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PARADIGMAS DE QUALIDADE - AVALIANDO COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

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AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL
PARADIGMAS DE QUALIDADE: AVALIANDO 
COMPETÊNCIA E HABILIDADES
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Reconhecer diferentes conceitos e pressupostos da qualidade da educação/ensino da educação básica
aplicando-os para o entendimento da realidade brasileira;
2- Analisar e formular questões sobre a concepção atual de qualidade social da educação analisando as condições
atuais da escola pública de ensino fundamental e médio;
3- Identificar e refletir sobre os paradigmas de qualidade social descritos nas Diretrizes Curriculares Nacionais
da Educação Básica relacionando e discutindo alguns aspectos que envolvem o ensino por competências e
habilidades.
1 Introdução
Nesta aula, vamos apresentar e discutir o conceito de qualidade social da educação realizando uma tentativa de
análise da escola pública e sua condição de funcionamento para que você possa estabelecer uma relação com os
resultados dos exames nacionais apresentados pelo Inep e os indicadores da qualidade da educação brasileira.
Caro aluno o que pensa você sobre a qualidade do ensino, da educação, da escola?
Você é capaz de nomear os professores que realizavam as suas aulas dentro de um padrão de qualidade?
Acha que a escola onde cursou a sua educação básica realiza um ensino de qualidade?
As diretrizes curriculares instituídas pelo MEC apresentam os paradigmas de qualidade da escola?
Porém, antes de analisar esses pontos vamos discutir o entendimento que temos do que seja necessário
encontrar na escola para que se possa caracterizá-la como uma escola de qualidade.
O que é necessário que a escola possua para que possa dizer que ela é uma escola de qualidade?
2 Escola de qualidade
O que é uma escola de qualidade?
Então vamos partir, inicialmente, das ideias e conceitos expressos no documento elaborado em 2007, para o
MEC, pelos professores Luiz Fernandes Dourado (coord.), João Ferreira de Oliveira e Catarina de Almeida Santos
sobre qualidade da educação.
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Refletir sobre esses conceitos de uma boa educação é da maior importância por que se não sabemos o que seja
uma boa escola, um bom ensino, uma educação de qualidade como podemos exigir o nosso direito por uma
escola de qualidade?
É extensa a lista de elementos que podem ser considerados indispensáveis para uma educação escolar eficaz,
assim como são profundos e diversificados os aspectos que podem levar a uma compreensão consistente da
problemática, em razão da multiplicidade de significados do que seja uma boa educação ou uma escola de
qualidade. Assim, só tem sentido falar em escola de qualidade ou escola eficaz se consideramos um conjunto de
qualidades ou de aspectos envolvidos. Isso significa dizer, no entanto, que é fundamental identificar e apontar
elementos constituintes comuns de uma boa escola ou escola eficaz, identificando as similitudes a serem
consideradas para essa qualificação, mesmo tendo em conta que as escolas de boa qualidade são produzidas em
realidades e em condições objetivas bastante diferenciadas. (p.9)
Como diz Dourado (2007), vários são os aspectos que devemos considerar, mas não podemos esquecer a
importância de compreender que a qualidade da escola está condicionada pelas situações existentes em uma
determinada comunidade.
Uma escola em uma comunidade carente deve suprir os seus alunos com tudo que lhe falta para ter as mesmas
condições dos que frequentam as melhores escolas do bairro. Seria ilusão achar que, se a escola fornecendo o
livro didático, a merenda, o material escolar, o acesso ao computador e à internet, o problema da qualidade
estaria solucionado. Essa lógica não se aplica de maneira tão linear. Porém, podemos perceber que esses fatores
favorecem o aprendizado do aluno e criam as condições ideais para que o ensino aconteça da melhor forma
possível.
A qualidade da escola não diz respeito somente as notas que seus alunos alcançam durante os exames nacionais.
Elas significam apenas uma parte do trabalho realizado peto professor e peto próprio aluno no que diz respeito à
dimensão pedagógica da relação que se estabelece na sala de aula entre eles. O exame é importante porque
sinaliza que o aluno soube resolver as questões que foram propostas na prova. O exame não representa toda a
aprendizagem do aluno, mas lhe permite perceber a sua situação individual.
