DE LIBRAS 
COMO L1 PARA PRODUÇÃO TEXTUAL/VISUAL
Na perspectiva da educação brasileira, a escola deve oferecer acesso a todos 
os seus alunos sem distinção. Assim, reconhecer as especificidades do seu alunado, 
significa ser um professor que esteja sempre buscando uma formação que o prepare 
para desenvolver práticas de ensino aprendizagem que contemple esses alunos. Nes-
se sentido, recordamos a Lei 10.436/2002 — Lei Libras — e seu Decreto 5.262/2005: 
Art. 5º A formação de docentes para o ensino de Libras na educação 
infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada 
em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e a 
Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, 
viabilizando a formação bilíngue (grifo nosso) (BRASIL, 2005, p. 2).
Observamos que, a lei dá preferência para o professor surdo ensinar Libras 
tanto como L1 para surdos, como L2 para ouvintes. Contudo, destacamos que para ser 
professor bilíngue é necessário muito mais do que dominar a língua de sinais, é preci-
so saber ensinar e instruir, transmitir, informar, conversar, dialogar, expor problemas, 
obter respostas e tudo na ênfase dialógica junto aos alunos Surdos/ouvintes. Perlin e 
Rezende (2011, p. 34) nos dizem sobre o jeito de ensinar do professor surdo veja:
TÓPICO 1 —PRODUÇÕES DE TEXTOS EM LÍNGUA DE SINAIS E ORAIS
13
Esta desconstrução no entender do professor surdo é o jeito de ensinar 
que melhor aproxima o conhecimento do sujeito surdo e que faz dele 
um sujeito que desenvolve atitudes próprias diante da vida e indepen-
dência do ouvinte. É a Didática na forma cultural própria.
 
