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8ºAula
Prática de ensino da Matemática 
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de: 
• conhecer a modalidade da Educação de Jovens e Adultos;
• conhecer e analisar diferentes tipos de metodologias que contribuem para práticas de ensino na Educação de Jovens 
e Adultos.
Na Educação de Jovens e Adultos ( EJA), assim como no Ensino 
Fundamental e Médio, o ensino de matemática deve ser pensado de modo que 
a aversão por esta disciplina seja eliminada.
Os alunos que frequentam esta modalidade de ensino retomam os estudos 
por vários motivos, assim, é fundamental que o professor estimule seus alunos 
e desperte neles o interesse e a compreensão da importância e do uso cotidiano 
desta disciplina. Nesta aula, analisemos um pouco a Educação de Jovens e Adultos 
para melhor compreensão das dificuldades em se trabalhar com esse público e 
conheceremos metodologias que podem melhorar o ensino aprendizagem. 
Bons estudos!
Fonte: <http://www.dsvc.com.br/2014/01/matriculas-para-
educacao-de-jovens-e-adultos/logo-eja/>. Acesso em: 25 jan 2019.
105
Prática de Ensino em Matemática II 64
Seções de estudo
1. O ensino-aprendizagem na Educação de Jovens e 
Adultos
2. Fatores que dificultam o trabalho na EJA e 
metodologia que podem ser adotadas
1 - O ensino-aprendizagem na 
educaçao de jovens e adultos
Fonte: <http://portaldaejachapadadonorte.blogspot.com/2010/10/ao-defrontar-se-
com-o-mundo-as-pessoas.html>. Acesso em: 25 jan 2019.
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade 
de ensino garantida pela Constituição Federal de 1988 e a 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 e que visa 
dar oportunidade de formação escolar para aqueles que 
possivelmente não tiveram acesso ou não puderam concluir 
tanto o Ensino Fundamental como o Ensino Médio na idade 
apropriada. 
Como afirmam Silva e Sant’Anna (2010), a EJA é uma 
modalidade de ensino específica da Educação Básica que se 
destina a um público ao qual foi negado o direito à educação 
por diferentes motivos, seja por falta de vagas, pelas condições 
socioeconômicas desfavoráveis ou mesmo pela inadequação 
do sistema de ensino.
Na Educação de Jovens e Adultos os estudantes têm 
muitas peculiaridades em vários sentidos, dentre elas podemos 
citar: o tempo de afastamento dos estudos, as dificuldades de 
aprendizagem, um público e diferentes faixas etárias, formado 
por adolescentes, jovens e adultos que estão em busca de 
melhores condições de trabalho e, consequentemente de vida.
Nesse sentido, Silva e Sant’Anna (2010, p. 73) abordam 
a peculiaridade dos alunos desta modalidade de ensino e 
afirmam que são “[...] homens/mulheres; filhos/pais/mães; 
trabalhadores/trabalhadoras; empregados/desempregados, 
ou que estão em busca do primeiro emprego; moradores 
urbanos e moradores rurais”. Em relação aos professores da 
Educação de Jovens e Adultos, os autores ressaltam como 
particularidade a necessidade de formação profissional e de 
construção de mais conhecimento para atuar neste campo de 
educação. 
Como em qualquer outra modalidade de ensino, na 
Educação de Jovens e Adultos a matemática apesar de sua 
importância, é a disciplina considerada por muitos como 
vilã dentre as outras, sendo ela uma das responsáveis pelos 
altos índices de reprovação. Atualmente, há crescentes 
reflexões, discussões e pesquisas a respeito das dificuldades de 
aprendizagem na matemática em todos os níveis e modalidades 
de ensino, inclusive na Educação de Jovens e Adultos.
Oliveira e Bitencourt (2015) pactuam e afirmam que 
na última década do século XXI, aumentaram o número 
de pesquisas preocupadas com o ensino de Matemática em 
diferentes modalidades, o que é o caso da Educação de Jovens 
e Adultos - EJA. 
