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Calcificações patológicas Referencia bibliográfica: BRASILEIRO FILHO,G. Bogliolo Patologia 8a ed. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 2016, Cap.7-Pigmentações calcificantes. Calcificações: Calcificação patológica consiste na deposição de sais de cálcio em locais normalmente não calcificados. Calcificação é lesão muito frequente, embora geralmente não traga consequências graves. No organismo, os níveis plasmáticos de cálcio estão em um balanço delicado, no sentido de que pequenos desequilíbrios podem ocasionar precipitação de sais de cálcio. Tanto no tecido ósseo quanto em focos de calcificação patológica, forma-se hidroxiapatita – Ca10(PO4)6(OH)2. A diferença básica é que, no tecido ósseo mineralizado, a calcificação se dá sobre o colágeno, formando a matriz osteoide. Em calcificações patológicas, os depósitos minerais ocorrem sobre outros substratos celulares (viáveis ou necróticos) e extracelulares (tecido conjuntivo ou secreções). Tipos de calcificação patológica: As calcificações patológicas podem ser (1) distrófica, quando predominam fatores locais, como necrose; (2) metastática, em casos de hipercalcemia. Há ainda calcificações idiopáticas, em que nenhum desses fatores está presente. Cálcio sérico e calcificação Os estoques de cálcio e de fosfato no organismo estão em constante mobilização, por meio de deposição, reabsorção e remodelação ósseas, absorção intestinal e excreção urinária. Com tudo isso, os níveis séricos de cálcio são mantidos em 10 ± 1 mg/dL, e os de fosfato, em 3,5 ± 0,5 mg/dL. A precipitação de sais de fosfato de cálcio é facilitada em meio alcalino (um dos processos para descalcificar tecidos – ossos ou dentes, por exemplo – é mantê-los em solução ácida). Os tecidos calcificados (ossos e dentes) armazenam mais de 99% do cálcio presente no organismo. Em tecidos não mineralizados, a calcificação é facilmente reconhecida por sua basofilia, que resulta em forte coloração pela hematoxilina. Calcificação distrófica A calcificação distrófica é a que resulta de modificação local nos tecidos (distrofia significa alteração tecidual prévia). Várias modificações celulares ou teciduais favorecem a nucleação e a precipitação de cristais de cálcio geralmente em tecidos que estão passando por necrose. Restos necróticos são particularmente suscetíveis de deposição de cálcio, que ocorre, sobretudo, em locais com necrose caseosa, necrose por coagulação ou necrose gordurosa. A calcificação associada a esteatonecrose encontrada na pancreatite aguda resulta da combinação de cálcio com ácidos graxos liberados pela ação da lipase pancreática sobre triglicerídeos. Infartos (necrose isquêmica) de vários órgãos também podem calcificar-se. Áreas de necrose caseosa na tuberculose frequentemente se calcificam. Calcificação aparece também em cicatrizes, ateromas e cartilagens. Trombos venosos podem se calcificar, formando flebólitos. Em certos órgãos, como pâncreas e glândulas salivares, secreções em ductos podem calcificar-se, por vezes causando obstrução ductal. A calcificação de fetos mortos retidos produz litopédio. Muitos tumores são propensos a uma forma peculiar de calcificação – psamomas , comuns no carcinoma papilar da tireoide, no adenocarcinoma seroso papilífero do ovário e em meningiomas. Etiopatogenese: Em tecidos necróticos, a deposição de cálcio ocorre de maneira gradativa, iniciando-se por pequenos grânulos basofílicos periféricos, que, às vezes, apresentam aspecto em alvo (calcosferitas), resultantes da deposição concêntrica de cristais de hidroxiapatita. À medida que mais cálcio se deposita, os grânulos coalescem e formam faixas que se estendem gradativamente ao centro da lesão. Fosfolipídeos de membranas celulares representam núcleos primários, uma vez que o cálcio pode ligar-se a essas moléculas; ao cálcio, ligam-se, sobretudo, fosfatos, formando cristais inicialmente apoiados sobre elementos da própria membrana celular. Em tecidos necróticos e em placas ateromatosas, fosfolipídeos são abundantes, por vezes formando microvesículas; estas podem fornecer um paralelo entre a calcificação distrófica e a calcificação fisiológica, em que o processo iniciador ocorre em vesículas da matriz, presentes em cartilagens de placas de crescimento ósseo. Outras moléculas ou estruturas parecem atuar como núcleos primários e iniciadores da calcificação, como fibras elásticas, fibras colágenas, proteínas desnaturadas, fosfoproteínas, ácidos graxos e bactérias. Resumindo calcificação diastrófica: -Deposição localizada de cálcio -Independe dos níveis de cálcio sérico,ou seja,ocorre não ppq tem muito cálcio no sangue e sim por um processo de morte das células e o cálcio intracelular se deposita nos tecidos. -Encontrada em áreas de necrose tecidual e áreas de tecido em lenta e progressiva degeneração -As células que sofrem necrose vão sofrer uma degradação por macrófagos e ter como produto de metabolização o cálcio, esse cálcio vai se ligar com as proteínas extracelulares da corrente sanguinea e se depositar no tecido em necrose,formando os sais de cálcio. -Nem toda necrose ocorre a calcificação diastrófica,mas toda calcificação diastrófica envolve um processo de necrose. -Forma uma sitio de ligação esbranquiçado. -Consistencia arenosa ou pétrea -Forma corpos de psamomas: Calcificações microscópicas arredondadas com estrutura lamelar concêntrica encontrada em algumas neoplasias benignas e malignas e em alguns processos inflamatórios crônicos. Calcificação Metastatica A calcificação metastática é assim denominada para indicar que o cálcio reabsorvido do tecido ósseo em condições patológicas ocasiona, se não houver excreção adequada pelos rins o cálcio se acumula nos tecidos, depósitos em outros locais. Tal calcificação corre caracteristicamente quando há hipercalcemia e, mais raramente, hiperfosfatemia. Paratormonio(sintetizado pela paratireóide) A principal causa de hipercalcemia é a hipersecreção de paratormônio ou de moléculas semelhantes. O paratormônio eleva a calcemia porque estimula a atividade osteoclástica e a reabsorção óssea. No hiperparatireoidismo primário, tumor (geralmente adenoma) ou hiperplasia de paratireoides são os responsáveis pela hipersecreção. No hiperparatireoidismo secundário à insuficiência renal crônica, surge hiperplasia das paratireoides por causa da redução de cálcio sérico (com a insuficiência renal, ocorre retenção de fosfatos e queda de cálcio). Outra causa de aumento de paratormônio (ou de moléculas afins) é sua produção ectópica por neoplasias; nesses casos, a hipercalcemia faz parte da síndrome paraneoplásica. O paratormônio vai atuar em 3 locais principalmente: 1)Osso-Baixou o nível de cálcio liberou paratormônio que vai aumentar que aumenta atividade dos osteoclastos para reabsorver matriz óssea e aumentar a concentração de cálcio no sangue, 2) Rins- aumento da reabsorção de cálcio pela ação do paratormônio nos túbulos renais e redução na absorção de fosfato 3)Intestino- No intestino vai ter ativação da vitamina D para que essa vitamina atue na reabsorção de cálcio pelos enterocitos. Calcitonina(produzida e secretada na tireóide): -A calcitonina diminui a reabsorção de cálcio no organismo -Ela tem ação antagônica ao paratormônio- Aumenta atividade dos osteoblastos e diminui a atividade dos osteoclastos. -Calcitonina inibe a vitamina D -Diminui a reabsorção de cálcio no rim -Quando a calcitoninca esta elevada os níveis sériocos de cálcio diminuem Muitas doenças dos ossos podem causar hipercalcemia. Acometimento extenso por neoplasias, como mieloma ou metástases disseminadas, pode provocar rápida destruição óssea, com aumento da calcemia. A doença dePaget, por aumento da remodelação óssea, também leva a hipercalcemia. A imobilização prolongada remove estímulos para formação de tecido ósseo, enquanto continua ocorrendo reabsorção. Os depósitos de cálcio metastáticos podem formar-se em qualquer local, mas especialmente em pulmões, rins, artérias sistêmicas, veias pulmonares e córneas. Esses órgãos e estruturas têm em comum o fato de secretarem ácidos, criando um compartimento interno alcalinizado. Os pulmões eliminam CO2; a córnea perde CO2 por difusão (nos processos ciliares, há atividade de anidrase carbônica). Os depósitos em vasos com sangue oxigenado (artérias sistêmicas e veias pulmonares) explicam-se pelo mesmo princípio, já que o sangue venoso é mais ácido que o arterial. Achados Antomopatológicos: Os órgãos apresentam-se muito endurecidos e calcários e rangem ao corte com faca. O pulmão adquire aspecto de fina esponja de banho (a comparação refere-se a esponjas marinhas, que são finamente calcárias). Nos rins, a deposição de cálcio nos túbulos produz nefrocalcinose, que acarreta prejuízo na função renal, com retenção de fosfatos e hiperparatireoidismo secundário, o que agrava a hipercalcemia. Na nefrocalcinose, são vistos múltiplos focos de deposição de cálcio nos túbulos, alteração que não deve ser confundida com litíase (cálculo) renal. Resumindo calcificação metastática: -Ocorre em tecidos normais e sempre em que houver hipercalcemia -Obrigatoriamente tem que ter muito cálcio