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Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
 
Meios Adequados 
de Resolução de 
Conflitos 
 
 
 
 
Unidade Nº 1 – Aportes introdutórios 
aos meios adequados de resolução de 
conflitos 
 
 
 
 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
 
 
Autoria: Guilherme Pavan Machado 
Revisão Técnica: Ana Carolina Quintela 
 
 
 
Introdução 
 
 Seja bem-vindo à primeira Unidade da nossa disciplina sobre Meios 
Adequados de Resolução de Conflitos. Nessa oportunidade, iremos aprofundar a 
nossa compreensão sobre o conflito e a importância de se pensar modos de 
resolução mais benéficos às partes. 
 Nosso objetivo é possibilitar o desenvolvimento de uma visão crítica sobre o 
conflito e reconhecer a necessidade de sua resolução adequada, conhecer os meios 
adequados de resolução de conflitos vigentes e regulamentados no Brasil, além de 
trazer um suporte teórico a essa disciplina. 
 No mundo jurídico brasileiro, especificamente, há um crescimento constante 
no número de conflitos humanos que surgem a partir das relações sociais. Essa 
dinâmica implica, muitas vezes, em um chamamento do Judiciário para a resolução 
da lide. Convoca-se, portanto, terceira pessoa estranha à relação entre as partes, o 
juiz, para decidir a maneira como será solucionado o problema. 
 Esse modelo está saturado. O Poder Judiciário encontra-se abarrotado de 
processos, o que gera uma lentidão na resolução dos processos, sendo essa demora 
da prestação jurisdicional uma das principais queixas que sofre. 
Nesse sentido, os meios adequados de resolução de conflitos surgem como 
alternativa mais qualitativa para solução de problemas que, na maioria das vezes, 
ultrapassa a esfera técnica-documental. Isso significa que muitos processos judiciais 
podem possibilitar uma resposta mais benéfica para as partes se a solução do 
problema não partir do juiz, mas sim delas próprias. 
Essa disciplina tem como intuito, portanto, despertar no aluno o interesse 
para os meios adequados de resolução de conflito, além de fazer compreender a sua 
importância para o cenário judicial brasileiro. Aproveite! 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
 Bons estudos! 
 
 
1. Sistema integrado de meios adequados de 
resolução de conflitos 
 
Nesse primeiro tópico analisaremos dois principais temas: um primeiro diz 
respeito ao conflito, no qual iremos desmistificar o caráter negativo geralmente 
atribuído a ele. Posteriormente, compreenderemos brevemente o cenário sobre o 
qual surgiram os meios adequados de resolução de conflitos e sua inserção no 
contexto jurídico-normativo brasileiro. 
 
 
1.1 Desmistificando o conflito 
 
O que move o Poder Judiciário brasileiro? O que faz com que tenhamos 
tramitando milhões de processos em inúmeras varas do país, seja na Justiça Estadual, 
Federal ou Especializada? 
A resposta é o conflito, a lide, um problema que surge a partir de uma relação 
social. Esse é gatilho para começarmos a falar nos meios adequados de resolução 
de conflitos. 
Você já parou para pensar no que significa Conflito? Você já teve conflitos com 
alguém? Com certeza, todos nós já tivemos conflitos, pois estamos cercados e 
amarrados em rede por relações sociais. 
Primeiramente, importante desmistificarmos a visão negativa sobre o conflito, 
ou seja, ele não pode ser visto de maneira pejorativa. A forma como se busca resolvê-
lo é que vai delimitar se será traumático para a vida da pessoa (DORECKI, 2017, p. 
18-19). 
O que é então o conflito? O Conflito, na visão de Dorecki (2017, p. 18-19), é a 
discordância sobre determinado assunto. Seu início, portanto, parte de visões ou 
entendimentos diferentes sobre determinado ponto analisado. 
O que determina as proporções que o conflito irá tomar são as próprias 
pessoas. Em outras palavras, pode ser que da discordância política se resulte em 
agressões verbais e físicas. Em contrapartida, podem existir conflitos que tragam 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
como resultado uma solução ou até mesmo crescimento, é o caso, por exemplo, da 
discordância de sócios de uma empresa sobre determinada tática a ser adotada e, 
após discussão e debate, resulte num bom caminho para a empresa seguir 
(DORECKI, 2017, p. 18-20). 
Desse modo, é importante que consigamos perceber que nem sempre o 
conflito é algo negativo ou resulta em algo ruim. Os conflitos são normais nas 
relações humanas, o que determina se podemos caracterizá-lo como positivo ou 
negativo é o modo como o tratamos. 
Nesse ponto, podemos destacar uma importante missão dos meios 
adequados de resolução de conflitos, pois um dos seus objetivos é fazer com que as 
pessoas cheguem a uma solução que seja benéfica para ambas, incentivando o 
diálogo, tornando o conflito algo não traumático. 
 