3 Elementos constituintes de uma boa escola de educação 
básica
De acordo com as diretrizes curriculares para a educação básica (2010), “a escola de educação básica é o espaço
em que se ressignifica e se recria a cultura herdada, reconstruindo-se as identidades culturais, em que se
aprende a valorizar as raízes próprias das diferentes regiões do país”.
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O que estabelece o Conselho Nacional de Educação?
O Conselho Nacional de Educação estabeleceu que “essa concepção de escola exige a superação do rito escolar,
desde a construção do currículo até os critérios que orientam a organização do trabalho escolar em sua
multidimensionalidade.”
Uma escola que atenda à diversidade e à individualidade de seus alunos e que em seu espaço eles usufruam da
tranquilidade necessária para aprender.
O CNE também “privilegia trocas, acolhimento e aconchego, para garantir o bem-estar de crianças, adolescentes,
jovens e adultos, no relacionamento entre todas as pessoas.”
Esses são alguns dos paradigmas descritos para a escola de educação básica.
Será que as nossas escolas se enquadram nesses paradigmas de qualidade? Apresentam essas características de
qualidade?
Para considerar uma escola como sendo de qualidade em um mundo globalizado, repleto de apelos para a
comercialização de produtos industrializados, sem tempo para o lazer devemos identificar os elementos que
consideramos básicos e necessários para favorecer o aprendizado do aluno.
Acesso ao computador e à internet
Livro didático
Professores da escola
Espaço físico e equipamentos
Biblioteca
Saiba mais
Clique aqui e saiba mais sobre os elementos que favorecem o aprendizado do aluno.
Elementos que favorecem o aprendizado do aluno
Acesso ao computador e à internet
Nas escolas públicas encontramos os alunos oriundos das camadas sociais mais pobres e
carentes, com renda familiar de 1 a 2 salários mínimos.
O que significa esse fato?
Estamos diante de um aluno que não possui os meios tecnológicos básicos essenciais à vida
moderna, tais como: computador e internet. Hoje é da maior importância que o aluno tenha o
acesso à informação através da web.
A escola pública possui o laboratório de Informática, nem sempre com aparelhos atualizados
ou em perfeito estado de manutenção, onde realizam aulas e permitem que o aluno tenha um
tempo reduzido de acesso. O fato de existir esse espaço de interação com uma realidade mais
ampla é positivo, mas é reduzido a um tempo insignificante de 30 minutos por semana.
Veja a diferença, o aluno de poder aquisitivo alto fica o tempo que necessita para fazer as suas
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Veja a diferença, o aluno de poder aquisitivo alto fica o tempo que necessita para fazer as suas
pesquisas e o aluno das escolas públicas podem ficar na internet por um tempo x, em 1 dia da
semana. Considerando as 4 semanas que compõem o mês, ele teria 2 horas de possibilidades
para realizar a sua pesquisa. Outros professores e mesmo você podem eleger diversos tópicos,
mas deve-se considerar da maior importância que as escolas se preocupem em estar no mundo
de hoje, não no de ontem ou no de amanhã.
O livro didático: é importante?
Outra fonte de consulta e de pesquisa é o livro adotado pela escola para servir de base ao
estudo do aluno. O MEC encaminha para as escolas, considerando os dados do censo do ano
anterior a quantidade de livros, por série e matéria, para que o aluno possa estudar nele.
O livro nem sempre é o que o professor desejava. Apresentam conteúdos defasados no tempo e
no espaço. Não é feita a atualização das edições com a rapidez necessária. O Governo Federal,
objetivando realizar a compra pelo menor preço, adquire grandesquantidades que distribui
para os estados e os municípios. O professor deve estar atento para reavaliar o conteúdo do
livro e situar o aluno nas impropriedades encontradas.
E a pergunta que fazemos é: quando o professor não tem o seu próprio saber atualizado vai
identificar como?
