Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ROTINAS ROTINAS DE PESSOALDE PESSOAL Esp. Gladys Garc ia I N I C I A R introdução Introdução Olá, caro(a) estudante! A Reforma Trabalhista de 2017 trouxe novas formas de trabalho que ainda geram polêmica e discussões. Vamos estudar a terceirização e a pejotização nesta unidade. Além disso, vamos conhecer os diferentes contratos de trabalho que podem ser estabelecidos entre a empresa e o funcionário. Quanto às rotinas trabalhistas, vamos detalhar os processos de admissão e demissão, conhecendo suas etapas e os direitos que os trabalhadores possuem em cada tipo de desligamento. Por �m, vamos compreender melhor a jornada de trabalho e os direitos trabalhistas instituídos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT ligados a ela, como o descanso semanal remunerado (DSR), as horas extras e os intervalos. Bons estudos! Para contratar colaboradores, é preciso empreender um esforço, considerando o per�l do pro�ssional, as atividades da função a ser preenchida e o tipo de contratação. O contrato de trabalho a ser �rmado entre a empresa e o pro�ssional depende da necessidade da instituição. Antes de assinar qualquer tipo de contrato, é preciso entender como o contrato oferecido funciona. Assim, as responsabilidades de cada parte �cam claras e de acordo com o que é estabelecido na lei. Contrato de TrabalhoContrato de Trabalho Figura 2.1 - Há diversos contratos de trabalho, mas o importante é que eles devem proteger o trabalhador Fonte: Antonio Guillem / 123RF. Espécies de Contratos Após a Reforma Trabalhista, alguns tipos de contratos surgiram: contrato de trabalho por tempo determinado, indeterminado, temporário, eventual, home o�ce, intermitente, parcial, autônomo, terceirizado, trainee e estagiário. Vamos detalhar cada um deles. Contrato por Tempo Determinado O contrato por tempo determinado foi estabelecido pela Lei n. 9.601/1998 e contém a data de início e de término da relação de trabalho, não sendo recomendado que ultrapasse dois anos. Caso seja prorrogado mais de uma vez, é necessário alterá-lo para “contrato por tempo indeterminado”. Se o contrato por tempo determinado acabou e não é possível renová-lo, a empresa precisa aguardar seis meses para recontratar o pro�ssional, caso seja na mesma modalidade. Esse tipo de contrato só é válido quando o serviço tem uma natureza que justi�ca o prazo de trabalho determinado, ou quando o colaborador está em período de experiência. Essa modalidade de contrato não garante ao trabalhador os direitos previstos na CLT, como seguro-desemprego, aviso prévio e multa de 40% do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Contrato por Tempo Indeterminado O contrato mais adotado pelas empresas é o contrato de trabalho por tempo indeterminado. Ele não estabelece uma data de �m do contrato, mas apenas de início. Quando o período de experiência termina, o contrato de trabalho por tempo indeterminado começa (se a empresa e o funcionário estiverem de acordo). A rescisão pode acontecer a qualquer momento, desde que uma das partes sinalize um aviso prévio. Os benefícios assegurados por esse contrato de trabalho são: Salário-mínimo vigente ou piso salarial da categoria, conforme a função exercida e observando o acordo ou convenção coletiva de trabalho. Jornada máxima de trabalho de 8 horas diárias, com pagamento de horas extras com acréscimo mínimo de 50%. As horas extras não podem exceder a 2 horas diárias. Recebimento de 13º salário proporcional, conforme assegurado pelo inciso VIII do art. 7º da Constituição Federal. Recebimento de férias proporcionais, de acordo com o inciso VIII do art. 7º da Constituição Federal. Descanso Semanal Remunerado (inciso VIII do art. 7º da Constituição Federal). Contrato de Trabalho Temporário Este contrato, como o próprio nome diz, é temporário: o prazo para cumprir o trabalho é determinado. O contrato vigora por três meses, podendo ser renovado por mais 6 meses. Esse tipo de contrato é comum para substituir funcionários de licença, especialmente em licença-maternidade. Nessa modalidade permite-se que o trabalhador receba descanso semanal remunerado, horas extras, 13º salário e férias proporcionais ao período trabalhado. Ao �m do contrato, o pro�ssional terá direito ao seguro-desemprego e à multa de 40% do FGTS. Contrato de Trabalho Eventual Este contrato não gera vínculo empregatício e é oferecido aos trabalhadores