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FLUIDOS 
BIOLÓGICOS
Samantha Brum Leite
Processos envolvidos 
na função renal
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Descrever o processo de formação da urina.
 � Identificar os testes laboratoriais de avaliação da filtração glomerular.
 � Relacionar os procedimentos laboratoriais para avaliação da função 
tubular renal. 
Introdução
Neste capítulo, você vai entender as etapas de filtração, reabsorção e 
secreção que fazem parte da formação da urina para posterior excreção. 
A produção de urina é um processo que ocorre de forma constante pelos 
rins e de forma mais específica pelos néfrons, que são a unidade funcional 
dos rins. Cada uma dessas etapas ocorre em uma porção diferente dos 
néfrons e é fundamental para a manutenção da homeostase corporal. 
A composição final da urina vai ser decorrente da soma do que foi filtrado 
e secretado, menos o que é reabsorvido pela corrente sanguínea. 
Quando uma dessas etapas, sobretudo a filtração e a reabsorção, 
está comprometida, é possível realizar a análise laboratorial da filtração 
glomerular e da função tubular renal. Assim, a avaliação do processo de 
filtração é baseada na taxa de filtração glomerular (TFG) determinada 
pelo uso de marcadores. Já o processo de reabsorção avalia a presença 
e a concentração de determinadas substâncias seguindo o princípio de 
que não estão presentes normalmente na urina, justamente por serem 
reabsorvidas no túbulo contorcido proximal ou distal. Os testes fornecem 
informações importantes a respeito do funcionamento renal e podem 
ser utilizados para acompanhamento da progressão de doenças.
A formação da urina
A urina é um importante líquido corporal, o qual é representativo do funcio-
namento geral do corpo. Por ser ultrafiltrado do plasma, as suas características 
são semelhantes às do plasma sanguíneo e para que ocorra a sua formação e, 
consequentemente, a sua excreção, é necessário passar pelos processos renais 
de filtração, secreção e reabsorção.
Os rins são compostos pelos néfrons, os quais são as unidades funcionais 
dos rins e são os responsáveis pela formação da urina e por eliminar resíduos. 
Cada rim apresenta aproximadamente 1 a 1,3 milhões de néfrons, que são 
subdivididos em néfrons corticais e justamedulares. Os néfrons corticais estão 
presentes na região do córtex renal, localizado na porção mais externa do rim, 
e representam cerca de 85% dos néfrons, sendo responsáveis pela remoção de 
resíduos e reabsorção de nutrientes para o organismo, enquanto os néfrons 
justamedulares localizam-se na medula renal, sendo compostos pela porção 
profunda da alça de Henle e têm como função a concentração urinária. Assim, 
cada porção do néfron desempenha uma função diferente. Veja a Figura 1.
Se todos os néfrons do corpo fossem esticados, teríamos um comprimento de apro-
ximadamente 145 km de néfrons.
Os néfrons são compostos por um corpúsculo renal e túbulos renais. 
A estrutura do corpúsculo renal apresenta o glomérulo e a cápsula de Bowman, 
já a porção tubular compreende o túbulo contorcido proximal, a alça de Henle, 
o túbulo distal e o ducto coletor. O glomérulo projeta-se para o interior da 
cápsula de Bowman e essa projeção anatômica é importante para a primeira 
fase da formação da urina, a filtração. Na parede mais externa da cápsula 
há o epitélio parietal (capsular) e estende-se até a porção mais interna como 
epitélio visceral (glomerular). Nessa porção há os podócitos, os quais são 
células especializadas envolvidas nos processos que envolvem os capilares 
glomerulares, os quais estão ligados às arteríolas glomerulares, sendo elas a 
aferente e a eferente. 
Processos envolvidos na função renal2
Figura 1. Estrutura básica dos néfrons e dos elementos vasculares.
Fonte: Raff e Levitzky (2012, p. 402).