Assim, embora professores ouvintes possam ser bilíngues, entendemos 
que a preferência pelo o professor surdo no ensino de Libras como L1 ou L2 tem 
suas subjetividades relacionadas a uma didática própria da comunidade surda. 
FIGURA 4 – INSTRUÇÃO EM LIBRAS
FONTE: <https://bit.ly/333ca3t>. Acesso em: 20 nov. 2019.
As autoras Basso, Strobel e Masutti (2009), na sua metodologia de ensino de Li-
bras como L1, mostram que é importante analisar a relação que envolve uma dinâmica 
de inter-relação entre corpo, espaço e movimento. Portanto, diferente de uma dinâmica 
presente nas línguas orais, as línguas de sinais convivem com o cênico como um ele-
mento de atribuição de sentidos. Por isso, o ambiente ou espaço físico não é um mero 
componente ou detalhe, é um elemento decisivo para a produção de textos em Libras. 
Nesse sentido, a pedagogia do professor bilíngue surge da sua própria 
forma de construção de sentidos que é visual e há um ganho muito grande para 
os alunos surdos quando o professor partilha da mesma experiência de ser surdo. 
As autoras continuam explanando que:
[...] cabe à escola promover essa conscientização do aprendizado em língua 
de sinais e sua gramática através de:
atividades linguísticas – que se referem ao estudo da língua em situações de 
uso, ou seja, nas atividades dialógicas, nas quais o aluno seja colocado dian-
te do maior número possível de textos sinalizados ou escritos em sinais; 
atividades epi linguísticas – centradas na reestruturação do texto de forma 
a que o aluno possa manipular a linguagem, construir hipóteses, transfor-
mar as expressões, buscar novas significações, ou seja, que o aluno seja ca-
paz de produzir, interpretar e compreender qualquer texto que circule em 
seu contexto de forma autônoma e crítica; 
UNIDADE 1 —ENSINO DA LITERATURA VISUAL
14
atividades metalinguísticas – que é o trabalho de sistematização gramática l 
propriamente dito, ou seja, a conceitualização e nomenclatura convencional, 
na qual o aluno possa refletir conscientemente sobre a língua de sinais por 
meio da própria língua de sinais (BASSO; STROBEL; MASUTTI, 2009, p. 25).
Após o aprendizado por meio das atividades teóricas citadas anterior-
mente, é preciso seguir alguns procedimentos na elaboração do material confor-
me a seguir:
• A elaboração de materiais escritos em sinais (sistema SW);
• O registro em sinais (vídeos).
FIGURA 5 – CONTAÇÃO DE HISTÓRIA E ESCRITA DE SINAIS
FONTE: <https://bit.ly/2BBuKnN>; <https://bit.ly/3hWrDGP>. Acesso em: 20 nov. 2019.
Um dos aspectos mais significativos da cultura surda e que precisa ser 
preservado e estimulado nas escolas bilíngues é a narração de histórias em sinais. 
Em geral, os surdos são ótimos contadores de história. Essa particularidade do 
povo surdo deve fazer parte do cotidiano da sala de aula no ensino de Libras 
como L1, ou em qualquer outro espaço utilizado na educação dos surdos. 
Mas, como trabalhar capturando as narrativas? Apresentamos aqui um 
modelo da metodologia de produção textual surda baseado no texto da discipli-
na: Metodologia de Ensino de Libras como L1 para Surdos, da UFSC pelas auto-
ras Basso, Strobel e Masutti (2009, p. 29-30): 
• Introduzir as crianças surdas pequenas no mundo das histórias 
surdas, promovendo encontros na Associação de Surdos ou tra-
zendo surdos mais velhos para contar histórias na sala de aula. Os 
assuntos podem ser os mais variados, desde que haja a oportuni-
dade de vivenciar a língua de forma espontânea. A presença de 
adultos surdos mais velhos estimula o aprendizado das crianças e 
adolescentes surdos, servem de modelo linguístico e cultural e de-
senvolvem de uma identidade surda sadia. Sempre que possível, 
as histórias podem ser filmadas para usos futuros.
• Contar histórias para as crianças, criadas pelo próprio professor 
a) b)
TÓPICO 1 —PRODUÇÕES DE TEXTOS EM LÍNGUA DE SINAIS E ORAIS
15
ou trazidas por ele para a sala de aula. Podem-se criar histórias 
sobre fatos vividos, experiências, histórias engraçadas, histórias 
de suspense e de terror, que estimulam a imaginação dos alunos 
e auxiliam a desenvolver o hábito de prestar atenção, fazer infe-
rências, antecipar situações e levantar hipóteses sobre o enredo, 
deduzir e tirar conclusões.
• Analisar histórias contadas: quem são as personagens, onde acon-
tece a história, em que tempo, qual a sequência dos fatos, qual o 
ponto mais importante, como é o desfecho. Ao comentar a his-
tória, o professor apresenta as múltiplas faces da narrativa, am-
pliando as possibilidades linguísticas dos alunos, os conceitos e 
atribuindo sentido e significado às situações;
• Extrapolar o texto narrativo trazendo elementos que complemen-
tam as informações do texto em sinais. Por exemplo, ao contar 
uma história acontecida em outro lugar ou época, localizá-lo geo-
gráfica e historicamente, estabelecendo relações de espaço e tem-
po; trazer figuras ou fotografias que ilustrem e auxiliem a com-
preensão dos alunos, entre outros recursos;
• Estimular as narrativas a partir de livros de literatura com ima-
gens (sem texto escrito), explorando as situações, personagens e 
recursos visuais que compõem o enredo;
• Ao utilizar as histórias em sinaisexistentes no mercado, sejam 
livros em escrita de sinais, vídeos ou CD-ROM, enfatizar os as-
pectos visuais dos textos, a construção do enredo, os elementos 
constitutivos. Fazer comparações entre versões de uma mesma 
história também é muito interessante e incentiva o aluno a ob-
servar vários pontos de vista sobre um mesmo tema ou assunto. 
Também estimular os alunos a observarem as diferentes constru-
ções textuais – os elementos considerados importantes, as esco-
lhas linguísticas, as marcações espaciais de tempo verbal, classifi-
cadores, expressões não manuais e escolha do léxico. 
FIGURA 6 – HISTÓRIA INFANTIL EM LIBRAS
FONTE: <https://bit.ly/2P0JBeN>. Tempo recortado: 1:18 de 5.59. Acesso em: 20 nov. 2019.
Com todas estas orientações em uma pedagogia visual, a produção textu-
al sinalizada ou escrita para o Surdo passa a ter uma finalidade social que repre-
senta a forma como o autor interpreta a vida e o mundo do qual faz parte. Nesse 
contexto, trouxemos o exemplo de um verso de um poema escrito na modalidade 
L2 por uma poeta surda acompanhe:
UNIDADE 1 —ENSINO DA LITERATURA VISUAL
16
Eu olho pela janela
Outra janela me olha
Que doido seria se a janela sorrisse!
Lá, a luz acende
E eu me vejo pensando...
Será ela, janela, piscando para mim?
Seria esse o sorriso dela?
FONTE: ROSA, E. F. Borboletas poéticas. Porto Alegre: Vivilendo, 2017. 
Perceba, no texto, a poetisa surda segue uma coerência linguística da língua 
oral escrita, conseguimos sentir a emoção que ela quer transmitir igualmente a auto-
res ouvintes mesmo que não esteja em registro de vídeo. Ao ler, você diria que esse 
texto foi produzido por uma autora surda? Bem, é claro que o texto passou por uma 
revisão da editora, mas, com certeza, as ideias e as emoções são da poetisa surda.
 
Os mesmos recursos e metodologias propostos para os surdos no ensino 
de Libras como L1, podem ser utilizados para ensinar Libras como L2 na produ-
ção textual para ouvintes. Nesse sentido, pode acontecer o bimodalismo, ou seja, 
a mistura da língua de sinais e a língua oral auditiva, que para o ouvinte não trará 
prejuízos linguísticos, pois ele estará aprendendo uma segunda língua. 
 
Diferentemente para os surdos, a metodologia de ensino por meio do bi-
modalismo, não é considerada a mais adequada para o ensino aprendizagem de 
surdos, além de ferir a gramática da Libras, podem trazer sérios prejuízos e atra-
sos linguísticos no aprendizado da língua portuguesa, como L2, para eles.
 
