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BROMATOLOGIA CARBOIDRATOS Composição: Carbono, Hidrogênio e Oxigênio na proporção C:H:O = 1:2:1 Principais carboidratos na alimentação animal: amido (concentrados) e celulose (volumosos) Correspondem a 60-80% da dieta. Nos animais, a glicose no sangue tem <1% de CHO de reserva (glicogênio). Não há armazenamento de carboidratos. Componentes básicos das fontes principais: Açúcares simples– glicose, frutose Amido – polímero de unidades de glicose Celulose – polímero de unidades de glicose Sacarose – glicose + frutose Lactose – glicose + galactose CLASSIFICAÇÃO - Número de átomos de carbono/ molécula de CHO Trioses – 3 átomos de carbono (C3H6O3) Tetroses – 4 carbonos (C4H8O4) Pentoses – 5 carbonos (C5H10O5) Hexoses – 6 carbonos (C6H12O6) Heptoses – 7 carbonos (C7H14O7) - Número de moléculas Monossacarídeos – 1 molécula Dissacarídeos – 2 moléculas Trissacarídeos – 3 moléculas Oligossacarídeos – 3-10 moléculas Polissacarídeos - > 10 moléculas MONOSSACARÍDEOS 1. Formas mais simples 2. Formados por 3 a 7 carbonos 3. Mais comuns: glicose, galactose, manose, xilose, arabinose, frutose, ramnose, ác. glicurônico, ác. Galacturônico Trioses – 3C: gliceraldeído (aldose), dihidroxictona (Cetose) Pentose – 5C: Ribose (componente de ATP, ADP, AMP, RNA) Xilose (encontrada nas plantas – fenos, palhas, cascas – componente da hemicelulose) Arabinose (encontrada nas plantas, componente da hemicelulose) Hexoses – 6C: a-D-glicose (principal fonte de energia dos não-ruminantes, polímero – amido) b-D-glicose (composição idêntica a anterior, polímero – celulose) b-D-galactose (açúcar do leite, constituinte da lactose) b-D-frutose (açúcar nas frutas, melaço, mel – componente da sacarose, mais doce de todos CHO) DISSACARÍDEOS (2 mono): quando se forma a ligação libera H20. Sacarose: a-D-glicose + b-D-fructose – comunente chamada de açúcar, rapidamente e facilmente digerida, serve como fonte imediata de energia, presente em beterraba açucareira, cana de açúcar, melaço, sacarase – enzima produzida no intestino. Lactose: b-D-galactose + b-D-glicose – unida por ligação b-1,4 – açúcar do leite, fácil digestão, exceto por aves, leite é a base da dieta de mamíferos jovens, lactase produzida no intestino. Maltose: a-D-glicose + a-D-glicose – unidas por ligação alfa 1,4 – derivada da digestão do amido, maltase produzida no intestino. Celobiose: b-D-glicose + b-D-glicose – ligação é B-1,4 – animais não produzem enzima para hidrólise, necessário ação de enzimas de microrganismos, polímero – celulose. OLIGOSSACARÍDEOS a. De 3 a 10 monômeros b. Ocorrem naturalmente ou resultam de hidrólise c. Muitos são solúveis em água e fluídos biológicos d. Muitos são indigestíveis pelos animais mas degradáveis pela microbiota do TGI e. Ação Prebiótica – microrganismos do intestino Ex.: rafinose (glicose + frutose + galactose); estaquiose (galactose+galactose+glicose+frutose); ß- Glicanas (polímero de glicose com ligações ß 1,3) POLIGOSSACARÍDEOS a. Peso molecular relativamente elevado (+de 10 monômeros) b. Classificação: – Homo ou Heterossacarídeos – Não estruturais e Estruturais c. Não estruturais (conteúdo celular dos vegetais) – Amido (glicose) – Inulina (frutose) d. Estruturais (parede celular dos vegetais) – Celulose (glicose) – Hemicelulose (xilanas, ß–glicanas, xiloglicanas, mananas) – Pectina - substâncias pécticas (ác. galacturônico, ramnose, arabinose e galactose) Amido: principal reserva de energia das plantas, presente em grãos de cereais, tubérculos, etc. Boa fonte de glicose, forma do amido de amilose e amilopectina. Amilose: 25-30% do amido, solúvel em água quente, cadeia de a-D-glicose com a-1,4-ligações, hidrolizada pela amilase. Amilopectina: 70-75% do amido, insolúvel em água, cadeia linear de glicose com a-1,4-lig. Também cadeia ramificada com a-1,6-lig. Ambas ligações podem ser hidrolizadas por enzimas produzidas pelos animais. GLICOGÊNIO a. Forma de reserva de glicose no corpo dos animais b. Semelhante a amilopectina c. Encontrado no fígado e músculos d. Solúvel em H2O e. Baixa reserva de CHO – esgotamento rápido CELULOSE Principal componente estrutural da parede celular das plantas Forma esqueleto das plantas Fibra ou porção dura de talos, folhas e raízes 2. Composta de unidades de glicose com ligações beta 1,4 3. Animais não produzem enzimas para hidrólise 4. Somente enzimas de microrganismos (celulase) podem digerir LIGNINA 1. Não é um carboidrato – composto fenólico 2. Encontra-se associada com os CHO nas plantas 3. Indigestível por animais e maioria dos microrganismos 4. Conteúdo nas plantas aumenta com a maturidade 5. Com o aumento de lignina digestibilidade diminui DIGESTÃO EM MONOGÁSTRICOS Boca, mastigação, saliva com amilase salivar (a-1,4-lig. Hidrólise parcial) Estômago: 1. Baixo pH – desnatura amilase salivar 2. Acidez e umidade ajuda a romper ligações 3. Não há enzimas para hidrólise de CHOs Intestino: Duodeno (lúmen) - Pâncreas: suco pancreático – NaHCO3, presença de CHO no lúmen estimula liberação da amilase pancreática. DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS Ação da amilase Hidroliza lig. A-1,4 Amilose maltose + glicose Amilopectina maltose + glicose + isomaltose Hidrólise do amido resulta em maltose, isomaltose (dextrina) e glicose. CHO não hidrolizados por amilase: Celulose, hemicelulose, lactose, sacarose, maltose. Células da mucosa duodenal completam a digestão: Responsáveis pela hidrólise final dos CHOS Enzimas produzidas nas células da mucosa duodenal: Jejuno e íleo: Diminui a hidrólise, ocorre absorção. Ceco e cólon: Resíduos da digestão CHO fibrosos – fibra CHO não fibrosos (ENN-SDN) não digeridos no ID Fermentação AGVs, Absorção AGVs ABSORÇÃO DOS CHOS Intestino – borda em escova Difusão passiva (do alto gradiente para o baixo, sem gasto energético) Transporte ativo (ocorre somente com monossacarídeos, acoplado com transporte de sódio para fora da célula, competição entre açúcares pelo sistema de transporte) Taxa relativa de absorção Transporte ativo: galactose >> glucose Difusão passiva >> manose >> xilose >> arabinose DIGESTÃO EM RUMINANTES Primeira etapa rúmen-retículo (microrganismos) Fermentação rúmen-retículo Amido e celulose (microrganismos, celulases amilases) C6H12O6 (microrganismos) AGVs +CO2 + CH4 DIGESTÃO NO INTESTINO DELGADO Similar aos não-ruminantes CHO – digestão Fermentação no Intestino grosso Similar ao rúmen, CHO não digeridos METABOLISMO Soma dos processos e alterações químicas nas células pelos quais os nutrientes são utilizados. Digestão – absorção – metabolismo Metabolismo dos CHOs fornece (funções): Energia: oxidação da glicose produz ATP (combustível metabólico) Calor Reserva imediata de energia – curta duração (glicogênio) Reserva de energia – CHO servem como precursores de ácidos graxos (gordura) Precursor de aminoácidos não essenciais – amino grupos somados a esqueleto carbônico dos CHOs. SISTEMAS Glicólise: anaeróbio, ocorre no citosol. Ciclo de Krebs: aeróbico, ocorre na mitocôndria. Fosforilação oxidativa: aeróbico, ocorre na mitocôndria. Propósito desses ciclos: Oxidar glicose e gerar ATP e outros compostos metabolicamente ativos para o metabolismo dos animais. Gerar combustível metabólico. METABOLISMO DOS AGVs EM RUMINANTES AGVs: principal fonte de energia dos ruminantes (pouca glicose é absorvida) Absorção principalmente na parede do rúmen por difusão passiva muito rápida, entra rapidamente na circulação. DESTINO Acetato: entra no ciclo de Krebs via acetil-coA, substrato para síntese de gordurado leite na glândula mamária. Butirato: convertido em corpos cetônicos e após em acetil-coA, substrato para a síntese de gordura do leite na glândula mamária. Propionato: entra no ciclo de Krebs via succinil-coA, convertido a piruvato e volta a glicose, principal fonte de glicose nos ruminantes. REGULAÇÃO DE GLICOSE NO SANGUE Insulina do pâncreas: aumenta as reservas ou a captação de glicose pelas células, estimula a formação de glicogênio pelo fígado. Glucagon do pâncreas: aumenta a conversão de glicogênio a glicose, estimula a conversão de aminoácidos a glicose. Glicocorticóides (esteróides-cortisol): córtex da adrenal – aumenta a glicose no