O aluno da escola de educação básica que estuda em uma instituição privada compra o seu
próprio material escolar e todos os livros que são solicitados pelos professores. A escola tem a
liberdade de escolher uma edição que esteja atualizada e o professor pode acrescentar outras
leituras complementares de conteúdo ou obras literárias.
Novamente, o aluno das escolas públicas sai perdendo. Ele pode estudar e saber tudo o que
existe em seu livro e estar construindo seu conhecimento de forma precária.
A biblioteca: existe nas escolas públicas?
Nas escolas públicas são realizadas atividades envolvendo leitura, mas nem sempre possuem
um espaço como uma biblioteca. Quando possui a biblioteca o acervo existente, normalmente é
pequeno e reduzido aos livros encaminhados pelo MEC. O órgão central de gestão do estado ou
município não contempla, anualmente, a rede de escola com novos volumes. Os pais das
crianças das classes populares não possuem recursos financeiros para a compra de livros de
literatura.
O aluno pode ler o que não existe na sua escola ou na sua casa? Como cobrar um nível de
leitura compreensiva quando não há condições necessárias para tornar o aluno um leitor?
Algumas escolas públicas possuem a biblioteca sob a responsabilidade de um professor e não
de um bibliotecário escolar.
Esses fatores concorrem para o quadro atual em que a criança e o jovem apresentam nos
exames internacionais um baixo nível de desempenho na leitura e na escrita.
Como ele vai ler? Como vai compreender textos de literatura quando não teve as
oportunidades e os incentivos para uma leitura mais cuidadosa das obras dos autores
brasileiros ou dos clássicos como Machado de Assis, José de Alencar ou Dante ou Dumas?
Espaço físico e equipamentos: favorecem a aprendizagem?
Os prédios escolares são construídos de acordo com a concepção de educação que se tem.
Quando o estado ou o município apresenta uma gestão predominantemente pedagógica eles
são feitos de forma planejada e de acordo com o nível de ensino para o qual serão usados. Nem
sempre esse é o cenário encontrado.
As escolas públicas se caracterizam por apresentar um aspecto pouco convidativo a seus
alunos e não são extensamente equipadas com os aparelhos disponíveis no mercado para o
desenvolvimento de seus conteúdos.
São prédios que normalmente possuem salas de aula fechada e com basculantes, salas para a
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São prédios que normalmente possuem salas de aula fechada e com basculantes, salas para a
secretaria e para a equipe de gestão. Algumas possuem um auditório onde se podem projetar
filmes e realizar reuniões de professores e dos pais. Possuem refeitório ou improvisam em
pátios internos, varandas ou corredores largos.
Depois de construída, a manutenção de suas instalações e da pintura é feita com pouca
frequência o que provoca um desgaste em suas condições de funcionamento. Os sanitários são
na maioria inadequados por sua localização ou disposição interna.
Podemos observar que as instalações elétricas e hidráulicas apresentam uma grande
precariedade podendo provocar acidentes envolvendo professores e alunos e até mesmo
impedindo que a escola instale aparelhos que necessitam de maior fluxo de energia.
As escolas públicas também, geralmente, não possuem laboratórios para a realização de uma
aula prática. Os professores improvisam na sala de aula os experimentos que consideram
indispensáveis para o desenvolvimento no aluno do pensamento científico. Nem todos são
possíveis de serem realizados. A mesma coisa não acontece nas escolas privadas que foram
construídas para ter todos os ambientes para o desenvolvimento de seu currículo.
As salas de aula da escola pública são pouco ventiladas e a luz reflete no quadro de giz. Nas
escolas privadas, consideradas de qualidade, a sala tem ar-condicionado e não se usa com
frequência o quadro para escrever. O professor traz o seu pendrive contendo os tópicos da
aula e faz a sua apresentação usando o PowerPoint no data show.
Você não acha que é muito diferente a dinâmica da escola quando o professor não possui na
sua sala de aula nem uma televisão ou um aparelho para DVD, os laboratórios para as aulas de
ciências e equipamentos para ilustrar ou objetivar as noções de história ou geografia? Então,
para o começo de nossa conversa ficou bem claro que a escola de qualidade está circunscrita
pelas condições que possuímos para desenvolver a proposta pedagógica?