A vascularização renal é fundamental para o processo de formação da urina, 
sendo que a arteríola aferente conduz o sangue para os capilares presentes 
no glomérulo, enquanto que a arteríola eferente drena o sangue. Com isso, é 
possível promover a alteração da composição urinária, visto que ocorrem trocas 
diretas durante a circulação glomerular (REILLY JR.; PERAZELLA, 2015).
3Processos envolvidos na função renal
Célula mesangial é um tipo celular associado intimamente com as alças dos capilares do 
glomérulo e agem como fagócitos auxiliando na remoção de materiais que ficam retidos 
na membrana basal dos capilares. Além disso, apresentam miofilamentos que podem 
se contrair conforme o estímulo, de forma semelhante às células musculares lisas.
A filtração ocorre de modo que o plasma filtrado nos capilares glomeru-
lares é conduzido para o interior da cápsula de Bowman. A barreira imposta 
pelas fenestrações presentes nas fendas glomerulares e pela membrana ba-
sal glomerular, bem como a presença dos podócitos, permite que ocorra a 
filtração. Assim como a diferença de cargas que auxilia na seletividade do 
processo de filtração. O filtrado glomerular é semelhante ao plasma, difere 
pela quantidade de proteínas, que é menor, uma vez que pelo tamanho das 
proteínas plasmáticas, como albumina e imunoglobulina G, elas não atraves-
sam a barreira de filtração, e, por isso, é chamado de ultrafiltrado. Assim, é 
composto principalmente por íons inorgânicos e solutos orgânicos de baixo 
peso molecular em concentrações quase iguais às do plasma. 
Por isso, quando o indivíduo apresenta alguma lesão a nível glomerular, 
isso afeta a seletividade da barreira de filtração glomerular e a barreira de dife-
rença de cargas. Logo, conforme a lesão, pode aumentar o tamanho dos poros, 
ocasionando presença de fendas na membrana basal, e, com isso, ocasionar o 
aparecimento de proteínas na urina em maior quantidade. A proteinúria pode ser 
decorrente de doenças renais como nefropatia membranosa, nefropatia diabética 
e glomeruloesclerose focal (EATON; POOLER, 2016; RAFF; LEVITZKY, 
2012; MUNDT; SHANAHAN, 2012; REILLY JR.; PERAZELLA, 2015).
Posteriormente à filtração ocorre o processo de reabsorção tubular. 
O ultrafiltrado originado da filtração glomerular composto por água, cloreto 
de sódio, bicarbonato, potássio, cálcio, aminoácidos, fosfato, proteína, gli-
cose e outras substâncias segue pelos túbulos renais e é reabsorvido (quase) 
completamente a fim de retornar para a corrente sanguínea. Por isso, ocorre 
a manutenção do volume de líquido corporal, visto que, apesar da taxa de 
filtração ser em média 180 L/dia, o indivíduo iria urinar até a desidratação, 
caso o processo de reabsorção não ocorresse. Com o processo de reabsorção, 
o volume filtrado é quase todo reabsorvido.
Processos envolvidos na função renal4
O percentual de reabsorção das substâncias presentes no ultrafiltrado pode 
ser variável: a ureia é parcialmente reabsorvida, logo, grandes quantidades de 
ureia filtrada podem ser excretadas na urina; para componentes plasmáticos 
como a água e os eletrólitos, a reabsorção é quase completa, enquanto para a 
glicose a reabsorção é completa, de modo que nada do que é filtrado é excretado, 
normalmente, pela urina. Todo o processo de reabsorção e, consequentemente, 
de excreção é regulado, em vista de que cada substância apresenta a sua taxa 
de reabsorção no corpo. Assim, para manter o equilíbrio, o organismo pode 
ou não ser estimulado à excreção.
A maior parte da reabsorção (80%) ocorre no túbulo contorcido proximal, 
sendo principalmente de água, íons e nutrientes orgânicos; já na alça de Henle, 
no ramo descendente ocorre reabsorção de água e no ramo ascendente ocorre 
reabsorção predominante de íons sódio e cloro. No túbulo contorcido distal 
pode ocorrer, ainda, reabsorção variável de água, sódio e cálcio, mas sob 
controle hormonal.
