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Farmacologia dos antiaginosos

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Farmacologia da isquemia 
miocárdica 
Fármacos utilizados na doença coronariana crônica, 
relacionada com a angina estável, essa que tem causa 
principalmente relacionada ao desequilíbrio entre o 
suprimento de oxigênio para o miocárdio e a demanda de 
oxigênio em virtude de uma placa aterosclerótica. 
Os fármacos podem reduzir a demanda de oxigênio do 
miocárdio ou aumentar o suprimento de oxigênio até esse 
tecido. A perfusão do oxigênio depende do fluxo coronariano, 
basicamente pelas artérias epicárdicas (superficiais), como 
também pelos vasos de resistência (subendocárdicos). Se for 
reduzida a resistência do vaso, por meio de uma dilatação, o 
fluxo ocorre de maneira melhor, aumentando o suprimento de 
oxigênio ao miocárdio. Desse modo, fármacos antianginosos 
podem atuar melhorando o suprimento de oxigênio por 
causar aumento do fluxo sanguíneo depois de uma 
vasodilatação coronariana. 
O principal mecanismo de ação dos fármacos antianginosos 
consiste na redução da demanda de oxigênio. Essa demanda 
é aumentada por aumento da contratilidade, aumento da 
frequência cardíaca e a tensão da parede (sistólica/pós-
carga e diastólica/pré-carga), de modo que os fármacos irão 
agir em mecanismos para reverter esses fenômenos. 
As arteríolas são os vasos de resistência, enquanto que as 
vênulas são vasos de capacitância. Quando ocorre uma 
vasoconstrição das arteríolas, a resistência periférica é 
aumentada, aumentando a pós-carga, já que o coração 
precisará bombear com mais força, aumentando a demanda 
de oxigênio do miocárdio. Desse modo, um dos mecanismos 
para um fármaco para reduzir a pós-carga deve ser a 
promoção da vasodilatação arteriolar. 
A pré-carga está relacionada com o volume que retorna o 
coração. Desse modo, em uma venoconstrição, o retorno 
venoso diminui pela diminuição da capacitância das veias, 
aumentando a pré-carga. Assim, uma vasodilatação venosa 
promove redução da pré-carga, que reduz a demanda de O2. 
 
Esses fármacos atuam no tônus vascular. É importante a 
entrada de cálcio por meio de um canal de cálcio do tipo L, 
que culmina em uma série de cascatas intracelulares, 
promovendo a contração do músculo liso dos vasos. Um 
bloqueio dos canais de cálcio irá promover uma redução de 
tônus e um relaxamento. Analisa-se também, que o óxido 
nítrico aumenta a expressão de GMPc, esse que agirá 
promovendo o relaxamento da musculatura lisa vascular 
(vasodilatação). 
O tratamento acontece basicamente com a utilização de três 
fármacos. O tratamento agudo dos sintomas é feito com 
nitratos de rápido início de efeito, intervindo no alívio das 
crises anginosas. Enquanto isso, pode ser feito uma 
profilaxia, com a utilização de betabloqueadores e 
bloqueadores de canais de cálcio. 
1) Nitratos orgânicos 
São fármacos com rápido início e término de ação (duração 
de 15 a 30 minutos, pois tem rápida inativação hepática), 
principalmente aqueles administrados por via sublingual. 
Quando administrados sofrem bioativação e liberam óxido 
nítrico de sua molécula, promovendo aumento da expressão 
de GMPc, que resulta em vasodilatação. Tem como principal 
representante a nitroglicerina. 
 
Em doses terapêuticas os nitratos promovem prioritariamente 
venodilatação, sendo que, para causar dilatação arteriolar as 
doses devem ser maiores. Após ocorrer a venodilatação, 
aumenta-se a capacitância venosa, reduzindo a pré-carga 
ventricular e o volume de sangue que chega ao ventrículo 
(volume diastólico final), reduzindo o débito cardíaco e a 
demanda de oxigênio do miocárdio. 
Os nitratos também conseguem promover vasodilatação das 
artérias epicárdicas, até mesmo as estenosadas, 
aumentando o fluxo coronariano e melhorando o suprimento 
de O2 no miocárdio. Além disso, numa dose maior ocorre a 
vasodilatação arteriolar, reduzindo resistência periférica, pós-
carga e trabalho cardíaco, reduzindo as demandas 
miocárdicas de oxigênio pelo fato de o coração não precisar 
empregar muita força para bombear o sangue. 
 