Ainda há muitas escolas em que professores ouvintes resistem em apren-
der a Língua de Sinais por julgar ser de uma estrutura linguística complexa de-
mais, daí a preferência de mesclar o ensino através de bimodalíssimo. Destacamos 
que todos esses aspectos considerados aqui se tornam importantes ao ensinar li-
teratura visual para qualquer público. Porém, cada profissional Surdo ou ouvinte 
pode e deve adaptar a metodologia conforme sua realidade.
17
Neste tópico, você aprendeu que:
RESUMO DO TÓPICO 1
• Há diferenças linguísticas entre as modalidades em língua de sinais e língua 
oral.
• É importante aprimorar a língua de sinais ou oral, por meio da educação 
formal.
• Na língua oral, a produção textual, é a reunião de palavras que compõem a 
Língua Portuguesa.
• Na língua sinalizada, a produção textual é a composição de sinais e expressões 
faciais e corporais como fazendo parte de sua gramática.
• Um dos aspectos mais significativos da cultura surda e que precisa ser 
preservado e estimulado nas escolas bilíngues é a narração de histórias em 
sinais.
• Contar e recontar histórias, fatos e experiências vividas deve fazer parte do 
cotidiano da sala de aula de Libras como L1, e ouvinte de Libras como L2, 
para produção textual em LS.
• Para o público ouvinte a contação de história pode ser feita através da 
oralidade e a Língua de Sinais como L2.
• A instrução em Libras preferencialmente deve ser feita pelos professores 
bilíngues.
• A característica do professor bilíngue, seja surdo ou ouvinte não significa 
ser somente proficiente em língua de sinais, mas, saber, ensinar informar, 
conversar, dialogar.
• O bimodalismo ainda é uma metodologia utilizada, por muitos professores 
ouvintes que consideram a gramática da LS complexa demais para ensinar.
18
1 Veja o filme Eu sou Surda e não sabia, disponível no endereço https://www.
youtube.com/watch?v=Vw364_Oi4xc e responda as seguintes perguntas: 
a) O filme em questão foi produzido no ano 2009 na França, mostra a 
experiência de uma surda, hoje adulta, que lembra muitos detalhes e seus 
sentimentos de ser surda e não saber desde a sua infância e principalmente 
na época escolar. Naquela época, a família e as escolas estavam preparadas 
para esse contexto?
b) Considerando a época do filme e com base nos fundamentos teóricos 
expostos em sala de aula, nas escolas por onde passou até seus pais 
matricularem ela no instituto de surdos, qual foi o método de ensino 
utilizada no filme? Justifique. 
2 Colete em sua cidade os discursos narrativos de professores surdos e 
ouvintes que condizem com as práticas da Pedagogia Surda e compartilhe 
na sala de aula.
AUTOATIVIDADE
19
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
LITERATURA VISUAL COMO 
ARTEFATO CULTURAL
1 INTRODUÇÃO
Dando continuidade aos estudos do ensino da literatura visual, neste tópico, 
iremos contextualizar sobre os artefatos culturais da comunidade surda muito 
utilizada nas narrativas de literatura visual. Abordaremos a diferença entre os 
conceitos relacionados à literatura visual, como fazendo parte da literatura surda. 
As duas temáticas — Literatura Surda e Visual — estão entrelaçadas, mas, 
por muitos motivos, passam por características distintas. Dessa forma, é dada a 
importância de conhecermos e aprendermos as diversas produções das Litera-
turas visuais dentro da literatura surda. Além de analisarmos sobre a criação, 
adaptação e tradução, estratégias e objetivos na produção de Literatura Visual em 
detrimento ao público Surdo, e para conhecimento do público ouvinte.
2 BREVE CONCEITO DA LITERATURA SURDA 
FIGURA 7 – LITERATURA SURDA
FONTE: <https://bit.ly/3f8LH6E>. Acesso em: 18 de nov. 2019.
É bem comum quando lemos literatura surda e literatura visual associar-
mos aos mesmos conceitos. Primeiro, precisamos esclarecer que a literatura surda 
envolve o visual, assim, não tem como falarmos de literatura surda e não relacio-
nar à visualidade. Mas, vamos desmitificar a respeito desses termos a fim de nos 
concentrarmos na literatura visual produzida pelas comunidades surdas. Uma 
20
UNIDADE 1 —ENSINO DA LITERATURA VISUAL
autora que explana muito bem sobre a literatura surda é Karnopp (2006, p. 7), 
vejam como ela expressa o conceito da literatura surda. 
É aquele que a produção de textos literários em sinais, que traduz a 
experiência visual, que entende a surdez como presença de algo e não 
como “falta”, que possibilita outras representações de surdos e que con-
sidera as pessoas surdas como um grupo linguístico e cultural diferente.
 
Atente para quando ela diz que a literatura surda “entende a surdez como 
presença de algo e não como falta” Karnopp (2006, p. 7) continua afirmando que 
a literatura surda envolve:
[...] pesquisas que objetivam registrar, escrever, filmar e divulgar a 
produção literária de surdos, encontram, em geral, os seguintes di-
lemas: as dificuldades da tradução da experiência visual ou, talvez, 
o desconhecimento da língua de sinais e das situações cotidianas dos 
narradores, do significado de suas lutas, de sua língua, dos costumes 
e das situações bilíngues. É possível, no entanto, encontrar formas de 
registrar as histórias que traduzam a modalidade visual que os sur-
dos utilizam para narrar suas histórias de vida, piadas, mitos, lendas... 
Sem perder o movimento que as mãos produzem, as expressões cor-
porais e faciais que vão construindo e desvendando o enredo, as per-
sonagens, o cenário. Interessa-nos, portanto, analisar os registros do 
mundo surdo — de suas diferenças linguísticase culturais — e trazer 
à tona os textos produzidos por/para surdos (KARNOPP, 2006, p. 7).
 
