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Doce de leite e leite condensado e seus métodos de análise. Histórico do leite condensado Chegou ao Brasil pela primeira vez em 1890, importado da Suíça, onde se fabricava o produto desde 1867. O leite condensado era muito consumido pela corte portuguesa. A embalagem era como a gente conhece: uma latinha com a figura de uma moça carregando um balde na cabeça. Define-se leite condensado ou leite condensado com açúcar o produto obtido através da desidratação parcial ou total do leite adicionado de açúcar (xarope de glicose ou sacarose) O doce era chamado de “Milkmaid”. Como era difícil pronunciar o nome, o povo batizou o produto de leite moça. Quando chegou ao Brasil era consumido apenas como bebida. Com o tempo, passou a ser adotado como ingrediente básico de várias sobremesas e virou um sucesso entre donas de casa. Hoje o Brasil é o maior consumidor de leite condensado do mundo. O primeiro doce criado com o produto no Brasil foi o pudim de leite moça. Produto que se obtém por eliminação parcial da água de constituição do leite (integral, semi desnatado e desnatado), submetido à um tratamento térmico de pasteurização e conservado mediante adição de sacarose. Especificações INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 47, DE 26 DE OUTUBRO DE 2018 Art. 6º O leite condensado deve atender às seguintes características sensoriais: I - consistência viscosa e semilíquida; II - cor branca amarelada; III - odor e sabor próprios; e IV - textura homogênea com ausência de arenosidade. Etapa de elaboração do leite condensado PadronizaçãoRecepção do leite Pasteurização pré - concentração Mistura ingredientesConcentraçãoResfriamentoAdição de lactose Cristalização Envase Encaixotamento Armazenamento Expedição O leite recebido na indústria é analisado antes do descarregamento, sendo resfriado e estocado em tanques isotérmicos, mantido sob agitação controlada. O volume a ser concentrado é tratado termicamente, com processamento HTST (High Temperature Short Time) – 72 a 75 ºC durante 15 a 20 segundos – e mantido a 7 ºC (±1 ºC). O leite integral centrifugado é submetido ao processo de filtração para retirar as impurezas que não foram decantadas. Todas essas impurezas ficam retidas no filtro (que pode ser de papel ou de nylon). A etapa de cristalização é realizada em tanques com agitação controlada e temperatura registrada, para a garantia de sua eficiência. Quatro horas após o início da cristalização, no mínimo, o produto é envasado em latas de folha de flandres, em processo automatizado, seguido pelo acondicionamento em caixas de papelão, sendo paletizadas e identificadas. Após a liberação do setor da qualidade, o produto é expedido ao mercado em caminhões próprios. A etapa mais importante do processo é o resfriamento. A água do leite condensado só pode manter em dissolução a metade da lactose, produzindo-se a precipitação do restante. É preciso evitar que essa precipitação seja descontrolada, o que levaria à formação de cristais grossos de lactose, dando um paladar arenoso ao leite. Para isso esfria-se rapidamente o leite sob intensa agitação até 30ºC, passando-o logo a um depósito, onde são inoculados finos cristais de lactose, que servem como indutores de cristalização. Se os cristais formados forem inferiores a 10 microns, vai permanecer dispersos na massa de leite sem dar o gosto arenoso. Depois de o produto ser agitado com bastante vigor durante um período de uma hora, procede-se o esfriamento a 15-18ºC e se deixa no depósito durante 12 a 14 horas para que se complete a cristalização. Embalagem e conservação O leite condensado pode manter suas propriedades nutritivas por um período de até dois anos, sem necessidade de refrigeração enquanto mantida fechada a sua embalagem. Normalmente o leite condensado é enlatado em latas que são previamente lavadas e esterilizadas, antes de serem utilizadas. Além de ser colocado em latas é também comum o uso do enlatamento asséptico em material multicamada (como por ex.: Tetra Pak ou Tetra Brik), e recentemente ressurgiu o uso de bisnagas para acondicionamento do produto. Métodos analíticos ● Brix° ● Viscosidade do produto ● Identificação de cristais ● Determinação da acidez em solução normal ● Determinação da acidez em ácido lático °Brix Brix (°Bx) é uma