Porém, queremos propor outra questão: vamos imaginar que temos um prédio com todos os
ambientes e todos os equipamentos modernos para desenvolver os conteúdos, haveria algo
que nos impediria de ter uma “boa escola” pública?
Os professores da escola: importância da sua formação
Outro elemento a considerar é a formação do professor. Podemos ter todos os professores
equipados com um material didático inovador e as aulas serem dadas da mesma maneira que
há 50 anos.
A formação do professor é outro elemento que garante a qualidade da educação ou da escola.
Não se discute mais se a formação em nível universitário é necessária ou não. Todos
concordam que a educação superior é indispensável para se melhorar a qualidade do ensino.
Os professores, sejam pedagogos ou licenciados nas várias disciplinas que compõem o
currículo da educação básica, devem possuir o seu diploma para estarem habilitados a exercer
o magistério. Outras situações existentes devem ser encaradas como transitórias, como uma
meta para ser alcançada em um determinado prazo. A lei admite a formação em nível médio
apenas para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental. O censo
escolar apontou que existem no Brasil, ainda hoje professores sem a formação profissional
adequada em escolas públicas de localidades reconhecidas como de difícil acesso existentes no
país. Esse dado precisa ser entendido como um desafio para o governo federal e assumido pelo
MEC, para que se estabeleçam políticas públicas consistentes para a solução dessas situações.
A educação continuada permite ao professor rever os seus conteúdos, suas práticas e
enriquecer as suas experiências pela troca de informações e vivências. O professor não pode
ficar aguardando que seja convocado a fazer um curso para se atualizar. Ele deve buscar o seu
aperfeiçoamento pela leitura de periódicos, frequência a seminários, e a busca da pós-
graduação.
A verdade que se impõe é uma só: não é possível ter uma boa escola se não contamos com os
professores com uma formação adequada. O que é preciso fazer então?
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4 A importância da participação de todos
Além de cuidar para que os professores tenham a formação ideal, precisamos nos preocupar com a dinâmica
interna da escola, das relações estabelecidas para que a equipe da escola atue de forma harmônica e coerente. O
grupo pode se reunir e discutir os problemas encontrados, as inovações de que ficou sabendo sobre os seus
conteúdos ou de outros colegas. Assim vamos discutir as ideias apresentadas por Dourado (2007).
Ideias apresentadas por Dourado
As pesquisas e os estudos sobre a Qualidade da Educação revelam, também, que uma educação de qualidade, ou
melhor, uma escola eficaz é resultado de uma construção de sujeitos engajados pedagógica, técnica e
politicamente no processo educativo, em que pese, muitas vezes, as condições objetivas de ensino, as
desigualdades de origem socioeconômica e cultural dos alunos, a desvalorização profissional e a possibilidade
limitada de atualização permanente dos profissionais da educação. Isso significa dizer que não só os fatores e os
insumos indispensáveis sejam determinantes, mas que os trabalhadores em educação (juntamente com os
alunos e pais), quando participantes ativos, são de fundamental importância para a produção de uma escola de
qualidade ouescola que apresenta resultados positivos em termos de aprendizagem. (p 10)
A possibilidade de integração entre os sujeitos pode resolver todos os entraves a uma boa escola ou a um
processo educacional de qualidade. Quando a escola pública realiza uma gestão centrada na participação
democrática ela tem mais chance de realizar um trabalho pedagógico permitindo a superação dos seus pontos
frágeis e pode mudar a realidade adversa que prejudica ao pleno desenvolvimento de seu projeto pedagógico e o
atendimento das aspirações e desejos de seus alunos e pais .
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5 O conceito de qualidade social aplicado à escola
Fique ligado
Antes de iniciar esse tópico gostaria de convidá-lo a assistir uma apresentação de um vídeo
que mostra uma escola de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, onde três professores
debatem o seguinte tema: Gestão Democrática: avaliação institucional. Clique aqui.
Como podemos conceituar a qualidade social quando nos referimos à escola pública?
Esse termo qualidade foi aplicado inicialmente no meio empresarial e dizia respeito à
qualidade que um produto deveria ter para ser considerado como bom e ser comercializado.
