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Rev. Saúde Integral 2019 – v.1, n.3, 2019. ISSN: 2595.5039 KÊNNIA DHÉBORA GONÇALVES DOS SANTOS Enfermeira, Especialista, Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrição - CEEN. E-mail: kenniaenf@gmail.com. DR. GLEYDSON FERREIRA DE MELO Doutor Professor do Curso de Enfermagem da PUC – Goiás e CEEN Pós-Graduação. AMBIENTE DE TRABALHO X ESGOTAMENTO MENTAL DO ENFERMEIRO: RELATO DE EXPERIÊNCIA WORK ENVIRONMENT X NURSE MENTAL EXHAUSTION: EXPERIENCE REPORT ENTORNO DE TRABAJO X ENFERMERA EXTRACCIÓN MENTAL: INFORME DE EXPERIENCIA RESUMO: Objetivo: Analisar descrever o resultado de esgotamento mental do profissional Enfermeiro relacionado ao estresse diário enfrentado no ambiente de trabalho. Método: estudo tipo relato de experiência. São crescente índice de esgotamento mental relacionado ao estresse com o profissional Enfermeiro. Esse índice crescente foi observado devido a sobrecarga de trabalho e estresse no ambiente de trabalho. Resultados: A importância da preservação da saúde mental no ambiente de trabalho, para melhoria da qualidade da assistência. Conclusão: A pesquisa incentivou alguns profissionais identificados com o problema que procurasse ajuda e acompanhamento com especialista para melhoria da qualidade da saúde mental desse profissional no ambiente de trabalho. Palavras-chave: Enfermeiro. Saúde mental. Ambiente de trabalho. ABSTRACT: Objective: To describe the result of mental exhaustion of the professional nurse related to daily stress faced in the workplace. Method: study type experience report. There are increasing rates of mental exhaustion related to stress with the professional nurse. This increasing rate was observed due to work overload and stress in the work environment. Results: The importance of preserving mental health in the workplace to improve the quality of care. Conclusion: The research encouraged some professionals identified with the problem to seek help and follow-up with a specialist to improve the quality of mental health of this professional in the workplace. Keyword: Nurse. Mental health. Workplace. RESUMEN: Describir el resultado del agotamiento mental de la enfermera profesional relacionada con el estrés diario que se enfrenta en el lugar de trabajo. Método: informe de experiencia tipo estudio. Hay tasas crecientes de agotamiento mental relacionadas con el estrés con la enfermera profesional. Esta tasa creciente se observó debido a la sobrecarga de trabajo y al estrés en el entorno laboral. Resultados: La importancia de preservar la salud mental en el lugar de trabajo para mejorar la calidad de la atención. Conclusión: La investigación alentó a algunos profesionales identificados con el problema a buscar ayuda y seguimiento con un especialista para mejorar la calidad de la salud mental de este profesional en el lugar de trabajo. Palabra clave: Enfermera. Salud mental. Lugar de trabajo. mailto:kenniaenf@gmail.com Rev. Saúde Integral 2019 – v.1, n.3, 2019. INTRODUÇÃO A síndrome de Bournout é um estado físico, emocional e mental de exaustão extrema, resultado do acúmulo excessivo em situações de trabalho que são emocionalmente exigentes e estressantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade, especialmente nas áreas de educação e saúde. Os sinais de piora da Síndrome de Bournout surgem quando a pessoa não segue o tratamento adequado. Nos casos mais graves, a pessoa pode desenvolver uma depressão, que muitas vezes pode ser indicativo para avaliação detalhada e possíveis intervenções médica (Brasil, 2019) Enfermeiros estão entre as profissões que tem maior propensão de desenvolver doenças relacionadas à saúde mental, pois estão a todo tempo interagindo com clientes que necessitam de ajuda física, espiritual e emocional. O ambiente de trabalho é estressante para profissionais, pacientes e familiares devido a vários fatores rotineiros, há sobrecarga em relação principalmente ao profissional enfermeiro que na maioria das vezes realiza atribuições de outros profissionais de saúde, gerando um estresse acumulado acarretando um esgotamento mental como, ansiedade, traumas, podendo levar a Síndrome de Bournout, que envolve: cansaço excessivo físico e mental, dor de cabeça freqüente, alterações no apetite, insônia, negatividade constante, dificuldades de concentração, sentimentos de fracasso e insegurança, alterações repentinas de humor, sentimentos de incompetência, isolamento, fadiga, pressão alta, dores musculares, problemas gastrointestinais e alteração nos batimentos cardíacos. (BRASIL, 2001). O trabalhador que atua no âmbito hospitalar está exposto