Na angina variante ocorre uma vasoconstrição das 
coronárias, de modo que os nitratos podem ser utilizados 
nesses casos no alívio dos sintomas. 
Efeito colateral: são vasodilatadores, reduzindo a pressão 
arterial e promovendo um mecanismo compensatório que 
tenta fisiologicamente elevar a pressão arterial, esse que 
estimula o sistema simpático, aumentando a frequência 
cardíaca (taquicardia reflexa). Para isso poderia associar 
betabloqueadores, que reduziriam o aumento da atividade 
simpática. Além desses podem promover cefaleia 
(vasodilatação da artéria meníngea), síncope e hipotensão 
postural. 
Redução da pré-carga
• Vasodilatação venosa
Redução da pós-carga
• Vasodilatação arteriolar
Venodilatação
Reduz pré-carga 
e demanda de O2
Vasodilatação
Arteríolas: redução 
da RP e da pós carga, 
reduzindo demanda 
de O2
Artérias epicárdicas: 
aumenta fluxo 
coronariano e 
suprimento de O2
Via de administração Ação 
Sublingual Episódios agudos 
Oral Profilaxia 
Cutânea Episódios noturnos 
Transmucosa ou bucal Profilaxia a curto prazo 
 
Interações medicamentosas: o Viagra (sidenafila) age 
inibindo uma enzima fosfodiesterase, essa que degrada o 
GMPc. Desse modo, os níveis de GMPc estão aumentados, 
causando vasodilatação. Se em conjunto com o nitrato, que 
aumenta a produção de GMPc, pode ser causada uma 
vasodilatação excessiva, podendo causar uma hipotensão 
até mesmo fatal pelo emprego de mecanismos 
compensatórios como a taquicardia reflexa. 
Uso clínico: em IAM promove redução da extensão do 
infarto, preservação ou recuperação do tecido viável, 
prevenção da remodelagem ventricular, redução da demanda 
de oxigênio e alívio da dor isquêmica. Podem ser usados em 
casos de angina variante por promoverem vasodilatação das 
coronárias. 
 
2) Bloqueadores dos canais de cálcio do tipo L 
Os canais de cálcio do tipo L estão presentes no miocárdio e 
nas células musculares lisas, sendo que, o cálcio irá causar 
contração muscular. Se houver um bloqueio desses canais, a 
contração é reduzida ao se tratar de coração e ocorre uma 
vasodilatação no âmbito dos vasos. 
Também se tem uma diminuição da despolarização dos 
nodos pela redução da entrada de cálcio e demora de início 
da fase 0, de modo que a frequência cardíaca diminui (efeito 
inotrópico e cronotrópico negativo). Desse modo, se a força 
de contração e a frequência cardíaca forem reduzidas, a 
demanda de oxigênio do miocárdio também será reduzida, 
efetivando o mecanismo de ação desses fármacos como 
antianginosos. 
No âmbito de músculo liso, após a ação desses fármacos, o 
cálcio não entrará nas células, promovendo relaxamento da 
musculatura lisa arterial (reduzindo pós-carga e demanda de 
oxigênio) por impedir o mecanismo de contração, tendo 
pouco efeito na musculatura venosa. 
Fármacos: verapamil, diltiazem, nifedipino, entre outros. O 
Verapamil e o diltiazem são vasodilatadores, mas também 
promovem efeitos cardíacos de inotropismo e cronotropismo 
negativo. 
 Verapamil Diltiazem Nifedipino 
Vasodilatação 4 3 5 
Contratilidade 
cardíaca 
4 2 1 
Automaticidade 
nó SA 
5 5 1 
Condução no 
nodo AV 
5 4 0 
 
Interações medicamentosas: em interação com um 
betabloqueador, se terá um efeito depressor cardíaco 
potencializado. 
Contraindicações: pacientes com disfunção ventricular, 
distúrbios de condução do nó AS ou AV e OS inferior a 90 
mmHg. 
 
Uso clínico: angina variante, por promover vasodilatação 
coronariana e reverter o vasoespasmo, e angina estável por 
aumentar o fluxo sanguíneo pela vasodilatação coronariana 
e reduzir a demanda de oxigênio por ter efeito depressor 
miocárdico. 
3) Betabloqueadores 
Atuam no coração por meio do bloqueio de receptores 1 
adrenérgicos, reduzindo a força de contração e a frequência 
cardíaca, consequentemente diminuindo a demanda de 
oxigênio do miocárdio. NÃO PROMOVEM 
VASODILATAÇÃO, não tendo efeito na angina variante, mas 
sendo útil na angina por esforço. Também irão atuar 
diminuindo a pressão arterial.

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