Silva (2009) analisou a passagem do emprego desse termo de uma situação comercial para a
educação e podemos nos valer de seu estudo para entender melhor o que significa ter
qualidade em um produto.
Podemos deduzir pela análise do texto que há uma diferença básica entre uma relação
pedagógica e uma relação mercantil. Na primeira se pode dizer que o produto da escola é o
aluno educado (Vitor Paro, 1986), não é um objeto, um artefato. Muitas pessoas acham que é a
aula porque ela é a unidade considerada para o pagamento do professor.
Na relação mercantil o valor do objeto, a sua qualidade intrínseca e substantiva está sempre
dependente das características da matéria prima utilizada que só podem ser alteradas quando
misturadas com outros componentes e substâncias. O homem que elabora o objeto influencia
diretamente na sua qualidade. O mercado estabelece o preço nem sempre por sua qualidade,
mas por tudo que representa no desejo e no imaginário do consumidor.
O aluno, ao aprender um conteúdo, é capaz de estabelecer com base nele um novo
conhecimento e as suas experiências e vivências na escola possibilitam criar novas formas de
aprender e de agir. Uma aula não se encerra quando acaba o tempo, ela se prolonga porque o
aluno elabora outras questões baseado por ela.
No caso do aluno, por conta da incompletude da natureza humana (Freire, 1996), sempre é
possível uma aprendizagem nova, a qualidade da aprendizagem do aluno vai extrapolar a
escola, a sala de aula, o professor, porque por uma ação interna, subjetiva ele pode, por si
mesmo, ultrapassar os seus limites e, de um aluno medíocre, passar a um aluno brilhante. Uma
bicicleta depois de pronta, por si mesma não pode realizar esse intento.
Podemos concordar com Paulo Freire (1996) e encarar a “boniteza” que há na educação.
O conceito de qualidade construído na relação entre negociantes e consumidores modifica-se
de acordo com as circunstâncias econômicas e sociais. Na relação mercantil, o produto, o
objeto, o artefato, o símbolo, a coisa une os interesses de ambos e, ao mesmo tempo, os
distingue de outros produtos pelas suas características. A qualidade é negociada, dinâmica,
transitória e contém as marcas históricas da opinião pública, o que estimula o ato comparativo.
(p. 219)
Continuando com o conceito de qualidade social aplicada à escola podemos dizer com Silva
(2009) que o Banco Mundial, influindo na política social do Brasil, sugere aos técnicos a
introdução do conceito de qualidade de origem mercadológica, para aplicação direta nos
sistemas educacionais e escolas, sob o argumento que um homem educado favorece ao
capitalismo e aos objetivos do neoliberalismo levando o povo a desfrutar de maior qualidade
de vida.
concepção de qualidade educacional que emana do Banco fundamenta-se na adoção de
“insumos”, que deverão conduzir a resultados a serem avaliados por meio de índices de
desempenho e de rendimento escolar dos alunos e das escolas. Seus técnicos preconizam um
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6 Avaliando Competências e Habilidades
O Conselho Nacional de Educação aprovou através da Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010, as Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. No seu art. 5º define que:
“Educação Básica é um direito universal e o alicerce indispensável para o exercício da cidadania em plenitude,
(...) da qual depende a possibilidade de conquistar todos os demais direitos que consagram as prerrogativas do
cidadão”.
Considerando o que está disposto nesse artigo podemos, através da avaliação calcada em competências e
habilidades, responder com consciência sobre a qualidade dos procedimentos educativos realizados nas escolas?
Os exames nacionais atestam se a escola está formando para a cidadania?
desempenho e de rendimento escolar dos alunos e das escolas. Seus técnicos preconizam um
raciocínio linear segundo o qual a mera adoção de equipamentos gera resultados satisfatórios.
A concepção de qualidade assentada na racionalidade técnica e nos critérios econômicos
serviu e serve de referência para a formulação de políticas para a educação pública no país.
(Silva, p.222)
Por insumos podemos entender todos os elementos elencados no primeiro tópico apresentado
nessa aula que pode ser introduzido no sistema ou nas escolas para provocar uma mudança
para melhor.