Em relação à heterogeneidade da clientela da Educação 
de Jovens e Adultos, reunidos numa mesma turma, é essencial 
que o professor seja um profissional comprometido com o 
fazer pedagógico e com as transformações de vida de seus 
alunos e que construa uma prática de ensino que tente atender 
às necessidades diferentes de aprendizagem. 
Quanto às características da Educação de Jovens e 
Adultos, as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação 
Básica destacam algumas:
A EJA realizada nas instituições escolares 
caracteriza-se como uma proposta pedagógica 
consideração os conhecimentos da experiência 
de vida de jovens, adultos e idosos, ligadas às 
vivências cotidianas individuais e coletivas, bem 
como ao mundo do trabalho (BRASIL, 2013, p. 
452).
As Diretrizes Curriculares ainda afirmam que a maioria dos 
alunos desta modalidade de ensino são trabalhadores, que têm 
muitas responsabilidades, pouco tempo de lazer e que desejam 
melhorar suas condições de vida. Para Silva e Silva (2016), a 
explicação é que normalmente os alunos que estudam nesta 
modalidade de ensino foram excluídos por vários motivos, 
porém tais alunos têm objetivos que os levam a retornar às 
salas de aula, entre eles podemos citar: a permanência no 
emprego; necessidade de encontrar um emprego melhor; a 
inserção no mercado de trabalho e o convívio social.
Segundo Camboim e Marchand (2010), a modalidade 
de ensino direcionada a jovens e adultos tem ocupado um 
papel importante no processo de democratização das escolas 
brasileiras nas últimas décadas. Ressaltam ainda que as 
discussões da Educação de Jovens e Adultos giram em torno 
de como proporcionar a essa clientela o acesso a uma educação 
de qualidade. Baseando-se na argumentação acima, ressalta-
se que um currículo de Matemática para jovens e adultos de 
acordo com Brasil (2002, p. 12) deve “[...] criar condições 
para que se torne agente da transformação de seu ambiente, 
participando mais ativamente no mundo do trabalho, das 
relações sociais, da política e da cultura”.
Para Oliveira e Paludo (2010), o grande desafio da 
Educação de Jovens e Adultos não é a reentrada no sistema 
escolar das pessoas que estavam fora da escola, mas sim a 
permanência dos mesmos nos cursos, com participação, 
responsabilidade e autonomia no sistema de ensino. Destaca-
se a importância que o professor tem para a permanência 
desses alunos nas escolas e Paz e Santos (2010) defendem que 
os professores precisam ter a capacidade de olhar para além 
do conteúdo e saber entender a dificuldade de cada aluno 
106
65
que está retornando à escola. Os educandos trazem consigo 
uma bagagem de experiências vividas e a escola precisa de um 
espaço de reflexão e crítica, onde sejam valorizadas e ocorra a 
troca destas experiências entre professores e alunos.
É crucial que o professor da Educação de Jovens e Adultos 
busque meios diferenciados de ensinar proporcionando uma 
aprendizagem mais significativa, de maneira que levem os 
alunos a fazer uma relação entre o que aprendem na escola e 
sua realidade social. 
O ensino-aprendizagem da matemática requer 
concentração, persistência e para os alunos da Educação de 
Jovens e Adultos a certeza de que o conhecimento adquirido 
irá de alguma forma ajudar em suas atividades do cotidiano. 
Muitos desses alunos esperam aprender uma matemática 
para aplicar no comércio, na feira livre etc. Dessa maneira, 
a contextualização dos conteúdos de matemática é uma 
necessidade constante e faz com que as aulas sejam mais 
produtivas e interessantes.
Muitos educadores discutem essa prática e demonstram 
a preocupação com a qualidade do ensino da Matemática. 
D’Ambrósio (2005) afirma nessa direção que:
Contextualizar a Matemática é essencial para 
elementos de Euclides com o panorama cultural 
da Grécia antiga? Ou a adoção da numeração 
do mercantilismo nos séculos XIV e XV? E não 
se pode entender Newton descontextualizado. 
(D’AMBRÓSIO, 2005, p.76-77).
Na Educação de Jovens e Adultos, trabalhar a matemática 
de maneira atraente e que prenda a atenção dos alunos é o 
grande desafio para os professores e, para que isso seja possível, 
é necessário um esforço não somente do professor, mas de 
todos os envolvidos direta ou indiretamente com a educação. 
