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Transtornos Globais de Desenvolvimento

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Visão geral
	
	Apresentação da disciplina:
	
	O meu nome é Kellen Martins Escaraboto Fernandes, sou psicóloga, tenho Especialização em Educação Especial, Psicopedagogia e Psicologia Clínica Comportamental e estou cursando o Mestrado em Neuropsicologia Clínica. Iniciei meus trabalhos como professora de Educação Infantil e há mais de 20 anos atuo na área de Educação. Atualmente trabalho em Escolas, Clínica e sou professora Universitária. É muito gratificante estar com vocês nesta unidade, refletindo sobre esta proposta desafiante que são os Transtornos Globais do Desenvolvimento. Faremos inicialmente uma reflexão sobre a caracterização da população atendida pela educação especial, sobre o que são Transtornos Globais do Desenvolvimento, porque para entender sobre este assunto você precisa saber como esta ideia nasceu, como foi se desenvolvendo em outros países até chegar à realidade brasileira. Posteriormente iremos conhecer algumas síndromes e transtornos e vamos discutir como estas crianças são avaliadas, quais os critérios diagnósticos e como são desenvolvidas práticas interventivas em clínicas e escolas. Alguns professores me perguntam como podem preparar-se para atender uma criança com necessidades diferenciadas. Então vamos lá! Antes de iniciarmos nosso trabalho juntos, vamos nos conhecer um pouco mais. Como? Vá ao fórum e faça sua apresentação. Diga seu nome, o que você faz, de onde é, qual sua experiência profissional, o que espera da Web Aula e tele aula que compõe essa disciplina e mais, o que desejar, que possa contribuir para nossas discussões e nos conhecermos melhor. Se já tiver vivenciado alguma experiência com inclusão, faça seu relato. Tenho a certeza que todos vamos gostar muito de conhecer as experiências de nossos colegas e trocar sugestões para implementar nossa prática. Quem ainda não é professor e nunca teve experiência com práticas inclusivas também será muito bem-vindo! Vamos, então, ao trabalho!
	
 
	Objetivos:
	
	Vamos começar conhecendo os objetivos da nossa disciplina, uma vez que, ao final desta Web Aula, pretende-se que vocês, alunos (as), reflitam sobre o conceito de Transtornos Globais do Desenvolvimento e sobre a diferença existente entre os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, em especial sobre o Autismo. Outro objetivo é a reflexão sobre a formação da personalidade do indivíduo, porém, o principal objetivo desta disciplina é que você aluno (a) possa sensibilizar-se e entender o quanto um olhar para o diferente é importante, uma vez que ele realmente existe.
	
	Conteúdo Programático:
	
	Resumo: Esta Unidade tem como finalidade refletir sobre alguns aspectos considerados fundamentais em relação aos Transtornos Globais do Desenvolvimento. Iremos refletir sobre a caracterização da população atendida pela educação especial, da prevalência dos transtornos mentais na infância e adolescência e sobre a formação da personalidade da criança. Outro objetivo será o entendimento do conceito de Transtornos Globais do Desenvolvimento e conhecimento de algumas definições sobre este transtorno. Também iremos conhecer os diferentes tipos de Transtornos Invasivos do Desenvolvimento e conhecer um pouco mais sobre a realidade do Autismo.
Palavras-Chave: Transtornos Globais do Desenvolvimento, Formação da Personalidade da criança, Transtornos Invasivos do Desenvolvimento e Autismo.
	
	Metodologia:
	
	
	Na unidade utilizaremos todos os recursos necessários e disponíveis para o desenvolvimento da discussão do conteúdo, sendo assim, faremos uso de:
· Textos da própria Web Aula e de outros sites que possam contribuir para a discussão;
· Vídeos que possam esclarecer ou aprofundar determinados conteúdos;
· Fóruns para discussão de tópicos, onde seja possível a troca de ideias e conteúdos entre os discentes e docentes;
· Avaliações virtuais onde será realizada a verificação do aprendizado;
· Entre outros recursos que poderão ser utilizados visando maior entendimento da matéria.
	
	
 
	Avaliação Prevista:
	
	
	Cada web aula conterá uma avaliação virtual composta de 5 questões (sendo assim, temos 2 web-aulas com 5 questões cada). Quando houver fórum de discussão o aluno será avaliado quanto ao conteúdo de sua postagem, onde deverá comentar o tópico apresentando respostas completas e com nível crítico de avaliação pertinente ao nível de pós-graduação.
	
	 
	Critérios para Participação dos Alunos no Fórum:
	
	
	Quando houver fórum de discussão o aluno será avaliado quanto ao conteúdo de sua postagem, onde deverá comentar o tópico apresentando respostas completas e com nível crítico de avaliação pertinente ao nível de pós-graduação. Textos apenas concordando ou discordando de comentários de outros participantes do fórum sem a devida justificativa ou complementação não acrescentam em nada ao debate da disciplina, sendo assim, devem ser evitados. Os textos devem sempre vir acompanhados das justificativas para a opinião do discente sobre o conteúdo discutido, para que assim, possamos dar continuidade ao debate em nível adequado. Além disso, podem ser utilizados citações de artigos, livros e outros recursos que fundamentem a opinião ou deem sustentação a sua posição crítica sobre o assunto. Deve ser respeitado o tópico principal do fórum, evitando debates que não tem relação com o tema selecionado pelo professor.
	
	
	Habilidades e competências
	
	
	Espera-se que no final do curso os alunos possam ampliar seus conhecimentos sobre os aspectos teóricos contidos nas temáticas discutidas na disciplina, além de compreender a importância dos temas trabalhados para a formação profissional, articulando a relação teoria e prática no exercício da profissão no que diz respeito aos transtornos globais do desenvolvimento.
Bom trabalho a todos!
	
EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA
WEBAULA 1
Unidade 1 – Transtornos Globais de Desenvolvimento
 
Prezado (a) Aluno (a):
É com muita alegria que lhe convido a participar desta aula. Para tanto, vamos lembrar de alguns conceitos trabalhados na disciplina de inclusão. Você se lembra quando discutimos a caracterização da população atendida pelas escolas denominadas inclusivas?
Vamos relembrar o quadro abaixo: Vale a pena destacar que a população que apresenta Transtornos Globais do Desenvolvimento faz parte das crianças, adolescentes e adultos que tem direito a condições adaptadas em todas as escolas do nosso país. Por este motivo, conhecer estes transtornos é importante e necessário.
CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ATENDIDA ATUALMENTE PELA EDUCAÇÃO ESPECIAL:
Figura 1 – Caracterização do população atendida atualmente pela educação especial
Fonte: Do Autor.
 