Por meio dos mecanismos adequados de solução de conflitos, as relações 
de cidadania são efetivamente alcançadas pois deslocam para as partes a 
negociação dos seus próprios interesses, na medida em que buscam um 
entendimento, com autonomia e equilíbrio, não imposta por um terceiro e 
possibilitando que conflitos se estendam, mesmo diante de uma prestação 
jurisdicional (PERPETUO et al, 2018, p. 3). 
 
Em relação às espécies de conflito, podemos elencar três principais: a) sociais; 
b) econômicos e c) políticos. Os primeiros – sociais – derivam de uma causa social, 
tal como: “[...] conflitos raciais, grupos extremistas que alegam questões religiosas 
ou, ainda, conflitos motivados por um acontecimento esportivo ou outra atividade 
social” (DORECKI, 2017, p. 20). 
De outro lado, os conflitos econômicos estão relacionados a partir da 
concepção de dinheiro das pessoas, condições sociais, desequilíbrio de classes 
sociais, divergências trabalhistas e inúmeros outros motivos. O cerne desta espécie 
de conflito é seu caráter econômico. 
Por fim, para encerrarmos esse tópico, os conflitos políticos nascem de 
divergências de ordem política, a citar, por exemplo, opções partidárias, maculadas 
na dimensão relacionada ao governo e às escolhas pessoais de defesa ou crítica 
nessa seara. 
 
 
1.2 O surgimento dos meios adequados de resolução de conflitos 
(MARC) 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
 
Os meios adequados de resolução de conflitos, na forma integrada como são 
concebidos hoje, não é antiga. Na verdade, o Brasil já tinha previsão de alguns dos 
meios concebidos de maneira isolada no ordenamento, mas não taxados sobre o 
viés que são tragados hoje. 
Um exemplo é que no Código de Processo Civil de 1973, já tínhamos a figura 
da conciliação, assim como na Lei dos Juizados Especiais (Lei 9.099/95). Contudo, 
essas iniciativas pela conciliação figuravam muito dentro do processo judicial, mas 
constituíam meio de resolver o conflito do processo judicial por meio do livre ajuste 
entre as partes. 
A arbitragem, por exemplo, nasce com a lei 9307/96, ainda vigente, e dava 
opção para as pessoas capazes de contratar árbitros para “[...]dirimir litígios relativos 
a direitos patrimoniais disponíveis” (BRASIL, 1996). 
Ainda assim, um dos impulsos que aceleraram o surgimento e a prática dos 
meios adequados de resolução de conflitos foi o acúmulo desmedido de demandas 
ao Poder Judiciário. Parte desse fenômeno deve-se à redemocratização do país e à 
Constituição Federal de 1988, que deu o acesso ao Judiciário como exercício de 
cidadania. 
O que aconteceu, positivamente, foi uma busca maior pelos direitos da 
pessoas, principalmente aquelesfundamentais. Entretanto, o aparato do Poder 
Judiciário começou a sentir a infinidade de demandas e o tempo de resposta aos 
pleitos dos cidadãos passou a ser moroso. 
 
 
 
Você sabia? Em razão da massiva judicialização e de alguns empecilhos na própria 
gestão do Poder Judiciário, são inseridos Meios Adequados de Resolução de Conflitos 
(MARC) com o objetivo de dirimir e resolver, efetivamente, os conflitos a partir da 
relação entre as partes e o tipo de impasse. 
 
 
OS MESC’s surgiram, portanto, como alternativas a um sistema judicante 
repleto de dificuldades materiais, com a ausência de desenvolvimento 
tecnológico e instrumentais que estivessem de acordo com o crescimento 
em outras esferas, e talvez como maior problemática do Poder Judiciário em 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
atender a uma elevada demanda de processos que este recebia, de 
indivíduos ansiosos por respostas céleres e eficazes (GUILHERME, 2016, p. 
9). 
 
