Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Instituto Politécnico de Leiria Escola Superior de Tecnologia e Gestão Departamento de Matemática Resumo de primitivas em R Elaborado pelo docente Milton Ferreira Definição de primitiva Seja f uma função real de variável real definida num intervalo I. Uma função F (x) diferenciável em I é uma primitiva de f(x) se F ′(x) = f(x), ∀x ∈ I. Observações � A primitiva de uma função f(x) não é única pois se F (x) é uma primitiva de f(x) então também F (x) + C, com C ∈ R é uma primitiva de f(x), visto que (F (x) + C)′ = F ′(x) = f(x). � Num intervalo todas as primitivas de uma dada função diferem apenas de uma constante real. Notação de integral indefinido ou primitiva∫ f(x) dx = F (x) + C, C ∈ R Propriedades de linearidade∫ (f(x)± g(x)) dx = ∫ f(x) dx± ∫ g(x) dx∫ kf(x) dx = k ∫ f(x) dx, k ∈ R Exemplo∫ (2x2 + 5x− 3) dx = 2 ∫ x2 dx+ 5 ∫ x dx− 3 ∫ 1 dx = 2x3 3 + 5x2 2 − 3x+ C, C ∈ R Primitiva da função composta Pela regra de derivação da função composta temos que (G(f(x)))′ = G′(f(x))f ′(x). Portanto, se G(x) é uma primitiva de g(x) então G(f(x)) é uma primitiva de g(f(x))f ′(x), ou seja, ∫ g(f(x))f ′(x) dx = G(f(x)) + C, C ∈ R Tabela de primitivas imediatas Uma tabela de primitivas imediatas é basicamente uma tabela de derivadas apresentada ao contrário, com alguns ajustes. Apresentamos uma ideia como é posśıvel construir uma tabela de primitivas imediatas a partir de regras de derivação. Esta tabela foi retirada do Livro “Cálculo”de Howard Anton, pág. 357. Incorporando a regra da primitiva da função composta é posśıvel generalizar as fórmulas anterio- res. O formulário de primitivas imediatas disponibilizado no Moodle contém as fórmulas mais gerais com a incorporação da função composta nas regras de primitivação. TÉCNICAS DE PRIMITIVAÇÃO Para primitivar funções que não têm primitiva imediata necessitamos de recorrer a técnicas de pri- mitivação, tais como: primitivação por partes, primitivação de funções racionais e primi- tivação por substituição de variável. Primitivação por partes Sejam f e g definidas em ]a, b[ e suponhamos que F é uma primitiva de f. Então temos:∫ f(x)g(x) dx = F (x)g(x)− ∫ F (x)g′(x) dx. Exemplo 1: Calcular ∫ xex dx Vamos considerar f(x) = ex e g(x) = x. Como F (x) = ex e g′(x) = 1 temos∫ xex︸︷︷︸ fg dx = xex︸︷︷︸ Fg − ∫ ex1︸︷︷︸ Fg′ dx = xex − ex + C, C ∈ R Em cada situação a escolha das funções f e g tem de ser feita corretamente porque temos de primitivar a função f e derivar a função g. A tabela seguinte dá alguns exemplos de escolhas das funções f e g em diferentes situações. Função f (a primitivar) g (a derivar) h(x)ax ax h(x) h(x) sinx sinx h(x) h(x) cosx cosx h(x) h(x) loga x h(x) loga x h(x) arctanx h(x) arctanx Exemplo 2: Calcular ∫ lnx dx Vamos considerar f(x) = 1 e g(x) = ln x. Como F (x) = x e g′(x) = 1 x , temos∫ 1 lnx︸ ︷︷ ︸ fg dx = x lnx︸ ︷︷ ︸ Fg − ∫ x 1 x︸︷︷︸ Fg′ dx = x lnx− x+ C, C ∈ R Exemplo 3: Calcular ∫ (x2 + 3x) cos(2x) dx Vamos aplicar a fórmula da primitivação por partes duas vezes. Começamos por considerar f(x) = cos(2x) e g(x) = x2 + 3x. Como F (x) = 1 2 sin(2x) e g′(x) = 