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PRÁTICAS INCLUSIVAS 
PARA FORMAÇÃO DE 
PROFESSORES 1
A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO 
ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
Olá, estudante!
Estamos iniciando o curso de Práticas Inclusivas para Formação de 
Professores! E na nossa primeira etapa de estudos, dialogaremos sobre as 
concepções do “diferente” no contexto social e buscaremos refletir sobre 
questões como: O que é ser diferente? Quem determina o que é igual/
diferente, normal/deficiente? Para buscarmos algumas respostas a esses 
questionamentos, conheceremos um pouco da história da deficiência desde 
a Idade Média até os dias atuais.
Diante desse processo histórico, acompanharemos a caminhada da 
Educação Especial no atendimento à pessoa com deficiência, percorrendo 
pelos momentos de práticas de exclusão, segregação, integração e inclusão 
desses sujeitos na nossa sociedade e, em específico, no contexto escolar.
Nos acompanharão nesse texto, alguns autores brasileiros importantes 
na literatura no que se refere à educação especial e inclusiva, e também 
apresentaremos parte dos pressupostos teóricos de Vygotsky, com base na 
sua obra Fundamentos da Defectologia que, mesmo escrita há mais de 80 
anos, se mostra tão atual e de grande contribuição para os nossos estudos 
e reflexões.
Bons Estudos!
APRESENTAÇÃO
Organização
Ana Clarisse Alencar 
Barbosa
Reitor da 
UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora do EAD
Prof.ª Francieli Stano 
Torres
Edição Gráfica 
e Revisão
UNIASSELVI
Autora
Carolina dos 
Santos Maiola
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
A CONSTRUÇÃO DA 
EDUCAÇÃO ESPECIAL 
NO BRASIL E NO MUNDO
.01
1 A CONCEPÇÃO DO “DIFERENTE” NO CONTEXTO SOCIAL: 
REFLEXÕES INICIAIS
Iniciamos nossos estudos convidando você, para uma caminhada de 
reflexões sobre a Educação Especial e as políticas de educação inclusiva. É 
inevitável nos reportarmos ao papel da escola e a todos os sujeitos envolvidos 
nesse processo.
Se revisitarmos historicamente, poderemos perceber que a escola se 
caracterizou por um espaço que por muito tempo delimitava a escolarização 
como privilégio de um grupo, excluindo indivíduos considerados fora dos 
padrões homogeneizadores, apresentando assim, características de segregação 
e seleção dos mais aptos para estarem nesse espaço.
Mas, o que é ser diferente?
Vemos que o conceito de diferença apresenta uma multiplicidade de 
perspectivas presentes nas práticas sociais e também alguns “marcadores”, 
como gênero, classe social, características físicas, intelectuais, culturais 
e suas respectivas conotações. A diferença também pode ser construída 
negativamente, por meio da exclusão ou da marginalização daquelas pessoas 
que são definidas como “outros”. Por outro lado, pode ser celebrada como 
fonte de diversidade, heterogeneidade e hibridismo, sendo vista como 
enriquecedora (SILVA, 2003).
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
FIGURA 1 - DIFERENÇA
FONTE: Disponível em: <http://homosapienssapiensbrazil.blogspot.com.
br/2010/05/sobre-patos-e-cisnes.html>. Acesso em: 23 maio 2016.
Diante disso, você já se perguntou sobre quem define o que é ser 
diferente?
Consideramos que a definição de deficiência também é construída 
socialmente, por meio do qual atribuímos a uma pessoa qualidades negativas. 
Beyer (2006) concorda com esta informação e acrescenta que a deficiência 
pode ser culturalmente elaborada através de um processo de atribuição das 
expectativas sociais, por meio de normas, preconceitos e valores presentes 
na interação entre os que definem e os que são definidos. No caso das 
pessoas com deficiência, suas diferenças se exaltam e respondem na forma 
de preconceitos que menosprezam suas potencialidades. Estas pessoas 
costumam ser percebidas pelo que foge ao padrão, tanto no que falta, quanto 
no que necessitam em questão de assistência e adaptações.
Sugerimos o filme: “De porta em porta”, que conta 
a história real de Bill Porter, um homem que nasceu 
com uma paralisia cerebral, que cria limitações na 
sua fala e movimentos. Bill tem todo o apoio da sua 
mãe para obter um emprego como vendedor na 
Watkins Company. Primeiramente Bill é rejeitado 
pelas pessoas “normais”, mas ao fazer sua 1ª venda 
para uma alcóolatra reclusa, Gladys Sullivan (Kathy 
Baker), ele literalmente não parou mais.