2
na eja e metodologiasque podem ser 
adotadas
Em qualquer nível ou modalidade de ensino, estudar a 
matemática necessita tempo e perseverança, mas também 
de um acompanhamento de um professor preparado e que 
seja criativo, inovador em suas práticas de ensino. Santos 
(2018), em sua tese de mestrado relata que várias são as 
dificuldades enfrentadas na EJA e apontadas por professores 
que participaram do II e III Diálogo Formativo das Diretrizes 
Curriculares da EJA em 2017, tais como: Grande evasão 
causada pelo cansaço físico; distância entre a escola e o local 
de serviço; “certificação em detrimento da formação - cultura 
da pressa”; sentimento de exclusão diante de uma classe com 
diferenças de idades significativas.
Uma pergunta que vem à tona: Como seria o currículo ideal 
à Educação escolar para uma escola mais inclusiva, acolhedora 
em relação aos jovens e adultos? Para Santos (2007), quando se 
fala em currículo, implica pensar e analisar criticamente o que 
as escolas estão fazendo ou pretendem fazer e é necessário um 
currículo com objetivos e metas transcendentes, 
[...] para além das estratégias de viabilização do 
acesso a conhecimentos básicos para o seu uso 
funcional em situações planejadas previamente, 
prescindindo de uma visão humana integral de 
Ser Humano – sensível, criativo, emocional, 
racional, individual, social… – que está em 
permanente interação com outro Ser Humano, 
num determinado contexto – diverso e complexo 
– no qual suas ações se concretizam como um 
grupo. À gestão da Educação cabe, então, o 
debruçar sobre esses elementos, fatos, situações e 
o planejamento de estratégias para ações que, por 
sua vez, otimizem a concretização de fatos sociais 
em vias do bem comum (SANTOS 2007, p. 7).
D’Ambrósio (1999) propõe que o currículo proporcione 
aos jovens e adultos os instrumentos necessários para que 
possam eliminar iniquidades e violações da dignidade humana 
para que se tenha uma justiça social e tenha uma formação 
educacional de cidadãos críticos e conscientes de sua 
responsabilidade social.
A mudança da sociedade, a diversidade cultural e as 
tecnologias são indicadores de uma nova direção e organização 
curricular. De acordo com Knijnik (1996), bem como 
Kistemann Junior (2014), o currículo de matemática deve 
visar à justiça social e à equidade que possibilita que cada 
aluno esteja habilitado a processar criticamente as informações 
que tem acesso, possa escrever e produzir significados para 
seus discursos, gestos, códigos e representações gráficas. O 
currículo deve providenciar também o desenvolvimento da 
capacidade do aluno de fazer inferências e refletir sobre suas 
conclusões obtidas a partir dos dados que produziu.
Nogueira e Darsie (2009) afirmam que a Educação 
de Jovens e Adultos não tem mais como finalidade suprir e 
compensar a escolaridade para aqueles que foram excluídos 
do processo de escolarização e acesso aos bens culturais que a 
escola poderia ter proporcionado, mas sim as funções:
• Reparadora: Não só à restauração de um direito 
negado (direito a uma escola de qualidade), mas 
também ao reconhecimento da igualdade ontológica 
de todo e qualquer ser humano de ter acesso a um 
bem real, social e simbolicamente importante;
• Equalizadora: Relaciona-se à igualdade de 
oportunidade que possibilite maiores condições 
de acesso e permanência na escola, permitindo aos 
indivíduos nova inserção no mundo do trabalho, na 
vida social, nos espaços da estética e na abertura dos 
canais de participação; 
• Qualificadora: Mais que uma função, e sim o próprio 
107
Prática de Ensino em Matemática II 66
sentido da EJA, correspondendo às necessidades de 
atualização e de aprendizagem continuas decorrentes 
dos ideais de uma educação permanente, que tem 
como base o caráter incompleto do ser humano cujo 
potencial de desenvolvimento e de educação pode 
se atualizar em quadros escolares ou não escolares 
(NOGUEIRA e DARSIE, 2009, p. 5)
Com isso, a contextualização é algo extremamente 
importante para essa modalidade de ensino que é formada por 
estudantes trabalhadores que muitas vezes trabalham de dia e 
frequentam as aulas no período noturno e para isso necessitam 
de motivação para continuar frequentando as aulas. É relevante 
levar também em consideração os conhecimentos prévios dos 
alunos, pois possibilita o reconhecimento e a valorização deles 
diante dos novos conhecimentos que adquirirão durante as 
aulas de matemática.