que prestam serviços esporádicos à empresa, por um curto período. O funcionário não tem direito a nenhum benefício, já que o trabalho é eventual e não há vínculo trabalhista, recebendo apenas pelo serviço que presta. Contrato de Trabalho Home Of�ice Este tipo de contrato foi regulamentado pela Reforma Trabalhista. Nesta modalidade, o colaborador desempenha suas tarefas por meio das tecnologias da informação e comunicação fora da empresa. No entanto, o funcionário ainda precisa ir à empresa com a frequência estabelecida por ambas as partes (que pode ser de uma ou duas vezes por semana). Este contrato prevê um acordo entre a instituição e o funcionário sobre os custos de energia, equipamentos e outros que o funcionário tem ao trabalhar em sua residência, o que deve fazer parte do contrato. Os benefícios são negociados entre as partes e o trabalhador possui todos os direitos trabalhistas. Contrato de Trabalho Intermitente O trabalho intermitente, também regulamentado pela Reforma Trabalhista, é um trabalho alternado, ou seja, não é contínuo. A prestação de serviços ocorre por um período de tempo curto (que pode ser de horas, dias ou meses), e o trabalhador alterna períodos de trabalho com períodos de inatividade. Se o trabalhador estiver no período de inatividade, pode trabalhar para outras empresas. Caso a empresa queira oferecer outro trabalho intermitente, o trabalhador só precisa ser avisado com três dias de antecedência. O pagamento do trabalhador deve constar no contrato. Esse contrato concede ao funcionário direitos como férias, FGTS, previdência e 13º salário proporcionais ao tempo de serviço prestado. Contrato de Trabalho Parcial (Part-Time) O contrato de trabalho parcial é estabelecido quando o funcionário trabalha menos de 40 horas semanais. O período de trabalho (dias e horas) deve constar no contrato. Essa modalidade permite que o trabalhador tenha direito às férias. Contrato de Trabalho Terceirizado O contrato de trabalho terceirizado é celebrado entre duas empresas, e uma delas é uma prestadora de serviço, que é responsável pelo pagamento de salários; assim, o trabalhador possui vínculo apenas com a prestadora de serviços. O trabalhador deve atuar apenas na empresa que consta no contrato. Contrato de Trabalho Autônomo Este pro�ssional é um prestador de serviços, portanto, não tem vínculo empregatício com a empresa e não possui os direitos trabalhistas de um funcionário. O trabalhador não é exclusivo da empresa, podendo, então, prestar serviços a outras. O pagamento pode ser feito via Recibo de Pagamento a Autônomo (RPA). Apesar de não ter direitos trabalhistas, o pro�ssional pode contribuir com o INSS, pois assim terá direito a benefícios como auxílio-doença, auxílio-reclusão, salário- maternidade, pensão em caso de morte e aposentadoria por idade, invalidez ou tempo de contribuição. Contrato de Trabalho Estagiário A Lei n. 11.788 (BRASIL, 2008) regulamentou o trabalho do estagiário. Não é uma relação jurídica de emprego, mas dessa forma o estagiário possui um vínculo com a empresa. O contrato determina os dias e as horas trabalhados, sem poder ultrapassar a 30 horas semanais. A instituição de ensino na qual o aluno cursa sua graduação deve ter uma cópia do contrato de trabalho. Quando o estagiário completa um ano na empresa, tem direito a férias. Contrato de Trabalho Trainee O recém-formado é chamado de “trainee”; há um contrato especí�co que rege seu vínculo empregatício e jornada de trabalho de 44 horas semanais, sendo 8 horas por semana. O trainee tem assegurados os seus direitos trabalhistas, assim como qualquer funcionário com contrato indeterminado.Vimos neste tópico os diferentes contratos de trabalho existentes; alguns foram estabelecidos pela Reforma Trabalhista de 2017 e outros permanecem inalterados. O importante é que todos os trabalhadores estejam resguardados por contratos que assegurem seus direitos, independentemente da modalidade de serviço prestada. praticar Vamos Praticar 1) Para contratar colaboradores, é preciso empreender um esforço, considerando o per�l do pro�ssional, as atividades da função a ser preenchida e o tipo de contratação. Portanto, o contrato de trabalho a ser �rmado entre a empresa e o pro�ssional depende da necessidade da instituição. Há vários tipos de contratos que podem ser estabelecidos com os funcionários. Assinale a alternativa correta. a) No contrato de trabalho intermitente não há