Figura 2 – Tipos de atendimentos
Fonte: Do Autor.
Dentre todas estas crianças, as que apresentam transtornos globais merecem uma atenção especial, principalmente porque apresentam particularidades e especificidades no que se refere à avaliação e à intervenção. Outro fator que chama atenção são os dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde sobre estes transtornos específicos. Os dados abaixo foram coletados de estudos baseados nas populações americanas e europeias e trazem algumas condições que merecem ser avaliadas:
Figura 3 – Prevalência dos transtornos mentais em crianças e adolescentes.
Fonte: Do Autor.
Observe que dentre os Transtornos de Início Precoce (que podem ser diagnosticados, muitas vezes, bem cedo e cujas crianças já nascem com estes comprometimentos), o Transtorno de Linguagem Expressiva e a Dislexia são os transtornos que apresentam a maior prevalência (3,4% e 4,5%, respectivamente). O autismo ocupa um patamar pequeno (aproximadamente 0,5%), porém não deve ser desconsiderado porque mesmo com uma taxa baixa, suas consequências podem ter uma magnitude significativa.
Dentre os Transtornos de Desenvolvimento destacam-se O Transtorno Desafiador Opositor (6,0%), em que a criança apresenta problemas de comportamento e a Enurese Noturna (4,5%), transtorno emocional, em que a criança não consegue segurar o xixi durante a noite.
Já dentre os Transtornos de Idade e de Início Específicos (emque a criança não nasce com o problema, mas pode desenvolvê-lo durante a sua vida) a alta taxa de prevalência relaciona-se as fobias específicas, que são medos, correlacionados a uma alta condição ansiógena.
A tabela abaixo traz algumas informações também importantes:
Figura 4 – Prevalência dos transtornos mentais em crianças e adolescentes.
Fonte: Adaptado de Remschimidt e Belfer (2005, p. 147-153).
Dentre os Transtornos de Desenvolvimento Dependentes da Interação (que são alterações emocionais relacionadas, principalmente ao contexto onde as crianças e adolescentes estão inseridos (as) merecem destaque os problemas relacionados à rivalidade entre irmãos (14%) e ao transtorno alimentar (3,0%), seguidos de abuso físico e negligencia (1,5%).
Já dentre os Transtornos Típicos de Adulto com início Precoce (que são problemas vivenciados na fase adulta, as que podem começar a ter sua origem na infância), merecem destaque o Abuso de álcool em adolescentes (10,0%), seguidos de dependência de álcool (4,0-6,0%) e depressão (2,0%).
VÍDEO AULA 01
Diante dos dados apresentados, é muito importante entendermos como os Transtornos, Síndromes e/outros problemas são ocasionados e/ou estabelecidos. Para tal, precisamos conhecer um pouco mais sobre a formação da personalidade de cada indivíduo:
REFLITA: Por que as pessoas se comportam da forma como o fazem?
Realizaremos agora uma dinâmica interessante:
Pense na sua principal característica, pode ser tanto uma positiva quanto uma negativa. Agora tente voltar ao seu passado para se lembrar se você sempre se comportou assim. Pode parecer que sim, mas ao longo desta aula vamos verificar que você não nasceu “possuidor” desta característica.
VAMOS ENTENDER UM POUCO MELHOR TUDO ISSO...
Todos os nossos comportamentos constituem o que se chama personalidade. Para uma abordagem da psicologia denomindada Análise do Comportamento, nossa personalidade, quando nascemos, não está pronta em cada um de nós. Pelo contrário, ela é aprendida e desenvolvida ao longo da nossa vida e está em constante mutação, ou seja, tudo o que somos pode ser aprendido e, desta forma, todos podemos MUDAR!
Observe a ilustração abaixo:
Figura 5 – Fluxo da personalidade.
Fonte: Do Autor.
De acordo com Haydu (2008), a personalidade é entendida pela análise do comportamento como um conjunto de comportamentos que são adquiridos ao longo da vida. Estes comportamentos dependem da interação de fatores biológicos e ambientais, que produzem interações recíprocas. O organismo e os eventos ambientais afetam um ao outro (interagem) e as relações entre estes eventos ambientais e o comportamento dos indivíduos são denominadas relações funcionais.
Para esta mesma autora, os eventos comportamentais são contínuos e estão em constante alteração, isto é, o organismo, ao longo de toda a sua vida, apresenta um processo de adaptação que é ininterrupto.
O ambiente é compreendido como sendo o conjunto de estímulos capaz de entrar em relação funcional com o comportamento de um organismo, isto é, capaz de alguma forma de afetar o seu comportamento.
O desenvolvimento do comportamento de um indivíduo é o aspecto mais evidente de que o processo é histórico. Isso significa dizer que a sua análise deve levar em consideração as variáveis que estiveram presentes na história passada do individuo, as que estão presente em uma dada situação e aquelas que são denominadas variáveis de contexto.
	
	VOCÊ SABE O QUE SÃO VARIÁVEIS DE CONTEXTO?
As variáveis de contexto consistem nas condições nas quais as interações entre os estímulos ambientais e o organismo ocorrem.
Neste sentido, aprendemos a ser quem somos e isso acontece desde o momento em que nascemos. Toda essa aprendizagem, proveniente e inúmeras relações, acaba se constituindo no que é chamado de personalidade, porém, o que enxergamos como personalidade pode ser subdividida em algumas categorias ou classes. Observe a subdivisão abaixo:
Figura 6 – Organograma sobre o desenvolvimento da personalidade.
Fonte: Do Autor.
Pode-se observar que a PERSONALIDADE depende da interação entre fatores BIOLÓGICOS e AMBIENTAIS. Os fatores biológicos envolvem condições relacionadas à HEREDITARIEDADE (herança genética) e os FATORES MATERNOS PRÉ-NATAIS, além das condições relacionadas ao TEMPERAMENTO de cada criança.
Entende-se como TEMPERAMENTO o subconjunto biologicamente determinado da personalidade. São os limites ou a tolerância que cada indivíduo apresenta diante de diferentes condições como sono, sede, fome, intensidade luminosa, som, temperatura, dentre outros. Este subconjunto é constituído por substratos neurológicos, bioquímicos e endocrinológicos.
PALAVRA DA PROFESSORA
Você já observou como as pessoas reagem de maneira diferente a diversas situações. Que mesmo as crianças que são gêmeas, que apresentam substratos biológicos semelhantes, crescem e apresentam comportamentos diferentes? Tal condição relaciona-se ao desenvolvimento da personalidade e da tolerância que cada indivíduo vai desenvolvendo frente às demandas da vida. É por este motivo que ninguém é igual a ninguém, que cada ser humano é único e incomparável!
A partir do temperamento ou da interação com o ambiente são constituídos ou entram em ação os fatores ambientais. Tais fatores envolvem a interação existente entre MÃE X BEBÊ. Nesta interação, mãe criança passam a praticar consistentemente respostas específicas em uma variedade de situações diferentes. Por exemplo, quando a criança chora a mãe alimenta, troca as fraldas, faz massagem e, neste sentido, torna-se um HÁBITO para a criança chorar para obter algo ou aliviar-se de alguma coisa indesejada. Este choro pode tornar-se um TRAÇO de personalidade quando ele organizar-se em um agrupamento de hábitos como, por exemplo, chorar para requerer um doce ou controlar uma determinada situação, por exemplo. O CARÁTER é entendido como o grau de fidelidade da pessoa a valores ou costumes da sociedade em que vive. Este aspecto também é desenvolvido com o tempo com a educação que é transmitida para a criança.
PALAVRA DA PROFESSORA
É muito importante que você conheça todos estes conceitos, pois eles serão necessários quando estudarmos os transtornos globais em específico, para que cada um de vocês saibam diferenciar problemas de desenvolvimento que são genéticos, que a criança já apresenta desde o nascimento, como o Autismo ou a Síndrome de Rett, de problemas que são adquiridos neste processo de interação como as Psicoses.
VÍDEO AULA 02
FAÇA O LINK:
Acesse a página < http://www.4shared.com/office/3VQqWmXk/Haydu_V_B_Aprendizagem_-_Desen.html >.
Leia o artigo completo da professora Veronica Bender Haydu, intitulado “Aprendizagem, Desenvolvimento e Adaptação”.
Nós vamos agora caminhar um pouco mais... vamos entender os Transtornos Globais de Desenvolvimento. É importante saber que vários transtornos psicopatológicos e deficiências na infância e adolescência podem se manifestar de maneira bastante sutil, muitas vezes apresentando grandes dificuldades para o avaliador durante a formulação do diagnóstico e para o professor especialista em educação especial. Em outros casos, as alterações comportamentais são bastante perceptíveis e, desde muito cedo, a família já desconfia que algo não está bem.
Mas, afinal, o que são estes transtornos? De acordo com a Organização Mundial de Saúde (1997), O CID-10, é:
A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10), publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Visa padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde e fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. A cada estado de saúde é atribuída uma categoria única à qual corresponde um código CID.
De acordo com este manual, os Transtornos Globais do Desenvolvimento são classificados como:
Figura 7 – Conceito de transtorno globaldo desenvolvimento
Fonte: Adaptado de Organização Mundial de Saúde (1997).
	
