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REUMATOLOGIA | Victória Ribeiro de Medeiros Lombalgia – Ana Paula EPIDEMIOLOGIA • 80% das pessoas apresentam ao longo da vida • Uma das principais causas de afastamento do trabalho ETIOLOGIA LOMBALGIA MECÂNICA COMUM: artrose, dor miofascial, contraturas musculares • Mais frequente • Episódio autolimitado, podendo ser muito doloroso → O episódio doloroso tem duração média de 3 a 4 dias • Alterações estruturais e biomecânicas → pode ser bastante difícil esclarecer o progresso etiológico subjacente (muscular, articular, ligamentar) • Não é recomendável buscas exaustivas dos elementos etiológicos • Forma mais leve • Dor se limita à região lombar e nádegas (raramente irradia; se irradia, geralmente é bilateral e mal caracterizada) • Pode aparecer subitamente pela manhã e apresentar-se acompanhada de escoliose antálgica • Podem causar lombociatalgias: o Hérnia de disco → bem mais frequente (“dor no ciático”) o Estenose de canal espondiloartropatias soronegativas espondilodiscites → atenção para sinais de alerta presentes! fraturas por osteoporose • Aneurismas Ao • Metástase (mama, tireoide) • Psicossomáticas (fibromialgia, miofascial, litígio trabalhista) O que é a ciática (ciatalgia)? • Lombalgia que irradia para o MI, abaixo do joelho e bilateral • Geralmente aguda e em queimação; paciente também pode relatar parestesia e perda de sensibilidade • Mais comum: L5 e S1 • Maioria com resolução dos sintomas entre 6 e 8 semanas (é autolimitada) • Compressão: o Central: protusão discal, estenose de canal o No forame neural: protusão discal, congênito ou espondilolistese (quando uma vértebra desliza sobre a outra) Principais causas HÉRNIA DE DISCO: deslocamento do conteúdo do disco intervertebral (núcleo puposo) através de sua membrana externa (ânulo fibroso), geralmente em sua região posterolateral, comprimindo a raiz nervosa e originando os sintomas neuropáticos. A prevalência é entre 40 e 50 anos de vida (idade mínima: 27 anos), atingindo 3% da população com maior incidência em homens. Piora ao fletir a coluna (dor quando sentado; esse fator diferencia de estenose de canal) e melhora com a extensão. Dependendo do volume de material herniado, poderá haver compressão e irritação das raízes lombares. A maioria dos casos é autolimitada e som complicações, não sendo preciso exame de imagem, basta a avaliação clínica e exame neurológico bem feitos. Pode complicar com a síndrome da causa equina: REUMATOLOGIA | Victória Ribeiro de Medeiros • Anestesia em sela e incontinências fecal e urinária • Trata-se de uma emergência médica • Bom prognóstico, se houver abordagem adequada em menos de 48h, com resolução completa dos sintomas • Se a abordagem não for feita a tempo, pode haver sequelas neurológicas ESTENOSE DE CANAL: estreitamento do formato oval normal do canal vertebral, que assume uma forma triangular. Geralmente ocorre por hiperostose facetaria (artrose das articulações interpofisárias) ou hipertrofia do ligamento amarelo. Acomete principalmente idosos, com prevalência igual entre homens e mulheres. Piora com extensão da coluna (subri ladeiras), e melhora com flexão. Paciente refere irradiação para nádegas e coxas bilateralmente. As possíveis apresentações clínicas são: • Claudicação neurogênica → a mais frequente; paciente caminha curtas distâncias e sente dor nos MMII e reflete a coluna para alívio da dor, que piora com a retomada do movimento. O paciente pode referir melhora da dor ao “empurrar o carrinho no supermercado” → leve flexão; importante diferenciar da claudicação vascular: aumento da temperatura local, alterações de pulso periférico... • Radiculopatia = lombocitalgia • Síndrome da cauda equina INVESTIGAÇÃO DA LOMBALGIA Provocative and Paliative Factors (fatores de melhora e piora) MELHORA PIORA Sentar-se Estenose de canal Hérnia de disco Caminhar Estenose de canal Manobra de Valsava Radiculopatias e processos intratecais Extensão Estenose de canal e artrose facetária Flexão Hérnia ou distensão muscular OBS: deitar-se não melhora em casos de tumor, infecção e espondiloartrites REUMATOLOGIA | Victória Ribeiro de Medeiros Quality of pain (tipo de dor) • Queimação + parestesias e formigamentos → radiculopatias • Aguda e profunda → mecânicas (principalmente muscular e articular), estenose de canal Radiation (irradiação) • Irradiação abaixo dos joelhos: lombocitalgia • Parestesia em sela com disfunção urinária e intestinal → síndrome da cauda equina • Irradiação para nádegas ou coxa bilateral → estenose de canal Em todos os pacientes: inspeção + palpação +mobilidade Guiado pelas queixas: Valsava, Lasegue, Lombocitalgia → SEMPRE FAZER EXAME NEUROLÓGICO! Devemos solicitar exames de imagem para todos? NÃO! Pois, a maioria dos raios X após os 20 anos de idade apresentam alteração radiológica assintomática, a qual não possui relação causal com a lombalgia, e pode causar ansiedade no paciente. Além disso, o exame de imagem não altera a conduta Quando solicitar: RED FLAGS/SINAIS DE ALERTA! • Espondiloartrites: paciente jovem (idade < 45 anos) o Rigidez matinal expressiva o Dor noturna na segunda metade da noite (o paciente desperta de madrugada por causa da dor) • Infecção: o Febre o Perda de peso o Dor noturna • Neoplasias: o História de câncer o Febre o Perda de peso o Idoso o Dor noturna • Trauma de alto ou baixo impacto (principalmente em idosos com queda da própria altura) • Síndrome da causa equina o Perda de força progressiva o Parestesia em sela o Disfunção vesical TRATAMENTO: É importante explicar ao paciente e argumentar com segurança que não há necessidade de exames de imagem, considerando-se a clínica e os exames físicos. • Repouso relativo: decúbito dorsal, flexão em 90° dos joelhos e coxofemoral (não mais 3 a 4 dias) • Fisioterapia • Orientação postural: posição correta para sentar-se • Analgésicos comuns, AINEs, Opioides • Corticoides → principalmente para lombocitalgias, é possível adm intramuscular para diminuição do inchaço • Relaxantes musculares: carisoprodol, ciclobenzaprona, tizanidina → principalmente nas lombalgias mecânicas comuns • Infiltração local: peridural, pontos gatilhos (triger points) → apenas se houver causas estruturais! • Hérnias discais o Causa equina o Déficit neurológico grave agudo → perda significativa de reflexo, força e sensibilidade o Lombocitalgia hiperálgica quando não melhora em três semanas ou em 90 dias, se menor intensidade o Recidivas > 3x/ano
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