Notamos pela citação da autora que são várias as características envolvidas na 
a literatura surda. Por ser de uma cultura diferente suas narrativas são manifestadas 
através das histórias contadas por meio visuais (sinais/imagens). Isso demonstra a ver-
dadeira identidade surda corroborando para que as pessoas surdas se identifiquem 
como parte do “povo Surdo” ou membros Surdos dentro da “comunidade surda”. 
Antigamente, as histórias e narrativas eram somente contadas em línguas 
sinais entre os próprios surdos e sem nenhum registro visual ou escrito. Os dife-
rentes gêneros textuais, como piadas, histórias, narrativas, anedotas, ou seja, “ga-
nhos linguísticos Surdos”, e relatos que outrora mostravam a “opressão do ou-
vintismo” começaram a desaparecer. Junto a estas transformações, profissionais 
Surdos/ouvintes se unem na causa educacional e social da comunidade Surda 
brasileira, para resgatar e promover na sociedade a literatura surda que sempre 
esteve presente, porém sem protagonismo.
TÓPICO 2 —LITERATURA VISUAL COMO ARTEFATO CULTURAL
21
FIGURA 8 – LITERATURA SURDA
FONTE: <https://bit.ly/39ADDuj>. Acesso em: 20 de nov. 2019.
Compreendemos, ainda segundo Karnopp (2006), que uma das principais carac-
terísticas da literatura surda, é o registro do mundo Surdo, por meios escritos ou visuais, 
isso quer dizer que, sua produção, pode se dar tanto por Surdos como por ouvintes en-
volvidos na divulgação dos artefatos culturais e linguísticos da comunidade surda. 
Já no caso da literatura visual, veremos a importância de serem produ-
zidas pela visualidade das mãos, principalmente por pares Surdos sem muita 
interrupção de ouvintes, como um bem pertencente à cultura e identidade surda, 
por meio textos de vários gêneros literários produzidos pela comunidade surda. 
Destacamos que, a literatura visual também faz parte da literatura ouvinte, consi-
derando que, existem muitas opções de leituras imagéticas sem palavras, porém 
no contexto da cultura da comunidade ouvinte.
3 LITERATURA VISUAL
 
O ser humano desenvolve sua linguagem materna, por meio dos signos 
e significados da língua a qual sua comunidade faz parte. Conforme já visto, no 
caso do ouvinte, estes signos estão associados a oralidade à escrita, e os surdos as-
sociam o visual e os significados dos sinais, assim, a comunicação dos surdos vem 
por expressão sinalizadas. Quanto à leitura e à escrita, tanto do ouvinte quanto 
do surdo, está associado à compreensão de todo o repertorio simbólico adquiri-
dos e compreendidos da língua da comunidade o qual pertence.
 
Essas características comunicacionais entre ouvintes e surdos, faz com 
que muitos concluam que o interesse e a capacidade visual que as pessoas surdas 
22
UNIDADE 1 —ENSINO DA LITERATURA VISUAL
têm em comparação aos ouvintes é muito maior. De certa forma, isso acontece, 
porém, não se deve levar como uma regra, considerando que em cada um de nós, 
independente se somos surdos ou ouvintes, existe um canal de comunicação que 
individualmente mais se destaca seja (visual, auditivo cinestésico). 
No contexto da literatura visual para crianças Surdas, Rosa (2006, p. 62-
63) relata que:
O desenho é importante para as crianças terem o visual e maior facili-
dade em perceber o conteúdo do livro. Além disso, desenhos de sinais 
expressam e marcam a cultura surda. Possuem a possibilidade de leitu-
ra, pois dentro tem a escrita de língua de sinais. (...) Para compreender 
a escrita da língua de sinais a pessoa precisa conhecer a estrutura da 
escrita de Língua de Sinais. E, por último, a leitura do português, que 
também é importante para aprender a lê-lo. O objetivo desses itens é 
ajudar e compreender a cultura surda. (...) Além de material impresso, a 
mídia (CD/DVD) é muito importante para surdos, pois apresenta visual 
para todos do Brasil e é um meio mais fácil para entender o livro.
O fato é quando o sujeito Surdo traz uma narrativa da comunidade surda, 
com suas histórias interessantes, que usam as mãos e a visão, já é considerada 
uma literatura visual, representadas pelo povo surdo. De acordo com Porto e 
Peixoto (2011, p. 167): 
Para refletir sobre literatura visual é preciso que pensemos que esta mo-
dalidade de texto surgiu no momento em que as pessoas surdas se apro-
priaram do saber sobre o poder de produção imagética de sua língua.
 