Junto à reabsorção, há a secreção, que consiste no processo em que são 
secretados, a partir do sangue para o filtrado tubular, os elementos que não 
foram filtrados no glomérulo e que são direcionados aos túbulos por meio 
dos capilares peritubulares, para a excreção. Trata-se,então, de produtos 
residuais, como medicamentos, toxinas, além de íons de hidrogênio e outros 
íons que devem ser eliminados a fim de promover a manutenção de equilíbrio 
acidobásico e eletrólitos. A secreção tubular é importante para as seguintes 
funções: (1) secretar substâncias ligadas a proteínas plasmáticas e que não são 
livremente filtradas, (2) excretar substâncias indesejáveis ou produtos finais 
que foram reabsorvidos por processos passivos, como ureia e ácido úrico, 
(3) eliminar do organismo o excesso de íons de potássio e (4) controlar o pH 
urinário. Normalmente, essas atividades envolvem o transporte ativo pelas 
células e, com isso, há gasto energético (MUNDT; SHANAHAN, 2012, RAFF; 
LEVITZKY, 2012; MARIEB; HOEHN, 2008). Veja a Figura 2.
5Processos envolvidos na função renal
Figura 2. Filtração e processamento tubular do ultrafiltrado glomerular.
Fonte: Mundt e Shanahan (2012, p. 19).
A excreção, portanto, trata-se da soma dos processos de filtração e secreção, 
menos o que é reabsorvido. Como produto final, temos a formação da urina, 
a qual é constituída principalmente por água, ureia, ácido úrico, creatinina, 
sódio, potássio, cloreto, cálcio, magnésio, fosfatos, sulfatos e amônia. Quando 
o indivíduo apresenta alguma alteração nas suas funções metabólicas, pode 
conter também corpos cetônicos, proteínas, glicose, porfirinas e bilirrubina 
em quantidades variáveis, além da presença de células epiteliais, hemácias, 
leucócitos, cristais e cilindros visíveis na análise microscópica. Tais substâncias, 
quando presentes, podem representar distúrbios a nível renal e os metabólicos 
devem ser investigados.
Interferentes na produção final da urina
Os hormônios são capazes de alterar a liberação de íons e, com isso, po-
dem influenciar nos processos de regulação das concentrações de solutos. 
A aldosterona, por exemplo, participa do equilíbrio eletrolítico, aumenta a 
concentração de sódio no sangue, em troca pelos íons potássio, aumenta, com 
isso, a água corporal, aumentando a reabsorção, e consequentemente diminui 
o volume urinário, aumentando a pressão sanguínea. Inclusive, em razão da 
contribuição para o quadro de hipertensão, acaba sendo alvo dos tratamen-
tos anti-hipertensivos. O hormônio antidiurético (HAD), ou vasopressina, é 
responsável pela conservação de água corporal, concentrando ou reduzindo o 
volume da urina quando necessário. Sua ação ocorre diretamente no processo 
de reabsorção e acontece, sobretudo, no ducto coletor, porção final do néfron. 
Desse modo, quanto maior o índice de hidratação do indivíduo, menor será 
a produção do hormônio, pois como a própria definição, ele inibe a diurese.
Processos envolvidos na função renal6
Qualquer alteração na regulação hormonal, além de causar intercorrência 
no processo natural de formação da urina, também pode acarretar em doenças. 
É o caso de diabetes insípido, na qual há uma produção insuficiente na excre-
ção de HAD e cujos sintomas são sede extrema e urina com grande volume. 
Além disso, caso ocorra a excreção de HAD sem necessidade, representa 
a síndrome da secreção inapropriada do hormônio antidiurético (SIHAD). 