prazo de início nem de término. b) No trabalho terceirizado, o trabalhador não possui nenhum vínculo empregatício. c) O contrato de trabalho autônomo estabelece exclusividade do funcionário para a empresa. d) O contrato de trabalho do trainee assegura direitos trabalhistas como férias, 13º etc. e) Quem trabalha home office não tem benefícios nem direitos trabalhistas. A Reforma Trabalhista também foi responsável por regulamentar outras formas de trabalho, como a terceirização e a pejotização, bastante comuns no mercado atualmente. Vejamos cada uma delas com mais profundidade. Terceirização O que é terceirização? É quando uma empresa contrata outra para prestar um serviço. No Brasil, aproximadamente 25% da mão de obra empregada é terceirizada, devido à intenção de diminuir custos com os trabalhadores, pois as empresas que terceirizam o serviço não são responsáveis pelos pagamentos dos direitos trabalhistas. Os serviços de limpeza e segurança são os mais comumente terceirizados no Brasil e no mundo. 1. Serviços que podem ser terceirizados: segurança, limpeza, alimentação, manutenção geral predial, engenharias, arquitetura, manutenção de máquinas e equipamentos, transporte, correspondência, assistência médica, distribuição de produtos, serviços de recepção, serviços de processamento de dados, serviços jurídicos, administração de recursos humanos. 2. Serviços que não podem ser terceirizados: atividades-�m, sendo permitidas apenas as atividades-meio (como limpeza, segurança etc.), ou seja, serviços que estão conectados à atividade-�m, mas não a atividade-�m em si (a atividade ou produto principal que a empresa desenvolve). Formas de TrabalhoFormas de Trabalho De acordo com estudos realizados em 2010 pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), os empregados terceirizados recebem 27% a menos em média e trabalham 7% a mais; assim, pode-se inferir que os trabalhadores terceirizados estão sujeitos a menores salários, maiores jornadas de trabalho e maior risco de demissão. Um ponto que traz muita discussão é a transferência de responsabilidade sobre os direitos trabalhistas dos funcionários para a empresa terceirizada. Há quem defenda que isso facilita o processo de contratação, pois diminui a burocracia e os encargos. No entanto, quem critica essa medida a�rma que há um risco maior de as empresas terceirizadas não pagarem os trabalhadores. Pena (2019) pontua que um benefício da terceirização é a diminuição da informalidade, considerada um dos maiores problemas no mercado de trabalho no Brasil. Há muitos trabalhadores na ilegalidade e na informalidade, sem registro formal nem recebendo seus direitos garantidos em lei. A terceirização ainda é um tema que gera bastante polêmica: tem seus defensores e seus críticos. O argumento mais forte é de que ela pode ser uma alternativa à crise. Figura 2.2 – A terceirização (outsourcing) tem se tornado cada vez mais comum Fonte: tumsasedgars / 123RF. Pejotização Alguns serviços prestados às empresas são executados com maior �exibilidade e autonomia mediante a adoção de diferentes relações de trabalho. É o caso da pejotização. A pejotização é chamada assim pois o funcionário é contratado como pessoa jurídica (PJ), precisando possuir uma empresa com Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e emitir nota �scal de serviços. A pejotização se consolidou como uma prática comum no mercado de trabalho, pois torna os custos com funcionários mais baixos para a empresa. Alguns trabalhadores preferem trabalhar dessa forma, pois, além da �exibilidade que essa relação de trabalho proporciona, normalmente os vencimentos são maiores. A Reforma Trabalhista regularizou o trabalho do “autônomo exclusivo” de�nido no art. 442-B da CLT. Essa �gura causa certa polêmica, já que divide opiniões: enquanto alguns acreditam ser vantajoso, pois traz certa segurança à contratação de autônomos, outros defendem que é uma fraude em relação ao vínculo empregatício. O artigo 422-B inserido na CLT pela Reforma Trabalhista diz que: “A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação” (BRASIL, 2017). Vale lembrar que o art. 3º da CLT aborda os requisitos necessários para o reconhecimento do trabalhador como empregado efetivo. Entre esses requisitos estão o pagamento recorrente (salário), a habitualidade (prestar serviços com regularidade) e a subordinação (obedecer a ordens). Dessa maneira, a diferença entre um