É extremamente importante envolver os alunos em 
atividades que sejam úteis para alcançar seus objetivos, pois 
além de mostrar a importância que a matemática tem em suas 
vidas, também resgata nos alunos o entusiasmo que perderam 
quando se distanciaram dos bancos escolares.
Há diferentes formas de se ensinar a matemática para 
desenvolver o raciocínio lógico e fazer com que o aluno da 
Educação de Jovens e Adultos observe a matemática em seu 
cotidiano. De acordo com Dante (1991), uma delas é através 
da resolução de problemas.
Um dos principais objetivos do ensino de 
matemática é fazer o aluno pensar produtivamente 
e, para isso, nada melhor que apresentar-lhe 
o motivem a querer resolvê-las (DANTE, 1991, 
p.11)
Esse método se utilizado pelo professor, faz com que 
o aluno perceba a importância que a matemática tem na 
sociedade, dessa forma, resolvendo problemas, o estudante 
desenvolve habilidade de elaborar um raciocínio lógico, uma 
estratégia de resolução e de fazer uso inteligente e eficaz dos 
recursos disponíveis.
Ao tentar resolver situações problemas, o aluno passa 
por inúmeras dificuldades e dentre elas a falta de compreensão 
dos textos matemáticos. Para diminuir essa dificuldade 
é imprescindível que o professor trabalhe o letramento 
matemático. 
O grande desafio do professor de matemática é chamar 
a atenção e consequentemente atrair os alunos de forma 
significativa e que seja capaz de provocar reflexões entre eles 
em relação à presença da matemática no dia a dia de cada 
um. Portanto, o objetivo de ensinar a matemática vai além 
de desenvolver o pensamento científico e o raciocínio lógico 
nos alunos. É também proporcionar uma formação que lhes 
permita o domínio do conteúdo matemático em situações 
de contexto diversificado e as competências matemáticas 
necessárias para lidar com elas.
Segundo Duarte (2009) os estudantes jovens, adultos e 
idosos, não hesitam quando se deparam com certas dificuldades 
e as resolvem utilizando seus saberes matemáticos, porém 
“como esse saber não é reconhecido enquanto conhecimento 
matemático pela sociedade, ele mesmo, assumindo isso, 
embora inconscientemente, afirma que não conhece nada de 
matemática e que é ignorante” (DUARTE, 2009, p. 17). 
Neste sentido, o professor deve incentivá-los e mostrar 
que os métodos utilizados por eles são matemáticos e que 
vários povos durante a evolução da matemática desenvolveram 
mecanismos para resolver situações que se apresentavam em 
seu cotidiano.
Em relação à prática intencionalmente dirigida, 
segundo Duarte (2009), os alunos poderão reproduzir 
condensadamente essa evolução da matemática, recriando 
o conhecimento matemático “para si”. Não se trata de agir 
como se esse conhecimento estivesse criado “em si”, [...] nem 
de apenas “dar” para eles o conhecimento já criado, como seria 
a proposta tradicional, mas de organizar as condições para que 
eles possam recriar esse conhecimento “para si”. (DUARTE, 
2009, p. 18) 
Podemos verificar que trabalhar a história da matemática 
e sua evolução com seus dados históricos, permite aos alunos 
reconhecerem que o conhecimento matemático desenvolvido 
por eles em seu cotidiano, também caracteriza um saber 
matemático que é adequado e que satisfaz os critérios por 
eles estabelecidos para a realidade vivida por eles. Eagleton 
(2005) salienta a importância da cultura popular num contexto 
acadêmico, já Beserra e Barreto (2014, p.165) reforçam a 
importância cultural na escola e afirmam que “a questão 
cultural é relevante no tocante ao processo de aprendizagem”. 