a diferentes estressores ocupacionais que afetam diretamente o seu bem-estar (ROSA: CARLOTTO, 2005). A palavra Bournout vem do inglês, como expressão “queimar até exaustão’’ usada para designar aquilo que deixou de funcionar por exaustão de energia indicando uma condição de sofrimento psíquico, um colapso que sobrevém após a utilização de toda a energia física e emocional disponível. Desse modo: E uma resposta ao estresse crônico, que de uma forma geral afeta diretamente a produtividade, o relacionamento interpessoal, o desempenho de tarefas, a qualidade de vida do indivíduo, do trabalho e da organização (BENEVIDES, PEREIRA, 2002). Dentre os vários fatores que sobrecarregam o enfermeiro e o expõe ao estresse temos: A sobrecarga de trabalho falta de reconhecimento e condições inapropriadas de Rev. Saúde Integral 2019 – v.1, n.3, 2019. trabalho que com o tempo prejudicam a qualidade do atendimento aos pacientes dentre outras. Para Andrade (2013) o fato de o profissional ter que trabalhar em feriados, fins de semana e a noite limita sua vida social podendo também ser mais um motivo de estresse. OBJETIVO Descrever e relatar as consequências da síndrome de Bournaut frente a saúde do profissional enfermeiro. METODOLOGIA Trata-se do relato de experiência, vivenciado pelo pesquisador durante o primeiro semestre de 2018. A coleta de dados foi feita através de levantamento bibliográfico. O campo de pesquisa foi o Hospital Municipal Edinaldo Barbosa, onde foi vivenciada a observação em campo ocorrida no ambiente de trabalho, durante a jornada de trabalho. Foi observado o profissional com esgotamento mental, não houve qualquer procedimento com o profissional participante, houve coleta de dados do mesmo, observação e reflexões do enfermeiro pesquisador. Foi observada tanto os técnicos como o Enfermeiro tendo em vista que todos possuem um contato diário com o paciente, necessitando de maior controle emocional, uma vez que lidam com situações de risco e até mesmo a morte. RESULTADO – RELATO DE EXPERIÊNCIA O trabalho iniciou- se em junho de 2018 por F.S.B, com pedido de licença prêmio para tratar e cuidar da saúde mental, devido ao estresse acumulado. Se formou em dezembro do ano de 2007, em 2008 estava trabalhando na Atenção Básica em uma Unidade de Saúde da Família em Formoso-Go, depois de 10 meses no primeiro emprego foi chamada para Minaçu-Go onde ficou em cadastro de reserva em um concurso, em 2009 trabalhou na zona rural durante 1 ano, e em 2010 foi transferida ESF4 onde trabalhou por quase 7 anos, nessa unidade de saúde teve muitos momentos bons com a população e profissionais e muitos momentos complexos que todo profissional Enfermeiro coordenador, supervisor Rev. Saúde Integral 2019 – v.1, n.3, 2019. enfrentam, como salário atrasado, falta de insumos, falta de profissionais, greves, falta de estrutura física, troca de gestão, onde foi retirado todos os Enfermeiros concursados das unidades de saúde para o ambiente hospitalar, para escala de plantão ,a angustia do novo, sair da zona de conforto teve um enorme abalo psicológico na rotina e das colegas enfermeiras. Após2 meses na escala do plantão foi convidada para coordenar o Centro Cirúrgico, a princípio relatou ser muito difícil, faltava materiais e insumos básicos devido a troca de gestão, mas depois se sentiu confortável e confiante , mas porém trabalhava com uma forte pressão, trabalhou 1 ano e 2meses no C.C, teve uma crise de pânico na hora do trabalho, então solicitou de licença prêmio. No primeiro momento depois de liberada das atividades laborais iniciou uma consulta com médico clínico geral que prescreveu um tratamento medicamentoso e encaminhou ao especialista profissional médico psiquiátrico. No segundo momento, se sentiu acolhida pelo psiquiatra, relatou toda sua história e angustia e a última crise sofrida em ambiente de trabalho, foi diagnosticada com ansiedade generalizada e iniciou tratamento medicamentoso e indicado terapia cognitivo comportamental. No terceiro momento, após ficar em casa 2 meses praticamente dormindo o dia e a noite, efeitos colaterais medicamentosos e acompanhamento de 15 em 15 dias com o psiquiatra, retornou para escala do plantão de 12h, relata se sentir cada dia melhor e auto confiante ressurgindo em um ambiente que antes me causava tanta angústia, desânimo e exaustão. Durante todo o processo em ambiente de trabalho e após a crise de pânico no Centro Cirúrgico, procurou ajuda e tratamento psicológico, com a licença de três meses e um mês de férias, voltando para escala de plantão de 12 horas na unidade de internação no hospital no mês de outubro de 2018, onde