No caso, há uma excreção contínua do hormônio que pode ser em decorrência 
de traumatismo craniano, pneumonia, crescimento tumoral ou medicamentos. 
Além disso, os diuréticos podem influenciar no aumento do volume final 
urinário, de modo que os diuréticos são substâncias que não são reabsorvidas 
e que estimulam a diurese. Eles podem ser inibidores (1) da liberação do 
hormônio HAD, como o álcool, (2) da reabsorção de sódio e da reabsorção de 
água, como a cafeína, (3) dos simportes associados com o Na+ e (4) da formação 
do gradiente medular no ramo ascendente da alça de Henle.
Tais alterações no volume, cuja quantidade é em média de 600 mL a 2 L em 
24 horas, podem promover tanto um aumento quanto uma redução anormal no 
volume diário. A poliúria representa uma excreção acima de 2 L em 24 horas, 
caracterizando pacientes acometidos com diabetes insípido e diabetes melito. 
A oligúria representa uma redução do volume para valores < 500 mL/24 h que 
pode estar associada, principalmente, ao choque, à desidratação e à lesão renal 
grave. A anúria está associada a um valor urinário < 100 mL/24 h, mesmo com 
a administração elevada de líquidos, e representa uma supressão completa da 
formação de urina (MUNDT; SHANAHAN, 2012).
Avaliação laboratorial da filtração glomerular
O controle do funcionamento renal é importante para a avaliação quanto à 
presença de doenças renais, bem como acompanhamento e progressão dessas 
doenças, avaliação do efeito da dosagem de medicamentos e início de diálise 
na presença de insuficiência renal. Sendo assim, testes laboratoriais podem 
ser solicitados com esse objetivo, eles são testes de (1) avaliação da TFG e (2) 
estimativa da TFG.
O teste de avaliação da TFG é um exame importante para avaliar a função 
renal, pois representa o volume de filtrado do sangue formado por unidade 
de tempo e varia conforme o tamanho corporal. A formação do filtrado é 
dependente das forças de Starling, as quais são envolvidas de modo propor-
cional na permeabilidade dos capilares glomerulares e na pressão hidrostática 
e oncótica. Considerando esses aspectos, a fórmula para a TGF é:
7Processos envolvidos na função renal
TGF = (porosidade capilar × área de superfície) × (PCG – PCB – πP)
onde:
PCG = pressão hidrostática no capilar glomerular;
PEB = pressão hidrostática na cápsula de Bowman;
πP = pressão osmótica plasmática no capilar glomerular.
A TGF é dependente da pressão da artéria renal e da resistência das arterío-
las aferente e eferente. Desse modo, é evidente que a formação do ultrafiltrado 
glomerular ocorre em função da permeabilidade dos capilares glomerulares e 
do equilíbrio entre os gradientes de pressão hidrostática e oncótica. O tônus 
arteriolar aferente e eferente também é um aspecto importante para o controle 
da pressão arterial. Outro processo envolvido na TGF e na regulação do fluxo 
plasmático renal é a autorregulação da circulação renal, visto que contribui 
para o controle de oscilações nas pressões. Veja a Figura 3.
Figura 3. Forças envolvidas na filtração glomerular. 
Fonte: Raff e Levitzky (2012, p. 413). 
Processos envolvidos na função renal8
De forma clínica, a TGF é avaliada considerando a massa renal funcionante, 
ou seja, representa a soma das taxas de filtração de cada um dos néfrons fun-
cionantes. Para isso, utiliza-se uma substância marcadora, a qual (1) deverá ser 
filtrada livremente pelos glomérulos, (2) não poderá ser reabsorvida, secretada 
ou metabolizada pelos rins, (3) deverá ser produzida constantemente, (4) não 
poderá estar ligada a proteínas, e (5) não interfira na função renal. Assim, a 
fórmula clínica para a TGF é:
onde:
A= substância que atende aos critérios de marcador ideal;
Volume minuto = volume de urina produzido por minuto (está na dependência 
do volume urinário produzido durante o período de tempo no qual está se 
realizando a avaliação da TGF. Exemplo: ao se utilizar urina de 24 horas, 
divide-se o volume urinário produzido nesse período de tempo por 1.440 – 
número de minutos em 24 horas).