Baseando-sena história da matemática, podemos 
mostrar as estratégias aplicadas pelos povos primitivos e que 
as mesmas foram úteis e necessárias para a realidade desses 
povos para aquela época. Ressaltamos ainda que não era um 
conhecimento aprendido e desenvolvido em sala de aula. O 
professor, em sua prática de ensino não só para os alunos 
da Educação de Jovens e Adultos, mas em qualquer nível 
ou modalidade de ensino, contribuirá para que seus alunos 
percebam que são capazes de desenvolver o seu próprio 
conhecimento e, amparados pelos paradigmas vigentes da 
matemática, poderão aprimorá-los para ser utilizado em seu 
dia a dia.
Quanto à seleção de temas é importante aplicar 
os que possibilitem a conscientização concernente às 
injustiças sociais, conteúdos que ajudem a compreender a 
complexidade humana em que vivemos. A aprendizagem 
deve ser globalizada, orientada para a transdisciplinaridade, 
buscando elos entre conteúdos e disciplinas que, por séculos, 
foram isoladas, e procurar conhecer as ligações entre essas 
disciplinas e conteúdos não sendo destacada a importância 
maior ou menor de cada uma delas para o aprendizado.
D’Ambrósio (2001, p. 10) entende que o conhecimento 
fragmentado:
a capacidade de reconhecer e enfrentar as 
situações novas, que emergem de um mundo 
cuja complexidade natural acrescenta-se 
a complexidade resultante desse próprio 
conhecimento – transformado em ação – que 
incorpora novos fatos à realidade através da 
tecnologia.
108
67
Por essa razão, a EJA deve ofertar uma educação 
de qualidade para todos, uma vez que atende classes 
heterogêneas respeitando suas diversidades culturais, sendo 
necessário: objetivos, metodologias de trabalho, currículos e 
tipo de avaliação apropriada para essa clientela.
O aluno deve ser o foco do processo educativo e não 
os conteúdos a serem ensinados. Eles possuem ritmos de 
aprendizagem e estruturas de pensamento diferentes e dessa 
forma ao retornarem para escola, trazem consigo experiências 
e angústias e a volta à escola se dá pela busca de realização 
e do êxito profissional bem como condição necessária para 
melhores posições sociais ou, até mesmo, por satisfação de 
necessidades reais que a sociedade impõe.
Nesse contexto, o Programa Etnomatemática idealizado 
por Ubiratan D’Ambrósio tem como objetivo desenvolver 
e estimular a criatividade e criticidade no ambiente escolar. 
Mas, somente será possível com um novo currículo e práticas 
de ensino como um fator determinante de recuperação da 
autoestima, que considere os saberes e a realidade dos alunos, 
suas concepções, os conhecimentos e sua linguagem.
Novas abordagens teóricas se fazem 
necessárias, a partir de pressões produzidas 
no amplo espectro do espaço social pelas 
fortes desigualdades e discriminações a que os 
grupos “minoritários” estão submetidos e suas 
decorrentes consequências. [...] É neste contexto 
que se situa o surgimento da Etnomatemática 
(KNIJNIK, 1996, p.12).
O professor em suas práticas de ensino deve aguçar o 
interesse por investigar e mostrar que coexistem diferentes 
maneiras de resoluções numa mesma atividade e as diferenças 
e/ou igualdades pessoais e a diversidade dos meios de 
aprendizagem não são, ou não deveriam ser, um obstáculo 
para a conquista do conhecimento.
A Etnomatemática é uma das novas concepções 
ou tendências para o ensino de Matemática. Segundo 
D’Ambrósio (2016), na epistemologia da palavra, etno significa 
ambientes naturais e culturais; matema significa explicar, 
conhecer, aprender; tica são as maneiras e modos. Para Souza 
Ribeiro (2014) ,essa concepção ou tendência nãos e prende 
à busca da matemática das etnias, mas envolve a dinâmica 
cultural do conhecimento cultural matemático, relacionado 
ao contexto social, político e cultural.