FONTE: Disponível em: <https://filmow.com/de-porta-em-porta-t4776/>. 
Acesso em: 23 maio 2016.
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
Com as políticas de educação especial, surge o consenso de que as 
diferenças não podem continuar a ser vistas como meros desvios de norma 
ou resultado de comparação entre as pessoas.
Vygotsky, conforme Veer e Valsiner (1999), sugere que o ser humano 
deveria, antes de ser definido comparativamente, ser reconhecido como 
detentor de uma identidade única, o que anularia as relações binárias do 
tipo normal/anormal, mais inteligente/menos inteligente, melhor/pior, dentre 
outros.
FIGURA 2 - DIVERSIDADE
FONTE: Tirinha de Alexandre Beck
É importante que constatemos que a educação deve se desvincular de 
uma pedagogia indiferente às diferenças, passando a possibilitar relações com 
a diversidade. É neste contexto que emerge a necessidade de uma pedagogia 
inclusiva, em que tanto seja discutida a diferença da pessoa com deficiência 
quanto a diferença de cada indivíduo como ser único, bem como seja levado 
em conta esse sujeito; enfatizando assim as possibilidades pedagógicas que 
contemplem esta diversidade humana em sala de aula.
Dentro desta proposta, o papel do professor também toma novas 
perspectivas, pois para mediar a um grupo tão diversificado, é preciso rever 
conhecimentos sobre desenvolvimento humano, sobre aprendizagem e sobre 
como intervir diante das múltiplas facetas da inteligência. Também é preciso 
ver o indivíduo em sua totalidade, complexidade, potencialidade. Igualmente 
é essencial vê-lo como indivíduo ativo, cheio de emoções, desejos, sonhos; 
como alguém fazendo história, que deseja ser visto, escutado, entendido 
e, até mesmo, provocado. É com esta riqueza de características que a 
educação convive. Ingênuo aquele que imagina que todos os indivíduos, 
mais especificamente as crianças, são iguais. Todos são diferentes. Pensam, 
aprendem, entendem e veem de forma diferente, porque também têm 
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
emoções e histórias diferentes.
É sobre esta diversidade humana que o professor age ou com a qual 
interage. Por esta razão, questionamos: Por que resistir ao diferente se lidamos 
com as diferenças no dia a dia? 
2 A DEFICIÊNCIA NA HISTÓRIA 
Prezado leitor, no decorrer dos nossos estudos, você perceberá que 
muitos foram os termos utilizados para denominar a pessoa com deficiência. 
Para que você acompanhe todo o processo de construção desse sujeito no 
contexto social e escolar, optamos por manter os termos utilizados em cada 
época descrita, até chegarmos às concepções utilizadas atualmente. Os nomes 
dados, de acordo com o período histórico, nos mostram também como as 
pessoas eram concebidas naquela época. Diante disso, acompanhe conosco 
um breve recorte dessa trajetória!
Ao avaliarmos os caminhos percorridos da pessoa com deficiência 
na história mundial, podemos identificar dois tipos de tratamento a eles 
destinados: a rejeição e eliminação de um lado, e a proteção assistencialista 
e piedosa, de outro.
Na Roma Antiga, as famílias tinham permissão de sacrificar os filhos que 
nascessem com alguma deficiência. Em Esparta, as pessoas eram lançadas 
ao mar ou em precipícios. 
De acordo com registros existentes, de fato, o pai de qualquer recém-nascido 
das famílias conhecidas como homoio (ou seja, “os iguais”) deveria apresentar 
seu filho a um Conselho de Espartanos, independentementeda deficiência 
ou não. Se esta comissão de sábios avaliasse que o bebê era normal e forte, 
ele era devolvido ao pai, que tinha a obrigação de cuidá-lo até os sete anos; 
depois, o Estado tomava para si esta responsabilidade e dirigia a educação da 
criança para a arte de guerrear. No entanto, se a criança parecia “feia, disforme 
e franzina”, indicando algum tipo de limitação física, os anciãos ficavam com 
a criança e, em nome do Estado, a levavam para um local conhecido como 
Apothetai (que significa “depósitos”). Tratava-se de um abismo onde a criança 
era jogada, “pois tinham a opinião de que não era bom nem para a criança 
nem para a república que ela vivesse, visto que, desde o nascimento, não se 
mostrava bem constituída para ser forte, sã e rija durante toda a vida (Licurgo 
de Plutarco apud SILVA, 1987, p. 105).
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
FIGURA 3 - A NAVE DOS LOUCOS – HIERONYMUS BOSCH
FONTE: Disponível em: <www.wikimedia.org>. Acesso em: 23 maio 
2016.