2x+ 3, temos∫ (x2 + 3x) cos(2x) dx = 1 2 sin(2x)(x2 + 3x)− 1 2 ∫ sin(2x)(2x+ 3) dx = x2 + 3x 2 sin(2x)− 1 2 ( −1 2 cos(2x)(2x+ 3) + 1 2 ∫ cos(2x)2 dx ) = x2 + 3x 2 sin(2x) + 2x+ 3 4 cos(2x)− 1 4 sin(2x) + C, C ∈ R Primitivação de algumas potências de funções trigonométricas Para primitivar potências de funções trigonométricas é necessário recorrer a fórmulas trigonométricas auxiliares para tornar o cálculo mais simples e direto. Algumas fórmulas que podem ser utilizadas são: sin2(x) + cos2(x) = 1 1 + tg2(x) = sec2(x) 1 + cotg2(x) = cosec2(x) sin2(x) = 1 2 (1− cos(2x)) cos2(x) = 1 2 (1 + cos(2x)) sin(2x) = 2 sinx cosx Exemplo 1: ∫ cos2(x) dx = 1 2 ∫ ( 1 + cos(2x) ) dx = 1 2 ( x+ 1 2 sin(2x) ) + C, C ∈ R Exemplo 2: ∫ sin2(3x) dx = 1 2 ∫ ( 1− cos(6x) ) dx = 1 2 ( x− 1 6 sin(6x) ) + C = 1 2 x− 1 12 sin(6x) + C, C ∈ R Primitivação de funções racionais Chama-se função racional a qualquer função da forma P (x) Q(x) , onde P e Q são polinómios. Caso 1: Quando o grau de P é maior ou igual do que o grau de Q então começamos por efetuar a divisão inteira dos polinómios, reescrevendo a função racional na forma P (x) Q(x) = q(x) + r(x) Q(x) em que q(x) e r(x) são o quociente e o resto da divisão inteira, respetivamente. Caso 2: Quando o grau de P é menor do que o grau de Q a função racional diz-se própria. Caso não seja uma primitiva imediata (por aplicação das regras 1), 3) ou 11) do formulário das primitivas imediatas) então temos de decompor a função própria numa soma de funções racionais mais simples. Começamos por fatorizar o polinómio Q(x) de acordo com as suas ráızes e em seguida decompomos P (x) Q(x) numa soma de frações mais simples, tendo em conta o teorema seguinte. Teorema 1 A decomposição de uma fração própria P (x) Q(x) em frações simples é feita de acordo com os seguintes casos: (i) Se Q(x) possui uma raiz real simples α, isto é, na sua fatorização aparece o fator (x−α), então na decomposição da fração própria em frações simples aparece a parcela A x− α , com A uma constante real a determinar. (ii) Se Q(x) possui uma raiz real α, com multiplicidade n, isto é, na sua fatorização aparece o fator (x− α)n, então na decomposição da fração própria em frações simples aparecem n parcelas A1 x− α + A2 (x− α)2 + . . . An (x− α)n , onde A1, A2, . . . , An são constantes reais a determinar. (iii) Se Q(x) possui as ráızes complexas simples α ± βi, isto é, na sua fatorização aparece um polinómio da forma ax2 + bx + c com b2 − 4ac < 0, então na decomposição da fração própria em frações simples aparecem as parcelas Cx+D ax2 + bx+ c , com C e D constantes reais a determinar. (iv) Se Q(x) possui as ráızes complexas α ± βi, com multiplicidade n, isto é, na sua fatorização aparece um fator da forma (ax2 + bx+ c)n com b2 − 4ac < 0, então na decomposição da fração própria em frações simples aparecem n parcelas C1x+D1 ax2 + bx+ c + C2x+D2 (ax2 + bx+ c)2 + . . .