É nesse cenário, portanto, que os MARC são inseridos, com o objetivo precípuo 
de possibilitar às pessoas que tenham respostas céleres, eficazes e qualitativas para 
os problemas que levaram para apreciação jurisdicional. Hoje, os MARC extrapolam 
a utilização na seara judicial, podendo ser aplicados extrajudicialmente, 
possibilitando que o conflito seja resolvido sem a interferência do magistrado. 
Concluindo nosso primeiro tópico, portanto, conseguimos observar que os 
meios adequados de resolução de conflitos, ou MARC, possuem muita importância 
no contexto jurídico brasileiro, atuando, em um primeiro momento, como alternativa 
à tradicional e sobrecarregada máquina judiciária; e como meio efetivamente mais 
benéfico e célere para as pessoas resolverem seus conflitos. 
 
Você sabia? Em 2017, o Poder Judiciário finalizou o ano com 80,1 milhões de 
processos em tramitação. No mesmo ano foram ajuizadas mais 29,1 milhões de 
novas ações! (CNJ, 2018, p. 73-74). 
 
 
 
 
 
2. Acesso à justiça e os meios adequados de 
resolução de conflitos 
 
Passaremos a estudar o acesso à justiça no Brasil e a integração com os meios 
de resolução de conflitos, além de nos apropriarmos dos conceitos e da 
contextualização dos MARC’s: autotutela, autocomposição e heterocomposição em 
âmbito judicial e extrajudicial. 
 
 
2.1 Acesso à Justiça no Brasil 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
 
O que é acesso à Justiça? Esse é o nosso primeiro questionamento. Podemos 
afirmar, preliminarmente, que a ideia de Acesso à Justiça consiste na possibilidade 
de o cidadão recorrer ao Judiciário para a garantia dos seus direitos. Isso significa, 
portanto, que não trata-se apenas da possibilidade de ajuizar demandas, mas 
também de ter a devida resposta para seus pedidos. 
O conceito de Acesso à Justiça é mutável conforme o desenvolvimento 
histórico, afinal o Direito é produto da história, além de ser algo complexo. Nesse 
sentido, não se pode afirmar que esse instituto tenha idêntica noção no século XIX e 
atualmente, haja vista as mudanças de paradigma. 
Na verdade, pode-se afirmar que o Acesso à Justiça que vigorou por volta do 
século XIX era eminentemente formal, ou seja, a garantia de que a pessoa conseguiria 
pleitear seus direitos ou contestar uma ação perante o Judiciário garantia a 
efetividade do seu Acesso à Justiça. 
Atualmente, o Acesso à Justiça possui um viés material, que significa que a 
possibilidade de ajuizar ou contestar uma ação já não consolida esse instituto. Deve-
se ir além, buscando assegurar direitos garantidos pela Constituição, garantir um 
andamento processual legal e justo e uma adequada prestação jurisdicional. 
 
 
Você quer ler? Para saber mais sobre o contexto histórico em que surge o Acesso 
à justiça, leia a obra CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Porto Alegre: 
Fabris, 1988. 
 
 
 