Hoje, a prática citada, nos parece cruel e repugnante, não é mesmo?! No 
entanto, deve ser entendida de acordo com a realidade histórica e social da 
época. Para eles, a expectativa é de que se criassem sujeitos perfeitos para que 
se tornassem guerreiros. Ainda, temos relatos de civilizações que utilizavam 
comercialmente as pessoas com deficiência para fins de prostituição ou 
entretenimento:
Cegos, surdos, deficientes mentais, deficientes físicos e outros tipos de pessoas 
nascidas com má formação eram também, de quando em quando, ligados 
a casas comerciais, tavernas e bordéis; bem como a atividades dos circos 
romanos, para serviços simples e às vezes humilhantes (SILVA, 1987, p. 130). 
FIGURA 4 - TRABALHO EM CIRCO
FONTE: Disponível em: <http://minilua.com/terrivel-circo-dos-
horrores/>. Acesso em 23 maio 2016.
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
FIGURA 5 - LIBERDADE E DEFICIÊNCIA
FONTE: Disponível em: <https://serumdeficiente.wordpress.com/>. Acesso 
em: 23 maio 2016.
Na Idade Média, pudemos constar que as incapacidades físicas, problemas 
mentais e malformações eram considerados “castigos de Deus” e, nessa mesma 
época, a própria igreja, que antes propunha a caridade, passa a rejeitá-los por 
fugirem do “padrão de normalidade”.
Já o período do “Renascimento” marca uma fase mais esclarecida da 
humanidade, principalmente com a criação dos direitos reconhecidos como 
universais, numa filosofia humanista, bem como a realização de avanços na 
ciência que viabilizaram um olhar mais clínico à pessoa com deficiência. 
Assim, passa-se a ter uma atenção mais direcionada e constroem-se espaços 
de atendimento específico para essas pessoas.
FIGURA 6 - RENASCIMENTO
FONTE: Disponível em: <https://daytodayforever.wordpress.com/2013/07/page/3/>. 
Acesso em: 23 maio 2016.
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
Beyer (2006) relata que as primeiras tentativas de se educar crianças 
com deficiência, predominou a ideia de que tais crianças dificilmente seriam 
educáveis. Sua situação requeria apenas os cuidados da medicina. Os primeiros 
médicos e educadores que sugeriram a possibilidade de educar enfrentaram 
dura oposição.
Somente com o surgimento das escolas especiais, as crianças com 
deficiência obtiveram a chance de poder frequentar um espaço educacional. 
Elas foram importantes historicamente, mas para uma solução transitória. 
A longa existência e prática de segregação escolar reforçou a ideia de que 
não se poderia educar a pessoa com deficiência em outro lugar a não ser 
nas escolas especiais, considerando esse espaço como o melhor ou mais 
apropriado para eles.
2.1 A EDUCAÇÃO ESPECIAL
Para Bleidick (1981, p.257 apud BEYER, 2006a), a escola sempre desejou 
simplificar o que era complexo no que diz respeito à condição humana e, por 
isso, selecionava o que era de sua responsabilidade e ao que não cabia em 
suas abordagens educacionais. Para isso, criavam-se espaços educacionais que 
separavam aqueles que não cabiam nos padrões estabelecidos pela escola, 
dando origem a novos parâmetros de desenvolvimento e concepções de seres 
humanos, para atender às disparidades excluídas das instituições anteriores.
No entanto, esses espaços escolares que sugerem a homogeneidade 
(ensino comum) não dão conta de sua realidade educacional, pois este 
sistema social é mascarado e encoberto por uma multiplicidade de diferenças 
e diversidades.
Para Vygotsky (1997), a dificuldade encontrada nas escolas especiais 
consiste na limitação de acesso ao horizonte social das crianças com 
deficiência, enquanto estas precisariam da convivência com crianças com 
condições cognitivas e socioafetivas diferenciadas dos seus. Beyer (2006a, 
p.14) ainda nos questiona: “As escolas especiais são de fato as escolas certas 
para crianças com necessidades especiais? ”. E explica seu posicionamento:
O desafio é construir e pôr em prática no ambiente uma pedagogia que 
consiga ser comum ou válida para todos os alunos da classe escolar, porém 
capaz de atender os alunos cujas situações pessoais ou características 
de aprendizagem requeiram uma pedagogia di ferenciada. Tudo isso 
sem demarcações, preconceitos ou atitudes nutridoras dos indesejados 
estigmas. Ao contrário, pondo em andamento, na comunidade escolar, uma 
conscientização crescente dos direitos de cada um (BEYER, 2006b, p. 76).