trabalhador autônomo exclusivo e um empregado efetivo é a subordinação, já que os dois tipos de contratação possuem o pagamento recorrente e a habitualidade. Em alguns casos, que podem ser chamados de “pejotização” fraudulenta, o funcionário PJ tem a mesma rotina de um empregado efetivo, ocorrendo inclusive a subordinação. Portanto, se um trabalhador autônomo conseguir provar sua subordinação, pode ir à justiça do trabalho e ter seu vínculo empregatício reconhecido, o que obriga a empresa a pagar tudo o que for devido referente a direitos trabalhistas, como férias, 13º salário, FGTS etc. Mesmo assim, existem empresas que preferem correr o risco e contratar trabalhadores autônomos, uma vez que arcar com os custos de um funcionário efetivo pode ser mais oneroso. A pejotização deve ser adotada com cuidado para que não seja utilizada de maneira indiscriminada na tentativa de evitar custos à empresa. As empresas decidem as formas de contratação que forem mais vantajosas, mas alguns trabalhadores preferem trabalhar como PJ, pois, além da �exibilidade, os vencimentos podem ser maiores. Contudo, é sempre bom avaliar o contrato e analisar se vale a pena se privar dos benefícios a que teria direito se pudesse ser efetivado na empresa. Se um trabalhador PJ se acidentar ou �car doente, por exemplo, não terá seu afastamento coberto pelos benefícios concedidos pela CLT e, portanto, deve levar isso em consideração. Assim, é recomendado que tenha um planejamento �nanceiro adequado, com reservas para situações emergenciais. É possível que esse trabalhador se vincule como contribuinte individual na Previdência Social para garantir alguns benefícios, assim como planejar uma previdência privada ou ter investimentos que assegurem uma aposentadoria mais tranquila. praticar Vamos Praticar 2) A Reforma Trabalhista também foi responsável por regulamentar outras formas de trabalho, como a terceirização e a pejotização, bastante comuns no mercado atualmente. Há quem defenda que essas novas formas permitem mais �exibilidade, diminuem a burocracia e são uma alternativa para a crise econômica. Outros criticam, dizendo que os trabalhadores perdem seus direitos trabalhistas. O que podemos a�rmar sobre a terceirização e pejotização? a) Um benefício da terceirização é a diminuição de empregos formais. b) A pejotização e a terceirização são formas de trabalho onerosas para as empresas. c) Os trabalhadores preferem contratos como a pejotização, pois são mais vantajosos. d) Tanto a terceirização, como a pejotização são alternativas para diminuição de custos. e) A terceirização e a pejotização trazem menos flexibilidade às empresase aos trabalhadores. saiba mais Saiba mais É importante entender que a terceirização e a pejotização são formas de trabalho diferentes. Weitzel (2018, on-line) a�rma que “entender a diferença entre terceirização e “pejotização” é fundamental para a compreensão das alterações legais e para garantir uma segurança jurídica”. Saiba mais sobre a diferença entre terceirização e pejotização. ACESSAR https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI289995,91041-Terceirizacao+x+pejotizacao Toda empresa possui várias rotinas trabalhistas. Vamos estudar agora os processos de admissão e demissão. Processo de Admissão e Demissão Os processos de admissão e demissão são regulados pela CLT, que é a lei que descreve as obrigações e benefícios de contratante (empresa) e do contratado (funcionário). Admissão No atual mercado de trabalho, é um desa�o encontrar um per�l adequado à vaga anunciada; contudo, um grande desa�o na gestão de pessoas, além de encontrar a pessoa ideal, é motivar e engajar o funcionário. Segundo Fernandes (2016), a admissão acaba assumindo um caráter de suma importância para a gestão de pessoas; realizar um bom processo de seleção é uma tarefa primordial. O processo de seleção para contratação é diferente em cada empresa, pois pode haver variação no número de etapas e nas próprias etapas. Contudo, o �uxo costuma ser: identi�cação da necessidade da empresa; formulação dos requisitos da vaga; Rotinas TrabalhistasRotinas Trabalhistas divulgação da vaga; recebimento e análise de currículos; entrevistas, dinâmicas de grupo, testes. Depois de �nalizado o processo seletivo e escolhido o candidato, ocorre a formalização da admissão. O candidato precisa realizar um exame médico admissional (para saber se está apto a exercer a função) e entregar seus documentos. Quais são os documentos necessários? Para que a contratação aconteça, os seguintes documentos são necessários: Carteira de identidade. Cadastro de Pessoa Física (CPF). Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). Número (ou carteira) de inscrição no PIS/Pasep (se houver). Certidão de nascimento ou casamento (ou de divórcio). Título de eleitor. Certi�cado de Reservista ou dispensa do serviço militar (se for do sexo masculino e de acordo com a idade). Normalmente as empresas pedem uma cópia dos documentos; caso os documentos sejam retidos, precisam ser devolvidos em até 48 horas. Depois de o novo colaborador ser admitido, ele precisa passar por uma fase de integração. Cada empresa realiza essa integração de uma forma, mas é imprescindível apresentar os colegas, os departamentos e, principalmente, as normas e a cultura organizacional. Demissão O processo de demissão deve ser feito de forma adequada, pois é um momento difícil para o colaborador, no qual aborrecimentos devem ser evitados. O processo varia de acordo com o tipo de desligamento: se foi pedido pelo colaborador ou se solicitado pela empresa, com ou sem justa causa. Vamos analisar cada tipo de demissão: 1 – Solicitada pelo colaborador Quando o funcionário solicita o pedido de demissão, os seguintes direitos são assegurados: Salário: o funcionário receberá o valor proporcional aos dias trabalhados em seu último mês na empresa. 13º salário: o colaborador tem direito ao valor proporcional aos meses trabalhados naquele ano. Férias: o funcionário tem direito a receber o valor proporcional aos dias não usufruídos de férias. Aviso prévio: o período pode ser de 30 a 90 dias, dependendo do tempo de serviço. O colaborador que pede a demissão não tem direito ao seguro-desemprego. Se ele estiver na empresa há menos de um ano e solicitar sua demissão, não tem direito ao 13º salário nem às férias proporcionais. 2 – Solicitada pelo colaborador, com justa causa É possível acontecer uma situação em que a empresa cometa uma falta grave em relação ao funcionário, e isso pode acarretar o pedido de demissão pelo empregado com justa causa. Figura 2.3 – A demissão é um momento delicado e deve ser tratado com respeito e pro�ssionalismo Fonte: Pattanaphong Khaunkaew / 123RF. O art. 483 da CLT descreve as razões que podem levar à anulação do contrato por solicitação do funcionário, com justa causa. O artigo traz a seguinte redação: Art. 483 – O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato; b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo; c) correr perigo manifesto de mal considerável; d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no �sicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários. (BRASIL, 1943) Quando uma dessas situações ocorre, o funcionário tem os mesmos direitos que uma demissão sem justa causa por parte do empregador concede. 3 – Solicitada pela empresa, sem justa causa Ocorre quando a empresa decide encerrar o contrato com o trabalhador, que tem direito ao salário dos dias trabalhados no último mês, a férias e 13º proporcionais e ao aviso prévio. Ele ainda tem direito a: indenização de 40% do valor dos depósitos de FGTS; saque do FGTS em conta vinculada; indenizações de acordo com os acordos coletivos dos sindicatos da categoria. 4 – Solicitada pela empresa, com justa causa De acordo com o art. 482 da CLT, se o colaborador cometer uma falta grave, o desligamento pode ser pedido com justa causa. O art. 482 traz a seguinte redação: Art. 482 – Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: a) ato de improbidade; b) incontinência de conduta ou mau procedimento; c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; e) desídia no desempenho das respectivas funções; f) embriaguez habitual ou em serviço; g) violação de segredo da empresa; h) ato de indisciplina ou de insubordinação; i) abandono de emprego; j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; l) prática constante de jogos de azar. m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da pro�ssão, em decorrência de conduta dolosa do empregado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (BRASIL, 1943). Esse tipo de desligamento precisa ser comprovado com documentos que revelem as faltas cometidas pelo colaborador. 