sangue. Epinefrina (adrenalina): suprarenais – aumenta a glicose no sangue. GLICOGÊNESE Formação do glicogênio. Músculos e fígado. Ocorre imediatamente após a refeição. Hormônio envolvido é a insulina. GLICOGENÓLISE Hidrólise do glicogênio. Glucagon – aumenta a glicogenólise, aumentando a glicose no sangue. GLICONEOGÊNESE Formação da glicose a partir de fontes não glicídicas. Fígado e rins, essencialmente o reverso da glicólise. Muito importante nos ruminantes, muito pouca glicose absorvida, propionato é convertido a glicose. ALIMENTAÇÃO DOS RUMINANTES IMPORTÂNCIA DA FIBRA: VOLUMOSOS Estímulo para a motilidade ruminal, mistura de substratos e microrganismos estimulo para ruminação (regurgitação, remastigação, reinsalivação, redeglutição) formação de uma rede ruuminal de fibras longas: suporte para partículas pequenas para melhor utilização. ESTRATIFICAÇÃO RUMINAL Fibra fisicamente efetiva: formação de uma rede ruminal de fibras longas, estimulo para motilidade ruminal e ruminação e manutenção do porcentual de gordura no leite. Insuficiente fibra efetiva: pouco estímulo para motilidade ruminal e ruminação, não há formação de uma rede ruminal de fibras longas, diminuição do ph do líquido ruminal, diminuição do porcentual da gordura no leite, diminuição da produção. A fibra fisicamente efetiva (FDNfe) é definida como a porcentagem da FDN que estimula a mastigação, salivação, ruminação e motilidade ruminal. O NRC (1996) define como a % da FDN retida em peneira de 1,18mm após a separação vertical. RECOMENDAÇÕES PARA CNF Animais de alta produção: dietas com baixo teor de CNF, podem ser compensadas com fontes de amido de alta disponibilidade ruminal (milho grão úmido, cevada, farinha de trigo, grão de milho moído, mandioca) ! ALIMENTOS VOLUMOSOS – RECOMENDAÇÕES Procurar sempre utilizar volumosos com maior qualidade possível, pois é o aspecto que mais afeta o desempenho e a saúde do animal, através da disponibilidade de nutrientes e fibra que permitam manter o funcionamento normal do rúmen. A utilização de volumosos de baixa qualidade não pode ser compensada por uma maior utilização de concentrados. FORNECIMENTO DE CONCENTRADO E ACIDOSE EXCESSO DE CNF: A1: baixa quantidade de concentrado: 2vzs ao dia, separado do volumoso. A2: baixa quant. Concentrado: misturado com volumoso. Dieta total-misturada. B1: grande quant. Concentrado: 2vzs/dia. Separado do volumoso. B2: grande quant. Concentrado; misturado com volumoso. Dieta total-misturada. Baixa ph do rúmen, baixa a digestão da fibra, gera acidose e reduz gordura do leite. Quando grande quantidade de CHOs fermentáveis chega no intestino grosso, ocorre diarréia em razão da extensa fermentação neste local do TGI. Mucina representa lesão na parede do intestino, possivelmente causada por baixo pH, resultante de uma extensa fermentação no intestino grosso. Quando há lesão no intestino o animal secreta mucina ou fibrina para cobrir a área afetada. O material remanescente nas fezes, após lavagem com água, em peneira, mostra claramente a presença de partículas da dieta que não foram digeridas. Grãos inteiros de milho nas fezes, com silagem nas dietas, normalmente, indica que o grão não foi processado adequadamente, ou seja, trituração muito grosseira, planta colhida muito seca, ou o consumo de fibra fisicamente efetiva foi insuficiente. Partículas de grãos indigeridas e fibra longa nas fezes indica rápida taxa de passagem. ACIDOSE Acidose ruminal sub aguda-SARA (sub clínica): é um problema frequente com vacas em manejo intensivo com dietas desbalanceadas Sinais clínicos: redução no consumo e produção de leite, baixo teor de gordura no leite, diarréia, laminite, parada dos movimentos ruminais. Grupos de vacas que apresentam maiores riscos (atenção especial): início da lactação (3-20dias) e vacas com alto consumo de MS (20-120dias) Vários itens podem ser usados na avaliação: fonte e tamanho da partícula, % gordura no leite, relação proteína:gordura do leite, tamanho da partícula da dieta que as vacas estão comendo, avaliação das fezes.
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