 
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
Veja que há mais de 80 anos, Vygotsky já vislumbrava uma perspectiva 
que iria além do atendimento das pessoas com deficiência em escolas 
especiais. Diante dos seus estudos sobre o desenvolvimento humano e 
seus processos de aprendizagem, já conotava uma grande inclinação para 
os processos inclusivos. Conheça um pouco mais sobre este teórico e sua 
principal obra direcionada as pessoas com deficiência a seguir.
2.2 VYGOTSKY E OS FUNDAMENTOS DA DEFECTOLOGIA
 
Vygotsky deixou uma contribuição significativa no que se refere à 
educação especial, nos chamados Fundamentos da Defectologia, presentes 
num conjunto de obras intituladas Obras Escogidas, traduzidas para o espanhol, 
e que abordam os aspectos da deficiência e das interações dos sujeitos com 
o meio.
O termo defectologia era utilizado para a ciência que estudava as 
crianças com vários tipos de problemas (defeitos), tanto intelectuais quanto 
físicos. Dentre as crianças estudadas, estavam os surdos-mudos, atualmente 
classificados somente como surdos, cegos, não-educáveis e deficientes 
mentais, hoje, deficientes intelectuais.
Veer e Valsiner (1999) apontam que o interesse de Vygotsky por 
problemas de defectologia tornou-se evidente em 1924, com sua primeira 
publicação nessa área, na qual relatava os trabalhos que estava realizando 
no subdepartamento de educação de crianças “defeituosas” no Narkompros, 
academia russa de ciências. Assim, a partir de 1924, Vygotsky tentou formular 
sua própria visão da criança “defeituosa”, tarefa que nunca foi completada e 
prosseguiu até sua morte, em 1934.
Você deve ter achado estranho a utilização do termo “crianças defeituosas”, 
não é mesmo?! Porém, esta era uma referência muito comum utilizada 
na época para denominar as pessoas com deficiência. Os termos foram 
evoluindo com o passar dos tempos.
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
FIGURA 7 - OBRAS ESCOGIDAS – FUNDAMENTOS DE 
DEFECTOLOGIA
FONTE: Disponível em: <http://www.skoob.com.br/fundamentos-
de-defectologia-126948ed140868.html>. Acesso em: 23 maio 2016.
Vygotsky distinguia dois tipos de deficiência – primária e secundária. A 
deficiência primária era compreendida como biológica, relacionada a lesões 
orgânicas, lesões cerebrais, malformações, alterações cromossômicas, ou seja, 
características físicas apresentadas pelosujeito. A deficiência secundária, 
compreendia o desenvolvimento do sujeito com essas características 
(orgânicas), com base nas interações sociais, ou seja, derivada do isolamento 
das relações sociais e culturais características do entorno em que cada sujeito 
se insere. 
 
[...]uma educação ideal só é possível com base em um ambiente social 
orientado de modo adequado e que os problemas essenciais da educação só 
podem ser resolvidos depois de solucionada a questão social em toda a sua 
plenitude. Daí deriva também a conclusão de que o material humano possui 
uma infinita plasticidade se o meio social estiver organizado de forma correta. 
Tudo pode ser educado e reeducado no ser humano por meio da influência 
social correspondente. A própria personalidade não deve ser entendida como 
uma forma acabada, mas como uma forma dinâmica de interação que flui 
permanentemente entre o organismo e o meio (VYGOTSKY, 1997, p. 200).
Com base nessa capacidade plástica citada por Vygotsky (1997), podemos 
compreender que um indivíduo com limitações físicas ou intelectuais pode 
modificar seus estados a partir de estímulos externos e refinar suas capacidades 
já desenvolvidas, de modo a, preferencialmente, ressaltar o que cada sujeito 
tem de melhor para oferecer ao seu meio e a si mesmo.
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
FIGURA 8 - ESTÍMULOS EXTERNOS
FONTE: Disponível em: <http://www.maxximiza.com.br/intervencao-precoce-
estimulando-a-qualidade-de-vida/>. Acesso em: 23 maio 2016.
Em seus escritos, Vygotsky enfatizava a importância da educação social 
de crianças deficientes e o potencial da criança para o desenvolvimento 
normal. Afirmava que as deficiências corporais afetavam, antes de mais nada, 
suas relações sociais, e não suas interações diretas com o ambiente físico, ou 
seja, o defeito orgânico manifestava-se devido à situação social da criança. 
Assim, as pessoas que faziam parte do seu meio o tratariam de maneira 
diferente das demais, de um modo positivo ou negativo. 