Assim, trazemos de forma sucinta o conceito de literatura Visual quando 
relacionada à comunidade Surda, por Mourão (2011), quando diz que as histórias 
em literatura visual em geral emocionam e exploram o que visualmente é produ-
zido na língua de sinais, que através do olhar podemos sentir e entender. É algo 
que faz rir pela piada, emocionar pelo poema etc. O surdo “ouve” pela visão. 
Lebedeff (2010, p. 181) diz:
De acordo com Carter, Carter e Fleischer (2005), os surdos se reúnem em 
associações e eventos sociais possuindo suas próprias instituições e tra-
dições. Segundo os autores: os surdos se unem e se aproximam em fun-
ção da língua de sinais e, a partir dela, desenvolvem sua própria cultura.
Notamos como as tradições, eventos e reuniões das associações ou em 
vários contextos da comunidade surda são importantes na produção de literatura 
visual. Leite e Guimarães (2014, p. 5) disserta que: 
Nesse processo de construção de identidade do sujeito surdo e a sua re-
lação com os seus pares, a contação de histórias e a Literatura Surda se 
constituem como fatores relevantes, promovendo a reflexão, a criticidade, 
a autonomia, dentre a consolidação de outras aprendizagens. Ao conside-
rar a literatura como instrumento essencial na formação do imaginário do 
TÓPICO 2 —LITERATURA VISUAL COMO ARTEFATO CULTURAL
23
sujeito surdo, o contar e recontar histórias por meio da Língua Brasileira 
de Sinais possibilita significar a fantasia e produzir novos conhecimentos 
na ressignificação de outros contextos, utilizando a sua língua natural.
 
 Dessa forma, diferente da literatura visual produzida pela comunidade 
ouvinte, a literatura visual produzida pela comunidade surda se configura uma 
modalidade dentro da literatura surda. Portanto, devemos estar atentos ao fato 
de que nem todos os materiais literários visuais que encontramos faz parte da 
literatura visual de autoria da comunidade surda e somente para uso da comuni-
dade surda. Por isso ficam algumas perguntas para identificar a literatura visual/
surda: o que aquela produção revela sobre a cultura surda? Que efeito a literatura 
visual pode ter na educação e na identidade do aluno Surdo?
Se interessou em saber a diferença entre a literatura visual produzida no Brasil 
para ouvintes e surdos? Então veja mais sobre Literatura Visual em: https://bit.ly/39Ca7ob.
DICAS
3.1 REGISTROS LITERÁRIOS DA COMUNIDADE SURDA BRA-
SILEIRA – PARTICULARIDADES
 
Os novos estudos linguísticos, permitiram criar muitas possibilidade e ex-
ploração de textos literários sinalizados gravados. Os diferentes gêneros textuais, 
como piada, histórias, narrativas, anedotas, e dicas que mostram a “opressão do 
ouvintismo” pareciam estar desaparecendo. Mas, pessoas surdas de mais idade 
continuam passando esse legado aos Surdos mais jovens, e, então, de geração em 
geração continuam persistindo nas memórias do povo Surdo.
 
Nesse sentido, uma ferramenta que tem auxiliado na divulgação da litera-
tura visual são os estudos nos cursos relacionados a linguística da Libras, univer-
sitários ou não cujos textos dos cadernos de estudos estão na língua portuguesa, 
incentivando os Surdos a exercitarem a escrita e leitura na língua oficial do país 
— Língua portuguesa — sem deixar de apresentar suas atividades também em 
Libras. Esse processo sem dúvida tem colaborado muito para a aceitabilidade do 
surdo que passou a ser reconhecida junto à sociedade ouvinte. 
Dessa forma, começou a surgir entre a comunidade surda várias opções 
de produção como: literatura comentada, dicionário, glossário, literaturaprodu-
zida pelos autores Surdos e ouvintes: poesias, história infantil, fábulas etc., bem 
como pesquisas nos gêneros textuais (criadas, adaptadas ou traduzidas), tornan-
do-se mais presentes nas comunidades surda e ouvinte.
24
UNIDADE 1 —ENSINO DA LITERATURA VISUAL
Literatura comentada é uma seleção de textos, notas estudos biográficos 
históricos e críticos. Esse tipo de literatura também está inserido na comunidade surda.
NOTA
Historicamente, o primeiro registro de documento produzido no Brasil 
para orientar a aprendizagem e consulta de sinais manuais para pessoas 
interessadas em comunicar-se com surdos foi a literatura surda Iconografia dos 
Signaes dos Surdos-Mudos publicado em 1875, criado por iniciativa de Flausino 
José da Costa Gama, que fora aluno do Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, 
hoje INES, com o apoio do então diretor Dr. Tobias Leite. 
Que tal se aprofundar e conhecer mais sobre esse registro histórico visto 
por alguns estudiosos como a primeira literatura Surda brasileira?
O termo iconografia foi utilizado na época de forma errônea como sinônimo 
de criação de símbolos.
ATENCAO
Sofiato e Reily (2011) mostra que a Iconografia dos Signaes dos Surdos-Mu-
dos, é uma obra em que os verbetes foram traduzidos em língua francesa para a 
língua portuguesa. 
Na época, o objetivo desse material era difundir a língua de sinais aos 
vizinhos que viviam em volta do Instituto Nacional de Educação de Surdos, por 
isso, acabou ficando restrito e conhecido na região do RJ, hoje sendo resgatado 
pelos historiadores.
Esta iconografia do “repetidor", como ficou conhecido Flausino da Gama 
aqui no Brasil, teve como grande referência a obra do professor surdo francês 
Pierre Pelissier, intitulada L'Enseigment Primaire dês Sourds-Muets Mis a La Portée 
de Tour Le Monde Avec Une Inconographie des Signes, datada de 1856. 
Ao que tudo indica, ele teve acesso à obra original do professor francês. Note, 
na figura a seguir, trazemos um exemplo de dois sinais (instruído, ignorante), que 
foram adaptados da língua de sinais francesa para a obra de Flausino da Gama.
TÓPICO 2 —LITERATURA VISUAL COMO ARTEFATO CULTURAL
25
FIGURA 9 – OBRA DO PROFESSOR FRANCÊS SURDO PIERRE PÉLLISIER ADAPTADO POR GAMA
FONTE: Sofiato e Reily (2012, p. 579)
Rocha (2007) descreve Flausino da Gama como “repetidor” no Instituto do 
Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, porque tinha de assistir à aula e depois repetir as 
lições do professor aos alunos que tinha sob a sua responsabilidade. Além de muitas outras 
incumbências.
INTERESSA
NTE
Para saber mais a respeito do professor surdo francês Pierre Péllissier não deixe 
de pesquisar o artigo intitulado Justaposições: o primeiro dicionário brasileiro de língua de 
sinais e a obra francesa que serviu de matriz. Disponível em: https://bit.ly/39HdN87.
DICAS
Nesta época aqui no Brasil, não existiam dicionários de língua de sinais 
ou outro material similar, de forma que Flausino da Gama, o repetidor, propôs 
empregar os sinais franceses como se fossem brasileiros, culminando com a cria-
ção de uma língua de sinais “originalmente” brasileira, mas com grande influên-
cia da língua de sinais francesa. Então, entendemos que, os sinais apresentados 
na obra brasileira, portanto, são uma “mistura” ou uma mescla da língua francesa 
de sinais com a língua brasileira usada naquela época no Brasil. 
 