A institucionalização do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) aplicados aos
estados, municípios e escolas estabelece um parâmetro de qualidade permitindo ao governo
comparar a eficácia do processo educacional ocorrido nesses diferentes contextos.
Essas medidas minoram as deficiências da escola pública, mas não garantem o seu sucesso.
Porque os números não demonstram em sua totalidade a riqueza dos processos ocorridos nas
escolas para melhorar o desempenho do aluno. Os resultados podem ser o produto de um
treinamento para a resolução dos itens das provas.
Outro efeito da aplicação direta do conceito de qualidade social da educação, com base em uma
teoria econômica, diz respeito ao fato que o direito à educação de qualidade está previsto na
Constituição Federal de 1988 como um ganho democrático de equalização social.
A educação quando distribuída a todos minimiza a exclusão, a marginalização e a segregação
social.
Podemos esquecer esse fato? Atrelar a educação brasileira aos objetivos e às metas de
desenvolvimento econômico?
Podemos fazer melhor. Podemos rechear nossas escolas de oportunidades para realizar
plenamente o aluno, para que saiba exercer a cidadania e estar pronto para assumir uma tarefa
produtiva que lhe garanta a participação no mundo do trabalho. Então estaremos propiciando
a inclusão do diferente, acabando com a segregação do analfabeto, do desempregado, do negro
e a sua consequente marginalização social como desejavam os técnicos do Banco Mundial.
Quando conseguirmos oferecer a todos os brasileiros uma educação social de qualidade, uma
escola nos paradigmas descritos nas diretrizes curriculares certamente surgirá outra
sociedade, outro homem, um novo Brasil.
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Nos exames nacionais, são cobrados dos alunos que exteriorizem por uma resposta a itens as competências
adquiridas mediante a proposta curricular desenvolvida por sua escola.
Saiba mais
Clique aqui e conheça outros artigos da Resolução CNE/CEB 4/2010.
Avaliando Competências e Habilidades
Na Resolução CNE/CEB 4/2010 se encontram, no Título IV, as normas para o acesso e a
permanência na escola. A resolução não descreve as competências e as habilidades que devem
ser desenvolvidas na educação básica, apresentam linhas gerais para serem seguidas por todas
as escolas de educação básica do país, inclusive as escolas privadas.
No art. 8º estabelece que: A garantia de padrão de qualidade, com pleno acesso, inclusão e
permanência dos sujeitos das aprendizagens na escola e seu sucesso, com redução da evasão,
da retenção e da distorção deidade/ano/série, resulta na qualidade social da educação, que é
uma conquista coletiva de todos os sujeitos do processo educativo. Podemos realizar uma
pequena reflexão considerando apenas as altas taxas de evasão e retenção e o vácuo existente
na passagem do ensino fundamental para o ensino médio, e afirmar que a escola brasileira
mais reprova do que ensina.
Poderíamos dizer que temos nela um processo de qualidade social ou de seletividade social?
No art. 9º incluem os paradigmas que caracterizam uma escola de qualidade social: “adota
como centralidade o estudante e a aprendizagem”, o que pressupõe atendimento aos seguintes
requisitos:
I - revisão das referências conceituais quanto aos diferentes espaços e tempos educativos,
abrangendo espaços sociais na escola e fora dela;
II - consideração sobre a inclusão, a valorização das diferenças e o atendimento à pluralidade e
à diversidade cultural, resgatando e respeitando as várias manifestações de cada comunidade;
III - foco no projeto político-pedagógico, no gosto pela aprendizagem e na avaliação das
aprendizagens como instrumento de contínua progressão dos estudantes;
IV - inter-relação entre organização do currículo, do trabalho pedagógico e da jornada de
trabalho do professor, tendo como objetivo a aprendizagem do estudante;
V - preparação dos profissionais da educação, gestores, professores, especialistas, técnicos,
monitores e outros;
VI - compatibilidade entre a proposta curricular e a infraestrutura entendida como espaço
formativo dotado de efetiva disponibilidade de tempos para a sua utilização e acessibilidade;
VII - integração dos profissionais da educação, dos estudantes, das famílias, dos agentes da
comunidade interessados na educação;
VIII - valorização dos profissionais da educação, com programa de formação continuada,
critérios de acesso, permanência, remuneração compatível com a jornada de trabalho definida
no projeto políticopedagógico;
IX - realização de parceria com órgãos, tais como os de assistência social e desenvolvimento
humano, cidadania, ciência e tecnologia, esporte, turismo, cultura e arte, saúde, meio ambiente.