Vygotsky considerava que os problemas de crianças defeituosas resultavam 
de falta de adequação entre sua organização psicofisiológica desviante e os 
meios culturais disponíveis. Sendo assim, a educação social, baseada na 
compensação social dos problemas físicos, era a maneira de proporcionar 
uma vida satisfatória às pessoas com deficiência. Por isso, defendia uma escola 
que integrasse, tanto quanto fosse possível, todas as crianças na sociedade 
para que aquelas com deficiência tivessem a oportunidade de conviverem 
junto com pessoas sem deficiência.
Ao enfatizar que grande parte das crianças defeituosas eram “normais” 
e tinham potencialidade para se desenvolverem normalmente, Vygotsky 
reivindicou que os muros das escolas especiais fossem derrubados e que essas 
crianças defeituosas participassem da vida escolar comum a todos. O teórico 
opunha-se a todos os procedimentos diagnósticos que fossem baseados em 
uma abordagem puramente quantitativa, lembrando que na época dos seus 
estudos, havia uma valorização aos testes de Quociente de Inteligência - QI.
Outra contribuição dos escritos de Vygotsky, refere-se à ideia de grupos 
de níveis mistos como condição de promover o desenvolvimento do indivíduo. 
Diferentemente das práticas segregacionistas da época, onde a pessoa com 
deficiência permanecia agrupada com pessoas que tivessem o mesmo tipo 
de deficiência que ela.
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
Em seus estudos, concluiu que as pessoas com deficiência encontravam 
como suporte para o seu desenvolvimento, ações recíprocas sociais com 
outras pessoas que estivessem em um nível superior a eles próprios. Esta ideia 
antecipa o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal da forma como 
ela é tradicionalmente compreendida.
Você se recorda do conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal 
proposta por Vygotsky?
Em linhas gerais, podemos dizer que para Vygotsky não bastava conhecer 
o desempenho cognitivo atual da criança, mas sim dar importância à qualidade 
da mediação dada a ela e avaliar o desempenho posterior. Nas palavras do 
teórico, importante seria conhecer a possibilidade de dilatamento intelectual 
que a criança apresenta, antes de concluir meramente sobre suas capacidades.
FIGURA 9 - MEDIAÇÃO
FONTE: Disponível em: <http://www.maxximiza.com.br/intervencao-precoce-
estimulando-a-qualidade-de-vida/>. Acesso em: 23 maio 2016.
Isso nos sugere que as pessoas, de um modo geral, se diferenciam umas 
das outras em seu processo de desenvolvimento. A criança maior, por exemplo, 
no desenvolvimento de suas funções, se diferencia de uma criança menor; um 
adulto se diferencia de uma criança, o mesmo ocorrendo com uma criança 
com deficiência que, da mesma forma que uma criança sem deficiência, 
tem sua forma peculiar de utilizar suas potencialidades e os procedimentos 
disponíveis para que se desenvolva. 
3 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL
No Brasil, o atendimento a pessoas com deficiência iniciou na época do 
Império, com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, 
atual Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos-Mudos, em 
1857, hoje conhecido como Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES, 
ambos no Rio de Janeiro. 
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
FONTE: Disponível em: <www.ibc.org.br>. Acesso em: 23 maio 2016.
FIGURA 11 - INES
FIGURA 10 - INSTITUTO BENJAMIM CONSTANT
FONTE: Disponível em: <https://chpenhanews.wordpress.com/2012/02/17/forum-
permanente-de-educacao-linguagem-e-surdez-em-2012/>. Acesso em: 23 maio 
2016.
No início do século XX, fundou-se o Instituto Pestalozzi (1926), cujo 
atendimento estava direcionado às pessoas com deficiência intelectual; em 
1954, é fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – 
APAE; e, em 1945, é criado o primeiro atendimento educacional especializado 
às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff.
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
FIGURA 12 - INSTITUTO PESTALOZZI
FIGURA 13 - PRIMEIRA APAE DO BRASIL
FIGURA 14 - HELENA ANTIPOFF
FONTE: Disponível em: <http://www.pestalozzi.org.br/historia.
html>. Acesso em: 23 maio 2016.
FONTE: Disponível em: <http://niteroi.apaebrasil.org.br/artigo.phtml/23740>. 
Acesso em: 23 maio 2016.
FONTE: Disponível em: <http://pt.slideshare.net/bernardoalves967/303-o-
inclusiva>. Acesso em: 23 maio 2016.
