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O conceito de paradigma remete aos modelos de comportamento que regem a
sociedade. Da mesma forma que os padrões estabelecidos auxiliam no
desenvolvimento da ciência e do desenvolvimento pessoal, eles também podem atuar
no sentido contrário quando se tornam barreiras para inovações e mudanças. Assim,
uma quebra de paradigma é necessária para sair da zona de conforto, superar
crenças limitantes e se tornar a melhor versão de si mesmo. Em outras palavras,
quando um conjunto de elementos, crenças, técnicas e/ou valores são aceitos por
todos em um grupo de cientistas, ele se torna um paradigma. Ou seja, o paradigma
consiste em um padrão a ser seguido, porém mais complexo, ao contrário do que
muitos utilizam o termo referindo-se a qualquer conceito geral.
O sistema de Justiça de Santa Catarina usou uma aberração jurídica para
absolver André de Camargo Aranha, que havia sido acusação por estupro de
vulnerável contra Mariana Ferrer em 2018, no camarote da casa noturna de luxo Café
de la Musique, em Santa Catarina. Mariana tinha 21 anos na época. Além disso, a
Justiça corroborou com humilhações a uma mulher que denunciou ter sofrido estupro
enquanto estava vulnerável. É um retrato que evidencia que a cultura do estupro e o
machismo estão encarnados no sistema de Justiça brasileiro. 
Além de ter inocentado André seu advogado, Cláudio Gastão da Rosa Filho,
usou de artifícios para humilhar, intimidar e culpar Mariana, violando também a sua
dignidade, o fato de o juiz Rudson Marcos, da 3a Vara Criminal de Florianópolis, ter
permitido essa atuação da defesa faz dele parte de um obscuro comportamento que
se perpetua. O esforço máximo do juiz foi pedir para que o advogado mantivesse um
"bom nível". Mas não interrompeu a argumentação de Rosa Filho, não apontou de
maneira firme o abuso da defesa e não protegeu Mariana, já bastante revitimizada. 
Apesar de Mariana ter apresentado inúmeras provas, o Ministério Público
trouxe, na conclusão de suas alegações, dois argumentos para embasar o seu pedido
pela absolvição de Aranha: que não foi comprovado a condição de vulnerabilidade da
vítima; e que não foi comprovado que Aranha tinha conhecimento dessa condição, de
modo que manteve conjunção carnal com ela pressupondo seu consentimento. Nesse
sentido, segundo o argumento firmado pelo Ministério Público, Aranha não agiu com
dolo e, inexistindo a previsão de estupro culposo na lei, o autor não poderia ser
punido. Estupro culposo não existe. Apesar de o termo não constar da sentença, a
absolvição se ampara em algo que não existe, que é o "estupro culposo”, quando um
homicídio ocorre sem intenção de matar, por exemplo, é considerado "culposo". 
Um estupro não cabe nesse argumento. "Os crimes culposos exigem uma
previsão legal específica. Pesquisas acadêmicas e situações como essa mostram que
faz parte da sociedade e também da Justiça e instituições estatais um comportamento
que coloca a mulher vítima de violência como suspeita, tentando responsabilizar a
vítima pela violência sofrida ou minimizar o que ela sofreu, colocando em dúvida se se
trata de violência.

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