Pode-se utilizar a normalização dos valores, comparando-se à superfície 
corporal padrão de 1,73 m2, e, para isso, são necessários os dados do peso 
e da altura do paciente (o que permitirá conhecer a sua superfície corporal 
padrão). Nesses casos, tem-se a aplicação da seguinte fórmula: 
Entre os marcadores que podem ser utilizados, a inulina é a que melhor 
atende a análise da TGF, no entanto, em razão da necessidade de infusão 
intravenosa em uma taxa que permita a manutenção constante da sua con-
centração plasmática no período de formação e coleta da urina, e também 
considerando seu custo elevado, não é empregada pelos laboratórios. Outros 
marcadores de escolha são:
9Processos envolvidos na função renal
 � Creatinina endógena: marcador mais comum; é produzida pelo me-
tabolismo da creatina pelo músculoesquelético e liberada no plasma 
continuamente, sendo livremente filtrada no glomérulo. Entretanto, 
é também adicionada à urina via secreção pelo transportador de cá-
tion orgânico no túbulo proximal. Assim, a depuração de creatinina 
é superior em 10 a 20% à TGF. Para controle, pode ser administrada 
cimetidina, a qual promove o bloqueio competitivamente da secreção 
de creatinina pela célula tubular. Apesar de útil, o método de depuração 
da creatinina é impreciso e é necessário realizar o ajuste pela superfície 
corpórea de 1,73 m2.
 � Creatinina plasmática: em razão da imprecisão da creatinina endógena, 
pode ser solicitada a creatinina plasmática pela correlação inversa entre a 
sua concentração e a TGF. Tendo em vista que a produção de creatinina 
é constante, quando TGF baixa, a concentração de creatinina plasmática 
aumenta até alcançar novamente o equilíbrio; um dos aspectos que 
influencia é a massa muscular total do paciente.
 � Iotalamato: é um radioisótopo com capacidade semelhante à da inu-
lina; fornece uma estimativa precisa da TGF e enfrenta obstáculos 
relacionados ao custo na prática clínica.
 � Ureia: é um metabólito nitrogenado derivado da degradação proteica que 
é filtrado livremente pelos glomérulos e não é reabsorvida nem secretada 
ativamente. No entanto, entre 40 a 70% retorna ao plasma por difusão 
passiva nos túbulos. Além disso, sofre com interferentes como dieta, 
desidratação, infecções e uso de diuréticos ou outros medicamentos. 
O teste é baseado no uso da enzima urease, responsável por degradar 
a ureia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA E 
MEDICINA LABORATORIAL, 2017; DUSSE et al., 2016).
Para a determinação da taxa de filtração glomerular pela creatinina, pode ser empregada 
mais de uma fórmula: a fórmula recomendada pela Chronic Kidney Disease Epidemio-
logy Collaboration é a recomendada para doenças renais crônicas pela International 
Federation of Clinical Chemistry and Laboratory Medicine, formada pela Associação 
de Química Clínica Internacional e pelas Sociedades Mundiais de Patologia/Medicina 
Laboratorial, respectivamente, em detrimento das fórmulas Modification of diet in renal 
disease (Modificação da Dieta na Doença Renal) e Cockcroft-Gault.
Processos envolvidos na função renal10
Veja a seguir o Quadro 1.
Início do procedimento: esvaziar a bexiga normalmente no vaso sanitário e 
anotar o horário de início do procedimento.
Data e horário que esvaziou a bexiga (início): / / 
às : .
Armazenar toda a urina excretada durante as 24 horas em frasco fornecido pelo 
laboratório e conservar refrigerada.
Após as 24 horas, realizar a última coleta no frasco e enviar a amostra para o 
laboratório.