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
Documentário: Do luto à luta. O título  expressa 
a passagem do sentimento de perda para o de 
afirmação da vida, que nem todos os pais de 
crianças com Síndrome de Down conseguem 
fazer, e que Mocarzel fez. É um filme corajoso e 
comovente, e que lança um novo olhar sobre a 
síndrome de Down.
FONTE: Disponível em: <http://tvbrasil.ebc.com.br/programadecinema/
episodio/do-luto-a-luta-1>. Acesso em: 23 maio 2016.
Com o passar dos anos, novas escolas de educação especial foram 
criadas, com base nessas instituições de referência, demarcando assim, um 
período histórico até então caracterizado pela exclusão, para um momento 
de inserção do sujeito com deficiência na escolarização, mesmo que ainda 
segregacionista.
A Educação Especial também foi marcada pelo atendimento em Salas de 
Recursos. Estas salas ficavam dentro da instituição escolar, porém, separadas 
das salas de ensino comum. O aluno com deficiência tinha suas aulas nestes 
espaços, junto de alunos com o mesmo tipo de deficiência, como se fossem 
“salas especiais”.
Em 2007 é lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE 
e dentre os eixos norteadores do trabalho, o documento sugere a oferta de 
formação de professores para a educação especial e a implantação de Salas 
de Recursos Multifuncionaisnas redes de ensino comum. Nestas salas, os 
professores de educação especial realizariam o atendimento educacional 
especializado, no contra turno das aulas, de modo a complementar ou 
suplementar a escolarização. O detalhamento desse trabalho é apresentado 
posteriormente no documento que embasará a Educação Especial pelos 
próximos anos conhecida como a Política de Educação Especial na Perspectiva 
da Educação Inclusiva, que veremos no decorrer dos nossos estudos.
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
3.1 CONCEPÇÃO DE EXCLUSÃO, SEGREGAÇÃO, INTEGRAÇÃO 
E INCLUSÃO
Na trajetória da Educação Especial no Brasil e no Mundo, e também 
como já descrito em nossos estudos, podemos perceber que, conforme 
Beyer (2006a), identificamos quatro momentos históricos da pessoa com 
deficiência: a exclusão do sistema escolar, atendimento especial, integração 
no sistema escolar regular, e inclusão no sistema escolar, demonstrados aqui 
da seguinte forma:
FIGURA 15 - MOMENTOS HISTÓRICOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
FONTE: Disponível em: <www.filosofiahoje.com>. Acesso em: 23 maio 2016.
Na EXCLUSÃO, as pessoas com deficiência eram ignoradas, rejeitadas, 
perseguidas e exploradas, pois não havia nenhuma forma de atenção 
educacional dada a elas (SASSAKI,1997).
FIGURA 16 - EXCLUSÃO
FONTE: Disponível em: <http://umanjoazulentrenos.blogspot.com.br/2013/11/a-
industria-da-exclusao-escolar.html>. Acesso em: 23 maio 2016.
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
Sugerimos o filme: “Meu nome é Radio”. Técnico 
de futebol faz amizade com Radio, um rapaz 
com deficiência mental. Radio se transforma 
de um garoto tímido em uma inspiração para a 
comunidade onde vive.
FONTE: Disponível em: <http://www.uploadersbr.com/archive/index.
php?thread-75.html>. Acesso em: 23 maio 2016.
Na SEGREGAÇÃO, buscou-se o desenvolvimento educacional das pessoas 
com deficiência através do atendimento educacional que era oferecido 
geralmente nas chamadas instituições especializadas, surgindo assim, as 
escolas especiais.
FIGURA 17 - ESCOLA ESPECIAL
FONTE: Disponível em: <http://educarencantando.blogspot.com.br/2011/01/
escola-recreio-desponta-em-gravata-pelo.html>. Acesso em: 23 maio 2016.
A INTEGRAÇÃO, de acordo com Sassaki (1997), é identif icada no 
momento que acontece a proliferação das classes especiais nas escolas de 
ensino regular. Essas salas se baseavam na compreensão de que estando em 
salas à parte, separados dos alunos sem deficiência, os alunos com deficiência 
não atrapalhariam o ensino dos demais.
 CURSO LIVRE - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO
FIGURA 18 - SALA DE RECURSO PARA SURDOS
FONTE: Disponível em: <http://escolasbilingueparasurdodobrasil.blogspot.com.
br/2012/12/sala-de-aula.html>. Acesso em: 23 maio 2016.
Na INCLUSÃO, os alunos com deficiência devem ser matriculados 
diretamente no ensino regular, cabendo à instituição se adaptar para atender 
às suas necessidades contexto escolar.