no sangue -Situação ocorre em hiperparatiroidismo onde a paratireóide vai secretar muito paratormônio(PTH) que aumenta a taxa de absorção de cálcio acima do normal -Ocorre em carcinoma na tireóide -Hiperparatiroidismo primário: o problema esta diretamente na paratireóide produzindo paratormônio descontroladamente. -Hiperparatiroidismo secundário: O problema esta em outro órgão mas acaba afetando a atividade da paratiroide.Por exemplo, câncer de pulmão ele produz células neoplásicas que sintetizam substancias que vão interferir na atuação da paratireóide hiperestimulando sua atuação gerando a hipercalcemia Teoria da alcalinidade dos órgãos: Rins,pulmões e mucosa gástrica mais predispostos a precipitação de sais de cálcio devido ao pH parcialmente alcalino. As características macro e micro são idênticas a da calcificação distófica. Calculose A palavra cálculo é usada para designar massas sólidas, esféricas, ovais ou facetadas, compactas, de consistência argilosa a pétrea, que se formam em certos órgãos, particularmente vesícula biliar e rins. O termo litíase, também sinônimo, quando empregado como sufixo ao nome do órgão afetado, serve para indicar condições específicas: nefrolitíase (rim), colelitíase (vesícula biliar), coledocolitíase (colédoco) e sialolitíase (glândula salivar).Não é a mesma coisa das calcificações abordadas anteriormente. Vesicula Biliar(colelitiase) formam-se a partir de modificações na composição da bile, sobretudo saturação de um de seus componentes, o que possibilita a precipitação de frações insolúveis, em geral em torno de um núcleo orgânico (células descamadas, bactérias ou o próprio muco). Os cálculos biliares podem ser únicos ou múltiplos, puros ou mistos, com proporções variáveis de colesterol, bilirrubinato, sais orgânicos e inorgânicos de cálcio e sais biliares. Rins(nefrolitiase) outra sede frequente de cálculos, a composição destes é variável, dadas as próprias características químicas da urina. A maioria dos cálculos renais é formada por cálcio, estando o oxalato de cálcio e o fosfato de cálcio envolvidos em cerca de 80% deles. Em geral, como os cálculos são radiopacos, a radiografia simples possibilita sua detecção. Em menor número de casos, os cálculos renais são formados por ácido úrico (ver Gota, ou por fosfato de amônio e magnésio. Raramente, os cálculos são formados por cistina (cistinúria), fármacos ou urato de amônio. Quando preenchem ou se amoldam aos cálices maiores e menores, fixando-se nessa localização, os cálculos são chamados coraliformes. Os cálculos não coraliformes localizam-se nos cálices, na pelve renal, no ureter ou na bexiga (cálculo vesical). Dependendo do tamanho, é possível a passagem do cálculo pelas vias urinárias e, portanto, sua eliminação. A cólica renal, manifestação dolorosa típica da nefrolitíase, deve-se à impactação do cálculo no trajeto urinário. A formação de cálculos renais depende sobretudo do aumento da concentração dos seus constituintes, o que resulta em supersaturação. Nos cálculos contendo cálcio, os pacientes geralmente têm hipercalcemia e hipercalciúria (esta pode existir sem hipercalcemia). Cálculos de fosfato de amônia e magnésio formam-se sobretudo quando há infecções por bactérias que possuem urease (p. ex., Proteus), que libera amônia. Alcalinização da urina favorece a precipitação de sais de fosfato de amônia. Nos cálculos de cistina, os pacientes têm defeito genético que resulta em cistinúria. Na maioria das vezes, os cálculos renais originam-se: (1) na superfície da papila renal, em sítios de placas intersticiais de apatita, denominadas placas de Randall; (2) em tampões calcários aderidos à saída dos ductos coletores, tal como ocorre na hiperoxalúria e na acidose tubular distal; (3) livres na urina em solução no sistema coletor, como cistinúria. Casos Clinicos 1)Qual a etiologia das calcificações apresentadas? Calcificação metastática devido ao quadro de insuficiência renal e hiperparatiroidismo indicando que existem um problema de filtação que ajuda o cálcio a ficar no sangue alem de uma produção exagerada de paratormônio que aumenta a absorção e deposito de cálcio. 2)Descreva as alterações macro e micro dessa calcificação 3)Qual a etiopatogenese dessa calcificação 1)Defina a calcificação apresentada. Calcificalçao distrófica uma vez que a paciente não apresentou cálcio elevado nem problemas renais que pudessem gerar uma sibrecarga no deposito de cálcio 2)Descreva a patogênese da calcificação mostrada no caso 3)Qual a etiologia das calcificações apresentadas? 1)Como ocorre a formação do calculo renal?