Data e horário que coletou a última urina (término): / / 
às : .
Cuidados: realizar a higiene do local antes de cada coleta e coletar todo o 
volume urinário produzido no período das 24 horas no recipiente.
Quadro 1. Instruções para a coleta da amostra de urina 24 horas
A estimativa da taxa de filtração glomerular (eTGF) é decorrente da 
concentração sérica de creatinina, da idade, do sexo e da etnia do paciente e 
consiste em uma das formas de avaliação da função renal. Apresenta a mesma 
função da TGF e, desde 2014, o Ministério da Saúde do Brasil recomenda 
que todos os laboratórios clínicos reportem a eTFG em todos os resultados 
de creatinina sérica. Com essa implementação, estima-se que se tenham 
resultados mais representativos dos indivíduos, considerando as variáveis que 
estão relacionadas a esses resultados.
Como forma alternativa, a cistatina C é uma forma de avaliar a disfunção 
renal. A cistatina C é uma proteína ubíqua que é secretada pela maioria das 
células corporais. Sua análise deve ser pela concentração sérica, visto que ao 
ser filtrada no glomérulo é também reabsorvida e catabolizada pelas células 
tubulares renais, sendo excretada apenas em baixa quantidade na urina. Além de 
estimar a TGF, pode ser relacionada como um marcador de previsão relacionado 
a doenças cardiovasculares de início recente ou em deterioração (REILLY 
JR.; PERAZELLA, 2015; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA 
CLÍNICA E MEDICINA LABORATORIAL, 2017). 
11Processos envolvidos na função renal
Avaliação da função tubular renal
Assim como se avalia o processo de filtração glomerular, também se pode 
realizar a avaliação da função em nível tubular. Na porção do túbulo contorcido 
proximal ocorre, sobretudo, a reabsorção de água e solutos de modo isosmótico, 
e ao chegar o ultrafiltrado ao túbulo contorcido distal, cerca de 60% de água 
e 60% dos solutos foram reabsorvidos. 
Para que o transporte de substâncias ocorra ao longo dos túbulos, é neces-
sário o movimento do sódio, que acontece via transporte ativo. Assim, etapas 
são desenvolvidas até que o transporte ocorra: (1) o transporte ativo de sódio 
da célula epitelial em direção ao interstício pela membrana basolateral via 
bomba Na+–K+–ATPase cria condições para a manutenção de uma concentração 
baixa de sódio no interior das células, a fim de que favoreça (2) o transporte 
passivo de sódio do lúmen tubular para o interior da célula, repondo, assim, 
o sódio removido anteriormente pela bomba, (3) o movimento paralelo de 
ânions que devem acompanhar o sódio para preservar a neutralidade elétrica, 
(4) o fluxo osmótico de água do lúmen tubular para o interstício e (5) o fluxo 
em massa de água e solutos do interstício para o interior dos capilares tubulares.
Todas essas etapas sofrem interferências, como a quantidade de água 
presente e a permeabilidade dos capilares, de modo que qualquer alteração no 
funcionamento descrito da bomba Na+–K+–ATPase e nas condições tubulares 
terá reflexos diretos na reabsorção de água e dos solutos, prejudicando a função 
tubular (RAFF; LEVITZKY, 2012). 
Pode-se avaliar a função tubular por meio da análise na urina em relação 
(1) à glicose, (2) ao pH e (3) à presença de proteínas de baixo peso molecular. 
A reabsorção de glicose é completa e realizada no túbulo contorcido proximal. 
Logo, considerando um indivíduo que não apresenta um quadro de hipergli-
cemia, a ocorrência de glicosúria pode ser um indício da existência de um 
dano no túbulo proximal. 
O pH da urina normalmente é ácido. Caso se observe a permanência de 
pH neutro ou alcalino por tempo prolongado, isso pode representar uma perda 
da capacidade de acidificação da urina, consistindo em um defeito tubular. 