FIGURA 19 - INCLUSÃO ESCOLAR
FONTE: Disponível em: <http://revistaescolapublica.com.br/textos/37/inclusao-para-
todos-308482-1.asp>. Acesso em: 23 maio 2016. 
Perceba que os termos integração e inclusão são comumente vistos, 
porém com base de concepção e objetivos diferentes. Entendemos que a 
definição de inclusão é algo mais amplo e complexo do que integração.
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Mantoan (2006a) nos esclarece que:
O processo de integração ocorre em uma estrutura educacional que oferece 
ao aluno a oportunidade de transitar no sistema escolar – da classe regular ao 
ensino especial – em todos os seus tipos de atendimentos: escolas especiais, 
classes especiais em escolas comuns, ensino itinerante, salas de recursos, 
classes hospitalares, ensino domiciliar e outros. Trata-se de uma inserção 
parcial, porque o sistema prevê serviços educacionais segregados (p. 10)
Quanto à palavra inclusão, essa implica uma mudança de perspectiva 
educacional, porque não atinge apenas os alunos com deficiência e os que 
apresentam dificuldades de aprender, mas sim, a todos! Assim, entendemos 
que:
A inclusão envolve um processo de reforma e de reestruturação das escolas 
como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter 
acesso a todas as gamas de oportunidades educacionais e sociais oferecidas 
pela escola. Isto inclui o currículo corrente, a avaliação, os registros e os 
relatórios de aquisições acadêmicas dos alunos, as decisões que estão sendo 
tomadas sobre o agrupamento dos alunos, a pedagogia e as práticas de sala 
de aula, bem como as oportunidades de esporte, lazer e recreação (MITTLER, 
2003, p. 25).
Podemos perceber que esses quatro momentos não podem ser vistos 
de forma linear e cronológica. Eles permanecem presentes, cada um em 
situações escolares diferenciadas. Ou seja, algumas experiências escolares 
ainda se encontram num momento de apenas integração das pessoas com 
deficiência, com o intuito de possibilitar a elas maior socialização; outras já 
criaram estratégias bem-sucedidas para a permanência de todas as crianças, 
cada qual com suas especificidades, procurando, mesmo que nas suas 
limitações, o maior índice de aproveitamento e experiência educacional.
Para isso, entende-se que a sociedade e as instituições precisam se 
redimensionar para a remoção dos obstáculos existentes à participação das 
pessoas com deficiência na vida social e escolar, através de uma política 
de educação inclusiva pautada no princípio da “cidadania” e que norteie 
a promoção do atendimento à demanda: a)com garantia de acesso e 
permanência na escola; b) com priorização da formação continuada de 
educadores e de projetos arquitetônicos adaptados e acessíveis a todos; c)
com propostas, materiais e recursos pedagógicos que viabilizem a participação 
efetiva da pessoa com deficiência; d) com base em uma individualização dos 
percursos, ritmos e intervenções educativas; e e) com a socialização contida 
na convivência escolar.
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Filme: Sempre Amigos. A história 
da amizade dois meninos, um 
superdotado e com distrofia 
muscular e o outro grande, com 
comprometimento intelectual e 
sem amigos.
FONTE: Disponível em: <https://coversblog.wordpress.com/2009/12/16/
sempre-amigos/>. Acesso em: 23 maio 2016.
4 OS PRIMEIROS PASSOS PARA UMA PERSPECTIVA DE 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
“Há momentos na vida onde a questão de saber se podemos pensar de 
outro modo que não pensamos e perceber de outro modo que não vemos 
é indispensável para continuar a olhar e refletir”.
 M. Foucault
No Brasil, o projeto ainda caracterizado de integração escolar, surgiu 
com mais ênfase na década de 90, como decorrência das pressões e 
experiências desenvolvidas em outros países. Diante disso, medidas políticas 
foram necessárias, a mencionar, aqui a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional de no 9.394 de 1996, que, ainda com imprecisões e indefinições, 
sinaliza um espaço de atendimento educacional com alunos com deficiência 
no ensino comum. Podemos acompanhar um lento progresso no sentido de 
democratização do ensino e da inserção gradual dessas crianças no cenário da 
educação formal, até chegarmos em novas discussões com foco na inclusão 
propriamente dita.
Adotou-se o termo educação inclusiva para traduzir a orientação política 
proposta e que influenciam em diversas mudanças nas atitudes das pessoas e 
práticas educacionais nas instituições escolares. A partir de uma perspectiva de 
educação para todos, é necessário possibilitar condições viáveis e ao mesmo 
tempo desafiadoras para que cada aluno possa explorar a aprendizagem em 
suas possibilidades, e não em suas deficiências.