5 – Demissão consensual A Reforma Trabalhista trouxe a possibilidade da demissão consensual, que ocorre quando tanto a empresa quanto o funcionário decidem romper o contrato. Na demissão consensual, a empresa paga o valor de 20% sobre a multa do FGTS (metade do valor normal), metade do valor do aviso prévio, e o trabalhador pode sacar até 80% do FGTS. Para qualquer tipo de desligamento, o colaborador precisa realizar o exame médico demissional; o Departamento de Recursos Humanos deve dar baixa na carteira de trabalho, registrando as informações relacionadas à demissão. É possível evitar muitos problemas com a Justiça do Trabalho quando há um plano previamente de�nido para as rotinas de admissão e demissão de funcionários e quando o processo demissional é conduzido com respeito e pro�ssionalismo. praticar Vamos Praticar 3) Os processos de admissão e demissãosão regulados pela CLT, que é a lei que descreve as obrigações e benefícios do contratante (empresa) e do contratado (funcionário). É possível evitar muitos problemas com a Justiça do Trabalho quando há um plano previamente de�nido para as rotinas de admissão e demissão de funcionários. O que podemos a�rmar sobre os processos de admissão e demissão? a) O trabalhador não pode solicitar seu desligamento da empresa antes de completar 1 ano. b) Caso o trabalhador cometa uma falta grave, ele pode ser demitido sem justa causa. c) O processo de seleção e contratação de um funcionário é feito em apenas uma etapa. d) Há um tipo de desligamento no qual tanto a empresa quanto o funcionário decidem romper o contrato. e) Na demissão consensual, a empresa paga o valor de 40% sobre a multa do Fundo de Garantia. Lenzi (2017, on-line) a�rma que “os direitos trabalhistas são garantias e proteções dadas ao trabalhador que está em uma relação de emprego”. Os direitos trabalhistas regem as relações entre empregadores e funcionários. A Reforma Trabalhista alterou alguns pontos, mas as regras valem tanto para contratos novos quanto para os já em vigência. É fundamental que os pro�ssionais que trabalham na área de Recursos Humanos/Departamento Pessoal conheçam os direitos trabalhistas com profundidade, pois assim as relações empregador/empregados podem ser ainda melhores. Jornada de Trabalho, Intervalos, Hora Extra, DSR O período de trabalho que o trabalhador cumpre e que é �rmado no contrato de trabalho é denominado “jornada de trabalho”. Cassar (2017) pontua que o horário de entrada e de saída do trabalhador determinam sua jornada de trabalho. Sussekind (1999, p. 808) diz que horário de trabalho é “a �xação dos momentos em que deve ter início e �m a jornada normal de trabalho [...]”. Cassar (2017) pontua que o horário de trabalho pode ser diurno, noturno ou até mesmo misto, dependendo dos horários que forem ajustados entre o empregador e o empregado. Direitos TrabalhistasDireitos Trabalhistas De acordo com a CLT, o máximo de horas diárias dedicadas por um trabalhador deve corresponder a 8 horas, totalizando o máximo de 44 horas semanais. Existe um documento chamado “Folha de Ponto” no qual se registram essas horas (horário de entrada, saída e intervalos). Os períodos de trabalho podem ser classi�cados como: a) presencial (quando há horário, local e forma de trabalho especí�cos); b) não presencial (quando horários e locais não são bem de�nidos – por exemplo, trabalhos com horários e locais mais �exíveis, como no caso de um motorista). Jornada de trabalho 12×36 Antes de ser aprovada pela Reforma Trabalhista, a jornada 12x36 (12 horas de trabalho com 36 horas de descanso) só era possível em casos especí�cos, de acordo com a lei ou acordos de convenção coletiva. Agora, é possível que seja �rmado um acordo entre a empresa e o funcionário. saiba mais Saiba mais Anotação Britânica Empregadores devem prestar atenção ao registro da jornada de trabalho dos funcionários. A anotação britânica, isto é, anotações idênticas de entrada e saída no cartão de ponto, não é considerada válida numa ação trabalhista. Se isso ocorrer, a Justiça do Trabalho considera a jornada declarada pelo trabalhador, se o empregador não conseguir provar o contrário. Segundo a Súmula 338, III do TST: JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA III – Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. Portanto, o cartão de ponto com anotações britânicas não é válido como prova para defender a empresa em uma ação trabalhista que reclame horas extras. Leia mais sobre o assunto acessando a matéria O que signi�ca “Registro Britânico”?. ACESSAR