escala numérica utilizada para determinar a quantidade de sólidos solúveis em uma solução de sacarose, ou seja, a quantidade de sólidos solúveis é a soma de todos os sólidos (açúcar, sal, proteínas, ácidos, etc.) dissolvidos em água. A escala Brix é comumente utilizada no segmento alimentício para a quantificação de açúcares na própria indústria de açúcar, na fabricação de sucos de frutas, vinhos, bebidas gaseificadas, leite condensado, geléias, gelatinas, entre outros Viscosidade do produto A viscosidade aparente é a viscosidade do fluido quando medida a uma determinada taxa de cisalhamento, que, no caso dos fluidos de perfuração, é fixada pelo American Petroleum Institute (API). É importante determinar o grau de viscosidade é necessário para garantir a estabilidade da emulsão e da suspensão. O viscosímetro, também de chamado de viscómetro ou viscômetro, é um equipamento utilizado para medir a viscosidade dos fluidos. Identificação dos cristais Não foi encontrado estudos de técnicas que padronizasse a medida de cristais e determinação de cristalinidade em leite condensados. Acredita-se que o grau de cristalinidade possa se tornar um parâmetro de controle de qualidade em leites condensados. A microscopia é provavelmente a técnica mais amplamente utilizada para caracterizar o conteúdo de cristais em alimentos. Determinação da acidez em solução normal ● Material: Balança analítica, chapa aquecedora, béqueres de 150 e 250 mL, bureta de 10 mL, pipeta graduada de 1 mL, bastão de vidro, espátula e termômetro. ● Reagentes: Solução de hidróxido de sódio 0,1 N; Solução de fenolftaleína a 1% ● Procedimento – Pese aproximadamente 5 g da amostra em béquer de 150 mL. Dissolva com 50 mL de água morna, temperatura aproximada de 50°C e misture com um bastão de vidro. Esfrie e adicione 5 gotas de solução de fenolftaleína. Titule com solução de hidróxido de sódio 0,1 N, até coloração rósea. ● Cálculo: V x f x 10 / P = acidez em acidez normal por cento v/m V = no de mL de solução de hidróxido de sódio 0,1 N gastos na titulação P = no de g da amostra f = fator da solução de hidróxido de sódio 0,1 N Determinação da acidez em ácido láctico ● Procedimento – mesmo procedimento do anterior ● Cálculo V x f x 0,9/ P - g de ácido lático por cento m/m V = no de mL gastos de solução de hidróxido de sódio 0,1 M P = gramas de amostra utilizada no ensaio f = fator da solução de hidróxido de sódio 0,1 M 0,9 = fator de conversão para o ácido láctico Histórico do doce de leite O doce de leite é um produto típico da América Latina, produzido e consumido em grande escala no Brasil e na Argentina. É basicamente um produto resultante da cocção do leite com açúcar até a concentração e caramelização. O doce de leite apresenta elevado valor nutricional por conter proteínas e minerais, além do alto conteúdo energético. O doce de leite, além de seus componentes principais, o leite e o açúcar, pode conter também ingredientes opcionais, tais como: creme, glicose, cacau, chocolate, entre outros. A denominação doce de leite está reservada ao produto em que a base láctea não contenha gordura e/ou proteína de origem não láctea. A fabricação de doce de leite no Brasil é feita por muitas empresas, desde a produção caseira, de forma artesanal, até as grandes empresas, com distribuição em todo o país. Embalagem e conservação A operação de embalagem do doce de leite deve ser realizada sem interrupção. A temperatura do produto não deve ser inferior a 70°C ou superior a 75°C a fim de evitar a contaminação do mesmo Logo depois de acondicionado nas embalagens (este tipo de doce normalmente são acondicionadosem latas de folha de flandres, revestidos internamente por um verniz que impeça a exposição direta do produto ao material de embalagem evitando, por exemplo, a oxidação), as mesmas são resfriadas até uma temperatura entre 38- 40° C colocadas em caixas de papelão e enviadas ao estoque. O doce de leite em barra normalmente utiliza-se plásticos transparentes ou papel celofane seguido de embalagem em caixa de papel cartão. Preparo e conservação da amostra Retire partes representativas da amostra (superfície, centro e lados).Misture totalmente com uma espátula. No caso de produtos com adições de frutas e/ou outro ingrediente, triture em gral, moinho e/ou homogeneíze em liqüidificador. Conserve em