É com a Constituição Federal de 1988, considerada o carro condutor para o 
processo de redemocratização do Brasil, que o acesso à Justiça ganha força, 
principalmente por meio de disposição expressa na Carta Magna, especificamente 
no seu art. 5º, inciso XXXV. Esse dispositivo, inserido nos Direitos e Garantias 
Fundamentais, dispõe que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão 
ou ameaça a direito” (BRASIL, 1988). 
Mauro Capeletti, um dos doutrinadores mais renomados sobre acesso à 
justiça, na sua obra “Acesso à Justiça” (1988, p. 8), irá afirmar que conceituar esse 
instituto é muito difícil, contudo, duas são suas finalidades básicas: “Primeiro, o 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
sistema deve ser igualmente acessível a todos; segundo, ele deve produzir resultados 
que sejam individual e socialmente justos”. 
Nesse sentido, podemos compreender que a noção de Acesso à Justiça 
prescinde o mero ajuizamento da ação, tampouco uma resposta do Judiciário. É 
necessário que a prestação jurisdicional esteja alinhada com o espírito da 
Constituição e que com ele encontre correspondência, devendo respeitar e 
assegurar o direito das partes envolvidas. 
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publica, anualmente, o ebook Justiça em 
Números, prestando contas à comunidade sobre os principais números que dizem 
respeito ao Judiciário brasileiro. No tópico Acesso à Justiça (CNJ, 2018, p. 78) são 
contabilizados casos referentes à “demanda da população pelos serviços da justiça 
e das concessões de assistência judiciária gratuita nos tribunais”. 
Rapidamente, uma explicação sobre o que é a Assistência Judiciária Gratuita: 
consiste em um direito que as pessoas que não possuem condições de pagar custas 
processuais, emolumentos e sucumbência possuem para ajuizarem e dar 
seguimento às suas demandas. 
A Assistência Judiciária Gratuita, ou AJG, possui regramento específico no 
Código de Processo Civil de 2015, de modo que a parte declara que não possui 
condições para arcar com as despesas processuais. Há, ao redor desse instituto, uma 
construção jurisprudencial sobre parâmetros para concessão do benefício, em 
relação especificamente à renda da pessoa que o pleiteia. A título exemplificativo, 
alguns tribunais consideram dois salários mínimos e outros cinco salários mínimos. 
O magistrado pode pedir documentos para comprovar a situação de hipossuficiência 
à pessoa para condicionar o deferimento do benefício. 
A ideia de Acesso à Justiça que o CNJ traz para seu relatório consiste no 
número de ações que tiveram concedido a Assistência Judiciária Gratuita, onde pode 
se verificar, conforme a figura disponibilizada abaixo, que a Justiça Estadual, está no 
topo do ranking com maior número de processos que tramitam com AJG, seguida da 
Justiça Federal e Justiça do Trabalho (CNJ, 2018, p. 81). 
No ano-base de 2017, sob o qual se confeccionou o documento, contabilizou-
se que no Poder Judiciário tramitaram com concessão de AJG um total de 272.587 
processos (CNJ, 2018, p. 81). 
 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
 
Fonte: CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em números 2018: ano-base 2017. 
Brasília: CNJ, 2018, p. 81. 
 
 
2.2 Conceito e contextualização dos MARC’s 
 
Nesse tópico iremos abordar as estruturas clássicas de meios de resolução de 
conflitos, tais como a autotutela, autocomposição e heterocomposição, e localizar a 
Mediação, Conciliação, Negociação e Arbitragem em cada uma dessas estruturas. 
Antes, o que podemos afirmar é que o sistema jurídico brasileiro evoluiu 
consideravelmente para organizar um aparato normativo para consolidação dos 
meios alternativos de resolução de conflitos. Atualmente, temos como principais 
parâmetroslegais a Resolução 125/2010, que versa sobre a Política Pública de 
tratamento adequado dos conflitos de interesses, o Código de Processo Civil de 
2015, a Lei 13.140/2015, que regulamenta a mediação, e a Lei 9.307/96, sobre 
Arbitragem. 
Inicialmente, podemos considerar a Autotutela como um meio 
desproporcional para resolução dos conflitos, no qual “[...] não havia interferência de 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
terceiros e nem do Estado, e era praticada com as próprias mãos” (PERPETUO et al, 
2018, p. 8). Ou seja, quem realmente resolvia o conflito era o mais forte. 
Atualmente a autotutela é considerada crime pelo artigo 345 do Código Penal 
brasileiro, que a dispõe como “fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer 
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite” (BRASIL, 1940). Como meio 
de autotutela vigente no Brasil hoje está o Direito Constitucional de Greve, conforme 
aponta o art. 9º da Constituição Federal de 1988. 
Nenhum dos meios adequados de resolução de conflitos que serão 
abordados – mediação, conciliação, arbitragem e negociação – se enquadram nessa 
estrutura clássica. 
A Autocomposição, por sua vez, tem como seu principal destaque o consenso. 
Nessa estrutura, podemos nos deparar com a negociação direta, onde não há a 
interferência de terceiros nem do Estado, e a negociação indireta, com a presença 
de terceiros neutros e imparciais como o Conciliador e Mediador. De qualquer forma, 
a solução do conflito é alçada a partir das próprias partes. 
Essa modalidade é composta por três formas distintas, quais sejam: a) a 
desistência, quando há renúncia da pretensão requerida; b) a submissão, quando se 
aceita a solução para o conflito proposta pela parte contrária; e c) transação, quando 
há o diálogo entre as partes a partir do cotejo de ambos os interesses para chegar a 
um acordo comum. 
Perpetuo et al (2018, p. 8) irá destacar que na autocomposição estão inseridas 
a negociação, a mediação e a conciliação. 
 