	Quer conhecer um pouco mais sobre a CID 10, acesse o site: http://www.medicinanet.com.br/cid10.htm
Pode-se perceber que pessoas com Transtornos Globais do Desenvolvimento apresentam prejuízos severos e invasivos em todas as áreas do desenvolvimento (habilidades de interação social recíproca, comunicação ou presença de comportamentos estereotipados) e cada um diferencia-se do outro por alguma característica individualizada. Frequentemente estão associados a uma outra condição clínica, mas nos aprofundaremos neste item quando conhecermos cada transtorno em específico.
São cinco os subtipos de Transtornos Globais do Desenvolvimento:
Quadro 1 – Subtipos de Transtornos Globais do Desenvolvimento
	Transtorno Autista
	É uma disfunção global do desenvolvimento, crônica, incapacitante que compromete o desenvolvimento normal de uma criança e se manifesta tipicamente antes do terceiro ano de vida. Caracteriza-se por lesar e diminuir
o ritmo do desenvolvimento  psiconeurológico, social e linguístico.
Apresentam reações anormais a sensações diversas como ouvir, ver, tocar, sentir, equilibrar e degustar. A linguagem é atrasada ou não se manifesta. Relacionam-se com pessoas, objetos ou eventos de uma maneira não usual, tudo levando a crer que haja um comprometimento orgânico do Sistema Nervoso Central.
	Síndrome de Rett
	É uma anomalia no gene mecp2, que causa desordens de ordem neurológica, acometendo quase que exclusivamente crianças do sexo feminino.
	Síndrome de Asperger (SA)
	É uma síndrome do espectro autista, diferenciando-se do autismo clássico por não comportar nenhum atraso global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo.
	Transtornos Desintegrativos na Infancia (TDI) – Psicose Infantil
	É um quadro psicopatológico clássico, reconhecido pela psiquiatria, é como um estado psíquico no qual se verifica certa "perda de contato com a realidade".  Desta forma surgem também, nos momentos de crise, dificuldades de interação social e em cumprir normalmente as atividades de vida diária.
	Transtorno Invasivo do Desenvolvimento sem outra especificação (TID- SOE)
	O TID-SOE é uma categoria diagnóstica de exclusão e não possui regras especificadas para sua aplicação. Alguém pode ser classificado como portador de TID-SOE se preencher critérios no domínio social e mais um dos dois outros domínios (comunicação ou comportamento). Além disso, é possível considerar a condição mesmo se a pessoa possuir menos do que seis sintomas no total (o mínimo requerido para o diagnóstico do autismo).
	Síndrome de Kanner
	Um grave distúrbio de infância geralmente apresentando nos anos 2º ou 3º da vida. As principais características clínicas são a falta de resposta a outros seres humanos, com desapego dos pais ou outras pessoas, ausência ou anormalidade de desenvolvimento da linguagem e da fala, comportamento anormal, com birras e atividades repetitivas; interesse obsessivo em coisas
pequenas, padrões, música, quebra-cabeças; insistência na preservação da mesmice no ambiente. Muitas das crianças apresentam deficiência intelectual e 50% apresentam atraso no desenvolvimento motor marcada. A criança parece alerta e atraente, apesar de um comportamento estranho.
Fonte: Fascion (2005).
Observe a figura abaixo.
Figura 8 – Tipos de transtornos.
Fonte: Mercadante, Van Der Gaag e Schwartzman (2006, p. 519).
Este é um quadro que foi organizado pelos professores Mercadante, Van Der Gaag e Schwartzman (2006), ambos grandes estudiosos dos Transtornos Globais do Desenvolvimento aqui no Brasil. Observe as linhas de intersecção entre os transtornos. Elas querem mostrar como alguns comportamentos apresentados pelas crianças e adolescentes são muito parecidos, dificultando o que é chamado de diagnóstico diferencial. Por exemplo: uma criança que apresenta Síndrome de Asperger pode apresentar comportamentos parecidos com o de uma criança autista, ou que apresenta TID- SOI, ou pode apresentar comportamentos parecidos com o de uma criança que apresenta TID, ou a síndrome semântico pragmática (que é uma dificuldade na fala, tratada principalmente pelos fonoaudiólogos).
Neste sentido, é muito importante conhecer cada Síndrome em Específico para que não ocorram dúvidas, tanto no diagnóstico quanto na intervenção!
VÍDEO AULA 03
Nós vamos agora entender um pouco mais sobre um dos principais Transtornos Globais do Desenvolvimento que é o Autismo, mas para isso, sugiro que você primeiro veja o vídeo indicado no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=tAj_QPJrNUA
O que você achou do Mateus?
Você conhece alguma criança que se parece com ele?
Goulart e Assis (2002, p. 152) apontam que “[...] Nos últimos anos, tem havido um aumento significativo na pesquisa científica sobre o autismo em diversas áreas, visando à ampliação do conhecimento, tanto acerca da natureza do transtorno, como de possíveis estratégias de tratamento”. Destaca que este aumento contribui para os avanços nas informações acerca do diagnóstico nesta área, o qual precisa ser realizado sempre o mais cedo possível em função da sua natureza e gravidade.
Goulart e Assis (2002) apontam que o autismo foi descrito pela primeira vez com um termo denominado "Autismo Infantil Precoce". Quem fez esta primeira descrição foi um autor chamado Kanner que em 1944
[...] utilizou o termo para caracterizar a condição clínica de um grupo de 11 crianças que apresentavam limitações no relacionamento com outras pessoas e com objetos, além de desordens no desenvolvimento da linguagem. O comportamento dessas crianças resumia-se a atos repetitivos e estereotipados, e a maioria, quando falava, apresentava ecolalia e inversão pronominal. Tinham dificuldade em aceitar mudanças de ambiente, além de demonstrar preferência por objetos inanimados (GOULART; ASSIS, 2002, p. 152).
As principais características às quais o autor se referia quando utilizava a palavra autismo eram comportamentos de isolamento e autoestimulação. Havia também muita imprecisão em relação a quais fatores, biológicos ou psicológicos poderiam ser responsáveis pelo transtorno autista e estes fatores permanecem até os dias atuais.
Goulart e Assis (2002) destacam que as descrições apresentadas no “Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM)”, publicado pela Associação Psiquiátrica Americana (APA), são as que mais se aproximam do que pode ser percebido e nomeado como definição do Transtorno do Espectro Autista.
[...] o autismo (Transtorno Autista) é definido como um Distúrbio Global do Desenvolvimento caracterizado por prejuízos comportamentais que são agrupados em três categorias principais: (1) comprometimento da interação social, (2) comprometimento da comunicação, e (3) padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento. A lista de critérios diagnósticos para o transtorno apresenta quatro critérios para cada uma dessas categorias (GOULART; ASSIS, 2002, p. 152).
Goulart e Assis (2002) ainda destacam que para receber o diagnóstico de Transtorno Autista, o paciente deve reunir pelo menos 6 dentre os 12 critérios, respondendo ao número mínimo de critérios estabelecido para cada categoria, com início dos sintomas anterior aos três anos de idade. Windholz (1995 apud GOULART; ASSIS, 2002, p. 153), afirma que há:
[...] diferenças individuais entre as pessoas com autismo, quanto ao nível de desenvolvimento e habilidades aprendidas, problemas de conduta, prejuízos orgânicos. Seus ambientes familiares são distintos, tanto do ponto de vista sócio-econômico e cultural, como quanto à capacidade de seus membros enfrentarem o problema de ter um filho com autismo.
Os autores Alessandra Pereira, Rudimar S. Riesgo e Mario B Wagner (2008), adaptaram uma escala que possibilita aos profissionais brasileiros realizarem o diagnóstico do autismo, denominada Cars. Eles apontam no início do artigo intitulado “Autismo infantil: tradução e validação da Childhood Autism Rating Scale para uso no Brasil” as seguintes informações:
A Childhood AutismRating Scale (CARS) foi desenvolvida ao longo de 15 anos e especialmente eficaz na distinção de casos de autismo leve, moderado e grave, alem de discriminar crianças autistas daquelas com retardo mental. Seu uso oferece diversas vantagens sobre outros instrumentos: a inclusão de itens que representam critérios diagnósticos variados e refletem a real dimensão da síndrome, aplicabilidade em crianças de todas as idades, inclusive pré-escolares, além de escores objetivos e quantificáveis baseados na observação direta.
A identificação do autismo é de fundamental importância, e a utilização de um instrumento padronizado e mundialmente aceito permite diagnóstico precoce e acurado, além de possibilitar a troca de informações entre diferentes centros de pesquisa (PEREIRA; RIESGO; WAGNER, 2008, p. 488).
As principais características do autismo envolvem um indivíduo que apresenta um desenvolvimento anormal ou alterado, principalmente no funcionamento das interações sociais e da linguagem, que precisa ser manifestado antes dos três anos de idade. Muitas crianças apresentam dificuldades graves de comunicação e comportamento focalizado e repetitivo.
Vale a pena lembrar que uma falha na comunicação não envolve somente a linguagem. Comunicar é expressar, olhar nos olhos, entender a mensagem e emitir algum tipo de resposta.
A incidência do autismo é de 1 em cada 100 crianças e esta informação provém da Organização Mundial de Saúde. O autismo é mais frequente em meninos e a ciência ainda não sabe o porquê desta informação, mas muitos estudos e pesquisas têm sido desenvolvidas para que se possa entender o porquê desta incidência tão alta, que pode acontecer em pessoas, independente da sua raça, nacionalidade ou religião.
O Transtorno do Espectro autista é um distúrbio de desenvolvimento complexo e só pode ser diagnosticado e definido de um ponto de vista comportamental. Isso significa dizer que não existe um marcador biológico para identificar o autismo e praticamente toda a avaliação da criança é definida comportamentalmente.
O quadro abaixo mostra algumas manifestações comportamentais que as crianças autistas apresentam:
Figura 9 – Manifestações comportamentais
Fonte: Do Autor.
VOCÊ SABE O QUE É COMPORTAMENTO REPETITIVO E ESTEREOTIPADO?
É quando o indivíduo apresenta o mesmo comportamento diversas vezes, de forma repetitiva e não percebe que está comportando-se desta forma.
O documentário sugerido apresenta algumas crianças que apresentam este comportamento repetitivo e um repertório restrito:
https://www.youtube.com/watch?v=mNab1gzIy1o
Vamos resumir alguns pontos importantes:
Figura 10 – Principais características do autismo
Fonte: Adaptado de Organização Mundial de Saúde (1997).
 