frasco bem fechado. A amostra deve ser analisada preferencialmente logo após seu recebimento, se não for possível, conserve em refrigerador ou conforme recomendação do fabricante. Requisitos N° 17 8 SET 1997 DIÁRIO OFICIAL SEÇÃO 1 19685 Consistência: cremosa ou pastosa, sem cristais perceptíveis sensorialmente. A consistência poderá ser mais firme no caso do Doce de Leite para Confeitaria e/ou Sorveteria. Poderá ainda apresentar consistência semi-sólida ou sólida e parcialmente cristalizada quando a umidade não supere 20%m/m Requisitos físico químicos REQUISITO DOCE DE LEITE DOCE DE LEITE CREMOSO Umidade g/100g máx.30,0 máx.30,0 Matéria gorda g/100g 5,0 a 9,0 maior de 9,0 Cinzas g/100g máx 2,0 máx 2,0 Proteínas min 5,0 min 5,0 Métodos analíticos ● Determinação de resíduos por incineração (cinzas) ● Determinação de substâncias voláteis. Determinação de resíduo por incineração (cinzas) ● Material: Balança analítica, cápsula de porcelana, espátula, chapa elétrica, capela de exaustão, mufla, dessecador com sílica-gel e pinça de metal. ● Procedimento – Pese aproximadamente 3 g da amostra em cápsula de porcelana, previamente aquecida em mufla a (520 ± 10)oC por 1 hora, resfrie em dessecador e pese. Calcine em chapa aquecedora na capela até completa carbonização ou eliminação de toda fumaça. Leve para mufla na temperatura de (550 ± 10)oC pelo período aproximado de 4 horas. As cinzas deverão ficar brancas ou ligeiramente acinzentadas, caso contrário, resfrie, adicione 0,5 mL de água, seque em banho-maria e incinere novamente. Resfrie em dessecador e pese. Repita as operações de aquecimento e resfriamento até peso constante. ● Cálculo: 100 x N/P = g de resíduo por incineração por cento m/m N = no de g do resíduo P = no de g da amostra Determinação de substâncias voláteis ● Material :Balança analítica, espátula, cápsula de porcelana, bastão de vidro, areia purificada, banho-maria, estufa, dessecador com sílica-gel e pinça de metal. ● Procedimento: Pese, em uma cápsula de porcelana, aproximadamente 10 g de areia purificada e dois bastões de vidro apoiados na borda do recipiente. Seque em estufa a (103 ± 2)°C, por 2 horas, resfrie em dessecador e pese. Pese aproximadamente 3 g da amostra, misture com auxílio dos bastões de vidro. Seque em estufa a (103 ± 2)°C, por 3 horas, resfrie em dessecador e pese. Retorne à estufa por 30 minutos, resfrie em dessecador e pese. Repita as operações de aquecimento e resfriamento até peso constante. ● Cálculo 100 x N / P = g das substâncias voláteis por cento m/m N = no de g de substâncias voláteis P = no de g da amostra Referências https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/suasa/regulamentos-tecnicos-de-identidade-e-qualidade-de- produtos-de-origem-animal-1/rtiq-leite-e-seus-derivados https://www2.ufjf.br/ppgctld//files/2013/01/Disseta%c3%a7%c3%a3o-final.pdf https://ital.agricultura.sp.gov.br/arquivos/tl/artigos/producao_de_doce_de_leite_tradicional_light_e_diet.pd f https://educacaoprofissional.seduc.ce.gov.br/images/material_didatico/agroindustria/agroindustria_processa mento_de_leites_e_derivados_2019.pdf https://www.google.com/url?q=https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/suasa/regulamentos-tecnicos-de-identidade-e-qualidade-de-produtos-de-origem-animal-1/rtiq-leite-e-seus-derivados&sa=D&source=editors&ust=1618234073809000&usg=AOvVaw11dKCY90LeUkGiTXTlxesg https://www.google.com/url?q=https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/suasa/regulamentos-tecnicos-de-identidade-e-qualidade-de-produtos-de-origem-animal-1/rtiq-leite-e-seus-derivados&sa=D&source=editors&ust=1618234073810000&usg=AOvVaw1veZb2vhfnf36_5GqUjbf3 https://www.google.com/url?q=https://www2.ufjf.br/ppgctld//files/2013/01/Disseta%25c3%25a7%25c3%25a3o-final.pdf&sa=D&source=editors&ust=1618234073810000&usg=AOvVaw0v93ZTKZsmFHbIU1Aug3NF https://www.google.com/url?q=https://ital.agricultura.sp.gov.br/arquivos/tl/artigos/producao_de_doce_de_leite_tradicional_light_e_diet.pdf&sa=D&source=editors&ust=1618234073811000&usg=AOvVaw3KM9MfoSRgSCoGvEN6aLoo https://www.google.com/url?q=https://ital.agricultura.sp.gov.br/arquivos/tl/artigos/producao_de_doce_de_leite_tradicional_light_e_diet.pdf&sa=D&source=editors&ust=1618234073811000&usg=AOvVaw3KM9MfoSRgSCoGvEN6aLoo
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