No Brasil, a autocomposição pode ser dividida em três modalidades, quais 
sejam, a negociação: quando o acordo é firmado entre as partes, sem que 
haja a intervenção de terceiros, mediação: quando o acordo é firmado na 
presença de um terceiro imparcial, que ajudará na manutenção da ordem e 
do diálogo, e a conciliação: quando existe a presença de um terceiro 
imparcial, interferindo com fatos e informações relevantes sobre o litígio, 
buscando a melhor forma de solucionar o impasse. 
 
 Nesse sentido, como expressão da autocomposição, está a solução do conflito 
entre as partes, podendo se dar de maneira direta, sem intervenção de terceiros, e 
indireta, através do auxílio de terceiros imparciais. De qualquer sorte, o objetivo é 
galgar a solução do conflito a partir da vontade das partes. 
 Um grande exemplo, que será abordado no momento adequado dessa 
disciplina, são os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC), 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
onde se prioriza a tentativa de conciliação nos mais diversos processos para 
resolução do conflito. Os CEJUSC estão presentes na Justiça Estadual, na Justiça 
Federal e até mesmo na Justiça do Trabalho. 
Ao contrário da autocomposição, a Heterocomposição é o meio de resolução 
de conflito no qual um terceiro intervém para resolver o conflito entre as partes. As 
formas mais clássicas são a Arbitragem e o Processo Judicial. 
 A Jurisdição é o ingresso de um pedido judicial a partir de um conflito entre as 
partes, momento no qual se provoca o Estado-Juiz, na figura do magistrado, para 
resolução da lide. 
 De outro lado, a Arbitragem, regulamentada pela Lei 9.307/96, é o meio de 
resolução de conflito extrajudicial, no qual as partes ajustam cláusula 
compromissória em contrato para que eventual conflito que poderá vir a surgir entre 
elas seja decidido por um árbitro. 
 
Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao 
juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula 
compromissória e o compromisso arbitral. 
Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em 
um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que 
possam vir a surgir, relativamente a tal contrato (BRASIL, 1996). 
 
 Em resumo, a heterocomposição não prescinde a presença de um terceiro, 
convocado pelas partes em litígio, para resolução do conflito que se instaurou a 
partir da relação entre elas. 
 A tabela abaixo lhe ajudará a compreender o que estudamos nesse tópico, 
pois sintetiza as estruturas clássicas apresentadas e onde estão localizados os meios 
adequados de resolução de conflitos. 
 
Autotutela Autocomposição Heterocomposição 
Ex. Direito de Greve Negociação Arbitragem 
Crime – 345 CP Conciliação Jurisdição 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
 Mediação 
 
 
 
 3. Teoria Geral do Conflito 
 
Como vimos anteriormente, o conflito deriva das próprias relações humanas, 
sendo oriundo da divergência de interesses, opiniões, convicções entre as pessoas, 
devendo ser encarado como algo normal em uma primeira análise. 
 
Nos dias de hoje essa percepção negativa do conflito cedeu lugar ao 
reconhecimento de sua ambiguidade, ou seja: tanto pode o conflito ser algo 
negativo como uma experiência positiva, ou até mesmo (o que parece 
frequente), uma ocorrência capaz a um só tempo de ocasionar perdas e de 
possibilitar ganhos. Assim, pode representar para os sujeitos nele envolvidos 
e para a sociedade uma ocorrência dolorosa e desagregadora ou virtuosa e 
transformadora; tudo a depender da aptidão para lidar com ele (FREITAS JR, 
2016, p. 326). 
 