Essa concepção ou tendência Etnomatemática adapta-
se à Educação de Jovens e Adultos por ser uma clientela 
que está em sua maioria em transição da subordinação para 
autonomia, no âmbito social, econômico e cultural (LIMA; 
SILVA, 2014). Os alunos reconhecendo suas próprias raízes 
por meio da Etnomatemática terão um referencial para que 
eles se fortaleçam culturalmente e emocionalmente.
De acordo com Souza (2016), um currículo na 
perspectiva da Etnomatemática é voltado para diversidade, 
defendendo uma “dinâmica dos encontros culturais”, uma 
“ética da diversidade” e uma educação para a paz. Com 
essas características o currículo se potencializa estabelecendo 
relações entre discurso mais amplo e práticas com referências 
para realidade e orientando quaisquer intenções pedagógicas. 
D’Ambrósio (1999b, 2019) propõe um currículo passeado 
nesse programa e vertentes do trivium que é formado pela 
literacia, materacia e tecnocracia.
2.1 - Concepção trivium curricular: 
literacia, materacia e tecnocracia
O currículo na concepção trivum busca disponibilizar 
instrumentos socioculturais, preocupando-se com a 
criticidade e criatividade de seus usos, formando indivíduos 
críticos fornecendo a eles ferramentas para que isso ocorra 
efetivamente. Na disciplina de matemática, os alunos 
necessitam de competências que, aliadas ao trivium curricular, 
que ainda é pouco explorado, possuem boas condições de 
contribuir para melhorar o processo ensino-aprendizagem da 
matemática. 
De acordo com Souza (2015), a etnomatemática ajuda a 
ter uma atitude de respeito com as formas de conhecimento 
geradas pelos grupos e os modos de desenvolvimento da 
organização intelectual e social desses conhecimentos, 
implicando ações inevitáveis aos indivíduos e ao ambiente 
que nos cercam.
Relacionando-se intimamente com a qualidade do 
conhecimento produzido, o trivium possui grande impacto na 
sociedade. D’Ambrósio (2016, p. 127) sintetiza a proposta 
como: 
[...] o reconhecimento de uma dinâmica 
curricular que contraria a rigidez, característica 
dos currículos atualmente adotados nos 
sistemas escolares. Essa rigidez manifesta-se em 
objetivos, conteúdos, métodos e avaliação que 
a eles se subordina. [...]Com a falsa aceitação de 
homogeneidade cultural e cognitiva, ignoram-
se as maneiras próprias que o aluno tem para 
explicar e lidar com fatos e fenômenos naturais 
e sociais (D’AMBROSIO, 2016, p. 127).
Vejamos o que significa: Literacia, materacia e 
tecnocracia.
• Literacia: De acordo com o mentor do trivium, 
D’Ambrósio (2016) a literacia é a capacidade 
de processar informações, bem como o uso da 
linguagem escrita e falada, signos e gestos, códigos 
e números que ajudam as pessoas a lidarem com a 
rotina de seu dia a dia. Está ligada à habilidade de 
processar e utilizar informações presentes em suas 
vidas através da leitura, escrita, cálculo e interpretar 
suas representações utilizando a criticidade, 
criatividade e diferentes meios de comunicação e da 
Internet.
• Materacia: Segundo D’Ambrósio (2016) a 
materacia refere-se ao manejo do entendimento 
e do sequenciamento de códigos e símbolos para 
a elaboração de modelos e sua aplicação do dia a 
dia. É esperado com isso o desenvolvimento da 
criatividade e da capacidade de desempenhar em 
situações novas, analisando essas posições e as 
consequências da atuação individual do aluno. Nesse 
contexto, o papel do professor é ser o mediador do 
109
Prática de Ensino em Matemática II 68
processo de aprendizagem.
sobre as práticas humanas numa sociedade 
complexa, capitalista e excludente e em 
que medida leituras e práticas matemático-
educativas podem auxiliar no entendimento 
dessa sociedade. [...] Ao promover a materacia 
em sala de aula de Matemática, o professor está 
propiciando o desenvolvimento das habilidades 
dos alunos concernente à leitura, interpretação e 
inferência de dados advindos de vários cenários, 
os quais os alunos convivem em seu cotidiano 
(KISTEMANN JUNIOR, 2014, p. 148).