https://www.trabalhismoemdebate.com.br/2014/01/o-que-significa-registro-britanico/ Jornada de Trabalho Parcial A jornada de trabalho parcial ocorre quando o tempo de contrato do trabalhador é menor do que o estabelecido pela atual legislação: antes da Reforma, esse tempo era limitado a até 25 horas; com a Reforma, o trabalhador pode ser contratado por até 30 horas semanais (sem horas extras) ou até 26 horas semanais (com possibilidade de até 6 horas extras). Os funcionários que trabalham com contrato parcial podem vender um terço do seu período de férias, se desejarem. Intervalo Intrajornada O intervalo intrajornada diz respeito ao descanso que o trabalhador pode ter no meio da jornada de trabalho: de pelo menos uma hora para as jornadas superiores a 6 horas diárias e de no mínimo 15 minutos se a jornada é inferior a 6 horas. Antes da Reforma, o intervalo poderia ser pago ao trabalhador, caso fosse suprimido (como se fosse uma hora extra, com pagamento de 50% de acréscimo ao valor da hora normal de trabalho), e entraria no cálculo das verbas trabalhistas. Com a Reforma, esse intervalo pode ser reduzido para 30 minutos, desde que esteja previsto em convenção coletiva; se for suprimido, será pago apenas o tempo restante, e não será mais considerado no cálculo das outras verbas trabalhistas. Cassar (2017, p. 621) menciona a mudança trazida pela lei: “Após a Lei n. 13.467/2017, o art. 611-A, III da CLT autorizou a norma coletiva a reduzir o intervalo intrajornada, respeitado o período de 30 minutos”. Cassar (2017, p. 621) menciona que “a concessão do intervalo para repouso e alimentação previsto no art. 71 da CLT é norma de medicina e segurança no trabalho”, e por isso o empregador não pode suprimir o período de descanso previsto em lei. O descanso é “indispensável para a reposição de energia, alimentação e descanso”. Horas Extras É possível, de acordo com a legislação trabalhista brasileira, que os trabalhadores trabalhem até 2 horas a mais por dia. Essas horas devem ser pagas com um valor diferenciado (acréscimo no valor da hora normal), ou também podem ser computadas em Banco de Horas para compensação posterior. Quando o empregado �car na empresa para desempenhar atividades particulares fora do seu horário de trabalho, alimentar-se, trocar de vestimenta ou proteger-se de chuva, esse período não será considerado como hora extra. Cassar (2017, p. 622) a�rma que “a hora extra com o respectivo adicional de 50% é devida quando o empregado labora além da jornada legal ou contratual. Também é devida quando não é concedido o intervalo intrajornada, ou o intervalo entre jornadas”. No entanto, no caso de a hora extra ser feita durante feriados ou no período de descanso semanal, o pagamento é de 100% a mais no valor da hora. Alguns casos em que a hora extra não é paga: 1. Cargos de con�ança ou de gestão. 2. Jornadas diferenciadas, como médicos que trabalham 4 horas diárias ou outras pro�ssões que estabeleçam uma jornada especial. 3. Horas in itinere (tempo durante o qual o empregado se desloca da sua casa até o trabalho e vice-versa). 4. Repouso Semanal Remunerado (descanso referente a 24 horas consecutivas, geralmente aos domingos). Banco de Horas O Banco de Horas só era permitido quando estivesse previsto em acordo ou convenção coletiva. No entanto, a partir da Reforma, é possível instituí-lo. O acordo deve ser individual, entre empregador e trabalhador, e a compensação �ca limitada a um prazo máximo de 6 meses. Descanso Semanal Remunerado O descanso semanal remunerado refere-se ao período de 24 horas de repouso a que o trabalhador tem direito após cumprir sua jornada semanal, que é remunerada. Costuma dar-se aos domingos, mas, no caso de empresas que trabalhem aos domingos, é preciso haver um revezamento ou a compensação dessa folga em outro dia da semana. Além disso, para receber o benefício, o trabalhador não pode ter faltas injusti�cadas. praticar Vamos Praticar 4) Os direitos trabalhistas são parte importante da relação entre funcionários e patrões. A Reforma Trabalhista alterou alguns pontos, mas as regras valem tanto para contratos novos quanto para os já em vigência.