O teste para avaliar a capacidade dos rins de acidificar a urina envolve a avalia-
ção do pH urinário após jejum de 12 horas, visto que a primeira urina da manhã 
apresenta pH entre 5,0 e 6,0, e após o jejum o pH deverá ser < 5,5. Com esse 
resultado, pode-se descartar a ocorrência de acidose tubular renal do tipo distal. 
Outra forma de avaliação é pela análise da reabsorção de bicarbonato, corrigida 
pela filtração glomerular, que avalia a acidificação pelo túbulo proximal. 
A avaliação se dá em função de que o bicarbonato não está presente normal-
Processos envolvidos na função renal12
mente na urina, sendo a maior parte reabsorvida no túbulo proximal. Realiza-se 
a infusão de bicarbonato de sódio para elevar a concentração plasmática e, 
então, é dosada a concentração urinária, cuja detecção ocorre em valores acima 
de 26 mmol/L. Quando a fração de bicarbonato estiver acima de 15%, é sinal 
de defeito tubular. Ainda, em relação à avaliação da acidificação urinária em 
túbulo distal, pode ser testada com a infusão de solução de sulfato de sódio 
ou com administração oral de furosemida e coleta de amostra de urina após 
2 a 3 horas. O resultado esperado é a acidificação urinária (pH < 5,5).
A presença de proteínas de baixo peso molecular pode ser um indicativo 
de dano no túbulo proximal. Essas proteínas conseguem ultrapassar a barreira 
glomerular e são reabsorvidas, sendo uma pequena quantidade excretada na 
urina. Dentre elas, pode-se elencar como marcador:
 � Beta-2-microglobulina: é uma proteína importante, pois está presente 
no complexo maior de histocompatibilidadeclasse I nas membranas 
de todas as células. Em condições normais, observa-se uma baixa 
quantidade na urina, de modo que sua concentração é proporcional à 
função glomerular e dos túbulos proximais. Apesar de utilizada para a 
avaliação de lesão tubular, apresenta instabilidade em urina ácida, de 
modo que não é considerada ideal para testes de triagem populacional.
 � Proteína transportadora de retinol (RBP): transporta a vitamina A 
no plasma humano, sendo sintetizada nos hepatócitos nos quais recebe 
o retinol e, assim, é transportada do fígado para os tecidos epiteliais. 
No plasma, aproximadamente 90% das proteínas RBP se ligam com 
a pré-albumina, a qual forma um complexo que não é excretado via 
renal. O conjunto é reconhecido pelos receptores de retinol nas mem-
branas celulares e, ao se ligar a eles, sofre uma modificação na sua 
conformação, reduzindo a afinidade com a pré-albumina. Assim, é 
eliminada do plasma por filtração glomerular e nas células do túbulo 
renal proximal sofre endocitose e é degradada. Em condições normais, 
a RBP filtrada é reabsorvida no túbulo proximal. O valor da capacidade 
máxima de reabsorção é desconhecido, mesmo assim ainda se trata de 
uma avaliação melhor que a beta-2-microglobulina, visto que se man-
tém estável em urinas ácidas. Além disso, sua elevação está associada 
a casos de insuficiência renal crônica ou aguda e ao uso de fármacos 
anticonvulsivantes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA 
CLÍNICA E MEDICINA LABORATORIAL, 2017).
13Processos envolvidos na função renal
EATON, D. C.; POOLER, J. P. Fisiologia renal de Vander. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. 
(Série Lange).
DUSSE, L. M. S. et al. Biomarcadores da função renal: do que dispomos atualmente?. 
Revista Brasileira de Análises Clínicas, 2016. Disponível em: http://www.rbac.org.br/
artigos/biomarcadores-da-funcao-renal-do-que-dispomos-atualmente/. Acesso em: 
28 set. 2019.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
MUNDT, L. A.; SHANAHAN, K. Exame de urina e de fluidos corporais de Graff. 2. ed. Porto 
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Processos envolvidos na função renal14

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