Figura 11 – Incidência do autismo.
Fonte: Do Autor.
Faça o link: quer conhecer um pouco mais sobre esta escala, acesse:
http://marciocandiani.site.med.br/index.asp?PageName=Escala-20CARS-20para-20avalia-E7-E3o-20complementar-20de-20Autismo
Diante de tudo que exploramos nesta unidade, gostaria de propor uma questão a ser discutida no fórum:
A inclusão dos alunos da área de TGD nas escolas do ensino regular implica em reflexões e mudanças no ensino, envolve a quebra de paradigmas e a urgência em rever nossas práticas pedagógicas. Vamos dialogar sobre esse processo?
GOULART E ASSIS, G. J. A.; GOULART, P. Estudos sobre autismo em análise do comportamento: aspectos metodológicos. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, São Paulo, v. 4, n. 2, dez. 2002. Disponível em: < http://www.usp.br/rbtcc/index.php/RBTCC/article/view/113/101 >. Acesso em: dez. 2012.
FASCION, J. R. Transtornos invasivos do desenvolvimento e transtornos do comportamento disrruptivo. Curitiba: IBPEX, 2005.
HAYDU, V. B. Aprendizagem, desenvolvimento e educação. In: ZAMBERLAN, M. A. T. Psicologia e prevenção: modelos de intervenção na infância e na adolescência. Londrina: EDUEL, 2008.
MERCADANTE, Marcos T; VAN DER GAAG, Rutger J.; SCHWARTZMAN, Jose S. Transtornos invasivos do desenvolvimento não-autísticos: síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância e transtornos invasivos do desenvolvimento sem outra especificação. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 28, 2006. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44462006000500003&script=sci_arttext >. Acesso em: dez. 2012.
MILITÃO, A. S.O.S dinâmicas de grupo. Rio de Janeiro: Qualytimark, 1999.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CID-10: Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10. ed. São Paulo: USP, 1997. v. 2.
PEREIRA, A.; RIESGO, R. S.; WAGNER, M. B. Autismo infantil: tradução e validação da Childhood Autism Rating Scale para uso no Brasil. J. Pediatr., Rio de Janeiro, v. 84, n. 6, 2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/jped/v84n6/v84n6a04.pdf >. Acesso em: dez. 2012.
REMSCHIMIDT, H.; BELFER, M. Mental health care for children and adolescents worldwide: a review. World Psychiatry, v. 4, n. 3, p. 147-153, 2005.
EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA
WEBAULA 1
Unidade 2 – Transtornos Globais de Desenvolvimento
 