As pessoas com deficiência estão sendo inseridas nas escolas regulares,porque, além de um direito conquistado, têm um maior número de estímulos 
e possibilidades de desenvolvimento que, adquiridos nas inter-relações, nos 
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centros de interesse e na motivação frente aos novos desafios, contribuem 
com todos os alunos da sala.
A educação inclusiva entende que a presença de alunos com deficiência, 
embora torne o conjunto da turma de alunos mais heterogêneo e complexo, 
também pode torná-lo mais rico, no sentido de que a convivência com a 
diversidade colocaria em pauta as diversas formas de aprender e de ensinar, 
bem como a variedade de ideias e concepções de pessoa e de mundo.
E como fica a análise das realidades educacionais brasileiras?
Afonso (2004), sugere que devemos considerar quatro níveis de análise 
da realidade educacional:
Nível microssociológico: sala de aula onde, predominantemente, o processo 
de ensino-aprendizagem ocorre e onde a proposta de educação inclusiva 
pode traduzir-se, apenas, pela presença física de aprendizes com necessidades 
educacionais especiais sem as indispensáveis ações para remover barreiras 
para a aprendizagem e para a participação de todos os alunos. Todos. 
Nível mesossociológico: instituição escola na qual as dimensões culturais, 
políticas e práticas devem ser compreensivamente avaliadas permitindo 
identificar, no perfil institucional, as características excludentes ou inclusivas 
em relação ao alunado que apresenta diferenças significativas na aprendizagem 
e no desenvolvimento.
Nível macrossociológico: papel do Estado na definição de sua política 
educacional. A avaliação, nesse nível, deve incluir: os graus de legitimação 
das decisões tomadas, isto é, do consenso decorrente da participação dos 
envolvidos; a natureza da gestão, se mais ou menos centralizadora, bem 
como os mecanismos de controle assumidos pelo Estado, em especial na 
prestação de contas. Também permite analisar as indispensáveis articulações 
entre políticas públicas, pois os movimentos inclusivos não dependem só das 
escolas e dos educadores, isoladamente considerados.
Nível megassociológico: papel das organizações supranacionais, em especial 
as econômicas e que, no contexto da globalização, impõem certas ações que 
acarretam a prevalência das regras do mercado, em detrimento da assunção, 
pelo Estado, de uma pedagogia mais humanista, na qual a educação não é 
bem de investimento e sim bem de consumo essencial para todos os cidadãos. 
Mesmo cara, é direito público e subjetivo de todos (p. 47-48).
Podemos perceber que estes 4 níveis apontam três dimensões: a cultura, 
a política e as práticas pedagógicas e que precisam estar em consonância para 
que consigamos realmente vivenciar uma escola para todos. Compreender a 
dimensão dessa realidade educacional nos ajudará no trabalho pedagógico na 
diversidade, envolvendo práticas pedagógicas comuns para todos e sensíveis 
às diferenças individuais.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição Federal do Brasil de 1988. Disponível em: <www.
senado.gov.br/con1988>. Acesso em: 12 abr. 2016.
_______. Educação Especial Legislação. 1997. Disponível em: <www.mec.
gov.br>. Acesso em: 15 abr.2016
_______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei no. 9.394, de 
20 de dezembro de 1996. D.O.U. de dezembro de 1996.
_______. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva. Documento pelo grupo de trabalho nomeado pela 
Portaria Ministerial no 555, de 5 de junho de 2007, prorrogada pela Portaria 
no 948, de 09 de outubro de 2008. Disponível em: <portal.mec.gov.br/
seesp/arquivos/pdf/política.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016.
______. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília. MEC/SEF, 1997.
______. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação 
básica. Brasília.MEC/SEESP, 2001.
______. Plano Nacional de Educação. Brasília. Casa Civil da Presidência da 
República, 2001.
_________ A deficiência auditiva na idade escolar – cartilha. Programa 
de saúde auditiva. Bauru: H.P.R.L.L.P. USP, FUNCRAF, Secretaria de Saúde do 
Estado de São Paulo.
LUCKASSON, R.; COULTER, D. L.; POLLOWAY, E. A.; REISS, S.; SCHALOCK, 
R. L.; SNELL, M. E. et al. Mental Retardation – definition, classification, 
and systems of support. Washington, DC: American Association on Mental 
Retardation, 1992.
ONU. Declaração de Salamanca: princípios, política e prática em 
educação especial. 1994. Disponível em: <www.direitoshumanos.usp.br>. 
Acesso em: 26 abr. 2016.

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