É fundamental que os direitos trabalhistas sejam bem conhecidos, pois assim as relações empregador/empregados podem ser ainda melhores. Qual é a alternativa correta sobre os direitos trabalhistas? a) A jornada de trabalho normal é de 40 horas semanais; para além disso, considera-se hora extra. b) O limite de horas extras por funcionário determinado por lei é de 2 horas semanais. c) O valor pago pela hora extra deve ser de 100% a mais que o valor normal da hora. d) O trabalhador tem direito a 1 intervalo de 1 hora se a jornada for superior a 6 horas. e) Se o trabalhador fizer hora extra no dia do seu descanso semanal, ele só receberá o DSR. indicações Material Complementar LIVRO Gestão de pessoas: rotinas trabalhistas e dinâmicas do Departamento de Pessoal Gilson José Fidelis Editora: Ed. Érica ISBN: 978-8536527826 Comentário: Um livro que traz as rotinas trabalhistas de forma didática, com exercícios que avaliam o aprendizado. Elenca os novos princípios e alterações instaurados pela reforma de 2017, mencionando os impactos gerados nos sindicatos e na Justiça do Trabalho, bem como as mudanças para trabalhadores e empregadores. FILME Segunda-feira ao Sol Ano: 2002 Comentário: O estaleiro de uma cidade portuária na Espanha fecha, levando muitos trabalhadores ao desemprego. Para os que estão empregados, o descanso semanal é um bálsamo; mas, para os que não estão, todos os dias são como um domingo. Esse �lme retrata questões humanas sobre as relações trabalhistas, a demissão, a falta de trabalho e os estados doentios que podem causar. Para conhecer mais sobre o �lme, assista ao trailer. T R A I L E R conclusão Conclusão Nesta unidade estudamos novas formas e novos contratos de trabalho, discutindo a terceirização e a pejotização, bem como os contratos que foram regulamentados após a Reforma Trabalhista de 2017. Conhecemos melhor as rotinas trabalhistas, com especial atenção aos processos de admissão e demissão, além dos direitos que os trabalhadores têm em cada tipo de desligamento. Entendemos que, quando há planejamento desses processos, respeito e pro�ssionalismo, é possível evitar problemas de cunho trabalhista. Por �m, pudemos conhecer a jornada de trabalho e os direitos trabalhistas instituídos pela CLT ligados a ela, como descanso semanal remunerado (DSR), horas extras e intervalos. Até a próxima! referências Referências Bibliográ�cas BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Diário O�cial [dos] Estados Unidos do Brasil: secção 1, Rio de Janeiro, DF, ano 82, n. 184, p. 11.937-11.984, 9 ago. 1943. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-5452-1-maio- 1943-415500-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 8 jul 2019. https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-5452-1-maio-1943-415500-publicacaooriginal-1-pe.html ______. Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera a redação do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. Diário O�cial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm>. Acesso em: 8 jul 2019. ______. Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. Diário O�cial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF. Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/legislacao/Lei-13467-2017.htm>. Acesso em: 8 jul 2019. CASSAR, V. B. Direito do trabalho. 15. ed. São Paulo: Método, 2017. DIEESE. Terceirização e morte no trabalho: um olhar sobre o setor elétrico. Estudos e Pesquisas, n. 50, mar. 2010. FERNANDES, S. Admissão e demissão: você está realmente por dentro dos processos? Ponto Mais. 29 jul. 2016. Disponível em: <https://pontomais.com.br/blog/admissao-e- demissao-voce-realmente-esta-por-dentro-dos-processos/>. Acesso em: 20 jul 2019. LENZI, T. Quais são os principais direitos trabalhistas? Toda Política. 4 dez. 2017. Disponível em: <https://www.todapolitica.com/direitos-trabalhistas/>. Acesso em: 21 jul 2019. PENA, R. F. A. Terceirização e trabalho. Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/geogra�a/terceirizacao-trabalho.htm>. Acesso em: 20 jul. 2019. SUSSEKIND, A. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. WEITZEL, G. de A. Terceirização x Pejotização. Migalhas. 29 out. 2018. Disponível em: <https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI289995,91041- Terceirizacao+x+pejotizacao>. Acesso em: 20 jul. 2019. IMPRIMIR http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/Lei-13467-2017.htm https://pontomais.com.br/blog/admissao-e-demissao-voce-realmente-esta-por-dentro-dos-processos/ https://www.todapolitica.com/direitos-trabalhistas https://brasilescola.uol.com.br/geografia/terceirizacao-trabalho.htm https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI289995,91041-Terceirizacao+x+pejotizacao
Compartilhar