A materacia permite ao aluno a aquisição de 
instrumentos intelectuais necessários para análise simbólica, 
incluindo tanto os professores como os estudantes 
num ambiente investigativo em que o professor além 
de mediador é impulsionadordos interesses dos alunos. 
Fornece instrumentos simbólicos e analíticos que ajudarão 
a desenvolver a criatividade e permitindo compreender e 
resolver novas situações problemas em seu cotidiano. Com 
desenvolvimento da crítica dos códigos e resultados, o aluno 
poderá reconhecer implicações, interpretações e analisar 
consequências e possibilidades futuras.
• Tecnoracia: Para D’Ambrósio (2016), é a 
capacidade dos alunos de usar e combinar 
diferentes instrumentos lógicos que os ajudem 
a resolver problemas encontrados na vida diária 
com a finalidade de avaliarem a razoabilidade dos 
resultados e sua contextualização. 
No entendimento de Rosa e Orey (2008) ,a 
tecnocracia é a incorporação e a utilização de 
diferentes instrumentos matemáticos que se 
adequam a cada situação, como por exemplo, 
a calculadora, os softwares, os programas de 
computador e outros instrumentos que têm como 
objetivo auxiliar os alunos na tomada de decisão. 
Sousa (2016, p. 6) apresenta uma síntese do currículo 
etnomatemático baseado na obra de D’Ambrósio:
Fonte: SOUZA (2016, p. 6)
A proposta curricular de D’Ambrósio (1999 b, 2016), 
vem contribuir contra a exclusão, marginalização de povos 
e vai ao encontro das sociedades e culturas. Nessa proposta 
tenta-se mostrar com os mesmos valores, os conhecimentos 
de diferentes povos bem como instituir o respeito mútuo e 
reduzir a exploração e discriminação de outras culturas.
Portanto, o professor da Educação de Jovens e Adultos 
precisa criar estratégias que valorizem a cultura do aluno 
conjugada à preocupação com o conhecimento científico, 
aumentando com isso a maneira de se ver e se estar no mundo, 
enfrentar desafios, ousar, superar o imaginário da escola que o 
aluno deixou de frequentar. 
Retomando a aula
Estamos indo bem até aqui, para encerrar nossa 
oitava e última aula vamos recordar...
1 - O ensino-aprendizagem na educaçao de jovens e 
adultos
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de 
ensino específica da Educação Básica onde os alunos têm 
muitas peculiaridades: muito cansaço físico, dificuldades de 
aprendizagem, muito tempo afastado da escola, distância do 
emprego até a escola, público de diferentes faixas etárias que 
vai desde adolescentes, jovens, adultos e idosos.
Para os alunos da Educação de Jovens e Adultos, apesar 
da matemática ser importante, ela é vista como nas outras 
modalidades de ensino como uma disciplina vilã e responsável 
por inúmeras reprovações.
2 - Fatores que dificultam o trabalho na eja e 
metodologias que podem ser adotadas
Para o ensino de alunos da Educação de Jovens e Adultos, 
o professor precisa fazer uso de metodologias que motivem 
ainda mais essa clientela. As propostas metodológicas utilizadas 
nas outras modalidades do ensino podem e devem ser postas 
em prática na EJA, porém adaptadas para esses alunos.
A contextualização é imprescindível uma vez que os 
alunos já possuem um grande conhecimento prático vivido 
em seu cotidiano. Outra proposta interessante é a elaboração 
do currículo voltado para a Etnomatemática, que idealizado 
por Ubiratan D’Ambrósio vem contribuir para um ensino 
aprendizagem eficaz e prazeroso para os alunos da EJA. 
110
69
BESERRA, V.; BARRETO, M. O. Trajetória da 
Educação de Jovens e Adultos: histórico no Brasil, perspectivas 
atuais e conscientização na alfabetização de adultos. Cairu 
em Revista, Cairu, ano 3, n. 4, p. 164-190, jul./ago. 2014.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de 
Educação Básica, Secretaria de Educação Continuada, 
Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Diretrizes Curriculares 
Nacionais da Educação Básica. Brasília, DF: MEC, 2013.
CAMBOIM, M.; MARCHAND, P. S. Proeja: 
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