Independente da intenção de Flausino da Gama, sua obra é motivo de mui-
to orgulho, como fazendo parte de um dos primeiros registros de literatura visual/
surda que se tem estudos aqui no brasil, tanto para os surdos brasileiros quanto para 
ouvintes, envolvidos com os estudos da Língua Brasileira de Sinais — Libras, porque 
26
UNIDADE 1 —ENSINO DA LITERATURA VISUAL
Segundo Sofiato e Reily (2011) dos 382 sinais presentes do dicionário produzido 
por Flausino da Gama com reprodução dos sinais franceses, 38 ainda existem. Um deles refere-
se, por exemplo, ao “eu”, que é representado pelo dedo indicador apontado para a própria 
pessoa. Outro é o sinal de silêncio, representado pelo indicador em riste colado aos lábios.
IMPORTANT
E
esse material representa o primeiro esforço de criar um dicionário para língua de 
sinais no país. Valorizam-se dois aspectos na obra de Flausino da Gama: o seu pionei-
rismo — por ter sido desenhado na década de 1800 — e o fato de Flausino ser surdo.
Destacamos que, mesmo durante o período em que, os Surdos estavam pri-
vados de usar sua língua materna devido aos regimentos impostos pelo congresso 
de Milão em 1880, ainda que tímida a literatura visual continuou a ser produzida 
nos espaços em que os Surdos se reunião. Por isso, de acordo com autores Porto e 
Peixoto (2011, p. 7) “Para refletir sobre literatura visual é preciso que pensemos que 
esta modalidade de texto surgiu no momento em que as pessoas surdas se apro-
priaram do saber sobre o poder de produção imagética de sua língua”. 
 
A citação relaciona de forma efetiva a literatura e cultura surda, e a relação do 
saber no Brasil com a época do instituto imperial, hoje o INES. Isso quer dizer que, 
foi a partir do século XIX que a comunidade surda brasileira se deu conta de quanto 
saberes possuíam e necessitavam repassar. São histórias de suas vidas, descobertas 
linguísticas e muito mais. E hoje podemos contar e recontar com muito orgulho.
27
4 CARACTERÍSTICA DOS AUTORES LITERÁRIOS DA 
LITERATURA VISUAL
FIGURA 10 – EXPERIÊNCIA DAS MÃOS LITERÁRIAS
FONTE: <https://bit.ly/333ecAA>. Acesso em: 18 de nov. 2019.
A maioria dos autores surdos concordam que a literatura surda, por ser 
um material visual, e pelo uso de libras, não poderia ter a inclusão da língua 
portuguesa, porque tanto a gramática como a tradução da Língua Portuguesa 
(LP) não condiz com os pensamentos das Línguas de Sinais (LS) produzidos. Um 
exemplo são os sinais polissêmicos que, ao serem traduzidos da LP para LS, sua 
tradução pode ficar incompleta e quase infiel. 
Um dos motivos é devido à polissemia na LP, a qual se dá em relação às pala-
vras de significantes iguais, mas com significados distintos. Militão e Mendonça (2017, 
p. 5) mostram a diferença da polissemia nas línguas orais e de sinais acompanhe:
Expressões polissêmicas são resultados de processos de processos de 
extensão de significados que só podem ser explicados dentro de um 
contexto. Nas línguas orais a origem é da mesma palavra, enquanto 
nas línguas de sinais a origem vem do mesmo sinal. Podemos afirmar, 
por exemplo, que no sinal LARANJA e SÁBADO há uma polissemia, 
visto que o Ponto de Articulação (PA), assim como o Movimento (M) e 
a Configuração de Mão (CM) são iguais, ou seja, o Significante (Sinal) 
é igual nos dois casos.
 