+ Cnx+Dn (ax2 + bx+ c)n onde C1, C2, . . . , Cn e D1, D2, . . . , Dn são constantes reais a determinar. Exemplos de primitivas usando a decomposição em frações simples (i) Calcular ∫ x− 1 x2 + 3x+ 2 dx Temos que x2 + 3x+ 2 = (x+ 1)(x+ 2). Consideramos a decomposição em frações simples x− 1 x2 + 3x+ 2 = x− 1 (x+ 1)(x+ 2) = A x+ 1 + B x+ 2 . Reduzindo ao mesmo denominador obtemos a igualdade x− 1 = A(x+ 2) +B(x+ 1) . Substituindo x = −2 e x = −1 (ráızes do polinómio do denominador) obtemos o sistema{ −3 = −B −2 = A ⇔ { B = 3 A = −2 . Logo, ∫ x− 1 x2 + 3x+ 2 dx = ∫ −2 x+ 1 dx+ ∫ 3 x+ 2 dx = −2 ln |x+ 1|+ 3 ln |x+ 2|+ C, C ∈ R. (ii) Calcular ∫ 1 x(x− 1)2 dx Consideramos a decomposição em frações simples 1 x(x− 1)2 = A x + B x− 1 + C (x− 1)2 Reduzindo ao mesmo denominador obtemos a igualdade 1 = A(x− 1)2 +Bx(x− 1) + Cx . Substituindo x = 1, x = 0 e x = 2 obtemos o sistema 1 = C 1 = A 1 = A+ 2B + 2C ⇔ A = 1 B = −1 C = 1 . Logo, ∫ 1 x(x− 1)2 dx = ∫ 1 x dx+ ∫ −1 x− 1 dx+ ∫ 1 (x− 1)2 dx = ln |x| − ln |x− 1| − 1 x− 1 + C, C ∈ R. (iii) Calcular ∫ 2x+ 4 x(x2 + 4) dx Consideramos a decomposição em frações simples 2x+ 4 x(x2 + 4) = A x + Bx+ C x2 + 4 Reduzindo ao mesmo denominador obtemos a igualdade 2x+ 4 = A(x2 + 4) + (Bx+ C)x . Substituindo x = 0, x = 1 e x = −1 obtemos o sistema 1 = A 6 = 5A+ C +D 2 = 5A− (−C +D) ⇔ A = 1 B = −1 C = 2 . Logo, ∫ 2x+ 4 x(x2 + 4) dx = ∫ 1 x dx+ ∫ −x+ 2 x2 + 4 dx = ln |x| − ∫ −x x2 + 4 dx+ ∫ 2 x2 + 4 dx+ C, C ∈ R = ln |x| − 1 2 ln(x2 + 4) + arctg (x 2 ) + C, C ∈ R Primitivação por substituição de variável Suponhamosque se pretende calcular ∫ f(x) dx e que se faz a mudança de variável x = g(t) com g uma função invert́ıvel e diferenciável. Então temos:∫ f(x) dx = ∫ f(g(t))g′(t) dt = F (t) + C = F (g−1(x)) + C. No formulário das primitivas encontra-se uma tabela com algumas substituições aconselhadas para o cálculo de determinados integrais usando a técnica da primitivação por substituição de variável. Exemplo 1: Para calcular a primitiva ∫ 1 1 + √ x dx fazemos a substituição √ x = t, ou seja, x = t2, t > 0. Como g(t) = t2 e g′(t) = 2t temos:∫ 1 1 + √ x dx = ∫ 1 1 + t 2t dt = 2 ∫ t t+ 1 dt = 2 (∫ ( 1− 1 t+ 1 ) dt ) = 2 (t− ln |t+ 1|) + C. Como t = √ x, então voltando à variável inicial obtemos finalmente a primitiva pretendida:∫ 1 1 + √ x dx = 2 (√ x− ln | √ x+ 1| ) + C, C ∈ R Exemplo 2: Para calcular a primitiva ∫ √ 4− x2 dx fazemos a substituição x = 2 sin t, com t ∈ [−π/2, π/2]. Como g(t) = 2 sin t e g′(t) = 2 cos t temos:∫ √ 4− x2 dx = ∫ √ 4− 4 sin2 t 2 cos t dt = 4 ∫ cos2 t dt = 2 (∫ ( 1 + 1 2 cos(2t) ) dt ) = 2 ( t+ 1 2 sin(2t) ) + C Como x = 2 sin t, então sin t = x 2 e t = arcsin (x 2 ) . Por outro lado, como sin(2t) = 2 sin t cos t então sin(2t) = 2 x 2 √ 1− (x 2 )2 = 1 2 x √ 4− x2. Voltando à variável inicial x obtemos finalmente a primitiva pretendida:∫ √ 4− x2 dx = 2 arcsin (x 2 ) + 1 2 x √ 4− x2 + C, C ∈ R . Exemplo 3: Para calcular a primitiva ∫ e2x + e4x 2 + e2x dx fazemos a substituição e2x = t, ou seja, x = 1 2 ln t. Como g(t) = 1 2 ln t e g′(t) = 1 2t temos:∫ e2x + e4x 2 + e2x dx = ∫ t+ t2 2 + t · 1 2t dt = 1 2 ∫ 1 + t 2 + t dt = 1 2 (∫ ( 1− 1 t+ 2 ) dt ) = 2 (t− ln |t+ 2|) + C. Como t = e2x, então voltando à variável inicial x obtemos finalmente a primitiva pretendida:∫ e2x + e4x 2 + e2x dx = 1 2 ( e2x − ln |e2x + 2| ) + C, C ∈ R .
Compartilhar