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Após a identificação dos paradigmas de qualidade descritos na norma emanada do Conselho Nacional de
Educação, vamos realizar um esforço para identificar os pressupostos utilizados pelo MEC para a construção dos
itens das provas aplicadas aos alunos e para definir a qualidade da escola através do IDEB.
O que desejamos entender agora é como se desenrola esse processo de construção de uma Matriz de Referência
com base nas diretrizes curriculares e compreender os paradigmas usados para a escolha das competências e
habilidades que serão consideradas na elaboração das provas nacionais.
6.1 O que constituem as competências e as habilidades?
Competências: Com base em Perrenoud o MEC/Inep define a competência como sendo a “capacidade de agir
eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiando-se em conhecimentos, mas sem se limitar a eles.” (p.
18)
Saiba mais
Clique aqui e conheça mais sobre matriz de referência.
MATRIZ DE REFERÊNCIA
Primeiro pensamos que para melhor compreensão do sentido da avaliação precisamos
compreender o significado dos conceitos estabelecidos pelo MEC para cada termo utilizado:
matriz de referência, competência, habilidade, descritor.
Cada exame nacional conta com a sua própria matriz de referência. A matriz de referência
representa um recorte dos currículos escolares que por sua vez foram pautados nos
parâmetros e diretrizes curriculares de cada nível de ensino.
Sobre as matrizes de referência utilizada no Saeb a informação que se obtém é que foram
construídas para permitir a efetividade da avaliação em âmbito nacional com transparência e
legitimidade, construída para informar aos interessados o que será cobrado do aluno.
Consideram que a matriz de referência “... é o referencial curricular do que será avaliado em
cada disciplina e série, informando as competências e habilidades esperadas dos alunos.” (MEC
/Inep, 2011) Elas servem de base para a elaboração dos itens das provas. Os itens
correspondem às questões constantes das provas.
Então as competências e as habilidades incluídas nos exames nacionais não representam a
totalidades dos conteúdos desenvolvidos nos currículos das escolas. Para a elaboração da
prova do Saeb e Prova Brasil realizaram um trabalho de associação entre os conteúdos da
aprendizagem e as competências cognitivas usadas no processo de construção do
conhecimento.
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Ainda, no mesmo documento esclarecem que: “Assim, as competências cognitivas podem ser entendidas como as
diferentes modalidades estruturais da inteligência que compreendem determinadas operações que o sujeito
utiliza para estabelecer relações com e entre os objetos físicos, conceitos, situações, fenômenos e pessoas”.
(2011, p. 18)
Habilidades: As habilidades têm um caráter prático e são entendidas como um saber fazer e se originam nas
competências já adquiridas e transformadas em habilidades.
Esclarecem ainda que cada matriz apresenta tópicos ou temas como descritores indicando as habilidades a
serem avaliadas. Assim consideram que o descritor é uma associação entre conteúdos curriculares e operações
mentais desenvolvidas pelos alunos.
Para não restar dúvidas, vamos apresentar outras definições que estão em um dicionário e podem nos ajudar a
entender melhor o que sejam as competências e as habilidades.
Vamos escolher o dicionário mais conhecido e usado na escola brasileira, o Aurélio. Por competência entende
que é “qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certos assuntos, fazer determinadas coisas”.
No mesmo dicionário, encontramos que a definição de habilidade é “qualidade ou caráter de hábil” e em hábil
vamos encontrar a seguinte definição “competente, apto, capaz”.