Prezado (a) aluno (a):
É com muita alegria que iniciamos a segunda unidade desta disciplina. Na unidade anterior começamos a conhecer um pouco mais sobre o autismo. Nesta unidade iremos aprofundar um pouco mais nosso conhecimento. Vamos começar avaliando as causas da maioria dos casos de autismo.
Ainda não foram completamente definidas as causas do autismo. Além das condições genéticas, alguns fatores pré, peri e pós-natais merecem destaque. As figuras abaixo resumem estes fatores:
Figura 1 – Fatores ambientais.
Fonte: Do Autor.
Observem que condições ambientais podem acionar fatores genéticos pré- existentes. No período pré-natal merecem destaque o abuso de álcool e drogas, algumas infecções virais e bacterianas que podem atingir o Sistema Nervoso central e alterações endocrinológicas da gestante.
Figura 2 – Outros fatores ambientais.
Fonte: Do Autor.
No período pós-natal (após o nascimento) a ciência ainda não descobriu evidencias suficientes que relacionem o autismo a doenças específicas, como sarampo, rubéola ou caxumba. Os principais fatores que estão sendo estudados e que podem contribuir são idade paterna, fatores associados a poluição e pesticidas, dentre outros fatores que ainda não têm estudos conclusivos.
Figura 3 – Prognóstico em relação ao transtorno do espectro autista.
Fonte: Do Autor.
Existem graus variados de autismo e quanto mais cedo for realizado o diagnóstico, maiores são as chances de minimizar o problema, porém é importante destacar que o autismo não tem cura.
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Vamos agora conhecer uma outra Síndrome muito parecida com as formas leves de autismo, denominada Síndrome de Asperger:
A Síndrome de Asperger se caracteriza por uma reunião de sintomas que impedem ou desfavorecem a interação social. Percebe-se que as pessoas com Síndrome de Asperger podem até ter a intenção de se relacionar com os outros, mas, na maioria das vezes, não sabe “como fazê-lo”, abordando as pessoas de maneira inapropriada e até mesmo peculiar. Eles tem muitas dificuldades e dentre elas encontram-se a incompreensão das regras sociais, tendo dificuldade para colocar-se no lugar do outro (ser empático) e interpretar algumas situações de interação social diária. Diante destes fatores entende-se que as regras de convivência social necessitam ser ensinadas explicitamente, uma vez que não podem ser aprendidas pela simples observação.
É muito importante observar que as crianças que apresentam Síndrome de Asperger não tem dificuldades para falar (atrasos no desenvolvimento da linguagem), porém, apresentam dificuldades para comunicar-se, apresentando dificuldades com pragmática (emprego da linguagem em contextos sociais) e com a semântica, não sabendo identificar os vários significados de uma palavra, considerando as informações no sentido literal, ou seja, “ao pé da letra”. Quando alguém lhe diz, por exemplo, “você vai me matar de rir” ele pode entender que a pessoairá (realmente) morrer de tanto rir. Outras dificuldades podem também estar relacionadas à construção da prosódia (tom, a intensidade, e o ritmo do discurso).
É comumente observado que crianças e adolescentes que apresentam Síndrome de Asperger possuem um vocabulário sofisticado. Outro ponto relaciona-se ao tipo de assunto escolhido e tido como centro de interesse. Os tópicos são geralmente restritos e eles geralmente falam o tempo todo sobre o que consideram interessante. Também podem apresentar comportamento excessivamente retraído e ter restrições quanto a regras de conversação, interrompendo ou falando ao mesmo tempo que o outro discursa, é possível que façam comentários sem relevância ou tendo inabilidade social em iniciar ou terminar uma conversa.
A medida que o indivíduo vai atingindo a adolescência, o discurso pode tornar-se pretensioso ou formal em excesso. Eles parecem adultos em miniatura e outros déficits comportamentais em seu repertório de habilidades sociais pode aparecer como, por exemplo, conversar numa posição excessivamente próxima do outro, sem ao menos perceber; olhar fixo, ter posturas corporais anormais, incapacidade em compreender linguagem gestual e facial.
Geralmente apresenta capacidade intelectual mediana ou acima da média, quando comparado a outras crianças e adolescentes da sua faixa etária e condição socioeconômica, apresentando comportamento capaz para outras habilidades. Podem ser proficientes no conhecimento de determinadas situações ou fatos, podendo até mesmo ter muita informação sobre um determinado assunto que seja do seu interesse ou em que esteja absorvido. Percebe-se que estas crianças, adolescentes e adultos apresentam uma certa dificuldade na apresentação do pensamento abstrato, tanto para formularem tais estratégias de pensamento quanto para compreender mensagens que as envolvam em interações sociais. Tal fator pode refletir-se na aprendizagem escolar, principalmente para a compreensão e interpretação de textos, resolução de problemas que exijam pensamento hipotético dedutivo, capacidades organizacionais, na interpretação e desenvolvimento de conceitos, deduções e julgamentos. Apresentam, desta forma, o que pode ser denominado inflexibilidade cognitiva, apresentando pensamento rígido.
Outro comportamento percebido é a dificuldade para lidar e adaptar-se a mudanças.
Estudos indicam que de 50% a 90% das pessoas com Síndrome de Asperger apresentam defasagens em relação à coordenação motora. As áreas afetadas podem relacionar-se à locomoção, habilidades motoras globais como jogar ou chutar uma bola, por exemplo, e equilíbrio. Mais tarde os pais percebem dificuldades relacionadas à coordenação e destreza manual, em relação a escrita, apresentando lentidão para realizar movimentos rápidos, falta de ritmo ou dificuldade para realizar a imitação de movimentos.
Os Indivíduos com Síndrome de Asperger detém características muito parecidas com as das crianças que apresentam a Síndrome do Transtorno do Espectro Autista, principalmente em relação à forma como respondem a estímulos sensoriais, apresentando hipersensibilidade a alguns estímulos ou apresentando um comportamento inabitual para obter um estímulo sensitivo específico.
É comum que o transtorno esteja associado a déficit de atenção e concentração, mostrando-se frequentemente desatentos e distraídos. Também podem apresentar comportamento ansioso ou depressão, uma vez que pode ser muito difícil e penoso para o indivíduo adaptar-se às demandas sociais. Acompanhamento e apoio apropriados podem ajudar aliviar algum estresse.
Os Critérios de Asperger segundo o DSM-IV: os comportamentos descritos podem ser comparados aos resultados obtidos nos testes de AUTISMO. (F84. 5 - 299.80 Transtorno de Asperger)
Inicialmente pode ser percebido um prejuízo qualitativo na interação social. É importante destacar que a criança, em condições de avaliação deve apresentar, pelo menos, dois dos seguintes quesitos:
(1) prejuízo acentuado no uso de múltiplos comportamentos não-verbais, tais como contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a interação social;
(2) fracasso para desenvolver relacionamentos apropriados ao nível de desenvolvimento com seus pares;
(3) ausência de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (por ex., deixar de mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse a outras pessoas);
(4) falta de reciprocidade social ou emocional (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 1995, p. 1, grifo nosso).
Outros comportamentos importantes são os Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades. As crianças, ao serem avaliadas, devem apresentar, pelo menos, um dos fatores propostos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais:
(1) insistente preocupação com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesses, anormal em intensidade ou foco;
(2) adesão aparentemente inflexível a rotinas e rituais específicos e não funcionais;
(3) maneirismos motores estereotipados e repetitivos (por ex., dar pancadinhas ou torcer as mãos ou os dedos, ou movimentos complexos de todo o corpo);
(4) insistente preocupação com partes de objetos emocional (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 1995, p. 1, grifo nosso).
Os manuais clínicos e inventários também apontam que tal síndrome pode provocar prejuízo clinicamente significativo nas áreas social e ocupacional, as quais podem desfavorecer outras áreas do funcionamento psíquico do indivíduo. Apontam também que não existe um atraso geral clinicamente significativo na linguagem onde se percebe, por exemplo, que na maioria das crianças, palavras isoladas são usadas aos 2 anos e frases comunicativas podem ser utilizadas aos 3 anos.
Também não é percebido um atraso clinicamente significativo no desenvolvimento cognitivo, ou seja, estas crianças apresentam sempre inteligência de médio a médio superior quando avaliadas em testes de QI. Outras habilidades importantes estão relacionadas ao comportamento de autoajuda apropriado à idade. Neste sentido é percebido que apresentam desenvolvimento normal da autonomia e da independência.
Finalmente, é importante destacar que o diagnóstico pode ser realizado quando não são satisfeitos os critérios para um outro transtorno invasivo do desenvolvimento ou para esquizofrenia, uma vez que os padrões comportamentais são muito parecidos.
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Resumindo:
Figura 4 – Características da Síndrome de Asperger.
Fonte: Malloy-Diniz et al (2010).
VÍDEO AULA 04
Outro Transtorno Global do Desenvolvimento que precisa ser estudado e amplamente conhecido é a Síndrome de Rett.
Em um artigo de revisão bibliográfica, o Prof. Salomão Shwartzman (2003) aponta alguns aspectos importantes relacionados à Síndrome. Conta que Andreas Rett, renomado médico, identificou, em 1966, uma condição que se caracteriza pela deterioração neuromotora em crianças do sexo feminino. Tal médico descrevia o problema como um “[...] quadro clínico bastante singular, acompanhado por hiperamonemia, tendo-o descrito como uma ‘Atrofia Cerebral Associada à Hiperamonemia’” (SHWARTZMAN, 2003, p. 110). O mesmo autor destaca que esta condição por ele descrita somente passou a ser melhor conhecida após a publicação do trabalho de outro médico chamado Hagberg. Tal estudo descreveu os sintomas apresentado por 35 meninas, e a partir do qual foi sugerido o nome Síndrome de Rett.
Shwartzman (2003, p. 110) indica que atualmente existe uma “[...] prevalência da doença estimada entre 1:10.000 e 1:15.000 meninas, sendo uma das causas mais frequentes de deficiência mental severa que afeta o sexo feminino”.
Conta que no Brasil foi Rosemberg et al, em 1987, que primeiro descreveu tal doença.
Desde então, vários trabalhos foram publicados no Brasil, divulgando o quadro clínico e tornando possível a identificação de algumas centenas de meninas afetadas. Para o diagnóstico clínico da SR podem ser utilizados oscritérios definidos pelo Rett Syndrome Diagnostic Criteria Work Group (1988) ou os propostos pelo DSM-IV (SHWARTZMAN, 2005, p. 110).
Até pouco tempo o diagnóstico da Síndrome de Rett era exclusivamente clínico. Também existem critérios para o diagnóstico de quadros atípicos da Síndrome de Rett que, de acordo com os estudos, só podem ser fechados após a criança completar 10 anos de idade. Shwartzman (2003, p. 110) aponta que, na atualidade, a descrição “[...] de uma alteração genética identificável em aproximadamente 80% dos casos sugere que esse recurso deva ser utilizado na elaboração final do diagnóstico”.
Shwartzman (2003) aponta que, geralmente, a doença evolui de forma previsível e que pode ser categorizada em estágios, que foram nomeados por Hagberg & WittEngerström (1986) da seguinte forma:
O primeiro pode ser chamado de Estágio de Estagnação Precoce e tem início quando a criança completa entre 6 e 18 meses de idade. Este estágio é caracterizado por uma parada no desenvolvimento geral. É como se a criança parasse de se desenvolver, sendo acompanhado por uma desaceleração do crescimento do perímetro craniano. Também passa a apresentar uma diminuição da interação social com consequente isolamento, ou seja, aquele bebê que antes sorria e interagia com o mundo à sua volta pode vir a apresentar um olhar vago e perdido. Esse estágio tem a duração de alguns meses.
Figura 5 – Evolução Clínica – Estágio I.
Fonte: Do Autor.
O segundo período, denominado pelos autores como rapidamente destrutivo, pode ter início entre um e três anos de idade, podendo ter a duração de algumas semanas ou até meses. Pode-se observar, de acordo com Shwartzman (2003), uma rápida e significativa regressão psicomotora. A criança também pode apresentar choro imotivado, acompanhado de períodos de extrema irritabilidade. A criança parece apresentar um comportamento muito parecido com o de crianças que apresentam transtorno do espectro autista, principalmente caracterizado, pela perda da fala e o surgimento de movimentos estereotipados das mãos. Outros problemas associados são disfunções respiratórias e crises convulsivas.
Shwartzman (2003) aponta também que, em certas crianças, há perda da fala que já estava eventualmente presente, além dos distúrbios do sono que são bastante comuns.
Figura 6 – Evolução Clínica – Estágio II.
Fonte: Do Autor.
Shwartzman (2003) destaca que entre os dois e dez anos de idade ocorre o terceiro estágio, denominado de pseudo-estacionário. Este estágio caracteriza-se pela melhora de uns sinais e sintomas, até mesmo do contato social, porém os pais não devem entender que esta melhora é indicativo de regressão da síndrome ou de sintomas.
O mesmo autor propõe que nesta fase os distúrbios motores são bastante evidentes e alguns:
[...] trabalhos estrangeiros referem que nessa fase é muito comum ocorrer perda de peso, apesar de ingesta normal. Todavia, em pesquisa conduzida no Brasil, [o autor] não encontrou desnutrição entre as crianças examinadas. Ao contrário do que se poderia esperar, várias das pacientes apresentavam sobrepeso (SHWARTZMAN, 2003, p. 111).
O que foi verificado como comum a todas as crianças foram crises de perda de fôlego, aerofagia e expulsão forçada de ar e saliva.
Em torno dos dez anos de idade pode ser iniciado o quarto estágio, denominado de deterioração motora tardia. Neste estágio pode aparecer uma lenta progressão dos déficits motores, apresentando escoliose e deficiência mental severa.
Shwartzman (2003) evidencia que a epilepsia pode se tornar menos importante. O que pode ser percebido como comum a muitas crianças é a perda gradativa dos movimentos, onde muitos passam a ter que utilizar, inclusive, cadeiras de rodas.
Observa-se, nesse período, a superposição de sinais e sintomas decorrentes de lesão do neurônio motor periférico aos prejuízos já presentes. Presença de coreo-atetose é comum nessa fase. Apesar de ser habitual afirmar-se que as meninas com [Síndrome de Rett] são normais ao nascimento e demonstram um desenvolvimento normal até os seis ou dezoito meses de idade, sabe-se hoje que em grande parte dos casos, senão em todos, há na verdade um atraso no desenvolvimento motor com hipotonia muscular e prejuízo no engatinhar, que são os sinais iniciais (SHWARTZMAN, 2003, p. 111).
Figura 7 – Evolução clínica – Estágio III.
Fonte: Do Autor.
Figura 8 – Evolução clínica – Estágio IV.
Fonte: Do Autor.
Existem outras características comuns a estas crianças, em especial ao que se relaciona ao desenvolvimento da linguagem, pois a fala geralmente é bastante afetada e, em muitos casos, absolutamente ausente. “Algumas crianças chegam a falar, deixando de fazê-lo à medida que a deterioração avança. Algumas poucas adquirem alguns vocábulos isolados” (SHWARTZMAN, 2003, p. 111).
Outra característica comum são as crises epiléticas que, de acordo com a literatura, podem assumir várias formas e demonstrar resistência à medicação antiepiléptica habitual.
Afirmar a real prevalência de epilepsia nessas pacientes é difícil, porque elas podem apresentar outras manifestações paroxísticas que são, muito frequentemente, confundidas com epilepsia. [...] Freqüentemente crises de perda de fôlego, crises hipoxêmicas seguindo episódios de apnéia são diagnosticadas erroneamente como epilepsia, o que pode contribuir para prevalências superestimadas de epilepsia nessas crianças. O eletroencefalograma é, em geral, grosseiramente anormal, exceção feita, eventualmente, às primeiras fases da doença (SHWARTZMAN, 2003, p. 111).
Estudos indicam que a sobrevida e a qualidade e vida na Síndrome de Rett pode ser limitada e um fator que pode limitar consiste em problemas respiratórios crônicos.
Dependendo da fase em que se encontra a SR, várias condições deverão ser levadas em consideração entre os diagnósticos diferenciais: patologias fixas, como a paralisia cerebral e outras encefalopatias fixas; síndrome de Angelman; autismo infantil; e várias doenças metabólicas (por ex. lipofuccionoses) (SHWARTZMAN, 2003, p. 112).
Resumindo:
Figura 9 – Neuropatologia da Síndrome de Rett.
Fonte: Do Autor.
O vídeo sugerido conta histórias emocionantes de famílias que convivem com esta síndrome:
https://www.youtube.com/watch?v=BuGs7hE5dig
Outro Transtorno Global do Desenvolvimento importante é o chamado Transtorno Desintegrativo na Infância ou a comumente chamada Síndrome de Heller. Sobre esta síndrome podemos observar que:
Figura 10 – Definição de transtorno global do desenvolvimento
Fonte: Do Autor.
Figura 11 – Diagnóstico diferencial.
Fonte: Do Autor.
Sobre este transtorno, os professores Mercadante, Van Der Gaag e Schwartzman (2006), no artigo intitulado “Transtornos invasivos do desenvolvimento não-autísticos: síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância e transtornos invasivos do desenvolvimento sem outra especificação” aponta os seguintes aspectos:
Conta que Heller, em 1908, “[...] relatou seis casos de crianças jovens que, após um desenvolvimento aparentemente normal nos primeiros três a quatro anos de vida, apresentaram uma perda muito grave das habilidades sociais e comunicativas” (MERCADANTE; VAN DER GAAG; SCHWARTZMAN, 2006, p. 14). Destacam que esse quadro foi denominado por Heller como a condição “dementia infantilis”, porém, esta definição nunca foi satisfatória porque os casos apresentados com transtornos Invasivos do Desenvolvimento não poderiam ser comparáveis à demência, uma vez que a perda de memória e de habilidades executivas não são notáveis; e, em segundo lugar, devido ao fato de não ter sido identificada nenhuma causa orgânica da trajetória do prejuízo. Apontam que a Síndrome de Heller foi, introduzida em um sistema de classificação psiquiátrica pela primeira vez no DSM-III, que é um manual diagnóstico estatístico de transtornos psiquiátricos. Inicialmente, foi incluída sob a categoria de Transtorno Desintegrativo na Infância, uma vez que provocava como conseqüência a perda das habilidades sociais e comunicativas (MERCADANTE; VAN DER GAAG; SCHWARTZMAN, 2006).
O TDI é uma condição extremamente rara,e pode ser caracterizado em seu curso pela deterioração continuada nem por nenhum progresso. Em outras palavras, após a regressão dramática no início, chega-se a um status quo, mas um tremendo impacto no desenvolvimento pode ser observado durante toda a vida (MERCADANTE; VAN DER GAAG; SCHWARTZMAN, 2006, p. 14).
O Transtorno Desintegrativo na Infância necessita ser diferenciado do autismo em alguns aspectos: mesmo que a criança apresente perda de contato e déficits de comportamento de interação social, observa-se que a criança apresenta desenvolvimento normal nos primeiros anos de vida, acontecendo posteriormente uma lenta regressão. Isso acontece em até 30% de todos os casos.
Ainda não se sabe sobre a etiologia do Transtorno Desintegrativo na Infância, ou seja, sua origem ainda é desconhecida. Muito ainda precisa ser investigado sobre causas genéticas, metabólicas ou infecciosas relacionadas a esses casos ainda inexplicados.
Também não existe tratamento para TDI. Mercadante, Van Der Gaag e Schwartzman (2006, p. 14) apontam que a melhor estratégia é um trabalho multidisciplinar, pois “[...] como as complicações neurológicas, especialmente a epilepsia, são comuns e essas crianças funcionam no nível de grave a profundo retardo mental, é necessário um acompanhamento em várias áreas”. Os mesmos autores sugerem um trabalho direcionado para os pais com psicoeducação.
Mercadante, Gaag e Schwartzman (2006) relatam um estudo realizado por Mouridsen, onde ele comparou 39 casos de crianças com Transtorno Invasivo com crianças autistas durante 22 anos. Neste estudo Mouridsen verificou que os indivíduos que apresentavam TDI tinham um funcionamento global mais comprometido com maior incidência de epilepsia como comorbidade, confirmando a noção de que o TDI é pior do que nos transtornos do espectro autista em geral.
Finalmente, o último transtorno que iremos estudar é a Síndrome de Tourette. Ela pode afetar significativamente a aprendizagem dos nossos alunos e tem sido muito comum nas escolas inclusivas.
A síndrome de Tourette (ST) é uma patologia caracterizada pelo comprometimento psicológico e social dos acometidos, causando impacto na vida dos portadores e familiares. Ela é geralmente associada ainda a uma variedade de problemas comportamentais e emocionais.
HISTÓRICO DA SÍNDROME: Loureiro et al (2005) aponta que em 1825, ocorreu a primeira descrição de um paciente com tiques e comportamentos, que caracterizam a Síndrome de Tourette. Conta que esta descrição específica foi realizada por um médico francês chamado Jean Itard, o qual fez o diagnóstico da Síndrome na Marquesa de Dampierre. Porém somente em 1884, esta doença recebeu a denominação de Síndrome de Gilles de la Tourette. Isso aconteceu quando o médico e ainda
[...] aluno Gilles de La Tourette, no Hospital de la Salpêtrière, relatou a patologia como um distúrbio caracterizado por tiques múltiplos, incluindo o uso involuntário ou inapropriado de palavras obscenas (coprolalia) e a repetição involuntária de um som, palavra ou frase de outrem (ecolalia) (LOUREIRO et al, 2005, p. 218).
Estes relatos de Giles foram realizados tendo como base os relatos do próprio Itard. É sabido que a cada ano, a incidência de casos da síndrome vem crescendo em todo mundo e isto se deve, provavelmente a uma maior disponibilização das informações e sobre a doença.
O QUE É A SÍNDROME DE TOURETTE: A doença é caracterizada como “[...] um distúrbio genético, de natureza neuropsiquiátrica, caracterizado por fenômenos compulsivos, que, muitas vezes, resultam em uma série repentina de múltiplos tiques motores e um ou mais tiques vocais, durante pelo menos um ano, tendo início antes dos 18 anos de idade” (AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION, 1994; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000; PETERSON, 2001; PAULS, 2003 apud LOUREIRO et al., 2005, p. 219). Estes dados são coerentes com a denominação proposta pela American Psychiatry Association e pela World Health Organization, sendo estas duas associações de destaque no mundo no que se refere a diagnóstico de síndromes.
[Os] [...] tiques podem ser classificados como motores e vocais, subdividindo-se, ainda, em simples e complexos. Geralmente, pacientes com Síndrome de Tourette apresentam, inicialmente, tiques simples, evoluindo para os mais complexos; entretanto, o quadro clínico pode variar de paciente para paciente (LECKMAN et al, 2001; MERCADANTE et al, 2004 apud LOUREIRO et al, 2005, p. 219).
OS TIQUES MOTORES: Loureiro et al. (2005) destacam que os tiques motores podem ser classificados de acordo com o grupamento muscular envolvido. Os tiques motores simples são caracterizados quando as pessoas apresentam movimentos repentinos, repetidos e sem nenhum propósito. “Eles envolvem contrações de grupos musculares funcionalmente relacionados (por exemplo, piscar os olhos e movimentos de torção de nariz e boca)” (LOUREIRO et al, 2005, p. 219). Já os tiques motores complexos podem ser apresentados lentamente e podem envolver grupos musculares não relacionados funcionalmente. Também parecem ser apresentados propositalmente.
Os tiques motores complexos incluem imitação de gestos realizados por outrem, sejam eles comuns (ecocinese) ou obscenos (ecopraxia) e a realização de gestos obscenos (copropraxia) (Braunwald et al., 2002). São frequentemente observados compulsões e gestos balizados, simétricos ou mesmo movimentos violentos com arremesso de objetos (LOUREIRO et al., 2005, p. 219).
OS TIQUES VOCAIS: Em relação aos tiques vocais pode-se observar o aparecimento de sons que podem aparecer desde um coçar a garganta e fungar até utilizar involuntariamente ou inapropriadamente palavras chulas ou obscenas (coprolalia). Algumas pessoas também costumam repetir palavras ou frases, que é chamado palilalia ou podem também repetir involuntariamente frases de outras pessoas (ecolalia). Loureiro et al (2005, p. 219) aponta que pode-se observar “[...] também, o uso repetido de palavras aleatórias, caracterizadas por sonoridade complexa ou exótica, arbitrariamente colocadas entre ou no meio das frases”.
O vídeo traz a história de um garoto que apresenta Síndrome de Tourette. Observe os seus comportamentos e principalmente como ele se sente diante do problema:
(parte 1)
https://www.youtube.com/watch?v=C4JmBRKs7C4
 