Desse modo, não é possível suprimir o conflito da vida sociedade, ele é 
inerente às relações humanas. Ademais, Freitas Jr. (2016, p. 327) ressalta que o 
conflito “é característico das sociedades abertas e democráticas. Para essas, as 
diferenças na forma de ser, de crer, de pensar e de agir são não apenas toleradas 
como enaltecidas”. 
Ademais, fazendo uma análise comparativa entre uma visão tradicional e 
moderna do conflito, podemos perceber que sob um viés tradicionalista, o conflito é 
compreendido como um jogo de forças, de perde e ganha, associado à violência, 
muitas vezes. 
Agora, sob um viés moderno, o conflito é compreendido como algo normal 
das relações sociais, a partir da ideia de que as pessoas possuem interesses e 
necessidades diversas e que possuem direito em manifestá-las. A opção de discordar 
do outro é, hoje, uma atitude democrática. 
Conforme falamos anteriormente, o manejo do conflito é que irá determinar 
se será compreendido como um processo construtivo ou destrutivo. Além disso, um 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
desafio para as partes envolvidas em um conflito torna-se descobrir o real motivo 
para a divergência. 
Na Teoria do Conflito, um aspecto que merece atenção, até mesmo para os 
futuros profissionais que irão atuar nos meios adequados de resolução de conflito, 
são as espirais do conflito. 
As espirais do conflito consistem na ideia de que para cada ação, há uma 
reação no interior de uma relação social. Na verdade, parte de uma causa originária 
para o conflito, que gera uma reação da outra pessoa envolvida, e assim 
sucessivamente, gerando um ciclo vicioso. 
O problema dos espirais de conflito está na dificuldade, quanto maior for esse 
espiral, de identificar a causa originária do atrito, uma vez que causas secundárias se 
sobrepõem constantemente. E isso acontece nãoraras vezes, pois dificilmente uma 
divergência seguida de ações mais ásperas encerram em apenas um episódio. 
O profissional que atuar em mediações, por exemplo, irá se deparar com essa 
realidade. Inúmeras vezes, o relato da pessoa que está na sessão de mediação é 
superficial, encobrindo uma série de outros sentimentos que estão relacionados 
com a causa originária do conflito entre as pessoas. E o mediador tem papel 
fundamental nesse aspecto, pois, através da provocação do diálogo e das técnicas 
que serão expostas na unidade cabível, conseguirá possibilitar a exposição do real 
motivo do conflito, abrindo uma possibilidade maior de resolução. 
Compreender os espirais de conflito significa entender, portanto, que nem 
sempre o conflito resume-se a um episódio de divergência, mas a causa originária 
(ação) gera inúmeras outras causas secundárias (reação e novas ações), que criam 
um ciclo. 
 
Esse modelo, denominado de espirais de conflito, sugere que com esse crescimento 
(ou escalada) do conflito, as suas causas originárias progressivamente tornam‑se 
secundárias a partir do momento em que os envolvidos mostram‑se mais 
preocupados em responder a uma ação que imediatamente antecedeu sua reação. 
Por exemplo, se em um dia de congestionamento, determinado motorista sente‑se 
ofendido ao ser cortado por outro motorista, sua resposta inicial consiste em 
pressionar intensamente a buzina do seu veículo. O outro motorista responde 
também buzinando e com algum gesto descortês. O primeiro motorista continua a 
buzinar e responde ao gesto com um ainda mais agressivo. O segundo, por sua vez, 
abaixa a janela e insulta o primeiro. Este, gritando, responde que o outro motorista 
deveria parar o carro e “agir como um homem”. Este, por sua vez, joga uma garrafa 
de água no outro veículo. Ao pararem os carros em um semáforo, o motorista cujo 
veículo foi atingido pela garrafa de água sai de seu carro e chuta a carroceria do outro 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
automóvel. Nota‑se que o conflito desenvolveu‑se em uma espiral de agravamento 
progressivo das condutas conflituosas (CNJ, 2015, p. 48). 
 
O exemplo acima extraído do Manual de Mediação do Conselho Nacional de 
Justiça (CNJ) demonstra um exemplo comum de possível espiral de conflito a partir 
de uma sucessão de ações e reações. 
Outro aspecto que merece destaque na Teoria do Conflito está em classificar 
os processos de resolução de conflitos, que podem ser de duas ordens: a) 
construtivos; ou b) destrutivos. Iniciemos abordando essa segunda modalidade, os 
processos destrutivos. 
Os processos destrutivos implicam em um enfraquecimento da relação social, 
suscitando até mesmo a ampliação do conflito entre as pessoas e a fragilidade dos 
laços. Desse modo, “as partes quando em processos destrutivos de resolução de 
disputas concluem tal relação processual com esmaecimento da relação social 
preexistente à disputa e acentuação da animosidade decorrente da ineficiente forma 
de endereçar o conflito” (CNJ, 2015, p. 49). 
De outro lado, os processos construtivos de resolução de conflitos são 
aqueles que fortalecem as relações sociais preexistentes, nos quais as pessoas 
conseguem solucionar as divergências, possibilitando a empatia com o outro. O 
Manual de Mediação do CNJ (2015, p. 49-50) elenca algumas características do 
processo construtivo. 
 