Podemos destacar a dificuldade que o professor encontra em entender o currículo estruturado em competências
e habilidades, pois esse dois termos são usados como sinônimos e exige do professor uma criatividade muito
grande para a sua prática cotidiana. Ele terá que visualizar o efeito prático do conteúdo da sua disciplina.
Os cursos de Licenciatura são baseados nos conteúdos teóricos da didática e da metodologia e não costumam
focar a dinamização dos conteúdos curriculares por competências e habilidades, não priorizam a análise dos
livros didáticos em circulação nas várias escolas e sistemas de ensino. Não abordam os documentos do MEC
contendo o detalhamento das diretrizes curriculares.
Pensam que o formando, sabendo profundamente os conteúdos das disciplinas, saberá realizar a transposição
para trabalhar no desenvolvimento no aluno de competências e habilidades.
Argumentam, ainda, que a maioria opta por sair apenas como bacharel e deve ter um grande aporte teórico para
exercer bem uma profissão ligada à sua área do saber.
Como licenciado, o aluno pretende exercer o magistério em último caso. Com base nesses argumentos julgam
não ser necessário se preocupar em dominar as técnicas e estratégias para realizar a aprendizagem de um aluno
hipotético.
Por outro lado as disciplinas de estágio supervisionado são entendidas como esvaziadas de conteúdo, e mesmo
que o professor supervisor do estágio deseje muito discutir com o aluno as suas experiências na escola, onde
realizam a sua prática de ensino, ele não conta com o interesse deles.
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Então se o licenciando não tem oportunidade de aplicar e solidificar o seu conhecimento sobre como
desenvolver as competências e as habilidades dos seus alunos, como atuará eficientemente nas escolas de
educação básica?
O primeiro problema que o formando vai enfrentar diz respeito que antes da LDB de 1996 o objetivo do
currículo era no conteúdo que o professor deveria ensinar e agora o que se deseja na escola é que o aluno
aprenda, desenvolva a sua capacidade de análise, sua consciência crítica, competências e habilidades.
Como saber se o aluno desenvolveu essa ou aquela competência ou habilidade?
Ele aprendeu a usar osseus conhecimentos para resolver situações novas?
Urge que se façam as intervenções necessárias para que o sistema apresente uma coerência interna no sentido
de cobrar que a formação dos professores seja realizada com a sonhada integração entre teoria e prática. O
magistério é uma profissão que exige um conhecimento prático, um saber fazer que os livros não são capazes de
produzir.
O processo ensino/aprendizagem poderia ser retratado como uma gangorra, na qual o professor ficasse em uma
ponta e o aluno na outra. A situação ideal é que houvesse o equilíbrio entre os dois. Isto significando que o
professor ensina e o aluno aprende. Há uma mediação do processo ensino/aprendizagem entre os dois. Para que
o professor possa dizer que ensinou, tem que ter a contrapartida do aluno, que aprendeu.
7 Reflexão
Para terminar a aula de hoje deixamos com você as palavras de Fernando Pessoa, para que reflita sobre uma
escola com qualidade social:
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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará sobre:
• A Meta-avaliação: reelaborando e revisando o processo de avaliação;
• Planejando a meta-avaliação: o projeto de autoavaliação da UNESA;
• Importância da meta-avaliação para a regulação interna da organização.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu o conceito de qualidade social da educação e pode formular as próprias questões sobre a 
realidade da educação básica brasileira;
• Estabeleceu que a qualidade social da educação é condicionada por fatores internos à realidade escolar, 
mas extrapola os muros da escola e se estende pela vida do aluno e a sua capacidade em aplicar os 
conhecimentos armazenados por ele durante os anos em que estudou;
• Analisou as características de uma educação de qualidade comparando com a matriz curricular da 
educação básica estabelecendo um juízo de valor sobre a aplicabilidade delas na vida cotidiana do aluno e 
na definição de seu futuro.
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	Olá!
	1 Introdução
	2 Escola de qualidade
	3 Elementos constituintes de uma boa escola de educação básica
	4 A importância da participação de todos
	5 O conceito de qualidade social aplicado à escola
	6 Avaliando Competências e Habilidades
	6.1 O que constituem as competências e as habilidades?
	7 Reflexão
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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