Assim, diferente das línguas orais, a polissemia nas línguas de sinais está 
imbuída de uma especificidade, na qual se centraliza principalmente o espaço 
linguístico se utilizando de parâmetros como: PA, M, CM, tornando-se uma mar-
ca subjetiva tanto ao escrever como contar histórias. Por isso, a importância dos 
28
linguistas em língua de sinais continuarem suas pesquisas na área com o fim de 
colaborar com seu conhecimento em apoio a comunidade surda.
Portanto, agora vamos nos ater em descrever características principais 
dos autores Surdos e ouvintes que escrevem a Literatura visual, para comunida-
de Surda. Autores Surdos (usuários natos da LS), e autores não surdos que, neste 
caso, não se refere somente a autores ouvintes, mas também a surdos, porém que 
na sua grande maioria não tem identidade surda, vamos entender melhor.
• Autores “Surdos”: de identidade surda, que, dependendo do contexto que cres-
ceram, não tiveram a oportunidade de serem instruídos na L2 na modalidade 
escrita. No entanto, isso não os impede de serem expressivos nas suas narrativas 
literárias, ou que são incapazes de produzir uma literatura visual. Transmitem 
todos os sentimentos envolvidos por meio da gramática da língua de sinais.
O pesquisador americano e sócio-linguista, James Woodward, em 1972 criou 
as designaçõesde “Surdo” e “surdo”, o termo com letra maiúscula é usado para aqueles 
que se identificam com a identidade e cultura surdas, enquanto que o mesmo termo em 
letra minúscula é aplicado àqueles que têm apenas problemas de audição. Disponível em: 
https://bit.ly/2CVQTOq.
ATENCAO
• Autores “não surdos”: aqueles cujo foi oportunizado uma educação, dentro 
do sistema bilíngue, ou seja, são usuários da língua de sinais como L1 e apren-
deram a L2 na modalidade escrita. Esses podem se considerar letrados ao 
serem escritores dos seus próprios textos. Destacamos que entre estes autores, 
na maioria das vezes, suas identidades não se configuram como Surda, ficam 
entre as identidades flutuantes, de transição e hibridas. Neste grupo estão in-
clusos, também, autores ouvintes engajados na causa da comunidade Surda. 
 
Souza (1998, p. 4) defende que, muitas vezes, as literaturas surdas, apesar 
da sua utilidade está voltada mais especificamente para a tradução “que usam 
como parâmetro de normalização, o ouvintismo que busca “ouvintizar” os sur-
dos”. Neste contexto, existe um movimento de alerta, ou de cuidado, pois alguns 
autores “não surdos” não querem comungar os pensamentos do “povo Surdo”. 
Isso se dá pela sua diferença de ideologia, de ritmo de tradução e pelo uso da gra-
maticalização da Língua Portuguesa sobre a língua de sinais brasileira. Por outro 
lado, a grande maioria desses autores não surdos está em comunhão com o povo 
Surdo, o que resulta em produções literárias fascinantes.
29
O ouvintismo “Trata-se de um conjunto de representações dos ouvintes, a 
partir do qual o surdo está obrigado a olhar-se e a narrar-se como se fosse ouvinte” (SKLIAR, 
1998, p. 15).
IMPORTANT
E
A autora Surda e Portuguesa, Morgado (2011, p. 21), define a Literatura 
visual como “aquela que é contada em Língua de sinais, seja fruto de tradução 
ou não, podendo ter um tema relacionado com Surdos ou não”. Nesse contexto, 
podemos dizer que os ouvintes que auxiliam em estudos e pesquisas linguísticas 
em língua de sinais e que, de certa forma, fazem parte da comunidade Surda, 
produzem vários textos relacionados literatura visual.
 Então, conseguiram entender as diferenças entre autores Surdos e não 
surdos? Outro ponto é atenção ao uso dos artefatos culturais da comunidade 
Surda, em geral estes estarão presentes ou incutidos no tipo de literatura visual 
produzida pela comunidade Surda, assim, prossigamos.
Você já estudou sobre as identidades Surdas, que tal relembrar lendo o artigo 
a seguir? Disponível em: https://bit.ly/2BGV93M.
DICAS
5 PRODUÇÃO DE MATERIAIS COMO ARTEFATO DA 
LITERATURA VISUAL
 
