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Esclerose Sistêmica e Esclerodermia Introdução • Esclerose Sistêmica (ES) é uma doença multissistêmica autoimune do tecido conjuntivo • Disfunção vascular generalizada e fibrose progressiva da pele e outros órgãos • Etiologia desconhecida (genética – ambiente) Subtipos: • Forma difusa – espessamento cutâneo extenso (região central do corpo – tórax e abdômen) de evolução rápida e pode afetar toda a pele. • Forma limitada – espessamento da pele é mais distal – mãos e pés, parte distal de MMII, além da face – de evolução lenta, precedida em anos por fenômeno de Reynaud Esclerodermia • É o espessamento da pele Dividida em: • Forma sistêmica – é a esclerose sistêmica • Forma localizada – afeta áreas específicas do corpo e é subdivida de acordo com o padrão de lesão ▪ Morfeia – placas de esclerose bem delimitadas ▪ Linear – bandas fibróticas longitudinais que geralmente acometem membros ▪ Lesão Golpe de Sabre – lesão linear em face Epidemiologia • Rara – 1 a 2 casos por 100 mil hab. • Pico entre 30 a 50 anos • Mulheres (4:1) • Negro apresentam um maior risco, principalmente em formas difusas e precoces Fatores de Riscos: • Infecção por retrovírus pode ser fatore precipitante ou pode piorar a doença • Contato com sílica • Solventes orgânicos • Drogas • Rotura de próteses de silicone • Fatores mecânicos Fisiopatologia • Complexa e ainda incompleta Lesão vascular • O endotélio é lesado desde as fases iniciais da ES. • Mediadores – óxido nítrico (vasodilatador), endotelina 1 (vasoconstrictor) e ânions superóxido. • Ânions superóxidos neutralizam o óxido nítrico e facilitam a oxidação de LDL circulante – aumenta citocinas inflamatórias. • Há deficiência de precursores de células edoteliais, além de sua incapacidade de diferenciação e maturação Ativação imune • Imunidade humoral: Anti-Scl-71 – para forma difusa; anticentrômero – forma localizada • Imunidade celular – citocinas IL2, IL4, IL6, IL8, além de TGF-beta, que induzem síntese de colágeno e fibronectina Lesão fibrótica • Proliferação de fibroblastos • Intensa deposição de colágeno, fibronectina e glicosaminoglicanos nos tecidos acometidos Subtipos Esclerose Sistêmica Cutânea limitada • Edema distal às metacarpofalângeas • Esclerose cutânea distal aos cotovelos e joelhos em menor grau em face e pescoço (extremidades proximais e troncos são poupados) • Manifestações vasculares proeminentes – fenômeno de Raynaud grave e telagiectasia mucocutânea seguidos de hipertensão arterial pulmonar • Síndrome de CREST ▪ Calcinose ▪ Raynaud ▪ Esofagopatia ▪ Sclerodactilia ▪ Telangiectasia Esclerose Sistêmica Cutânea Difusa • Mão inchadas e espessamento da pele proximal dos membros e tronco • Propensos a uma rápida progressão do espessamento da pele • Pode haver desenvolvimento precoce de fibrose pulmonar • Risco aumentado de crise renal e envolvimento cardíaco Esclerose Sistêmica Sem Esclerodermia (sine Esclerodermia) • Apenas 5% dos casos • Apenar órgãos internos são acometidos • Sem envolvimento cutâneo – sem esclerodermia Quadro Clínico Fenômeno de Raynaud • Palidez intensa – cianose – hiperemia reacional • São necessárias pelo menos 2 dessas fases • Resposta ao frio e ao estresse • Provoca extremidades frias, formigamento e dor • Na forma limitada pode ser a única queixa por um logo tempo • Na forma difusa geralmente surge associado a outros sintomas Manifestações Cutâneas Fases: 1- Fase inicial edematosa 2- Espessamento cutâneo 3- Atrofia cutânea • O endurecimento da pele começa nos dedos da mão (esclerodactilia) – se intenso há retração dos dedos “mão em garra” • A pele fica seca, brilhante, redução das pregas e redução dos fâneros • Microstomia – boca abre pouco • Leucomelanodermia – associação de hipo e hiperpigmentação (“sal e pimenta”) ocorre mais em dorso e próximo ao couro cabeludo • Telangiectasia – ocorre mais em face, palma das mãos e mucosas. Aumentam com o passar dos anos e ocorrem mais frequentemente na forma limitada • Calcinose – deposito de cálcio nas regiões peri- articulares, pontas dos dedos, cotovelos, Bursa, pré-patelar e superfície extensora do antebraço (pode ocorrer ulceração e infecções locais) • Úlcera isquêmicas – ocorrem geralmente em regiões periungueais e maléolos, devido diminuição da irrigação arterial (podem evoluir para gangrena e perda dos dedos) Escore de Rodnan Modificado – realização de pregas em 17 regiões do corpo e graduação feita de 0-3, onde 0 é norma e 3 é espessamento grave. Escore acima de 40 é indicativo