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FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA MÉDICA II | REUMATOLOGIA GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A Osteoartrite Definição: osteoartrite é uma doença que causa destruição da cartilagem intra-articular com remodelação óssea e inflamação sinovial, é o mesmo que artrose ou osteoartrose. Epidemiologia: a osteoartrite é considerada doença articular crônica mais comum e um problema de saúde pública. Acima dos 70 anos, tem-se a prevalência de 30 a 50% e suas complicações são: dor crônica, limitações, absenteísmo do trabalho e aposentadoria forçada. Fatores de risco: idade (mais velhos), sexo (predomina no feminino), obesidade, trauma prévio (fraturas, torções…), genética, doença articular inflamatória (AR, espondilite) e doenças endocrinometabólicas (DM, hipotireoidismo…) Etiopatogenia: O ponto principal da etiopatogenia da osteoartrite é uma resposta exacerbada que ocorre devido a um dano articular qualquer. Um estresse mecânico ou processo inflamatório leva a ativação dos condrócitos, que irão produzir proteases e citocinas, o que vai levar uma degradação da matriz da cartilagem que é formada pelo colágeno (principalmente o II) e os proteoglicanos. Isso vai levar esse processo inflamatório que culmina na degradação da cartilagem a exposição de osso subcondral e neoformação óssea. Manifestações clínicas: - Em relação a localização pode ser mono a oligoarticular e poliarticular - A dor tem início insidioso e duração intermitente - A dor é mecânica/protocinética → acorda bem e a partir do momento que utiliza a articulação ele sente a dor. No fim do dia é pior. - IFDs, IFPs, 1a C-MCP, joelhos, 1a MTF, CC, CL, CXFs → causas primárias - Punhos, MCFs, cotovelos, ombros e tornozelos → causas secundárias - Ausência de sintomas sistêmicos Exame físico geral: Inspeção - Geralmente assimetria, aumento de volume, atrofia muscular. - Deformidades, desvios e desalinhamento Palpação - Dor, calor e sensibilidade à palpação - Crepitações palpáveis (perceptíveis, e não audíveis) - Redução da amplitude de movimento Diagnóstico: baseado na semiologia e exames de imagem: RX → aparece mais tardiamente Achados Radiológicos Joelhos - Redução do espaço articular - Esclerose subcondral, - Osteófitos (imagem pontuda) - Marca registrada da artrose - Cistos e erosões em fases avançadas Localização periférica mais comum: joelhos - Forte associação com obesidade e predomina em mulheres. - Compartimento femoropatelar é mais precose - Desvio em varo > valgo Quadril É predominante em homens e pode ser mais precoce (até 50 anos). Associado com atividades esportivas e impacto femoroacetabular. Insidiosa - Evolução com claudicação por contratura em flexão e adução do quadril Mãos Geralmente são poliarticulares e simétricas, predominando em mulheres com componente genético. Pode ser erosiva = OA nodal e geralmente poupa MCF e punhos. Paciente tem FR e provas inflamatórias normais 1- Nodulos de Heberden (IFD); 2- Nódulos de Bouchard (IFP); 3- Rizartrose (trapézio-metacarpal) Articulações Axiais Compromete o disco intervertebral e as articulações interapofisárias. Tem predomínio no sexo masculino. Dor: ligamentar, capsular, perióstica e paravertebral com padrão mecânico. Acometimento cervical: C5-C6 e C7-C8 Acometimento lombar: L4-L5 e L5-S1 Vê-se os "bicos de papagaios" → osteófitos | Sinal do vácuo: desgaste do disco intervertebral - O diagnóstico diferencial da OA é feito com as causas secundárias. Tratamento: Os objetivos principais são o alívio dos sintomas, a recuperação funcional, o retardo ou bloqueio da evolução da doença e a regeneração dos tecidos lesionados Tratamento não farmacológico - Educação: explicar os cuidados e a evolução da doença - Redução de peso e dieta → redução de dor e de sobrecarga das articulações - Exercícios e repouso: aeróbicos (fase com menos inflamação) + resistência (fortalecimento muscular) - Proteção articular → evitar sobrecarga - Órteses em períodos selecionados (não o dia todo para não hipotrofiar a musculatura) Tratamento farmacológico: - Analgesia - AINES: apenas por curtos períodos, os pacientes são idosos! - Intra articulares → corticoides e ácido hialurônico (lubrificar e reduzir a dor) - Anti-artrósicos de ação lenta: (lentifique a evolução ou previna a piora, mas não há comprovações científicas de peso) - Diascereína: medicamento mais antigo, artrose mais inflamatória - Sulfato de Glicosamina: redução de dor, mais frequentemente usado (fase precoce) - Sulfato de Condroitina: redução de dor, mais frequentemente usado (fase precoce) - Extratos não saponificados de soja e abacate: medicamento mais antigo, importado. - Cloroquina (OA nodal) - Colágeno UCII: hidrolisado tipo 2, maior composição da cartilagem, caro. - Tópicos: capsaicina, AINES Tratamento definitivo: artroplastias e próteses → melhora a mobilidade articular e tira a dor Lombalgia Definição: A lombalgia pode ser definida como uma dor na região lombar, ou seja, na região mais baixa da coluna perto da bacia e é também conhecida em termos leigos como lumbago, dor nas costas ou dor nos rins. 84% dos adultos apresentam lombalgia em algum momento de suas vidas (queixa