Toda comunidade linguística produz artefatos culturais, não são somente 
as formas atuais de culturas materiais como: maneiras de vestir-se, de comunicar-
se, mas, também, o que podemos ver e sentir ao entrarmos em contato com a 
cultura daquela determinada comunidade, por exemplo: seus valores e normas 
estabelecidos entre seus membros.
Sobre os artefatos culturais da comunidade Surda, Strobel (2008, p. 37) vai 
mais além para explicar seu conceito: “[...] não se refere apenas a materialismos 
culturais, mas àquilo que na cultura constitui produções do sujeito que tem seu 
próprio modo de ser, ver, entender e transformar o mundo”.
30
Além disso, a participação/interação dos surdos e ouvintes envolvidos 
na comunidade Surda, ter um caráter comunitário mesmo, e auxílio de poder 
contar um com o outro, o que, com certeza, auxilia para produção desses artefatos 
culturais, nesse contexto, Bauman (2003, p. 19) adverte a seguir: 
Mais do que com uma ilha de “entendimento natural”, ou um “círculo 
aconchegante” onde se pode depor as armas e parar de lutar, a 
comunidade realmente existente se parece com uma fortaleza sitiada, 
continuamente bombardeada por inimigos (muitas vezes invisíveis) 
de fora e frequentemente assolada pela discórdia interna; trincheiras 
e baluartes são os lugares onde os que procuram o aconchego, a 
simplicidade e a tranquilidade comunitárias terão que passar a maior 
parte de seu tempo. Mais do que aconchego, tensão; mais do que 
conforto, vigilância [...].
O autor compara a comunidade de forma geral a uma “ilha”, mostrando a 
importância da união, como se a comunidade a qual pertencemos nos protegesse de 
todos os infortúnios que a vida nos coloca, mostrando realmente a importância de 
depender uns dos outros. Mas, em especifico, a comunidade Surda, por ser um gru-
po menor frente aos ouvintes, necessita mais de apoio, veja na continuação do autor: 
A comunidade de pessoas surdas, usuária de uma língua de sinais, en-
frenta esses desafios e outros desafios. Neste sentido é que as mudanças 
e o reconhecimento legal da língua de sinais não são suficientes. A cul-
tura surda, a experiência visual e o uso da língua de sinais sustentam o 
encontro e a vida da comunidade surda (BAUMAN, 2003, p. 19).
Assim, para manter a cultura e identidade do povo surdo, a oficialização da 
língua de sinais não é suficiente, é preciso estarem, de fato, engajados com a luta de 
toda a comunidade Surda. Nesse sentido, o médico neurologista Oliver Sacks (1998, 
p. 15), afirma que “somos notavelmente ignorantes a respeito da surdez”. O fato é 
que o povo Surdo compartilha a sua língua de sinais e artefatos culturais dentro da 
sociedade ouvinte que usa a língua majoritária (língua portuguesa) e, neste contexto, 
há o receio como já destacado do desaparecimento ou até mesmo a falta do controle 
da língua de sinais por parte da comunidade Surda, que vem lutando há muitos anos 
para manter o ritmo e suas perseveranças da cultura, língua e identidade.
Mourão (2011) destaca a historicidade da literatura Surda através da 
experiência “visual-literária” pela constituição e empoderamento do povo surdo. 
Veja, no quadro a seguir, criado pelo autor:
31
QUADRO 1 – OS SENTIDOS DA EXPERIÊNCIA VISUALITERÁRIA PELA CONSTITUIÇÃO E EMPO-
DERAMENTO PELO POVO SURDO
FONTE: MOURÃO (2016, p. 206)
1 No Brasil, a partir das décadas de 80 e 90, desconhecimento da Literatura Surda e tradução. 
Também não existia ensino de Literatura Surda como disciplina na escola e projeto social, 
pois não havia profissionais nessa área.
2 A língua de sinais e/ou roda das mãos já existia em forma literária espontânea sem perceber 
em si mesmo as significações literárias.
3 Bilíngues e biculturais das artes literárias.
4 Transmitida as mãos literárias para outras em toda a situação dos encontros surdos, 
comunidades surdas e fampilia surda.
5 Visualiterárias foram absorvidas às expressões dos artistas pelos filmes e desenhos animados, 
revistas em quadrinhos como os gibis, quadros e outros similares de expressividade sem 
língua escrita.
6 Experiência visualiterária apresenta registros e marcas nas obras dos sujeitos surdos.
7 Pesquisadores da área de Literatura Surda e curso de Letra/Libras ou outra área de 
formação/oficinas passam a distribuir aos surdos significados literárias e colaboram para o 
despertadar das mãos literárias.
8 As maõs literárias são acessíveis no espaço literário das mãos e recursos materiais impressos, 
digitais, em sites e nas redes sociais.
Por todos esses aspectos relacionados até o momento que, aqui no Brasil, 
não há muitos estudos referentes a pesquisas de Língua de sinais no século 
passado. Mas, temos observado a perpetuação na produção de materiais em 
Libras que, na sua maioria, com os desenhos dos sinais e de pessoas sinalizantes 
sem movimentos, se utilizando de glosas. Conforme o exemplo a seguir:
FIGURA 11 – SINAL EM LIBRAS TRISTE
FONTE: Silva (2011, p. 11)
O sinal anterior, inserido em um dicionário, significa, em Libras, EU 
TRISTE e/ou TRISTE, (glosa) vem junto com o sistema de escrita. Reparem que a 
frase “EU TRISTE” ou o sinal TRISTE, tem todas as características do pensamento 
da língua de sinais brasileira como primeira língua das pessoas, principalmente 
por meio da expressão, que, mesmo no desenho, conseguimos olhar e sentir.
 
A glosa entra como um sistema de escrita complementar