(parte 2)
https://www.youtube.com/watch?v=mpIRbUayw04
É importante destacar que uma criança ou adolescente que apresenta tiques não tem necessariamente a Síndrome de Tourette. É comum que crianças que apresentam transtornos de ansiedade apresentem alguns tiques ou que crianças que apresentam Transtornos de Linguagem tenham alguma dificuldade para falar e emitam sons, uma vez que “Todas as formas de tiques podem ser exacerbadas por estresse, sendo normalmente reduzidas durante o sono e em algumas atividades que exijam concentração” (ARZIMANOGLOU, 1998; MERCADANTE et al, 2004 apud LOUREIRO et al, 2005, p. 220).
O DIAGNÓSTICO: o diagnóstico da Síndrome de Tourette pode ser realizado pela observação de sintomas característicos, os quais foram já descritos acima. Ainda não existe nenhum teste laboratorial específico que confirme o diagnóstico da Síndrome de Tourette porque ainda não foram identificados marcadores biológicos para esta síndrome. O que deve ser realizado é a exclusão de outros distúrbios que possuem sintomas semelhantes, ou seja, se o indivíduo não apresentar nenhum outro tipo de comprometimento pode-se pensar na síndrome.
Loureiro et al. (2005, p. 220) apontam que mesmo não existindo um exame que faça o diagnóstico preciso:
[...] algumas características peculiares e a análise do quadro clínico do paciente auxiliam no diagnóstico conclusivo da ST, onde sintomas como: a presença de múltiplos tiques motores e vocais, com início antes dos 18 anos de idade, sem origem em nenhuma resposta fisiológica (por exemplo, uso de estimulantes), com ocorrências diárias, estendendo-se por mais de um ano e com comprometimento social, ocupacional e/ou emocional, tornam-se decisivos para a definição do quadro patológico.
 