[...] processos construtivos caracterizam‑se: i) pela capacidade de estimular as partes 
a desenvolverem soluções criativas que permitam a compatibilização dos interesses 
aparentemente contrapostos; ii) pela capacidade de as partes ou do condutor do 
processo (e.g. magistrado ou mediador) motivarem todos os envolvidos para que 
prospectivamente resolvam as questões sem atribuição de culpa; iii) pelo 
desenvolvimento de condições que permitam a reformulação das questões diante de 
eventuais impasses e v) pela disposição de as partes ou do condutor do processo a 
abordar, além das questões juridicamente tuteladas, todas e quaisquer questões que 
estejam influenciando a relação (social) das partes. 
 
Nesse sentido, o mote dos processos construtivos é estimular uma tomada 
de decisão e solução para o conflito a partir das próprias partes, incentivando o 
diálogo e a empatia com o outro, fazendo com que busquem uma solução conjunta 
para a divergência que gerou o conflito. 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
O nosso modelo de processo judicial, majoritariamente, não auxilia no 
desenvolvimento de processos construtivos, uma vez que organização lógica 
processual obscurece o despertar de questões mais emocionais. 
 
As partes, quando buscam auxílio do Estado para solução de seus conflitos, 
frequentemente têm o conflito acentuado ante procedimentos que abstratamente se 
apresentam como brilhantes modelos de lógica jurídica‑processual – contudo, no 
cotidiano, acabam por muitas vezes se mostrar ineficientes na medida em que 
enfraquecem os relacionamentos sociais preexistentes entre as partes em conflito 
(CNJ, 2015, p. 51). 
 
O que se pode concluir, em relação à Teoria do Conflito estudada, é que deve 
ser dada adequada atenção para o manejo do conflito, com o objetivo de torná-lo 
um processo construtivo, no qual exista um aprendizado positivo para as partes, 
além do fortalecimento da relação social. 
O papel do profissional que atua com os meios adequados de resolução de 
conflitos é compreender o conflito como algo natural e estar preparado para 
incentivar um diálogo que alcance a causa originária da divergência. Com isso, as 
possibilidades de uma resolução construtiva são aumentadas e o benefício para as 
pessoas também. 
 
 
 4. Teoria da Comunicação e a comunicação não 
violenta 
 
Após análise sobre a Teoria do Conflito, passamos a abordar a Teoria da 
Comunicação, com ênfase para a comunicação não violenta. Saber se comunicar é 
uma etapa importante para que o conflito se torne um processo construtivo e não 
destrutivo. 
Marshall Rosenberg é um dos expoentes quando se fala em Comunicação 
Não Violenta (CNV), e afirma que se trata de “uma abordagem específica da 
comunicação - falar e ouvir – que nos leva a nos entregarmos de coração, ligando-
nos a nós mesmos e aos outros de maneira tal que permite que nossa compaixão 
natural floresça” (ROSENBERG, 2006). 
Nesse sentido, a Comunicação Não Violenta (CNV) busca rememorar os seres 
humanos comunicantes da qualidade de humanos que são, e que o outro também 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
possui a mesma qualidade que nós, motivo pelo qual devemos agir com respeito, 
responsabilidade e empatia. 
 
A CNV nos ajuda a reformular a maneira pela qual nos expressamos e ouvimos os 
outros. Nossas palavras, em vez de serem reações repetitivas e automáticas, tornam-
se respostas conscientes, firmemente baseadas na consciência do que estamos 
percebendo, sentindo e desejando. Somos levados a nos expressar com honestidade 
e clareza, ao mesmo tempo que damos aos outros uma atenção respeitosa e 
empática. Em toda troca, acabamos escutando nossas necessidades mais profundas 
e as dos outros. A CNV nos ensina a observarmos cuidadosamente (e sermos capazes 
de identificar) os comportamentos e as condições que estão nos afetando. 
Aprendemos a identificar e a articular claramente o que de fato desejamos em 
determinada situação (ROSENBERG, 2006). 
 
