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Universidade Federal do Maranhão – UFMA Centro de Ciências Sociais, Saúde e Tecnologia – CCSST Curso: Engenharia de Alimentos Disciplina: Microbiologia de Alimentos Professora: Tatiana de Oliveira Lemos Estudante: Willias Fabio Silva Pereira RESENHA CRÍTICA DA SÉRIE-DOCUMENTÁRIO: COOKED - episódio 4: TERRA IMPERATRIZ-MA 2018 RESENHA CRÍTICA Série-documentário COOKED exibida na Netflix (2016) é baseada no livro: Cozinhar: uma história natural da transformação. Editora Intrinseca, 2014, do escritor norte-americano e ativista da comida, MICHAEL POLLAN. A série-documentário COOKED possui 4 (quatro) episódios e trata de temas acerca do ato de cozinhar alimentos, como por exemplo: como preparar a própria comida usando o fogo, o impacto da industrialização dos alimentos na culinária, as descobertas científicas fascinantes por trás do pão marroquino e os mistérios da FERMENTAÇÃO realizada pelos microrganismos. De modo geral a série mostra a relação do ser humano com os alimentos (comida) e faz uma reflexão profunda sobre: “A ausência ou redução de contato com a natureza pode nos torna menos humano”. No quarto episódio (“TERRA”) Michael Pollan inicia dizendo que de todos os atos existente para realizar o preparo dos alimentos, o mais encantador e misterioso é a fermentação desenvolvida pelos micróbios que são provenientes da terra. Pollan exibe os diversos meios de fermentações, inserindo contextos científicos, históricos e sociológicos para embasar suas teorias e afirmações. Ele relata que a fermentação é utilizada há muito tempo e obviamente que as primeiras as fermentações foram obtidas por tentativa e erro e/ou de ações inesperadas como mágica. Esse episódio é totalmente dedicado à fermentação para a aquisição de produtos como chocolate, salame, chicha peruana, vinho, cerveja, ketchup, etc. De acordo com Pollan muitos dos alimentos que fazem parte da nossa dieta, são produzidos pela fermentação com a ajuda indispensável de bactérias e fungos. Pollan afirma que o tipo de alimento constrói a identidade cultural. Ele conta que a origem do delicioso chocolate é desconhecida pela maioria dos seus consumidores e mostra que esse produto é proveniente de uma fruta podre da Amazônia (o cacau). A princípio parece “nojento”, pois a forma como Pollan fala da origem e mostra os métodos iniciais de preparação das sementes de cacau completamente manuais e sem qualquer tipo de cuidado ou higiene por parte dos manipuladores remete à essa ideia. Acredito que a sanidade do produto não foi enfatizada porque certamente o foco do 4º episódio foi mostrar como ocorre a fermentação até a obtenção do produto “final”. No entanto, gera dúvidas sobre o contato direto do manipulador com as sementes. Será que esse contato não poderá causar possíveis contaminações indesejadas que possam ser detectadas posteriormente? Ou elas são eliminadas durante o processo de fermentação e não terá problema algum? A parte mais admirável do quarto episódio é a experiência vivenciada por Pollan com Noella, freira e microbiologista (conhecida também como a freira do queijo) que faz queijos de forma artesanal. A forma de produção de queijos apesar de ser tão rústica, porém cuidadosa parece resultar na obtenção de um produto muito delicioso. A metodologia utilizada pela freira para produzir queijo é muito simples, antiga e usa basicamente produtos naturais. A princípio surge a dúvida, será que tal técnica não pode provocar riscos à saúde dos consumidores? Isto é muito duvidoso! Tanto que a primeira reação do departamento de saúde, logo após, verificarem os barris incrustados com biofilmes e sua colher de pau envelhecida, ordenaram imediata a proibição da produção e solicitou a troca dos barris de madeira por aço inoxidável. Acredito que essa medida foi em função do local ser propício (rico em açúcar e proteína) para a multiplicação de bactérias e fungos, bem como visando na qualidade e segurança para produção de queijo. No entanto, a produção do queijo a partir do leito cru pelo método aplicado pela freira não mostrou alta contaminação de E. Colli, enquanto que com a utilização dos barris de aço inoxidável foi detectado quantidade constantes dessa bactéria. Isso mostra que somente a substituição dos barris de madeiras ou a produção de queijo com leite pasteurizado não é garantia de produto final sem contaminação. A verdade é que para se obter um produto final de alta qualidade deve-se antes adquirir uma matéria prima de boa qualidade. Pois a qualidade dos processos de produção deve atender as exigências dos serviços de inspeção e vigilância sanitária, com ênfase nos aspectos de sanidade dos produtos. A produção de alimentos por meio das fermentações é um processo complexo e fascinante. Os avanços da microbiologia destacado por Pollan nos leva a uma reflexão muito importante sobre os microrganismos, será que esses seres são globalmente nossos inimigos ou apenas temos medo deles porque não o conhecemos integralmente e criamos “armas” e “escudos” para nos proteger? Por fim, o quarto episódio da série COOKED conclui com o Pollan fazendo um “apelo” para repensar sobre nossos hábitos de alimentação, consumo e quem sabe começar a COZINHAR. Quanto a esse último não tenho muita habilidade, mas confesso que depois de ver esse episódio “fiquei curioso para fazer alguns testes”. Pollan finaliza de vez com seguinte reflexão: Pois existe hábito menos egoísta, trabalho menos alienado, tempo menos desperdiçado que preparar algo delicioso e nutrir as pessoas que você ama? REFEÊNCIAS POLLAN, MICHAEL. Cozinhar: uma história natural da transformação. Editora Intrinseca, 2014. POLLAN, MICHAEL; GIBNEY, ALEX. (Produtores). Cooked. série-documentário. Netflix, EUA. 2016.