extremamente frequente) mas essa dor pode ocorrer em qualquer faixa etária existem alguns fatores de risco como: tabagismo, obesidade, sexo feminino, trabalho extenuante, sedentarismo, cirurgias prévias de coluna e transtornos psiquiátricos. Causas: Dor inespecífica (85%) → mecânico-postural, emocional… Dor associada com radiculopatia e estenose (8%) → desgaste do disco, artrose, alteração anatômica Outras causas (7%) → infecciosas, inflamatórias ou neoplásicas - Mecânica (80-90%): Degeneração do disco, vertebras fraturadas, instabilidade, causa desconhecida. - Neurogênica (5-15%): hernia de disco, estenose espinhal, dando de osteófitos a raiz nervosa. - Condições não mecânicas da coluna vertebral (1-2%): neoplasias, infecções, artrite inflamatória, doença de Paget - Dor visceral referida (1-2%): doenças gastrointestinais, doenças renais, aneurisma da aorta abdominal - Outras (2-4%): fibromialgia, transtorno somatoforme, dor psicogênica Compressão do Nervo Ciático Problemas no Disco Estenose Lombar Idoso + Claudicação neurogênica Fisiopatologia da Lombalgia: Dor nociceptiva: representa a maioria dos pacientes com lombalgia aguda e inespecífica → 85% Sensibilização central/ Dor disfuncional: pode se desenvolver com o tempo em alguns pacientes com lombalgia crônica Dor neuropática: radiculopatia → 7% Observação: reconheceu-se que a lombalgia crônica tem diversos possíveis mecanismos. E isso é chamado de dor mista Abordagem Inicial: História Clínica: - Caracterização da dor: inflamatório (acorda com dor, rigidez → espondiloartropatias), degenerativa (acorda bem e com o esforço a dor aparece → artrose); - Sintomas constitucionais: a maioria não possui (febre, perda de peso…), quando tem, atentar-se a doença infecciosa ou neoplásica; - Sintomas neurológicos → pinçamento de raiz de nervo, radiculopatias, estenose de canal…; - Tratamentos prévios; - Evolução dos sintomas (estabilidade x progressão) → se aumenta a causa pode ser mais significativa; - História de infecção recente → TBC, estafilo ou estreptococos → discite infecciosa (rara); - Uso de drogas injetáveis → processo infeccioso; - Uso de corticóide → fratura de vértebra; - História psicossocial → a dor depende muito do fator emocional; - História procedimentos durais → reavaliar. Postura: retificação lombar, hiperlordoselombar, hipercifose dorsal, anteriorização da cabeça → posturas crônicas podem culminar em lombalgia. Exame Físico: - Inspeção (postura, avaliar escoliose e curvaturas da coluna), palpação (contratura para-vertebral), exame neurológico (radiculopatia, pinçamento de algum nervo… → imagem abaixo). - Sinais: 1) Lasegue: testar o pinçamento de ciático → positivo se dor no posterior da coxa até a região lombar 2) Bragard: testar o pinçamento de ciático → positivo se dor no posterior da coxa até a região lombar - Sinais não orgânicos: reação exagerada durante o exame físico, dor lombar com a carga axial, teste de lasegue em decúbito dorsal e sentado incompatíveis, hiper sensibilidade dolorosa superficial ou generalizada, déficits neurológicos inexplicáveis → contribui para o diagnóstico de lombalgia mecânico-posturais ou psicossomáticas. Exames laboratoriais: geralmente desnecessários a não ser que tenha-se uma suspeita mais específica como inflamação, infecção ou neoplasia (VHS, PCR, imunofixação). Exames de imagem: realização precoce apenas se fatores de risco subadjacentes - Raio-x simples: incidência AP, perfil e oblíquas e é adequado para malignidade e fratura osteoporótica; - Ressonância: visão axial e sagital, visualiza discos, ligamentos, raízes nervosas, gordura epidural e canal espinhal. É mais sensível e específica para detecção de infecção, malignidade e radiculopatia. Se for contra indicada, recorrer a TC. OBS: - Utilizar o Raio X → fator de risco para câncer, risco de fratura vertebral compressiva - Utilizar RNM → Fatores de risco para infecção, Síndrome da Cauda equina, déficit neurológico grave ou progressivo. Mas SE houver refratariedade a tratamento conservador: - Raio-x: fatores menores para câncer, fator de risco para EA - RNM: sinais e sintomas de radiculopatia candidatos a procedimentos invasivos, fator de risco ou sintomas de estenose espinhal sintomática candidatos a cirurgia. Fatores de Risco: Para Câncer: > 50 anos, tabagismo, história familiar, emagrecimento, dor noturna, história prévia de câncer, dor que persiste por mais de um mês Para Fratura: uso prolongado de corticoides, idade avançada, trauma, osteoporose, baixo peso, AR, alcoolismo tabagismo, fraturas prévias. Para Infecção: imunossupressão, hemodiálise, uso de drogas injetáveis, procedimentos invasivos em coluna, endocardite/ bacteremia recente. Para Síndrome da Cauda Equina: retenção urinária, incontinência fecal e anestesia em sela Tratamento: Não Farmacológico → postura adequada, exercícios e alongamento, colchão firme, deitar de lado ou barriga para cima Farmacológico - Analgésicos comuns → dipirona, paracetamol… depende da gênese da lombalgia - AINE (temporário) - Relaxantes musculares - Opióides - Antidepressivos → dor crônica (duloxetina, amitriptilina) - Anticonvulsivantes → dor crônica (pregabalina)
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