A SALA DE RECURSOS E O ATENDIMENTO ESPECIALIZADOEM TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO
De acordo com Gotti (2006, p. 268, grifo do autor):
[...] o desafio da educação brasileira é a implementação da política educacional de promoção do acesso, da qualidade e da eqüidade com a organização de escolas que atendam a todos os alunos sem nenhum tipo de discriminação e que reconheçam as diferenças como fator de enriquecimento do processo educacional. A resolução do CNE / CEB nº2/2001 institui as diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica, com base na LDB, orientando os sistemas tanto para a prática da inclusão (Os sistemas de ensino devem matricular a todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando condições necessárias para uma educação de qualidade para todos), quanto para o atendimento educacional especializado (organizado para apoiar, complementar e suplementar os serviços educacionais comuns).
A educação especial presta alguns serviços com objetivo de atender as necessidades educacionais especiais de alunos. Este atendimento é denominado de Atendimento Educacional Especializado. Gotti (2006) propõe como exemplo de atividades educacionais especiais a Língua Brasileira de Sinais (Libras), o Sistema Braille e com ele todo o referencial de trabalho sobre orientação e mobilidade, o método de ensino da matemática denominado Soroban e o ensino da escrita cursiva. Também compõem o Atendimento Educacional Especializado o trabalho voltado à estimulação/intervenção precoce, a qual tem como principal objetivo o favorecimento do desenvolvimento cognitivo, sensório-motor, de linguagem e socioafetivo de crianças, desde o nascimento até os três anos de idade.
Gotti (2006) destaca outros pontos que podem ser trabalhados, os quais relacionam-se a interpretação de Libras digital, tadoma e outras alternativas de comunicação; a literatura em formato digital e material didático que corresponda aos preceitos do desenho universal. Também destaca a importância das tecnologias assistivas e ajudas técnicas, bem como das atividades cognitivas que desenvolvam as funções mentais superiores, promovendo assim o enriquecimento e aprofundamento curricular e o desenvolvimento da autonomia do aluno e de sua inserção social.
Gotti (2006, p. 269) também propõe que “[...] os sistemas de ensino deverão organizar os espaços, recursos e serviços que compõem o atendimento educacional especializado”.
Destaca que este atendimento deve ser realizado em uma sala denominada “sala de recursos multifuncionais” e que o boneco deve acontecer na própria escola onde a criança estuda e em que esteja matriculada. Aponta que se não houver possibilidade de que o atendimento seja realizado na escola que ele poderá ser realizado em centros ou escolas especiais, ou ainda, em classe hospitalar e até mesmo na residência do próprio aluno. É importante destacar que as salas de recursos multifuncionais não substituem o processo de escolarização do aluno.
Nestas salas, os alunos podem ser atendidos individualmente ou em pequenos grupos, sendo que o número de alunos deve ser definido, levando-se em conta, o tipo de necessidade educacional que os alunos apresentam. [...] Para atuar no atendimento educacional especializado, o professor deve ter formação específica. Esta formação pode ser adquirida por meio de cursos de graduação, pós-graduação ou cursos de formação continuada, com aprofundamento em áreas específicas da educação especial (GOTTI, 2006, p. 269).
Finalmente fica a mensagem proposta por Alves (2004), para que você, aluno, possa refletir sobre seu papel no contexto em que atua:
Fica agora o convite para que você entre no fórum e discuta quais os aspectos que mais lhe chamaram atenção nesta Web Aula e compartilhe com os colegas práticas inclusivas desenvolvidas no contexto de trabalho em que você atua.
Obrigada pela atenção e pelo carinho!
 VÍDEO AULA 05
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ALVES, R. Gaiolas ou asas. In: ALVES, R. A arte do voo ou a busca da alegria de aprende. Porto: Edições Asa, 2004.
ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. DSM-IV: manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. Disponível em: < http://virtualpsy.locaweb.com.br/dsm_janela.php?cod=18 >. Acesso em: nov. 2012.
GOTTI, M. O.; ALVES, D. O. Atendimento educacional especializado: concepções, princípios e aspectos organizacionais. In: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Ensaios pedagógicos. Brasília, 2006. Disponível em: < http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000013526.pdf >. Acesso em: nov. 2012.
GUILHARDI, C.; BAGAIOLO, L. Autismo e preocupações educacionais: um estudo de caso a partir de uma perspectiva comportamental compromissada com a análise experimental do comportamento. In: GUILHARDI, H. (Org.) et al. Sobre comportamento e cognição: contribuições para a construção da teoria do comportamento. Santo André: ESETec, 2008. cap. 7.
LOUREIRO, et al. Tourette: por dentro da Síndrome. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 32, n. 4, p. 218-230, jul./ago. 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rpc/v32n4/26056.pdf >. Acesso em: dez. 2012.
MALLOY-DINIZ, Leandro F. et al. Avaliação neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010.
MERCADANTE, Marcos T; VAN DER GAAG, Rutger J.; SCHWARTZMAN, Jose S. Transtornos invasivos do desenvolvimento não-autísticos: síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância e transtornos invasivos do desenvolvimento sem outra especificação. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 28, maio 2006. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44462006000500003&script=sci_arttext >. Acesso em: dez. 2012.
SCHWARTZMAN, José Salomão. Síndrome de Rett. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo: v. 25, n. 2, jun. 2003. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462003000200012 >. Acesso em: dez. 2012.
 