de mau prognóstico Manifestações musculoesqueléticas • Artralgia e Rigidez matinal – pode ser confundido com AR no início da doença • Fraqueza muscular – frequente na forma difusa • Atrofia muscular – pelo desuso • Osteoporose Manifestação de TGI • Ocorre em 90% dos pacientes • Esôfago é o mais acometido (esofagite), seguindo de região anorretal, intestino delgado, estomago e colón. • Sintomas mais comuns: disfagia, odinofagia, dor em queimação retroesternal, regurgitação e sensação de parada de alimento no esôfago • Refluxo gastroesofágico com maiores riscos de esofagite, constrição de esôfago distal e metaplasia de Barrett • Telangiectasia no estômago (ectasia vascular antral gástrica) • Má absorção – que leva a desnutrição e é uma das causas importantes de morte em pacientes com ES Manifestações pulmonares • Principal causa de morbidade e mortalidade • Doença intersticial pulmonar – comprometimento pulmonar mais frequente. Manifesta-se nos 5 primeiros anos na forma difusa. Pacientes apresentam dispneia aos esforços e tosse seca. • Hipertensão arterial pulmonar – alteração quase exclusiva da forma limitada, e pode levar a cor pulmonale e insuficiência cardíaca. • Alveolite Fibrosante que leva à fibrose intersticial e a vasculopatia que leva à Hipertensão Arterial Pulmonar. Manifestações cardíacas • Derrame pericárdico • Acometimento do miocárdio, pericárdio e sistema de condução • Alterações secundarias à HAP – clínica de insuficiência de ventrículo direito Manifestações renais Crise renal • Insuficiência renal aguda oligúrica + hipertensão arterial acelerada maligna + anemia hemolítica microangiopática + trombocitopenia • Ocorre principalmente em ES na forma difusa • Incidência diminui com o uso de IECA Diagnóstico • Anamnese e exame físico geralmente são suficientes • Exames de laboratoriais e de imagem são importantes para avaliar extensão e acompanhar a doença Critérios de Classificação • Soma dos número de pontos máximo em cada categoria. • Pontuação ≥9 – esclerose sistêmica definida • Exclusão – espessamento cutâneo que poupa os dedos das mãos e outras doenças que expliquem melhor os sintomas Autoanticorpos • FAN – 95% dos pacientes • Anticentrômeros – mais frequente na forma limitada • Antitopoisomerase 1 ((Scl-70) – encontrado em 40 a 85% dos pacientes com a forma difusa • Anticorpos contra RNA polimerase I, II e III e fibrilarina – Também encontrados na forma difusa. Radiografia de Mãos • Pode mostrar reabsorção de tecidos moles nas polpas digitais, calcificações, osteólise com perda de falanges distais e deformidades • Exames para avaliação esofágica • Manometria, esofagograma e endoscopia Exames para avaliar o pulmão • TC de pulmão – deve ser feita anualmente nos primeiros 5 anos de doença (vidro fosco nas bases pulmonares) • Espirometria – acompanhamento para verificar padrão restritivo com diminuição da capacidade pulmonar Exames para função pulmonar • Eletrocardiograma e Holter – para arritmia Tratamento • Deve ser iniciado precocemente para evitar progressão dadoença Fenômeno de Raynaud • Interrupção do tabagismo • Interrupção do uso de drogas prejudiciais (ex. betabloqueadores) • Aquecimento das mãos com luvas • Bloqueadores dos canais de cálcio: ✓ Nifedipina 30-120 mg/dia ✓ Diltiazem 120-480 mg/dia • Se surgir úlceras de cicatrização difícil pode usar vasodilatadores em doses altas Pele ✓ D-penicilamina • Afeta a produção de colágeno e tem efeito imunossupressor • Diminui o espessamento da pele e a incidência de lesão de órgãos internos • Efeito adversos: Síndrome nefrótica, mielotoxicidade e miastenia gravis Doença Pulmonar • Se for identificado Alveolite: ✓ Prednisona 20mg/dia associado à Ciclofosfamida acima de 125mg/dia por 3 meses • Para Hipertensão Arterial Pulmonar: ✓ Antagonista dos receptores da endotelina-1 ✓ Estimulantes da guanilato ciclase ✓ Inibidores da fosfodiesterase Trata Gastrointestinal • Para o refluxo gastresofágico: ✓ Ingerir refeições pequenas e frequentes ✓ Evitar deitar após refeições ✓ Perda de peso ✓ Elevar a cabeceira da cama ✓ Inibidores da bomba de prótons (omeprazol e lanzoprazol) • Se diarreia crônica por estase com hiperproliferação bacteriana: ✓ Ciprofloxacino, amoxicilina e metronidazol Doença cardíaca • Pericardite sintomática: ✓ AINES ou baixas doses de AIEs • Grandes derrames ✓ Pericardiocentese Doença renal • O tratamento da crise renal é baseado no controle da PA com IECA • Síndrome urêmica – hemodiálise ou diálise peritoneal
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