 A Comunicação Não Violenta (CNV), a partir dessa compreensão do seu 
objetivo, é composta por quatro componentes, que são: 1. Observação; 2. 
Sentimento; 3. Necessidades e 4. Pedido. 
A grande conexão entre os componentes está em observar o que os outros 
estão dizendo e como nos sentimos diantedas falas, se tristes, alegres, chateados, 
irritados, etc. Após, é necessário identificar quais de nossas necessidades estão 
ligadas aos nossos sentimentos. 
Pode parecer um tanto difícil exercitar a CNV no nosso dia a dia, e podemos 
pensar, num primeiro momento, que todas as pessoas que nos cercam e com quem 
nos comunicamos também devam saber dessa técnica. Contudo, Marshall (2006) 
assevera que “para usarmos a CNV, as pessoas com quem estamos nos 
comunicando não precisam conhecê-la”. A questão é que nós devemos estar 
compromissados com os princípios da CNV. 
Outro importante aspecto da CNV é que ela é uma via de mão dupla, o que 
significa que devemos “expressar-se honestamente por meio dos quatro 
componentes”, assim como “receber com empatia por meio dos quatro 
componentes” (ROSENBERG, 2006). 
Você, aluno, pode estar se perguntando: eu utilizo a CNV apenas na mediação 
ou conciliação? A resposta é não! A CNV tem espaço em todos os ambientes que 
frequentamos, e pode ser utilizada na família, nos relacionamentos conjugais, em 
escolas, até mesmo em negociações empresariais. 
Em resumo, a CNV é um processo de vida, no qual a pessoa compromete-se 
em comunicar-se e receber a comunicação conforme os quatro componentes – 
observar, sentir, identificar necessidades e pedidos. 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
 
A CNV nos ajuda a nos ligarmos uns nos outros e a nós mesmos, possibilitando que 
nossa compaixão natural floresça. Ela nos guia no processo de reformular a maneira 
pela qual nos expressamos e escutamos os outros, mediante a concentração em 
quatro áreas: o que observamos, o que sentimos, do que necessitamos, e o que 
pedimos para enriquecer nossa vida. A CNV promove maior profundidade no escutar, 
fomenta o respeito e a empatia e provoca o desejo mútuo de nos entregarmos de 
coração. Algumas pessoas usam a CNV para responder compassivamente a si 
mesmas; outras, para estabelecer maior profundidade em suas relações pessoais; e 
outras, ainda, para gerar relacionamentos eficazes no trabalho ou na política. No 
mundo inteiro, utiliza-se a CNV para mediar as disputas e conflitos em todos os níveis 
(ROSENBERG, 2006). 
 
Uma utilização imprescindível da CNV, entretanto, está nas mediações, pois o 
mediador deve incentivar um diálogo baseado no respeito mútuo, em escutar o 
outro e ser escutado, e fazer com que as partes identifiquem os seus sentimentos e 
os sentimentos do outro. O mediador, portanto, deve ser guiado pela Comunicação 
Não Violenta. 
 
 
Síntese 
 
Em resumo, nessa unidade, visitamos quatro tópicos: 1. Sistema integrado de 
meios adequados de resolução de conflitos; 2. Acesso à justiça e os meios 
adequados de resolução de conflitos; 3. Teoria Geral do Conflito; e 4. Teoria Geral da 
Comunicação e comunicação não-violenta. 
Desse modo, compreendemos: 
● A importância dos meios adequados de resolução de conflitos (MARC) 
para o contexto jurídico brasileiro diante do sobrecarregamento do 
Judiciário; 
● A doutrina do Acesso à Justiça e o seu papel na redemocratização com 
a Constituição Federal de 1988; 
● A Teoria Geral do Conflito, que mostrou-nos que o conflito deve ser 
encarado como algo natural das relações humanas, mas não significa 
que seja algo simples, podendo gerar conflitos secundários, 
dificultando no conhecimento da causa primeira que o gerou; 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
● A Teoria da Comunicação e a Comunicação Não-Violenta (CNJ), que nos 
mostraram que, para além da técnica, é importante trabalhar com a 
parte mais sentimental do ser humano, para que consiga comunicar-se 
a partir do respeito e empatia com o outro. 
 
Nessa unidade, portanto, conseguimos trazer alguns aportes introdutórios 
sobre os meios adequados de resolução de conflitos que irão ser a base para o 
desenvolvimento das demais unidades desta disciplina e para o aprendizado do 
acadêmico de maneira global. 
 
Até a próxima! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade Nº 1 - Aportes introdutórios aos meios 
adequados de resolução de conflitos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006. Ebook. 
 
ZANETI JR., Hermes e CABRAL, Trícia Navarro Xavier. Justiça Multiportas: 
mediação, conciliação, arbitragem e outros meios de solução adequada para 
conflitos. Salvador: JusPODIVM, 2016.

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