SUGESTÕES PARA LEITURA
ASSIS, G. J. A.; GOULART, P. Estudos sobre autismo em análise do comportamento: aspectos metodológicos. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, São Paulo, v. 4, n. 2, dez. 2002. Disponível em: < http://www.usp.br/rbtcc/index.php/RBTCC/article/view/113/101 >. Acesso em: out. 2012.
CABALLO, V.; SIMÓN, M. A. Manual de psicologia clínica infantil e do adolescente. São Paulo: Santos, 2005.
COLL, César; MARCHESI, Álvaro; PALÁCIOS, Jesús. Transtorno de desenvolvimento e necessidades educativas especiais. Porto Alegre: Artmed, 2004.
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STAINBACK, Susan. Inclusão: um guia para educadores. Tradução de Magda França Lopes. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
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Visão geral
 
 
Apre
sentação da disciplina:
 
O meu nome é Kellen Martins Escaraboto Fernandes, 
sou psicóloga, tenho Especialização em Educação 
Especial, Psicopedagogia e Psicologia Clínica 
Comportamental e estou cursando o Mestrado em 
Neuropsicologia Clín
ica. Iniciei meus tr
abalhos como 
professora de Educação Infantil e há mais de 20 anos 
atuo na área de Educação. Atualmente trabalho em 
Escolas, Clínica e sou professora Universitária. É muito 
gratificante estar com vocês nesta unidade, refletindo 
sobre est
a proposta desafiant
e que são os Transtornos 
Globais do Desenvolvimento. Faremos inicialmente 
uma reflexão sobre a caracterização da população 
atendida pela educação especial, sobre o quesão 
Transtornos Globais do Desenvolvimento, porque para 
entender sob
re este assunto você
 
precisa saber como 
esta ideia nasceu, como foi se desenvolvendo em 
outros países até chegar à realidade brasileira. 
Posteriormente iremos conhecer algumas síndromes e 
transtornos e vamos discutir como estas crianças são 
avaliadas, quai
s os critérios diagn
ósticos e como são 
desenvolvidas práticas interventivas em clínicas e 
escolas. Alguns professores me perguntam como 
podem preparar
-
se para atender uma criança com 
necessidades diferenciadas. Então vamos lá! Antes de 
iniciarmos nosso tra
balho juntos, vamos 
nos conhecer 
um pouco mais. Como?
 
Vá ao fórum e faça sua 
apresentação. Diga seu nome, o que você faz, de 
onde é, qual sua experiência profissional, o que 
espera da Web Aula e tele aula que compõe essa 
disciplina e mais, o que desejar, q
ue possa 
contribuir 
para nossas discussões e nos 
conhecermos melhor. Se já tiver vivenciado 
alguma experiência com inclusão, faça seu 
relato.
 
Tenho a certeza que todos vamos gostar 
muito de conhecer as experiências de nossos colegas 
e trocar sugestões para
 
implementar nossa p
rática. 
Quem ainda não é professor e nunca teve experiência 
com práticas inclusivas também será muito bem
-
vindo! Vamos, então, ao trabalho!
 
Objetivos:
 
 
Visão geral 
 
Apresentação da disciplina: 
O meu nome é Kellen Martins Escaraboto Fernandes, 
sou psicóloga, tenho Especialização em Educação 
Especial, Psicopedagogia e Psicologia Clínica 
Comportamental e estou cursando o Mestrado em 
Neuropsicologia Clínica. Iniciei meus trabalhos como 
professora de Educação Infantil e há mais de 20 anos 
atuo na área de Educação. Atualmente trabalho em 
Escolas, Clínica e sou professora Universitária. É muito 
gratificante estar com vocês nesta unidade, refletindo 
sobre esta proposta desafiante que são os Transtornos 
Globais do Desenvolvimento. Faremos inicialmente 
uma reflexão sobre a caracterização da população 
atendida pela educação especial, sobre o que são 
Transtornos Globais do Desenvolvimento, porque para 
entender sobre este assunto você precisa saber como 
esta ideia nasceu, como foi se desenvolvendo em 
outros países até chegar à realidade brasileira. 
Posteriormente iremos conhecer algumas síndromes e 
transtornos e vamos discutir como estas crianças são 
avaliadas, quais os critérios diagnósticos e como são 
desenvolvidas práticas interventivas em clínicas e 
escolas. Alguns professores me perguntam como 
podem preparar-se para atender uma criança com 
necessidades diferenciadas. Então vamos lá! Antes de 
iniciarmos nosso trabalho juntos, vamos nos conhecer 
um pouco mais. Como? Vá ao fórum e faça sua 
apresentação. Diga seu nome, o que você faz, de 
onde é, qual sua experiência profissional, o que 
espera da Web Aula e tele aula que compõe essa 
disciplina e mais, o que desejar, que possa 
contribuir para nossas discussões e nos 
conhecermos melhor. Se já tiver vivenciado 
alguma experiência com inclusão, faça seu 
relato. Tenho a certeza que todos vamos gostar 
muito de conhecer as experiências de nossos colegas 
e trocar sugestões para implementar nossa prática. 
Quem ainda não é professor e nunca teve experiência 
com práticas inclusivas também será muito bem-
vindo! Vamos, então, ao trabalho! 
Objetivos:

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