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Estafilococose e estreptococose Adrielly Alves Araújo São bactérias de forma cocoides, geralmente presentes na pele, trato respiratório superior e entérico. Geralmente agentes secundários, que tem sua infecção oportunizada por outras bactérias mais virulentas ou então por vírus imunossupressores. Etiologia As principais espécies em aves são as Staphylococcus aureus e S. epidermidis e Streptococcus zooepidemicus, sendo que em aves as cepas cepas de estreptococos isoladas são geralmente hemolíticas. Staphylococcus Gram positivos que se organizam em cachos, anaeróbias facultativas e comensais. Streptococcus Gram positivos que se organizam em cadeias = colar de pérolas ou mesmo em pares formando diplococos. Epidemiologia Sua prevalência em aves está mais relacionada a matrizes pesadas causando otite, artrite viral e blefarite heterofílica fibrinosa, principalmente quando existe alguma doença imunossupressora de base. Todas as aves são suscetíveis, sendo essas bactérias causadoras de doenças que tendem a se disseminar na ave. Patogenia Estafilococose A infecção ocorre geralmente em imunossuprimidos, infectados a partir de lesões na pele ou mucosas. Em pintinhos é comum causarem onfalite ou causar infecção nos locais de vacinação quando a assepsia é mal feita. O período de incubação varia de 3 a 4 dias. Estreptococose Transmissão por aerossóis ou via oral, também podem adentrar por lesões de pele, com período de incubação que varia de 1 dia a algumas semanas. Os dois gêneros bacterianos possuem patogenias similares, ambas possuem hemolisinas, hialuronidases e coagulases, podendo causar quadros que levem à septicemia e morte, principalmente em aves ornamentais manejadas de forma errada causando o estresse e imunossupressão, além de dermatites gangrenosas associadas à infecções por clostrídios. Em matrizes pesadas é mais comum os quadros de blefarite, edema ocular com exsudação de aspecto caseoso. Em aves comerciais ocorrem mais problemas locomotores nas patas, como fraqueza, fragilidade óssea e artrite. Sinais clínicos Penas eriçadas, necrose condral (das articulações), dificuldade de locomoção, asas caídas, hipertermia, queda na produção de ovos e lesões de barbela = todos bem inespecíficos. Diagnóstico Com base no histórico clínico e epidemiológico e também por exames laboratoriais = isolamento e caracterização a partir de amostras de órgãos lesionados de aves necropsiadas em meio ágar sangue - identifica a hemólise. Estafilococose Isolamento a partir do sangue total, exsudato das articulações, coxins plantares (abscessos), swab de fígado, baço e rins, cultivados em ágar sangue ou BHI, incubados por 24-48h a 37oC. Quando amostras de pele ou outras que podem estar contaminadas com outros agentes deve-se optar por meios seletivos como ágar sal manitol (seletivo para bactérias que toleram alta concentração de sal). Isolamento em ágar sangue: observação da hemólise acentuada. Isolamento em ágar sal manitol: S. aureus é uma bactéria manitol positiva, ou seja, meio seletivo e diferencial. Estreptococose Isolamento a partir de sangue total, material de lesões, fluidos subcutâneos, fígado, baço, saco vitelino, fluidos embrionários, caso as amostras tenham que ficar mais de 24h entre a colheita e cultivo, transportar os swabs em meio de transporte/Stuart para melhor conservação. Cultivo em ágar sangue, algumas cepas podem não ser hemolíticas, porém em aves a maioria é. Isolamento de cepa hemolítica de estreptococos. Após isolamento: morfologia das colônias, coloração de gram, hemólise, prova da catalase e prova da coagulase - estafilococos são catalase e coagulase positivos - e séries bioquímicas para diferenciar estafilo de estrepto. Anatomopatológico Estafilococose Abcessos nos coxins plantares, osteomielite, artrite (principalmente quando mal manejo da cama, camas úmidas), as artrites podem ser agravadas quando em associação com Mycoplasma synoviae, fragilidade na cabeça do fêmur, congestão e necrose com exsudação caseosa (principalmente quando associado à clostrídios), pode ocorrer no baço e fígado, rins e pulmões (órgãos bastante afetados na maioria das doenças bacterianas em aves), hepatomegalia e necrose focal hepática deixando o fígado esverdeado, alteração de coloração e crepitação (principalmente quando associado à clostrídio) à palpação na pele, lesões caseosas nos olhos das matrizes pesadas. Estreptococose Hepato e esplenomegalia com ou sem focos de necrose e trombose, aumento do volume dos rins, onfalite em pintinhos, e até peritonite, artrite, osteomielite, salpingite, pericardite, miocardite, endocardite valvar, perihepatite fibrinosa. Diagnóstico diferencial E. coli, Pasteurella multocida, Mycoplasma synoviae, artrite viral (reovírus aviário que pode ser o agente primário imunossupressor que oportuniza a infecção por estafilococos agrava as lesões articulares), tifo aviário, pulorose, deficiências nutricionais, doenças associadas a lesões em ossos ou articulações, e doenças septicêmicas de forma geral, inclusive fúngicas. Doenças causadas por essas bactérias ligam o alerta de agentes imunossupressores primários de base viral ou mesmo fatores estressores crônicos que devem ser tratados a fim de evitar problemas futuros, além de apenas tratar as bacterioses. Tratamento Antibióticos associados à vitaminas e estimulantes do sistema imune. Profilaxia e controle Biosseguridade, controle de doenças imunossupressoras, adequado manejo nutricional, adequada higiene, ventilação, ambiência, manejo da cama, desinfecção adequada, evitar fatores estressantes para as aves, uso de vacinas bacterinas, que podem ser indicadas para reprodutoras pelos problemas articulares e oftálmicos.
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