permanece até os dias atuais, com a Rev. Saúde Integral 2019 – v.1, n.3, 2019. colaboração da coordenadora geral de Enfermagem para não provocar estresse, evitando outra crise e para dar continuidade ao tratamento. Mudança no estilo de vida contribuiu também para à melhora, como sono em dia, atividade física, leitura, filmes e séries, estudos, aprendendo a tocar violão (um sonho antigo) estão inseridos hoje na mudança de rotina e no cotidiano. A melhora da saúde mental é nítida tanto pelo profissional psiquiatra que acompanhou, e ainda acompanha o tratamento quanto aos familiares e amigos próximos, vendo cada dia que passa uma qualidade e melhora de vida a essa paciente. Outros estudiosos já se preocupavam com a saúde mental dos profissionais Enfermeiros. O estresse aparece quando o indivíduo não consegue cumprir as exigências sociais atribuídas a ele e com isso sente-se ameaçado a perder seu papel social. O organismo reage de forma a tentar dominar as cobranças que são impostas, essa reação é considerada inaceitável como forma de lidar com a adaptação aos problemas vividos pelos homens. Por isso a pessoa comumente prende essa reação para si e tende aparentar um comportamento emocional completamente diferente do que realmente está sentindo, se após muito tempo essa situação perdurar, o organismo começa a sofrer um enorme desgaste podendo levar ao adoecimento físico e mental. (Nascimento & Ferraz, 2010, pg., 43). Muitas vezes o profissional não procura ajuda ou demora procurar por não conseguir compreender todo esse processo de sofrimento em que está vivenciando. A categoria da enfermagem em sua grande maioria são mulheres casadas, que lidam com atividades laborais do dia a dia conciliando com o trabalho, atendem a demanda dos filhos, do companheiro e de casa o que favorece o surgimento de um quadro de estresse que pode levar a depressão. No trabalho estão em contato físico e psicológico direto aos seus pacientes e familiares, realizam procedimentos complexos e passam por sobrecarga de trabalho sendo submetidos a erros, acidentes de trabalho fazendo da profissão uma das mais desgastantes. Com o próprio profissional sabendo identificar seus estressores ele pode Rev. Saúde Integral 2019 – v.1, n.3, 2019. buscar soluções para resolver os problemas de adoecimento e prevenindo riscos e garantindo uma assistência com qualidade (Melo, 2013 p.69). CONCLUSÃO A importância da identificação do esgotamento mental que acometem profissionais da área da saúde em ambiente de trabalho, devido ao estresse que sofrem diariamente e não falam sobre o assunto. Relatar a vivência para ajudar quem ainda não conseguiu identificar a Síndrome de Burnout, ansiedade generalizada a ter acesso e para quem procurar ajuda. Mobilizar a gestão para ofertar profissional psicólogo para funcionários a fim de cuidar da saúde mental de quem está cuidando diariamente da dor dos pacientes-clientes, no Sistema Único de Saúde (SUS), a Rede de Atenção Psicossocial está para oferecer, de forma integral e gratuita, todo tratamento, desde o diagnóstico até o tratamento medicamentoso. Descansar adequadamente, com sono regulado (pelo menos 8h diária), é fundamental manter o equilíbrio entre o trabalho, lazer, família, vida social, espiritual, social e atividades físicas. Rev. Saúde Integral 2019 – v.1, n.3, 2019. REFERÊNCIAS Andrade, D., Menezes, A., Gomes, C., Santos, M. C., & Brito, D. (2013). Estresse na equipe de enfermagem de emergência: Uma revisão de literatura. Efdeportes.com: Revista Digital, 178 17, 1-3 BENEVIDES – PEREIRA , Ana Maria. Burnnout: Quando o Trabalho Ameaça o Bem- estar do Trabalhador. São Paulo-SP: Editora Casa do Psicólogo,2002. Brasil. Ministério Da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil. Doenças relacionadas ao trabalho. Brasília: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Série A. Normas e Manuais Técnicos; n.114; 2001. Gomes RK, Oliveira VB. Depressão, ansiedade e suporte social em profissionais de Enfermagem. BolPsicol2013;(138):23-33. Melo, M V., Silva, T. P., Novais, Z. G., Mendes, M. L. (2013). Estresse dos profissionais de saúde nas unidades hospitalares de atendimento em urgência e emergência. Cadernos de Graduação: ciências biológicas e da saúde 1 2, 35-42. Nascimento, F. J., Ferraz, F. T. (2010). Estresse e qualidade de vida no trabalho. Universidade Fluminense – UFF. (Tese em conclusão de mestrado em sistema de gestão ROSA, Cristiane da; CARLOTTO, Mary Sandra. Síndrome de Burnnot e satisfação no trabalho em profissionais de uma instituição hospitalar. Rev. Sociedade Brasileira Psicologia Hospitalar.Rio de Janeiro,v.8,n2,dez.2005.